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Organização e

Planejamento Notarial
Prof. Alfredo Pieritz Netto

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof. Alfredo Pieritz Netto

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

N476o

Netto, Alfredo Pieritz

Organização e planejamento notarial. / Alfredo Pieritz Netto. –


Indaial: UNIASSELVI, 2021.

222 p.; il.

ISBN 978-65-5663-445-6
ISBN Digital 978-65-5663-441-8

1. Direito notarial. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 341.411

Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico do curso de Gestão de Serviços Jurídicos, Notariais
e de Registro – GSJ, seja bem- vindo a esta nova disciplina em seu curso, a qual
desenvolveremos um conteúdo dinâmico e atualizado, buscando trabalhar o seu
aprendizado de forma prática, mas também lhe trazer a teoria e conceitos que
são importantes para a sua formação em gestão de serviços jurídicos, notariais
e de registro. A presente disciplina tem como objetivo trabalhar a organização
e planejamento notarial, aqui, discorreremos sobre direito notarial, organização
de cartórios e questões relacionadas a sua gestão e questões técnicos e legais
relacionadas, além de trazer cases práticos e ferramentas que você poderá aplicar
em seu dia a dia de trabalho.

Esta disciplina abordará desde aspectos da organização e do direito


notarial, questões relacionadas à legislação pertinente ao tema, bem como
apresentaremos alguns elementos ligados à automação dos cartórios
modernos, também apresentaremos pontos relevantes sobre os serviços on-
line já prestados pelos cartórios.

Traremos tópicos atuais relativos à profissão, uma vez que vivemos


em constantes transformações. As técnicas e metodologias aplicadas e
softwares de auxílio à manutenção estão constantemente evoluindo, e,
por isso, o gestor de serviços jurídicos, notariais e de registro precisa se
aperfeiçoar constantemente nesta área.

Na primeira unidade, cujo título é Direito Notarial, você estudará


as questões jurídicas, os princípios da atividade notarial e registral, os
princípios gerais e a instituição do notariado.

A segunda unidade de estudo está focada em discutirmos os


serviços notariais, estrutura, responsabilidade e gestão de uma estrutura
notarial, descrevendo pontos importantes referentes aos processos de gestão
e relativas ao dia a dia de uma estrutura notarial.

Na terceira e última unidade, você estudará detalhes técnicos e


legais de uma estrutura notarial, questões relacionadas aos livros notariais,
fiscalização incorrida nos cartórios e competência e provimentos do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) com relação aos cartórios.

Assim, as três unidades a serem estudadas neste caderno são:


Unidade 1 – Direito Notarial, Unidade 2 – O serviço notarial e Unidade 3 –
Detalhes técnicos e legais.

Você, agora, está iniciando uma nova jornada na área da gestão de


serviços jurídicos, notariais e de registro, em que aprenderá conceitos e
metodologias utilizadas.
Aqui cabe bem a frase escrita por Peter Drucker, em que diz: “A causa
mais comum do fracasso é a incapacidade ou falta de vontade de mudar
diante das exigências de uma nova posição”.

Este livro didático foi desenvolvido para você dentro das mais
modernas tecnologias de ensino e aprendizado através do estudo EAD
(Ensino a Distância). Assim, futuro gestor de serviços notarial, não só o
estude, mas aplique na prática (quando possível), faça os exercícios e troque
experiências com seus colegas, pois, nessa área, o conhecimento e as técnicas
estão evoluindo constantemente.

Pronto para começar a estudar este serviço tão importante prestado


para a comunidade em geral?

Bons estudos!

Prof. Alfredo Pieritz Netto

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL............................................................................................... 1

TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL.............................................................. 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 O DIREITO NOTARIAL..................................................................................................................... 4
3 LEGISLAÇÃO NOTARIAL E REGISTRAL.................................................................................... 8
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 24
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 26

TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL................................ 27


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 27
2 OS PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL.......................................................................... 27
2.1 PRINCÍPIOS RELACIONADOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................... 28
2.1.1 Princípio da legalidade........................................................................................................ 28
2.1.2 Princípio da impessoalidade............................................................................................... 29
2.1.3 Princípio da moralidade...................................................................................................... 30
2.1.4 Princípio da publicidade..................................................................................................... 31
2.1.5 Princípio da eficiência.......................................................................................................... 34
2.2 PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL ............................................................................. 36
2.2.1 Princípio da Fé Pública........................................................................................................ 37
2.2.2 Princípio da autoria e responsabilidade............................................................................ 39
2.2.3 Princípio da legalidade........................................................................................................ 39
2.2.4 Princípio da imparcialidade e independência.................................................................. 40
2.2.5 Princípio da autenticidade.................................................................................................. 40
2.2.6 Da finalidade dos serviços................................................................................................... 41
2.2.7 Princípio da Conservação.................................................................................................... 41
3 OS PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE REGISTRAL........................................................................ 42
3.1 PRINCÍPIO DA ROGAÇÃO OU DA INSTÂNCIA.................................................................. 42
3.2 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE............................................................................................. 43
3.3 PRINCÍPIO DA PRIORIDADE.................................................................................................... 43
3.4 PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO....................................................................................................... 44
3.5 PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE OU DA UNITARIEDADE DA MATRÍCULA.............. 45
3.6 PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE......................................................................................... 45
3.7 PRINCÍPIO DA QUALIFICAÇÃO, DA LEGALIDADE OU DA LEGITIMIDADE............ 46
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 50
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 52

TÓPICO 3 — A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO....................................................................... 55


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 55
2 CONCURSO, DELEGAÇÃO E INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO........................................ 56
3 TIPOS DE NOTARIADO ESPÉCIES. FINALIDADE. FUNÇÃO. FÉ PÚBLICA.................... 59
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 63
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 66
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 67

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 69
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL....................................................................................... 73

TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL.......................................................................................... 75


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 75
2 INFRAESTRUTURA FÍSICA........................................................................................................... 76
3 ESTRUTURA DE PESSOAS............................................................................................................. 80
4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (INFORMATIZAÇÃO)................................................... 84
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 92
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 94

TÓPICO 2 — A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL......................................... 95


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 95
2 DAS RESPONSABILIDADES LEGAIS......................................................................................... 96
2.1 DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS................................................................ 97
2.2 DAS RESPONSABILIDADES CIVIS........................................................................................... 98
3 DA RESPONSABILIDADE PENAL (CRIMINAL).................................................................... 101
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 107
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 108

TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL.................................................... 111


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 111
2 PLANEJAMENTO E GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL................................... 112
3 ISO/ABNT 15.906:2010 E SISTEMA DE QUALIDADE EM CARTÓRIO.............................. 118
3.1 ISO/ABNT 15.906:2010 - GESTÃO EMPRESARIAL PARA SERVIÇOS NOTARIAIS
E DE REGISTRO – REQUISITOS............................................................................................... 118
3.2 GESTÃO DA QUALIDADE EM CARTÓRIOS....................................................................... 120
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 123
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 127

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 129

UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS.................................................................... 131

TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS............................................................................... 133


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 133
2 DOS LIVROS NOTARIAIS............................................................................................................ 134
2.1 A ATA NOTARIAL...................................................................................................................... 134
2.2 A ESCRITURAS PÚBLICAS....................................................................................................... 148
3 LEGISLAÇÃO SOBRE OS LIVROS NOTARIAIS..................................................................... 155
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 164

TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS............................ 165


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 165
2 REGISTRO DA PROPRIEDADE IMÓVEL COMO DIREITO REAL.................................... 166
3 REGISTRO PESSOAS NATURAIS, PESSOAS JURÍDICAS E OUTROS SERVIÇOS........... 177
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 196
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 198
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E
PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL............................................. 199
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 199
2 EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ...... 199
2.1 DOS EMOLUMENTOS............................................................................................................... 199
2.2 FISCALIZAÇÃO E CNJ.............................................................................................................. 201
3 CARTÓRIO DIGITAL..................................................................................................................... 204
3.1 PROVIMENTO CNJ Nᵒ 48/2016................................................................................................ 206
3.2 PROVIMENTO CNJ Nᵒ 100/2020 ............................................................................................. 210
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 214
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 216
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 219

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 221
UNIDADE 1 —

DIREITO NOTARIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as principais referências legais sobre as atividades notariais;

• identificar os princípios da atividade notarial/registral;

• compreender os princípios da atividade registral;

• identificar as correlações das Espécies, Finalidade, Função e Fé Pública da


atividade notarial/registral;

• aprofundar os conhecimentos acerca da natureza jurídica da delegação e


instituição do notariado.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

TÓPICO 3 – A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

1 INTRODUÇÃO
Olá, prezado acadêmico do curso de Gestão de Serviços Jurídicos,
Notariais e de Registro, também conhecido carinhosamente como GSJ. Estamos
iniciando mais uma disciplina e, neste livro didático, estudaremos pontos práticos
relacionados à gestão de um cartório notarial e de registro.

Buscaremos trazer questões práticas e importantes sobre a gestão e,


principalmente, discutiremos as nuances legais que são tão importantes ao gestor
e ao seu bom funcionamento.

O direito notarial, balizado pela legislação específica, é a referência para


o bom trabalho executado pelos cartórios, traz uma seguridade e confiança no
sistema notarial e de registros, visto que temos uma nova realidade desde a nova
Constituição Federal de 1988, em que vemos novos marcos de garantia para o
cidadão brasileiro, e que os cartórios precisaram se adaptar.

FIGURA 1 – LEGISLAÇÃO NOTARIAL E DE REGISTROS

FONTE: <https://consultordedentistas.com.br/wp-content/uploads/legal-1.jpg>.
Acesso em: 23 set. 2020.

Vamos, agora, conhecer mais detalhes referentes ao direito notarial e de


registros e as legislações relacionadas ao tema. Bom estudo!

3
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

2 O DIREITO NOTARIAL
O Sistema Notarial e Registral brasileiro, popularmente conhecido como
cartórios de registro, estão presentes no dia a dia dos brasileiros, seja para uma
autenticação de assinatura, reconhecimento de firma (assinatura), registro de
documentos negociais, jurídicos, registro de uma compra ou venda, registro de um
imóvel ou de um inventário extrajudicial, entre outras atividades. Sempre temos o
envolvimento de um cartório para dar validade jurídica e de registro do processo.

Tem-se registros históricos no Brasil que, a partir de 1549, verifica-se os


primeiros relatos de trabalho notarial, evoluindo até que, no início do século XX,
alguns estados brasileiros, como o Rio Grande do Sul, passassem a exigir um
maior profissionalismo e conhecimento técnico pelos tabeliães para a lavratura
das atas.

Temos as primeiras referencias legais ao reconhecimento dos atos pelos


notários nas seguintes leis:

Lei nᵒ 5.869 de 11 de janeiro de 1973 que Institui o Código de Processo


Civil e traz em seu artigo 364: “Art. 364. O documento público faz prova não só da
sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário
declarar que ocorreram em sua presença” (BRASIL, 1973).

Este artigo, inovador para a época, dá validade pública a documentos


originais reconhecidos em suas cópias pelos tabeliões, fato este que se consumou
em uma grande conquista para a profissão, mas também para a população. É a
tecnologia mudando os caminhos, já em 1973.

Loureiro (2020, p. 50) define o direito notarial como “o conjunto de normas


e princípios que regulam a função do notário, a organização do notariado e os
documentos ou instrumentos redigidos por este profissional do direito que, a
título privado, exerce uma função pública por delegação do Estado”. Já o conceito
do direito registral, conforme Loureiro (2020, p. 48), é descrita como o “conjunto
de normas e princípios que regulam a atividade do registrador, o órgão do
Registro, os procedimentos registrais e os efeitos da publicidade registral, bem
como o estatuto jurídico aplicável a este profissional do direito”.

Com esses conceitos definidos, vamos conhecer alguns pontos legais


introdutórios sobre a profissão.

Um grande marco para os serviços notariais é a Lei nᵒ 8.935, de 18 de


novembro de 1994, que regulamenta o Art. 236 da Constituição Federal, dispondo
sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios).

4
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

FIGURA 2 – LEI Nᵒ 8.935, DISPONDO SOBRE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO.


(LEI DOS CARTÓRIOS)

FONTE: Brasil (1994)

São diversas as leis que precisam ser atentadas pelos notariados, mas
iniciaremos citando a Constituição Federal (CF) de 1988, Carta Magna do País.
Temos o Art. 236, que descreve:

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter


privado, por delegação do Poder Público. (Lei nᵒ 8.935, DE 18 DE
NOVEMBRO DE 1994.Regulamenta o Art. 236 da Constituição Federal,
dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos cartórios)
§ 1ᵒ Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil
e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2ᵒ Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos
relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. (Lei
nᵒ 10.169, de 29 de dezembro de 2000). Regula o § 2ᵒ do Art. 236 da
Constituição Federal, mediante o estabelecimento de normas gerais
para a fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos
serviços notariais e de registro.)
§ 3ᵒ O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso
público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia
fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção,
por mais de seis meses (BRASIL, 1988).

Temos assim definidos na CF que os serviços notariais e de registro são


exercidos em caráter privado, ou seja, um ente privado desenvolverá as atividades
notariais conforme prescrito por lei, mas não pode ser qualquer ente privado, ele
deverá ser por delegação do Poder Público, por concurso público.

5
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

NOTA

Prezado acadêmico, conforme você pode ver, a própria Constituição Federal


remete à Lei nᵒ 8.935/1994 inicialmente, que é conhecida como a Lei do Cartório, a qual
detalharemos alguns pontos importantes na sequência. Apesar de estarmos apresentando
os principais pontos da lei, sugerimos a você a leitura da lei completa, disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm.

Buscando ciência da Lei nᵒ 8.935/1994, temos inicialmente apresentado o


que é o serviço notarial e, na sequência, são apresentados a profissão de notário,
ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, conforme apresentado a seguir:

TÍTULO I
Dos Serviços Notariais e de Registros

CAPÍTULO I
Natureza e Fins

Art. 1ᵒ Serviços notariais e de registro são os de organização técnica


e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos.
Art. 2ᵒ (Vetado).
Art. 3ᵒ Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são
profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o
exercício da atividade notarial e de registro.
Art. 4ᵒ Os serviços notariais e de registro serão prestados, de modo
eficiente e adequado, em dias e horários estabelecidos pelo juízo
competente, atendidas as peculiaridades locais, em local de fácil
acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento de
livros e documentos.
§ 1ᵒ O serviço de registro civil das pessoas naturais será prestado,
também, nos sábados, domingos e feriados pelo sistema de plantão.
§ 2ᵒ O atendimento ao público será, no mínimo, de seis horas diárias
(BRASIL, 1994).

Conforme apresentado na Lei nᵒ 8.935/1994, temos definidos os seguintes


conceitos:

SERVIÇO NOTARIAIS E DE REGISTRO: são todos os serviços de


organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.

Temos um ponto importante a ressaltar neste conceito que está no


termo “publicidade”. Loureiro (2020) descreve que o serviço notarial e de
registro precisa divulgar, de forma oficial, os registros dos atos realizados
tornando de conhecimento público para o início de seus efeitos externos e
assim dar validade jurídica, principalmente comunicando a sociedade e evitar
possíveis desvios judiciais.
6
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador: são profissionais


do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade
notarial e de registro.

Dentro desse conceito, temos o termo “fé pública”, que também é


importante conhecer. Temos por Dicio (2020, s. p.), definido como um princípio
constitucional “atribuído por lei ao Notário e Registrador, representantes do
Estado em suas funções, para certificar atos da administração pública, validar
procedimentos judiciais e/ou registrar procedimentos notariais em cartórios
certificados, como validação de documentos e certidões”.

DICAS

Prezado acadêmico, gostaríamos de deixar duas dicas de leitura de um artigo


para você complementar o seu conhecimento sobre este tema:

• A atividade notarial e registral e sua natureza jurídica (2011), disponível em: https://
ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/a-atividade-notarial-e-registral-
e-sua-natureza-juridica/.

• Sobre a fé pública, de Afonso C. F. Rezende (1998), disponível em: https://www.irib.org.


br/obras/sobre-a-fe-pública.

A Lei nᵒ 8.935/1994 trouxe, em seu artigo 5ᵒ, uma apresentação dos titulares
das funções exercidas no notariado e registros e são citados desta forma na lei:

CAPÍTULO II
Dos Notários e Registradores
SEÇÃO I
Dos Titulares
Art. 5ᵒ Os titulares de serviços notariais e de registro são os:
I- tabeliães de notas;
II- tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
III- tabeliães de protesto de títulos;
IV- oficiais de registro de imóveis;
V- oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas
jurídicas;
VI- oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas;
VII- oficiais de registro de distribuição (BRASIL, 1994).

Esse artigo traz os ofícios dos titulares de serviços notariais e de registro e


está claramente definido.

7
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

NOTA

Prezado acadêmico, queremos deixar uma ressalva bastante importante para


quem deseja seguir a profissão na área notarial e de registros, que apesar de, durante este
livro didático, estudarmos muitas das leis que regem a profissão, esta profissão tem todos
os seus atos estipulados pelo Ministério Público, seja em nível estadual ou federal, e os
profissionais precisam acompanhar as evoluções legais em suas áreas de atuação.

FIGURA – TODO ATO NOTARIAL ESTÁ ESTIPULADO EM LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

FONTE: <https://www.guarantanews.com.br/imagens/news/Cartorios-passam-a-
monitorar-violencia-patrimonial-contra-idosos16-07-2020.png>. Acesso em: 25 set. 2020.

Como apresentado, o direito notarial é muito extenso e com diversos


dispositivos legais. Neste tópico, apresentamos principalmente a Lei nᵒ 8.935/1994.
No próximo tópico, trabalharemos mais as questões ligadas ao tema.

3 LEGISLAÇÃO NOTARIAL E REGISTRAL


Vamos, agora, estudar as principais leis que legislam as atividades
notariais no Sistema Notarial e Registral brasileiro, em que descreveremos os
principais pontos e influências, mas para uma compreensão mais profunda é
interessante que você leia a legislação em sua íntegra. Em todo o livro didático
nos referenciaremos a detalhes destas leis para a sua melhor compreensão dos
fatos e da prática notarial.

8
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

DICAS

Prezado acadêmico, queremos deixar uma dica bem legal para melhorar o
seu estudo, principalmente se está iniciando no estudo na área de direito, a qual é estudar
sempre com um dicionário de termos jurídicos para esclarecer sobre o significado de tantas
terminologias novas utilizadas pelos advogados.

Recomendamos o dicionário de Sérgio Sérvulo da Cunha, Dicionário Compacto


do Direito, em sua 10ª edição, da editora Saraiva (São Paulo) 2011.

Temos ainda o dicionário on-line do MPF – Ministério Público Federal – disponível


em: http://www.mpf.mp.br/es/sala-de-imprensa/glossario-de-termos-juridicos.

Então, o princípio legal parte sempre da Carta Magna do Brasil, e como


já colocamos, temos no Art. 236, regulamentado pela Lei nᵒ 8.935/1994, a parte
referente à organização do notariado. Ainda temos na lei referências:

• Das atribuições e competências dos notários.


• Das atribuições e competências dos oficiais de registros.
• Das normas comuns: do ingresso na atividade notarial e de registro.
• Dos prepostos.
• Da responsabilidade civil e criminal.
• Das incompatibilidades e dos impedimentos.
• Dos direitos e deveres.
• Das infrações disciplinares e das penalidades.
• Da fiscalização pelo poder judiciário.
• Da extinção da delegação.
• Da seguridade social.
• Das disposições gerais.
• Das disposições transitórias.

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado acadêmico, já lhe recomendamos a leitura da Lei nᵒ 8.935/1994, iremos


também evocá-la em diversos momentos em nossos estudos futuros, quando tratarmos
sobre alguns temas específicos da gestão e organização do escritório de notariado.

9
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Temos ainda na CF, em seu Art. 22, XXV, que compete privativamente à
União legislar sobre as questões relacionadas aos “registros públicos”.

Devido à grande profusão de leis que regem o serviço notarial e registral,


apresentamos a seguir o Quadro 1, que apresenta um resumo sucinto com as
principais leis e as suas áreas de atuação. Este quadro é um orientativo para a
sua referência sobre as leis e você poderá pesquisá-las na internet ou no Vade
Mecum para conhecê-las na íntegra, sendo que algumas delas serão apresentadas
na sequência, em temas específicos.

QUADRO 1 – PRINCIPAIS LEIS E AS SUAS ÁREAS DE ATUAÇÃO

LEI Nᵒ ANO ÁREA DESCRIÇÃO


CF/Art.22-XXV 1988 Geral Constituição Federal (Registros Públicos)
Constituição Federal (serviços notariais e
CF/Art.236 1988 Geral
de registro)
Lei nᵒ 8.935 1994 Geral Lei dos Cartórios
Registros
Lei nᵒ 6.216 1975 Registros Públicos
Públicos
Registros
Lei nᵒ 6.015 1973 LRP (Lei de Registros Públicos)
Públicos
Lavagem de Dinheiro – Dispõe sobre os
crimes de "lavagem" ou ocultação de bens,
direitos e valores; a prevenção da utilização
Lei nᵒ 9.613 1998 COAF do sistema financeiro para os ilícitos
previstos nesta Lei; cria o Conselho de
Controle de Atividades Financeiras – COAF,
e dá outras providências.
Dispõe sobre o cumprimento de sanções
impostas por resoluções do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, incluída
a indisponibilidade de ativos de pessoas
naturais e jurídicas e de entidades, e
Lei nᵒ 13.810 2019
a designação nacional de pessoas
investigadas ou acusadas de terrorismo,
de seu financiamento ou de atos a ele
correlacionados; e revoga a Lei nᵒ 13.170,
de 16 de outubro de 2015.
Dispõe sobre os procedimentos a serem
observados pelas pessoas físicas e jurídicas
reguladas pelo Coaf, na forma do §1ᵒ do Art.
14 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998,
Resolução nᵒ 31,
para cumprimento de sanções impostas nos
de 7 de junho de 2019 COAF
termos da Lei nᵒ 13.810, de 8 de março de
2019
2019; e para as comunicações de que trata
o Art. 11 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março
de 1998, relacionadas a terrorismo e seu
financiamento.

FONTE: O autor

10
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

A importância do trabalho do profissional Notarial e de registros se faz


presente nas mais diversas formas, mais recentemente temos a inclusão desses
serviços como auxiliar na detecção de “lavagem de dinheiro” e, em condições
mais drásticas, no auxílio a identificar questões ligadas ao terrorismo, de seu
financiamento ou de atos a ele correlacionados, conforme exposto nas leis: Lei
de lavagem de dinheiro (Lei nᵒ 9.613/1998) e da Lei nᵒ 13.810/2019, bem como da
Resolução nᵒ 31, de 7 de junho de 2019.

Para exemplificar a interação da amplitude de ação dos agentes notariais


e de registro, vemos claramente a sua vinculação legal como no caso da Lei nᵒ
13.810/2019, em seu Art. 10, que transforma em lei uma resolução do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, e descreve que:

Art. 10. Sem prejuízo da obrigação de cumprimento imediato, o


Ministério da Justiça e Segurança Pública comunicará, sem demora,
as sanções de:
I- indisponibilidade de ativos aos órgãos reguladores ou fiscalizadores,
para que comuniquem imediatamente às pessoas naturais ou
jurídicas de que trata o Art. 9ᵒ da Lei nᵒ 9.613, de 3 março de 1998.
[...]
§ 1ᵒ A comunicação a que se refere o inciso I do caput deste artigo será
dirigida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, também, para
cumprimento sem demora:
[...]
VI - aos outros órgãos de registro público competentes (BRASIL, 2019).

É uma lei relacionada à segurança, mas que interpõe responsabilidades


aos notariais, e assim vemos esta interposição também ocorrendo em outras
áreas legais, o que dá uma amplitude muito grande de ação, mas também de
responsabilidade.

Temos ainda a Resolução nᵒ 31, de 7 de junho de 2019, que complementa


a questão da responsabilidade:

Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelas pessoas físicas e


jurídicas reguladas pelo Coaf, na forma do §1ᵒ do Art. 14 da Lei nᵒ 9.613, de
3 de março de 1998, para cumprimento de sanções impostas nos termos da
Lei nᵒ 13.810, de 8 de março de 2019; e para as comunicações de que trata o
Art. 11 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998, relacionadas a terrorismo e seu
financiamento.
O Presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras – Coaf, no
uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art. 9ᵒ do Estatuto aprovado
pelo Decreto nᵒ 9.663, de 1ᵒ de janeiro de 2019, e tendo em vista o disposto no
Decreto nᵒ 5.640, de 26 de dezembro de 2005, que promulgou a Convenção
Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo, adotada pela
Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 9 de dezembro de 1999, e na Lei nᵒ

11
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

13.810, de 8 de março de 2019, que dispõe sobre o cumprimento de sanções


impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas –
CSNU, torna público que o Plenário do Conselho, em sessão realizada nos
dias 8 e 9 de maio de 2019, com base no § 1ᵒ do Art. 14 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de
março de 1998, resolveu:

Art. 1ᵒ Esta Resolução estabelece orientações a serem observadas pelas pessoas


físicas e jurídicas que exercem as atividades listadas no artigo 9ᵒ da Lei nᵒ 9.613,
de 3 de março de 1998, e que são sujeitas à regulação do Coaf, no cumprimento
da Lei nᵒ 13.810, de 8 de março de 2019, que dispõe sobre a aplicação imediata
de sanções, incluída a indisponibilidade de ativos, impostas por resoluções do
Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), ou por designações de
seus comitês de sanções, por requerimento de autoridade central estrangeira,
e por eventuais designações nacionais de pessoas investigadas ou acusadas de
terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados.
§1ᵒ As orientações estabelecidas nesta Resolução são complementares às
demais normas do Coaf.
§2ᵒ É vedado às pessoas de que trata o caput descumprir, por ação ou omissão,
sanções impostas por resoluções do CSNU ou por designações de seus comitês
de sanções, em benefício de pessoas naturais, pessoas jurídicas, ou entidades
sancionadas, inclusive para disponibilizar ativos, direta ou indiretamente, em
favor dessas pessoas ou entidades.

Art. 2ᵒ As pessoas de que trata o Art. 1ᵒ devem:


I- implantar procedimentos e controles internos para a identificação, entre
seus clientes, de pessoas físicas, de pessoas jurídicas ou de entidades
submetidas às sanções de que trata de Lei nᵒ 13.810, de 2019; e
II- adotar ações de treinamento de empregados para a execução das medidas
instituídas por esta norma.

Art. 3ᵒ No cumprimento das sanções de que trata o Art. 1ᵒ, as pessoas nele
referidas providenciarão, sem demora e sem aviso prévio aos sancionados, na
forma da Lei nᵒ 13.810, de 2019, a indisponibilidade de ativos de titularidade,
direta ou indireta, de pessoas físicas, de pessoas jurídicas ou de entidades
submetidas àquelas sanções.
§1ᵒ Devem ser imediatamente comunicadas ao Coaf e ao Ministério da Justiça
e Segurança Pública:
I- a indisponibilidade de ativos de que trata o caput e eventuais tentativas de
transferência dos ativos; e
II- a existência de ativos sujeitos às sanções e as eventuais razões que constituam
impedimento para a não adoção da indisponibilidade de ativos, se for o caso.
§2ᵒ Também será objeto de comunicação imediata ao Coaf a decisão judicial que
determine a liberação total ou parcial dos ativos (que estavam) indisponíveis.

12
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

Art. 4ᵒ As pessoas de que trata o Art. 1ᵒ, em observância ao disposto no Art.


11, inciso I, da Lei nᵒ 9.613, 1998, devem comunicar ao Coaf, sem demora e
sem aviso prévio aos sancionados, independentemente do valor, as operações
realizadas, os serviços prestados, ou propostas para sua realização, que:
I- envolvam as pessoas que perpetrem ou intentem perpetrar atos terroristas ou
deles participem ou facilitem o seu cometimento, ou as entidades pertencentes
ou controladas, direta ou indiretamente, por essas pessoas, bem como por
pessoas e entidades atuando em seu nome ou sob seu comando;
II- possam constituir-se em sérios indícios dos atos de financiamento ao
terrorismo, previstos na Convenção Internacional para Supressão do
Financiamento do Terrorismo, internalizada no ordenamento jurídico
nacional por meio do Decreto nᵒ 5.640, de 26 de dezembro de 2005;
III- possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos na Lei nᵒ
13.260, de 16 de março de 2016.
Art. 5ᵒ As comunicações de que tratam os Arts. 3ᵒ e 4ᵒ devem ser efetuadas em
meio eletrônico pelo sítio do Coaf.
Parágrafo único. As informações fornecidas ao Coaf serão protegidas por sigilo.

Art. 6ᵒ As pessoas de que trata o Art. 1ᵒ, bem como os seus administradores,
que deixarem de cumprir as obrigações desta Resolução, sujeitam-se às sanções
previstas no Art. 12 da Lei nᵒ 9.613, de 1998, na forma do disposto no Decreto
nᵒ 9.663, de 1ᵒ de janeiro de 2019.

Art. 7ᵒ O Coaf indicará em seu sítio na internet acesso à lista de pessoas sujeitas
às sanções de que trata a Lei nᵒ 13.810, de 2019 (BRASIL, 2019).

São muitas as leis, dispositivos, elementos regulatórios que o notariado


deve obedecer. Apresentamos alguns dos mais importantes no Quadro 1, mas
sempre é importante ao profissional se atualizar nos temas de sua área de trabalho.

DICAS

Prezado acadêmico, para encerrar este tópico, gostaríamos de deixar algumas


dicas de leitura para você aperfeiçoar o seu conhecimento sobre o tema.

DEBS, M. El. Legislação notarial e de registros públicos comentada. 4. ed. Salvador:


JusPodivm 2020.

LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 10. ed. Salvador: Editora JusPodivm. 2019.

KORENCHENDLER, A. S. Direito registral e notarial: legislação federal, específica e


complementar para registradores e notários. São Paulo: Editora Atlas. 2014

BLASCO, F. D. C. Manual notarial e registral de prevenção à lavagem de dinheiro e ao


financiamento do terrorismo. São Paulo, 2019.

13
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

O IMPACTO DA LGPD PARA NOTÁRIOS E REGISTRADORES:


RESPONSABILIDADE PELO USO DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO

O Estado tem o dever de resguardar os princípios fundamentais


constitucionais de um país, manter a ordem jurídica e a autoridade da lei.
A jurisdição constitucional é a garantia de existência do Estado Democrático
de Direito, a permanência e manutenção do ordenamento jurídico, e a
respeitabilidade à Constituição Federal no que concerne à obediência aos
seus princípios.

Nesta esteira, respeito à privacidade, liberdade de expressão,


inviabilidade da intimidade, da honra e da imagem, livre iniciativa, direitos
humanos, livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício
da cidadania pelas pessoas naturais são fundamentos que vêm à tona e forçam
a sociedade moderna a integrá-los no contexto das novas legislações.

A complexidade social exige novas posturas dos operadores jurídicos


diante da flexibilização dos direitos fundamentais tendo em vista o paradoxo
da proteção dos dados pessoais frente à supremacia do interesse público.

É preciso uma análise mais de perto da nova Lei nᵒ 13.709/2018,


conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entra
em vigência em agosto de 2020, para compreender o alcance da norma para os
cartórios brasileiros.

A nova lei dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive os


dados sensíveis, por meio físico ou digital, por pessoa natural ou por jurídica,
de direito público ou privado.

Tendo em vista as finalidades que se busca, os serviços notariais e de


registro terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas e devem
fornecer acesso aos dados por meio eletrônico para a Administração Pública.

Sendo assim, deverão informar as hipóteses em que, no exercício


de suas competências, realizam o tratamento de dados pessoais, fornecer
informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os
procedimentos e as práticas utilizadas, disponíveis de fácil acesso, para a
execução dessas atividades.

O alcance da referida lei é a qualquer operação de tratamento realizada


para manusear os dados relacionados às pessoas, independentemente do
meio tecnológico e do país onde estejam localizados esses dados, desde que o
tratamento seja no território nacional.

14
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

A legislação específica traz nomenclaturas para os agentes de tratamento


que devem ser analisadas do ponto de vista inerente às responsabilidades.
Sendo assim, Notários e Registradores precisam descobrir onde se enquadram
e quais são seus deveres.

A PREOCUPAÇÃO COM A PROTEÇÃO DE DADOS NO EXTERIOR E


NO BRASIL

É inegável que o mundo vive hoje em uma era onde as transformações


tecnológicas e digitais surgem em velocidade surpreendente e superam-se a
cada novo dia.

A preocupação com o sigilo dos dados das pessoas e suas divulgações


sem precedentes ou com utilização ilimitada já é realidade em 132 países, que
possuem suas legislações próprias de proteção de dados pessoais. De acordo
com estudos de David Banisar, em 120 países há lei geral de proteção de dados;
em 40 há projeto de lei ou iniciativa em curso para aprovação de lei; e em 58
não há iniciativas ou informação a respeito.

Estudo apresentado de Graham Greenleaf demonstra que é possível


averiguar a cronologia de atos desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos
em prol da proteção dos dados pessoais e que foram balizadores para a
legislação brasileira.

Deve-se ter em conta que os princípios básicos de proteção de dados


pessoais fundamentam-se na qualidade, onde envolve a base legal, na
finalidade e proporcionalidade, bem como na proteção a categorias específicas,
na segurança e na transparência.

De acordo com Code of Fair Information Practics (Health, Education,


Welfare – Advisory Committee on Automated Systems – 1973), não se deve
existir bancos de dados pessoais que sejam secretos; todo cidadão deve
poder ter acesso à própria informação pessoal e, a saber como ela é usada; a
informação pessoal obtida para uma finalidade não poderá ser utilizada para
outra finalidade sem o consentimento do titular; devem existir meios para que
o titular corrija ou complemente a sua informação pessoal; toda entidade que
utilize dados pessoais deve garantir a sua qualidade e segurança.

O modelo Europeu baseia-se no consentimento, no livre fluxo de dados


e na autoridade de garantia. Já o modelo norte-americano tem como norteador
a descentralização, as leis federais somente em relação ao Estado, a tutela a
posteriori, a auto regulação e a Federal Trade Commission.

15
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Há, de fato, influência da legislação brasileira nas normas da LGPR,


desde a Constituição Federal de 1988. Pode-se citar o Código de Defesa do
Consumidor (Lei nᵒ 8.078/1990), a Lei do Cadastro Positivo (Lei nᵒ 12.414/2011),
a Lei de Acesso à Informação (Lei nᵒ 12.527/2011), o Marco Civil da Internet
(Lei nᵒ 12.965/2014), dentre outras. Mesmo amparado no modelo europeu de
proteção de dados, a LGPD dialoga inteiramente com ordenamento jurídico
brasileiro e somente essa norma trouxe medidas efetivas para proteção dos
dados pessoais.

Em 2005, provocada pela iniciativa da Argentina em conscientizar


a questão no Mercosul, os brasileiros iniciaram debates importantes no
Ministério da Justiça, no Desenvolvimento da Industria e Comércio Exterior e
no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Assim, surgiu o projeto de Lei
nᵒ 4.060/2012, após submetido a audiências públicas no Congresso Nacional,
posteriormente, deu origem a Lei nᵒ 13.709, em 14 de agosto de 2018. Na
sequência, veio a MP 869, que alterou a referida lei, com diversas modificações
em relação à redação do texto original.

Há uma clara convergência legal onde as legislações se interagem e


se aproximam em conteúdo e forma. Esse conceito ficou conhecido pela tese
de Colin Bennett. Nela, há a definição do termo como “a possibilidade de
se identificar a dinâmica da evolução normativa, um padrão em relação aos
princípios de proteção de dados”.

Nesta mesma esteira caminha o direito, como um todo sistêmico


norteador que visa, por fim, os direitos fundamentais da pessoa humana. Suas
inter-relações demonstram o início da dignidade humana em uma nação.

A PARTICIPAÇÃO E A RESPONSABILIDADE DOS NOTÁRIOS E


REGISTRADORES

De acordo com a Lei nᵒ 8.935/94 (LNR), os serviços notariais e de


registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a
publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.

Sob esse prisma, é importante compreender que os serviços notariais e


de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público,
e o ingresso na atividade depende de concurso público de provas e títulos,
de acordo com o Art. 236 da Constituição Federal. A responsabilidade civil e
criminal dos notários e oficiais de registro, assim como de seus prepostos, está
definida na LNR, que regulamenta a atividade e define a fiscalização de seus
atos pelo Poder Público.

16
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

De acordo com essa norma, os notários e oficiais de registro são


civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por
culpa ou dolo, conforme disponibilizado na referida legislação. Importante
enfatizar, que a responsabilidade civil independe da criminal, que será
individualizada, entretanto, é cabível aplicar a Notários e Registradores a
legislação relativa aos crimes contra a Administração Pública.

Em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal manteve a


Jurisprudência da Corte, onde enfatiza que a responsabilidade civil do Estado
é objetiva, em detrimento dos serviços delegados, cabendo ação de regresso
contra quem praticou o ato sob pena de improbidade administrativa. Ainda
assim, o Superior Tribunal de Justiça – STJ mantem sua interpretação da
responsabilidade do segmento ser objetiva e subsidiária do Estado.

Essa exposição a respeito da responsabilidade civil do Notário e do


Registrador, assim como a delegação concedida pelo Poder Público, por meio
de concursos, faz-se necessária para perfeita compreensão do tratamento
dispensado à atividade assemelhando-se aos das pessoas jurídicas no que
tange à função pública, exercida de forma privada.

Para iniciar o alcance da nova lei, também é preciso compreender o


que são dados pessoais. De modo simplificado, pode-se dizer que é qualquer
informação relacionada à pessoa natural, como nome, endereço, e-mail,
documentos etc. Já o dado pessoal sensível, que é amplamente utilizado pelos
serviços notariais e de registro, é aquele que trata da pessoa física, titular,
da origem racial ou étnica, do sexo, dos dados genéticos ou biométricos etc.
Envolvem todas as informações inseridas em banco de dados, que suporta os
referidos dados do indivíduo, quer seja em meio físico ou eletrônico.

A nova lei salienta o termo Consentimento, como forma adequada para


que o titular manifeste livremente, de forma inequívoca sua concordância com
o tratamento dos seus dados pessoais para o fim que será determinado. Ou,
ainda, em cumprimento de obrigação legal ou regulatória.

Uma das possibilidades que se fez valer na nova legislação, foi a de


trazer para o cidadão a responsabilidade de cobrar o uso indiscriminado
de seus dados, assim ele passa ter certo empoderamento e a ter controle
das informações produzidas. É uma tendência mundial colocar o cidadão
para ajudar na governança dos dados gerados, uma vez que o governo não
consegue exercer o papel de completo guardião frente ao grandioso número
de informações geradas.

17
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

No caso dos Notários e Registradores, a normativa que os rege salienta


que não se pode deixar de prestar as informações solicitadas pelos usuários,
exigindo-se que os atos sejam cumpridos e dentro dos prazos estipulados, de
acordo com a LNR, com os provimentos dos Tribunais de Justiça dos Estados,
do Conselho Nacional de Justiça – CNJ, e demais regulamentos. Sendo assim,
há claramente uma dicotomia entre cumprir a obrigatoriedade dos atos
extrajudiciais, obedecido o princípio da publicidade, dentro da observância
aos novos direitos pessoais que se materializam.

A LGPD ressalta, ainda, o “relatório de impacto à proteção de dados


pessoais”, como meio de descrever todos os processos de tratamento dos dados
pessoais contendo os riscos às liberdades civis e aos direitos fundamentais,
as medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco. Relatório esse
que pode ser cobrado, a qualquer tempo, pelas autoridades ou pelos titulares
dos dados. Fato que exigirá do notário e registrador maior controle, e mais
eficiente, de todo acervo gerado e armazenado no cartório.

De acordo com as novas regras, o tratamento de dados pessoais pelas


pessoas jurídicas de direito público deverá ser realizado para o atendimento
de sua finalidade pública, em prol do interesse público. Devem ser informadas
as hipóteses em que, no exercício de suas competências, realizam o tratamento
de dados pessoais. Da coleta inicial a sua eliminação ou arquivamento. Sempre
fornecendo informações claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade,
os procedimentos e as práticas utilizadas para a execução dessas atividades,
em veículos de fácil acesso, preferencialmente em sítios eletrônicos.

Neste contexto, enquadram-se Notários e Registradores:

Art. 23. IV […] § 4ᵒ Os serviços notariais e de registro exercidos em


caráter privado, por delegação do Poder Público, terão o mesmo tratamento
dispensado às pessoas jurídicas referidas no caput deste artigo, nos termos
desta Lei.

Além disso, a nova lei cria nomenclaturas e responsabilidades


para algumas pessoas. Surgem os “Controladores”, os “Operadores” e os
“Encarregados”, que serão civilmente responsáveis pelos danos individuais
ou coletivos, patrimonial ou moral, estabelecendo uma responsabilidade
solidária, como segue:

Art. 5ᵒ. Para os fins desta lei, considera-se: Controlador: pessoa natural
ou jurídica, de direito público ou privado, a quem compete as decisões do
tratamento de dados pessoais; Operador: quem realiza o tratamento; e
Encarregado: pessoa indicada para atuar como canal de comunicação com o
titular dos dados e com a autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

18
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

Neste diapasão, Controlador será o Notário ou Registrador; Operador,


o responsável técnico, possivelmente uma empresa terceirizada; e o
Encarregado, uma terceira pessoa, que fará o elo do titular das informações
com a autoridade nacional de proteção de dados.

Vale ressaltar que a lei salienta que o tratamento de dados pessoais,


cujo acesso é público, deve considerar a finalidade, a boa-fé e o interesse geral
que justificam sua disponibilização. Para consentimento previsto, deverá ser
dado por escrito ou outro meio que demonstre a manifestação de vontade do
titular, assim como terá que se observar cada detalhe para não ocorrer em
invalidação ou ônus.

Quanto aos tratamentos dos dados sensíveis, de uso direto por parte
dos Notários e Registradores, é imprescindível que haja maior atenção, bem
como os dados pessoais de crianças e adolescentes. Sempre haverá de ser com
consentimento específico, bem como informando os tipos de dados coletados,
sua utilização e qual uso. O titular dos dados pessoais poderá exigir informações
sobre o tratamento, acesso, correção, bloqueio, eliminação, portabilidade etc.

No contexto da responsabilidade, quando houver infração em


decorrência do tratamento de dados pessoais pelos Notários e Registradores,
a autoridade nacional poderá enviar informe com medidas cabíveis para fazer
cessar a violação. A responsabilidade pelos danos causados, ocorrerá nos casos
de vazamento ou uso incorreto ou ilegal dos dados em tratamento.

Salienta-se que o Controlador será sempre responsabilizado. O


Operador poderá ser responsabilizado pelo descumprimento da lei ou
descumprimento das orientações do Controlador. Caberá direito de regresso
do Controlador em face ao Operador, quando comprovada a sua culpa
exclusiva. E haverá responsabilidade solidária em caso de dano.

As sanções administrativas, a que se submetem os entes públicos, são


de certa forma mais brandas daquelas a que se submetem os entes privados e
estão estabelecidas como sendo:

Art. 52, §3ᵒ. I – advertência, com indicação de prazo para adoção de


medidas corretivas; II – publicização da infração após devidamente apurada e
confirmada a sua ocorrência; III – bloqueio dos dados pessoais a que se refere
a infração até a sua regularização; IV – eliminação dos dados pessoais a que se
refere a infração.

A dicotomia, que se fez referência neste texto, pode ser também


observada diante das exigências a serem cumpridas pelas normativas notariais
e registrais frente às penalidades cabíveis aos entes públicos. Não se pode
deixar de cumprir os atos de registros públicos ou notariais, portanto devem
surgir meios capazes de conferir sanções sem ferir os princípios norteadores
dos serviços públicos, exercidos de forma privada.

19
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

A lei encarrega-se, ainda, de descrever como e quando pode ou


deve ocorrer o compartilhamento dos dados pessoais geridos pelo setor
público e exige que tais dados sejam mantidos em formato interoperável
quando forem utilizados para a consecução de políticas públicas. Evitando
assim, que o mesmo dado necessite ser coletado várias vezes para diversos
órgãos diferentes.

Diante das novas exigências normativas, vislumbra-se finalmente uma


interligação das bases governamentais com a dos cartórios extrajudiciais. O
objetivo a perquirir é conferir maior legitimidade a cada uma delas, além de
propiciar mais segurança jurídica a todos processos envolvidos.

DESAFIOS TECNOLÓGICOS E ADMINISTRATIVOS

Tendo em vista o impacto da LGPD nos sistemas brasileiros, cabe


aos Notários e Registradores repensarem o uso de suas plataformas onde
guardam os dados pessoais coletados para que haja maior governança e
monitoramento contínuo das informações que são responsáveis.

Da mesma forma, iniciar capacitação de seus colaboradores para


atuarem como determina a nova legislação, quer seja por meio de palestras,
cursos ou treinamentos. Além disso, realizar mapeamentos e relatórios de
impactos, aplicar novas metodologias no desenvolvimento de seus serviços,
bem como investir em segurança da informação.

Faz-se necessário verificar novos métodos para preservar a tecnologia


já disponibilizada aos cartórios, ou adaptá-la para cumprir as novas
exigências. A própria LGPD já preceitua a atuação em conformidade com as
normativas legais existentes.

Em julho de 2019, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ publicou o


provimento 74, que dispõe sobre padrões mínimos de tecnologias da informação
para a segurança, integridade e disponibilidade de dados para a continuidade
da atividade pelos serviços notariais e de registro. Nele, estão expressamente
discriminadas exigências em classes, divididas de acordo com a remuneração
dos serviços. Até mesmo, as políticas de segurança de informação com relação
à confidencialidade, autenticidade, integridade e os mecanismos preventivos
de controle físico e lógico que os cartórios devem seguir para controle efetivo
do arquivo de dados gerados em seus serviços.

Observa-se que há médios e pequenos serviços que não têm como


cumprir todas as exigências sem subsídios em contrapartida. É imprescindível
que se compreenda as diferentes realidades existentes entre os cartórios das
capitais e das cidades maiores com os do interior, e, assim, que se encontrem
meios de subsistência tecnológico, ainda que em colaboração com as entidades
de classe, para que haja soluções justas para a continuidade dos serviços a

20
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

nível nacional. Afinal, o ingresso na atividade se dá por meio de árduo


concurso público, semelhantes para qualquer natureza de serviço ou tamanho
de cartório, em todos os Estados da Federação, por exigência normativa do
CNJ. Ainda assim, a remuneração se dá unicamente pela prestação do serviço
diretamente pelo usuário e não pelos cofres públicos. Escassos usuários,
escassa remuneração.

O Provimento em referência traz um plano de continuidade de


negócios, que prevê ocorrências nocivas ao regular funcionamento dos
serviços e atender a normas de interoperabilidade, legibilidade e recuperação
a longo prazo na prática dos atos e comunicações eletrônicas. Da mesma
forma, orienta-se que se deve gerar imagens ou cópias incrementais dos dados
que permitam a recuperação dos atos praticados a partir das últimas cópias
de segurança, evitando que se comprometa a base de dados utilizada e as
informações associadas. Não deixa de ser uma preventiva necessidade para a
implementação da nova lei, entretanto é fundamental repensar alternativas de
implementação para os pequenos cartórios.

Diante disso, os Notários e Registradores já seguem padrões de


interoperabilidade, com precaução ao uso da tecnologia de ponta, com uso
de certificado digital, mantendo backups em servidores locais e nas nuvens,
com propósito de manter em segurança os acervos. Entretanto, a nova lei exige
inovação, novos investimentos e a implicação de diferentes responsabilidades.
É preciso buscar algo a mais.

Muito se comenta sobre o uso do compliance para serviços delegados,


que surge do verbo comply, que significa cumprir, executar, obedecer etc. Que
se caracteriza por atender a regras específicas de princípios gerais, de forma
a auxiliar órgãos reguladores a monitorar suas atividades. Analisar perfil e
riscos é o que se propõe e o que se espera.

No mesmo sentido, espera-se que haja accauntability, termo em inglês


que pode ser traduzido como controle, fiscalização ou prestação de contas,
importante para assegurar a qualidade dos serviços públicos. É, da mesma
forma, o que se almeja, principalmente, dos serviços públicos, ainda que
exercidos de forma privada. Há de se mensurar a responsabilização do agente
que pratica o ato e a prestação de contas pelo dever legal.

Diante dessa realidade que se instaura, é viável iniciar estudos, por


meio das entidades de classe nacionais, com o propósito de se delinear
projetos de infraestrutura básica e realizar projeto piloto nos serviços notariais
e de registro, de cada especialidade. Deve-se elaborar um plano de ação que
efetivamente una decisões práticas tecnológicas com amparo jurídico ao
alcance dos cartórios grandes, médios e, principalmente, pequenos. A reunião
de esforços e estudos possibilitará no eficiente planejamento das ações, a um
custo razoável e em prol de todos.

21
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Notários e Registradores deverão preparar seus serviços focados em


auditoria preventiva, para que haja levantamento da atual estrutura existente
e do seu ambiente digital onde comporte o enquadramento das demandas que
a nova lei propõe.

CONCLUSÃO

É inegável que a tecnologia contribui para melhorar a vida das


pessoas, assim como os dados pessoais gerados por dispositivos inteligentes
precisam de proteção. O mundo está conectado cada vez mais e em maior
número, sendo assim o uso dos dados das pessoas devem ser monitorados
com total segurança.

Diante do número de conexão e dos dispositivos existentes, faz-se


cada vez mais necessário surgirem normas que visam proteger aos cidadãos
do mundo contemporâneo. Afinal, apesar da facilidade com que os indivíduos
concedem seus dados e não se questionam como estão fazendo uso deles,
é necessária intervenção do governo como balizador legal. Os termos de
acesso disponíveis são na sua grande maioria muito técnicos, não sendo lidos
normalmente. E, infelizmente, não há como verificar a real utilização dos
dados pelas organizações em geral.

É preciso repensar como esse crescimento desenfreado de informações


deixa exposto o usuário dos serviços, portanto são eficazes as novas
normativas que defendam a todos, principalmente os hipossuficientes, os
mais necessitados.

Se o mundo está hiperconectado e exige adaptações imediatas para


que a privacidade não seja um direito posto de lado, é mister que a legislação
pertinente alcance o patamar necessário para fortalecer a segurança do cidadão,
cada vez mais empoderado.

Afinal, o cenário que se instala, altamente digital, é o da Internet das


Coisas e do Big Data. As pessoas são números, criptografados, e na maioria das
vezes, seus dados são utilizados sem estruturas e potencializados nas mídias
sociais. Tem o poder quem controla essas informações.

Com a entrada do Brasil no rol dos países com normativas para gerir
melhor o uso indiscriminado dos dados pessoais, haverá mais controle
e transparência quanto a quem detêm dados e informações pessoais, bem
como responsabilizá-los.

22
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO DIREITO NOTARIAL

É fato que muitas dúvidas quanto à implementação da devida lei irão


surgir, entretanto, repensar um novo planejamento de gestão administrativo e
tecnológico para os serviços extrajudiciais é fundamental para adequar a nova
legislação. Somente assim, haverá tranquilidade na gestão operacional e maior
cautela nas implicações da responsabilidade civil inerente ao serviço prestado,
de forma privada.

A confiança habitual que a sociedade deposita nos serviços notariais e


de registro, já amplamente comprovado por meio de pesquisas de renomados
institutos, implica em atuação célere, eficiente e segura, será mantida
rigorosamente dentro dos padrões contemporâneos.

FONTE: CASTRO, F. de A. A. O Impacto da LGPD para notários e registradores: responsabilidade


pelo uso da tecnologia e da inovação. SINOREG-ES, Vitória, 1ᵒ set. 2020. Disponível em:
<https://www.sinoreg-es.org.br/?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=ODMyNw==&filtro=10>.
Acesso em: 7 abr. 2020.

23
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O Direito notarial é balizado por legislação específica e composto por diversas


leis que regem as suas atividades.

• O Sistema Notarial e Registral brasileiro, popularmente conhecido como os


cartórios de registro, está presente no dia a dia dos brasileiros.

• Os cartórios são utilizados para autenticação de assinatura, reconhecimento de


firma(assinatura), registro de documentos negociais, jurídicos, registro de uma
compra ou venda, registro de um imóvel ou de um inventário extrajudicial,
entre outras atividades mais.

• Um cartório serve para dar validade jurídica e de registro do processo.

• O direito notarial é “o conjunto de normas e princípios que regulam a função


do notário, a organização do notariado e os documentos ou instrumentos
redigidos por este profissional do direito que, a título privado, exerce uma
função pública por delegação do Estado” (LOUREIRO, 2020, p. 50).

• A Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994, regulamenta o Art. 236 da Constituição


Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro (Lei dos cartórios).

• Os serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa


destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos
atos jurídicos.

• Notário, ou tabelião, oficial de registro, ou registrador, são profissionais do


direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade
notarial e de registro.

• Fé pública é um princípio constitucional atribuído por lei ao Notário e


Registrador, representantes do Estado em suas funções, para certificar atos
da administração pública, validar procedimentos judiciais e/ou registrar
procedimentos notariais em cartórios certificados, como validação de
documentos e certidões.

24
• Os titulares de serviços notariais e de registro são os:
I- tabeliães de notas;
II- tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
III- tabeliães de protesto de títulos;
IV- oficiais de registro de imóveis;
V- oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas;
VI- oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas;
VII- oficiais de registro de distribuição.

• Todo ato notarial está estipulado em legislação específica.

• Compete privativamente à União legislar sobre as questões relacionadas aos


registros públicos.

• Tendo em vista o impacto da LGPD nos sistemas brasileiros, os Notários e


Registradores devem garantir o sigilo de suas plataformas onde guardam os
dados pessoais coletados para que haja maior governança e monitoramento
contínuo das informações que são responsáveis.

25
AUTOATIVIDADE

1 O profissional que desenvolve os serviços de notário, ou tabelião, oficial de


registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública,
a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro dentro
dos cartórios brasileiros. Com relação aos titulares de serviços notariais e
de registro, analise as sentenças a seguir:

I- Oficiais de registro de imóveis.


II- Oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas.
III- Tabeliães de protesto de títulos.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) Somente a sentença I está correta.

2 A realidade notarial e registral apresenta diversas nuances e terminologias


específicas que são, muitas vezes, definidas por leis que regem os serviços
notariais e de registro. Sobre as terminologias notariais e de registro, associe
os itens, utilizando o código a seguir:

I- Notário, ou tabelião, oficial de registro, ou registrador.


II- Direito notarial.
III- LGPD.
IV- Fé Pública.

a) ( ) É um princípio constitucional atribuído por lei ao Notário e Registrador,


representantes do Estado em suas funções, para certificar atos da
administração pública, validar procedimentos judiciais e/ou registrar
procedimentos notariais em cartórios certificados, como validação de
documentos e certidões.
b) ( ) Notário, ou tabelião, oficial de registro, ou registrador, são profissionais
do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da
atividade notarial e de registro.
c) ( ) É o conjunto de normas e princípios que regulam a função do notário, a
organização do notariado e os documentos ou instrumentos redigidos
por este profissional do direito que, a título privado, exerce uma função
pública por delegação do Estado
d) ( ) Lei Geral de Proteção de Dados.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) IV – I – II – III.
b) ( ) II – I – III – IV.
c) ( ) IV – II – III – I.
d) ( ) III – II – I – IV.

26
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

1 INTRODUÇÃO
Olá, prezado acadêmico! Como já estudamos, o notário e o registrador são
profissionais do direito os quais são nomeados pelo Poder Público e fiscalizados
pelo Poder Judiciário, conforme definido pelo Art. 37 da Lei nᵒ 8.935/1994 e são
dotados de fé pública, conforme já aprendemos no tópico anterior.

Estes profissionais dos Serviços Notariais e Registrais atuam de forma


privada (não são funcionários públicos do governo) através da delegação do
Poder Público. Temos no Art. 1ᵒ, da Lei nᵒ 6.015, de 1973, e Art. 1ᵒ, da Lei nᵒ 8.935
de 1994, que os serviços notariais e de registros, possuem como princípios básicos
de atuação a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia, princípios estes que
serão melhor detalhados neste tópico.

Assim, temos, nas atividades notariais e registral, princípios que regem as


suas atividades, os quais podem ser classificados em princípios constitucionais
e são apregoados para toda a administração pública e o segundo tipo são os
princípios da atividade registral.

Conforme descrito por Zonta (2014, s.p.), temos:

E finalmente, a eficácia do ato jurídico ou negócio jurídico têm por


escopo, instituir que todo o ato praticado pelo notário ou registrador,
são aptos para produzir efeitos. Toda construção da sistemática dos
princípios notariais e de registros públicos, visa assegurar a consistência
e estabilidade das instituições democráticas, de forma a garantir usuários
e ao Estado, a autenticidade, publicidade, segurança e eficácia dos atos e
negócios jurídicos, que os notários e registradores intervenham.

A segurança e eficácia dos serviços notariais está relacionada aos princípios


que os regem, os quais iremos detalhar a seguir.

2 OS PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL


Os princípios da atividade notarial e registral estão relacionados a duas
vertentes, uma constitucional e outra de ofício, por isso, detalharemos à luz da
sua legalidade e da sua aplicação prática no seu dia a dia profissional.

27
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Com relação à legalidade, temos inicialmente a questão da administração


pública, cuja Constituição Federal nos apresenta que: “Art. 37. A administração
pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988).

Quando analisamos o Art. 37 da Constituição Federal, os princípios


ali apresentados são chamados de princípios expressos, pois estão claramente
descritos e identificados, e em oposição existem alguns princípios que não são
elencados de forma descritiva na Constituição, mas é por ela acolhida, as quais
são denominados de princípios implícitos.

Vamos, agora, detalhar esses princípios.

2.1 PRINCÍPIOS RELACIONADOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Os princípios constitucionais apresentados no Art. 37 da CF também
devem ser seguidos pelos cartórios brasileiros sob risco de penalidades se
houveram desvios de conduta.

Podemos entender como princípio algo que é a base ou ainda como o


início. Em uma visão jurídica, um princípio é algo ou uma ideia que serve de
sustentação às normas/leis. Os princípios são conceitos fundamentais e basilares
do sistema jurídico, dando um sentido lógico e harmônico as leis e práxis como um
todo. Os princípios estabelecem o alcance e sentido amplo das regras existentes
no ordenamento jurídico.

Assim, a seguir, vamos detalhar cada um deles.

2.1.1 Princípio da legalidade


O princípio da legalidade é um dos fundamentos constitucionais e é
balizador a todas as atividades de um Estado de Direito, ou seja, de um Estado
regido por leis e fica reforçado na CF quando exprime em seu Art. 5ᵒ, em seu
Inciso 2ᵒ: “II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei” (BRASIL, 1988).

28
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

FIGURA 3 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

FONTE: <https://gcdn.emol.cl/psicologia-y-tendencias/files/2017/07/Juri%CC%81dica-800x300.jpg>.
Acesso em: 2 out. 2020.

Esse inciso traz o centro da legalidade do estado de direito, pois ele


remete que as pessoas têm o direito de fazer tudo aquilo que a lei não as
delimita ou as impede enquanto vemos que o Estado somente pode fazer
aquilo que está delimitado nos meandros da lei, o que está expresso no Art. 37
da Constituição Federal.

Dessa forma, os notariados e cartórios de registro devem seguir o princípio


da legalidade.

2.1.2 Princípio da impessoalidade


O termo impessoalidade, no Art. 37 da CF, traz uma importante vertente de
conduta administrativa, principalmente para os órgãos da administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e notariais, pois deixa claro que é proibido tratamentos
diferenciados e favorecimentos pessoais ao se tratar o público em geral.

Conforme Ramos (2014, s.p.) descreve, “o administrador público deve tratar


todos de uma forma igualitária atingindo um único objetivo, o interesse público, não
podendo atender a interesses privados de determinadas pessoas ou de alguns grupos
econômicos”. Esse princípio tem um sentido mais profundo aos serviços notariais, já
que o tratamento ao público é elemento sine qua non da profissão.

Ramos (2014, s.p.) complementa:

O administrador, quando ele exerce suas obrigações de administrar,


ele está administrando em nome do Estado, quando o administrador
atua na satisfação do interesse público, não é ele pessoa física, que está
atuando, mas, no final das contas, quem está atuando é o Estado que é
dirigido pelo administrador.
O administrador é um representante do Estado, é o próprio Estado
que está atuando, dessa forma não podendo o administrador fazer
propagandas pessoais, pois quem está ali é o Estado, onde o agente
público deve atuar de forma impessoal.

29
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

A impessoalidade remonta a questão de que todos são iguais perante a


lei, e as pessoas têm direito igual de atendimento em todos os órgãos públicos,
ressalvadas as questões legais.

2.1.3 Princípio da moralidade


O princípio da moralidade é ímpio a todo administrador público e é o
mínimo que se espera para um servidor público ou notarial, de forma que ele
tenha uma conduta idônea e embasada em preceitos éticos e morais. Espera-se
que ele tenha enraizado critérios de justiça e honestidade.

Pieritz (2020) descreve sobre ética e moral:

Importante compreendermos que, se fazemos parte de uma


comunidade, de um grupo social ou grupo familiar, ou seja, de uma
sociedade, devemos entender que todos nós somos diferentes e
possuímos valores e princípios éticos e morais diferenciados, sendo
que cada etnia possui seu próprio jeito de ser e conviver, instituindo
regras sociais, políticas, econômicas e jurídicas de convivência.
Então, caro acadêmico, a compreensão do que é certo e errado e do que
é fazer o bem ou o mal para um grupo ou etnia, pode ser diferente para
a outra composição social. Tudo depende da formação dos valores
e princípios éticos e morais sócio-históricas da comunidade a que
pertencemos (PIERITZ, 2020, p. 9).

Assim, Pieritz (2020, p. 11) nos traz os conceitos de ética e moral: “a


ética reflete os hábitos e costumes gerais de uma sociedade, suas normativas e
convenções, que fora institucionalizada pelo coletivo social, e a moral é a forma
que conduzimos nossos atos perante o outro, ou seja, é a conduta em si”.

DICAS

Prezado acadêmico, gostaríamos de deixar uma dica de leitura bem legal sobre
o tema de Ética e Moral, um livro escrito pela professora Vera, coordenadora de nosso curso
de Direito da Uniasselvi, O código de ética médica. Temos certeza de que você vai gostar
da leitura.

FONTE: PIERITZ, V. L. H. O código de ética médica. Indaial: Uniasselvi, 2020.

As atividades notariais e registrais precisam ter como princípio da


moralidade em seu âmago, pois se pautam pelo bom trabalho administrativo e
de forma ética, devendo ser referência à sociedade por meio da boa-fé.

30
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

FIGURA 4 – ÉTICA E MORAL

FONTE: <https://omeioeosi.files.wordpress.com/2014/08/religiao-moral-etica.jpg>.
Acesso em: 5 out. 2020.

O Art. 31, Inciso II, da Lei nᵒ 8.935/1994, dispõe que configura um ato de
infração a conduta atentatória às instituições notariais e de registro.

CAPÍTULO VI
Das Infrações Disciplinares e das Penalidades
Art. 31. São infrações disciplinares que sujeitam os notários e os oficiais
de registro às penalidades previstas nesta lei:
[...]
II- a conduta atentatória às instituições notariais e de registro.

A moralidade da instituição notarial e de registro é primordial para a


manutenção da qualidade dos serviços prestados à sociedade como um todo.

2.1.4 Princípio da publicidade


O princípio da publicidade é uma das bases do Direito Público brasileiro,
por isso, deve ser seguido por todas as instituições da administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

Conforme apresentado por Salgado (2017, s.p.):

O princípio da publicidade é uma das chaves do Direito Público


brasileiro e se relaciona com os princípios estruturantes do Estado,
em especial com o princípio republicano. A publicidade configura
uma dimensão da cidadania, pois permite o controle social do
Poder Público pelos cidadãos. Apesar da possibilidade de extrair da
Constituição uma conformação ambiciosa do princípio da publicidade,
a prática brasileira está longe de preencher as suas exigências, com
ofensa cotidiana também aos demais princípios constitucionais. Uma
verdadeira República, informada pelo interesse público e com agentes
públicos que mereçam tal denominação, deve ser absolutamente

31
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

transparente e controlável; ademais, sem controle e sem participação


não há democracia, outro princípio constitucional estruturante. Duas
derivações específicas do princípio da publicidade merecem atenção:
o direito de acesso à informação e sua potencialidade transformadora
e o (mau) uso da publicidade.

Assim, podemos ver que o princípio da publicidade é fundamental para


a observância e lisura dos trabalhos executados pelos profissionais notariais e
de registro.

DICAS

Prezado acadêmico, o termo Publicidade é bastante comum na sociedade


moderna.

Publicidade significa, genericamente, divulgar, tornar público um fato ou uma


ideia. A palavra publicidade deriva do latim “publicus”, "público" em português.

Publicidade é uma técnica de comunicação em massa, cuja finalidade precípua


é fornecer informações sobre produtos ou serviços com fins comerciais. É, sobretudo,
um grande meio de comunicação com a massa, com o propósito de condicioná-la para
o ato da compra.

FONTE: <www.significados.com.br/publicidade/>. Acesso em: 6 out. 2020.

Então, na visão da sociedade em geral, publicidade significa divulgar,


propagar, propaganda, mas, em direito, a palavra “publicidade” está
relacionada ao direito administrativo e associada ao princípio da publicidade
na Constituição Federal que vem do dever de divulgação de forma oficial dos
atos administrativos, pois os indivíduos devem ter o livre acesso às informações
de seu interesse e, principalmente, ter transparência nas atividades executadas
pela administração pública, e isto é, novamente, muito importante para os
serviços notariais e de registro.

32
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

FIGURA 5 – PUBLICIDADE LEGAL

FONTE: Adaptada de <https://dsipublicacoes.com.br/wp-content/uploads/2017/03/publicidade-


legal-e1489762419732-768x723.jpg>. Acesso em: 7 out. 2020.

Conforme Mazza (2013), a publicidade dos atos administrativos tem como


foco exteriorizar os atos da Administração Pública, divulgando seu conteúdo para
conhecimento público; tornando o conteúdo do ato aberto para desencadear a
produção de efeitos do ato administrativo; e permitindo o controle de legalidade
do comportamento.

Mazza (2013, p. 90) descreve sobre a publicidade:

É possível concluir que o princípio da publicidade engloba dois


subprincípios do Direito Administrativo:
a) princípio da transparência: abriga o dever de prestar informações
de interesse dos cidadãos e de não praticar condutas sigilosas;
b) princípio da divulgação oficial: exige a publicação do conteúdo dos
atos praticados atentando-se para o meio de publicidade definido
pelo ordenamento ou consagrado pela prática administrativa.

O princípio da publicidade dos atos notariais e registrais, conforme Zonta


(2014, s.p.):

É uma garantia fundamental do cidadão, em face ao regime


democrático do Estado de Direito adotado pela Constituição vigente,
que tem por objetivo dar amplo conhecimento de toda a sociedade
dos escritos e registros públicos, de modo a satisfazer a necessidade
popular de verificação pública dos atos e negócios jurídicos celebrados
ou registrados no Serviço, pois “todos tem direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral” – Art. 5ᵒ, Inciso XXXIII, CF.

Veremos o princípio da publicidade sendo uma das referências na CF, a


qual nos dá uma segurança legal e de transparência nas ações.

33
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

2.1.5 Princípio da eficiência


O último princípio citado no Art. 37 da CF é o da eficiência, princípio
foco da ação dos governos devido a diversas reclamações com relação aos órgãos
públicos, mas que, no que diz respeito aos serviços notariais e de registro, apesar
de ocorrerem em algumas situações, são mais raros, pois além das fiscalizações
a que estão sujeitos, temos que lembrar que são concessões que podem ser
retiradas e por isso eles têm trabalhado dentro de condições satisfatórias para os
seus usuários.

DICAS

Prezado acadêmico, queremos deixar uma dica bem legal para você pesquisar
constantemente o tema notarial, registros e cartório, que é o site da Associação dos Notários
e Registradores do Brasil (Anoreg-BR): https://www.anoreg.org.br/site/.

Veja o que escreveram sobre os cartórios. Vamos à leitura:

Confiança dos brasileiros nos cartórios é destaque em pesquisa do Datafolha


Publicado em: 22/3/2016

Correio Braziliense

O Instituto Datafolha realizou, no final de 2015, pesquisa junto aos usuários de


cartórios de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte. Os entrevistados
elegeram os cartórios como a instituição mais confiável do país, dentre todas as instituições
públicas e privadas.

A pesquisa apontou o nível de satisfação dos usuários com as atividades


extrajudiciais. Na avaliação da confiança nas instituições públicas, com notas de 0 a 10,
os cartórios conquistaram a primeira posição, com média 7,6, à frente, por exemplo, dos
Correios. Já na comparação dos cartórios com todos os demais serviços públicos, 77% dos
usuários consideraram os cartórios ótimos ou bons. A pesquisa ainda apurou que 74% dos
usuários são contra alterações no sistema atual.

Ao lado desta credibilidade e qualidade, chama a atenção o resultado do relatório


Doing Business, produzido pelo Banco Mundial, segundo o qual o custo de transmissão de
imóveis no Brasil (gastos com escritura pública, registro e imposto Municipal) é menor do
que o praticado nos países ricos e o da média da América Latina: 3,5% Brasil (SP), 4,2% Países
Ricos e 6,1% América Latina.

Segundo o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil


(ANOREG BR), Rogério Portugal Bacellar, a avaliação positiva é reflexo do esforço da
categoria para aprimorar o sistema extrajudicial e do perfil constitucional que ela ostenta,
que compreende a gestão privada, a responsabilidade pessoal dos titulares e a fiscalização
do Poder Judiciário. “Nos dedicamos constantemente ao aperfeiçoamento do sistema,
investindo em gestão, capacitação e tecnologia a fim de proporcionarmos ao cidadão
segurança jurídica e acesso fácil, rápido e seguro às informações e às nossas atividades”,
ressalta Bacellar.

34
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

FIGURA – NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS COM AS ATIVIDADES EXTRAJUDICIAIS

FONTE: <http://www.arpenrio.com.br/arquivos_ckfinder/images/7366b8a8-c398-4f43-
baac-c48480d86329.jpg>. Acesso em: 7 jan. 2020.

Conforme apresentado por Mazza (2013, p. 93), o “princípio da eficiência foi


um dos pilares da Reforma Administrativa que procurou implementar o modelo
de administração pública gerencial voltada para um controle de resultados”.

O autor ainda complementa afirmando:

Economicidade, redução de desperdícios a qualidade, rapidez,


produtividade e rendimento funcional são valores encarecidos pelo
princípio da eficiência. É impossível deixar de relacionar o princípio da
eficiência com uma lógica da iniciativa privada de como administrar.
O Estado não é uma empresa; nem sua missão, buscar o lucro. Por isso,
o princípio da eficiência a não pode ser analisado senão em conjunto
com os demais princípios do Direito Administrativo. A eficiência
não pode ser usada como pretexto para a Administração Pública
descumprir a lei. Assim, o conteúdo jurídico do princípio da eficiência
consiste em obrigar a Administração a buscar os melhores resultados
por meio da aplicação da lei (MAZZA, 2013, p. 93-94)

Da mesma forma que as instituições públicas, os serviços notariais e de


registro também devem buscar a eficiência em seus ofícios sob risco de penalidades
legais pelos órgãos fiscalizadores, mas sempre lembrando que o maior fiscalizador
é a sociedade que demonstra a sua satisfação ou não aos serviços prestados.

Souza (2009, s.p.) descreve que esse princípio norteia que “os agentes
públicos devem agir de forma eficiente em suas atividades, ou seja, o princípio
da eficiência tem a finalidade de aperfeiçoar os serviços e as atividades prestadas
pela Administração Pública, de modo a otimizar os resultados e atender o melhor
interesse público”, reforçando o que expusemos anteriormente.

35
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Conforme Vladimir da Rocha França (2000, p. 168 apud Souza 2009,


s.p.), "o princípio da eficiência administrativa estabelece o seguinte: toda
ação administrava deve ser orientada para concretização material e efetiva da
finalidade posta pela lei, segundo os cânones jurídico-administrativos".

Assim, temos no Art. 4ᵒ da Lei nᵒ 8.935/1994: “Art. 4ᵒ Os serviços notariais


e de registro serão prestados, de modo eficiente e adequado, em dias e horários
estabelecidos pelo juízo competente, atendidas as peculiaridades locais, em local
de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento de livros
e documentos”.

Deste modo, este princípio em seu âmago busca impor que a eficiência por
parte dos notários e registradores não seja apenas uma formalidade legal, mas que
também aja a subsidiar os administrados quando afirma em seu texto que sejam
“atendidas as peculiaridades locais, em local de fácil acesso ao público e que ofereça
segurança para o arquivamento de livros e documentos” (BRASIL, 1994).

O princípio da eficiência é fundamental na gestão do notariado e dos


cartórios no momento atual da sociedade da informação.

Os princípios estudados até o presente momento estão relacionados à


administração pública e, consequentemente, ao serviço de notariado e registro.
Agora, estudaremos os princípios específicos da profissão.

2.2 PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL


Atividade notarial, conforme Loureiro (2020), diz respeito à atuação do
notário que conforme apresentado na legislação busca garantir a publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos de forma preventiva,
minimizando e desobstruindo o Judiciário do acúmulo de processos.

Conforme Antunes (2005, s.p.), “para um melhor entendimento da função


notarial deve-se discorrer sobre seus caracteres, abarcando seu caráter jurídico,
cautelar, imparcial, público, técnico e rogatório”.

Já a atividade registral, conforme Antunes (2005, s.p.), “tem por finalidade


constituir ou declarar o direito real, através da inscrição do título respectivo,
dotando as relações jurídicas de segurança, dando publicidade registral erga
omnes (ou seja, a todos indistintamente), até prova em contrário”.

36
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado acadêmico, aprofundaremo-nos mais sobre as atividades notariais e


registral no próximo tópico.

Assim, nós temos os seguintes princípios notariais.

2.2.1 Princípio da Fé Pública


A Fé Pública é um dos principais princípios, tanto aos notariais quanto dos
profissionais de registro, pois como descrito na Lei nᵒ 8.935/1994, em seu Art. 3ᵒ:
“Art. 3ᵒ Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais
do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade
notarial e de registro”.

Temos claramente definido nesse artigo que o notário, ou tabelião, e


oficial de registro, ou registrador, são agentes delegados por prática de um ato
do estado sendo, por consequência, revestido de fé pública para os seus atos.
Isso ocorre, conforme Loureiro (2020), devido à presunção de legitimidade que
reside na execução dos atos do Estado, demonstrando, assim, presunção de forte
veracidade nestes entes.

Existe todo um procedimento de concessão e ritos técnicos para delegar


um notarial e, por isso, temos a presunção de fé pública deste profissional.

Conforme explicitado por Barra (2019, p. 2):

Os agentes públicos, ao praticar atos públicos, possuem a prerrogativa


da fé pública, pois o fazem sobre o manto dos princípios e leis que
regem a administração pública, dentre os quais os Princípios da
Supremacia do Interesse Público sobre o Privado, Imparcialidade,
Neutralidade, Impessoalidade, Legalidade, Moralidade e Segurança
Jurídica. Observem que a prerrogativa da fé pública deve ser exercida
de forma responsável e vinculada a estrita legalidade, pois caso seja
acometida de falha, desvio ou vício, existem previsões normativas
de responsabilização civil (Art. 37, §6ᵒ, da Constituição Federal),
penal (crimes praticados por agentes públicos no exercício da função
pública) e administrativa (processo administrativo disciplinar) do
agente público desidioso.

37
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Sander (2005, s.p.) descreve que:

A fé pública atribuída aos notários se dá em decorrência de um


mandamento legal, em cumprimento de algumas e sérias formalidades,
bem como de especificidades naturais que regram o acolhimento do
indivíduo como representante formal desse Estado para determinado
labor, assim como o Estado recebeu de seu povo, mas restrita a garantir
e certificar uma segurança nas relações sociais (atos jurídicos), que
todos desejam como princípio de justeza e certeza daquilo quanto ao
efetivamente ajustado, escriturado e trasladado.
A fé pública individualizada na figura do notário é uma das mais
amplas já conhecidas, pois ao detentor dessa atribuição, cabe a
expressão da verdade, ou seja, vige a crença popular de ser correto e
autêntico em tudo aquilo que dita e escreve, salvo incontestável prova
em contrário, já que a sociedade não pode ser traída em nenhuma
hipótese. Não há eleição de absolutismo nas suas ações. Permanece
adstrito às investigações sociais, admite-se a possibilidade de erros
ou lapsos. Contudo, a crença nesses atos do notário constitui-se no
primeiro grau de hierarquia do saber e do conhecer social. Assim, ele
é depositário da fé pública.

FIGURA 6 – FÉ PÚBLICA DO NOTÁRIO

FONTE: <https://e-dou.com.br/wp-content/uploads/2019/06/o-que-e-publicidade-legal-e-
como-escolher-uma-boa-agencia-para-faze-la-678x381.jpg>. Acesso em: 7 out. 2020.

A fé pública é fundamental aos serviços de notariado e registral, para se


manter a ordem jurídica de seus atos, por isso temos a delegação e preparação
dos profissionais da área, assim como fiscalização para a sua manutenção.

38
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

2.2.2 Princípio da autoria e responsabilidade


Novamente, a legislação é cabal ao dar a autoria e a responsabilidade
ao notário por ele ser o autor e responsável pelo documento de valor judicial
firmado entre as partes, uma vez que este contém declarações dele e das partes
firmando a verdade.

Loureiro (2020) descreve que o princípio da autoria supõe que o notário


colaborará de forma técnico-jurídica com os particulares em sua demanda com
a obrigação de assessorar e aconselhar juridicamente, mostrando as formas mais
adequados para lograr de forma lícita a demanda existente, pois é sua função
garantir a publicidade, conferir autenticidade e gerar segurança e eficácia aos
atos jurídicos realizados.

O princípio da responsabilidade está associado à questão legal, conforme


descrito no Art. 22, da Lei nᵒ 8.935/1994. Sander (2005, s.p.) descreve:

A consequência da violação desses deveres é a responsabilização


civil do notário, por danos e prejuízos causados por atuação em
que exista dolo, culpa ou ignorância. A ignorância, aqui, trata-se de
desconhecimento dos preceitos legais necessários à elaboração do
instrumento notarial.
Logo, o ato notarial, quando praticado irregularmente pode acarretar
dano a alguém. Essa irregularidade pode ser do próprio titular da
serventia ou de um de seus prepostos.
A responsabilidade por esse dano, desde que resulte de ato próprio
da serventia, independentemente de praticado pelo titular ou por
qualquer um de seus prepostos, acarreta na responsabilização
exclusiva do notário. Tal responsabilização advém do disposto no Art.
22, da Lei nᵒ 8.935/1994.

A autoria e a responsabilidade do notário e também do profissional de


registro andam juntos com a responsabilidade que a profissão traz, principalmente
em atos de má fé, os quais podem prejudicar a terceiros, por isso a importância
do processo de delegação e da fiscalização.

2.2.3 Princípio da legalidade


O notário é um profissional que deve buscar o ordenamento jurídico
entre as partes, adequando as suas vontades e, principalmente, controlando a
legalidade do negócio. O juízo da legalidade faz com que o notário tenha o dever
expresso de examinar os requisitos legais nos atos que venha a intervir e, em
última instância, deve negar a autorização quando identificado que haja defeitos
ou faltas em relação aos requisitos legais impostos pela lei.

39
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Sander (2005, s.p.) afirma ainda que o notário “não é apenas, e tão somente,
um documentador que dá forma ao negócio jurídico, mas também um intérprete
que tem o dever de saber o que é que as partes desejam, adequando a vontade em
função da finalidade perseguida” e as ajustando para o ordenamento legal.

Todo ato notarial deve estar revestido da legalidade para que ele não
perca a fé pública e por consequência traga resultados de dúvidas em seus atos.

2.2.4 Princípio da imparcialidade e independência


O notário não pode agir de forma a exercer interesse de uma das partes,
podendo gerar questões de responsabilidade legal, devendo sempre esclarecer
a melhor forma de negócio para ambas as partes deixando sempre o direito de
opção, mostrando sempre a sua imparcialidade.

Sander (2005, s.p.) descreve:

Este princípio trata do dever de assessorar ambas as partes e refletir a


vontade delas. Essa garantia vem assegurar os princípios de rogação
e da liberdade de eleição, sem dependência hierárquica na prestação
de sua função. A posição de imparcialidade do notário, ante um
eventual conflito entre as partes, é que será um terceiro estranho na
relação negocial, em quem as partes podem confiar, permitindo uma
segurança quanto ao equilíbrio e garantia.

Esse princípio também está relacionado juridicamente ao princípio


da legalidade, tanto de forma objetiva como subjetiva. Sander (2005, s.p.)
complementa que, quando o notário “submete-se a vontade exclusiva de uma
das partes, em detrimento das demais, estará ele ofendendo o mais sublime de
seus princípios, o qual gera segurança social, razão de sua existência”.

A imparcialidade e independência de seus atos traz segurança


jurídica aos atos do notário, assim como mostra uma lisura em todo o seu
comportamento a sociedade.

2.2.5 Princípio da autenticidade


Um ponto importante para os notariados, de uma forma em geral, está
em gerar e reconhecer a autenticidade dos documentos de uma forma em geral.

Conforme Zonta (2014, s.p.):

40
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

O princípio da autenticidade entende-se como certeza de sua autoria,


tem por objetivo afirmar que o documento que tenha a intervenção
notarial ou registral, é verdadeiro, em decorrência da sua fé pública.
A autenticidade serve para afirmar que sobre este documento paira
a presunção relativa de regularidade e veracidade, que tem por
finalidade criar, extinguir ou modificar um ato ou negócio jurídico, e
por consequência está apto para produzir efeitos.

Assim, o princípio da autenticação tem como significado jurídico de


confirmação dada pela autoridade da qual o notário é investido, demonstrando
a existência e circunstâncias que caracterizam a realidade do fato, enquanto um
acontecimento o qual é juridicamente relevante e verdadeiro.

2.2.6 Da finalidade dos serviços


O Art. 1ᵒ da Lei nᵒ 8.935/1994 deixa claro que os serviços notariais e de
registro têm por finalidade garantir a publicidade, autenticidade, segurança
e eficácia dos atos jurídicos. Temos aqui o princípio da finalidade dos serviços
notariais e de serviços bem claros e, assim, os serviços notariais e registrais
buscam garantir a segurança jurídica de certos atos definidos por lei.

2.2.7 Princípio da Conservação


O princípio da conservação esclarece que os notários e os registradores
devem zelar e conservar os livros e documentos que estão em seu poder.

Conforme Sander (2005, s.p.):

Os notários devem conservar todos os documentos, livros e papéis


que lhe foram confiados, constituindo, dessa forma um sistema seguro
frente às perdas e deteriorações. Tem-se aí, que muitas doutrinas nos
chamam de depositários de instrumentos públicos, como características
da função notarial o que também deriva da função certificante. Não é
só isso, eles são também depositários públicos, de documentos a eles
confiados. O Estado, no ato de delegação, atribui ao notário o dever de
conservar tudo aquilo que lhe é confiado como de documento.
O notário não é dono dos livros e papéis, os quais estejam sob sua
guarda, mas apenas depositário. Esses livros e papéis são do Estado.
Deve o notário conservá-los, como se fosse o próprio Estado, sob pena
de responsabilidade. A conservação deverá ser feita de forma que
impeça sua destruição. A defesa exercida pelo notário, quanto aos
documentos por ele conservados, deve ser interpretada como defesa
do próprio Estado, pois a segurança dos negócios jurídicos imposta
pelo Estado está em suas mãos.

A conservação dos livros e documentos servem de segurança jurídica à


sociedade e é primaz para o governo, que delegou esta função a um terceiro, que
atua em seu nome, gerando legalidade jurídica aos seus atos como instituído pelo
estado e pela lei.

41
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

3 OS PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE REGISTRAL


Todos os princípios apresentados para os notariais também se vinculam
às atividades dos profissionais registrais, mas existem alguns que são mais
específicos, como os que apresentaremos a seguir. Existem ainda alguns princípios
que são compartilhados e que faremos menção. Vamos conhecer os princípios
que ajudam a definir a atividade registral.

3.1 PRINCÍPIO DA ROGAÇÃO OU DA INSTÂNCIA


O princípio da rogação, também chamado de princípio da instância,
consiste em uma regra do direito registral, a qual define que todo procedimento
de registros públicos somente pode ser iniciado a pedido do interessado, e assim
os registradores não podem agir de ofício.

Este princípio também serve de referência ao notário, assim como ao


profissional de registro, pregando que eles não podem agir por vontade própria.
A exceção é clara quando a lei assim permitir.

A rogação está vinculada ao que já mencionamos anteriormente, que o


notarial e o profissional de registro devem trabalhar conforme os ditames da lei.

Assim, temos no Art. 13 da Lei nᵒ 6.015/1973: “Art. 13. Salvo as anotações


e as averbações obrigatórias, os atos do registro serão praticados: I - por ordem
judicial; II - a requerimento verbal ou escrito dos interessados; III - a requerimento
do Ministério Público, quando a lei autorizar”.

Temos ainda na referida lei as exceções ao princípio da rogação nos Arts.


167 e 213, conforme expressado:

Art. 167. No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos: [...] 13)
“ex officio”, dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público.
Art. 213. O oficial retificará o registro ou a averbação:
I- de ofício ou a requerimento do interessado nos casos de:
a) omissão ou erro cometido na transposição de qualquer elemento
do título;
b) indicação ou atualização de confrontação;
c) alteração de denominação de logradouro público, comprovada por
documento oficial;
d) retificação que vise a indicação de rumos, ângulos de deflexão
ou inserção de coordenadas georreferenciadas, em que não haja
alteração das medidas perimetrais;
e) alteração ou inserção que resulte de mero cálculo matemático feito
a partir das medidas perimetrais constantes do registro;
f) reprodução de descrição de linha divisória de imóvel confrontante
que já tenha sido objeto de retificação;
g) inserção ou modificação dos dados de qualificação pessoal
das partes, comprovada por documentos oficiais, ou mediante
despacho judicial quando houver necessidade de produção de
outras provas (BRASIL, 1973).

42
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

3.2 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE


O princípio da continuidade é um dos alicerces da segurança proposta
pelo Sistema Registral brasileiro, pois ele garante a segurança dos registros
imobiliários, devendo cada registro se balizar no registro anterior, formando um
encadeamento histórico de titularidade do imóvel, podendo-se, assim, rastrear
todo o histórico de posse e de mudanças ou benfeitorias.

O princípio da continuidade preconiza a ausência de interrupção na


sequência de titularidades e do encadeamento contínuo entre os registros
do imóvel.

Desse modo, cada novo registro deve estar embasado no registro anterior
e assim sucessivamente, formando uma cadeia histórica de registro ininterrupta
das titularidades do imóvel.

O princípio da continuidade também é primordial ao direito registral


imobiliário, ele está referenciado no Art. 195, da Lei n° 6.015/1973: “Art. 195. Se o
imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outorgante, o oficial
exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, qualquer que seja a sua
natureza, para manter a continuidade do registro”.

A cadeia de registros e titularidades do imóvel dentro da legalidade é


que permitem o princípio da continuidade e segurança judicial do ato executado
pelo cartório.

3.3 PRINCÍPIO DA PRIORIDADE


O princípio da prioridade, conforme Antunes (2005), remete-nos que o
registrador deve observar de forma rigorosa os documentos apresentados e dar
prioridade a ordem cronológica de apresentação dos títulos sendo que o número
do protocolo é que definirá a prioridade do título e a preferência do direito real.

Temos novamente a Lei n° 6.015/1973, em seu Art. 182, que descreve sobre
este princípio: “Art. 182 - Todos os títulos tomarão, no Protocolo, o número de
ordem que lhes competir em razão da sequência rigorosa de sua apresentação”.

43
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Antunes (2005, s.p.) descreve ainda que:

Havendo títulos com direitos reais contraditórios, será registrado o que


primeiro for apresentado, ocorrendo a preferência excludente, pois
o segundo título será recusado por ser incompatível com o primeiro.
Se, porém, os títulos forem compatíveis e de mesma natureza ou de
natureza diversa, apresentará superioridade o que tiver sido registrado
em primeiro lugar.

Assim, tem superioridade o documento que tiver sido registrado primeiro,


salvaguardando todos os quesitos legais.

3.4 PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO


A inscrição é um ato obrigatório para a validade legal de todo ato de
registro de imóveis. O princípio de inscrição significa que:

A constituição, transmissão, modificação ou extinção dos direitos


reais sobre imóveis só se operam entre vivos, mediante sua inscrição
no registro. Ainda que uma transmissão ou oneração de imóveis
haja sido estipulada negocialmente entre particulares, na verdade só
se consumará para produzir o deslocamento da propriedade ou de
direito real do transferente ao adquirente pela inscrição (CARVALHO,
2001 apud ANTUNES, 2005, s.p.).

A mudança de qualquer ato jurídico no mundo real se faz nascer somente


com a sua inscrição e, por meio dela, exterioriza-se esse ato a coletividade por
exigir a observância geral.

Para Carvalho (2001, p. 137):

O princípio da inscrição justifica-se facilmente pela necessidade de dar


a conhecer à coletividade a existência dos direitos reais sobre imóveis,
uma vez que ela tem de respeitá-los. Quando duas pessoas ajustam
uma relação real imobiliária, esta transpõe o limite dual das partes e
atinge a coletividade por exigir a observância geral. Daí o apelo a um
meio que, ao mesmo tempo, a traduza e a torne conhecida do público.

Conforme Angelis Neto e Rodrigues (2018, s.p.):

A inscrição é sempre obrigatória, quer se trate da constitutiva (aquela


que aufere direito real), quer da declarativa (aquela que divulga
direitos auferidos antes dela); mas não é saneadora, conforme já vimos
anteriormente. Pode ela ser promovida por qualquer dos interessados,
já que a lei alude a “qualquer pessoa”. Algumas devem ter como
fundamento título bilateral, isto é, em acordo de vontades que cria o
jus ad rem (escritura), outras em título unilateral, oriundo de apenas
uma das partes, daquela a quem a inscrição beneficia, prescindindo-se
assim do consentimento da outra (cancelamento).

A inscrição registral nos cartórios é o início da validade jurídica de um ato.

44
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

3.5 PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE OU DA UNITARIEDADE


DA MATRÍCULA
O princípio da especialidade, conforme Angelis Neto e Rodrigues (2018,
s.p.) significa que “tanto o objeto do negócio (o imóvel) como os contratantes
devem estar perfeitamente determinados, identificados e particularizados, para
que o registro reflita com exatidão o fato jurídico que o originou”.

Assim, temos com relação ao princípio da especialidade para um imóvel,


o Art. 176, Parágrafo 1ᵒ, II, da Lei nᵒ 6.015/1973, também conhecida como Lei de
Registros Públicos ou LRP:

Art. 176. O Livro nᵒ 2 – Registro Geral – será destinado, à matrícula


dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no Art.
167 e não atribuídos ao Livro nᵒ 3. (Renumerado do Art. 173 com nova
redação pela Lei nᵒ 6.216, de 1975).
§ 1ᵒ A escrituração do Livro nᵒ 2 obedecerá às seguintes
normas:(Renumerado do parágrafo único, pela Lei nᵒ 6.688, de 1979)
I- cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do
primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei;
II- são requisitos da matrícula:
1) o número de ordem, que seguirá ao infinito;
2) a data;
3) a identificação do imóvel, que será feita com indicação: (Redação
dada pela Lei nᵒ 10.267, de 2001)
a- se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do CCIR, da
denominação e de suas características, confrontações, localização e
área;(Incluída pela Lei nᵒ 10.267, de 2001)
b- se urbano, de suas características e confrontações, localização, área,
logradouro, número e de sua designação cadastral, se houver.
(Incluída pela Lei nᵒ 10.267, de 2001).

Como você pôde ver, a LRP detalha na especificidade/especialidade do


registro do imóvel, apontando como requisitos para a sua matrícula a sua identificação
completa através de indicação de suas características e confrontações, localização,
área e denominação, se rural, logradouro, e número, se urbano, e sua designação
cadastral, se houver. Tudo para que não ocorram enganos e dúvidas sobre eles.

3.6 PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE


Quando falamos do princípio da disponibilidade estamos também
associando à titularidade real do imóvel e, portanto, também associando ao
princípio da continuidade, pois, para que alguém disponha de um imóvel, é
preciso que ele esteja registrado em seu nome.

O princípio da disponibilidade está conjugado ao direito de propriedade,


que conforme o Art. 1.228 do Novo Código Civil brasileiro, o proprietário tem
o direito de usar e dispor de determinado bem conforme as suas necessidades,
desde que de forma legal.

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UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

3.7 PRINCÍPIO DA QUALIFICAÇÃO, DA LEGALIDADE OU


DA LEGITIMIDADE
O princípio da qualificação, legalidade ou legitimidade, destaca que o
registrador antes de proceder qualquer trabalho registral, deverá examinar o
título apresentado de forma meticulosa, verificando quanto à forma, à validade e
à conformidade com a lei.

Conforme descrito por Galiani (1995 apud ANTUNES 2005, p. 2):

Ao receber o título para registro, antes mesmo de examiná-lo sob à


luz dos princípios da disponibilidade, especialidade e continuidade,
mister que o analise, primeiramente, sob o aspecto legal, e isto deverá
ser feito tomando-se em conta:
a) se o imóvel objeto da relação jurídica que lhe é apresentado está
situado em sua circunscrição imobiliária;
b) se o título que lhe é apresentado se reveste das formalidades legais
exigidas por lei;
c) se os impostos devidos foram recolhidos;
d) se as partes constantes do título estão devidamente qualificadas e
representadas quando necessário, como no caso de pessoa jurídica
ou dos relativamente ou absolutamente incapazes.
Na verificação da legalidade dos títulos que lhe são apresentados, não
poderá o Oficial ir além dos limites estabelecidos em lei, em razão
da função pública que exerce. Deverá analisar somente os aspectos
formais do título.

O princípio da qualificação é o primeiro ato do registrador e tem notória


importância na continuidade de seu labor profissional, principalmente com
relação às questões jurídicas da legalidade de seus atos.

46
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

DICAS

Prezado acadêmico, queremos deixar mais algumas dicas de artigos para a


leitura e que estão à disposição na internet, são elas:

ANGELIS NETO, P. de A.; RODRIGUES, R. F. Princípios do direito registral imobiliário


brasileiro: uma abordagem sistêmica do registro imobiliário no Brasil. 2018. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/70548/princípios-do-direito-registral-imobiliario-brasileiro.

ANTUNES, L. R. Introdução ao direito notarial e registral. 2005. Disponível em: https://jus.


com.br/artigos/6765/introducao-ao-direito-notarial-e-registral.

BARRA, K. B. Fé pública no estado democrático de direito e inconstitucionalidade


da medida provisória nᵒ 876/2019 (delegação da fé pública notarial à advogados e
contadores). 2019. Disponível em: https://www.anoreg.org.br/site/wp-content/uploads/2019
/05/FE%CC%81-PU%CC%81BLICA-NO-ESTADO-DEMOCRA%CC%81TICO-DE-DIREITO-1.pdf.

PIUVEZAM, D. Princípios do direito registral e a segurança jurídica. 2015. Disponível em:


https://piuvezam.jusbrasil.com.br/artigos/235072628/princípios-do-direito-registral-e-a-
seguranca-juridica.

SALGADO, E. D. Princípio da publicidade. Enciclopédia jurídica da PUC-SP, São Paulo, 1ᵒ abr.


2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/37/edicao-1/principio-
da-publicidade. Acesso em: 7 jan. 2021.

SANDER, T. Princípios norteadores da função notarial. Boletim Jurídico, 4 jul. 2005.


Disponível em: https://www.boletimjuridico.com.br/artigos/direito-notarial-e-registral/665/
principios-norteadores-funcao-notarial. Acesso em: 7 out. 2020.

SOUZA, K. M. M. M. Princípios: uma abordagem à luz do direito registral brasileiro. Revista


CEPPG, Catalão, Ano 11, n. 20, 2009. Disponível em: http://www.portalcatalao.com/painel_
clientes/cesuc/painel/arquivos/upload/temp/95fd22b99dbb4b8ee75dc2b39db68b78.pdf.

RAMOS, A. Princípio da impessoalidade, referido na Constituição Federal de 1988 no


artigo 37. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/28557/princípio-da-impessoalidade-
referido-na-constituicao-federal-de-1988-no-artigo-37.

ZONTA, F. Dos princípios de regência dos serviços notariais e de registro. 2014.


Disponível em: https://www.tabelionatofischer.not.br/noticias/area-notarial/dos-principios-
de-regencia-dos-servicos-notariais-e-de-registro-fabio-zonta-2.

Os princípios são a base do trabalho do notarial e do profissional de


registro, por isso é tão importante para você, acadêmico, conhecê-los e ter como
basilares de sua práxis.

47
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

PRINCÍPIOS DO DIREITO REGISTRAL

Os princípios gerais da Administração Pública, prevista no Art. 37 do


CF. Aplicando-se tais princípios ao sistema registral, podemos concluir que
a Legalidade impõe ao registrador a obrigação de seguir as formalidades
exigidas por lei. Dessa forma, o oficial de registro e seus prepostos somente
podem realizar os atos registrais com estrita observância aos requisitos legais.

Legalidade do título ou qualificação registral, oportunidade em que o


documento apresentado para registro é examinado à luz da legislação vigente
e verifica-se sua aptidão formal.

Tem-se ainda o princípio da impessoalidade, decorrente do princípio


da igualdade, segundo o qual os serviços devem ser prestados a todos,
igualmente, sem discriminação. Portanto, os prazos registrais são os mesmos,
quem quer que seja o interessado no registro, assim como os requisitos legais
devem ser exigidos de todos indistintamente.

O princípio da moralidade aplicada aos registros públicos, pode-se


dizer que está relacionada à conduta condigna do registrador.

Da publicidade, como princípio, está relacionada à obrigação de


fornecer as informações solicitadas e as certidões requeridas pelos interessados.
Nesse sentido, no XIII Congresso Brasileiro de Direito Notarial foi aprovada
orientação nᵒ 3, nos seguintes termos: "Não obstante, a regra geral da
publicidade dos atos notariais, quanto às certidões de testamento ou atos que
envolvam direito de família, o notário fornecerá tais certidões somente para as
partes, seus advogados, ou para terceiros que possuam autorização judicial,
decorrente do direito à intimidade".

O princípio da eficiência pode ser verificado expressamente na Lei nᵒ


8.935/1994 quando estabelece no Art. 30, Inciso II, como dever de o registrador
atender às partes com eficiência, urbanidade e presteza.

A atividade registral possui princípios próprios que a regem. Tais


princípios podem ser facilmente identificados na Lei de Registros Públicos e
sua obediência refletirá diretamente na eficácia do registro.

Os dois princípios mais relevantes do ponto de vista estrutural do


segmento registral são os princípios da continuidade e da especialidade, os
quais devem ser analisados e ponderados derradeiramente para que o sistema
seja melhor compreendido em suas múltiplas interferências.

Os princípios, ademais, assumem especial relevo por atuarem


como vetores para toda a formação legislativa infraconstitucional, além de
direcionarem as interpretações normativas, conferindo o sentido sistêmico do
segmento em estudo.

48
TÓPICO 2 — PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL / REGISTRAL

O sistema registral, que é um subgrupo do sistema administrativo,


estrutura-se com base em seus princípios, que devem ser extraídos e colhidos
do próprio ordenamento, do próprio sistema registral.

Os principais compêndios que versam sobre o Direito Registral,


lamentavelmente muito escassos, assinalam a existência de sete princípios
estruturais ou internos típicos, que se acham consagrados e revelados pela
própria Lei de Registros Públicos, quais sejam:

1- Princípio da segurança jurídica.


2- Princípio da unitariedade.
3- Princípio da inscrição.
4- Princípio da legalidade.
5- Princípio da territorialidade.
6- Princípio da publicidade.
7- Princípio da rogação ou instância.
8- Princípio da legitimação registral.
9- Princípio da prioridade.
10- Princípio da continuidade.
11- Princípio da especialidade.
12- Princípio da parcelaridade ou cindibilidade do título.
13- Princípio do tempus regit actum.
14- Princípio da primazia da realidade ou da verdade.
15- Princípio da eficácia da vontade.
16- Princípio da presunção.
17- Princípio da concentração.
18- Princípio da fé pública registral.
19- Princípio da formalidade, autoria e responsabilidade.
20- Princípio da justiça preventiva.
21- Princípio da conservação.

FONTE: Adaptado de <https://rccim.com.br/direito-registral-e-notarial>. Acesso em: 8 out. 2020

49
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os princípios da atividade notarial e registral estão relacionados à vertente


constitucional e de ofício que está embasada nas leis brasileiras.

• No Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
(BRASIL, 1988).

• Os princípios no Art. 37 da Constituição Federal são chamados de princípios


expressos, pois estão claramente descritos e identificados

• Os princípios que não são elencados de forma descritiva na Constituição, são


denominados de princípios implícitos.

• Os princípios constitucionais expressos devem ser seguidos pelos cartórios


brasileiros sob risco de penalidades.

• O administrador público deve tratar todos forma igualitária.

• A impessoalidade remonta a questão de que todos são iguais perante a lei.

• A publicidade dos atos administrativos tem como foco divulgar seu conteúdo
para conhecimento público.

• Atividade notarial diz respeito à atuação do notário, que conforme apresentado


na legislação, busca garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia
dos atos jurídicos de forma preventiva, minimizando e desobstruindo o
Judiciário do acúmulo de processos.

• A atividade registral tem por finalidade constituir ou declarar o direito real


através da inscrição do título, dotando de segurança e publicidade registral.

• A fé pública é atribuída aos notários e se dá em decorrência de um


mandamento legal.

• A fé pública é fundamental aos serviços de notariado e registral para se manter


a ordem jurídica de seus atos.

• O notário é um profissional que deve buscar o ordenamento jurídico entre as


partes, adequando as suas vontades e, principalmente, controlando a legalidade
do negócio.

50
• O princípio da autenticidade entende-se como certeza de sua autoria, tem por
objetivo afirmar que o documento que tenha a intervenção notarial ou registral,
é verdadeiro, em decorrência da sua fé pública.

• O princípio da conservação esclarece que os notários e os registradores devem


zelar e conservar os livros e documentos que estão em seu poder.

• O princípio da rogação, também chamado princípio da instância, define que


todo procedimento de registros públicos somente pode ser iniciado a pedido
do interessado, e assim os registradores não podem agir de ofício.

• O princípio da continuidade é um dos alicerces da segurança proposta pelo


Sistema Registral brasileiro, devendo cada registro se balizar no registro
anterior, formando um encadeamento histórico de titularidade do imóvel.

• O princípio da prioridade deve observar de forma rigorosa a ordem


cronológica de apresentação dos títulos.

• O princípio da especialidade descreve que tanto o imóvel como os contratantes


devem estar perfeitamente determinados.

• O princípio da qualificação, legalidade ou legitimidade, define que antes de


proceder qualquer trabalho registral o registrador deverá examinar o título
apresentado de forma meticulosa verificando quanto à forma, validade e
conformidade com a lei.

51
AUTOATIVIDADE

1 O notário é um profissional que deve buscar o ordenamento jurídico entre


as partes, adequando as suas vontades e, principalmente, controlando a
legalidade do negócio. O juízo da legalidade faz com que o notário tenha
o dever expresso de examinar os requisitos legais nos atos que venha a
intervir e, em última instância, deve negar a autorização quando identificar
que há defeitos ou faltas com relação aos requisitos legais impostos pela
lei. Analisando as afirmativas expressas anteriormente, elas estão se
referenciando a qual Princípio?

a) ( ) Princípio da eficiência.
b) ( ) Princípio da legalidade.
c) ( ) Princípio da qualificação.
d) ( ) Princípio da especialidade.

2 As atividades do profissional notarial e de registro são embasadas em


diversos princípios, que são apresentados pela Constituição Federal e
outras leis específicas relacionadas ao notariado e ao profissional de
registros. Esses princípios são fundamentais para o cumprimento dessas
funções, principalmente para zelar o profissionalismo e lisura dela,
conforme instituído pelo Estado. Com relação aos princípios, associe os
itens, utilizando o código a seguir:

I- Princípio da eficiência.
II- Princípio de autoria.
III- Princípio da imparcialidade e independência.
IV- Princípio da autenticidade.

( ) Entende-se como certeza de sua autoria, tem por objetivo afirmar que o
documento que tenha a intervenção notarial ou registral, é verdadeiro,
em decorrência da sua fé pública.
( ) Economicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez,
produtividade e rendimento funcional são valores encarecidos pelo
princípio.
( ) Este princípio trata do dever de assessorar ambas as partes e refletir a
vontade delas. Essa garantia vem assegurar os princípios de rogação e da
liberdade de eleição, sem dependência hierárquica na prestação de sua
função.
( ) O notário colaborará de forma técnico-jurídica para com os particulares em
sua demanda com a obrigação de assessorar e aconselhar juridicamente,
mostrando as formas mais adequadas para lograr de forma lícita a
demanda existente, pois é sua função é garantir a publicidade, conferir
autenticidade e gerar segurança e eficácia aos atos jurídicos realizados..

52
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) III – II – I – IV.
b) ( ) II – I – III – IV.
c) ( ) IV – II – III – I.
d) ( ) IV – I – III – II.

3 O Art. 37 da Constituição trata sobre a administração pública direta e


indireta de qualquer um dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e estabelece que deverão obedecer a diversos
princípios expressados neste artigo. Quanto aos princípios presentes no
Art. 37 da CF, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Princípios de autoria, independência, moralidade, publicidade e autoria.


b) ( ) Princípios de rogação, impessoalidade, moralidade, publicidade e autoria.
c) ( ) Princípios de realidade, pessoalidade, ética, publicidade e eficiência.
d) ( ) Princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência.

53
54
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO

1 INTRODUÇÃO
Como já estudamos, a atividade notarial e registral é pública e exercida
de forma privada pelos notários e profissionais de registro, conhecidos também
como tabeliães, os quais são delegados pelo Poder Público, como institui o Art.
236 da Constituição Federal de 1988.

Os notários são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem


é delegado o exercício da atividade notarial e de registro, para exercerem suas
funções, devem ser aprovados em concurso público, conforme descrito no Art.
15ᵒ da Lei 8.935/1994, para somente então assumirem sua delegação.

FIGURA 7 – CARTÓRIO DE REGISTRO

FONTE: <https://bit.ly/3bh35rL>. Acesso em: 9 out. 2020.

Você já deve ter percebido que citamos continuamente duas leis que são
fundamentais para descrição do trabalho notarial: a Lei nᵒ 8.935/1994, que normatiza o
direito Notarial e Registral e a Lei nᵒ 6.015/1973, que formaliza as funções.

Agora, estudaremos a instituição do notariado e aprenderemos mais sobre


essa instituição tão importante para a sociedade e para o Estado.

55
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

É necessário compreender como os cartórios notariais e de registro


se organizam para o seu apoio jurídico, assim como sua contribuição na
desjudicialização do sistema e a sua importância com relação aos serviços
prestados na organização da vida social e econômica das pessoas. O serviço
Notarial e registral é essencial para a sociedade moderna.

2 CONCURSO, DELEGAÇÃO E INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO


Como já estudamos, a atividade notarial e registral é pública exercida
de forma privada pelos notários e profissionais de registro, são delegados pelo
Poder Público, como institui o Art. 236 da Constituição Federal de 1988.

Só relembrando, a Lei nᵒ 8.935/1994, em seu Art. 1ᵒ define o serviço


notarial e registral como sendo aquele prestado pelos notários e registradores no
âmbito administrativo, e sua finalidade é garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia aos atos jurídicos.

Assim, surgem as figuras do notário, o qual também é conhecido


popularmente como tabelião, enquanto o registrador também se intitula como
oficial de registro. Ambos são profissionais do Direito, que através da delegação
é concedida pelo Poder Público e agem em colaboração no exercício da atividade
notarial e registral.

O instituto da delegação pode ser entendido, conforme Ceneviva (2010, p.


58), sendo “um ato administrativo complexo, que compreende desde o concurso
público até a outorga, enquanto meio criado pelo direito para possibilitar a
habilitação do particular para a prática de atos cuja competência lhe é atribuída
por lei”.

A delegação, ainda conforme Ceneviva (2010), tem como características


principais a sua irrevogabilidade, seu caráter permanente válido desde o
momento da outorga e sua extensão a todos os atos jurídicos que integram a
sua competência.

Para que ocorra a delegação, é necessário que haja um concurso e ele seja
aprovado, conforme descrito na Lei nᵒ 8.935/1994:

56
TÓPICO 3 — A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO

TÍTULO II
Das Normas Comuns
CAPÍTULO I
Do Ingresso na Atividade Notarial e de Registro
Art. 14. A delegação para o exercício da atividade notarial e de registro
depende dos seguintes requisitos:
I- habilitação em concurso público de provas e títulos;
II- nacionalidade brasileira;
III- capacidade civil;
IV- quitação com as obrigações eleitorais e militares;
V- diploma de bacharel em direito;
VI- verificação de conduta condigna para o exercício da profissão.
Art. 15. Os concursos serão realizados pelo Poder Judiciário, com a
participação, em todas as suas fases, da Ordem dos Advogados do
Brasil, do Ministério Público, de um notário e de um registrador.
§ 1ᵒ O concurso será aberto com a publicação de edital, dele constando
os critérios de desempate.
§ 2ᵒ Ao concurso público poderão concorrer candidatos não bacharéis
em direito que tenham completado, até a data da primeira publicação
do edital do concurso de provas e títulos, dez anos de exercício em
serviço notarial ou de registro.
§ 3ᵒ (Vetado).
Art. 16. As vagas serão preenchidas alternadamente, duas terças
partes por concurso público de provas e títulos e uma terça parte por
meio de remoção, mediante concurso de títulos, não se permitindo que
qualquer serventia notarial ou de registro fique vaga, sem abertura de
concurso de provimento inicial ou de remoção, por mais de seis meses.
(Redação dada pela Lei nᵒ 10.506, de 9.7.2002)
Parágrafo único. Para estabelecer o critério do preenchimento, tomar-
se-á por base a data de vacância da titularidade ou, quando vagas na
mesma data, aquela da criação do serviço.
Art. 17. Ao concurso de remoção somente serão admitidos titulares
que exerçam a atividade por mais de dois anos.
Art. 18. A legislação estadual disporá sobre as normas e os critérios
para o concurso de remoção.
Parágrafo único. Aos que ingressaram por concurso, nos termos do
Art. 236 da Constituição Federal, ficam preservadas todas as remoções
reguladas por lei estadual ou do Distrito Federal, homologadas pelo
respectivo Tribunal de Justiça, que ocorreram no período anterior à
publicação desta Lei. (Incluído pela Lei nᵒ 13.489, de 2017)
Art. 19. Os candidatos serão declarados habilitados na rigorosa ordem
de classificação no concurso.

Os Arts. 14 a 19 descrevem claramente o processo de concurso para


preenchimento de vaga de Notarial e de registro, ficando claro que para participar
do concurso o mesmo deverá: “I - habilitação em concurso público de provas
e títulos; II - nacionalidade brasileira; III - capacidade civil; IV - quitação com
as obrigações eleitorais e militares; V - diploma de bacharel em direito; VI -
verificação de conduta condigna para o exercício da profissão” (BRASIL, 1994).

Além disso, deverá o candidato ainda possuir formação em direito ou ter


mais de dez anos comprovados em notariado ou registro.

57
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

Lembrando ainda que a Lei do Cartório ainda proclama o Art. 236 da


Constituição Federal, que já estudamos, principalmente o § 3ᵒ, mas que é
interessante lembrar:

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter


privado, por delegação do poder público.
§ 1ᵒ Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil
e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2ᵒ Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos
relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
§ 3ᵒ O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso
público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia
fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção,
por mais de seis meses (BRASIL, 1988).

Assim, temos claramente definido o processo de concurso para as vagas


de notário e registro, lembrando que todo o processo concursal é elaborado
pelo Poder Judiciário, com a participação, em todas as suas fases, da Ordem dos
Advogados do Brasil, do Ministério Público, de um notário e de um registrador.

FIGURA 8 – CONCURSOS E CNJ

FONTE: Adaptado de <https://www.anoreg.org.br/site/category/noticias/page/692/>.


Acesso em: 9 out. 2020.

A delegação e a instituição do notariado e registral é de grande importância


para a sociedade, apaziguando problemas históricos do Brasil, principalmente
com a Constituição de 1988 e leis complementares, ela balizou uma nova era
de postura ética dos profissionais, essencialmente por legalizar toda a ação dos
profissionais na área, mitigando a ação de pessoas que queriam agir de má-fé.

Temos ainda uma nova revolução ocorrendo no setor devido à questão da


era da informação e já vemos surgindo cartórios on-line e outras inovações para
facilitar o serviço dos cartórios e da sociedade.

58
TÓPICO 3 — A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado acadêmico, já citamos aqui sobre a Era da informação no notariado


e registros, que é um assunto bem interessante e do qual iremos nos aprofundar mais à
frente. Se já quiser ler algo sobre o tema, recomendamos o artigo O notário e o registrador
na era digital, de Frank Wendel Chossani, disponível no link: https://arpen-sp.jusbrasil.com.br/
noticias/139707927/artigo-o-notario-e-o-registrador-na-era-digital-frank-wendel-chossani.

3 TIPOS DE NOTARIADO ESPÉCIES. FINALIDADE. FUNÇÃO.


FÉ PÚBLICA
No Brasil, temos, conforme apresentado pelo Art. 5ᵒ na Lei dos Cartórios,
a Lei nᵒ 8.935/1994, os seguintes tipos de notariados e registros, ou seja, tipos de
cartórios extrajudiciais e tabelionatos:

I- tabeliães de notas;
II- tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
III- tabeliães de protesto de títulos;
IV- oficiais de registro de imóveis;
V- oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas
jurídicas;
VI- oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e
tutelas;
VII- oficiais de registro de distribuição.

Quando analisamos a legislação notarial, identificamos que os cartórios,


ou também conhecidos como serventias extrajudiciais, subdividem-se em dois
tipos, ou seja, os Cartórios de Registros e os Tabelionatos.

Assim, temos, no Brasil, três tipos de tabelionatos e quatro tipos de


cartórios, conforme expressado em lei. Vamos falar um pouco sobre eles.

a) Tabelionatos de Notas

Os Tabelionatos de Notas, também conhecidos como cartório de notas,


são responsáveis pela elaboração de atos dotados de fé pública, com segurança
jurídica, autenticidade, publicidade e eficácia em atos de cunho pessoais, assim
como de atos relacionados às questões patrimoniais dos cidadãos.

Os tabeliães, em sua delegação, recebem a função de oferecer apoio e


aconselhamento jurídico sempre de forma imparcial, verificar a legalidade do
ato, assim como sua validade e sua eficácia, tornando pública a manifestação da
vontade das partes e desta forma garantir o exercício de direitos.

59
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

DICAS

Prezado acadêmico, os tabelionatos de nota, com a promulgação da Lei nᵒ


11.441/2007, foram autorizados a lavrar escrituras de separação, divórcio e inventário, desde que
sejam executados de forma consensual, de modo a contribuir para desafogar e reduzir o número
de processos no Poder Judiciário, e assim processos que poderiam levar meses para serem
julgados no Judiciário, agora podem ser rapidamente resolvidos em um dia nos cartórios.

Os cartórios de notas que são responsáveis por dar fé pública a um


documento e os principais serviços prestados são: por reconhecer assinaturas,
lavrar e dar fé pública aos documentos:

a) reconhecimento de firma;
b) autenticação de cópias;
c) escrituras;
d) procurações;
e) testamentos;
f) inventários e outros documentos.

Como você pode ver, são procedimentos que todos nós precisamos e
utilizaremos em nossas vidas.

b) Tabelionato de Protesto

Os Tabelionatos de Protestos são o tipo de cartório onde são levados


os diversos títulos executivos (exemplo: duplicatas, cheques, promissórias e
demais documentos que atestem a inadimplência e dívidas etc.) que não foram
pagos, para promover a intimação dos devedores de forma legal para pagamento
sob pena de protesto, além de recebimento do valor da dívida; quitação, entre
outros serviços.

O tabelionato de protestos ou cartório de protestos é responsável ainda por


executar a publicidade legal das dívidas tanto de pessoas físicas como jurídicas.
Decorrido o prazo legal, o cartório tem o dever de proceder o protesto dos títulos
que não foram quitados no prazo.

Somente após a quitação do valor devido, o título será retirado do protesto


e do cartório.

60
TÓPICO 3 — A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO

c) Tabelionatos e Ofícios de Registro de Contrato Marítimos

Os Tabelionatos e Ofícios de Registro de Contrato Marítimos são


tabelionatos que possuem funções muito especialistas, lavrando atos,
reconhecendo firmas, expedindo traslados e certidões, com a especificidade de
sempre serem relativas aos contratos marítimos.

NOTA

Prezado acadêmico, os tabelionatos e ofícios de registro de contrato


marítimos são muito específicos e, geralmente, encontram-se em cidades com portos
marítimos ou fluviais.

d) Cartório de Registro de imóveis

O Cartório de Registro de Imóveis tem como função primordial por


registrar e averbar todos os atos relativos a um imóvel e as modificações geradas
nele (benfeitorias, partilha etc.) ou de sua titularidade através de atos de compra
e venda, concessão de direito real, pactos nupciais, entre outros.

Todos os registros dos contratos referentes a escrituras públicas de


aquisição de imóveis, assim como os demais títulos que gerem direito ou restrição
ao imóvel, como alienação fiduciária, hipoteca, servidão, usufruto, incorporação,
condomínio, penhora, inalienabilidade, entre outros, são focos de trabalho do
cartório de registro de imóveis.

O cartório é responsável pelos seguintes registros relacionados aos imóveis:

a) compra e venda;
b) loteamento;
c) permuta;
d) usucapião;
e) doação;
f) hipoteca;
g) penhora.

Além desses registros, podem se emitir as seguintes certidões:

a) certidão de Ônus Reais;


b) certidão de Inteiro Teor do Imóvel;
c) certidão Quinzenária/Vintenária/Trintenária sobre o imóvel.

61
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

e) Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas

É no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas que se realizam os


registros das pessoas jurídicas não empresariais, como as Associações, Fundações,
entre outras instituições.

NOTA

Prezado acadêmico, o registro das empresas jurídicas empresariais é realizado


na Junta Comercial de cada Estado.

f) Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas

É no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais que todos têm


registrada e noticiada a história de sua vida legal. Esta serventia registral é muito
importante para a vida legal as pessoas naturais e, além disso, trata dos casos de
interdições e tutelas.

Você pode realizar os seguintes registros nestes cartórios:

a) registro e emissão de certidão de nascimento, casamento e óbito;


b) mudanças no nome ou sobrenome de pessoas;
c) reconhecimento de casos de paternidade;
d) acordos pré-nupciais;
e) atestação das opções de nacionalidade;
f) averbações e anotações;
g) emancipação de menores de idade por seus pais ou pelo juiz.

A vida civil legal das pessoas do início no Cartório de Registro Civil.

g) Cartório de Registro de Distribuição

O Cartório de Registro de Distribuição, conforme Loureiro (2019),


desenvolve um trabalho como uma central que desenvolve a reunião das
informações relativas aos atos praticados em cada comarca, ficando responsável
pelo processo de distribuição equitativa das tarefas cartoriais entre eles. É um
cartório existente somente em grandes cidades.

Passamos por todos os tipos de cartórios existentes no Brasil, constituídos


de forma legal. Alguns são mais específicos e pouco acessíveis às pessoas
comuns, como o Tabelionatos e Ofícios de Registro de Contrato Marítimos e
o Cartório de Registro de Distribuição, mas os demais estão disponíveis na
grande maioria das cidades.

62
TÓPICO 3 — A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO

LEITURA COMPLEMENTAR

CONHEÇA OS TIPOS DE CARTÓRIOS E A FUNÇÃO DE CADA UM DELES

No Brasil, os cartórios extrajudiciais oferecem uma infinidade de


serviços para utilização dos cidadãos. Para assumir um cartório, os profissionais
de Direito devem ser aprovados em concurso público e atender alguns
requisitos. Por isso, de uma forma geral, os cartórios extrajudiciais oferecem
serviços públicos de qualidade, garantindo fé pública, valor probatório e força
executiva aos atos.

Portanto, para organizar melhor essa extensa quantidade de serviços,


os cartórios são segmentados, já que tratam de diferentes documentos. Essa
segmentação foi estabelecida pelo Art. 5ᵒ da Lei dos Notários e Registradores (Lei
nᵒ 8.935/1994), que determina os sete tipos de cartórios extrajudiciais existentes
em nosso País.

Sãos eles os tabeliães de notas, tabeliães e oficiais de registro de contratos


marítimos, tabeliães de protesto de títulos, oficiais de registro de imóveis, oficiais
de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas, oficiais de
registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas e oficiais de registro
de distribuição.

Cada um dos sete segmentos possui suas próprias atribuições, ou


seja, quando o cidadão precisa de certo serviço, deve procurar pelo cartório
mais próximo de determinado segmento para realizá-lo. A seguir, conheça as
atribuições de cada um deles:

1. Registro Civil das Pessoas Naturais e de interdições e tutelas:

Esses cartórios prestam serviços básicos, porém imprescindíveis para o


exercício da cidadania: registro de nascimento, registro de casamento e registro
de óbito, além das averbações, anotações e retificações das suas respectivas
certidões. Estas serventias garantem a publicidade e prova do nome e do estado
da pessoa natural (nacionalidade, idade, sexo, capacidade, parentesco e situação
conjugal), garantem a legalidade das declarações e documentos apresentados e
se mantêm com informações atualizadas regularmente, por meio do sistema de
averbações e anotações.

2. Tabelionatos de Notas:

Os tabelionatos são responsáveis pela elaboração de atos dotados de


fé pública, com a garantia de segurança jurídica, autenticidade, publicidade e
eficácia aos atos pessoais e patrimoniais dos cidadãos. Os tabeliães possuem a
função de oferecer aconselhamento jurídico imparcial, verificar a legalidade,
validade e eficácia do ato, tornar pública a manifestação de vontade, garantindo

63
UNIDADE 1 — DIREITO NOTARIAL

e exercício de direitos. Além disso, com a promulgação da Lei nᵒ 11.441/07, os


Cartórios de Notas foram autorizados a lavrar escrituras de separação, divórcio e
inventário de forma consensual, contribuindo para desafogar o Poder Judiciário.
Os processos, que poderiam levar meses no Judiciário, hoje podem ser resolvidos
em até um dia no cartório.

3. Registro de Imóveis:

Os cartórios de imóveis realizam os cadastros e as atualizações das


propriedades imobiliárias, garantindo a segurança e eficácia de todas as
alterações e extinções referentes à situação do imóvel. Estas serventias analisam
a legalidade dos contratos, mandados ou outros títulos antes da realização de
qualquer ato que altere ou produza o registro de imóvel. Além disso, cumpre a
função social de distribuição e promoção do desenvolvimento, possibilitando a
garantia de legalização do imóvel com os processos de Usucapião, Direito de Laje
e Regularização Fundiária.

4. Tabelionato de Protestos:

Essas serventias formalizam o Protesto de Títulos e documentos de dívida,


fundamental para comprovar que determinado título ou documento de cobrança
não foi pago na data acordada. Assim, por meio do protesto, o credor comprova
a mora (atraso da obrigação) e a inadimplência (descumprimento da obrigação
de pagamento) do devedor, aumentando as possibilidades de recebimento do
valor devido. Estas serventias atuam com um procedimento seguro e legal para
verificar a regularidade formal dos documentos de dívida, possibilitando ao
devedor a oportunidade de pagar antes de ser protestado. Além disso, no Brasil,
o credor não paga nada para solicitar o ato.

5. Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoas Jurídicas:

Esse segmento é responsável por registrar e armazenar diversos


documentos particulares, garantindo publicidade e segurança. Todos os
documentos que não possuem atribuição definida para as outras especialidades
de cartórios podem ser registradas no Cartório de Títulos e Documentos. Entre
as possibilidades, destacam-se o registro de empresas, associações, sociedades,
fundações, organizações religiosas e partidos políticos, para fins de adquirirem
personalidade jurídica; a formalização de alterações contratuais, estatutárias,
atas, balanços, livros contábeis ou quaisquer outros documentos relativos a essas
instituições; além do registro de contratos de locação e alienação de imóveis,
declaração de vontade e outros documentos particulares.
6. Tabelionatos e Ofício de Registro de Contratos Marítimos:

Esses cartórios se responsabilizam pelo registro e lavratura de documentos


relacionados às negociações de embarcações e/ou destinados a transações de
direito marítimo.

64
TÓPICO 3 — A INSTITUIÇÃO DO NOTARIADO

7. Registro de Distribuição:

Por último, os Cartórios de Registro de Distribuição fazem a distribuição


equitativa de serviços cartoriais, por meio do registro dos atos praticados e das
comunicações recebidas dos órgãos e serviços competentes.

FONTE: Adaptado de <https://www.atcma.com.br/noticias/noticia/conheca-os-tipos-de-


cartorios-e-funcao-de-cada-um-deles>. Acesso em: 15 out. 2020.

65
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Lei nᵒ 8.935/1994 normatiza o direito Notarial e Registral.

• A Lei nᵒ 6.015/1973 formaliza as funções Notarial e Registral.

• A delegação pode ser entendida como um ato administrativo que compreende


desde o concurso público até a outorga.

• A delegação para o exercício da atividade notarial e de registro depende dos


seguintes requisitos:
I- habilitação em concurso público de provas e títulos;
II- nacionalidade brasileira;
III- capacidade civil;
IV- quitação com as obrigações eleitorais e militares;
V- diploma de bacharel em direito;
VI- verificação de conduta condigna para o exercício da profissão.

• O candidato para prestar o concurso de notarial ou de registro deve possuir


formação em direito ou ter mais de dez anos comprovados em notariado ou
registro.

• Temos, no Brasil, três tipos de tabelionatos e quatro tipos de cartórios,


conforme a lei.

• Os tipos de tabelionatos e cartórios são:


a- Tabelionatos de Notas.
b- Tabelionato de Protesto.
c- Tabelionatos e Ofícios de Registro de Contrato Marítimos.
d- Cartório de Registro de Imóveis.
e- Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
f- Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas.
g- Cartório de Registro de Distribuição.

CHAMADA

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66
AUTOATIVIDADE

1 Para participar de um concurso para a atividade notarial e registral, o


indivíduo deve ter profícuo conhecimento das áreas legais afins e ser
formado em direito ou ter mais de dez anos em atividade notarial ou
de registro. Além desses, o indivíduo ainda deve ter diversos requisitos
atendidos, conforme a Lei nᵒ 8.935/1994. Assinale a alternativa CORRETA
que apresenta todos os requisitos conforme a lei citada:

a) ( ) I- habilitação em concurso público de provas e títulos; II- nacionalidade


brasileira ou estrangeira; III- capacidade lógica e verbal; IV- quitação
com as obrigações eleitorais e militares; V- diploma de bacharel em
direito; VI- verificação de condição física.
b) ( ) I- habilitação em concurso público de provas e títulos; II- nacionalidade
brasileira; III- capacidade civil; IV- quitação com as obrigações
eleitorais e militares; V- diploma de bacharel em direito; VI- verificação
de conduta condigna para o exercício da profissão.
c) ( ) I- habilitação e carteira de motorista tipo AB; II- nacionalidade brasileira;
III- capacidade jurídica e penal; IV- quitação com as obrigações
eleitorais e militares; V- diploma de bacharel em direito; VI- verificação
de condição física condigna para o exercício da profissão.
d) ( ) I- habilitação e carteira de motorista tipo A; II- nacionalidade
estrangeira; III- capacidade civil; IV- quitação com as obrigações
eleitorais e militares; V- diploma de bacharel em direito; VI- verificação
de conduta condigna para o exercício da profissão.

2 A Lei nᵒ 8.935/1994 nos apresenta sete tipos de Cartórios Notariais e de


registros, alguns também conhecidos como Tabelionatos. Assinale a
alternativa CORRETA que apresenta todos os sete tipos:

a) ( ) Tabelionatos de Justiça; Tabelionato de Aquisição; Tabelionatos e


Ofícios de Registro de Contrato Marítimos; Cartório de Registro de
Imóveis; Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas; Cartório de
Registro Civil de Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas; Cartório
de Registro de Atacado.
b) ( ) Tabelionatos de Notas; Tabelionato de Protesto; Tabelionatos e Ofícios
de Registro de Contrato Marítimos; Cartório de Registro de Imóveis;
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas; Cartório de Registro
Civil de Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas; Cartório de
Registro de Distribuição.

67
c) ( ) Tabelionatos de Justiça; Tabelionato de Protesto; Tabelionatos e Ofícios
de Registro de Contrato Marítimos; Cartório de Registro de Imóveis;
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas; Cartório de Registro
Penal e judicial de Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas; Cartório
de Registro de Atacado.
d) ( ) Tabelionatos de Notas; Tabelionato de Aquisição; Tabelionatos do Mar;
Cartório de Registro de Automóveis; Cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas; Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais e de
Interdições e Tutelas; Cartório de Registro de Distribuição.

68
REFERÊNCIAS
ANGELIS NETO. P. de A.; RODRIGUES, R. F. Princípios do direito registral
imobiliário brasileiro: uma abordagem sistêmica do registro imobiliário no
Brasil. 2018. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/70548/princípios-do-
direito-registral-imobiliario-brasileiro. Acesso em: 8 out. 2020.

ANTUNES, L. R. Introdução ao direito notarial e registral. 2005. Disponível


em: https://jus.com.br/artigos/6765/introducao-ao-direito-notarial-e-registral.
Acesso em: 6 out. 2020.

BARRA, K. B. Fé pública no estado democrático de direito e inconstitucionalidade


da medida provisória nᵒ 876/2019 (delegação da fé pública notarial à
advogados e contadores).2019. Disponível em: https://www.anoreg.org.br/site/
wp-content/uploads/2019/05/FE%CC%81-PU%CC%81BLICA-NO-ESTADO-
DEMOCRA%CC%81TICO-DE-DIREITO-1.pdf. Acesso em: 7 out. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 13.810, de 8 de março de 2019. Dispõe sobre o cumprimento


de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, incluída a indisponibilidade de ativos de pessoas naturais e jurídicas e
de entidades, e a designação nacional de pessoas investigadas ou acusadas de
terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados; e revoga a Lei
nᵒ 13.170, de 16 de outubro de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Lei/L13810.htm. Acesso em: 8 dez. 2020.

BRASIL. Resolução nᵒ 31, de 7 de junho de 2019. Dispõe sobre os


procedimentos a serem observados pelas pessoas físicas e jurídicas reguladas
pelo Coaf, na forma do §1ᵒ do Art. 14 da Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998,
para cumprimento de sanções impostas nos termos da Lei nᵒ 13.810, de 8 de
março de 2019; e para as comunicações de que trata o Art. 11 da Lei nᵒ 9.613, de
3 de março de 1998, relacionadas a terrorismo e seu financiamento. Disponível
em: http://www.fazenda.gov.br/orgaos/coaf/legislacao-e-normas/normas-coaf/
resolucao-no-31-de-7-de-junho-de-2019. Acesso em: 8 dez. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de


"lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização
do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho
de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm. Acesso em:
8 dez. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o Art. 236 da


Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm. Acesso em: 24 set. 2020.

69
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 24 set. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 6.216, de 30 de junho de 1975. Altera a Lei nᵒ 6.015, de 31 de


dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6216.htm#art168. Acesso em: 7 out. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros


públicos, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6015compilada.htm. Acesso em: 7 out. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo


Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm.
Acesso em: 24 set. 2020.

CARVALHO, A. de. Registro de imóveis. 4. ed. São Paulo: Ed. Forense, 2001.

CENEVIVA, W. Lei dos registros públicos. 20. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.

FÉ PÚBLICA. In: DICIO. Disponível em: https://www.dicio.com.br/fe-publica/.


Acesso em: 25 set. 2020.

LOUREIRO, L. G. Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos


notariais. 4. ed. Salvador: ditora Juspodivm, 2020.

LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 10. ed. Salvador: Editora


JusPodivm. 2019.

MAZZA, A. Manual de direito administrativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

RAMOS, A. Princípio da impessoalidade, referido na Constituição Federal


de 1988 no artigo 37. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/28557/
princípio-da-impessoalidade-referido-na-constituicao-federal-de-1988-no-
artigo-37. Acesso em: 5 out. 2020.

SALGADO, E. D. Princípio da publicidade. Enciclopédia jurídica da PUC-SP,


São Paulo, 1ᵒ abr. 2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/
verbete/37/edicao-1/principio-da-publicidade. Acesso em: 7 jan. 2021.

SOUZA, K. M. M. M. Princípios: uma abordagem à luz do direito registral


brasileiro. Revista CEPPG, Catalão, Ano 11, n. 20, 2009. Disponível em:
http://www.portalcatalao.com/painel_clientes/cesuc/painel/arquivos/upload/
temp/95fd22b99dbb4b8ee75dc2b39db68b78.pdf. Acesso em: 5 out. 2020.

70
SANDER, T. Princípios norteadores da função notarial. Boletim Jurídico, 4 jul.
2005. Disponível em: https://www.boletimjuridico.com.br/artigos/direito-notarial-
e-registral/665/principios-norteadores-funcao-notarial. Acesso em: 7 out. 2020.

ZONTA, F. Dos princípios de regência dos serviços notariais e de registro. 2014.


Disponível em: https://www.tabelionatofischer.not.br/noticias/area-notarial/dos-
principios-de-regencia-dos-servicos-notariais-e-de-registro-fabio-zonta-2. Acesso
em: 2 out. 2020.

71
72
UNIDADE 2 —

ATIVIDADE NOTARIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender questões relacionadas à infraestrutura de um cartório de


atividades notariais;
• capacitar o acadêmico para as atividades de um cartório;
• compreender os princípios de gestão;
• identificar as diversas atividades executadas em um Cartório notarial e
de registro;
• aprofundar os conhecimentos acerca de gestão de recursos humanos;
• conhecer princípios de planejamento estratégico aplicado às atividades
notariais;
• identificar os quesitos de responsabilidade das pessoas em um cartório
notarial;
• conhecer o estatuto do notário;
• identificar a influência da tecnologia da informação nos trabalhos notariais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ESTRUTURA NOTARIAL

TÓPICO 2 – A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL

TÓPICO 3 – GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

73
74
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

ESTRUTURA NOTARIAL

1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Estamos iniciando os estudos sobre a estrutura notarial
e, aqui, discorreremos a respeito da administração, gestão, pessoas, estrutura
organizacional, relembrando alguns pontos de disciplinas que você já estudou
como Fundamentos de teoria organizacional, gerenciamento de serviços jurídicos,
entre outros temas ligados à administração de cartório.

Uma das coisas importantes que você precisa entender é que os princípios
de gestão são iguais para todo tipo de negócio, seja um negócio pessoal, um
privado, um público, um misto ou ainda por delegação, como são os cartórios.

A verdade é que todo negócio é avaliado conforme os resultados que


ele gera, e este é o princípio primeiro para todo e qualquer negócio. Logo, todo
cartório deve buscar a eficiência e o atingimento de resultados positivos para ele
e para a sociedade.

Como é uma instituição delegada pelo poder público, deve seguir os


princípios públicos, conforme a lei. Relembrando: “Art. 37. A administração
pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988).

Já discutimos todos eles na unidade anterior, mas aqui, nesta unidade,


trataremos a questão de gestão do cartório, e é claro que temos que trabalhar
buscando todos os princípios, mas principalmente, focaremos na gestão para
gerar a eficiência, objetivando atingir os resultados almejados.

Quando falamos de estrutura organizacional de um cartório, não existe


uma regra definida, mas quando falamos de estrutura organizacional de um
cartório, porém, há preceitos legais e da boa prática, que quando seguidos,
auxiliam no fluxo de trabalho do cartório. Dessa forma, é possível acreditar em
sua eficiência e na obtenção de resultados, abordados nessa introdução.

75
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

FIGURA 1 – ORGANIZAÇÃO DO CARTÓRIO NOTARIAL E DE REGISTRO

FONTE: <https://www.rightattitudes.com/blogincludes/images/What_Your_Messy_Desk_Says_
About_You.jpg>. Acesso em: 18 out. 2020.

Vamos iniciar os estudos sobre a organização da infraestrutura de um


cartório notarial e de registros.

2 INFRAESTRUTURA FÍSICA
Falaremos sobre estrutura física de um cartório, que é um assunto
melindroso, pois são muitos fatores a serem considerados em sua organização,
além de que, hoje, no Brasil, temos escritórios de todos os tipos, desde escritórios
modernos, com todos os elementos pensados em produtividade e resultado,
a escritórios com ares antigos, em ambientes interioranos, ou seja, temos uma
variedade enorme de estruturas de atendimento e acondicionamento.

FIGURA 2 – VARIEDADE DE AMBIENTES NOTARIAIS

FONTE: O autor

76
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

A Figura 2 nos traz alguns desses ambientes para o nosso conhecimento,


em que temos desde cartórios modernos a ambientes mais tradicionais e até
mesmo em cima de um barco, pois o nosso país é muito extenso e tem-se que
atingir a todos os brasileiros.

Os ambientes cartoriais têm sofrido mudanças nos últimos anos,


principalmente devido ao advento da informática, agilizando desta forma os
atendimentos e a sua organização.

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado acadêmico, sobre automação, informatização e cartório digital


falaremos mais adiante nesta unidade.

Então, temos que nos preocupar com a organização de todo o processo


notarial e de registro, como temos em lei, ou seja:

TÍTULO I
Dos Serviços Notariais e de Registros
CAPÍTULO I
Natureza e Fins
Art. 1ᵒ Serviços notariais e de registro são os de organização técnica
e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos jurídicos.
Art. 2ᵒ (Vetado).
Art. 3ᵒ Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são
profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o
exercício da atividade notarial e de registro.
Art. 4ᵒ Os serviços notariais e de registro serão prestados, de modo
eficiente e adequado, em dias e horários estabelecidos pelo juízo
competente, atendidas as peculiaridades locais, em local de fácil
acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento de
livros e documentos (BRASIL, 1994, s. p.).

Apesar de não parecer, a questão da gestão e organização, falados de


forma clara na lei, referenciam-se à organização e aos resultados que um cartório
deve perseguir em seus afazeres, ou seja:

• organização técnica;
• organização administrativa;
• modo eficiente;
• serviços serão prestados;
• peculiaridades locais;
• local de fácil acesso;
• ofereça segurança para o arquivamento de livros e documentos entre outros.

77
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Todo o processo de organização de um ambiente de trabalho em um


cartório notarial e de registro na atualidade precisa responder a alguns quesitos
técnicos importantes, para isso, vamos fazer um checklist sobre os principais
pontos a serem considerados no desenvolvimento da estrutura física, os quais
estão apresentados no Quadro 1.

QUADRO 1 – CHECK LIST NECESSIDADES DESENVOLVIMENTO DE UM AMBIENTE DE


TRABALHO E ATENDIMENTO NOTARIAL E DE REGISTRO

FOCO PONTO A ANALISAR


ATENDIMENTO AO PÚBLICO

• Local de atendimento
• Espaço para acomodar o público de forma adequada
• Espaço para atendimento individual com proteção acústica
• Balcão de atendimento x atendimento individualizado
• (analisar serviços básicos – autenticação, reconhecimento de
firmas / serviços especializados – escrituras etc.)
• Banheiros, água, tomadas etc.
AMBIENTE
LOCAL DE TRABALHO

• Espaço para os funcionários, computadores e materiais


• Layout funcional
• Previsão de espaço para expansão de número de funcionários
• Conforto térmico (ar-condicionado)
• Deposito de materiais
• Banheiro funcionários
• Cozinha
• Estantes
LOCAL DE
• Espaço de circulação
ACONDICIONAMENTO /
• Local para manuseio
GUARDA/ BIBLIOTECA
• Arejado
DOS LIVROS NOTARIAIS
• Seco (Antimofo)
• Servidor
• Sistema de backup
CENTRAL DE
• Sistema de segurança
INFORMÁTICA
• Firewall
• Energia auxiliar

• Habite-se
• Alvará dos bombeiros
SEGURANÇA • Segurança arquivamento livros notariais
• Equipamentos de segurança (maca, primeiros socorros)
• Extintor, elétrica, saídas de emergência, luz de segurança, gás etc.

FONTE: O autor

Apesar de se ver pouco material escrito sobre esse tema, as novas situações
do mercado de trabalho e de atendimento ao público têm exigido adaptações e
melhorias nos cartórios, principalmente em cartórios mais antigos, os quais não
têm se adaptado a essa nova realidade de mercado.

78
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

FIGURA 3 – MODELO DE ÁREA DE ATENDIMENTO EM CARTÓRIO

FONTE: <https://www.arpensp.org.br/__Documentos/Upload_Conteudo/slideshow/11295/
DSC08023.JPG?cache=1>. Acesso em: 18 out. 2020.

Na Figura 3, você tem um exemplo de área de atendimento em um


cartório, já, na Figura 4, apresentamos uma área de espera para o público.

FIGURA 4 – PROJETO 3D PARA ÁREA DE ESPERA PARA ATENDIMENTO DE UM CARTÓRIO

FONTE: <https://br.habcdn.com/photos/project/big/area-de-atendimento-e-espera-962957.jpg>.
Acesso em: 18 out. 2020.

DICAS

Prezado acadêmico, a legislação para construção civil, reforma, estudos de


layout e otimização de espaços são assuntos de extrema importância na atualidade, e,
por isso, recomendamos um pensar profissional sobre a estrutura e layout de um cartório
e não só um pensar no imediato. Tentar prever o crescimento do cartório. Por isso,
recomendamos sempre utilizar um profissional arquiteto, pois ele tem a especialização no
assunto de ambientes em geral. Uma ajuda profissional pode lhe ajudar na otimização do
cartório e tornar o ambiente mais agradável e melhor de trabalhar.

79
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

O layout e uma infraestrutura adequada aumenta a produtividade do


cartório, fazendo com que seus funcionários trabalhem mais contentes e atendam
melhor ao seu público, assim como o contrário também é verdadeiro.

O tema infraestrutura é bastante extenso e especializado. Apresentamos,


aqui, texto pontos importantes que devem ser levados em consideração pelos
gestores do cartório. Vamos agora às questões relacionadas às pessoas.

3 ESTRUTURA DE PESSOAS
Ao analisarmos uma estrutura de um cartório notarial e de registro, vemos
que ele tem uma estrutura bem característica, que era:

ESTRUTURA FÍSICA + PESSOAS + BIBLIOTECA (ARQUIVO DE LIVROS


NOTARIAIS)

Quando falamos de uma estrutura moderna de cartório, um novo elemento


é anexado à equação mostrada, conforme podemos ver a seguir:

ESTRUTURA FÍSICA
+
PESSOAS
+
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (HARDWARE +SOFTWARE)
+
BIBLIOTECA (ARQUIVO DE LIVROS NOTARIAIS)

Estamos falando sobre a questão de pessoas na estrutura do cartório, como


você viu, nos cartórios notariais e de registros modernos, entrou a TI (Tecnologia
da Informação), a qual estudaremos mais à frente neste livro.

Sempre que falamos de estruturas de pessoas que compõe um cartório,


é importante analisar o fluxo de serviços que o cartório atende e o número de
pessoas/funcionários necessários para atender este fluxo de forma confortável e
sem geração de longas filas de forma contínua.

Todas as questões relacionadas a pessoas em cartório estão em função do


notarial e do profissional de registro, auxiliado pelos escreventes. Com relação
à gestão de pessoas, temos toda uma bibliografia relacionada à área de recursos
humanos e gestão de pessoas, que é importante para o gestor de cartório para
gerir bem a sua equipe de trabalho.

O elemento mais importante de um negócio são as pessoas.

80
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

FIGURA 5 – ATIVO MAIS IMPORTANTE DE UM NEGÓCIO, PESSOAS

FONTE: <https://escolaprm.com.br/wp-content/uploads/2019/08/Comoaspessoas.jpg>.
Acesso em: 19 out. 2020.

A verdade é que as equipes de pessoas integradas em seus afazeres e


geridas de forma profissional é o grande segredo de uma equipe de resultados.
Não são os nomes, os cargos, os RHs das empresas, mas a integração da equipe e
comprometimento dela com todos e com o negócio.

DICAS

Prezado acadêmico, se você quiser se aprofundar mais sobre no tema Recursos


Humanos (RH) ou Gestão de pessoas, seguem algumas referências para a sua consulta:

CARGNIN, M. R. J. F. Gestão de pessoas por competências. Indaial: Uniasselvi, 2019.

CAVICCHIOLI, G. Cartórios e gestão de pessoas: um desafio autenticado. São Paulo: JS


Gráfica, 2015.

KIELWAGEN, E. K.; SOUZA, R. R. S. Gestão de pessoas. Indaial: Uniasselvi, 2013.

LOPES, G. C. Administração de recursos humanos. Indaial: Uniasselvi, 2013.

Os principais focos de trabalho dos gestores de cartório estão em dois


pontos primordiais que precisam ser trabalhados no dia a dia com a equipe de
trabalho, os quais são:

• Treinamento em atualizações legais da profissão.


• Treinamento em atendimento.

81
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

DICAS

Prezado acadêmico, queremos deixar especial atenção ao treinamento das


equipes com relação às atualizações legais da profissão, pois constantemente vemos novas
leis sendo criadas, tanto em nível federal quanto estadual e municipal, sendo que elas
podem influenciar nas atividades e procedimentos notariais e de registro.

Uma dica legal para se manter atualizado são as revistas de classe profissional e os sites de
leis dos estados e municípios. Seguem alguns materiais para exemplificar:

Revistas:

Revista de Direito Notarial e Registral do Espírito Santo – https://www.sinoreg-es.org.


br/__Documentos/Upload_Conteudo/revistas/114.pdf.

Cartório com Você – http://sinoregsp.org.br/wp-content/uploads/2017/06/cartorios_com_


voce_3.pdf.

Veja que interessante este modelo de apresentação das leis estaduais:

Consolidação Normativa Notarial e Registral – https://www.tjrs.jus.br/export/legislacao/


estadual/doc/2018/CNNR_CGJ_Fevereiro_2018_Provimento_006_2018.pdf.

Um site interessante que apresenta as diversas leis e complementos é:

Poder Judiciário CGJ-ES – http://www.tjes.jus.br/corregedoria/legislacao-relacionada-ao-


extrajudicial/.

A atualização profissional nos cartórios notariais e de registro é


fundamental para a manutenção da legalidade dos atos, executando, assim, os
serviços dentro dos padrões exigidos por lei e pela sociedade.

Dentro das bibliografias referentes à gestão de pessoas (RH), como Lopes


(2013), Kielwagen e Souza (2013) e Cargnin (2019), temos que os principais pontos
a serem trabalhados em gestão de pessoas são:

• Liderança.
• Empatia.
• Trabalho em equipe.
• Equipe motivada.
• Resiliência.
• Treinamento.
• Política de cargos e salários.
• Ambiente de trabalho.
• Ação da gerência etc.

82
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

NOTA

Prezado acadêmico, surgiram dois termos da área de recursos humanos que são
interessantes para se entender um pouco mais. São eles: empatia e resiliência. Vamos lá!

Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que outra pessoa sentiria
caso estivesse na mesma situação. Consiste em compreender sentimentos e emoções,
procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente o outro.

A empatia leva as pessoas a se ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada


ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar. A capacidade de se
colocar no lugar do outro, que se desenvolve através da empatia, ajuda a compreender melhor o
seu comportamento em determinadas circunstâncias e a forma como toma as decisões.

Resiliência é um conceito emprestado da física que significa a capacidade do


indivíduo em lidar com situações adversas, superar pressões, obstáculos e problemas e
reagir positivamente a eles sem entrar em conflito psicológico ou emocional.

FONTE: <https://vantagemblog.com/2017/01/10/empatia-na-gestao-de-recursos-humanos/>;
<https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/as-9-caracteristicas-das-pessoas-altamente-
resilientes/>. Acesso em: 19 out. 2020.

Esse tema é muito interessante e temos muitas referências e cursos para


aperfeiçoamento na área de gestão de pessoas, por isso, não delongaremos
mais, pois não é o objetivo deste livro. Aqui, queremos mostrar-lhe que o tema é
importante e merece atenção dentro da gestão de um cartório. Só mais uma dica:

A teoria é importante, mas ela só vai gerar resultado se você a aplicar, por
isso a experiência pessoal é fundamental.

Para terminarmos esse subtópico, as pessoas devem ser o foco da atenção


para termos bons resultados, mas tudo isso é consequência da gestão delas,
pois se tivermos um mau gestor, não teremos uma equipe boa. Logo, a gestão é
fundamental para se atingir os resultados esperados e gerar o comprometimento
da equipe.

83
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (INFORMATIZAÇÃO)


A informatização veio para ficar na sociedade moderna, nos negócios e
nos cartórios de uma forma em geral. A internet, os celulares e, principalmente,
os smartphones permitiram a sociedade ficar “antenada” em tudo o que está
ocorrendo ao seu redor, permitindo aos usuários terem seus documentos em
forma digital em seu smartphone, acessar o seu banco, pagar as contas, ter livros,
jogos etc., tudo ao seu alcance no celular.

NOTA

Prezado acadêmico, neste tópico, trabalharemos o tema de informática


na visão de tecnologia, ou seja, de hardware e software e o tema “cartório digital” será
abordado em tópico específico.

Essas comodidades também estão vindo para os serviços notariais com os


cartórios digitais, e é uma tendência.

NTE
INTERESSA

Prezado acadêmico, trouxemos um trecho do livro Crimes cibernéticos,


adaptado de Pieritz e Pieritz, 2020, só para mostrar a importância da TI na atualidade.

Sociedade plugada

[...] cinco pontos importantes bem claros:


• A tecnologia, em todas as áreas está cada vez mais integrada e dependente da TI e da
internet.
• É importante a atualização constante de hardwares e softwares (são profissões do
futuro, sendo que, em cinco a dez anos, muitas profissões atuais desaparecerão).
• Os cibercrimes crescerão, de uma forma geral, em todas as áreas, e serão cada vez
mais sofisticados.
• Há a explosão de uso das tecnologias, em todas as suas formas, pela sociedade.
• As pessoas serão importantes para as funções pensantes e as funções repetitivas e
operacionais serão feitas por máquinas.

84
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

A sociedade está cada vez mais plugada e, para o seu conhecimento, atualmente,
no Brasil, no ano de 2020 (ABINC, 2020):

• O Brasil possui cinco computadores (desktop, notebook e tablet) para cada seis
habitantes.
• No total, são 174 milhões de computadores em uso.
• O Brasil tem 220 milhões de celulares inteligentes (smartphones), mais de 1 por
habitante.
• Somando aos notebooks e tablets, são 306 milhões de dispositivos portáteis em maio
de 2018, ou seja, 1,5 por habitante.
• O Brasil representa 3% da base mundial de computadores, telefones, TVs e smartphones.
• A título de comparação, os EUA têm 4% da população mundial e 10% da base desses
dispositivos.

Com relação ao IoT, temos:

• O tema IoT continua crescendo e é cada vez mais relevante. No Brasil, para 42% das
empresas analisadas, o tema é de alta importância e a previsão é de que, nos próximos
três a cinco anos, cresça para 76%. Nos demais países, a previsão de evolução é de 43%
para 73%.
• Hoje, times diversos conduzem a IoT nas empresas. No Brasil, em 26% das companhias,
as iniciativas ficam sob responsabilidade de times multidisciplinares.
• 35% das empresas brasileiras e 24% das latino-americanas contam com alguma iniciativa
de IoT.
• Dentre os principais benefícios da adoção da IoT estão: redução de custos, agilidade e
eficiência operacional (ABINC, 2020, p. 1).

Olhe, agora, as informações sobre o uso da internet (ABINC, 2020):

• Conforme pesquisa de domicílios, 126,9 milhões de brasileiros usaram a internet


regularmente em 2018.
• Nas regiões urbanas, a conexão à internet equivale a 74% da população.
• 49% da população rural diz ter tido acesso à internet em 2018.
• Nas classes D e E, ou seja, na camada mais pobre do Brasil, 48% respondeu que usa a
internet.
• 48% adquiriu ou usou algum tipo de serviço on-line em 2018.

Um outro ponto interessante para analisar é como a população está acessando


a internet. Observe que, o celular, através do smartphone, é o equipamento que mais tem
crescido nos últimos anos.

85
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

GRÁFICO – DISPOSITIVOS PARA ACESSAR INTERNET

FONTE: <https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2019/08/28/uso-da-internet-no-
brasil-cresce-e-70percent-da-populacao-esta-conectada.ghtml>. Acesso em: 7 abr. 2020.

* ABINC – Associação Brasileira de Internet das Coisas. IoT passará a ser relevante para
76% das empresas no Brasil nos próximos anos, aponta pesquisa da Logicalis de 2020.
Disponível em: https://bit.ly/2Ldl0Fc.

Como você pôde ver no texto apresentado, a sociedade está se


informatizando e os cartórios também precisam acompanhar essa tendência de
mercado, lembrando sempre que, para que algo assim aconteça, devemos ter
legislação específica sobre o tema.

A evolução tecnológica também tem se acelerado, assim, vimos que tanto


hardwares como softwares têm evoluído muito rápido em todos os sentidos.

86
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

NOTA

Prezado acadêmico, temos mais dois termos novos, só que agora da área
de informática, ou melhor, da TI. São eles: hardware e software. Vamos entender os
seus significados:

Hardware: “Quando falamos do hardware, estamos falando das tecnologias físicas, ou


seja, do próprio computador, seus componentes e periféricos” (PIERITZ; PIERITZ, 2020, p. 22).

Softwares: “das instruções que o computador recebe pelo usuário para que, então,
execute uma determinada tarefa desejada. Ele deve utilizar uma programação” (PIERITZ;
PIERITZ, 2020, p. 25).

Popularmente conhecidos como programas, atualmente é muito utilizado o


termo App, que vem do inglês da palavra Application, que significa aplicação. O App é,
inicialmente, um software utilizado em dispositivos eletrônicos que auxiliam os usuários na
execução de determinadas tarefas.

Se você quiser se aprofundar mais no tema, indicamos o livro de Pieritz e


Pieritz (2020), que você encontra na biblioteca da Uniasselvi, nele, você terá muito mais
informações sobre hardware e software.

FIGURA – EXEMPLOS DE HARDWARE

FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/ha/rd/hardwareelementosfinal-cke.jpg>.
Acesso em: 19 out. 2020.

87
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Atualmente, é raro ter algum cartório que não utiliza equipamentos de TI


em seu dia a dia, e por isso mesmo que em cartórios maiores existe uma pequena
central de informática, com servidores, equipamentos de backup, equipamentos
para segurança antivírus e de invasão de hackers, nobreaks etc.

É comum, em escritórios maiores, possuírem um técnico em informática


para cuidar dos softwares e hardwares e, em cartórios menores, geralmente
terceirizarem os serviços de manutenção em TI.

Devido à evolução tecnológica, os gestores também precisam modernizar


constantemente os seus hardwares e softwares para que não ocorram problemas
mais graves no futuro, prejudicando os trabalhos de todos.

Falando ainda em TI, outro ponto importante são os softwares


utilizados nos cartórios, pois eles devem ser homologados e adquiridos de
empresas idôneas.

DICAS

Prezado acadêmico, seguem alguns exemplos de softwares que podem ser


utilizados em cartórios:

• https://alkasoft.com.br/software-para-cartorios/.
• https://www.siscart.com.br/.
• https://escriba.com.br/.
• https://cartorium.com.br/.
• https://www.officersoft.com.br/.

São muitos os softwares que podem ser utilizados em um cartório, entre


os principais estão:

• Softwares cartoriais (específicos).


• Banco de dados.
• Sistemas de segurança (antivírus, antispam, firewall etc.).
• Software diversos (planilhas, redator de texto etc.).

Como você pode ver, o tema de TI em cartórios é muito extenso, e o que


apresentamos neste livro didático é somente para você ter uma visão geral da
importância da informática, dos hardwares e softwares ao serviço prestado pelos
notariais e registradores.

88
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

Serventias extrajudiciais – administração, recursos humanos e


gerenciamento econômico-financeiro

Administrar um “cartório” extrajudicial é planejar, organizar, dirigir e


controlar o uso de recursos e elementos humanos com a finalidade da melhor
prestação possível dos serviços notariais e de registro.

Nos termos do Art. 21 da Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994,


o tabelião ou oficial de registro tem responsabilidade exclusiva sobre o
gerenciamento administrativo e financeiro da unidade extrajudicial. Não há
participação do Estado nos investimentos. A unidade deve ser gerida de modo a
propiciar uma prestação de serviços notariais e de registro da melhor qualidade.

[...]

Recursos humanos

O tema recursos humanos parece ser a parte mais desafiadora e


importante da unidade, tanto com relação aos prepostos como no trato com
os usuários dos serviços notariais e de registro. De nada adianta a unidade
possuir instalações belíssimas e equipamentos de última geração se o ambiente
de trabalho não for acolhedor e vibrante. O notário e registrador devem
ser líderes de sua equipe, buscando meios para aumentar o entusiasmo e
comprometimento. Há diversos maneiras para inspirar e aperfeiçoar a equipe.
Pesquisas já comprovam algumas técnicas que não funcionam. A técnica do
medo e da manipulação é desastrosa, pois os colaboradores lutam apenas para
não perder o emprego e, ainda, a comunicação e a cooperação da equipe ficam
muito prejudicadas. A técnica da motivação por incentivos até funciona bem
inicialmente, pois as pessoas trabalham mais para receber recompensas, mas e
depois? Novos e melhores prêmios têm que ser apresentados constantemente.
Atualmente, a técnica da promoção do propósito e do crescimento pessoal tem
apresentado maior sucesso. A valorização das pessoas e a compreensão da
importância de sua contribuição para os serviços é muito eficaz.

O valor do salário e eventuais bônus devem ser compatíveis com o


desempenho, dedicação e capacidade dos prepostos, mas de modo a se
adequar à realidade econômica e financeira da unidade. Há muitos prepostos
extremamente capazes em unidades pequenas que mereceriam ser melhor
remunerados, mas em razão do baixo volume de receitas da serventia isto
não é possível. A avaliação sobre o real custo de um preposto na unidade não
deve ser feita examinando apenas o valor de sua remuneração, outros fatores
devem ser levados em conta.

89
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

O imóvel em que são prestados os serviços deve possuir um ambiente


confortável e agradável, que promova uma sensação de bem estar. Todos
passamos a maior parte de nosso dia no ambiente de trabalho. O notário ou
registrador, para prestar um serviço que busca a excelência, é aquele que, além
de saber fazer, deve saber orientar.

As responsabilidades dos prepostos devem ser bem definidas e quanto


mais informações tiverem sobre suas atividades, melhor será o desempenho.
O tabelião ou registrador deve ser uma pessoa inspiradora e otimista, tanto
para seus colaboradores quanto para os usuários do serviço. Seja aberto,
peça sugestões e ideias, aceite críticas; com isso, a prestação dos serviços e o
ambiente de trabalho sempre melhoram.

Formação do quadro funcional

Invista nos seus prepostos, ofereça cursos, disponibilize pleno acesso a


material jurídico, tais como jurisprudência e doutrina. Faça reuniões frequentes,
ouça sugestões e, o mais importante, elogie as pessoas, isso vale muito. A
motivação de sua equipe é o que gera a excelência na prestação dos serviços.

O notário ou registrador pode ter sólidos conhecimentos jurídicos,


experiência, talento e capacidade, mas se sua equipe estiver desmotivada,
a prestação dos serviços será medíocre. A atividade notarial e de registro
tem por finalidade a segurança jurídica e, para sua consecução, o notário
ou registrador deve ser uma pessoa de confiança para seus colaboradores e
usuários do serviço. Nunca prometam o que não podem fazer. Sejam sempre
francos, honestos, transparentes e claros com relação aos serviços da atividade
notarial e de registro, bem como com relação aos valores dos emolumentos e
prazos para sua realização.

O maior ativo da atividade notarial e de registro são as pessoas, a sua


equipe. Quanto mais confiança você demonstrar, melhor será seu desempenho.
Jamais faça críticas a seus prepostos em público ou na frente de outras pessoas
em razão de eventuais falhas que possam ocorrer. Converse reservadamente,
procurando, no início, escutar mais do que falar. Há excelentes prepostos que
podem estar precisando ser melhor trabalhados e treinados. É como se fosse um
processo de lapidação de joia, cujo resultado pode ser surpreendente. Pesquisas
têm demonstrado que o item mais valorizado para os colaboradores não é o
salário, o cargo ou a bonificação, mas a qualidade do ambiente de trabalho. Todos
querem se sentir bem, queridos, acolhidos e, acima de tudo, respeitados.

90
TÓPICO 1 — ESTRUTURA NOTARIAL

O melhor ambiente de trabalho é aquele que cria aquela sensação de


que “todo mundo quer trabalhar aqui”. No trato com os usuários dos serviços,
seja sempre simpático e agradável, e demonstre o quanto você se preocupa com
a situação dele. A atividade não existe para complicar a vida das pessoas, mas
para resolver. Seja educado e firme mesmo quando tiver que falar um “não”,
mas sempre explique os motivos de modo fundamentado e numa linguagem
clara e acessível. O notário e registrador, como líderes de sua unidade, devem
ser facilitadores dos trabalhos da equipe. Valorizem seu time, treinem as pessoas,
criem uma atmosfera alegre e positiva no ambiente de trabalho. Energize as
pessoas com uma certa dose de humor, ria com as pessoas, jamais ria das pessoas.
A cobrança pelo desempenho do notário, registrador e seus prepostos será muito
grande. Sejam parceiros e orientadores de outros colegas, de advogados, de
corretores de imóveis, enfim, de toda a sociedade.

Confiem em vocês, consultem outros colegas, escutem seus


colaboradores, formem um time motivado e confiante. O mais difícil, o
concurso, já passou. Agora vem a melhor parte da atividade, a prática e o
trabalho em si, além do gratificante trato com a população.

A atividade é envolvente, desafiadora e apaixonante, mas requer muita


dedicação, trabalho e organização. Aos iniciantes: quanto mais se dedicarem
e trabalharem, mais rapidamente terão controle da unidade e dos serviços em
geral. Nunca se esqueçam, delegação não se delega!

FONTE: Adaptado de TOBIAS, R. Serventias extrajudiciais: administração, recursos


humanos e gerenciamento econômico-financeiro. 2013 Disponível em: https://
cartorios.org/2013/06/10/serventias-extrajudiciais-administracao-recursos-humanos-e-
gerenciamento-economico-financeiro/. Acesso em: 19 out. 2020.

91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Todo negócio é avaliado conforme os resultados que ele gera.

• Os cartórios devem buscar a eficiência e o atingimento de resultados positivos


para ele e para a sociedade.

• Não existe uma regra definida para a definição da estrutura organizacional de


um cartório, mas este tem que obedecer aos preceitos legais e da boa prática,
que, se seguidos, ajudam no fluxo de trabalho do cartório e em sua eficiência.

• Os cartórios precisam desenvolver a equação:

ESTRUTURA FISICA
+
PESSOAS
+
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (HARDWARE +SOFTWARE)
+
BIBLIOTECA (ARQUIVO DE LIVROS NOTARIAIS)

• A organização de um ambiente de trabalho em um cartório notarial e de


registro precisa atender quesitos técnicos importantes, como vistoria de corpo
de bombeiros, ambiente confortável para clientes e funcionários, segurança etc.

• O layout e uma infraestrutura adequada aumenta a produtividade do cartório.

• A estrutura de funcionários de um cartório, precisa atender ao volume e fluxo


de serviços que o cartório atende e ao número de pessoas a serem atendidas de
forma confortável e sem geração de longas filas.

• Um dos principais focos de trabalho dos gestores de cartório está em dois


focos primordiais que precisam ser trabalhados no dia a dia com a equipe de
trabalho, os quais são:
◦ Treinamento em atualizações legais da profissão.
◦ Treinamento em atendimento.

92
• Os principais pontos a serem trabalhados em gestão de pessoas são:
◦ Liderança.
◦ Empatia.
◦ Trabalho em equipe.
◦ Equipe motivada.
◦ Resiliência.
◦ Treinamento.
◦ Política de cargos e salários.
◦ Ambiente de trabalho.
◦ Ação da gerência etc.

• Devido à evolução tecnológica, os gestores precisam modernizar constantemente


os hardwares e softwares dos cartórios.

93
AUTOATIVIDADE

1 O Brasil é um país muito grande e com particularidades regionais, o que


tem influenciado as estruturas físicas dos cartórios de forma gritante.
Temos cartórios enormes, com uma estrutura física exemplar, mas em
contrapartida, temos cartórios instalados em navios singrando o rio
Amazonas. Com relação à estrutura física dos cartórios notariais e de
registro, analise as sentenças a seguir:

I- A estrutura física de um cartório deve ser adequada à realidade local,


considerando características regionais e de atendimento a sua população.
II- A estrutura física dos cartórios em todo o Brasil devem ser padrões e ter
uma área útil de 550 metros quadrados.
III- Um layout funcional e adequado ao volume de atendimento e ao número
de funcionários do cartório é desejado e deve ser considerado no momento
de instalação de um cartório ou de sua reforma.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I e III estão corretas.

2 Um dos principais elementos a serem considerados pela gestão do cartório


são as pessoas, ou seja, os seus funcionários, pois são o elo principal para
o bom atendimento dos clientes e são os responsáveis pelos resultados
atingidos pelo cartório. Com relação aos principais pontos a serem
trabalhados em gestão de pessoas, analise as sentenças a seguir:

I- Liderança, empatia e trabalho em equipe.


II- Resiliência, treinamento e política de cargos e salários.
III- Equipe motivada, ambiente de trabalho e ação da gerência.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

94
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, quando falamos da responsabilidade do serviço notarial,
surgem diversos quesitos legais que precisamos levar em consideração, que vão
desde as questões da delegação para o exercício, assim como questões ligadas a
incompatibilidades e impedimentos legais ou a questionamentos mais recentes
relacionadas à LGPD (Lei Geral de Proteção dos Dados), até a atuação dos cartórios
de uma forma em geral na prevenção à corrupção e à lavagem de dinheiro.

Atualmente, a responsabilidade dos cartórios vai muito além de serviços


notariais e de registro, que eram referência na antiguidade.

FIGURA 6 – REGISTROS ANTIGOS DE TABELIONATOS

FONTE: <http://s2.glbimg.com/PnVRW2HiGbrQkhM-BAScs5A2tcs=/e.glbimg.com/og/ed/f/
original/2015/12/01/sp_1.png>. Acesso em: 20 out. 2020.

A responsabilidade civil e penal dos profissionais notariais e de registro


está ligada diretamente a uma nova visão de responsabilidade e ética, que vem
sendo desenvolvida pelo poder executivo, legislativo e judiciário.

A modernização dos cartórios está associada à evolução tecnológica,


principalmente da área de TI, fato este que também está trazendo novas
responsabilidade aos notariais e profissionais de registro junto da sociedade.

95
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

NOTA

Prezado acadêmico, como já temos exposto neste caderno de estudos, tudo


que é ligado às questões notariais e de registro está relacionado à legislação e o apoio
jurídico que o profissional desta área presta à comunidade. Assim, a responsabilização civil
e penal do notarial e profissional de registro está associada à boa orientação e prestação
de serviço à comunidade.

FIGURA – PARCERIA DO NOTARIAL COM A SOCIEDADE

FONTE: <https://parceirolegal.fcmlaw.com.br/wp-content/uploads/sites/2/2017/03/
elementos-contrato-social.png>. Acesso em: 10 dez. 2020.

Agora, vamos conhecer mais sobre a responsabilidade dos notariais e


profissionais de registro, conhecendo algumas leis relacionadas ao tema e a sua
influência na prestação de serviço notarial e de registro.

2 DAS RESPONSABILIDADES LEGAIS


Antes de começarmos a trabalhar as questões ligadas às responsabilidades
legais dos notariais e profissionais de registro, precisamos saber o que pode levar
a incompatibilidades e impedimentos em sua atuação. Vamos às análises!

96
TÓPICO 2 — A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL

2.1 DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS


Vamos iniciar analisando as questões relativas à incompatibilidade de
atuação dos notariais e profissionais de registro.

Podemos entender incompatibilidade, conforme Sarsur (2004, s.p.),


como sendo:

A impossibilidade do exercício da atividade notarial e de registro com


o exercício de outra atividade, ante a contrariedade existente entre
elas. O impedimento, em que o notário e o registrador continuam na
sua função, mas não podem praticar determinados atos, próprios da
sua atividade. Por fim, a não acumulatividade dos seus serviços com
outros da mesma natureza.

Com relação à terminologia impedimento, temos expressado em Diniz


(1998, p. 767 apud SANSUR, 2004, s.p.):

Impedimento, na linguagem jurídica, em geral significa:


a) limitação à liberdade de agir no início ou no desenvolvimento
de alguma atividade funcional (BENTO DE FARIA E PAULO
MATOS PEIXOTO);
b) aquilo que impede ou proíbe a prática de certos atos jurídicos;
c) obstáculo;
d) oposição legal, moral ou física que venha a tolher a execução de um ato.
No Direito administrativo:
a) impossibilidade material ou jurídica que impede o funcionário
público de exercer suas funções;
b) afastamento de funcionário público do cargo por licença, férias,
moléstia, incompetência, suspeição etc.”.

Assim, temos, na Lei nᵒ 8.935/1994 (Lei do Cartório/Notarial), sobre


incompatibilidades e impedimentos:

CAPÍTULO IV
Das Incompatibilidades e dos Impedimentos
Art. 25. O exercício da atividade notarial e de registro é incompatível
com o da advocacia, o da intermediação de seus serviços ou o de
qualquer cargo, emprego ou função pública, ainda que em comissão.
§ 1ᵒ (Vetado).
§ 2ᵒ A diplomação, na hipótese de mandato eletivo, e a posse, nos demais
casos, implicará no afastamento da atividade. (Vide ADIN 1531)
Art. 26. Não são acumuláveis os serviços enumerados no Art. 5ᵒ.
Parágrafo único. Poderão, contudo, ser acumulados nos Municípios
que não comportarem, em razão do volume dos serviços ou da receita,
a instalação de mais de um dos serviços.
Art. 27. No serviço de que é titular, o notário e o registrador não
poderão praticar, pessoalmente, qualquer ato de seu interesse, ou de
interesse de seu cônjuge ou de parentes, na linha reta, ou na colateral,
consanguíneos ou afins, até o terceiro grau.

97
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Os Arts. 25 a 27 da Lei dos Cartórios é bem clara sobre os impedimentos a


uma segunda função pública, sobre o exercício da advocacia (não sendo permitido)
e sobre prática pessoal de qualquer ato de seu interesse, ou de interesse de seu
cônjuge ou de parentes, na linha reta ou na colateral, consanguíneos ou afins, até
o terceiro grau.

DICAS

Prezado acadêmico, queremos deixar a dica de leitura do artigo 13ᵒ Encontro


dos Notários e Registradores de Minas Gerais - Incompatibilidades e impedimentos dos
notários e registradores de Telma Lúcia Sarsur (2004), que trata desse assunto e está
disponível no link: https://www.irib.org.br/boletins/detalhes/2639.

Sugerimos ainda a leitura do seguinte artigo A vedação de acumulação de cargo


público com a função de serventia em cartório de Rogério Tadeu Romano, que trata sobre
a decisão do ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relacionado
ao tema (caso real). Disponível em: https://jus.com.br/artigos/68843/a-vedacao-de-
acumulacao-de-cargo-publico-com-a-funcao-de-seventia-em-cartorio.

2.2 DAS RESPONSABILIDADES CIVIS


A responsabilidade civil dos cartórios é identificada na Carta Magna
do País, quando lemos em seu Art. 236 que os serviços notariais e de registro
são, antes de mais nada, exercidos em caráter privado, por meio de delegação
da Administração Pública, logo, são de responsabilidade pública (do governo/
administração pública) os atos cometidos pelos cartórios, inclusive os atos ilícitos.

Quando falamos da responsabilidade civil, estamos falando da obrigação


de indenizar o prejudicado devido ao ato ilícito praticado com objetivo de
recomposição patrimonial da vítima.

Assim, temos, na Constituição Federal (1988), o Art. 37, § 6ᵒ o qual descreve:


“§ 6ᵒ As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa”.

Verificamos que o Art. 37, § 6ᵒ da Constituição Federal nos remete à


responsabilidade civil para o Estado quando seus agentes provocam danos ou
tenham causado prejuízos a terceiros, e temos a responsabilidade objetiva do
Estado sobre estes atos e o lesionado terá se provado o dolo ou culpa dos agentes
o direito de regresso do ato.

98
TÓPICO 2 — A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL

Temos ainda a regulamentação da Lei nᵒ 8.935/1994, quando, em seu Art.


22, descreve:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis


por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo,
pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que
autorizarem, assegurado o direito de regresso. (Redação dada pela Lei
nᵒ 13.286, de 2016).
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação
civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial.
(Redação dada pela Lei nᵒ 13.286, de 2016).
Art. 23. A responsabilidade civil independe da criminal.

Conforme apresentado no Art. 22, os notários e os oficiais de registro


responderão pelos danos que eles e seus prepostos gerarem a terceiros através de
atos próprios, assegurando aos prejudicados o direito de regresso do ato quando
provado o dolo ou culpa.

NTE
INTERESSA

Prezado acadêmico, queremos apresentar um trecho de artigo Responsabilidade


civil dos notários e dos registradores, publicado sobre o tema de responsabilidade civil dos
cartórios no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios:

2- [...] a responsabilidade civil dos notários e registradores é subjetiva, nos termos da lei
especial que regulamenta o Art. 236 da Constituição Federal (Art. 22 da Lei nᵒ 8.935/94).
3- A falha na prestação do serviço decorreu da negligência na conduta de realizar o
reconhecimento de firma com fundamento em substabelecimento cuja revogação
foi lavrada naquele próprio cartório. Os serviços notariais são dotados de fé pública
e requerem que a atividade seja prestada com o devido zelo, atentando-se para a
regularidade das formalidades necessárias.
4- Há nexo de causalidade entre a conduta negligente do réu e a ocorrência de alguns dos
danos materiais alegados pela autora [...]”.

Acórdão 1213391, 07071949320188070006, Relator: ARQUIBALDO CARNEIRO PORTELA, 6ᵃ


Turma Cível, data de julgamento: 30/10/2019, publicado no DJE: 19/11/2019.

Trecho de acórdão

Os serviços notariais e de registro são serviços públicos, exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público (Art. 236 da CF).

O tabelião, a quem foram conferidos os poderes e possui conhecimentos técnicos para


verificar a veracidade das assinaturas, responde pelos danos que, nesta qualidade, causar a
terceiros, especialmente no caso reconhecimento indevido de firma falsificada.

Essa responsabilidade possui assento tanto legal (Art. 22 da Lei nᵒ 8.935/1994) quanto
constitucional (Arts. 37, § 6ᵒ e 236).

99
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Em se tratando de atividade cartorária exercida à luz do Art. 236 da Constituição Federal, a


responsabilidade do tabelião é objetiva, no que assume posição semelhante à das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos – § 6ᵒ do Art. 37 da Constituição
Federal (STF. RE 201595).

Eis a previsão do texto constitucional:

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação
do Poder Público.
§ 1ᵒ Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos
oficiais de registro e de seus prepostos e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

Art. 37. [...]


§ 6ᵒ As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

No mesmo sentido, o Art. 22 da Lei nᵒ 8.935/1994, dispunha que os notários e oficiais


de registro responderão pelos danos que eles e seus prepostos causem a terceiros na
prática de atos próprios da serventia, não havendo qualquer exigência acerca do elemento
subjetivo (dolo ou culpa) para fins de responsabilização:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro responderão pelos danos que eles e seus prepostos
causem a terceiros, na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros o
direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos

Somente com o advento da Lei nᵒ 13.286/2016, que alterou a redação do Art. 22 da Lei nᵒ
8.935/1994, é que a responsabilidade civil dos notários e registradores passou a ser subjetiva:

Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos
que causarem a terceiros, por culpa ou dolo pessoalmente, pelos substitutos que designarem
ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso.

Acórdão 1067040, 20120110904156APC, Relator: MARIA IVATÔNIA, 5ᵃ Turma Cível, data de


julgamento: 13/12/2017, publicado no DJE: 23/1/2018.
Repercussão geral

Tema 777/STF – tese firmada: “O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães
e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem danos a terceiros,
assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena
de improbidade administrativa”. RE 842846/SC

NOTA: Trouxemos essa leitura para você ver que, apesar de termos uma legislação
consistente, temos muitos casos que são judicializados e seguem as instâncias superiores
para serem dirimidas dúvidas sobre a sua aplicação, e aqui neste texto temos algumas
consolidações legais para o seu conhecimento.

FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-temas/
jurisprudencia-em-detalhes/responsabilidade-civil/responsabilidade-civil-de-tabelioes-e-
registradores-oficiais>. Acesso em: 21 out 2020.

100
TÓPICO 2 — A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL

3 DA RESPONSABILIDADE PENAL (CRIMINAL)


A responsabilidade penal dos cartórios está relacionada ao indivíduo
tabelião que praticou o ato infracional, pois a pena deve ser aplicada à pessoa,
conforme a legislação, pois a instituição cartorial não comete crime, mas sim a
pessoa que assume a função.

A responsabilidade titular do ius puniendi, que significa “o direito de


punir”, é um direito do Estado de punir os indivíduos que violam as normas
penais, aplicando-lhes sanções definidas em leis com a finalidade de proteger a
sociedade de atos criminosos.

DICAS

Prezado acadêmico, vamos deixar a dica de dois artigos que desenvolvem


o tema da responsabilidade penal dos cartórios para sua leitura, os quais estão
disponíveis em:

Responsabilidade civil e penal dos notários e registradores


Autor: Alessandro Marques de Siqueira
Ano: 2010
Link: https://www.boletimjuridico.com.br/artigos/direito-notarial-e-registral/2100/responsabilidade-
civil-penal-notarios-registradores-

Notários e oficiais de registro: sua responsabilidade civil e penal


Autor: Portal Âmbito Jurídico
Ano: 2011
Link: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/notarios-e-oficiais-de-
registro-sua-responsabilidade-civil-e-criminal/

A responsabilidade penal dos notários e registradores está expressa na Lei nᵒ


8.935/94, em seus Art. 23 e 24. O Art. 23 já conhecemos anteriormente e disciplina
que a responsabilidade civil atua de forma independe da responsabilidade
criminal, pois a civil pleiteia ressarcimento, enquanto a penal pleiteia a punição,
inclusive com possibilidade de prisão.

Falando um pouco mais sobre o Art. 23 da Lei nᵒ 8.935/1994 pode-se


observar que essa supracitada regra também está explicitada no Art. 935 do Código
Civil (2002), conforme você pode ver a seguir: “Art. 935. A responsabilidade civil é
independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do
fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas
no juízo criminal”.

101
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

O Art. 23 da Lei do Cartório e o Art. 935 do Código Civil deixam claro


que as ações são independentes nas esferas civil e na esfera penal, e mesmo que
o indivíduo não seja responsabilizado criminalmente, ele poderá, na esfera civil,
ser responsabilizado visando à indenização pelos danos que causou.

No Art. 24 da Lei do Cartório, temos a questão penal dos cartoriais e


registral: “Art. 24. A responsabilidade criminal será individualizada, aplicando-
se, no que couber, a legislação relativa aos crimes contra a administração pública.
Parágrafo único. A individualização prevista no caput não exime os notários e os
oficiais de registro de sua responsabilidade civil” (BRASIL, 1994).

Assim, temos que a responsabilidade criminal será individualizada,


levando-se em consideração a legislação relativa aos crimes contra a administração
pública e apresentados nos Art. 312-327 do Código Penal Brasileiro.

DICAS

Prezado acadêmico, sugerimos a leitura dos Arts. 312 a 327 do Código Penal
brasileiro, para que você conheça mais sobre:

TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
EM GERAL

FONTE: BRASIL. Decreto-Lei nᵒ 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm.
Acesso em: 22 out. 2020

Conforme já discutimos anteriormente, os titulares das atividades


notariais e registrais são equiparados à condição de servidor público, mesmo não
recebendo seus proventos do Estado, pois eles são delegados pelo Estado para
desenvolver uma função pública através de atividade privatizada.

Vale ressaltar que a responsabilidade dos cartórios em âmbito penal é


subjetiva e está intrínseca ao ato infracional do profissional que está exercendo
suas funções laborais no tabelionato. Neste sentido, a punição pela prática
indevida se restringe somente ao referido profissional e não ao tabelionato em si,
pois o Tabelionato possui a responsabilidade Objetiva, sendo que é o ser humano
que comete crime e não a instituição (CNPJ). Assim, a pena sobre o ato deve estar
em consonância com a legislação brasileira (Código Penal e afins).

102
TÓPICO 2 — A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL

DICAS

Prezado acadêmico, um ponto que ainda está em discussão jurídica é a questão


do Código de Defesa do Consumidor (CDC) com relação aos cartórios notariais e de registro.
Como ainda não se tem uma unanimidade sobre o tema, não delongaremos mais sobre o
assunto, porém, deixamos um artigo para você buscar na internet sobre o tema:

FIGURA – CDC E O NOTÁRIO

FONTE: <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/publications/
artigos/images/cdc1477351208.jpg>. Acesso em: 10 dez. 2020.

Considerações sobre a aplicação do CDC na atividade de notários e/ou registrador na


ordem jurídica brasileira contemporânea
Autora: Gisele Leite
Ano: 2020
Link: https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/consideracoes-sobre-a-aplicacao-do-
cdc-na-atividade-de-notarios-eou-registrador-na-ordem-juridica-brasileira-contemporanea.

Apesar de termos abordado a responsabilidade civil e penal do notarial


e registral, trazendo alguns quesitos legais, você verá que existem muito mais
leis que podem ser arguidas sobre o tema e não temos o interesse de eximir,
aqui, todas as vertentes, pois necessitariam alguns volumes de literatura para
trazermos tais informações.

103
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

RESPONSABILIDADE PENAL E CIVIL DO DELEGATÁRIO E AS


FUNÇÕES DO TABELIÃO

Aquele que sofre dano pela prática de ato ilícito realizada pelo
Delegatário ou seus serventuários deverá comunicar o ato à Corregedoria do
Estado competente, que irá formar uma Comissão de Julgadores, responsável
por apreciar os fatos e impor as sanções respectivas.

O processo administrativo disciplinar deve ser regido pelas normas


do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, Lei nᵒ
10.261/1968.

De acordo com a jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo,


compete ao Poder Judiciário verificar se a punição aplicada pela Corregedoria
é legal, devendo ser confirmada, ou se é ilegal, devendo ser anulada.

O controle jurisdicional do ato administrativo deve se pautar pela


verificação do respeito aos parâmetros de legitimidade e legalidade, não
cabendo ao judiciário pronunciar-se sobre o mérito administrativo, ou seja,
sobre a conveniência, oportunidade, eficiência ou justiça do ato, porque, se
assim agisse, estaria emitindo pronunciamento de administração, e não de
jurisdição judicial.

Os delegatários e seus serventuários responderão na medida de sua


responsabilidade, a saber:

A responsabilidade no âmbito penal

Segundo o Art. 327 do Código Penal, o delegatário é considerado


funcionário público para efeitos penais, podendo, dessa forma, incidir nos
crimes contra a Administração Pública. A título de exemplo, encontramos, no
Art. 300 do CP, a previsão de pena de um a cinco anos de reclusão adicionada
de multa pelo ato de falso reconhecimento de firma, se o documento for
público ou, caso o documento seja particular, a pena pode chegar a até três
anos de reclusão mais multa.

Já as penas previstas no Art. 92, I e Parágrafo único, do mesmo Código,


refletem o efeito extrapenal secundário da condenação, qual seja, a perda do
cargo ou função pública. Assim, o delegatário que cometer infração penal pode
perder a delegação, como efeito secundário da sentença penal, sendo que esta
deve ser declarada e motivada na decisão.

Em síntese, caso haja algum dano ao usuário do serviço notarial ou


registral, e, estando a conduta prevista na lei penal, o delegatário responde
criminalmente. Ressalta-se que a pena tem que ser individualizada, em respeito
ao Art. 5ᵒ, XLV e XLVI, da Constituição, e ao Art. 24 da Lei nᵒ 8.935/1994.

104
TÓPICO 2 — A RESPONSABILIDADE DO SERVIÇO NOTARIAL

A Responsabilidade no Âmbito Civil

A responsabilidade civil do delegatário é objetiva, nos termos do


Art. 22 da Lei nᵒ 8.935/1994, devendo responder pelos danos que causar
ou que seus prepostos causarem a terceiros por atos próprios da serventia,
independentemente de culpa.

Ressalta-se que a responsabilidade de seus serventuários será subjetiva,


cabendo ao delegatário a obrigação de provar a culpa deles em uma possível
ação de regresso.

O fato de exercer função de natureza pública, como se fosse o próprio


Estado, impõe ao delegatário o ônus de responder nos mesmos moldes que
caberia à Administração Pública, ou seja, de forma objetiva.

Caso o delegatário seja insolvente ou tenha havido falha na fiscalização,


cabe a responsabilidade objetiva solidária do Estado com relação aos atos
praticados pelo agente, desde que provada a culpa deste, já que não se pode
penalizar a vítima em razão do Estado ter escolhido mal seu preposto, em
observância ao Art. 37, § 6ᵒ, da Constituição Federal.

A função do Tabelião de Notas

A função do Tabelião de Notas é exercida pelo notário ou tabelião


quando esta assessora ou aconselha juridicamente as partes, atuando como
intermediador nos negócios jurídicos que são realizados.

Esse direcionamento jurídico da vontade das partes tem por objetivo


proporcionar-lhes segurança jurídica.

Salienta-se que a função do notário não se resume apenas em


instrumentalizar e autenticar documentos, afinal, no exercício de suas funções,
ele desempenha o papel importantíssimo de orientador, assessor e conselheiro
das partes que o procuram para a formalização de um negócio jurídico.

Além disso, o tabelião, por ser um profissional de direito, presta um


serviço de fundamental relevância social ao captar a real vontade das partes e
elaborar um documento em consonância com o ordenamento jurídico.

O notário deve, ainda, compor a mediação entre as partes de maneira


imparcial, mantendo o equilíbrio nas relações entre elas, sendo o principal
princípio norteador dessa função a segurança jurídica das relações jurídicas
entre as partes em conformidade com o ordenamento jurídico.

105
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Nesse sentido, observa-se que o objeto do direito notarial recai tão


somente sobre direitos subjetivos das partes, que representam a prerrogativa
ou a faculdade que os indivíduos têm de utilizar certos direitos concedidos aos
particulares pelo ordenamento jurídico.

FONTE: Adaptado de EDELSTEIN, A. Responsabilidade penal e civil do delegatário e


as funções do tabelião. 2016. Disponível em: https://alanedelstein.jusbrasil.com.br/arti-
gos/395566645/responsabilidade-penal-e-civil-do-delegatario-e-as-funcoes-do-tabeliao.
Acesso em: 22 out. 2020.

106
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A responsabilidade dos cartórios atualmente vai além dos serviços notariais e


de registro que eram referência no passado.

• Incompatibilidade é a impossibilidade do exercício da atividade notarial e de


registro com o exercício em paralelo de outra atividade, ante a contrariedade
existente entre elas.

• O impedimento ao notário e o registrador definem não poder praticar


determinados atos, próprios da sua atividade.

• O exercício da atividade notarial e de registro é incompatível com o da advocacia.

• O notário e o registrador não poderão praticar, pessoalmente, qualquer ato de


seu interesse, ou de interesse de seu cônjuge ou de parentes, na linha reta, ou
na colateral, consanguíneos ou afins, até o terceiro grau.

• A responsabilidade civil pleiteia ressarcimento pelo ato.

• A responsabilidade penal pleiteia a punição, inclusive com possibilidade de prisão.

• A Carta Magna do País, em seu Art. 236, descreve que os serviços notariais e de
registro são, inicialmente, exercidos em caráter privado, por meio de delegação da
Administração Pública, e de responsabilidade pública (do governo/administração
pública) pelos atos cometidos pelos cartórios, inclusive os atos ilícitos.

• A responsabilidade civil referente à obrigação de indenizar o prejudicado, devido


ao ato ilícito praticado, tem o objetivo de recomposição patrimonial da vítima.

• A responsabilidade civil do cartório é independe da criminal.

• Lus puniendi significa “o direito de punir”.

• A responsabilidade criminal será individualizada ao notarial e ao profissional


de registro, aplicando-se, no que couber, a legislação relativa aos crimes contra
a administração pública.

107
AUTOATIVIDADE

1 As questões legais sobre os cartórios notariais e de registro são relacionadas


aos atos dos profissionais tabeliães ou aos seus auxiliares e, por isso,
devem ser acompanhadas meticulosamente pelos responsáveis, que são os
delegados pelo Estado. Com relação aos cartórios e seus profissionais que
apresenta um fundamento legal, conforme a Lei nᵒ 8935/1994, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) A responsabilidade civil do cartório independe da criminal.


b) ( ) A responsabilidade civil do cartório depende da responsabilidade
criminal.
c) ( ) Sempre que ocorrer responsabilidade civil do cartório deverá ocorrer a
reponsabilidade criminal.
d) ( ) A responsabilidade criminal será vinculada ao cartório e não a pessoa.

2 A responsabilidade civil dos cartórios, conforme a Constituição Federal


(1988), descreve em seu Art. 236 que os serviços notariais e de registro são,
antes de mais nada, exercidos em caráter privado, através da delegação
da Administração Pública e, por conseguinte, assume-se responsabilidade
pelo poder público dos atos cometidos por eles, inclusive os atos ilícitos.
Sobre as questões judiciais com relação aos cartórios notariais e de registro,
analise as sentenças a seguir:

I- A responsabilidade criminal do notarial e do oficial de registro será


individualizada, aplicando-se, no que couber, a legislação relativa aos
crimes contra a administração pública.
II- Quando falamos da responsabilidade civil dos cartórios, estamos falando
da obrigação de indenizar o prejudicado devido ao ato ilícito praticado
com objetivo de recomposição patrimonial da vítima.
III- A responsabilidade civil do cartório está ligada à questão do profissional
Notarial e o oficial de registro cumprir pena, inclusive de cárcere privado,
referente ao ato culposo que ele executou.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

108
3 A incompatibilidade de atividade notarial e registral pode ser entendida
como sendo a impossibilidade do exercício da atividade notarial e de
registro com o exercício em paralelo de outra atividade, ante a contrariedade
existente entre elas. Assinale a alternativa INCORRETA que apresenta um
fundamento legal com relação aos cartórios e seus profissionais relacionados
à incompatibilidade ou impedimento:

a) ( ) O notário e o registrador poderão praticar os atos para que foram delegados


para todas as pessoas da comunidade, inclusive cônjuge e parentes.
b) ( ) O exercício da atividade notarial e de registro é incompatível com o da
advocacia, o da intermediação de seus serviços ou o de qualquer cargo,
emprego ou função públicos, ainda que em comissão.
c) ( ) No serviço de que é titular, o notário e o registrador não poderão
praticar, pessoalmente, qualquer ato de seu interesse, ou de interesse
de seu cônjuge.
d) ( ) No serviço de que é titular, o notário e o registrador não poderão
praticar, pessoalmente, qualquer ato de interesse de parentes, na linha
reta, ou na colateral, consanguíneos ou afins, até o terceiro grau.

109
110
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

1 INTRODUÇÃO
Vimos diversas transformações ocorrendo na sociedade, nas organizações
e no Estado. Estamos vivenciando transformações culturais muito grandes,
principalmente devido ao advento da internet e dos smartphones, gerando um
salto enorme em todas as áreas causado pela Tecnologia de Informação (TI), como
já descrevemos anteriormente.

Quando falamos, no Tópico 1, de gestão da estrutura, focamos os quesitos


estruturais, ou seja, a infraestrutura física, falamos sobre pessoas, sobre TI e
do arquivamento e segurança dos livros notariais, mas não falamos da gestão
propriamente em si, sobre a geração de resultados e sobre o planejamento
estratégico do negócio, estes serão os focos de estudo que abordaremos agora:
uma visão administrativa do cartório.

Não falaremos de operação por operação, mas uma visão macro dos
principais pontos que influenciam os resultados esperados para o cartório.
Como esse tema é muito abrangente e com vasta literatura, deixaremos
também a indicação de bons livros para o seu aprimoramento sobre o tema
administração e gestão.

FIGURA 7 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

FONTE: <http://www.singularway.com/courses/criacao-de-empresas-e-financas-angolanas/>.
Acesso em: 10 dez. 2020.

111
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Sempre que falarmos de gestão em um cartório, precisamos entender


que estamos falando de uma delegação pública e que precisa também obedecer
aos quesitos da administração pública para não infringir as questões legais
impostas a ele.

Atualmente, quando falamos em gestão de cartórios, além da TI, pessoas


e questões legais, temos mais um elemento que os cartórios contam para seu apoio
organizacional e de gestão, que é a norma ISO, a qual estudaremos seus principais
pontos de influência na gestão cartorial a seguir.

FIGURA 8 – NORMA ISO PARA CARTÓRIOS

FONTE: <http://maferengenharia.com.br/wp-content/uploads/2018/07/iso-45001.png>.
Acesso em: 23 out. 2020.

A implantação da norma ISO/ABNT 15.906:2010 foi um grande marco


organizacional aos cartórios, permitindo uma estrutura mais organizada e com
foco em resultados.

Vamos, agora, aprofundar o estudo dos temas deste tópico.

2 PLANEJAMENTO E GESTÃO DE UMA ESTRUTURA


NOTARIAL
Atualmente, quando falamos de administração, falamos de gestão
inteligente, de resultados, de ambientes em que as pessoas se sentem bem para
trabalhar e que os clientes sejam bem atendidos.

Vamos conhecer alguns conceitos relacionados à gestão:

112
TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

• Administração: conforme Drucker (2002), podemos entender administração


como sendo um processo operacional em que buscamos desenvolver as
funções de planejar, organizar, direcionar, controlar (medir) e formar pessoas
em um ambiente empresarial ou público. Claro que esse conceito vai além dos
ambientes empresariais, pois precisamos administrar em todos os momentos,
nas mais diversas situações. Exemplo: administrar conflitos, administrar
orçamento doméstico, administrar equipes, administrar projetos etc.
• Gestão: Drucker (2002) descreve gestão como sendo o ato de administrar os
recursos disponíveis de modo eficaz para atingimento das metas estipuladas.
• Resultados: conforme o dicionário Dicio (2020, s.p.), resultado é uma
“consequência; aquilo que resulta de alguma coisa; o efeito de uma ação; a
finalização de um problema. Solução; o que se faz com o intuito de resolver
alguma coisa”.

Pelo conceito citado, podemos definir resultado como sendo a


consequência de uma ação, assim, temos resultados positivos, resultados
negativos, valores associados a uma ação, melhorias executadas, erros como
resultados de ações etc.

Tudo é resultado por algo que fizemos ou por algo que não fizemos.

DICAS

Prezado acadêmico, atualmente, na administração, temos tratado o assunto


“resultados” na gestão moderna como KPI, ou seja, Key Performance Indicator, ou em
português os Indicadores-Chave de Desempenho ou Sucesso.

Para você aprender mais sobre os KPIs, trouxemos um pequeno texto, extraído de
Endeavor para a sua leitura:

[...]

O que é exatamente KPI?

KPI é a sigla em inglês para Key Performance Indicator ou os famosos Indicadores-


Chave de Desempenho.

Também conhecidos como KSI, Key Success Indicator, KPIs são nada mais
nada menos que as métricas que você eleger como essenciais para avaliar um processo
de sua gestão.

São os indicadores que você, como gestor, definirá para acompanhar a evolução
das operações, evitando se perder em meio a uma quantidade absurda de relatórios e
dados que não levam a lugar algum. É por meio dela que você manterá o foco para ir atrás
das metas.

113
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Trata-se também de uma técnica de gestão que facilita a transmissão da visão e da missão
de uma empresa aos funcionários que não estão em cargos elevados. Afinal, ao estabelecer
e compartilhar os que vão medir o sucesso de um processo, você deixa claro para toda
a equipe o que realmente importa na administração. Por exemplo: presuma que o seu
negócio seja um cursinho para vestibular. Então, um KPI poderia ser a porcentagem de
alunos aprovados em universidades de renome, certo? Ou, se você tem um e-commerce
de cosméticos: poderia ser o número de acessos ao site que de fato se convertem em
vendas, correto?

Como posso aplicar os KPIs na prática?

De acordo com este artigo sobre indicadores de desempenho, existem algumas


categorias diferentes de KPIs. Entre elas, podemos citar as mais importantes:

• Os indicadores de produtividade: que podem estar relacionados à produtividade


hora/colaborador, hora/máquina. Ou seja, eles correspondem ao uso dos recursos da
empresa a partir da avaliação das entregas.
• Os indicadores de qualidade: caminham lado a lado com os indicadores de produtividade,
uma vez que ajudam a compreender qualquer desvio ou não conformidade ocorrida
durante um processo produtivo. Um exemplo pode ser considerado o nível de avarias
de um produto, no qual a quantidade de danos ocorridos durante um período é
comparada ao nível de aceitação estabelecido.
• Os indicadores de capacidade: os Key Performance Indicators medem a capacidade
de resposta de um processo. Podemos citar como exemplos a quantidade de produtos
que uma máquina consegue embalar durante um determinado período.
• Indicadores estratégicos: são aqueles que auxiliam na orientação de como a empresa
se encontra com relação aos objetivos que foram estabelecidos anteriormente. Eles
indicam e fornecem um comparativo de como está o cenário atual da empresa com
relação ao que deveria ser.

Todas essas categorias são igualmente relevantes. O que é preciso ter em mente
é que um KPI fornece a visão necessária para que você conheça os processos, e para que
consiga alinhá-los aos objetivos estabelecidos.

Recomendamos a leitura de artigo na íntegra, pois traz mais informações


importantes sobre KPI.

FONTE: Adaptado de ENDEAVOR Brasil. KPI: como medir o que importa no seu negócio.2019.
Disponível em: https://endeavor.org.br/estrategia-e-gestao/kpi/. Acesso em: 23 out. 2020.

• Planejamento Estratégico: conforme definido por Kotler (2012, p. 63),


“planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de
desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos
da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado”. Assim, temos que
o objetivo do planejamento estratégico visa servir como bússola para orientar
e reorientar os negócios.

Temos em uma visão realista que o planejamento não diz respeito a como
será o futuro, mas às decisões presentes que tomamos para escrever o futuro.

114
TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

Planejar não quer dizer acertar, mas sim planejar os caminhos aonde
queremos chegar, assim como a bússola não mostra o caminho para as
cidades, mas dá as orientações para decidirmos o caminho a seguir. Assim é o
planejamento estratégico (PE).

FIGURA 9 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO A BÚSSOLA DOS NEGÓCIOS

FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/bu/ss/bussola-0-cke.jpg>.
Acesso em: 10 dez. 2020.

NOTA

Prezado acadêmico, apesar de parecer um assunto muito teórico, a gestão


é bastante prática. O planejamento estratégico é prático, pois precisamos conhecer para
aplicar. Administrar é a chave do sucesso das empresas e negócios.

Então, o que precisamos fazer para administrar bem um cartório e sua


equipe, assim como ter KPIs adequados à instituição?

Aí entra a teoria que nós já estudamos até o momento, e assim começamos


com o que aprendemos bem lá no início da unidade, ou seja, o sucesso de
qualquer negócio começa com pessoas, então, o primeiro ponto a ser trabalhado
é ter e desenvolver uma equipe de trabalho de primeira linha concatenada com o
objetivo do negócio e com espírito de equipe.

Então, pessoas são o primeiro elemento importante e elas devem se ajustar


às necessidades e à equipe.

O que devemos fazer na sequência?

115
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Segundo o conceito de Drucker (2002), precisamos administrar, ou seja,


planejar, organizar, dirigir e controlar.

Precisamos aprender a planejar o nosso negócio, ou seja, o cartório,


com uma visão do que esperamos fazer e atingir no próximo ano ou dois anos,
precisamos nos organizar para atingir esses objetivos, assim como precisamos
dirigir, isto é, gerenciar as nossas ações e medir os resultados para não sairmos do
rumo traçado ou, se identificarmos algum desvio, fazermos os ajustes necessários
para conseguirmos atingir os objetivos estipulados. Em situações mais críticas,
redefinir os próprios objetivos para situações mais realistas.

NTE
INTERESSA

Prezado acadêmico, vamos apresentar um exemplo didático sobre revisão de


objetivo estratégico para um cartório.

O Cartório Dias Felizes elaborou um planejamento para o presente ano e um dos


objetivos estratégicos definidos foi equipar seus tabeliães e auxiliares com computadores
de última geração, com processadores tipo I5 da marca Intel de 9ª geração a um custo
estimado por estação de R$ 5.000,00, e que devem permitir um tempo de trabalho médio
de mais três anos.

No entanto, em junho foi lançado uma nova geração de computadores com


processadores I5 da marca Intel de 10ª geração a um custo estimado por estação de R$
5.500,00, porém, esse novo processador, além de ser mais ágil, tem uma vida útil média
estimada de quatro anos.

A decisão dos gestores foi utilizar a opção de compra do equipamento novo, pois
além de ter um custo de aquisição 10% maior, ele tem uma expectativa de uso de quatro
anos em vez de três da versão anterior, e por ser atual, permite que os softwares trabalhem
melhor na versão mais nova.

Assim, houve uma mudança estratégica da ação, mas o objetivo estratégico


permaneceu, ou seja, equipar seus tabeliães e auxiliares com computadores de última geração.

Como já descrevemos, a estratégia é a bússola, mas a decisão do caminho a


seguir é seu.

Atualmente, temos mais um aliado à gestão de cartórios, que são os


softwares específicos para gestão e desenvolvimento dos serviços notariais e de
registro, pois a maioria deles possuem um módulo de gestão e gestão financeira
que ajudam em muito aos notariais com informações para auxiliá-los na gestão
do seu negócio.

116
TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

DICAS

Prezado acadêmico, queremos indicar a leitura do artigo Gestão administrativa


e financeira nas serventias, disponível em:
https://www.cnbsp.org.br/__pag/Editoriais_CNBSP.php?act=preview&id=169.

A gestão é algo das pessoas, o perfil do gestor, da equipe, das condições


ambientais, financeiras, entre outros fatores, acrescidos por todas as questões
legais comuns aos notariais e oficiais de registro e mais as suas mudanças
constantes com novas leis, mudanças etc.

Apresentaremos, no Quadro 2, os passos para uma boa gestão do cartório,


conforme apresentada por Talita Caldas e Daniela Rissi (2019, s. p.):

QUADRO 2 – PASSOS PARA O BOM FUNCIONAMENTO DO CARTÓRIO

Comunicação com clareza: estabeleça seu objetivo (sua missão); comunique e reforce em todas as
reuniões com os funcionários. Trabalhe esse mesmo objetivo em diferentes áreas da serventia.
Outro fator que orienta a ação é a Norma de Conduta, já praticada em alguns cartórios. Ao
ter um “norte”, as pessoas tendem a focar no que precisa ser feito e sabem como se portar.
Planejamento com clareza: aproxime as pessoas dos planos e metas do titular. Nunca comece
uma reunião sem revisar a pauta da última reunião e verificar o que já foi feito ou o que está
ainda em andamento. Conhecer os passos da empresa ajuda na integração do desenvolvimento
do funcionário com o desenvolvimento do cartório. Os líderes da serventia (com atitude
positiva e inspiradora) ajudarão a manter a equipe unida, pois auxiliam a orientar e aproveitar
as potencialidades de cada um.
Tenha o histórico da organização no sistema: a gestão do tempo é tão importante quanto a
gestão das tarefas, das pessoas e seu registro. Ao manter o histórico do desenvolvimento da
organização é possível justificar ações com precisão, sem desmotivar um (ou alguns) por falta
de explicação. Por exemplo, quando um funcionário solicita um aumento, pelo sistema você
poderia saber:

a) Qual é o custo dele em relação ao faturamento total?


b) E em relação aos outros do departamento?
c) Os investimentos com ele no último ano condizem com a produtividade?
d) No último ano, o quanto já foi investido em recursos que ele precisou?

Tudo isso para orientar a decisão e justificar a recusa ou aceitação do reajuste salarial com base em
um controle financeiro efetivo e controlado;

117
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Observação contínua: o líder observador atua para manter a coesão e a motivação dos
funcionários. Ainda: é seu objetivo evitar potenciais conflitos que afetem a performance do
cartório. Bons resultados devem ser comemorados. O líder deve estar sempre vigilante e
observador para identificar funcionários vaidosos, desagregadores e que podem comprometer
a equipe, o ambiente e a produtividade. Ervas daninhas devem ser extirpadas no nascedouro.
Aqui, o timing e a atitude do líder fazem a diferença!
Investir na melhoria contínua: investir em treinamento e cobrar pelo investimento feito. O
caminho é identificar a necessidade, refletir nas possibilidades de aprimorar o treinamento
interno ou externo e então monitorar a evolução com frequência. O que vale para os funcionários
vale para os titulares: “não espere resultados diferentes se você faz diariamente tudo igual”.

FONTE: Adaptado de <https://www.cnbsp.org.br/__pag/Editoriais_CNBSP.


php?act=preview&id=169>. Acesso em: 23 out. 2020.

Uma das ferramentas que vieram para organizar as questões de organização e


gestão de cartório é a norma e certificação ISO/ABNT 15.906:2010, a qual trata sobre
a Gestão empresarial para serviços notariais e de registro – Requisitos.

3 ISO/ABNT 15.906:2010 E SISTEMA DE QUALIDADE EM


CARTÓRIO
Os cartórios modernos apresentam uma visão de gestão mais elaborada,
preocupando-se com o padrão de atendimento ao público e a qualidade dos
serviços prestados. Vamos conhecer mais sobre a norma e certificação ISO/ABNT
15.906:2010, a qual trata sobre a Gestão empresarial para serviços notariais e de
registro – Requisitos, e os sistemas de qualidade em cartórios.

3.1 ISO/ABNT 15.906:2010 - GESTÃO EMPRESARIAL


PARA SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO – REQUISITOS
A norma ISO/ABNT 15.906:2010 de gestão de cartório foi um grande
marco aos cartórios, instituindo um padrão de gestão e qualidade baseado na
excelência de resultados e atendimentos ao público.

NOTA

Prezado acadêmico, apesar de a norma trabalhar procedimentos e ferramentas


para o atingimento da excelência na prestação de serviços, os resultados a serem atingidos
ainda dependem do gestor e da sua equipe, pois uma norma é uma norma, e só as pessoas
é que conseguem fazer a ação e atingir aos resultados almejados.

118
TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

As principais seções apresentadas na ISO/ABNT 15.906: 2010 são:

1) Liderança 
• Estratégia.  
• Comunicação com as partes interessadas. 
• Responsabilidades e autoridades.

2) Planejamento estratégico e gestão de resultados


• Reuniões de planejamento.
• Indicadores de desempenho.
• Análise dos resultados de monitoramento. 

3) Foco nas partes interessadas

4) Foco na equipe de profissionais
• Desenvolvimento dos profissionais.
• Capacitação e treinamento.
• Incentivos ao conhecimento.
• Avaliação.

5) Gestão dos processos de prestação de serviços
• Instalações e ambiente de trabalho.
• Informatização e controle de dados.
• Informações aos usuários.

6) Gestão socioambiental
• Integração social.
• Integração ambiental.
• Saúde e segurança ocupacional.
• Avaliação.

Como vocês podem ver pelos pontos apresentados, estes seis pontos estão
concatenados ao que já estudamos, porém, agora, institucionalizados por uma norma.

Conforme apresentado pela ABNT (2020, s. p.):

A norma estabelece os requisitos de sistema de gestão empresarial


para demonstrar a capacidade dos serviços notariais e de registro de
gerir seus processos com qualidade, de forma a satisfazer as partes
interessadas, atender aos requisitos legais, elementos de gestão
socioambiental, saúde e segurança ocupacional.

Analisando a norma, podemos identificar benefícios na implementação


da norma ISO/ABNT 15.906:2010 (Gestão empresarial para serviços notariais e
de registro) e a posterior certificação dos cartórios trazem os seguintes benefícios
aos mesmos:

119
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

• Desenvolver a melhoria da qualidade no atendimento ao público.


• Trabalhar a melhoria contínua.
• Consolidação da imagem junto à comunidade.
• Alinhamento da norma com outros sistemas de gestão.
• Diferenciação do Cartório em um mercado competitivo etc.

DICAS

Prezado acadêmico, recomendamos a leitura da norma ISO/ABNT


15.906:2010: Gestão empresarial para serviços notariais e de registro – Requisitos para
aprofundar o seu conhecimento sobre o tema e sobre gestão de cartórios. Disponível em:
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=85885.

Verifica-se os cartórios que se certificaram no sistema da norma ISO/


ABNT 15.906:2010 têm melhorado a gestão e, principalmente, a qualidade de
atendimento gerado à sociedade. Vamos, agora, entender mais sobre a qualidade
em cartórios.

3.2 GESTÃO DA QUALIDADE EM CARTÓRIOS


O termo qualidade é bastante comum nas indústrias, e mais
recentemente, com o advento do Código de Defesa do Consumidor (CDC),
vimos também surgir o conceito de qualidade na prestação de serviço e
atendimento do cliente (Consumidor).

Esse conceito também tem sido trazido aos cartórios, trabalhando-se a


qualidade no atendimento pelos oficiais do cartório. Podemos afirmar que hoje é
fundamental aos cartórios possuírem um sistema de qualidade, com utilização de
ferramentas robustas, equipe e gestor comprometido com os resultados.

Assim, podemos definir Sistema de Qualidade como sendo um conjunto


de ferramentas e informações que visam desenvolver ações estratégicas, cujo foco
principal é atingir os KPIs estipulados e buscar atingir a excelência na qualidade
dos serviços prestados aos usuários.

Conforme Albuquerque (2017, s.p.), os principais problemas que temos


em um cartório são:

Atualmente, é muito comum grande parte do público estar insatisfeito

120
TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

com o atendimento e serviços prestados pelos cartórios de todo país.


Este cenário acontece em grande parte por:
• Tempo excessivo para atendimento do público.
• Processos lentos e desorganizados.
• Profissionais despreparados para prestar informação e serviços
ao público.
• Falta de informação visível sobre requisitos e políticas.
• Tecnologia ultrapassada ou falta de sistemas apropriados.
• Localização inadequada e difícil acessibilidade.
• Falta de segurança em caixas ou locais inadequados para
recebimento de dinheiro, entre outros.

Para solucionarmos esses problemas apresentados por Albuquerque


(2017), precisamos do envolvimento da gestão com um sistema de qualidade
robusto e que tenha como objetivo a sua solução.

Para Caldas e Rissi (2019, s.p.), com relação ao sistema de qualidade


em cartório:

No Sistema de Qualidade são definidas as diretrizes que devem ser


seguidas para uma perfeita implantação dessa política, a maioria
relacionada com o ciclo de melhoria contínua e com a execução de um
plano de ações, que são as ferramentas essenciais para esse objetivo.
O requisito primordial para que um Sistema de Qualidade funcione
bem é o constante gerenciamento, para que se assegure a continuidade
do sistema como um todo, e não como um processo separado, a ser
realizado antes de uma certificação.
Para isso, são necessários alguns fatores:
a) que o responsável adquira uma visão sistêmica de todo o sistema da
qualidade;
b) que haja o comprometimento contínuo do titular e dos colaboradores;
c) que um orçamento prévio seja separado para que a execução das
eventuais mudanças não esbarre no fator financeiro;
d) que a cultura da melhoria contínua faça parte da rotina da delegação.

Muitos cartórios buscam a melhoria em seus serviços e estão implantando


as certificações ISO/ABNT 9000 e ISO/ABNT 15.906:2010, que visam um padrão
de qualidade e de gestão.

DICAS

Prezado acadêmico, queremos recomendar a leitura de mais um artigo


interessante na área da qualidade:

Indicadores de qualidade e a qualidade total nos cartórios


Autor: Talita Caldas.
Ano: 2018
Link: https://tac7.com.br/2018/03/30/indicadores-de-desempenho-e-qualidade-total-nos-cartorios/.

121
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

O tema qualidade é muito extenso, havendo diversas literaturas específicas


sobre elas. Trouxemos este tema para você entender que também em cartórios é
um tópico recorrente e que tem um grande alcance e todas as técnicas utilizadas
em qualidade de forma geral também se aplicam em cartórios.

Ferramentas de qualidade como o Diagrama de Ishikawa (também


conhecido como diagrama de espinha de peixe), ferramenta 5W2H, Qualidade
Continua, Análise de processos, entre outras, também podem ser utilizadas para
a análise e desenvolvimento da qualidade nos cartórios.

DICAS

Prezado acadêmico, seguem mais duas dicas de material técnico sobre o tema:

Boas Práticas, 2018 – Disponível em: <https://www.anoreg.org.br/site/wp-content/uploads/2018/11/


Manual-PQTA-2018.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2021.

Gestão da qualidade nos registros públicos – Disponível em: <https://irib.org.br/files/palestra/


xliii-tema-09.pdf>. Acesso em: 12 jan. 202.

A qualidade na prestação de serviços dos cartórios é fundamental para


a sua sobrevivência no médio e longo prazo, não se esqueça de que o cartório
nada mais é do que uma delegação pública, a qual deve ser bem gerida e prestar
um bom serviço para a comunidade, e, para isso, os gestores do cartório devem
trabalhar para atingir estes objetivos.

122
TÓPICO 3 — GESTÃO DE UMA ESTRUTURA NOTARIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

QUALIDADE E AGILIDADE PARA CARTÓRIOS! OS BENEFÍCIOS


DA NORMA NBR 15.906

Para demonstrar a capacidade dos serviços notariais e de registro


de gerir seus processos com qualidade, foi estabelecida a norma ISO NBR
15.906:2010. Saiba mais sobre contribuições que a norma oferece para a área
de cartórios em nosso artigo!

Publicada em 2010 para que os serviços notariais ganhassem um modelo


de gestão profissionalizada, a ISO NBR 15.906 contribui para o aprimoramento,
agilidade e eficiência de acordo com modelos internacionais de referência.

Seu objetivo é promover atividades coordenadas de planejamento,


direção, controle e padronização de procedimentos. Para que os cartórios possam
gerir seus projetos com qualidade, satisfazendo seus clientes e atendendo aos
requisitos legais. Controlando também suas metas e objetivos, praticando a
gestão socioambiental, de saúde e segurança ocupacional. Dessa forma atingindo
a excelência na prestação de seus serviços.

Através da norma, o delegatório passa a ter a capacidade de ser o


principal agente formador de uma cultura organizacional. Possibilitando, assim,
a formação de hábitos e comportamentos que possam promover a excelência do
serviço prestado.

Planejamento e controle são essenciais

É necessário trazer resultados que evidenciem a missão e a visão do


cartório. Dessa forma, é possível oferecer um desenvolvimento e também
aprimoramento das qualidades pessoais e coletivas. Proporcionando a
participação democrática dos colaboradores na gestão, que partilha méritos e
satisfações. Atuando tanto internamente na satisfação dos funcionários, quanto
externamente na satisfação dos clientes.

Promove a adoção de boas práticas por gestores

O gestor precisa “focar no usuário” e sair de sua zona de conforto para


entender a percepção que o usuário tem sobre seu serviço, bem como coletar
reclamações e sugestões por meio de um canal aberto, um passo fundamental
nessa etapa.

123
UNIDADE 2 — ATIVIDADE NOTARIAL

Do mesmo modo, a norma possibilita aos gestores:

• Planejar e discutir o desempenho econômico do serviço.


• Controlar custos e gastos.
• Realimentar o sistema desenvolvendo metas e objetivos.
• Ampliar demandas de forma eficaz.
• Promover a competência da equipe zelando por sua saúde e segurança
ocupacional.
• Realizar programas de capacitação e treinamentos de desenvolvimento pessoal.

A norma estabelece uma relação direta entre as pessoas e seu ambiente de


trabalho. Proporcionando instalações adequadas para usuários e colaboradores.
Garantindo, assim, os padrões ergonômicos e de acessibilidade com: rampas,
banheiros, iluminação, ar-condicionado, segurança e conforto.

Por ser específica, a NBR 15.906 quando integrada à ISO 9.001 ganha
corpo em implementação e avaliação de requisitos. Gerir um sistema integrado
não significa apenas aplicar paralelamente diversos sistemas de gestão ISO, mas
sim executar de forma sinérgica estes sistemas para otimizar ganhos e minimizar
gastos e esforços desnecessários.

FONTE: Adaptado de <https://brisot.com.br/site/conteudo/207482-qualidade-e-agilidade-para-


cartorios-os-ben.html>. Acesso em: 25 out. 2020.

124
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A norma ISO/ABNT 15.906:2010 é um grande marco organizacional aos cartórios.

• Administrar é um processo operacional em que se busca desenvolver as funções


de planejar, organizar, direcionar, controlar (medir) e formar pessoas.

• KPIs são as métricas essenciais para avaliar um processo.

• Planejamento estratégico é o processo gerencial de desenvolver e manter uma


adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as oportunidades
que surgem.

• O objetivo do planejamento estratégico serve como bússola para orientar


os negócios.

• O planejamento não é sobre como será o futuro, mas às decisões presentes que
tomamos para escrever o futuro.

• Planejar não é prever o futuro, mas construir o futuro com as decisões


tomadas hoje.

• As pessoas são o elemento mais importante para um negócio e elas devem se


ajustar às necessidades e à equipe.

• Precisamos aprender a planejar o nosso negócio.

• A norma ISO/ABNT 15.906:2010 instituiu um padrão de gestão e qualidade


baseados na excelência de resultados e atendimentos ao público.

• Os principais focos trabalhados pela ISO/ABNT 15.906 2010 são:


1- Liderança.
2- Planejamento estratégico e gestão de resultados.
3- Foco nas partes interessadas.
4- Foco na equipe de profissionais.
5- Gestão dos processos de prestação de serviços.
6- Gestão socioambiental.

• Atualmente, é fundamental aos cartórios possuírem um sistema de qualidade


com utilização de ferramentas robustas e equipe e gestor comprometido com
os resultados.

125
• Em um Sistema de Qualidade são definidas as diretrizes que devem ser seguidas
para uma perfeita implantação dessa política, as quais são relacionadas com o
ciclo de melhoria contínua e com a execução de um plano de ações, que são as
ferramentas essenciais para o atingimento desses objetivos.

• O requisito primordial para que um Sistema de Qualidade funcione bem é


o constante gerenciamento, para que se assegure a continuidade do sistema
como um todo e não como um processo separado, a ser realizado antes de
uma certificação.

• Os principais pontos para implantação de um sistema de qualidade robusto


em um cartório são:
a) O responsável possua uma visão sistêmica de todo o sistema da qualidade.
b) Comprometimento contínuo do titular e dos colaboradores.
c) Um orçamento prévio para a execução das eventuais mudanças e assim não
esbarre no fator financeiro.
d) A cultura da melhoria contínua deve fazer parte da rotina do Cartório.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

126
AUTOATIVIDADE

1 O desenvolvimento dos cartórios na atualidade está relacionado aos


conceitos de gestão, estratégias, geração de resultados e na qualidade total,
ou seja, qualidade de atendimento e qualidade interna aos funcionários.
Sobre os conceitos de gestão em cartório, associe os itens, utilizando o
código a seguir:

I- Gestão.
II- Resultado.
III- Planejamento Estratégico.
IV- Administração.

( ) É um processo operacional em que buscamos desenvolver as funções de


planejar, organizar, direcionar, controle (medir) e formar pessoas.
( ) O ato de administrar os recursos disponíveis de modo eficaz para
atingimento das metas estipuladas.
( ) Consequência; aquilo que resulta de alguma coisa; o efeito de uma ação;
a finalização de um problema. Solução; o que se faz com o intuito de
resolver alguma coisa.
( ) Processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável
entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades
de mercado.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) IV – I – II – III.
b) ( ) II – I – III – IV.
c) ( ) IV – II – III – I.
d) ( ) III – II – I – IV.

2 Os conceitos de qualidade e qualidade total nos atendimentos têm sido


trazidos aos cartórios. Podemos afirmar que hoje é fundamental aos
cartórios possuírem um sistema de qualidade, com utilização de ferramentas
robustas, equipe e gestor comprometidos com os resultados. Com relação
ao sistema de qualidade, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Sistema de Qualidade é um conjunto de ferramentas de gestão que visa


desenvolver o planejamento estratégico do cartório.
b) ( ) Sistema de Qualidade tem como foco trabalhar as atas desenvolvidas
no cartório aprofundando as teses das mesmas.
c) ( ) Sistema de Qualidade como sendo um conjunto de ferramentas e
informações que visam desenvolver ações estratégicas, cujo foco
principal é atingir os KPIs estipulados e buscar atingir a excelência na
qualidade dos serviços prestados aos usuários.
d) ( ) Sistema de Qualidade tem como foco desenvolver os KPIs para os cartórios.

127
3 A norma ISO/ABNT 15.906:2010, que trata a gestão de cartório, foi um
grande marco aos cartórios, instituindo um padrão de gestão e qualidade
baseados na excelência de resultados e atendimentos ao público. Uma
nova realidade se instituiu desde a sua implantação, fazendo com que
os cartórios começassem a se focar mais em qualidade e gestão. Sobre os
principais pontos trabalhados na norma ISO/ABNT 15.906:2010, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Gestor; KPIs; Foco nas Atas; Foco na equipe de profissionais; Gestão


dos recursos financeiros e Gestão socioambiental.
b) ( ) Liderança; Planejamento estratégico e gestão de resultados; Foco nas
partes interessadas; Foco na equipe de consultores; Gestão dos recursos
financeiros e Gestão dos recursos ambientais.
c) ( ) Liderança; Planejamento estratégico e gestão de resultados; Foco
nas partes interessadas; Foco na equipe de profissionais; Gestão dos
processos de prestação de serviços e Gestão socioambiental.
d) ( ) Gestor; Planejamento financeiro; Foco nas partes interessadas; Foco na
equipe de profissionais; Gestão dos processos de prestação de serviços
e Gestão dos recursos ambientais.

128
REFERÊNCIAS
ABNT. Serviços notariais e de registro. 2020. Disponível em: http://www.abnt.
org.br/noticias/3945-servicos-notariais-e-de-registro. Acesso em: 24 out. 2020.

ABNT. NBR 15906:2010: Gestão empresarial para serviços notariais e de registro


– Requisitos. 2010. Disponível em: http://www.cartoriojaguarao.com.br/noticias/
certificacao-abnt-nbr-15-906-2010. Acesso em: 8 jan. 2021.

ALBUQUERQUE, D. Programa de qualidade em cartórios – PQTA. 2017.


Disponível em: https://certificacaoiso.com.br/pqta-programa-de-qualidade-em-
cartorios/. Acesso em: 24 out. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código


Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
L10406compilada.htm. Acesso em: 22 out. 2020.

BRASIL. Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da


Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. (Lei dos
cartórios). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8935.htm.
Acesso em: 24 set. 2020.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso
em: 24 set. 2020.

BRASIL. Decreto-lei nᵒ 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código


Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del2848compilado.htm. Acesso em: 22 out. 2020.

CARGNIN, M. R. J. F. Gestão de pessoas por competências. Indaial: Uniasselvi, 2019.

CALDAS, T.; RISSI, D. Ter um sistema de qualidade no cartório é importante?


2019. Disponível em: https://www.anoregsp.org.br/noticias/53017/ter-um-
sistema-de-qualidade-no-cartorio-e-importante. Acesso em: 24 out. 2020.

DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Drucker: o homem, a administração, a


sociedade. São Paulo: Nobel, 2002.

KOTLER, P. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

LOPES, G. C. Administração de recursos humanos. Indaial: Uniasselvi, 2013.

KIELWAGEN, E. K.; SOUZA, R. R. S. Gestão de pessoas. Indaial: Uniasselvi, 2013.

129
PIERITZ A. N.; PIERITZ, V. L. H. Crimes cibernéticos. Indaial: Uniasselvi, 2020.

RESULTADO. In: DICIO. Disponível em: https://www.dicio.com.br/resultado/.


Acesso em: 25 set. 2020.

SARSUR, T. L. Incompatibilidades e impedimentos dos notários e


registradores. 2004. Disponível em: https://www.irib.org.br/boletins/
detalhes/2639. Acesso em: 20 out. 2020.

130
UNIDADE 3 —

QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os principais serviços ofertados em um cartório de atividades


notariais e registrais;
• capacitar o acadêmico para as atividades de um cartório;
• compreender os princípios de uma ata;
• identificar os diversos pontos que precisam conter uma ata notarial;
• conhecer os diversos pontos relacionados à fiscalização de um cartório;
• conhecer as atividades e atribuições do CNJ;
• conhecer os principais tipos de softwares utilizados em cartório;
• conhecer detalhes dos cartórios digitais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – AS ATIVIDADES NOTARIAIS

TÓPICO 2 – DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

TÓPICO 3 – EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E


PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

131
132
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

AS ATIVIDADES NOTARIAIS

1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, como já estudamos, a atividade notarial e registral é
exercida por particulares, geralmente por advogados, os quais exercem a função
mediante a delegação do Poder Público, após os titulares serem aprovados em
concurso público de provas e títulos, de acordo com a Constituição Federal (1988),
em seu Art. 236, o qual já estudamos neste livro.

Temos ainda a lei do Cartório, que como você já sabe, é a Lei Federal nᵒ
8.935, de 1994, que traz as diretrizes básicas e rege a delegação, atribuindo ao
notário e ao oficial de registro autonomia e prerrogativa para a prática de atos,
dando sentido legal aos mesmos eivados de elementos jurídicos que os tornam
adequados para o registro.

Assim, temos no Art. 6ᵒ da Lei nᵒ 8.935/1994 as atribuições da atividade


notarial e registral, dada por:

SEÇÃO II
Das Atribuições e Competências dos Notários
Art. 6ᵒ Aos notários compete:
I- formalizar juridicamente a vontade das partes;
II- intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou
queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação
ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais
e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;
III- autenticar fatos.

Este artigo precisa estar bem claro a todos, ou seja, o notário tem função
de formalizar, intervir e autenticar fatos de atos jurídicos.

Vamos, agora, conhecer mais sobre algumas atividades específicas dos


notariais e oficiais de registros.

133
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

2 DOS LIVROS NOTARIAIS


Os livros notariais são de extrema importância aos Notários/Tabeliães, em
conjunto com a escritura pública e a ata notarial, os quais vêm aumentando a sua
aplicação e utilidade pela população brasileira.

Vamos conhecer mais estes instrumentos.

2.1 A ATA NOTARIAL


As atas notariais são um dos instrumentos básicos de trabalho do notarial, o
qual legalmente não exige uma obrigatoriedade de padrão a ser seguido por lei,
mas, no Art. 6ᵒ, Inciso II, da Lei nᵒ 8.935/1994, temos que: “aos notários compete
redigir os instrumentos adequados, conservar os originais e expedir cópias
fidedignas de seu conteúdo”.

Conforme Ceneviva (2002, p. 53), podemos definir a ata notarial como


sendo o “registro de ato ou fato solicitado ao tabelião de notas por interessado,
para que os transponha fielmente em palavras, indicando pessoas e ações que os
caracterizam”.

Assim, podemos concluir que Ata Notarial trata-se de um instrumento


público, ou seja, um documento com validade jurídica e de forma pública
redigida por um notário ou tabelião, a pedido de um terceiro (outra pessoa), para
descrever um fato que se queira dar uma validade jurídica dentro dos limites
estabelecidos por lei.

Portanto, a Ata Notarial tem validade jurídica decorrente do poder geral


investido por força de lei ao tabelião, na forma que ele descreva os fatos narrados
por terceiros com autenticidade, conforme no previsto no Art. 6ᵒ, Inciso III, da
Lei nᵒ 8.935/1994 de forma consistente, inclusive confirmando a existência e
circunstâncias que caracterizam o fato ou ato descrito, tudo isso levando em conta
que é realmente um acontecimento juridicamente relevante.

134
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

NOTA

Esse registro não é uma transcrição nominal do ato apresentado, mas sim
uma transcrição real desses fatos de forma jurídica, que faça com que tenha validade legal.

FIGURA – ATA NOTARIAL

FONTE: <https://bit.ly/3i42Stp>. Acesso em: 1ᵒ nov. 2020.

As atas notariais, ao serem redigidas, geralmente seguem um padrão


cronológico das constatações dos fatos, além de ser comum os registros serem
anexados em folhas especiais, organizados em ordem alfabética dos nomes dos
solicitantes e conforme o fato narrado.

DICAS

Prezado acadêmico, você pode estar se perguntando: mas por que fazer uma
ata notarial? A ata notarial pode ser utilizada para registrar qualquer fato importante com
validade jurídica, contanto que o fato seja real. Assim, trouxemos para você os dez motivos
para fazer uma ata notarial, conforme apresentado no Portal do RI (Registro de Imóveis):

1- Segurança: a ata notarial documenta com fé pública e segurança jurídica algo


presenciado ou constatado pelo tabelião, evitando-se a perda, destruição ou ocultação
de provas.
2- Utilidade: a ata notarial pode ter como conteúdo páginas da internet, imagens,
sons, mensagens de texto, ligações telefônicas, reuniões ou quaisquer outros fatos
presenciados pelo tabelião.
3- Prova plena: a ata notarial é aceita em juízo como meio de constituição de prova, pois
é revestida de força probatória, executiva e constitutiva.
4- Veracidade: o documento público goza de presunção de legalidade e exatidão de
conteúdo que somente podem ser afastados judicialmente mediante prova em contrário.
5- Perpetuidade: a ata notarial fica eternamente arquivada em cartório, possibilitando a
obtenção de 2ᵃ via (certidão) do documento a qualquer tempo.

135
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

6- Imparcialidade: o tabelião atua de forma imparcial na constatação dos fatos e narrativa


do que foi presenciado.
7- Comodidade: a ata notarial pode ser realizada em qualquer dia da semana ou horário,
de acordo com a necessidade do interessado.
8- Conservação: a ata notarial pode ter por objeto a constatação de fatos tipificados
como crimes, auxiliando a justiça a punir os responsáveis.
9- Economia: a constituição de prova através da ata notarial gera economia de tempo,
de energia e de recursos para as partes.
10- Liberdade: é livre a escolha do tabelião de notas qualquer que seja o domicílio das
partes envolvidas, respeitando-se os limites do município de sua delegação.

FONTE: Adaptado de <https://www.portaldori.com.br/2016/10/13/como-lavrar-uma-ata-


notarial/>. Acesso em: 1ᵒ nov. 2020.

Como você leu, temos pontos muito importantes para o feitio de uma ata
notarial, principalmente quando buscamos segurança jurídica e de continuidade
em fatos importantes para nós, inclusive com questões econômicas envolvidas.

Como podemos identificar em Ferreira, Rodrigues (2020) e Schaedler


(2017), o grande diferencial da ata com relação a outros documentos notariais
como a escritura pública, é que nas atas não há manifestação de vontade dos
terceiros, mas uma descrição de um fato, como o exemplo a seguir:

Um determinado pai divorciado, segundo a legislação brasileira e decisões


jurisprudenciais, possui o direito de poder ver seus filhos que estão sob a guarda
da mãe. Salienta-se que a mãe não permite que o referido pai possa vê-los. O
Poder Judiciário já determinou por ordem judicial que este pai possa visitar seus
filhos, mas a mãe continua não deixando. Assim, o pai solicita ao tabelião para
formalizar uma ata notarial sobre fato observado das negativas de visitação dos
filhos. Juntos, se dirigirem à residência da esposa, por cinco vezes seguidas, para
comprovar que ela continuadamente, ou não o atende ou ainda não permite que
ele veja os filhos, descumprindo a ordem judicial.

Como você pôde ver nesse exemplo, a função do notarial ao redigir a


ata é de comprovar um fato, livre de manifestação da vontade de terceiro, o
qual é descrito ipsis litteris pelo tabelião, que prova e comprova a existência
do fato ou situação, o qual seja importante comprovar e perpetuar em algum
momento futuro.

136
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

DICAS

Prezado acadêmico, para reforçar o tema, queremos indicar um vídeo sobre


o tema Ata Notarial, Direito notarial: o que é ata notarial? disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=0m-sfUYKCc0&feature=youtu.be.

Outros exemplos em que podemos utilizar uma ata notarial:

• Atestar o estado de um imóvel no início de locação ou quando o locador o está


entregando no fim da locação.
• Atestar um apelido pessoal.
• Atestar a profissão de uma pessoa.
• Certificar a existência de uma pessoa (chamada também de ata de fé de vida).
• Certificar declarações prestadas por uma pessoa ou grupo de pessoas.
• Comprovar a presença de pessoas em determinados lugares.
• Comprovar entrega de documentos ou de coisas.
• Perpetuar algum conteúdo ou assunto disponível de interesse de páginas da
internet.
• Extrair certidão via internet.
• Atestar conteúdo de internet, WhatsApp, Facebook etc.
• Ata Notarial sobre correspondências eletrônicas (e-mails).
• Comprovar o uso indevido de imagem em suas diversas formas (revistas,
outdoors, anúncios, panfletos, posters etc.)
• Ata Notarial de reuniões de condomínio para ser utilizada em situações de
conflito.
• Ata Notarial de reuniões de condomínio para registrar fatos e atos que
porventura possam vir a ser omitidos da redação oficial da Ata de Assembleia.
• Certificar situações em diligências diversas.
• Certificar fatos de reuniões de empresas e/ou de sócios, entre muitas outras
aplicações.

137
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

DICAS

Prezado acadêmico, apresentaremos a seguir alguns artigos disponíveis em


sites de internet que tratam sobre o assunto relacionado à aplicação de Atas Notariais:

Atas notarias: conceitos e aplicações


Autor: Luís Rodolfo Cruz e Creuz
Ano: 2015
Link: https://migalhas.uol.com.br/depeso/231397/atas-notarias---conceitos-e-aplicacoes.

Ata notarial: o que é, para que serve e como utilizá-la!


Autor: Rudimar Roberto Bortolotto
Ano: 2017
Link: http://www.bortolotto.adv.br/blog/index.php/2017/03/30/ata-notarial-o-que-e-para-
que-serve-e-como-utiliza-la/.

Atas Notariais
Autor: Alexandre Costa
Ano: c2020
Link: http://www.cartoriocaceres.com.br/index.php/servicos/tabelionato-de-notas/atas-notariais.

Como você pode ver, o tema Ata Notarial tem muitos meandros técnicos
em sua execução para que ela realmente exerça a sua função legal, ou seja, tenha
fé pública e relate um ato ou objeto. Assim, para complementarmos o tema,
vamos apresentar os elementos que devem estar descritos em uma ata notarial
(quase que de forma obrigatória, dependendo o tipo de ata).

Conforme os autores Brandelli (2004), Schaedler (2017) e Ferreira e


Rodrigues (2020), toda Ata Notarial deve conter os seguintes itens:

1) Qualificação da pessoa que solicita: pessoas físicas, se é capaz ou incapaz,


maiores de 16 anos, procurador e pessoas jurídicas etc.
2) Comprovação da condição, a data e hora precisas da verificação dos fatos.
3) O local da ocorrência dos fatos ou da constatação (a exemplo do acesso à internet).
4) A descrição do fato a ser descrito ou presenciado (objeto), que podem ser
caracterizados como lícitos ou ilícitos, físicos, eletrônicos e sensoriais.
5) Finalidade do procedimento deixando claro a intenção do solicitante.
6) Declaração de haver sido lida ao solicitante e às testemunhas quando for o caso.
7) Assinatura do solicitante ou de alguém a seu rogo e das testemunhas quando
for o caso.
8) Assinatura do tabelião e seu sinal público (selo).

138
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

E
IMPORTANT

Na Ata Notarial, o notário não deve emitir juízo de valor, opinar, sugerir, declarar
e concluir. Ele deve ser imparcial e objetivo em sua lavratura.

São diversas as aplicações das atas notariais, principalmente como


instrumentos comprobatórios de realidades voláteis, como as questões de
internet, entre outras. Por isso, o seu uso vem crescendo constantemente no Brasil
e no mundo.

A lavratura de uma Ata Notarial, conforme Ferreira e Rodrigues (2020),


deve ser realizada da forma mais completa e detalhista para a descrição do fato ou
objeto e, por isso, o Notário deve conciliar um linguajar técnico jurídico adequado
à função e com um conhecimento das regras gramaticais afinada para não gerar
dúvidas em suas explanações.

O notário deve saber extrair o âmago do fato em suas atas e saber expressá-
las adequadamente. Para entender melhor esta questão da escrita, veja o que
apresentamos no exemplo a seguir, observe atentamente o linguajar rebuscado
que sai do nosso falar cotidiano, além das terminologias técnicas e jurídicas como
lavratura; reipersecutórias, usucapião, anotação de responsabilidade técnica –
ART – CREA/ES, imóvel usucapiendo, entre outros que você vai identificar.

Prezado acadêmico, apresentaremos a seguir um modelo de Ata Notarial


de usucapião extrajudicial:

MODELO DE ATA NOTARIAL DE USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

ATA NOTARIAL DE USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL, QUE SOLICITA


FULANO DE TAL:

SAIBAM quantos este público instrumento de ATA NOTARIAL DE


USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL virem, que aos 23 dias do mês de março do
ano de 2015, em diligência ao endereço residencial do SOLICITANTE FULANO
DE TAL (qualificação completa), foi requerida a lavratura da presente ATA
NOTARIAL, nos termos do Art. 1.071, Inciso I, do novo Código de Processo
Civil. Compareceu ainda neste ato na qualidade de ADVOGADO do
SOLICITANTE, DR. FULANO DE TAL, brasileiro, casado, advogado inscrito
na OAB/ES sob o nᵒ ­­_______________, inscrito no CPF/MF sob nᵒ
_______________, com escritório profissional situado na Avenida
_______________, que possui o seguinte endereço eletrônico de e-mail: XXXX.

139
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Pelos solicitantes me foi dito sob pena de responsabilidade civil e criminal, que
todos os documentos foram apresentados nos originais para a lavratura deste
ato e que esses são autênticos e verdadeiros. Os presentes identificados e
reconhecidos por mim, pela documentação pessoal que me foi apresentada, de
cujas identidades e capacidades jurídicas dou fé. E, perante o mesmo Tabelião,
pela presente ATA NOTARIAL DE USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL (INDICAR
A MODALIDADE), a fim de constituir prova material com presunção de
verdade, nos termos dos Arts. 215 e 217, do Código Civil, que estabelecem:
“Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento
dotado de fé pública, fazendo prova plena e Art. 217. Terão a mesma força
probante os traslados e as certidões, extraídos por tabelião ou oficial de registro,
de instrumentos ou documentos lançados em suas notas”; foi solicitado o
comparecimento deste Tabelião de Notas ao endereço residencial do
SOLICITANTE, sendo ali constatado os seguintes fatos: 1) desde a data de
­­_______________, o SOLICITANTE possui o imóvel urbano, (se houver
eventual contrato, recibo de compra e venda ou outro tipo de documento
particular que tenha procedido à transmissão dessa posse ao solicitante dessa
ata notarial é interessante citar: “conforme contrato particular de compra e
venda, firmado entre FULANO DE TAL em data de”); constituído por um
Lote nᵒ _______________, da quadra nᵒ _______________, situado no
LOTEAMENTO BAIRRO _______________, nesta Cidade de _______________,
medindo a área de 360,00 m2, com as seguintes confrontações e dimensões:
frente, Avenida _______________, numa linha de 12,00 m; fundos, lote nᵒ
_______________, numa linha de 12,00 m; lado direito, Lote nᵒ _______________,
numa linha de 30,00 m; e lado esquerdo, lote nᵒ _______________, numa linha
de 30,00 m; com inscrição imobiliária municipal sob o nᵒ _______________,
conforme fotos do local inseridas a seguir: (LANÇAR FOTOS); 2) que segundo
informações prestadas pelos confrontantes do imóvel descrito anteriormente,
identificados e reconhecidos por mim, pela documentação pessoal que me foi
apresentada, de cujas identidades e capacidades jurídicas dou fé: a) dos fundos,
Sr. FULANO DE TAL, (qualificação completa); b) do lado direito, Sr. FULANO
DE TAL, (qualificação completa); c) do lado esquerdo, Sr. FULANO DE TAL,
(qualificação completa), sendo todos respectivamente proprietários dos
imóveis objetos das matrículas nᵒs _______________, do Cartório de Registro
Geral de Imóveis desta Comarca de _______________; eles conhecem a pessoa
do SOLICITANTE e informam que têm conhecimento de que ele tem a posse
do imóvel anteriormente descrito há mais de _______________ anos, sem
qualquer interrupção ou oposição de terceiros e que desconhecem a existência
de quaisquer ações cíveis reais, pessoais ou reipersecutórias ajuizadas em face
do SOLICITANTE ou de qualquer membro de sua família; 3) que o imóvel
anterior está localizado em área urbana na Avenida _______________, com
área total de 360,00 m2, medindo 12,00 m de frente com a dita Avenida
_______________; ao lado direito medindo 30,00 m; ao lado esquerdo medindo
30,00 m; dividindo-se com a propriedade de FULANO DE TAL, medindo
12,00 m nos fundos; ao lado direito divide-se com a propriedade de FULANO
DE TAL; e pelo lado esquerdo divide-se com a propriedade de FULANO DE

140
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

TAL, tudo em conformidade com a planta, memorial descritivo e Anotação de


Responsabilidade Técnica – ART, apresentada nestas Notas; 4) que o referido
imóvel é de propriedade desconhecida ou pertence a FULANO DE TAL,
conforme certidão expedida pelo Cartório de Registro Geral de Imóveis da
cidade de _______________ –ES; 5) o SOLICITANTE declarou que nunca teve
qualquer tipo de contestação ou impugnação por parte de quem quer que seja,
sendo a sua posse mansa, pacífica e contínua e, portanto, sem oposição e
ininterrupta durante todo esse tempo de _______________ anos, se inserindo
na hipótese de usucapião ordinário comum, nos termos do Art. 1.242, do
Código Civil Brasileiro; 6) que o SOLICITANTE declara que a todo momento
agiu como possuidor desde que entrou para o imóvel agiu como se fosse o
próprio dono, tendo nele estabelecido moradia sua e de sua família; 7) que o
SOLICITANTE não é proprietário de nenhum outro imóvel (em alguns casos
de usucapião a pessoa pode ter outros imóveis. Ver o caso concreto), seja ele
rural ou urbano e que possuindo o referido imóvel por tempo suficiente para
ensejar a prescrição aquisitiva através do usucapião extrajudicial, informou
que o valor venal do imóvel junto à Prefeitura Municipal de _______________
(ou o declarado pelo SOLICITANTE) é de R$ 200.000,00. Pelo SOLICITANTE
me foi apresentada ainda, para comprovação do seu lapso temporal de posse,
os seguintes documentos: 1- CARNÊS E COMPROVANTES DE PAGAMENTO
DO IPTU DO IMÓVEL OU CERTIDÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
DO IPTU (ou FORO ANUAL quando se tratar de domínio útil ou imóvel
aforado ou enfitêutico): Prefeitura Municipal de _______________ – Estado do
_______________ – Secretaria Municipal de Finanças – Documento de
Arrecadação Municipal – Exercícios de 2005 a 2015 – Parcela Única – em nome
de FULANO DE TAL, com o valor venal de R$ _______________, sendo o valor
total recolhido de R$ _______________. 2- DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE
RENDA: Declarações anuais de imposto de renda apresentadas à Secretaria da
Receita Federal do Brasil, dos exercícios de 2005 a 2015, cujo SOLICITANTE
declarou ter a posse do referido imóvel há mais dez anos; 3- COMPROVANTES
DE ENDEREÇO DOS ÚLTIMOS DEZ ANOS: Comprovantes de endereço em
nome do SOLICITANTE, relativos ao pagamento de água, energia e telefone,
comprovando a posse no imóvel por mais de _______________ anos; 4-
PLANTA ATUALIZADA DO IMÓVEL COM ANOTAÇÃO DE
RESPONSABILIDADE TÉCNICA: foi apresentada ainda a planta atualizada
do imóvel, com memorial descritivo e anotação de responsabilidade técnica –
ART – CREA/ES nᵒ _____, assinada pelo engenheiro responsável FULANO DE
TAL, em data de _______________ (SE QUISER PODE LANÇAR A IMAGEM
DA PLANTA AQUI); 5- CERTIDÃO NEGATIVADE FEITOS AJUIZADOS
RELATIVAS A AÇÕES CÍVEIS REAIS, PESSOAIS E REIPERSECUTÓRIAS
DA JUSTIÇA ESTADUAL E FEDERAL EM NOME DO SOLICITANTE,
PROPRIETÁRIO E CONFRONTANTES: expedida por meio eletrônico – Poder
Judiciário do Estado do Espírito Santo – Certidão nᵒ _______________, em data
de _______________. Certifica que, consultando a base de dados do Sistema de
Gerenciamento de Processos do Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo
(E-Jud, SIEP, PROJUDI e PJe) até a presente data e hora, nada consta contra as

141
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

partes mencionadas, conforme itens “e”, “f” e “g”: “e. A presente certidão
abrange todos os processos dos juizados especiais cíveis, exceto os processos
eletrônicos registrados no E-Procees, em funcionamento nas comarcas de
Vitória e Vila Velha; f. Com relação às comarcas da entrância especial (Vitória/
Vila Velha/Cariacica/Serra/Viana), as ações de: execução fiscal estadual,
falência e recuperação judicial, e auditoria militar, tramitam, apenas, no juízo
de Vitória; g. As ações de natureza cível abrangem inclusive aquelas que
tramitam nas varas de Órfãos e Sucessões (Tutela, Curatela, Interdição,…),
Execução Fiscal e Execução Patrimonial (observado o item f)”; 6- CERTIDÃO
NEGATIVA MUNICIPAL expedida por meio eletrônico -Prefeitura Municipal
de _______________ – Secretaria Municipal de Finanças – Certidão sob nᵒ
_______________, referente ao imóvel devidamente inscrito nesta
municipalidade sob nᵒ _______________, datada de 21 de maio de 2015; 7-
CERTIDÕES DE CITAÇÃO DE AÇÕES REAIS, PESSOAIS E
REIPERSECUTÓRIAS E DE ÔNUS REAIS EM NOME DOS CONFRONTANTES:
expedida pelo Cartório de Registro Geral de Imóveis do 1ᵒ Ofício da Comarca
de _______________ – ES, em data de _______________; 8) CERTIDÕES
NEGATIVAS DE INCAPACIDADE CIVIL em nome do proprietário anterior e
dos confrontantes _______________, expedidas pelo Cartório de Registro Civil
da Comarca de _______________-ES, datadas de _______________, não
havendo qualquer óbice ou interrupção ao cômputo do prazo prescricional do
usucapião extrajudicial nos termos do Art. 198, inciso I, do Código Civil. Pelo
ADVOGADO do SOLICITANTE me foi dito e declara por este ato notarial que
prestou assistência jurídica ao mesmo e que acompanhou integralmente a
lavratura da presente ATA NOTARIAL. Finalmente, o SOLICITANTE e seu
ADVOGADO neste ato declaram, sob as penas da lei: 1) foram cientificados
por estas notas que o procedimento do usucapião extrajudicial deverá
preencher outros requisitos para a concretização do registro imobiliário, tais
como a realização de planta e memorial descritivo assinado por profissional
legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no
respectivo conselho de fiscalização profissional e pelos titulares de direitos
reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel
usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes, além de outros
requisitos e procedimentos do registro imobiliário, sem os quais não se
efetivará o registro imobiliário, caso em que deverão ingressar com a
competente ação judicial de usucapião, podendo utilizar o presente ato notarial
como meio de prova junto ao Poder Judiciário de acordo com a competência,
sendo, cientificadas que a presente ata notarial não tem valor como confirmação
ou estabelecimento de propriedade, servindo apenas para a instrução de
requerimento extrajudicial de usucapião para processamento perante o
registrador de imóveis; 2) que todas as declarações prestadas nesta ATA
NOTARIAL são verdadeiras, sendo informado sobre as sanções cíveis e
criminais em caso de falsa declaração; 3) que requer e autoriza o Senhor Oficial
do Cartório de Registro Geral de Imóveis competente, a prática de todos os
atos registrais em sentido amplo, nos termos do Art. 1.071, do Código de
Processo Civil; 4) que o SOLICITANTE foi instruído por seu advogado de

142
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

todos os termos do Art. 1.071, do Código de Processo Civil, que prevê este
procedimento, nos seguintes termos: “Art. 1.071. O Capítulo III do Título V da
Lei nᵒ 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), passa a
vigorar acrescida do seguinte Art. 216-A: (Vigência) – “Art. 216-A. Sem prejuízo
da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de
usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de
imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a
requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: I –
ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e
seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias; II – planta e memorial
descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de
anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização
profissional, e pelos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados
ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis
confinantes; III – certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação
do imóvel e do domicílio do requerente; IV – justo título ou quaisquer outros
documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo
da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre
o imóvel.”; e 5) que se declaram cientes do artigos 10 a 15 e seus parágrafos, do
Provimento nᵒ 65/2017, do CNJ que estabelecem: “Art. 10. Se a planta
mencionada no inciso II do caput do Art. 4ᵒ deste provimento não estiver
assinada pelos titulares dos direitos registrados ou averbados na matrícula do
imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes ou ocupantes a
qualquer título e não for apresentado documento autônomo de anuência
expressa, eles serão notificados pelo oficial de registro de imóveis ou por
intermédio do oficial de registro de títulos e documentos para que manifestem
consentimento no prazo de quinze dias, considerando-se sua inércia como
concordância.; § 1ᵒ A notificação poderá ser feita pessoalmente pelo oficial de
registro de imóveis ou por escrevente habilitado se a parte notificanda
comparecer em cartório; § 2ᵒ Se o notificando residir em outra comarca ou
circunscrição, a notificação deverá ser realizada pelo oficial de registro de
títulos e documentos da outra comarca ou circunscrição, adiantando o
requerente as despesas; § 3ᵒ A notificação poderá ser realizada por carta com
aviso de recebimento, devendo vir acompanhada de cópia do requerimento
inicial e da ata notarial, bem como de cópia da planta e do memorial descritivo
e dos demais documentos que a instruíram; § 4ᵒ Se os notificandos forem
casados ou conviverem em união estável, também serão notificados, em ato
separado, os respectivos cônjuges ou companheiros; § 5ᵒ Deverá constar
expressamente na notificação a informação de que o transcurso do prazo
previsto no caput sem manifestação do titular do direito sobre o imóvel
consistirá em anuência ao pedido de reconhecimento extrajudicial da usucapião
do bem imóvel; § 6ᵒ Se a planta não estiver assinada por algum confrontante,
este será notificado pelo oficial de registro de imóveis mediante carta com
aviso de recebimento, para manifestar-se no prazo de quinze dias, aplicando-
se ao que couber o disposto nos §§ 2ᵒ e seguintes do Art. 213 e seguintes da
LRP; § 7ᵒ O consentimento expresso poderá ser manifestado pelos confrontantes

143
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

e titulares de direitos reais a qualquer momento, por documento particular


com firma reconhecida ou por instrumento público, sendo prescindível a
assistência de advogado ou defensor público; § 8ᵒ A concordância poderá ser
manifestada ao escrevente encarregado da intimação mediante assinatura de
certidão específica de concordância lavrada no ato pelo preposto; § 9ᵒ Tratando-
se de pessoa jurídica, a notificação deverá ser entregue a pessoa com poderes
de representação legal; § 10. Se o imóvel usucapiendo for matriculado com
descrição precisa e houver perfeita identidade entre a descrição tabular e a
área objeto do requerimento da usucapião extrajudicial, fica dispensada a
intimação dos confrontantes do imóvel, devendo o registro da aquisição
originária ser realizado na matrícula existente; Art. 11. Infrutíferas as
notificações mencionadas neste provimento, estando o notificando em lugar
incerto, não sabido ou inacessível, o oficial de registro de imóveis certificará o
ocorrido e promoverá a notificação por edital publicado, por duas vezes, em
jornal local de grande circulação, pelo prazo de quinze dias cada um,
interpretando o silêncio do notificando como concordância; Parágrafo único.
A notificação por edital poderá ser publicada em meio eletrônico, desde que o
procedimento esteja regulamentado pelo tribunal; Art. 12. Na hipótese de
algum titular de direitos reais e de outros direitos registrados na matrícula do
imóvel usucapiendo e na matrícula do imóvel confinante ter falecido, poderão
assinar a planta e memorial descritivo os herdeiros legais, desde que
apresentem escritura pública declaratória de únicos herdeiros com nomeação
do inventariante.”; Art. 13. Considera-se outorgado o consentimento
mencionado no caput do Art. 10 deste provimento, dispensada a notificação,
quando for apresentado pelo requerente justo título ou instrumento que
demonstre a existência de relação jurídica com o titular registral, acompanhado
de prova da quitação das obrigações e de certidão do distribuidor cível
expedida até trinta dias antes do requerimento que demonstre a inexistência
de ação judicial contra o requerente ou contra seus cessionários envolvendo o
imóvel usucapiendo; § 1ᵒ São exemplos de títulos ou instrumentos a que se
refere o caput: I – compromisso ou recibo de compra e venda; II – cessão de
direitos e promessa de cessão; III – pré-contrato; IV – proposta de compra; V
– reserva de lote ou outro instrumento no qual conste a manifestação de
vontade das partes, contendo a indicação da fração ideal, do lote ou unidade,
o preço, o modo de pagamento e a promessa de contratar; VI – procuração
pública com poderes de alienação para si ou para outrem, especificando o
imóvel; VII – escritura de cessão de direitos hereditários, especificando o
imóvel; VIII – documentos judiciais de partilha, arrematação ou adjudicação; §
2ᵒ Em qualquer dos casos, deverá ser justificado o óbice à correta escrituração
das transações para evitar o uso da usucapião como meio de burla dos
requisitos legais do sistema notarial e registral e da tributação dos impostos de
transmissão incidentes sobre os negócios imobiliários, devendo registrador
alertar o requerente e as testemunhas de que a prestação de declaração falsa na
referida justificação configurará crime de falsidade, sujeito às penas da lei; § 3ᵒ
A prova dequitação será feita por meio de declaração escrita ou da apresentação
da quitação da última parcela do preço avençado ou de recibo assinado pelo

144
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

proprietário com firma reconhecida; § 4ᵒ A análise dos documentos citados


neste artigo e em seus parágrafos será realizada pelo oficial de registro de
imóveis, que proferirá nota fundamentada, conforme seu livre convencimento,
acerca da veracidade e idoneidade do conteúdo e da inexistência de lide
relativa ao negócio objeto de regularização pela usucapião; Art. 14. A existência
de ônus real ou de gravame na matrícula do imóvel usucapiendo não impedirá
o reconhecimento extrajudicial da usucapião; Parágrafo único. A impugnação
do titular do direito previsto no caput poderá ser objeto de conciliação ou
mediação pelo registrador. Não sendo frutífera, a impugnação impedirá o
reconhecimento da usucapião pela via extrajudicial; Art. 15. Estando o
requerimento regularmente instruído com todos os documentos exigidos, o
oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito
Federal ou ao Município pessoalmente, por intermédio do oficial de registro
de títulos e documentos ou pelo correio com aviso de recebimento, para
manifestação sobre o pedido no prazo de quinze dias; § 1ᵒ A inércia dos órgãos
públicos diante da notificação de que trata este Art. não impedirá o regular
andamento do procedimento nem o eventual reconhecimento extrajudicial da
usucapião; 6) que aceitam esta ATA NOTARIAL em todos os seus termos e
conteúdo. CONSULTAR CNIB? (Conforme determina o Art. 14, do Provimento
nᵒ 39/2014, do Conselho Nacional de Justiça – Corregedoria Nacional de
Justiça, datado de 25 de julho de 2014, assinado pelo Exmᵒ. Sr. Dr. Conselheiro
Guilherme Calmon, Corregedor Nacional de Justiça em exercício, foram
realizadas buscas, na presente data, junto à Central Nacional de
Indisponibilidade de Bens – CNIB, não sendo encontrado qualquer anotação
de Indisponibilidade de Bens em nome do SOLICITANTE que impeçam a
lavratura deste ato, de acordo com Relatório de Consulta de Indisponibilidade
emitido às _______________, do dia _______________ – Códigos HASH:
_______________). Certidão negativa dos feitos ajuizados perante a Justiça
Federal conforme certidão emitida pelos sites www.jfes.jus.br e www.trf2.jus.
br em nome de XXX, CPF XXX, que certifica não constar qualquer ação em
nome das partes anteriormente mencionadas. As exigências legais e fiscais
inerentes à legitimidade do ato foram cumpridas. Sendo tão somente o que
tinha a certificar, encerro a lavratura da presente ATA NOTARIAL, nos termos
dos artigos 6ᵒ e 7ᵒ, inciso III, da Lei Federal nᵒ 8935/1994 e dos Arts. 364 e 365,
Inciso II, do Código de Processo Civil Brasileiro, que estabelecem: “Art. 364. O
documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos
que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua
presença. Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais: […] II – os traslados
e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou documentos
lançados em suas notas”. Lavrada a presente ATA NOTARIAL e lida em voz
alta à parte, achou em tudo conforme, aceitou e assina, comigo Tabelião,
dispensada a presença de testemunhas, consoante o Art. 215, Parágrafo 5ᵒ, do
Código Civil. Eu, _________________________ Tabelião, que fiz digitar,
subscrevo e assino em público e raso. DOU FÉ. Selo Digital do Ato nᵒ
_______________, Emolumentos: Tab. 7, Item IV (R$ ______________), Fundos
(R$ _______________), Total (R$ _______________).

145
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Em Testᵒ _______________ da verdade.

________________________________________
FULANO DE TAL – Tabelião

______________________________________
FULANO DE TAL
SOLICITANTE

______________________________________
FULANO DE TAL
ADVOGADO – OAB/ES Nᵒ _______________

______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 1

______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 2

______________________________________
FULANO DE TAL
CONFRONTANTE 3

FONTE: Adaptado de <https://www.anoreg.org.br/site/2018/02/27/artigo-modelo-de-ata-


notarial-de-usucapiao-extrajudicial-de-acordo-com-o-novo-provimento-no-65-2017-do-cnj-
por-rodrigo-reis-cyrino/>. Acesso em: 4 nov. 2020.

São muitos detalhes a serem descritos em uma Ata Notarial pelo tabelião,
mas se faz necessário, pois tem fé pública e validade legal.

Um último ponto que apareceu na ata que apresentamos como exemplo


é a questão do tipo de ata notarial a que se refere. Então, temos, conforme Araújo
(2014), Ferreira e Rodrigues (2020):

1) Atas de notoriedade: o tabelião constata o fato da notoriedade do indivíduo por


meio de verificação documental, por intermédio de pessoa ou testemunhas,
visando identificar e declarar uma situação que possa gerar o fato notório de
interesse do solicitante.
2) Atas de presença e declaração: o tabelião identifica e narra a declaração do
interessado sobre determinado fato ou acontecimento o qual foi chamado para
presenciar ou soube por interposta pessoa.
3) Atas de constatação em diligência: o tabelião, a pedido do solicitante, dirige-se
a um local para constatar o fato em diligência solicitado.

146
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

4) Atas de inspeção: o tabelião é chamado para constatar o estado de alguma


coisa, como um imóvel, automóvel, produto, equipamento ou qualquer outra
coisa por solicitação.
5) Atas de verificação de mensagem via celular, e-mail ou de página de internet:
o tabelião pode ser chamado para registrar, constatar e autenticar a existência
de determinados fatos e conteúdos em meios eletrônicos, certificando
inclusive a existência de fotos, gravações em áudio e vídeos, descrevendo-os
pormenorizadamente de modo a garantir a perpetuação deste conteúdo para
todos os fins de direito ou jurídicos.
6) Ata de subsanação: ata realizada pelo notário que permite sanar falhas formais
que não comprometam a vontade das partes.
7) Outros tipos de atas: ata de verificação de mensagem publicitária, atas de
notificação, ata de autenticação eletrônica, ata com gravação de diálogo
telefônico, ata para usucapião, entre outros.

DICAS

Prezado acadêmico, um ponto importante sobre a ata notarial é apresentado


no seguinte artigo:

"Qual o procedimento para arquivar imagens, sons e vídeos que compõem a ata notarial?
É obrigatório que a ata contenha as imagens verificadas pelo notário?"
Autor: Rafael Depieri
Ano: 2018
Link: https://www.anoregsp.org.br/noticias/28681/qual-o-procedimento-para-arquivar-imagens-
sons-e-videos-que-compoem-a-ata-notarial-e-obrigatorio-que-a-ata-contenha-as-imagens-
verificadas-pelo-notario.

DICAS

Acadêmico, por mais que se escreva, sempre existe algum detalhe a mais a ser
apresentado sobre o tema, o qual é bastante envolvente. Por isso, recomendamos alguns livros
para a sua biblioteca, os quais tratam de diversos outros assuntos ligados ao tema.

1- SCHAEDLER, B. Ata notarial. Belo Horizonte: BH Editora, 2017.


2- FERREIRA, P. R. G.; RODRIGUES, F. L. Ata notarial: doutrina, prática e meio de prova. 2. ed.
Salvador: JusPodivm, 2020.

Se você acessar o site apresentado a seguir, a editora disponibiliza o Capítulo 9 em PDF para a sua
leitura. Disponível em:
https://www.editorajuspodivm.com.br/cdn/arquivos/7ada055ce54911bd2e2cb27034dc8c24.pdf.

3- BRANDELLI, L. Ata notarial. Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris Editor, 2004.

147
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

2.2 A ESCRITURAS PÚBLICAS


As escrituras públicas são o segundo instrumento que os notários podem
trabalhar e que possuem uma grande relevância no seu exercício, logo, muitos
elementos referentes às atas notariais também são verdadeiras para a escritura,
principalmente na formalidade e terminologia técnica a serem trabalhadas nas
escrituras públicas, a isenção do Notarial ao escrevê-la, a fé pública e a validade legal.

Assim, como vemos em autores Brandelli (2004), Schaedler (2017) e


Ferreira e Rodrigues (2020), o que difere entre uma ata notarial e uma escritura
pública está na existência ou não da manifestação de vontade das partes a ser
interpretada e descrita juridicamente pelo notário. Assim, temos:

• Na escritura pública: o tabelião recebe, interpreta e descreve a manifestação de


vontade das partes (compra e venda de um terreno, secção de direito de imagem
para uma campanha de comunicação etc.)
• Na ata notarial: não existe manifestação de vontade.

Analisando ao exposto, temos que, na escritura pública, há manifestação


de vontade direcionada ao tabelião, o qual tem o dever de assessorar juridicamente
as partes em sua vontade dentro dos moldes jurídicos, dando os desígnios e
instrumentos de forma adequada, enquanto, na ata notarial, temos apenas a
narração pelo tabelião, de um fato presenciado e seus sentidos, de modo que o
descreva juridicamente, porém reforçando, sem emitir juízo de valor.

Assim, podemos definir escritura pública, conforme Brandelli (2011,


p. 373), como sendo “o ato notarial pelo qual o notário recebe a vontade
manifestada pelas partes e endereçadas a ele, tabelião, para que instrumentalize
o ato jurídico adequado”.

A escritura pública é um documento legal que traz a representação e a


declaração de vontade de uma pessoa ou do negócio entre várias pessoas ou
empresas. A escritura pública notarial traz em si a maior força probante dentro do
direito brasileiro. Logo, quem entra em processo de contestação de uma escritura
pública deverá provar o alegado nesta contestação.

No processo de lavratura da escritura pública, o tabelião faz a redação


do instrumento escrito (a escritura pública) das declarações de vontade entre as
partes e, a pedido dos interessados, ele descreve seus interesses com fidedignidade
e assinam. Temos em seu princípio que a escritura pública, conforme Ferreira e
Rodrigues (2020), serve para criar, extinguir e modificar direitos sobre as coisas.

Como exemplo, podemos citar o Art. 108 do Código Civil Brasileiro: “Art.
108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário-mínimo vigente no País” (BRASIL, 2002).

148
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

Um dos exemplos típicos de utilização do instrumento de escritura


pública estão nas questões relacionadas à compra e venda de imóveis, inclusive
constando na legislação brasileira como exemplificado anteriormente.

As escrituras públicas, conforme Brandelli (2011), são lavradas e depois


são arquivadas em livros próprios, os quais são chamados de livros de notas, cujo
tabelião tem o dever de conservar indefinidamente.

As escrituras podem ser lavradas à mão, datilografadas, digitadas,


impressas em livros, podendo ser previamente encadernados ou a posteriori.
As suas folhas são previamente numeradas, e com o advento das tecnologias de
informação (TI), cada folha conterá um código de barras.

NOTA

Prezado acadêmico, antigamente os livros de notas eram realmente livros


com linhas e se faziam as escrituras públicas à mão, mas, atualmente, com o advento da
TI, a maioria das escrituras públicas são digitais, para posteriormente serem encadernadas
e formar os livros de notas físicos, seguindo as escrituras uma rigorosa ordem cronológica,
com suas folhas enumeradas ordinalmente.

O Art. 215 do Código Civil nos traz ainda o reforço da questão da fé pública
da escritura pública, inclusive indicando requisitos mínimos em sua execução,
conforme podemos ler na sequência:

Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento


dotado de fé pública, fazendo prova plena.
§ 1 o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura
pública deve conter:
I- data e local de sua realização;
II- reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de
quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes,
intervenientes ou testemunhas;
III- nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e
residência das partes e demais comparecentes, com a indicação,
quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do
outro cônjuge e filiação;
IV- manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V- referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais
inerentes à legitimidade do ato;
VI- declaração de ter sido lida na presença das partes e demais
comparecentes, ou de que todos a leram;
VII- assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a
do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.
§ 2 o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra
pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo.

149
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

§ 3 o A escritura será redigida na língua nacional.


§ 4 o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional
e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá
comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o
havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião,
tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
§ 5 o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem
puder identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo
menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade
(BRASIL).

NOTA

Prezado acadêmico, as escrituras públicas podem ser lavradas pelo tabelião


de notas ou por um preposto instituído pelo tabelião, que é um dos seus empregados. No
entanto, ele deve necessariamente ser um especialista que possui prática notarial. Todavia,
fica a observação que qualquer escritura elaborada por um preposto deverá ser assinada
por ele (escrevente), quem a lavrou, mas o tabelião ou seu substituto legal deverá revisar e
subscrevê-la, encerrando-a.

Assim como as atas notariais, as escrituras públicas também são um


assunto extenso, com diversos meandros legais e aplicações. Para não delongar
demais o tema, seguem algumas dicas de leitura para você.

DICAS

Acadêmico, seguem algumas dicas de leitura sobre o tema escritura pública


nos seguintes sites da internet:

1- KERN, M. D. A “Unitas Actus” nas escrituras públicas e a moderna praxe notarial. Revista de
Direito Imobiliário, v. 81, jul./dez. 2016. Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/
page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/
bibli_boletim/bibli_bol_2006/RDImob_n.81.02.PDF.

2- COURA, B. C. Escrituras públicas e particulares: diferenças entre escrituras públicas e


particulares, documentos essenciais, formas de registro. 2015 https://bernardocesarcoura.
jusbrasil.com.br/artigos/339091105/escrituras-públicas-e-particulares

3- https://www.notariado.org.br/imobiliario/escrituras-publicas/

4- https://www.casamineira.com.br/blog/escritura/

5- https://20cartorio.com.br/2019/05/06/abr-19-saiba-como-funciona-a-escritura-publica/

6- https://dcomercio.com.br/categoria/opiniao/para-que-serve-a-escritura-publica

150
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

DICAS

Prezado acadêmico, gostaríamos de deixar mais uma dica de leitura. Seguem


os principais artigos do Código Civil Brasileiro que trata sobre o assunto.

Inúmeros dispositivos tratam dos requisitos dos atos notariais ou da obrigatoriedade da forma
pública. O Código Civil contém normas de direito objetivo e direito adjetivo. A totalidade das
normas são fontes da atividade notarial. Destacamos algumas: Art. 5ᵒ, I, Art. 62, Art. 107, Art.
108, Art. 109, IV, Art. 215, Art. 217, Art. 223, Art. 226, Parágrafo único, Art. 288, Art. 292, Art. 490,
Art. 541, Art. 655, Art. 657, Art. 807, Art. 842, Art. 911, Parágrafo único, Art. 923, § 1ᵒ, § 2ᵒ, Art. 998,
§ 1ᵒ, Art. 1.128, Parágrafo único, Art. 1.334, § 1 ᵒ, Art. 1.361, § 1ᵒ, Art. 1.369, Art. 1.417, Art. 1.418, Art.
1.438, Art. 1.448, Art. 1.452, Art. 1.453, Art. 1.458, Art. 1.494, Art. 1.536, VII, Art. 1.537, Art. 1.542, §
4ᵒ, Art. 1.609, II, III, Art. 1.640, Parágrafo único, Art. 1.649, Parágrafo único, Art. 1.653, Art. 1.711,
Art. 1.729, Parágrafo único, Art. 1.793, Art. 1.801, IV, Art. 1.806, Art. 1.818, Art. 1.848, Art. 1.864, Art.
1.867, Art. 1.868, Art. 1.869, Parágrafo único, Art. 1.870, Art. 1.871, Art. 1.872, Art. 1.873, Art. 1.874,
Art. 1.875, Art. 1.893, Art. 2.015, Art. 2.042, fora as leis esparsas.

FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3seA5XG>. Acesso em: 11 nov. 2020.

Uma escritura pública pode ser lavrada sob as mais diversas finalidades,
sendo um exemplo de sua aplicação para comprovar os atos da vida civil, como
os que seguem:

• compra e venda e cessão de direitos aquisitivos;


• promessa de compra e venda;
• escritura pública de distrato de compra e venda;
• negociação e transmissão de bens;
• escritura de declaração de união estável;
• pacto antenupcial;
• reconhecimento de paternidade;
• divórcio consensual, quando o casal não tiver filhos menores ou incapazes;
• cessão de direitos hereditários;
• inventário e partilha de bens, quando os herdeiros são todos maiores de idade,
capazes e estão totalmente de acordos senão deve ser realizado judicialmente;
• compra e venda;
• inventário e partilha de bens;
• confissão de dívida;
• doação;
• convenção de condomínio; entre outros.

Prezado acadêmico, apresentaremos a seguir um modelo de Escritura de


Divórcio Consensual:

151
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

MODELO DE ESCRITURA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL

MODELO DE ESCRITURA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL

Livro ________________
­­
Folha ________________

ESCRITURA PÚBLICA DE DIVÓRCIO CONSENSUAL que fazem, como


outorgantes e reciprocamente outorgados NOME e NOME, e como assistente,
NOME DO ADVOGADO, na forma a seguir declarada:

SAIBAM todos quantos este público instrumento de Escritura Pública


de Divórcio Consensual virem que, aos ______________ dias do mês de
_______________ do ano de _______________ (_____/_____/________), nesta
Serventia que se acha instalada à Rua _______________, perante mim, Tabeliã
Titular, compareceram partes entre si, justas e contratadas, a saber: de um lado,
como primeiro outorgante e reciprocamente outorgado, NOME, profissão, RG
nᵒ _______________ SSP/______________, CPF nᵒ _______________ e, como
segunda outorgante e reciprocamente outorgada, NOME, profissão, RG nᵒ
_______________ SSP/_______________, CPF nᵒ _______________, ambos
brasileiros, casados sob o regime _______________ , residentes e domiciliados
nesta cidade, na _______________ e, como assistente, NOME, nacionalidade,
estado civil, advogado, OAB/_______________ nᵒ _______________ e CPF nᵒ
_______________, com escritório estabelecido nesta cidade, na _______________,
todos identificados pelos documentos apresentados e cuja capacidade reconheço
e dou fé. Pelos outorgantes me foi dito que comparecem perante mim, Tabeliã
Titular, acompanhados de seu advogado constituído, ora assistente, para
realizar seu divórcio, consoante as seguintes cláusulas: 1ª – DO CASAMENTO:
Os outorgantes e reciprocamente outorgados contraíram matrimônio no dia
_______________ de _______________ de _______________, conforme assento
nᵒ _______________, às fls. _______________, do livro _______________, nos
termos da certidão emitida em _____/_____/________ do _______________
Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca de _______________, sob o
regime da _______________; 2ª – DOS FILHOS: Os outorgantes e reciprocamente
outorgados declaram que não possuem filhos comuns menores e/ou incapazes
[se houver filhos maiores e capazes, ou emancipados, mencionar os nomes
e as datas de nascimento]; 3ª – DOS REQUISITOS DO DIVÓRCIO: De sua
espontânea vontade, livres de qualquer coação, sugestão ou induzimento e
não mais desejando os outorgantes e reciprocamente outorgados manter
a sociedade conjugal, declaram: Que a convivência matrimonial entre eles
tornou-se intolerável, não havendo possibilidade de reconciliação; Que o prazo
legal de [um ano do trânsito em julgado da separação judicial ou dois anos
de separados de fato], sem reconciliações, já transcorreu, o que lhes permite
obter o divórcio; Que o divórcio que ora requerem preserva os interesses
dos cônjuges e não prejudica interesses de terceiros; 4ª – DA PROVA DA
SEPARAÇÃO DE FATO: Comparecem ao presente ato NOMES, [qualificação

152
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

completa] na qualidade de testemunhas, advertidos por mim, Tabeliã Titular,


do compromisso de dizer a verdade sob pena de crime de falso testemunho,
declararam o seguinte: [Devem declarar que conhecem os outorgantes e
reciprocamente outorgados há mais de dois anos, mencionando de onde os
conhecem e se afirmam com segurança estar o casal separado há mais de
dois anos. OBS: As declarações devem ser tomadas separadamente de cada
testemunha]. Nada mais disse; OU [no caso de apresentação de declarações com
firmas reconhecidas verdadeiras] Os outorgantes apresentaram declarações,
com firmas reconhecidas como verdadeiras, tendo como declarantes NOME
(qualificar) e NOME (qualificar), atestando que conhecem os outorgados há
mais de dois anos e que podem afirmar, com certeza, que o casal está separado
há mais de dois anos, declarações essas que ficam arquivadas neste serviço;
5ª – DO ACONSELHAMENTO E ASSISTÊNCIA JURÍDICA: Pelo assistente,
advogado constituído pelos dois outorgantes e reciprocamente outorgados,
foi dito que, tendo ouvido, aconselhado e advertido ambas as partes quanto às
consequências do divórcio, propôs a reconciliação, que restou infrutífera; 6ª –
DA TENTATIVA DE RECONCILIAÇÃO: Neste ato, as partes reafirmaram a
recusa da reconciliação e declaram perante o assistente jurídico e este tabelião
estarem convictas de que a dissolução do casamento é a melhor solução para
ambos; 7ª – DO DIVÓRCIO: Assim, em cumprimento ao pedido e vontade dos
outorgantes e reciprocamente outorgados, atendidos os requisitos legais, pela
presente escritura, nos termos do Art. 1.580 e seus parágrafos, do Código Civil
e Art. 1.124-A, do Código de Processo Civil, acrescido pela Lei 11.441, de 04
de janeiro de 2007, fica dissolvida a sociedade conjugal entre eles, que passam
ao estado civil de divorciados; 8ª – EFEITOS DO DIVÓRCIO: Em decorrência
deste divórcio dissolve-se o vínculo matrimonial e ficam extintos os deveres
do casamento, exceto em relação aos filhos; 9ª - DO NOME DAS PARTES:
O cônjuge [virago ou varão] volta a adotar o nome de solteiro (a), qual seja:
________________ [ou, manterá seu nome de casado _______________];
10ª – DA PENSÃO ALIMENTÍCIA: Os outorgantes e reciprocamente
outorgados estabelecem _______________; 11ª – DOS BENS DO CASAL
[Caso já tenha havido separação judicial e partilha de bens, mencionar que
já foram partilhados]: Os outorgantes e reciprocamente outorgados possuem
os seguintes bens: [Descrever todos os bens com os respectivos valores,
separadamente, os partilháveis e os pertencentes aos cônjuges que não são
partilháveis, incluindo matrícula do Registro Imobiliário, se houver]; 12ª – DA
PARTILHA: Os outorgantes e reciprocamente outorgados resolvem partilhar
seus bens comuns, da seguinte forma: Ao primeiro outorgante caberão os
seguintes bens: [descrever os bens e o valor atribuído]; À segunda outorgante
caberão os seguintes bens: [descrever os bens e o valor atribuído]. Tendo
em vista que os valores dos quinhões atribuídos importam na totalidade do
patrimônio e são idênticos, não haverá reposições. [Havendo reposição, deverá
constar o valor que exceder à meação e se a transmissão será a título oneroso ou
gratuito]. Pela partilha dos bens, as partes se outorgam mútua e reciprocamente
a irrevogável e plena quitação; 13ª – DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO -
Em virtude dos quinhões serem idênticos, não havendo reposição gratuita

153
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

ou onerosa, não há incidência de I.T.B.I. ou I.T.C.D. [Havendo reposição,


descrever o valor do I.T.B.I ou do I.T.C.D.]; 14ª – DAS DECLARAÇÕES DAS
PARTES: As partes declaram: Que os imóveis ora partilhados encontram-se
livres e desembaraçados de quaisquer ônus, dívidas, tributos de quaisquer
natureza; Que não existem feitos ajuizados fundados em ações reais ou
pessoais reipersecutórias que afetem os bens e direitos partilhados; Que são
responsáveis civil e criminalmente pelos fatos relatados e que as declarações
prestadas são a exata expressão da verdade. Ficam ressalvados eventuais erros,
omissões ou os direitos de terceiros; 15ª – ADVERTÊNCIA: Esta escritura
somente terá validade contra terceiros após sua averbação e/ou registro
junto ao(s) serviço(s) competente(s), ficando, contudo, ressalvados eventuais
erros, omissões e direitos de terceiros. 16ª – DAS CERTIDÕES: [descrever as
certidões apresentadas]. As partes requerem e autorizam o senhor Oficial
do _______________ Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca de
_______________ a efetuar a averbação necessária para que conste o presente
divórcio, passando as partes ao estado civil de divorciados. Requerem ainda
aos Oficiais dos Registros de Imóveis competentes a efetuarem as averbações
e registros necessários. Assim o disseram e pediram que fosse lavrada esta
escritura, a qual feita e lhes sendo lida, acharam conforme, outorgam e
assinam. Eu, ___________________________________, Tabeliã Titular, lavrei
a presente escritura, conferi, subscrevo e assino com as partes, encerrando o
ato. [Cidade]/Mato Grosso, _____ de _______________ de ­­__________. Pagos os
emolumentos no valor de R$ ­_______________ (_______________). Documento
válido somente com o selo de autenticidade.

_________________________________
1ᵒ outorgante
___________________________________
2ᵒ outorgante
___________________________________
Assistente (Advogado)
_________________________________
Tabelião

FONTE: Adaptado de <http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/downloads/Corregedoria/


Provimento2005Corregedoria/Anexo%20%20-%20Provimento%2002_07.pdf>.
Acesso em: 11 nov. 2020.

154
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

3 LEGISLAÇÃO SOBRE OS LIVROS NOTARIAIS


Caro acadêmico, os livros notariais ou os livros da serventia são uma das
peças-chaves da atividade notarial e de registro, tanto que existe uma lei, a Lei
nᵒ 6.015, de 31 de dezembro de 1973, a qual dispõe sobre os registros públicos e
dá outras providências. Nessa lei, em seu Capítulo II, temos as diretrizes para
execução deles:

CAPÍTULO II
Da Escrituração
Art. 3ᵒ A escrituração será feita em livros encadernados, que
obedecerão aos modelos anexos a esta Lei, sujeitos à correição da
autoridade judiciária competente.
§ 1ᵒ Os livros podem ter 0,22 m até 0,40 m de largura e de 0,33 m até
0,55 m de altura, cabendo ao oficial a escolha, dentro dessas dimensões,
de acordo com a conveniência do serviço.
§ 2° Para facilidade do serviço podem os livros ser escriturados
mecanicamente, em folhas soltas, obedecidos os modelos aprovados
pela autoridade judiciária competente.
Art. 4ᵒ Os livros de escrituração serão abertos, numerados, autenticados
e encerrados pelo oficial do registro, podendo ser utilizado, para tal
fim, processo mecânico de autenticação previamente aprovado pela
autoridade judiciária competente.
Art. 5ᵒ Considerando a quantidade dos registros o Juiz poderá
autorizar a diminuição do número de páginas dos livros respectivos,
até a terça parte do consignado nesta Lei.
Art. 6ᵒ Findando-se um livro, o imediato tomará o número seguinte,
acrescido à respectiva letra, salvo no registro de imóveis, em que o
número será conservado, com a adição sucessiva de letras, na ordem
alfabética simples, e, depois, repetidas em combinação com a primeira,
com a segunda, e assim indefinidamente. Exemplos: 2-A a 2-Z; 2-AA a
2-AZ; 2-BA a 2-BZ etc.
Art. 7ᵒ Os números de ordem dos registros não serão interrompidos no
fim de cada livro, mas continuarão, indefinidamente, nos seguintes da
mesma espécie (BRASIL, 1973).

Para exemplificar, temos ainda, em seu final, um exemplo de página de


cada um dos oito livros utilizados no registro de imóveis, os quais são apresentados
a seguir:

155
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

FIGURA 1 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 1 – PROTOCOLO

FONTE: Brasil (1973)

FIGURA 2 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 2 – REGISTRO GERAL

FONTE: Brasil (1973)

156
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

FIGURA 3 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 3 – AUXILIAR

FONTE: Brasil (1973)

FIGURA 4 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 4 – REGISTROS DIVERSOS

FONTE: Brasil (1973)

157
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

FIGURA 5 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 5 – INDICADOR REAL

FONTE: Brasil (1973)

FIGURA 6 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 6 – INDICADOR PESSOAL

FONTE: Brasil (1973)

158
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

FIGURA 7 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 7 – REGISTRO DE INCORPORAÇÕES

FONTE: Brasil (1973)

FIGURA 8 – MODELO DO LIVRO Nᵒ 8 – LOTEAMENTOS

FONTE: Brasil (1973)

159
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Como você pôde ver nesses oito exemplos de páginas de livros de registro
de imóveis, eles são padronizados, devendo seguir o instituído, e isso vale para
todas as áreas de trabalho da serventia, evidentemente que cada um com os seus
modelos específicos.

DICAS

Prezado acadêmico, para você que deseja seguir a careira na área notarial,
recomendamos pesquisar na internet mais modelos de documentos notariais, como as
atas notariais e escrituras públicas, pois são fundamentais na profissão. Um outro ponto
importante é que todo cartório já utiliza um modelo próprio ou de uso comum para tais
procedimentos, então procure seguir os padrões de trabalho já estabelecidos do cartório.
Um outro ponto importante sobre os modelos de atas e escrituras é que quando temos um
software específico para este fim, ele geralmente traz modelos atualizados e otimizados, os
quais geralmente são melhores que os modelos gratuitos da internet.

FIGURA – PLATAFORMA ON-LINE PARA AGENDAR ATENDIMENTOS PRESENCIAIS

FONTE: <https://www.campoformosonoticias.com/v5/wp-content/uploads/2020/05/
Pessoa-usando-computador.jpg>. Acesso em: 11 nov. 2020.

CARACTERES ESPECIAIS DA ATA NOTARIAL

Como as situações são tão diversas e, não raro, com assuntos que
refogem ao conhecimento ordinário do tabelião, alguns procedimentos devem
ser adotados para operar com eficiência. Indicamos, a seguir, algumas cautelas
importantes:

a- o tabelião deve respeitar a intimidade e a privacidade do solicitante e


de terceiros;
b- o tabelião deve abster-se de entrar em lugares privados sem autorização
(verbal ou escrita);

160
TÓPICO 1 — AS ATIVIDADES NOTARIAIS

c- o tabelião deve consignar o eventual protesto ou manifesto do solicitante


ou de terceiros;
d- o tabelião não é obrigado a se identificar. Se o solicitante ou terceiros
desejarem saber sua função e motivo da presença, o tabelião deve
identificar-se e dizer a razão de estar ali;
e- sempre que puder, o tabelião deve reconhecer e qualificar terceiros;
f- sob nenhuma hipótese, o tabelião violará a lei, a moral e os bons costumes.
Caso o solicitante ou terceiros o façam, o tabelião deve consignar a ação na ata;
g- o tabelião deve ter cautela ao interpretar o fato;
h- o tabelião não é especialista, sua aferição é a do homem mediano (homo medius);
i- é possível a convocação de profissionais especializados (peritos e técnicos),
pelo solicitante;
j- é possível fazer duas atas, ou mais, da mesma verificação, para
k- idêntico ou distinto solicitante;
l- o tabelião não deve envolver-se em litígios ou argumentar em discussões;
ofensas podem ocorrer. O tabelião não deve revidar;
m- se for consultado ou entender conveniente, o tabelião deve prestar
assessoria notarial.

FONTE: Adaptado de FERREIRA, P. R. G.; RODRIGUES, F. L. Ata notarial: doutrina, prática e


meio de prova. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2020. p. 187-188.

161
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Aos notários compete formalizar juridicamente a vontade das partes.

• Aos notários compete intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes
devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou
redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo
cópias fidedignas de seu conteúdo.

• Aos notários compete autenticar fatos.

• Os livros notariais são de extrema importância aos notários/tabeliães, e os dois


instrumentos principais são a escritura pública e a ata notarial.

• Na escritura pública existe a manifestação de vontade das partes.

• Na ata notarial não existe a manifestação de vontade das partes.

• A ata notarial é um instrumento público, um documento com validade jurídica


e redigida por um notário ou tabelião, a pedido de um terceiro (outra pessoa),
para descrever um fato que se queira dar uma validade jurídica dentro dos
limites estabelecidos por lei.

• Ata notarial tem validade jurídica decorrente, conforme previsto no Art. 6ᵒ,
Inciso III da Lei nᵒ 8.935/1994.

• Toda ata notarial deve conter os seguintes itens:


◦ Qualificação da pessoa que solicita: pessoas físicas, se é capaz ou incapaz,
procurador e pessoas jurídicas etc.
◦ Comprovação da condição, a data e hora precisas da verificação dos fatos.
◦ O local da ocorrência dos fatos ou da constatação (a exemplo do acesso à
internet).
◦ A descrição do fato a ser descrito ou presenciado (objeto), que podem ser
caracterizados como lícitos ou ilícitos, físicos, eletrônicos e sensoriais.
◦ Finalidade do procedimento deixando claro a intenção do solicitante.
◦ Declaração de haver sido lida ao solicitante e às testemunhas, quando for o caso.
◦ Assinatura do solicitante ou de alguém a seu rogo e das testemunhas,
quando for o caso.
◦ Assinatura do tabelião e seu sinal público (selo).

162
• São tipos de ata notarial: atas de notoriedade, atas de presença e declaração,
atas de constatação em diligência, atas de inspeção, atas de verificação de
mensagem via celular, e-mail ou de página de internet, ata de subsanação etc.

• A escritura pública é um documento legal que traz a representação e a declaração


de vontade de uma pessoa ou do negócio entre várias pessoas ou empresas.

• A escritura pública deve conter:


I- data e local de sua realização;
II- reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam
comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;
III- nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes
e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de
bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV- manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V- referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à
legitimidade do ato;
VI- declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes,
ou de que todos a leram;
VII- assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião
ou seu substituto legal, encerrando o ato.

• A escrituração será feita em livros encadernados, que obedecerão a lei.

• Os livros podem ter 0,22 m até 0,40 m de largura e de 0,33 m até 0,55 m de
altura, cabendo ao oficial a escolha, dentro dessas dimensões, de acordo com a
conveniência do serviço.

• Os livros de escrituração serão abertos, numerados, autenticados e encerrados


pelo oficial do registro, podendo ser utilizado, para tal fim, processo mecânico
de autenticação previamente aprovado pela autoridade judiciária competente.

163
AUTOATIVIDADE

1 A ata notarial é um instrumento público, um documento com validade


jurídica e de forma pública redigida por um notário ou tabelião, a pedido
de um terceiro (outra pessoa), para descrever um fato que se queira dar
uma validade jurídica dentro dos limites estabelecidos por lei. Em uma ata
notarial não existe a manifestação de vontade das partes. Com relação a
exemplos de atas notariais, assinale a alternativa CORRETA que apresenta
somente situações cabíveis a atas notariais:

a) ( ) Compra e venda e cessão de direitos aquisitivos de imóvel, atestar a


profissão de uma pessoa, divórcio consensual.
b) ( ) Divórcio consensual, atestar a profissão de uma pessoa, pacto pré-nupcial.
c) ( ) Atestar o estado de um imóvel no início de locação, atestar a profissão de
uma pessoa, Comprovar a presença de pessoas em determinados lugares.
d) ( ) Compra e venda e cessão de direitos aquisitivos de imóvel, divórcio
consensual, pacto pré-nupcial.

2 Todas as atas notariais e escrituras públicas são documentos com validade


jurídica e devem ser elaboradas dentro das diretrizes legais, obedecendo aos
ditames da lei e, por isso, são diversos pontos que precisam ser obedecidos em
sua elaboração. Estes documentos fazem parte dos livros notariais. Com relação
às questões relacionadas aos livros notariais, analise as sentenças a seguir:

I- A escrituração será feita em livros encadernados, que obedecerão a lei.


II- Livros podem ter 0,22 m até 0,40 m de largura e de 0,33 m até 0,55 m de
altura.
III- Os livros de escrituração serão abertos, numerados, autenticados e encerrados
pelo oficial do registro.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) Somente a sentença II está correta.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

164
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, as atividades notariais são bastante extensivas
e especializadas, principalmente quando analisamos os diversos tipos de
cartórios que existem no Brasil. Já falamos sobre as atas notariais e as escrituras
públicas, mas existem muitas outras atividades exercidas nos cartórios pelos
tabeliães e escriturários.

Neste tópico, descreveremos estes serviços realizados pelos tabeliães, mas


reforçamos a necessidade de você buscar informações mais detalhadas sobre estas
práxis, caso tenha interesse em especializar-se em tais atividades.

Cada práxis profissional está relacionada a questões legais do tabelião e


das leis federais, estaduais e municipais a que o cartório está afiliado, por isso
mesmo você, acadêmico, deve buscar estudar as leis que regem o tabelionato na
região de seu trabalho.

NOTA

Prezado acadêmico, o Brasil é um País continental, com 26 estados e um


Distrito Federal, compondo, assim, as 27 unidades federativas. Cada uma possui legislações
específicas para a ação dos cartórios. Por isso, citamos algumas questões legais relacionadas
a estados específicos, mas você precisa se aprofundar sobre as leis de seu estado e
municípios sobre o assunto.

165
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

FIGURA – BRASIL E SEUS ESTADOS FEDERATIVOS

FONTE: <https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/estados-brasil.htm>.
Acesso em: 11 nov. 2020.

2 REGISTRO DA PROPRIEDADE IMÓVEL COMO DIREITO REAL


O registro de propriedade de imóvel é um dos principais serviços
prestados pelos cartórios de registro de imóvel. A propriedade imobiliária é um
direito real, e seu registro se faz necessário para a garantia do direito ao dono ou
detentor, para que ele possa usufruir, utilizar, gozar e dispor de sua propriedade
imóvel, sempre ressalvado que respeitados os limites legais vigentes.

Todo o processo de registro público de imóvel tem seu início de


processo com o registro, matrícula e averbação em cartório, e assim o registro
de imóveis traz em si a especificação detalhada de todas as informações do
imóvel e do seu proprietário.

Podemos definir registro, conforme Diniz (2010, p. 85), como:

166
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

O registro é o lançamento efetuado sob a matrícula do bem de raiz, dos


atos geradores do domínio e dos que impõem ônus ou estabelecem direitos reais
de fruição, de garantia ou de aquisição, restringindo a propriedade imobiliária. À
medida que forem surgindo fatos novos relativos ao bem de raiz, a sua matrícula
original sofrerá alterações, mas seu número será mantido.

NOTA

Prezado acadêmico, seguem as principais legislações para a sua consulta:

Lei nᵒ 8.935/1994 (Lei dos Notários e Registradores).


Lei nᵒ 6.015/1973 (Lei dos Registros Públicos).
Lei nᵒ 7.433/1985 (requisito da Escritura Pública).
Decreto nᵒ 93.240/1986 (regulamenta a Lei nᵒ 7.433/1985).
Código Civil, Lei n◦ 10.169/2000 (emolumentos em geral),
Lei Estaduais
Lei Municipais
Resoluções CNJ (Conselho Nacional de Justiça), entre outros.

Assim, temos os serviços que podem ser feitos no registro de imóveis,


conforme Art. 167, I, da Lei nᵒ 6.015/1973:

Art. 167 - No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos. (Renumerado


do Art. 168 com nova redação pela Lei nᵒ 6.216, de 1975).

I- o registro: (Redação dada pela Lei nᵒ 6.216, de 1975).

1) da instituição de bem de família;


2) das hipotecas legais, judiciais e convencionais;
3) dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido consignada
cláusula de vigência no caso de alienação da coisa locada;
4) do penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados
e em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles;
5) das penhoras, arrestos e sequestros de imóveis;
6) das servidões em geral;
7) do usufruto e do uso sobre imóveis e da habitação, quando não resultarem
do direito de família;
8) das rendas constituídas sobre imóveis ou a eles vinculadas por disposição
de última vontade;

167
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

9) dos contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de


promessa de cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham
por objeto imóveis não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua
celebração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações;
10) da enfiteuse;
11) da anticrese;
12) das convenções antenupciais;
13) das cédulas de crédito rural; (Revogado pela Lei nᵒ 13.986, de 2020)
14) das cédulas de crédito, industrial;
15) dos contratos de penhor rural;
16) dos empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as
conversíveis em ações;
17) das incorporações, instituições e convenções de condomínio;
18) dos contratos de promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de
unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nᵒ 4.591, de 16 de
dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição de condomínio
se formalizar na vigência desta Lei;
19) dos loteamentos urbanos e rurais;
20) dos contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em
conformidade com o Decreto-lei nᵒ 58, de 10 de dezembro de 1937, e
respectiva cessão e promessa de cessão, quando o loteamento se formalizar
na vigência desta Lei;
21) das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas a imóveis;
22) das sentenças de desquite e de nulidade ou anulação de casamento,
quando, nas respectivas partilhas, existirem imóveis ou direitos reais
sujeitos a registro; (Revogado pela Lei nᵒ 6.850, de 1980)
23) dos julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os
demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em
constituição de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos
incorporadores;
24) das sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas, adjudicarem
bens de raiz em pagamento das dívidas da herança;
25) dos atos de entrega de legados de imóveis, dos formais de partilha e das
sentenças de adjudicação em inventário ou arrolamento quando não
houver partilha;
26) da arrematação e da adjudicação em hasta pública;
27) do dote;
28) das sentenças declaratórias de usucapião;
28) das sentenças declaratórias de usucapião, independente da regularidade
do parcelamento do solo ou da edificação; (Redação dada pela Lei nᵒ
10.257, de 2001)
28) das sentenças declaratórias de usucapião; (Redação dada pela Medida
Provisória nᵒ 2.220, de 2001)
29) da compra e venda pura e da condicional;
30) da permuta;
31) da dação em pagamento;

168
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

32) da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota social;


33) da doação entre vivos;
34) da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de
desapropriação, fixarem o valor da indenização;
35) da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel. (Incluído pela Lei nᵒ
9.514, de 1997)
36) da imissão provisória na posse, e respectiva cessão e promessa de cessão,
quando concedido à União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou suas
entidades delegadas, para a execução de parcelamento popular, com
finalidade urbana, destinado às classes de menor renda. (Incluído pela Lei
nᵒ 9.785, de 1999)
36) da imissão provisória na posse, quando concedida à União, Estados,
Distrito Federal, Municípios ou suas entidades delegadas, e respectiva
cessão e promessa de cessão; (Redação dada pela Medida Provisória nᵒ
514, de 2010)
36) da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos Estados,
ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas, e
respectiva cessão e promessa de cessão; (Redação dada pela Lei nᵒ 12.424,
de 2011)
37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias da concessão
de uso especial para fins de moradia, independente da regularidade do
parcelamento do solo ou da edificação; (Incluído pela Lei nᵒ 10.257, de
2001)
37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias da concessão de
uso especial para fins de moradia; (Redação dada pela Medida Provisória
nᵒ 2.220, de 2001)
38) (VETADO) (Incluído pela Lei nᵒ 10.257, de 2001)
39) da constituição do direito de superfície de imóvel urbano; (Incluído pela
Lei nᵒ 10.257, de 2001)
40) do contrato de concessão de direito real de uso de imóvel público. (Redação
dada pela Medida Provisória nᵒ 2.220, de 2001)
41) da legitimação de posse; (Incluído pela Lei nᵒ 11.977, de 2009)
42) da conversão da legitimação de posse em propriedade, prevista no Art. 60
da Lei nᵒ 11.977, de 7 de julho de 2009; (Incluído pela Medida Provisória
nᵒ 514, de 2010)
42) da conversão da legitimação de posse em propriedade, prevista no Art.
60 da Lei nᵒ 11.977, de 7 de julho de 2009; (Incluído pela Lei nᵒ 12.424, de
2011)
43) da Certidão de Regularização Fundiária (CRF); (Incluído pela Lei nᵒ
13.465, de 2017)
44) da legitimação fundiária. (Incluído pela Lei nᵒ 13.465, de 2017)

II- a averbação: (Redação dada pela Lei nᵒ 6.216, de 1975).

1) das convenções antenupciais e do regime de bens diversos do legal, nos


registros referentes a imóveis ou a direitos reais pertencentes a qualquer
dos cônjuges, inclusive os adquiridos posteriormente ao casamento;

169
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

2) por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos reais;


3) dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das promessas
de cessão a que alude o Decreto-lei nᵒ 58, de 10 de dezembro de 1937, quando
o loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei;
4) da mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da
reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis;
5) da alteração do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras
circunstâncias que, de qualquer modo, tenham influência no registro ou
nas pessoas nele interessadas;
6) dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais a que alude a
Lei nᵒ 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação tiver sido
formalizada anteriormente à vigência desta Lei;
7) das cédulas hipotecárias;
8) da caução e da cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis;
9) das sentenças de separação de dote;
10) do restabelecimento da sociedade conjugal;
11) das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade
impostas a imóveis, bem como da constituição de fideicomisso;
12) das decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por objeto atos ou títulos
registrados ou averbados;
13) " ex offício ", dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público.
14) das sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação
de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou
direitos reais sujeitos a registro. (Incluído pela Lei nᵒ 6.850, de 1980)
15) da rerratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca em
favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação, ainda
que importando elevação da dívida, desde que mantidas as mesmas partes
e que inexista outra hipoteca registrada em favor de terceiros. (Incluído
pela Lei nᵒ 6.941, de 1981)
16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência.
(Incluído pela Lei nᵒ 8.245, de 1991)
17) do Termo de Securitização de créditos imobiliários, quando submetidos a
regime fiduciário (Incluído pela Lei nᵒ 9.514, de 1997)
18) da notificação para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios
de imóvel urbano; (Incluído pela Lei nᵒ 10.257, de 2001)
19) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído
pela Lei nᵒ 10.257, de 2001)
20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano. (Incluído pela Lei
nᵒ 10.257, de 2001)
21) da cessão de crédito imobiliário. (Vide Medida Provisória nᵒ 2.223, de
2001) (Incluído pela Lei nᵒ 10.931, de 2004)
22) da reserva legal; (Incluído pela Lei nᵒ 11.284, de 2006)
23) da servidão ambiental. (Incluído pela Lei nᵒ 11.284, de 2006)
24) do destaque de imóvel de gleba pública originária; (Incluído pela Medida
Provisória nᵒ 458, de 2009)

170
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

24) do destaque de imóvel de gleba pública originária. (Incluído pela Lei nᵒ


11.952, de 2009)
25) do título de doação ou de concessão de direito real de uso, previstos no
§ 2o do Art. 26 da Medida Provisória no 458, de 10 de fevereiro de 2009.
(Incluído pela Medida Provisória nᵒ 458, de 2009)
26) do auto de demarcação urbanística; (Incluído pela Medida Provisória nᵒ
459, de 2009)
26) do auto de demarcação urbanística. (Incluído pela Lei nᵒ 11.977, de 2009)
27) da legitimação de posse. (Incluído pela Medida Provisória nᵒ 459, de 2009)
27) da extinção da legitimação de posse; (Redação dada pela Medida
Provisória nᵒ 514, de 2010)
28) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído
pela Medida Provisória nᵒ 514, de 2010)
29) da extinção da concessão de direito real de uso. (Incluído pela Medida
Provisória nᵒ 514, de 2010)
27) da extinção da legitimação de posse; (Redação dada pela Lei nᵒ 12.424, de 2011)
28) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído
pela Lei nᵒ 12.424, de 2011)
29) da extinção da concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nᵒ
12.424, de 2011)
30) da substituição de contrato de financiamento imobiliário e da respectiva
transferência da garantia fiduciária ou hipotecária, em ato único, à
instituição financeira que venha a assumir a condição de credora em
decorrência da portabilidade do financiamento para o qual fora constituída
a garantia. (Incluído pela Lei nᵒ 12.703, de 2012)
30) da sub-rogação de dívida, da respectiva garantia fiduciária ou hipotecária
e da alteração das condições contratuais, em nome do credor que venha
a assumir tal condição na forma do disposto pelo Art. 31 da Lei nᵒ 9.514,
de 20 de novembro de 1997, ou do Art. 347 da Lei nᵒ 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 - Código Civil, realizada em ato único, a requerimento do
interessado instruído com documento comprobatório firmado pelo credor
original e pelo mutuário. (Redação dada pela Lei nᵒ 12.810, de 2013)
31) da certidão de liberação de condições resolutivas dos títulos de domínio
resolúvel emitidos pelos órgãos fundiários federais na Amazônia Legal.
(Incluído pela Medida Provisória nᵒ 759, de 2016)
31) da certidão de liberação de condições resolutivas dos títulos de domínio
resolúvel emitidos pelos órgãos fundiários federais na Amazônia Legal.
(Incluído pela Lei nᵒ 13.465, de 2017)

171
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

32) do termo de quitação de contrato de compromisso de compra e venda


registrado e do termo de quitação dos instrumentos públicos ou
privados oriundos da implantação de empreendimentos ou de processo
de regularização fundiária, firmado pelo empreendedor proprietário
de imóvel ou pelo promotor do empreendimento ou da regularização
fundiária objeto de loteamento, desmembramento, condomínio de
qualquer modalidade ou de regularização fundiária, exclusivamente para
fins de exoneração da sua responsabilidade sobre tributos municipais
incidentes sobre o imóvel perante o Município, não implicando
transferência de domínio ao compromissário comprador ou ao beneficiário
da regularização. (Incluído pela Lei nᵒ 13.465, de 2017)
33) do compartilhamento de alienação fiduciária por nova operação de crédito
contratada com o mesmo credor, na forma prevista na Lei nᵒ 13.476, de
28 de agosto de 2017. (Incluído pela Medida Provisória nᵒ 922, de 2020)
(BRASIL, 1973).

Como você pôde ver, o tema é bastante extenso e a lei nos traz diversos
orientativos na práxis do dia a dia, mas sempre é importante lembrar que a prática
é fundamental para se reconhecer todos os detalhes em seu trabalho diário.

Prezado acadêmico, para encerrarmos o assunto, trazemos a seguir um


exemplo de Escritura Pública de compra e venda, cessão de direitos aquisitivos e
outorga de procuração.

ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA, CESSÃO DE DIREITOS


AQUISITIVOS E OUTORGA DE PROCURAÇÃO

SAIBAM quantos esta escritura pública virem que, <PREAMBULO_DATA>,


nesta cidade e comarca de _______________, Estado de _______________, perante
mim, _______________, compareceram partes entre si justas e contratadas, a
saber, de um lado, na qualidade de outorgante vendedor, a) ( Q U A L I F I C A R
OUTORGANTE VENDEDOR); b) Na qualidade de outorgante cedente,
(QUALIFICAR OUTORGANTE CEDENTE); c) E, de outro lado, na qualidade
de outorgado comprador e ao mesmo tempo cessionário, (QUALIFICAR
OUTORGADO CESSIONÁRIO); os presentes reconhecidos entre si e identificados
por mim, _______________, conforme documentos apresentados, do que dou
fé. Pelas partes foi dito, perante mim, _______________, que desejam realizar a
presente escritura nos termos seguintes:

1- DA COMPRA E VENDA: O outorgante vendedor é senhor e possuidor,


do seguinte bem:

172
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

1.1- UM (1) TERRENO (DESCREVER IMÓVEL); devidamente registrado


na matrícula nᵒ (Nᵒ DA MATRÍCULA), ficha 1, do Livro nᵒ 2 - Registro
Geral, do Serviço de Registro de Imóveis da _______________
Circunscrição da Comarca de _______________, _______________;
1.1.2- CADASTRO E VALOR: O imóvel se acha cadastrado na Prefeitura
Municipal de São Francisco do Sul, SC, sob nᵒ _______________, com
valor venal atribuído para o presente exercício de R$ _______________;
1.2- Em cumprimento ao instrumento particular de compromisso de compra
e venda firmado entre o outorgante vendedor e o outorgante cedente
em data de _______________, registrado em data de _______________,
sob nᵒ (Nᵒ DO REGISTRO) na matrícula nᵒ (Nᵒ DA MATRÍCULA), ficha
1 do livro 2 - Registro Geral de Registro de Imóveis da _______________
Circunscrição da Comarca de _______________, _______________, e
em face da cessão de direitos adiante efetivada, pela presente e nos
melhores termos de direito, vende para o outorgado comprador e
cessionário o imóvel anteriormente mencionado, completamente livre
e desembaraçado de todo e qualquer ônus judicial ou extrajudicial,
hipoteca legal ou convencional, foro ou pensão, pelo preço certo
ajustado de R$ (VALOR DA NEGOCIAÇÃO), importância que recebeu
em moeda corrente e legal do país, contada e achada certa e, pelo que
dá a mais geral, rasa e irrevogável quitação dessa quantia, para nada
mais exigir, em qualquer tempo, sobre ela ou a venda que ora é feita;
1.3- Em razão deste negócio, o outorgante vendedor transfere para o
outorgado comprador, todo o domínio, posse, direitos e ações que
exercia sobre o referido bem, comprometendo-se por si, seus herdeiros
e sucessores, a fazer esta transferência sempre boa, firme e valiosa e a
responder pela evicção na forma da lei;
2- DA CESSÃO DE DIREITOS: Pelo outorgante cedente, foi-me dito
também que, conforme Escritura Pública de Compromisso de Compra
e Venda lavrada nas Notas do _______________, da Comarca de
_______________, _______________, no Livro nᵒ _______________, à
folha _______________, aos _______________, devidamente registrada
sob nᵒ (Nᵒ REGISTRO) na matrícula nᵒ (Nᵒ DA MATRÍCULA) ficha 1
do livro 2 - Registro Geral do mesmo Serviço de Registro de Imóveis
da _______________ Circunscrição da Comarca de _______________,
_______________, o outorgante vendedor lhe prometera vender o
imóvel mencionado no item "1.1" desta escritura, pelo preço certo e
ajustado de R$ _______________, valor já integralmente pago de
conformidade com o citado compromisso de compra e venda;
2.1- Pela presente e nos melhores termos de direito, o outorgante cedente
cede e transfere para o outorgado comprador e cessionário, já com
a aquiescência do promitente vendedor original e ora outorgante
vendedor, os direitos a aquisição do aludido imóvel, pelo preço
certo e ajustado de R$ (VALOR DA NEGOCIAÇÃO), quantia esta já

173
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

integralmente recebida nos termos do referido instrumento particular


de compromisso de compra e venda, e assim pagos e satisfeitos de
todo o preço da venda, dão para o outorgado comprador e cessionário,
plena, rasa, geral e irrevogável quitação, para nada mais reclamar com
fundamento nesta transação;
2.2- Fica, portanto, o outorgado comprador e cessionário, por esta mesma
escritura, sub-rogado em todos os ônus, obrigações e vantagens
constantes da escritura de promessa de compra e venda supra referida,
da qual a presente fica fazendo parte integrante e complementar, para
que juntas produzam seus devidos e legais efeitos.
3- As partes contratantes autorizam o senhor Oficial do Registro de Imóveis
competente a proceder, em decorrência desta escritura, a todos os registros
e averbações que se fizerem necessários, o que desde já requerem;
4- DA OUTORGA DE PROCURAÇÃO- O outorgante vendedor, visando
à efetivação deste negócio, confere poderes ao outorgado comprador,
para representá-lo, em conjunto ou isoladamente, em instrumentos,
escrituras ou requerimentos que se tornem necessários ao suprimento
de eventuais equívocos ou omissões deste instrumento ou de
exigências que porventura forem feitas por ocasião do registro desta
escritura, assinando os competentes aditivos, rerratificações, petições
para averbações e/ou registros, fazendo declarações, anexando e
desanexando documentos, enfim, praticando tudo o mais que se torne
necessário ao bom e fiel cumprimento deste mandato, desde que
tais atos, se praticados, não alterem a substância desta escritura ou
modifique o núcleo da vontade das partes ora manifestada;
5- DOS DOCUMENTOS: Foram-me apresentados os seguintes documentos,
legalmente exigidos, os quais ficam arquivados neste cartório:
5.1- Certidões de casamento/nascimento dos outorgantes cedentes,
expedida aos _______________;
5.2- Certidão de casamento/nascimento do outorgado cessionário, expedida
aos _______________;
5.3- Certidão de óbito do falecido, expedida aos _______________;
5.4- Certidões de matrícula, negativas de ônus reais e de ações reais pessoais
e reipersecutórias sobre o bem imóvel ora negociado, expedida aos
_______________;
6- DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO INTER VIVOS (SOBRE A
COMPRA E VENDA): O imposto de transmissão foi recolhido por
meio do Documento de Arrecadação Municipal do ITBI: Processo:
_______________, exercício _______________, no valor de R$
_______________, correspondente a 2% sobre o valor da transação de R$
_______________, pago no Banco Postal, em data de _______________,
conforme comprovante de pagamento: _______________, tudo nos
termos da Guia de Informações de nᵒ _______________, visada pelo
Município de _______________, _______________;

174
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

7- DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO INTER VIVOS (SOBRE A CESSÃO


DE DIREITOS AQUISITIVOS): O imposto de transmissão foi recolhido
conforme Processo: _______________ - Receitas Diversas, exercício
_______________, no valor de R$ _______________, correspondente
a 2% sobre o valor da transação de R$ _______________, pago no
_______________, em data de _______________, conforme comprovante
de pagamento: _______________, tudo nos termos da Guia de
Informações de nᵒ _______________, visada pelo Município de São
Francisco do Sul, SC;
7- DO FUNDO DE REAPARELHAMENTO DA JUSTIÇA DO ESTADO
DE SANTA CATARINA - FRJ/SC (SOBRE A COMPRA E VENDA):
Não há incidência do Fundo de Reaparelhamento da Justiça – FRJ
em decorrência do presente ato notarial, conforme Art. 10, § 1ᵒ, da Lei
Complementar nᵒ 156, de 15 de maio de 1997 (Regimento de Custas
e Emolumentos do Estado de Santa Catarina), e suas respectivas
alterações, também observada a atualização de valores nos termos da
Resolução nᵒ 10/2006-CM, de 20 de dezembro de 2006; ou
7- DO FUNDO DE REAPARELHAMENTO DA JUSTIÇA DO ESTADO
DE SANTA CATARINA - FRJ/SC (SOBRE A COMPRA E VENDA):
Nosso Número: _______________, correspondente ao valor de
R$ _______________, recolhido no Banco _______________, em
data de _______________, conforme comprovante de pagamento:
_______________;
8- DO FUNDO DE REAPARELHAMENTO DA JUSTIÇA DO ESTADO
DE SANTA CATARINA - FRJ/SC (SOBRE A CESSÃO DE DIREITOS):
Não há incidência do Fundo de Reaparelhamento da Justiça – FRJ em
decorrência do presente ato notarial, conforme Art. 10, § 1ᵒ, da Lei
Complementar nᵒ 156, de 15 de maio de 1997 (Regimento de Custas
e Emolumentos do Estado de Santa Catarina), e suas respectivas
alterações, também observada a atualização de valores nos termos da
Resolução nᵒ 10/2006-CM, de 20 de dezembro de 2006; ou
8- DO FUNDO DE REAPARELHAMENTO DA JUSTIÇA DO ESTADO
DE SANTA CATARINA - FRJ/SC (SOBRE A CESSÃO DE DIREITOS
AQUISITIVOS): Nosso Número: _______________, correspondente ao
valor de R$ ­_______________, recolhido no Banco _______________,
em data de _______________, conforme comprovante de pagamento:
_______________;
9- DAS DEMAIS DECLARAÇÕES:
9.1- O outorgante vendedor afirma, sob responsabilidade civil e criminal, que:
9.1.1- Não existe quaisquer ações reais e pessoais reipersecutórias e de ônus
reais relacionadas ao imóvel ora negociado, de forma que nada há a
criar obstáculo para a realização da presente escritura;
9.1.2- Não está vinculado à Previdência Social ou ao INSS na condição de
contribuinte individual que contrata empregados, e não está, igualmente,
equiparado à empresa e, ainda, não é empregador rural ou urbano,

175
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

não comercializa, não exporta e nem vende ao consumidor produtos


agropecuários, não estando, assim, sujeito à apresentação da respectiva
Certidão Negativa de Débito – CND, Certidão Positiva de Débito com
Efeitos de Negativa – CPDEN ou Declaração de Regularidade de Situação
de Contribuinte Individual – DRS-CI, nos termos da IN/MPS/SRP nᵒ 03, de
14 de julho de 2005 e Decreto nᵒ 3.048, de 06 de maio de 1999 que aprovou o
regulamento da organização e custeio da Seguridade Social tratado pela Lei
nᵒ 8.212/91, de 24 de julho de 1991;
9.1.3- Não vive em união estável (Em cumprimento ao Art. 887 e seus
parágrafos, IV, do Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça
do Estado de Santa Catarina, não vive em união estável);
9.1.4- Declara ainda o outorgante que está quites com as obrigações para com
o condomínio; (colocar esta declaração no caso de apartamento);
9.2- O outorgado comprador declara que:
9.2.1- Dispensa a apresentação das certidões negativas fiscais, conforme
faculta o § 2.ᵒ do Art. 1.ᵒ, do Decreto nᵒ 93.240, de 9 de setembro de 1986,
respondendo, neste caso e nos termos da lei, pelos débitos existentes;
9.2.2- Dispensa também as certidões de feitos ajuizados e dos distribuidores
judiciais em geral;
9.2.3- Aceita a presente escritura nos termos em que está feita, para que
produza os seus jurídicos efeitos;
9.3- As partes declaram, em face do disposto na Lei Estadual Complementar
Promulgada nᵒ 387, de 23 de julho de 2007, que o negócio entabulado
por meio da presente escritura não contou com a participação de
corretora(s) ou corretor(es) de imóveis. OU: As partes declaram, em
face do disposto na Lei Estadual Complementar Promulgada nᵒ 387,
de 23 de julho de 2007, que o negócio entabulado por meio da presente
escritura contou com a participação da corretora... (ou do corretor de
imóveis...) com registro nᵒ ­_______________ junto ao Conselho Regional
dos Corretores de Imóveis de Santa Catarina – CRECI/SC.
10- DA DISPENSA DAS TESTEMUNHAS: Tendo em vista que os presentes
a esta escritura foram identificados por meio dos documentos que
apresentaram, e não se tratando de caso em que a lei exige como
requisito de validade do ato a assinatura de testemunhas, estas
ficam dispensadas nos termos do Art. 884, do Código de Normas da
Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Santa Catarina.

ASSINATURAS:

FONTE: Adaptado de <http://www.extradigital.com.br/blog/wp-content/uploads/MODELO-


DE-ESCRITURA-DE-COMPRA-E-VENDA-COM-CESS%C3%83O-DE-DIREITOS-AQUISITIVOS-
E-PROCURA%C3%87%C3%83O.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2020.

176
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

Novamente ressaltamos que este é um exemplo e é possível haver


atualizações com o passar do tempo, assim como é comum aos notários
aperfeiçoarem os instrumentos, buscando consolidar a legalidade deles, e é por
isso que é importante a atualização constante do profissional.

3 REGISTRO PESSOAS NATURAIS, PESSOAS JURÍDICAS E


OUTROS SERVIÇOS
Vamos conhecer agora as principais atividades exercidas pelos tabeliães
com relação ao registro pessoas naturais, pessoas jurídicas e outros serviços e os
aspectos legais relacionados.

a) Registro de Pessoas Naturais

O registro de pessoas naturais é outro serviço prestado pelo cartório e ele


existe para gerar direitos e obrigações dos indivíduos relacionados com a forma
de estado civil em que se encontra, ou de sua mudança.

Quando falamos do ordenamento jurídico, temos que um indivíduo


passa a existir e ter identidade quando executado o seu registro no Cartório de
Registro Civil. São fatos relacionados independentemente do nascimento, morte
e mudanças do estado civil.

No Registro Civil de Pessoas Naturais podem ser realizados os


seguintes serviços:

• registros de nascimentos;
• casamentos;
• óbitos;
• emancipações por outorga dos pais ou por sentença judicial;
• interdições por incapacidade civil absoluta;
• sentenças declaratórias de ausência (morte presumida);
• as opções de nacionalidade
• sentenças relacionadas à adoção etc.

177
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

NOTA

Prezado acadêmico, seguem as principais legislações relacionadas ao registro


de pessoas naturais para a sua consulta:

Lei nᵒ 8.935/1994 – Lei dos Notários e Registradores.


Lei nᵒ 6.015/1973 – Lei dos Registros Públicos.
Lei nᵒ 13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Lei nᵒ 12.662/2012 – Assegura validade nacional à Declaração de Nascido Vivo - DNV,
regula sua expedição.
Lei nᵒ 10.169/2000 – Código Civil (emolumentos em geral).
Leis Estaduais
Leis Municipais
Resoluções CNJ (Conselho Nacional de Justiça), entre outros.

DICAS

Prezado acadêmico, veja este manual: Manual de organização do registro civil


das pessoas naturais

FONTE: <http://www.arpensp.org.br/?pG=X19wYWdpbmFz&idPagina=244>.
Acesso em: 17 nov. 2020.

Como você pode ver, o registro civil é um dos primeiros contatos que
temos como indivíduos junto aos cartórios, os quais se estendem por toda a nossa
vida e até na morte.

b) Registro de Pessoas Jurídicas

Quando falamos de pessoa jurídica, estamos nos referindo a empresas ou


qualquer instituição com responsabilidade perante a lei. Podem ser associações,
cooperativas, partidos políticos, organizações com fins lucrativos de todos os
portes etc.

A pessoa jurídica tem nos Art. 45 e 46 do Código Civil de 2002 a forma de


sua constituição com os requisitos de registro constitutivo nos órgãos públicos,
conforme apresentado a seguir:

178
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito


privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar
o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição
das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da públicação de sua inscrição no registro.

Art. 46. O registro declarará:


I- a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
social, quando houver;
II- o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e
dos diretores;
III- o modo porque se administra e representa, ativa e passivamente,
judicial e extrajudicialmente;
IV- se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de
que modo;
V- se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
obrigações sociais;
VI- as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu
patrimônio, nesse caso (BRASIL, 2002).

Quando se trata de registro de pessoas jurídicas, temos diversos outros


registros e atas notariais que podem ser lavradas em cartórios e que devem
obedecer às legislações específicas de cada estado, município e a legislação federal.

NOTA

Prezado acadêmico, um dos documentos básicos de registro são os contratos


sociais das pessoas jurídicas. Apresentamos a seguir um modelo básico de contrato social
de uma SOCIEDADE SIMPLES PURA OU LIMITADA:

MODELO BÁSICO DE CONTRATO SOCIAL


SOCIEDADE SIMPLES PURA OU LIMITADA
CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DE: _____________________

1. FULANO DE TAL, nacionalidade, naturalidade, estado civil (se casado indicar o regime de
bens), categoria profissional, nᵒ de registro de identidade de fiscalização profissional, órgão
expedidor e Unidade Federativa onde foi emitida, nᵒ do CPF, residente e domiciliado na
(endereço completo: tipo e nome do logradouro, número, complemento bairro/distrito,
município, Unidade Federativa e CEP) e
2. BELTRANO DE TAL_____________________________ (Art. 997, l, CC/2002)
resolvem constituir uma sociedade _______________ (simples pura, se sua constituição
for regida pelos Art. 997 a 1.038 do código Civil), (Simples LTDA ou empresária LTDA, se
sua constituição for regida pelos Art. 1.052 a 1.087 do código Civil), mediante as seguintes
cláusulas e condições:
1ᵃ. A sociedade girará com a denominação de _______________ (vide Art. 1.158 da Lei
nᵒ10.406 a seguir) _______________ e terá sede e domicilio na (endereço completo: tipo, e
nome do logradouro, número, complemento, bairro/distrito, município, unidade federativa
e CEP). (Art. 997, II, CC/2002)

179
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

(Obs.: Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela
palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.
§ 1ᵒ A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas,
de modo indicativo da relação social.
§ 2ᵒ A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o
nome de um ou mais sócios.)
Obs. 1: Quando o endereço da sociedade for ponto de referência (endereço residencial de
um dos sócios) deverá ser incluído o parágrafo a seguir:
Parágrafo único: Os sócios autorizam o ingresso da fiscalização do CRC RJ nas
dependências da sociedade
2ᵃ. O capital social será de R$ _______________ (_______________ reais) dividido em
_______________ quotas no valor nominal R$ _______________ (_______________ reais),
totalmente integralizadas neste ato em moeda corrente do País, pelos sócios:

Parágrafo único. A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas
todos respondem solidariamente pela integralização do capital social de conformidade
com o Art. 1.052 da Lei nᵒ 10.406/2002.

Obs. 2: Para as sociedades constituídas como SIMPLES PURA o parágrafo único da cláusula
2ª terá que ser suprimido, haja vista que as sociedades simples pura são ilimitadas, devendo
para tanto declarar se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente pelas obrigações
sociais, de acordo com o inciso VIII do Art. 997 do Código Civil 2002.
3ª. O objeto será ________________________________
Parágrafo único: a responsabilidade técnica pelos serviços de _______________ será do
sócio(s) _______________

Obs. 3: Em caso de sociedade mista (associação do contabilista com profissionais de


outras profissões regulamentadas. (Desde que esteja registrado no respectivo conselho
e apresente cópia da carteira) Resolução CFC 1.390/2012 Art. 3ᵒ), deverá ficar claro que
o objeto principal da sociedade é a prestação de serviços contábeis e que o(s) sócio(s)
contabilista(s) deverá ser majoritário, ou seja, a soma das quotas do(s) contabilista(s) deverá
ser de no mínimo 51%.

Obs. 4: Para os casos de sociedades que contenha no objeto social Auditoria Contábil, cuja
constituição societária seja composta por outros profissionais, terá que atribuir a responsabilidade
técnica pelos serviços de Auditoria ao sócio _______________ (sócio contador), o sócio
_______________ responderá pelos serviços de contabilidade em geral (sócio técnico em
contabilidade), o sócio _______________ responderá pelos serviços de consultoria financeira
(sócio economista), o sócio _______________ pelos serviços de assessoria fiscal e tributária (sócio
advogado) ou simplesmente declarar que será apenas cotista.

4ª. A sociedade iniciará suas atividades em _______________ e seu prazo de duração é


indeterminado. (Art. 997, II, CC/2002)
5ª. As quotas são indivisíveis e não poderão ser cedidas ou transferidas a terceiros sem
o consentimento do outro sócio, a quem fica assegurado, em igualdade de condições
e preço direito de preferência para a sua aquisição se postas à venda, formalizando, se

180
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

realizada a cessão delas, a alteração contratual pertinente. (Art. 1.056, Art. 1.057, CC/2002)
Parágrafo único: de acordo com a Resolução CFC 1.390/2012, no caso de ingresso de
profissionais de outras profissões regulamentadas, eles deverão fazer prova de registro ativo
no respectivo conselho, mediante certidão ou outro documento hábil, e o profissional da
contabilidade deverá ser detentor de no mínimo 51% das quotas de capital

6ª. A administração da sociedade caberá _____________________________ com os poderes


e atribuições de ______________________ autorizado o uso do nome empresarial, vedado,
no entanto, em atividades estranhas ao interesse social ou assumir obrigações seja em favor
de qualquer dos quotistas ou de terceiros, bem como onerar ou alienar bens imóveis da
sociedade, sem autorização do(s) outro(s) sócio(s). (Art. 997, Vl; 1.013. 1.015, 1064, CC/2002)

Obs.: A sociedade poderá constituir procuradores, com exceção, porém, daqueles


pertinentes a responsabilidade técnica que é privativa dos sócios.

7ª. Ao término de cada exercício social, em 31 de dezembro, o administrador prestará contas


justificadas de sua administração, procedendo à elaboração do inventário, do balanço
patrimonial e do balanço de resultado econômico, cabendo aos sócios, na proporção de
suas quotas, a distribuição dos lucros ou perdas. (Ou outra forma que os sócios acertarem.
Neste caso muda-se a redação final desta cláusula. Arts. 1.007, 1.053 e 1.065 do Código Civil)

8ª. Nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, os sócios deliberarão sobre
as contas e designarão administrador(es) quando for o caso. (Arts. 1.071 e 1.072, § 2ᵒ e Art.
1.078, CC/2002)

9ª. A sociedade poderá a qualquer tempo, abrir ou fechar filial ou outra dependência,
mediante alteração contratual assinada por todos os sócios.

10ª. Os sócios poderão, de comum acordo, fixar uma retirada mensal, a título de “prolabore”,
observadas as disposições regulamentares pertinentes.

11ª. Falecendo ou tornando-se interditado qualquer sócio, a sociedade continuará suas


atividades com os herdeiros, sucessores, ou com o(s) sócio(s) remanescente, desde
que sejam profissionais habilitados e se forem de outras profissões regulamentadas os
mesmos deverão ser registrados nos respectivos conselhos de fiscalização profissional.
O contabilista deverá ser detentor de no mínimo 51% das quotas de capital, conforme
Resolução do CFC 1.390/2012. Não sendo possível ou inexistindo interesse destes ou do(s)
sócio(s) remanescente(s), o valor de seus haveres será apurado e liquidado com base na
situação patrimonial da sociedade, à data de ocorrência do evento, verificada em balanço
especialmente levantado.

Parágrafo único - O mesmo procedimento será adotado em outros casos em que a


sociedade decida em relação a seus sócios. (Art. 1.028 e Art. 1.031, CC/2002)

12ª. Este Instrumento Contratual, será regido pela Lei nᵒ 10.406/2002, tendo como regência
supletiva as Normas Regimentais da Sociedade Anônima Lei nᵒ 6.404/1976.

13ª. (Os) Administrador(es) declara(m), sob as penas da lei, de que não está(ão) impedidos
de exercer a administração da sociedade, por lei especial, ou em virtude de condenação
criminal, ou por se encontrar(em) sob os efeitos dela, a pena que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação,
peita ou suborno, concussão, peculato, ou contra a economia popular, contra o sistema
financeiro nacional, contra normas de defesa da concorrência, contra as relações
de consumo, fé pública ou a propriedade, conforme o Art. 1.011 parágrafo 1ᵒ da Lei
nᵒ10.406/2002. (Art. 1.011, § 1ᵒ, CC/2002)

181
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

14ª. Fica eleito o foro da Cidade de _______________ para o exercício e o cumprimento dos
direitos e obrigações resultantes deste contrato.

E por estarem assim justos e contratados assinam o presente instrumento em


_______________ vias.

Local e data _____________, ___de___________ de 20_____.

FULANO DE TAL BELTRANO DE TAL

Testemunhas:
______________________________
Nome, Identidade, Org. Exp. e UF
_______________________________
Nome, Identidade, Org. Exp. e UF

Obs. 5: As referências aos artigos do Código Civil são ilustrativas, tendo por finalidade
orientar o profissional na elaboração do contrato, assim como as observações, que não
podem constar do instrumento contratual.
Obs. 6: Esta minuta serve como referência, podendo acrescentar-se cláusulas de interesse
dos sócios, desde que não haja conflito com as normas vigentes.

A seguir a íntegra de alguns artigos do Código Civil citados, que tratam da constituição de
sociedades.
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que,
além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I- nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais,
e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II- denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III- capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV- a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na
proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços,
somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.
Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os
negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados
segundo o valor das quotas de cada um.
§ 1o Para formação da maioria absoluta são necessários votos correspondentes a mais de
metade do capital.
§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de empate, e, se
este persistir, decidirá o juiz.
§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse
contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças a seu voto.
Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado
e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus
próprios negócios.
§ 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os
condenados à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou
por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra
a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto
perdurarem os efeitos da condenação.
Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete
separadamente a cada um dos sócios.

182
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos


pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda
de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir
Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo:
I- se o contrato dispuser diferentemente;
II- se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;
III- se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua
quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição
contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da
resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
§ 1ᵒ O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem
o valor da quota.
§ 2ᵒ A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação,
salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário.
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de
suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da
sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada
pelas normas da sociedade anônima.
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou
diversas a cada sócio
Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência,
caso em que se observará o disposto no Art. seguinte.
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente,
a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não
houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.
Art. 1.064. O uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores que
tenham os necessários poderes
Art. 1.065. Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do inventário,
do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico.
Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas na lei
ou no contrato:
I- a aprovação das contas da administração;
II- a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
III- a destituição dos administradores;
IV- o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
V- a modificação do contrato social;
VI- a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação;
VII- a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas;
VIII- o pedido de concordata.

Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no Art. 1.010, serão tomadas em
reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social, devendo ser convocadas
pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato.
§ 1ᵒ A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios for superior a dez.
§ 2ᵒ Dispensam-se as formalidades de convocação previstas no § 3ᵒ do Art. 1.152, quando
todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora
e ordem do dia.
Art. 1.078. A assembleia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro
meses seguintes à ao término do exercício social, com o objetivo de:
I- tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de
resultado econômico;
II- designar administradores, quando for o caso;

183
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

III- tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia.


§ 1ᵒ Até trinta dias antes da data marcada para a assembleia, os documentos referidos no
inciso I deste Art. devem ser postos, por escrito, e com a prova do respectivo recebimento,
à disposição dos sócios que não exerçam a administração.
§ 2ᵒ Instalada a assembleia, proceder-se-á à leitura dos documentos referidos no parágrafo
antecedente, os quais serão submetidos, pelo presidente, a discussão e votação, nesta não
podendo tomar parte os membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal.
§ 3ᵒ A aprovação, sem reserva, do balanço patrimonial e do de resultado econômico, salvo
erro, dolo ou simulação, exonera de responsabilidade os membros da administração e, se
houver, os do conselho fiscal.
§ 4ᵒ Extingue-se em dois anos o direito de anular a aprovação a que se refere o parágrafo
antecedente.

FONTE: <http://www.crc.org.br/modelos/Modelo_Basico_de_Contrato.pdf>.
Acesso em: 12 nov. 2020.

O modelo apresentado de Contrato Social é básico e é comum haver


ajustes para situações específicas, conforme rege a lei local e outros quesitos
básicos legais.

Existem muitos outros documentos que podem ser obtidos e realizados


em cartórios relacionados às pessoas jurídicas, como atas notariais, registros
públicos, alterações no contrato social etc.

Você pode verificar ainda sobre questões relacionadas a associações,


igrejas etc., os quais também estão citadas no Código Civil brasileiro e em outras
leis para ampliar o seu conhecimento sobre o assunto relacionado ao registro de
pessoas jurídicas.

c) Registro dos Títulos e Documentos

Os cartórios de registro de títulos e documentos têm adquirido uma atenção


especial nestes tempos modernos em que temos muitos fatos e negócios ocorrendo
em nosso dia a dia. Temos as mais diversas negociações entre particulares, entre
empresas, lançamento de produtos, softwares, Apps, negociações on-line etc.
e, por consequência, temos visto surgir muitos documentos que precisam ser
registrados para terem a sua validade legal.

Podemos afirmar que as funções do registro de títulos e documentos


são bastante amplas, principalmente produzindo, com base no registro do
documento, a sua publicidade e, por consequência, gerando o conhecimento a
todos, dando assim validade jurídica, focando os seus serviços em ato jurídico
que não é atribuído a outros registros.

Temos o Art. 221 do Código Civil de 2002, o qual expressa:

184
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente


assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus
bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os
seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de
terceiros, antes de registrado no registro público.
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se
pelas outras de caráter legal.

O presente artigo expressa que os documentos registrados possuem


apenas dados particulares, mas que podem ter, como consequência da prática,
efeitos de ato unilateral ou ainda bilateral, quando temos mais pessoas envolvidas
e expressam a vontade de duas ou mais pessoas envolvidas em algum negócio
que pode ter efeito jurídico.

Na Lei nᵒ 6.015/1973 (Lei dos Registros Públicos), temos o Título IV, que
trata Do Registro de Títulos e Documentos, o qual nos traz os seguintes capítulos:

• CAPÍTULO I – Das Atribuições.


• CAPÍTULO II – Da Escrituração.
• CAPÍTULO III – Da Transcrição e da Averbação.
• CAPÍTULO IV – Da Ordem do Serviço.
• CAPÍTULO V – Do Cancelamento.

Vamos, aqui, apresentar o Capítulo I que trata das atribuições, para você
conhecer melhor os serviços prestados:

TÍTULO IV
Do Registro de Títulos e Documentos
CAPÍTULO I
Das Atribuições
Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição:
(Renumerado do Art. 128 pela Lei nᵒ 6.216, de 1975).
I- dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações
convencionais de qualquer valor;
II- do penhor comum sobre coisas móveis;
III- da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública federal,
estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador;
IV- do contrato de penhor de animais, não compreendido nas
disposições do Art. 10 da Lei nᵒ 492, de 30-8-1934;
V- do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
VI- do mandado judicial de renovação do contrato de arrendamento
para sua vigência, quer entre as partes contratantes, quer em face
de terceiros (Art. 19, § 2ᵒ do Decreto nᵒ 24.150, de 20-4-1934);
VII- facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.
Parágrafo único. Caberá ao Registro de Títulos e Documentos a
realização de quaisquer registros não atribuídos expressamente a
outro ofício.

Art. 128. À margem dos respectivos registros, serão averbadas


quaisquer ocorrências que os alterem, quer em relação às obrigações,
quer em atinência às pessoas que nos atos figurarem, inclusive quanto
à prorrogação dos prazos. (Renumerado do Art. 129 pela Lei nᵒ
6.216, de 1975).

185
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos,


para surtir efeitos em relação a terceiros: (Renumerado do Art. 130
pela Lei nᵒ 6.216, de 1975).
1ᵒ) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do
Art. 167, I, nᵒ 3;
2ᵒ) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em
garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em
separado dos respectivos instrumentos;
3ᵒ) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento particular, seja
qual for a natureza do compromisso por elas abonado;
4ᵒ) os contratos de locação de serviços não atribuídos a outras
repartições;
5ᵒ) os contratos de compra e venda em prestações, com reserva de
domínio ou não, qualquer que seja a forma de que se revistam, os de
alienação ou de promessas de venda referentes a bens móveis e os de
alienação fiduciária;
6ᵒ) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados
das respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal;
7ᵒ) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis,
bem como o penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam;
8ᵒ) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões
judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a
entrega, pelas alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias
procedentes do exterior.
9ᵒ) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação
e de dação em pagamento.

Art. 130. Dentro do prazo de vinte dias da data da sua assinatura pelas
partes, todos os atos enumerados nos Arts. 127 e 129, serão registrados
no domicílio das partes contratantes e, quando residam estas em
circunscrições territoriais diversas, far-se-á o registro em todas elas.
(Renumerado do Art. 131 pela Lei nᵒ 6.216, de 1975).
Parágrafo único. Os registros de documentos apresentados, depois de
findo o prazo, produzirão efeitos a partir da data da apresentação.

Art. 131. Os registros referidos nos artigos anteriores serão feitos


independentemente de prévia distribuição. (Renumerado do Art. 132
pela Lei nᵒ 6.216, de 1975) (BRASIL, 1973).

DICAS

Prezado acadêmico, apesar de apresentar somente o Capítulo I que trata Das


Atribuições, recomendamos a leitura de todo o Título IV da Lei nᵒ 6.015/1973, que trata Do
Registro de Títulos e Documentos, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6015compilada.htm.

186
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

d) Serviços de autenticações em cartório

Quando falamos de reconhecimento de firmas e de autenticação de cópias,


estes são os atos mais comuns presenciados atualmente nas serventias notariais
(também conhecido como cartórios) e são os atos mais simples da práxis de lavra
dos notariais/tabeliães.

Assim, o ato de autenticar um documento é simplesmente conferir a


ele a veracidade, o que deve ser executado por uma pessoa competente para
tal atividade e, conforme a legislação, deve possuir fé pública. Pode ser um
funcionário público que tenha atribuída essa função em seu cargo, mas o tabelião
de notas ou o escrevente em um Cartório de notas são os caminhos mais comuns
para a execução de tal ato.

Nas situações corriqueiras, o cidadão deve dirigir-se ao cartório de notas


para reconhecimento e autenticação de documentos, pois são de competência
exclusiva do tabelião de notas, conforme descrito no Art. 7ᵒ da Lei nᵒ 8.935/1994:

Art. 7ᵒ Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:


I– lavrar escrituras e procurações, públicas;
II– lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III– lavrar atas notariais;
IV– reconhecer firmas;
V– autenticar cópias (grifo nosso).

NOTA

Prezado acadêmico, devido ao fato de o tabelião de notas poder reconhecer


firmas e autenticar cópias em virtude da fé pública nele investida pelo Estado, temos a
certeza de que a presunção de que todos os seus atos e de tudo que declara é verdadeiro.
Por isso, vemos no término de atos notariais a utilização da expressão:

“O referido é verdade e dou fé”.

Veja o vídeo a seguir, que explica sobre a frase “O referido é verdade e dou fé”. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=KHpkmXWFPJM.

Conforme Ceneviva (2010), todo documento emitido pelo tabelião e


que se garante de fé pública tem a sua legalidade assegurada, garantindo a sua
veracidade e, por consequência, impedindo quaisquer questionamentos.

187
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Os serviços mais comuns de autenticações nos cartórios são:

• Autenticação de cópias reprográficas de documentos pessoais.


• Autenticação de cópias reprográficas de documentos contratuais.
• Autenticação de assinaturas.

NOTA

Prezado acadêmico, eis alguns pontos importantes sobre a autenticação:

• Em caso de rasuras no documento original e que não permitam a sua leitura, ele não
poderá ser utilizado para o ato da autenticação.
• Um selo é utilizado pelo cartório para o documento que venha a ser autentificado,
mesmo havendo frente e verso reproduzido em uma mesma página.
• Cédulas de identidade, carteira de motoristas e carteiras de órgão profissionais podem
ser reproduzidas em uma única página, mesmo nelas havendo frente e verso.

FIGURA – MODELO DE CARTEIRA DE IDENTIDADE

FONTE: <http://www.institutodeidentificacao.pr.gov.br/arquivos/Image/capaBI01__2.jpg>.
Acesso em: 14 nov. 2020.

Apesar de serem atos simples, a autenticação e reconhecimento de firmas,


demandam de muitos cuidados em sua lavratura para garantir que não está
ocorrendo nenhuma fraude ou qualquer outro ato ilícito. Temos atualmente as
questões relacionadas à internet e aos cartórios digitais, os quais estudaremos
mais adiante.

188
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

DICAS

Prezado Acadêmico, gostaríamos de deixar a dica de leitura de um artigo na


internet, Reconhecer ou autenticar? De Anderson Nogueira Guedes, disponível em: https://
www.cnbsp.org.br/index.php?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=MTY3MjA=&filtro=&Data=.

Este artigo traz mais alguns pontos interessantes sobre o tema, dos quais não tratamos
neste livro.

ESCRITURA PÚBLICA DE DOAÇÃO

[...]

4 ALGUMAS MODALIDADES DE DOAÇÃO

4.1 Doação pura

A doação pura é a forma ordinária, ou seja: “Esta é a doação por essência,


posto que inspirada no ânimo de contemplar o favorecido sem nada lhe exigir
ou impor, mas por mera liberalidade […]” (RIZZARDO, 2006, p. 453). Diniz
(2002, p. 57) acrescenta: […] feita por mera liberalidade, sem condição presente
ou futura, sem encargo, sem termo, enfim, sem quaisquer restrições ou
modificações para a sua constituição ou execução. Trata-se da doação em seu
estado de perfeita e plena liberalidade, sem que haja imposição de limitações
ao donatário”.

Questiona-se, na doação pura, se as cláusulas de inalienabilidade,


impenhorabilidade e incomunicabilidade, a transformaria em doação com
encargo, no entanto, o entendimento da doutrina é que continuam a ser
consideradas puras as doações que impuserem tais cláusulas e, desta forma,
desnecessário a nomeação de curador especial ao menor que nessas condições
receber um imóvel por ato de liberalidade. Rizzardo (2006, p. 454) explica: […]
tais cláusulas não se definem como encargos, eis que não são impostas em
benefício do doador, nem de terceiro, nem da coletividade. A primeira acarreta
a conservação do bem até a morte, beneficiando os herdeiros do donatário.
Não é ela encargo, porque o benefício que traz não constitui o fim visado pelo
doador, mas a consequência. A segunda é decorrência da anterior. Uma vez
firmada a inalienabilidade, há a impenhorabilidade. A última tende a impedir
que o bem doado ou legado se comunique ao cônjuge, quer o donatário o
receba quando solteiro, quer já casado. Mas, pode existir independentemente
das anteriores, pois, fosse o contrário, na lei não existiriam os dois termos. […]

189
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Silva Filho (1986) tem entendimento diverso: […] não considero doação
pura aquela que for gravada com a cláusula de inalienabilidade temporária
ou vitalícia. A doação de imóvel em que o doador imponha essa cláusula,
em meu entender, quando efetuada por pais a filhos menores impúberes
necessita da nomeação de curador especial para que haja aceitação expressa.
Não a considero doação pura porque quem doa impondo a cláusula de
inalienabilidade no final de contas acaba nada doando, principalmente se o
doador, realizando a doação, reserva também o usufruto vitalício do imóvel
doado. A meu ver, não existe liberalidade, o animus donandi é insignificante
– o objeto da doação é apenas a nua propriedade, e ainda mais gravada com
a cláusula de inalienabilidade vitalícia (o donatário não recebe e não tem o
poder de disposição), e a reserva do usufruto subtrai-lhe o poder de percepção
dos frutos. Consequência: não recebe praticamente nada, não há direito, nem
vantagem qualquer transmitida.

Ressalte-se, no entanto, que diversas são as decisões dos Tribunais


determinando o cancelamento da cláusula de inalienabilidade após a morte
dos doadores, por considerarem que neste caso, estabelece-se um usufruto
sucessivo, o que é vedado pela legislação brasileira.

4.2 Doação modal ou com encargo

[…] Doação modal ou com encargo ou onerosa, ou seja, aquela em que o


doador impõe ao donatário uma incumbência em seu benefício, em proveito
de terceiro ou de interesse geral (CC. Arts. 553, parágrafo único, 562 e 1.938).
O encargo consistirá, portanto, numa prestação imposta pelo doador ao
donatário que, não constituindo um equivalente […] da liberalidade, não
prejudicará a gratuidade deste contrato. O encargo ou modo apresentar-se-á
tão-somente como uma restrição da liberalidade percebida pelo onerado. […]
(DINIZ, 2002, p. 57).

Na mesma linha é o conceito apresentado por Simão (2006, p. 129), para quem,
doação modal: É aquela que vem acompanhada de um ônus ou gravame.
É a mais comum espécie de doação onerosa. O gravame é determinada
incumbência que adere à liberalidade e pode ser realizado em favor do
próprio doador, de um terceiro ou no interesse geral (CC, Art. 553). Trata-se
de limitação trazida a uma liberalidade […]. Assim, aceita a doação, o encargo
deve ser necessariamente cumprido. Não se trata de doação condicional (se o
donatário erigir uma estátua em favor do doador, ganha a casa), pois a doação
com encargo ou onerosa é perfeita e acabada desde a aceitação.

O gravame imposto pelo doador, segundo o Art. 553 do Código Civil (BRASIL,
2002), pode ser em benefício do próprio doador, de terceiro ou do interesse
geral. No último caso poderá exigir o cumprimento do encargo o próprio
doador enquanto viver ou, após a sua morte, o Ministério Público. Em
qualquer caso, porém, não havendo prazo estipulado para o cumprimento da

190
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

imposição, devem os interessados promover a notificação do donatário para


a satisfação da obrigação, sob pena de execução. Fiuza (2002, p. 490) explica:
A constituição em mora do donatário se faz pelo vencimento do prazo. Não o
havendo, para o cumprimento, obriga-se o doador a notificar judicialmente o
donatário, assinando-lhe, então, prazo razoável para que cumpra a obrigação
assumida (RT, 204/252).

A legitimidade para a revogação por inexecução do encargo, no entanto,


é exclusiva do doador, conforme adverte Simão (2006, p. 129): “[…] para a
demanda de revogação da doação em razão da inexecução do encargo, somente
terá legitimidade o próprio doador, pois se trata de faculdade personalíssima.”
Diniz (2002, p. 59) destaca alguns pontos importantes da doação modal que
merecem cuidados: “O Código Civil, no Art. 553 não menciona hipóteses em
que o modo é imposto no interesse do próprio onerado, como por exemplo,
em caso de doação de certa quantia em dinheiro para que o donatário faça
um tratamento nos Estados Unidos, para que conclua seu curso de direito
ou reforme sua casa, visto que não se poderia obrigá-lo a cumprir o encargo,
porque a obrigação estabelecida constituiria uma violação da liberdade
individual. Isso não impede, contudo, que tal doação seja modal, devendo-se
ressaltar que sua inexecução não acarretará a rescisão do contrato, por falta de
interesse de agir (AJ 100:231). Se o encargo for cometido a vários donatários
de modo indivisível, a nulidade quanto a um deles induz total ineficácia da
liberalidade (RT, 175:247). […] E se o encargo for ilícito ou impossível, ignorar-
se-á a cláusula que o impôs, não se invalidando a doação, que passará a ser
pura e simples.

Silva Filho (1986, p. 12), sobre o ingresso desta modalidade de escritura de


doação no Registro Imobiliário, entende que o encargo assumido pelo donatário
deverá ser objeto de averbação específica, justificando: […] Entendemos que
na doação de imóvel submetida a modus ou encargo, a obrigação assumida
pelo donatário deverá ser objeto de averbação no Registro de Imóveis, embora
não prevista no elenco dos atos sujeitos à averbação, enumerados no item II do
Art. 167 da Lei de Registros Públicos. A possibilidade da revogação da doação
por inexecução do encargo pelo donatário (par. único do Art. 1.181 do CC),
justifica plenamente a averbação para que terceiros tomem conhecimento da
imposição do encargo pelo doador e a necessidade do seu cumprimento pelo
donatário. Trata-se, em nosso entender, de ocorrência que altera o exercício do
domínio produzido pelo registro, e, consequentemente, insere-se dentro da
amplitude da expressão usada pelo legislador no Art. 246 da Lei nᵒ 6.015/1973.

O mesmo autor (1986, p. 12) fala da doação com encargo de pagamento de


renda, na qual: […] os doadores, transmitindo um imóvel ao donatário,
impõem a ele o encargo de efetuar o pagamento de uma determinada renda
mensal aos doadores ou a terceira pessoa, durante um determinado tempo,
ou então, até a morte de um ou de ambos os doadores. Há uma distinção bem

191
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

nítida desta espécie de doação com a doação com reserva de usufruto. Na


doação modal com o encargo do pagamento de uma renda, a posse e o uso do
imóvel, a percepção de seus frutos e aluguéis pertence ao donatário, enquanto
que na doação com reserva de usufruto, a transmissão que se faz ao donatário
é tão-somente da nua propriedade do imóvel, enquanto que o jus utendi – o
direito de usar – e o jus fruendi – o direito de perceber os frutos – ficaram
reservados na doação aos doadores, e o donatário nada tem que lhes pagar.

Trata-se do contrato de constituição de renda, previsto no Art. 803 do Código


Civil, inserido como encargo na doação modal.

4.3 Doação com cláusula de reversão

A cláusula de reversão consiste em o doador estipular que os bens doados


voltem ao seu patrimônio no caso de sobreviver ao donatário. Está prevista
expressamente no Art. 547 do Código Civil (BRASIL, 2006) e, a respeito, ensina
Fiuza (2002, p. 483): A doação a retorno é a estipulada pelo doador, quando no
contrato de doação é incluída cláusula (resolutiva) de reversão que assegura
o regresso da coisa doada ao seu patrimônio, caso sobreviva ao donatário.
Pouco importa tenha ele deixado ou não herdeiros. Estes terão direito, apenas,
aos frutos oriundos da utilização do bem, durante o período da condição. O
efeito retroator da cláusula, revertendo o bem doado ao doador, por morte do
donatário, alcança a alienação que tenha ocorrido sobre a coisa doada, tendo-
se a venda por anulada.

Simão (2006, p. 132) sobre os efeitos da comoriência na cláusula de reversão


explica: […] Trata-se de propriedade resolúvel, sujeita a uma condição: a pré-
morte do donatário ao doador […] Em caso de comoriência das partes, a cláusula
de reversão não produzirá efeitos, pois a lei brasileira adota a teoria pela qual
não há relação sucessória entre aqueles que morrerem simultaneamente.

Washington de Barros Monteiro citado por Silva Filho (1986) entende: […]
Nosso direito processual não regulou a forma de tornar-se efetiva a cláusula
de reversibilidade. Verificada a condição resolutiva, o doador entra de novo
na posse do bem que lhe reverte, apresentando certidão de óbito ao oficial do
Registro (se for bem imóvel), para a devida averbação. Surgindo dificuldades,
por parte de terceiros, ou do próprio serventuário, cabe-lhe recorrer ao juiz
com pedido de providências. Não é devido imposto inter vivos pela reversão
dos bens ao patrimônio do doador. […]

E o mesmo Silva Filho (1986) sobre as providências do registrador ensina, embora


fundamentando no Código de 1916: […] Averbando o óbito do donatário […] o
Oficial do Registro de Imóveis procederá também ao cancelamento de todos
os registros subsequentes que tenham sido outorgados ou concedidos pelo
donatário […], pois o implemento da condição resolutiva expressa opera de
pleno direito, como prescreve o par. Único do Art. 119 do CC, e o cancelamento
tem suporte no que vem prescrito no item III do Art. 250 da LRP.

192
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

4.4 Doação contemplativa ou remuneratória

Dispõe o Art. 540 do Código Civil (BRASIL, 2002): “A doação feita em


contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade,
como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor
dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.” Fiúza (2002, p. 477) em
comentário ao dispositivo citado ensina: Diz-se doação feita em contemplação
do merecimento do donatário aquela doação pura, cuja liberalidade tem como
motivo o reconhecimento ao mérito do donatário, exarado pelo doador, e que
influiu na decisão de doar (animus donandi). A rigor, é doação contemplativa
por estímulo ou homenagem, proveniente da amizade ou admiração do
doador, nada significando que o donatário venha obtê-la em virtude de seus
méritos. O merecimento é formado pelo juízo de valor ou manifestação de
sentimento que faz o doador em face do donatário. Doação remuneratória é
a efetuada pelo doador em retribuição a serviços prestados de forma graciosa
pelo donatário, no que se refere à parte excedente ao valor que poderia ter lhe
sido cobrado. É premiação ao devotamento profissional, em demonstração do
interesse de recompensar.

Acerca da doação remuneratória, Rizzardo (2006, p. 455) aponta alguns


elementos componentes: I – Que a doação se faça em recompensa de serviços
prestados ao doador pelo donatário; II – que os serviços sejam estimáveis
em dinheiro; III – que o donatário não se torne credor de uma prestação
legitimamente exigível. Mais um requisito se impõe, que é a anterioridade dos
serviços prestados, relativamente à doação […].

Importante distinção é feita pelo mesmo autor (2006, p. 456): […] Daí não se
confundir com a dação em pagamento, que é a substituição da coisa devida
por outra, em atendimento a uma obrigação existente; e muito menos com o
pagamento, que pressupõe um crédito; ou com a contraprestação, por faltar a
equivalência de valores. A transferência de bens ou vantagens está alicerçada
numa causação, sem perder o caráter de liberalidade, por não constituir dívida
exigível e conter um gravame inferior ao valor do bem doado.

Embora desnecessário constar da escritura pública os motivos que levaram


o doador a efetivar o ato de liberalidade, nada impede que ele faça constar
cláusula específica onde expressamente declare tratar-se de uma dessas
modalidades de doação.

4.5 Doação condicional

A doação condicional depende para surtir efeitos, da ocorrência de evento


futuro e incerto, podendo a condição ser suspensiva ou resolutiva. Segundo
Rizzardo (2006, p. 459): “É suspensiva a condição quando depende de um
fato para se realizar. Exemplo característico é a que subordina a celebração do
casamento para se consumar”. Tal hipótese é inclusive prevista no Art. 549 do

193
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Código Civil (BRASIL, 2002): A doação feita em contemplação de casamento


futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por
terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houver um do outro,
não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o
casamento não se realizar.

Diniz (2002, p. 60) fala sobre a condição resolutiva na doação: […] Se a condição
for resolutiva, a doação estará perfeita desde o momento em que as partes
dêem seu assentimento à condição de que, se ocorrer determinado evento,
futuro e incerto, o contrato será desfeito, retornando as partes à situação em
que estavam antes de contratar [...]”.

“Percebe-se que na doação condicional o donatário só adquirirá ou perderá o


direito à coisa doada, se se verificar a condição” (DINIZ, 2002, p. 60). Questão
importante a tratar sobre doação condicional é a hipótese apresentada por
Silva Filho (1986), que trata da doação mortis causa, ou seja, para vigorar a
partir da morte do doador, e explica: A doação mortis causa é a doação feita
pelo doador para vigorar a partir de sua morte. Essa doação, que causou
grande controvérsia no direito anterior ao Código Civil, não foi acolhida na
atual legislação, a não ser na menção feita no Art. 314 do CC, ao tratar das
doações para casamento. Ali se preceitua que ‘as doações estipuladas, nos
contratos antenupciais, para depois da morte do doador, aproveitarão aos
filhos do donatário, ainda que este faleça antes daquele’. […] A rejeição do atual
legislador a esse tipo de doação foi a sua coerência doutrinária ao considerar
a doação como um contrato, e, portanto, celebrado inter vivos, que demanda,
como já visto, a aceitação. A doação feita para vigorar após a morte do doador,
com a possibilidade de ele revogá-la a qualquer tempo enquanto vivesse
seria um testamento, e, a doação assim realizada seria um legado, e, não uma
transmissão do imóvel inter vivos. […] A doutrina, entretanto, tem admitido
a doação mortis causa, mesmo sendo sem a dependência do casamento,
considerando a morte como um termo inicial, para que a doação comece a
vigorar. ‘O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito’
(Art. 123 do CC). Assim, a doação mortis causa poderá ser contratualmente
acordada com o donatário, passando a vigorar após a morte do doador […].
Essa possibilidade foi amplamente debatida pelo Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do Recurso Especial nᵒ 444 do Rio de Janeiro, que
admitiu a validade da doação mortis causa: “[…] a doação pode ser feita e
aceita em vida, para produzir efeitos após a morte do doador […]”. O ponto
principal da discussão neste Tribunal foi verificar se a donatária havia ou não
manifestado sua aceitação ao ato de liberalidade efetivado pelo doador para
que o ato fosse considerado válido, ainda que condicionado à própria morte
do doador. Assim, não havendo permissão ou vedação expressa do legislador,
a doação mortis causa torna-se plenamente válida em nosso ordenamento,
embora condicionada a algumas regras, relacionadas por Silva Filho (1986),
citando Agostinho Alvim: […] a) A doação é para valer depois da morte do
doador, antes disso, ele continua na posse, uso e gozo da coisa, que só pela

194
TÓPICO 2 — DOS REGISTROS E OUTRAS ATIVIDADES NOTARIAIS

sua morte se transfere ao donatário; b) Tal doação regula-se pelas regras do


contrato de doação, no que toca à capacidade para doar e receber à doação, à
irrevogabilidade, e tudo o mais, e não pelas normas do direito das sucessões.
A doação está consumada; só a entrega é que é diferida; c) O doador após a
doação, não mais pode alienar a outrem, o bem doado, nem a título oneroso,
nem gratuito.

E, de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça antes


mencionado, devemos incluir nesses requisitos, a aceitação do donatário, que
deve ser manifestada ainda durante a vida do doador.

4.6 Doação sob forma de subvenção periódica

“A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-


se morrendo o doador, salvo se esta outra coisa dispuser, mas não poderá
ultrapassar a vida do donatário” (Art. 545 Código Civil, BRASIL, 2002). Simão
(2006, p. 131) explica: É aquela doação que se destina à mantença de certa
pessoa e, por isso, periodicamente, o doador doa certa quantia ao donatário,
nos termos avençados pelo contrato. A doação, nesta modalidade, extingue-se
com a morte do doador, salvo se o contrato prevê que a obrigação se transfere
aos seus herdeiros […]. A ideia de transmissão ocorrerá nas forças da herança,
ou seja, não vinculará os bens dos herdeiros, mas apenas o patrimônio do
doador, e os frutos por este produzidos.

Para Fiúza (2002, p. 481): A doação em forma de subvenção periódica ou


sucessiva é doação condicional resolutiva, isto é, constitui-se como pensão
regular prestada pelo doador, extinguindo-se com a sua morte, salvo se
houver disposição em contrário. Havendo convenção diversa da liberalidade,
esta prolonga-se após o evento, ficando, porém, jungida ao limite temporal da
vida do donatário. Significa constituição de renda, a título gratuito.

E Rizzardo (2006, p. 464) adverte sobre a necessidade de interpretação deste


dispositivo em conjunto com o Art. 549 do Código Civil: Cumpre se combine
a regra com o Art. 549 […], que trata da nulidade da doação quanto à parte
que exceder o que era permitido ao doador dispor livremente. Assinalava
Agostinho Alvim, em matéria ainda aplicável, eis que idêntico o tratamento
legal antigo ao Código vigente, que duas hipóteses são suscetíveis de ocorrer:
‘a) doação com número previsto de prestações; b) doação sem número previsto,
quando ela for feita por vida do doador ou do donatário.’ […] No instante em
que as prestações ultrapassarem o limite tolerado, reconhece-se legitimidade
aos futuros herdeiros para agirem contra o doador e o favorecido, a fim de
anularem a liberalidade na parte excedente.

FONTE: Adaptado de <https://www.tabelionatoportobelo.com.br/escritura-


publica-de-doacao/>. Acesso em: 11 nov. 2020.

195
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Cada uma das 27 unidades federativas possui legislações específicas para a


ação dos cartórios.

• A lei nos traz diversos orientativos na práxis do dia a dia, mas sempre é
importante lembrar que a prática e a atualização constante são fundamentais
para se reconhecer os detalhes do trabalho diário.

• O registro de propriedade de imóvel é um dos principais serviços prestados


pelos cartórios de registro de imóvel.

• A propriedade imobiliária é um direito real, e seu registro se faz necessário


para a garantia do direito.

• O registro de pessoas naturais existe para gerar direitos e obrigações aos


indivíduos, relacionados com a forma de estado civil em que se encontra, ou
de sua mudança.

• Quando falamos do ordenamento jurídico, temos que um indivíduo passa a existir


e ter identidade quando executado o seu registro no Cartório de Registro Civil.

• São fatos relacionados independentemente do nascimento, morte e mudanças do


estado civil que devem ter o seu registro efetuado no Cartório de Registro Civil.

• No Registro Civil de Pessoas Naturais podem ser realizados os seguintes


serviços:
◦ registros de nascimentos;
◦ casamentos;
◦ óbitos;
◦ emancipações por outorga dos pais ou por sentença judicial;
◦ interdições por incapacidade civil absoluta;
◦ sentenças declaratórias de ausência (morte presumida);
◦ as opções de nacionalidade
◦ sentenças relacionadas à adoção etc.

• Quando falamos de pessoa jurídica, estamos nos referindo a empresas ou


qualquer instituição com responsabilidade perante a lei. Podem ser associações,
cooperativas, partidos políticos, organizações com fins lucrativos de todos os
portes etc.

• A pessoa jurídica tem, no Art. 45 e 46 do Código Civil de 2002 a forma de sua


constituição com os requisitos de registro constitutivo nos órgãos públicos.

196
• Os cartórios de registro de títulos e documentos têm adquirido uma atenção
especial nestes tempos modernos em que temos muitos fatos e negócios
ocorrendo em nosso dia a dia. Temos as mais diversas negociações entre
particulares, entre empresas, lançamento de produtos, softwares, Apps,
negociações on-line etc. e, por consequência, temos visto surgir muitos
documentos que precisam ser registrados para terem a sua validade legal.

• Podemos afirmar que as funções do registro de títulos e documentos são


bastante amplas, produzindo com base no registro do documento a sua
publicidade e gerando validade jurídica.

• Na Lei nᵒ 6.015/1973 (Lei dos Registros Públicos), temos o Título IV, que trata
Do Registro de Títulos e Documentos, o qual nos traz os seguintes capítulos:
◦ CAPÍTULO I – Das Atribuições.
◦ CAPÍTULO II – Da Escrituração.
◦ CAPÍTULO III – Da Transcrição e da Averbação.
◦ CAPÍTULO IV – Da Ordem do Serviço.
◦ CAPÍTULO V – Do Cancelamento.

• Quando falamos de reconhecimento de firmas e de autenticação de cópias,


estes são os atos mais comuns executados atualmente nas serventias notariais
e são os atos mais simples da práxis dos notariais/tabeliães.

• Devido ao fato de o tabelião de notas poder reconhecer firmas e autenticar


cópias em virtude da fé pública nele investida pelo Estado, temos a certeza de
que a presunção de que todos os seus atos e de tudo que declara é verdadeiro.
Por isso, vemos no término de atos notariais a utilização da expressão: “O
referido é verdade e dou fé”.

• Os serviços mais comuns de autenticações nos cartórios são:


◦ Autenticação de cópias reprográficas de documentos pessoais.
◦ Autenticação de cópias reprográficas de documentos contratuais.
◦ Autenticação de assinaturas.

197
AUTOATIVIDADE

1 Na Lei nᵒ 6.015/1973, também conhecida como a “Lei do Notariado ou dos


Cartórios”, temos a elucidação dos serviços que podem ser feitos pelos
diversos tipos de cartórios, definindo diversos quesitos importantes para
as serventias. Podemos citar como exemplo o Art. 167 da referida lei, que
trata dos serviços prestados no cartório de registro de imóveis. Com relação
aos serviços prestados no cartório de registro de imóveis, conforme o Art.
167 da Lei nᵒ 6.015/73, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O registro da instituição de bem de família; registro das hipotecas


legais, judiciais e convencionais; atestar a profissão de uma pessoa,
divórcio consensual.
b) ( ) O registro das hipotecas legais, judiciais e convencionais; divórcio
consensual, pacto pré-nupcial.
c) ( ) O registro da instituição de bem de família; registro das hipotecas
legais, judiciais e convencionais; registro dos contratos de locação de
prédios, nos quais tenha sido consignada cláusula de vigência no caso
de alienação da coisa locada.
d) ( ) O registro da instituição de bem de família; registro das hipotecas legais,
judiciais e convencionais; autenticação de documentos; atas notariais
relacionadas às pessoas jurídicas referente a questões trabalhistas.

2 O processo de doação é importante dentro dos procedimentos de trabalho


dos cartórios e os principais elementos que caracterizam a doação são: a
Contratualidade, pois o nosso Código Civil considerou expressamente a
doação como um contrato; o ânimo do doador de fazer uma liberalidade
(animus donandi), proporcionando ao donatário certa vantagem à custa do
seu patrimônio; o ato do doador deverá revestir-se de espontaneidade;
transferência de bens ou de direitos do patrimônio do doador para o do
donatário e aceitação do donatário. Com relação aos tipos de doação,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Doação pura; doação modal ou com encargo; doação com cláusula de


reversão; doação contemplativa ou remuneratória; doação condicional;
doação sob forma de subvenção periódica.
b) ( ) Doação in vitro; doação com encargo social; doação com cláusula de
reversão; doação contemplativa ou remuneratória; doação condicional;
doação sob forma de subversão.
c) ( ) Doação in vitro; doação modal ou com encargo; doação com cláusula
de reversão; doação contemplativa ou remuneratória; doação de todos
os bens de forma incondicional; doação sob forma de coação pura.
d) ( ) Doação impura; doação modal ou com encargo; doação com cláusula
de reversão; doação contemplativa ou remuneratória; doação de todos
os bens condicional; doação sob forma de coação.

198
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E


PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, estamos iniciando o nosso último tópico do livro de
Organização e Planejamento Notarial do curso de GSJ, sobraram alguns detalhes
que precisamos apresentar a você.

Novamente, voltamos a frisar, este assunto é bastante extenso e com


muitos detalhes legais importantes para a sua vida profissional, e por mais que
tentemos, não temos como adentrar e detalhar sobre todos os meandros da
profissão notarial, até porque a lei muda constantemente e ainda mais, muitos
quesitos legais são relacionados à cidade e estado onde você mora, e não temos
como fazê-lo tão minuciosamente.

Recomendamos a você que procure as leis municipais e estaduais da


região que você mora e trabalha para ficar mais atualizado para a sua práxis.

Adentraremos, neste último tópico, nos temas de emolumentos,


fiscalização, competência e provimentos do CNJ, cartório digital.

Vamos aprender sobre estes temas.

2 EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E


PROVIMENTOS DO CNJ
Vamos conhecer mais sobre os temas: emolumentos, fiscalização,
competência e provimentos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

2.1 DOS EMOLUMENTOS


Já estudamos diversos temas relacionados aos Notariais, mas como são
cobrados as taxas e valores dos cartórios? Na verdade, os valores cobrados pelos
cartórios são fixados pela unidade federativa em que ele se encontra.

199
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Podemos definir emolumentos, conforme DireitoNet (2020, s.p.) como sendo


as “taxas remuneratórias de serviços públicos, tanto notarial, quanto de registro,
configurando uma obrigação pecuniária a ser paga pelo próprio requerente”.

DICAS

Prezado acadêmico, confira algumas leis em nível federal sobre os emolumentos


para você consultar:

Arts. 98, §2ᵒ; e 236, §2ᵒ, ambos da CF.


Arts. 206, §1ᵒ, III; e 1.512, parágrafo único, ambos do CC.
Arts. 789 a 790-B, todos da CLT.
Art. 28, da Lei nᵒ 8.935/94.

Voltamos a frisar que os emolumentos são definidos pelos estados


federativos, por lei estadual.

DICAS

Prezado acadêmico, seguem alguns exemplos de sites oficiais que apresentam


as leis e as cobranças dos emolumentos.

Rio Grande do Sul


https://www.tjrs.jus.br/export/servicos/emolumentos/Tabela_de_Emolumentos_2020.pdf.

Minas Gerais
https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/processos/custas-emolumentos/tabela-de-
emolumentos-2019.htm.

São Paulo
http://www.cartoriosp.com.br/#titulo=tabela_de_custas_e_emolumentos.

Bahia
https://www.tjba.jus.br/tabeladecustas/tabela_custa.pdf.

200
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

FIGURA – EXEMPLO TABELA DE EMOLUMENTO 2020 DO ESTADO DA BAHIA

FONTE: <https://www.tjba.jus.br/tabeladecustas/tabela_custa.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2020.

No site da Anoreg (Associação dos Notários e Registradores), https://www.


anoreg.org.br/site/tabela-de-emolumentos/, você terá acesso às tabelas de emolumentos
de todos os estados do Brasil:

2.2 FISCALIZAÇÃO E CNJ


Conforme a legislação em vigor, definiu-se a competência do Poder
Judiciário como elemento fiscalizador sobre os atos praticados da atividade notarial.

Das leis específicas sobre o tema, temos o Art. 236, §1ᵒ, Constituição
Federal do Brasil que nos traz: Art. 236. Os serviços notariais e de
registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder
Público. (Regulamento)
§ 1ᵒ Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e
criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário (BRASIL, 1988).

Para regulamentar o texto constitucional mencionado anteriormente,


temos a Lei nᵒ 8.935/1994, que nos remete aos Arts. 37 e 38, que tratam sobre a
fiscalização a ser exercida pelo Poder Judiciário, que descrevemos a seguir:

CAPÍTULO VII
Da Fiscalização pelo Poder Judiciário
Art. 37. A fiscalização judiciária dos atos notariais e de registro,
mencionados nos artes. 6ᵒ a 13, será exercida pelo juízo competente,
assim definido na órbita estadual e do Distrito Federal, sempre que
necessário, ou mediante representação de qualquer interessado,
quando da inobservância de obrigação legal por parte de notário ou
de oficial de registro, ou de seus prepostos.

201
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Parágrafo único. Quando, em autos ou papéis de que conhecer,


o Juiz verificar a existência de crime de ação pública, remeterá
ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao
oferecimento da denúncia.
Art. 38. O juízo competente zelará para que os serviços notariais e de
registro sejam prestados com rapidez, qualidade satisfatória e de modo
eficiente, podendo sugerir à autoridade competente a elaboração de
planos de adequada e melhor prestação desses serviços, observados,
também, critérios populacionais e socioeconômicos, publicados
regularmente pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (BRASIL, 1994).

A fiscalização dos serviços notariais e de registros (cartórios) é feito


atualmente em um sentido mais amplo pela Corregedoria-Geral da Justiça
vigente no Estado de sua sede.

As fiscalizações ocorrem conforme descrito no Art. 48 do Regimento Interno


do CNJ (Conselho Nacional da Justiça) em relação às inspeções, conforme segue:

CAPÍTULO III - DOS DIVERSOS TIPOS DE PROCESSOS


Seção I - Da Inspeção
Art. 48. A Corregedoria Nacional de Justiça poderá realizar inspeções
para apuração de fatos relacionados ao conhecimento e à verificação
do funcionamento dos serviços judiciais e auxiliares, das serventias e
dos órgãos prestadores de serviços notariais e de registro, havendo ou
não evidências de irregularidades.
Parágrafo único. As inspeções poderão ser realizadas rotineiramente
ou a qualquer tempo por iniciativa da Corregedoria Nacional de
Justiça, por proposição de qualquer Conselheiro ou a requerimento de
autoridade pública, sem prejuízo da atuação disciplinar e correicional
dos Tribunais (CNJ, 2004).

Com relação às correições, temos o Art. 54 do Regimento Interno do CNJ,


que descreve:

Seção II- Da Correição


Art. 54. A Corregedoria Nacional de Justiça poderá realizar correições
para apuração de fatos determinados relacionados com deficiências
graves dos serviços judiciais e auxiliares, das serventias e dos órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro.
§ 1ᵒ As correições serão realizadas sem prejuízo da atuação disciplinar
e correicional dos Tribunais (CNJ, 2004).

202
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

NOTA

Prezado Acadêmico, vamos entender o que significa o termo correição.

Correição: “Função administrativa exercida pelo Corregedor-Geral da Justiça ou


Juízes Corregedores, que tem por finalidade emendar e corrigir os erros e abusos de
autoridades judiciárias e dos serventuários da justiça e auxiliares” (TJDFT, 2012, p. 9).

“A correição ordinária tem por finalidade a averiguação periódica da regularidade


dos serviços nas unidades judiciárias de primeira instância, bem como a uniformização e
padronização de práticas e rotinas cartorárias” (TJDFT, 2012, p. 13).

Queremos deixar como dica de leitura o seguinte material sobre o tema:

TJDFT – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. Correição


judicial ordinária: metodologia de trabalho. Brasília: TJDFT, 2012. Disponível em: https://
www.tjdft.jus.br/publicacoes/edicoes/manuais/MANUAL_CorreicaoJudicial.pdf.

Temos ainda que, as inspeções e correições são realizadas anualmente,


cujos corregedores auditam e verificam os livros físicos e eletrônicos das serventias
de registro civil das pessoas naturais, cartório de tabelionato de notas, cartório
de registro de imóveis, cartório de tabelionato de protesto e o cartório de registro
de títulos e documentos. Além disso, verificam as instalações físicas e, inclusive,
auditam o atendimento de forma geral aos usuários do serviço.

Aqui, novamente expomos que cada estado desenvolve as corregedorias


e estabelece as normas específicas.

DICAS

Prezado acadêmico, para exemplificarmos esta questão da ação das


corregedorias, indicamos o material disponível no estado de Santa Catarina: http://cgj.tjsc.
jus.br/consultas/liberada/cncgj.pdf.

A importância da fiscalização às serventias está no fato de se buscar


sempre que estas instituições prestem um bom serviço à comunidade, além de
ter uma lisura em seus atos, por isso são tão importantes as auditorias realizadas
pelo CNJ e corregedorias estaduais.

203
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

3 CARTÓRIO DIGITAL
O nosso último tema deste livro não podia ser outro senão o futuro das
serventias, dos serviços notariais (dos cartórios). São muitos os artigos escritos,
filmes de ficção científica e outros que vemos estampando bordões sobre o
futuro das profissões e o impacto gerado pela tecnologia de informação (TI),
principalmente na prestação de serviços, nas formas de trabalhar e nas relações
trabalhistas, o que na verdade já está mudando e irá mudar muito mais no futuro
próximo, e não é diferente com relação aos serviços notariais.

A verdade é que você pode até não aceitar estas mudanças, mas o fato é
que ela já está aí. Essa disrupção em nossa forma de vida já está presente. Olhe para
você, estudando e se formando em um curso EAD (Educação a Distância) ou talvez
trabalhando em Home Office, a telemedicina, os bancos digitais (Nubank, Banco
Neon, Banco Original, Next, entre outros) e sim, também os cartórios digitais.

Na verdade, todos seremos impactados por esta importante revolução


digital que estamos vivendo, temos que ter ciência que é uma tentativa inútil
“remar contra a maré” da mudança digital. Mesmo as profissões dos chamados
“especialistas”, como os professores, médicos, advogados, tabeliões e tantas
outras profissões serão modificadas pelo uso da tecnologia.

Atualmente, temos vivenciado que todos os negócios “tradicionais” estão


sendo impactados diretamente pela tecnologia e os que não se adaptarem não
sobreviverão. Tal fato está presente também nos serviços notariais, influenciados
por consumidores mais tecnológicos e virtualizados.

Os cartórios digitais já estão prestando serviços ao público desde 2002,


já que, conforme a AARB (2016), o primeiro cartório digital do Brasil foi o 1ᵒ
Tabelionato de Notas de Porto Alegre, o qual disponibilizou “o primeiro portal
de assinaturas do país com intervenção notarial que produz documentos
eletrônicos notarizados”.

DICAS

Prezado acadêmico, indicamos um vídeo do YouTube sobre como funciona


um cartório digital. O vídeo está disponível no link: https://www.aarb.org.br/primeiro-
cartorio-digital-do-brasil/

204
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

FIGURA – CARTÓRIO DIGITAL

FONTE: <https://www.aarb.org.br/primeiro-cartorio-digital-do-brasil/>.
Acesso em: 18 nov. 2020.

A prestação de serviços digitais pelos cartórios está em expansão em todo


o Brasil, suas principais vantagens são:

• Agilidade.
• Praticidade.
• Comodidade ao usuário.
• Economia, redução de custos.
• Segurança no trânsito de documentos.
• Eliminação de espaços físicos para guarda de documentos.
• Serviço remoto.
• Elimina a necessidade de cópias autenticadas e reconhecimento de firmas.
• Não utiliza papel.
• Segurança em operações financeiras.
• Otimiza o tempo dos envolvidos etc.

Atualmente, conforme o CNJ, analisando o trânsito de documentos


digitais, existem mais de três mil cartórios integrados de forma digital no Brasil,
sendo que no País existem aproximadamente 15 mil cartórios no total.

São diversos os provimentos relacionados às atividades notariais pelo meio


digital disciplinados pelo Conselho Nacional de Justiça. Aqui, apresentaremos
dois dos mais importantes, que são o Provimento CNJ nᵒ 48/2016, que fala da
atividade de registro eletrônico notarial, e o Provimento nᵒ 100, de 26 de maio de
2020, que dispõe sobre a prática de atos notariais eletrônicos utilizando o sistema
e-Notariado, cria a Matrícula Notarial Eletrônica-MNE e dá outras providências.

205
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Como esses provimentos disciplinam a normativa em âmbito federal,


você precisa buscar as normativas estaduais para conhecer as questões legais
relacionadas ao seu estado.

3.1 PROVIMENTO CNJ Nᵒ 48/2016


O Provimento CNJ nᵒ 48/2016 estabelece as diretrizes gerais para
o sistema de registro eletrônico de títulos e documentos e civil de pessoas
jurídicas, a sua integra é apresentada a seguir:

PROVIMENTO Nᵒ 48, DE 16 DE MARÇO DE 2016

Estabelece diretrizes gerais para o sistema de registro eletrônico de títulos e


documentos e civil de pessoas jurídicas.
A CORREGEDORA NACIONAL DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições
legais e regimentais:
CONSIDERANDO a necessidade de facilitar o intercâmbio de informações
entre os ofícios de registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas,
o Poder Judiciário, a Administração Pública e o público em geral, para eficácia
e celeridade da prestação jurisdicional e do serviço público;
CONSIDERANDO que compete ao Poder Judiciário regulamentar o registro
público eletrônico de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas previsto
nos Arts. 37 a 41 da Lei nᵒ 11.977, de 7 de julho de 2009;
CONSIDERANDO que compete à Corregedoria Nacional de Justiça estabelecer
diretrizes gerais para a implantação do registro de títulos e documentos e civil
de pessoas jurídicas eletrônico em todo o território nacional, expedindo atos
normativos e recomendações destinados ao aperfeiçoamento das atividades
dos serviços de registro (Inc. X do Art. 8ᵒ do Regimento Interno do Conselho
Nacional de Justiça);
CONSIDERANDO que compete às Corregedorias Gerais da Justiça dos
Estados e do Distrito Federal e dos Territórios, no âmbito de suas atribuições,
estabelecer normas técnicas específicas para a concreta prestação dos serviços
registrais em meios eletrônicos.

RESOLVE:

Art. 1ᵒ O sistema de registro eletrônico de títulos e documentos e civil de pessoas


jurídicas (SRTDPJ), sem prejuízo de outras normas aplicáveis, observará o
disposto, especialmente:
I- nos Arts. 37 a 41 da Lei nᵒ 11.977, de 7 de julho de 2009;
II- no Art. 16 da Lei nᵒ 11.419, de 19 de dezembro de 2006;
III- no § 6ᵒ do Art. 659 da Lei nᵒ 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
Processo Civil;

206
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

IV- no Art. 185-A da Lei nᵒ 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código


Tributário Nacional;
V- no parágrafo único do Art. 17 da Lei nᵒ 6.015, de 31 de dezembro de 1973;
VI- na Lei nᵒ 8.159, de 8 de janeiro de 1991 e seus regulamentos;
VII- nos incisos II e III do Art. 3ᵒ e no Art. 11 da Lei nᵒ 12.965, de 23 de abril
de 2014; e
VIII- neste provimento, complementado pelas Corregedorias Gerais da
Justiça de cada um dos Estados e do Distrito Federal e dos Territórios,
observadas as peculiaridades locais.

Art. 2ᵒ O sistema de registro eletrônico de títulos e documentos e civil de


pessoas jurídicas deverá ser implantado e integrado por todos os oficiais de
registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas de cada Estado e
do Distrito Federal e dos Territórios, e compreende:
I- o intercâmbio de documentos eletrônicos e de informações entre os ofícios
de registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas, o Poder
Judiciário, a Administração Pública e o público em geral;
II- a recepção e o envio de títulos em formato eletrônico;
III- a expedição de certidões e a prestação de informações em formato
eletrônico; e
IV- a formação, nos cartórios competentes, de repositórios registrais eletrônicos
para o acolhimento de dados e o armazenamento de documentos eletrônicos.

Art. 3ᵒ O intercâmbio de documentos eletrônicos e de informações entre os


ofícios de registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas, o Poder
Judiciário, a Administração Pública e o público em geral estará a cargo de
centrais de serviços eletrônicos compartilhados que se criarão em cada um dos
Estados e no Distrito Federal.
1ᵒ As centrais de serviços eletrônicos compartilhados serão criadas pelos oficiais
de registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas competentes,
mediante ato normativo da Corregedoria Geral da Justiça local.
2ᵒ Haverá uma única central de serviços eletrônicos compartilhados em cada
um dos Estados e no Distrito Federal.
3ᵒ Onde não seja possível ou conveniente a criação e manutenção de serviços
próprios, o tráfego eletrônico far-se-á mediante central de serviço eletrônico
compartilhado que já esteja a funcionar em outro Estado ou no Distrito Federal.
4ᵒ As centrais de serviços eletrônicos compartilhados conterão indicadores
somente para os ofícios de registro de títulos e documentos e civil de pessoas
jurídicas que as integrem.
5ᵒ As centrais de serviços eletrônicos compartilhados coordenar-se-ão entre si
para que se universalize o acesso ao tráfego eletrônico e se prestem os mesmos
serviços em todo o País.
6ᵒ Em todas as operações das centrais de serviços eletrônicos compartilhados,
serão obrigatoriamente respeitados os direitos à privacidade, à proteção dos
dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e, se houver, dos registros.

207
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

7ᵒ As centrais de serviços eletrônicos compartilhados deverão observar os


padrões e requisitos de documentos, de conexão e de funcionamento, da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP e da arquitetura dos Padrões
de Interoperabilidade de Governo Eletrônico (e-Ping).

Art. 4ᵒ Todas as solicitações feitas por meio das centrais de serviços eletrônicos
compartilhados serão enviadas ao ofício de registro de títulos e documentos
e civil de pessoas jurídicas competente, que será o único responsável pelo
processamento e atendimento.
Parágrafo único. Os oficiais de registro de títulos e documentos e civil de
pessoas jurídicas deverão manter, em segurança e sob seu exclusivo controle,
indefinida e permanentemente, os livros, classificadores, documentos e dados
eletrônicos, e responderão por sua guarda e conservação.

Art. 5ᵒ Os documentos eletrônicos apresentados aos ofícios de registro de


títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas, ou por eles expedidos,
serão assinados com uso de certificado digital, segundo a Infraestrutura de
Chaves Públicas Brasileira – ICP, e observarão a arquitetura dos Padrões de
Interoperabilidade de Governo Eletrônico (e-Ping).

Art. 6ᵒ Os livros do registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas


serão escriturados e mantidos segundo a Lei nᵒ 6.015, de 31 de dezembro
de 1973, podendo, para este fim, ser adotados os sistemas de computação,
microfilmagem, disco óptico e outros meios de reprodução, nos termos do Art.
41 da Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994, e conforme as normas editadas
pelas Corregedorias Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, sem
prejuízo da escrituração eletrônica em repositórios registrais eletrônicos.

Art. 7ᵒ Os repositórios registrais eletrônicos receberão os dados relativos a


todos os atos de registro e aos títulos e documentos que lhes serviram de base.
Parágrafo único. Para a criação, atualização, manutenção e guarda permanente
dos repositórios registrais eletrônicos deverão ser observados:
I- a especificação técnica do modelo de sistema digital para implantação de
sistemas de registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas
eletrônico, segundo Recomendações da Corregedoria Nacional da Justiça;
II- as Recomendações para Digitalização de Documentos Arquivísticos
Permanentes de 2010, baixadas pelo Conselho Nacional de Arquivos –
Conarq; e
III- os atos normativos baixados pelas Corregedorias Gerais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal e dos Territórios.

Art. 8ᵒ Aos ofícios de registro de títulos e documentos e civil de pessoas


jurídicas é vedado:
I- recepcionar ou expedir documentos eletrônicos por e-mail ou serviços
postais ou de entrega;

208
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

II- postar ou baixar (download) documentos eletrônicos e informações em


sites que não sejam os das respectivas centrais de serviços eletrônicos
compartilhados; e
III- prestar os serviços eletrônicos referidos neste provimento, diretamente
ou por terceiros, em concorrência com as centrais de serviços eletrônicos
compartilhados, ou fora delas.

Art. 9ᵒ Os títulos e documentos eletrônicos, devidamente assinados com o uso


de certificado digital, segundo a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira –
ICP, e observada a arquitetura dos Padrões de Interoperabilidade de Governo
Eletrônico (e-Ping), podem ser recepcionados diretamente no cartório, caso o
usuário assim requeira e compareça na serventia com a devida mídia eletrônica.
Parágrafo único. Nos casos em que o oficial recepcionar quaisquer títulos e
documentos diretamente no cartório, ele deverá, no mesmo dia da prática
do ato registral, enviar esses títulos e documentos para a central de serviços
eletrônicos compartilhados para armazenamento dos indicadores, conforme
disposto no Art. 3ᵒ, §4ᵒ deste provimento, sob pena de infração administrativa.

Art. 10 Os serviços eletrônicos compartilhados passarão a ser prestados dentro


do prazo de 360 (trezentos e sessenta) dias.

Art. 11 Este provimento entra em vigor na data de sua publicação (CNJ, 2016).

Brasília, 16 de março de 2016.

Ministra NANCY ANDRIGHI


Corregedora Nacional de Justiça

Optamos em deixar o Provimento CNJ nᵒ 48/2016, que estabelece as


diretrizes gerais para o sistema de registro eletrônico de títulos e documentos
e civil de pessoas jurídicas em sua íntegra para que você identifique todos os
elementos legais necessários para a formalização de uma lei. Assim, temos a parte
inicial, em que se apresentam todas as considerações relacionadas à execução
deste provimento, depois vemos o corpo legal, que traz os artigos específicos
que versa sobre o tema, em que destacamos o Art. 2ᵒ, que descreve o sistema de
registro eletrônico de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas, afirmando
que deverá ser implantado e, principalmente, integrado por todos os oficiais de
registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas de todos os Estados,
Distrito Federal e dos Territórios. Este provimento também deixa claro em seus
artigos as diversas nuances utilizadas para o desenvolvimento dos cartórios
digitais no território brasileiro.

209
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

3.2 PROVIMENTO CNJ Nᵒ 100/2020


O Provimento CNJ nᵒ 100/2020 estabelece a prática de atos notariais
eletrônicos utilizando o sistema e-Notariado, cria a Matrícula Notarial Eletrônica-
MNE e dá outras providências.

Assim, nós temos em seu Capítulo I as disposições gerais relacionadas aos


serviços notariais digitais, como segue:

CAPÍTULO I – DISPOSIÇOES GERAIS

Art. 1ᵒ Este provimento estabelece normas gerais sobre a prática de atos


notariais eletrônicos em todos os tabelionatos de notas do País.

Art. 2ᵒ Para fins deste provimento, considera-se:

I- assinatura eletrônica notarizada: qualquer forma de verificação de


autoria, integridade e autenticidade de um documento eletrônico
realizada por um notário, atribuindo fé pública;
II- certificado digital notarizado: identidade digital de uma pessoa física
ou jurídica, identificada presencialmente por um notário a quem se
atribui fé pública;
III- assinatura digital: resumo matemático computacionalmente calculado
a partir do uso de chave privada e que pode ser verificado com o uso
de chave pública, cujo certificado seja conforme a Medida Provisória nᵒ
2.200-2/2001 ou qualquer outra tecnologia autorizada pela lei;
IV- biometria: dado ou conjunto de informações biológicas de uma pessoa,
que possibilita ao tabelião confirmar a identidade e a sua presença, em
ato notarial ou autenticação em ato particular;
V- videoconferência notarial: ato realizado pelo notário para verificação
da livre manifestação da vontade das partes em relação ao ato notarial
lavrado eletronicamente;
VI- ato notarial eletrônico: conjunto de metadados, gravações de declarações
de anuência das partes por videoconferência notarial e documento
eletrônico, correspondentes a um ato notarial;
VII- documento físico: qualquer peça escrita ou impressa em qualquer
suporte que ofereça prova ou informação sobre um ato, fato ou negócio,
assinada ou não, e emitida na forma que lhe for própria.
VIII- digitalização ou desmaterialização: processo de reprodução ou conversão
de fato, ato, documento, negócio ou coisa, produzidos ou representados
originalmente em meio não digital, para o formato digital;

210
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

IX- papelização ou materialização: processo de reprodução ou conversão


de fato, ato, documento, negócio ou coisa, produzidos ou representados
originalmente em meio digital, para o formato em papel;
X- documento eletrônico: qualquer arquivo em formato digital que ofereça
prova ou informação sobre um ato, fato ou negócio, emitido na forma que
lhe for própria, inclusive aquele cuja autoria seja verificável pela internet.
XI- documento digitalizado: reprodução digital de documento
originalmente em papel ou outro meio físico;
XII- documento digital: documento originalmente produzido em meio digital;
XIII- meio eletrônico: ambiente de armazenamento ou tráfego de
informações digitais;
XIV- transmissão eletrônica: toda forma de comunicação a distância com a
utilização de redes de comunicação, tal como os serviços de internet;
XV- usuários internos: tabeliães de notas, substitutos, interinos,
interventores, escreventes e auxiliares com acesso às funcionalidades
internas do sistema de processamento em meio eletrônico;
XVI- usuários externos: todos os demais usuários, incluídas partes, membros do
Poder Judiciário, autoridades, órgãos governamentais e empresariais;
XVII- CENAD: Central Notarial de Autenticação Digital, que consiste em
uma ferramenta para os notários autenticarem os documentos digitais,
com base em seus originais, que podem ser em papel ou natos-digitais;
XVIII- cliente do serviço notarial: todo o usuário que comparecer perante um
notário como parte direta ou indiretamente interessada em um ato
notarial, ainda que por meio de representantes, independentemente de
ter sido o notário escolhido pela parte outorgante, outorgada ou por
um terceiro.

Art. 3ᵒ São requisitos da prática do ato notarial eletrônico:


I - videoconferência notarial para captação do consentimento das partes sobre
os termos do ato jurídico;
II - concordância expressada pela partes com os termos do ato notarial
eletrônico;
III - assinatura digital pelas partes, exclusivamente através do e-Notariado;
IV - assinatura do Tabelião de Notas com a utilização de certificado digital
ICP-Brasil;
IV - uso de formatos de documentos de longa duração com assinatura digital.
Parágrafo único: A gravação da videoconferência notarial deverá conter, no
mínimo:
a) a identificação, a demonstração da capacidade e a livre manifestação das
partes atestadas pelo tabelião de notas;
b) o consentimento das partes e a concordância com a escritura pública;
c) o objeto e o preço do negócio pactuado;
d) a declaração da data e horário da prática do ato notarial; e
e) a declaração acerca da indicação do livro, da página e do tabelionato onde
será lavrado o ato notarial.

211
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

Art. 4ᵒ Para a lavratura do ato notarial eletrônico, o notário utilizará a plataforma


e-Notariado, através do link www.e-notariado.org.br, com a realização da
videoconferência notarial para captação da vontade das partes e coleta das
assinaturas digitais.

Art. 5ᵒ O Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal manterá um registro


nacional único dos Certificados Digitais Notarizados e de biometria.

Art. 6ᵒ A competência para a prática dos atos regulados neste Provimento é


absoluta e observará a circunscrição territorial em que o tabelião recebeu sua
delegação, nos termos do Art. 9ᵒ da Lei nᵒ 8.935/1994 (CNJ, 2020).

Como você pode ver, todos os elementos de ação de um cartório digital


estão apresentados no Capítulo I desse provimento. Inclusive, seu Art. 3ᵒ apresenta
os requisitos da prática do ato notarial por meio eletrônico.

Temos um ponto importante no provimento 100/2020 em seu Art. 9ᵒ, §


5ᵒ, quando descreve: “Art. 9, § 5ᵒ Os notários poderão operar na Infraestrutura
de Chaves Públicas Brasileira – ICP Brasil ou utilizar e oferecer outros meios de
comprovação da autoria e integridade de documentos em forma eletrônica, sob
sua fé pública, desde que operados e regulados pelo Colégio Notarial do Brasil –
Conselho Federal” (CNJ, 2020).

Ou seja, todos os processos realizados pelo notarial por meios eletrônicos


devem ser assegurados e ter fé pública, mesmo sendo realizado todo o
procedimento de forma digital.

Temos o Art. 10 deste provimento que destaca todas as funcionalidades


que o e-Notariado devera disponibilizar:

Art. 10. O e-Notariado disponibilizará as seguintes funcionalidades:


I- matrícula notarial eletrônica;
II- portal de apresentação dos notários;
III- fornecimento de certificados digitais notarizados e assinaturas
eletrônicas notarizadas;
IV- sistemas para realização de videoconferências notariais para
gravação do consentimento das partes e da aceitação do ato notarial;
V- sistemas de identificação e de validação biométrica;
VI- assinador digital e plataforma de gestão de assinaturas;
VII- interconexão dos notários;
VIII- ferramentas operacionais para os serviços notariais eletrônicos;
IX- Central Notarial de Autenticação Digital – CENAD;
XII- Cadastro Único de Clientes do Notariado – CCN;
XIII- Cadastro Único de Beneficiários Finais – CBF;
XIV- Índice Único de Atos Notariais – IU (CNJ, 2020).

212
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

Para encerrarmos esta análise do Provimento 100/2020 do CNJ, gostaríamos


de destacar o Art. 11, o qual dispõe sobre a fiscalização dos cartórios digitais.

Art. 11. O sistema e-Notariado contará com módulo de fiscalização


e geração de relatórios (correição on-line), para efeito de contínuo
acompanhamento, controle e fiscalização pelos juízes responsáveis
pela atividade extrajudicial, pelas Corregedorias de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal e pela Corregedoria Nacional de Justiça.
Parágrafo único. A habilitação dos responsáveis pela fiscalização
deverá ser realizada diretamente no link www.e-notariado.org.
br, acessando o campo “correição on-line”, permitindo o acesso ao
sistema em até 24 horas (vinte e quatro horas) (CNJ, 2020).

DICAS

Prezado acadêmico, apesar de termos apresentado somente alguns pontos


mais focados nas atribuições, funcionalidades e fiscalização, o Provimento do CNJ 100/2020
traz muito mais detalhes sobre o tema. Por isso, recomendamos a sua leitura. Disponível
em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3334

Você lerá sobre:

CAPÍTULO III – DA MATRÍCULA NOTARIAL ELETRÔNICA – MNE


CAPÍTULO IV – DO ACESSO AO SISTEMA
CAPÍTULO V – ATOS NOTARIAIS ELETRÔNICOS
CAPÍTULO VI – DOS CADASTROS
CAPÍTULO VII – DISPOSIÇOES FINAIS

São muitos os detalhes e legislações federais, do CNJ e das corregedorias


estaduais entre outras normatizações que versam sobre o notariado e o notariado
digital, então precisamos pesquisar e nos atualizar sempre sobre o tema, como
expusemos no início deste tópico, o futuro chegou também para as serventias
e não tem mais volta. Cada vez mais os usuários estão buscando os cartórios
digitais para as suas necessidades.

213
UNIDADE 3 — QUESTÕES TÉCNICAS E LEGAIS

LEITURA COMPLEMENTAR

CARTÓRIOS DIGITAIS: O QUE SÃO E COMO FUNCIONAM?

Registro de atas de assembleia e declaração de débitos condominiais estão no


rol de serviços que podem ser feitos no meio digital. Mais ágeis, baratos e seguros

[...]

Comparamos para você! Registro de ata: processo analógico x processo digital

Qualquer administradora ou síndico sabe de cor e salteado a logística por


trás da emissão, registro em cartório e distribuição de uma ata de assembleia
condominial de forma tradicional a todos os condôminos.

ETAPAS DO PROCESSO ANALÓGICO:

1- Redação da ata pelo secretário, geralmente o gerente da administradora.


2- Envio, por motoboy, do documento impresso para a coleta de assinatura do
presidente da assembleia.
3- Envio, por motoboy, da ata assinada ao cartório para registro.
4- Retorno do motoboy ao cartório para coletar a ata registrada.
5- Devolução da ata registrada à administradora.
6- Impressão de cópia da ata para condôminos.
7- Envio das cópias da ata, por malote/motoboy, ao condomínio (ou Correios, se
assim o condômino optar).
8- Distribuição aos condôminos mediante assinatura de protocolo.

Custo: R$ 100, em média, é o custo logístico para registro da ata na cidade


de São Paulo, considerando as viagens de motoboy de forma avulsa. Somando
a isso outros gastos invisíveis, tais como impressões e guarda de documentos,
chega-se facilmente aos R$ 120.

• Tempo da emissão da ata até o registro: até 1 semana.


• Tempo para distribuição da ata para os condôminos: imprevisível. Por mais
proativo que sejam os porteiros ou zeladores, depende do condômino, já que
ele precisa assinar o protocolo de recebimento.

Como fica o processo digital de emissão e registro de ata?

ETAPAS DO PROCESSO DIGITAL:

1- Redação da ata pelo secretário da assembleia


2- Assinatura digital ou e-mail de aprovação do presidente da assembleia
3- Empacotamento dos documentos da assembleia (convocação, lista de presença,
ata, assinatura/aprovação presidente)
214
TÓPICO 3 — EMOLUMENTOS, FISCALIZAÇÃO, COMPETÊNCIA E PROVIMENTOS DO CNJ, CARTÓRIO DIGITAL

4- Envio pela plataforma da prestadora de serviços digitais de cartório


5- Checagem e registro pelo cartório
6- Envio da ata digital
7- Públicação da ata no site da administradora

Custo: menos de 50% (podendo chegar a zero) do processo logístico


calculado anteriormente, de acordo com as empresas consultadas pela reportagem.
Varia de uma empresa para outra.

• Tempo da emissão da ata até o registro: até um dia útil.


• Tempo para distribuição da ata para os condôminos: poucas horas entre receber
o documento do cartório e publicar no site ou disparar distribuição via e-mail.

Importante: os cartórios cobram o mesmo preço para registrar a ata física


ou digital, seguindo a tabela instituída pelo Tribunal de Justiça de cada Estado.

Registro de ata de assembleia na cidade de São Paulo, de acordo com a


tabela do Centro de Distribuição de Títulos e Documentos (CDT): R$ 72,27 para
uma página. O preço aumenta a cada página adicional, sendo R$ 90,10 para três
páginas (tabela em vigor no ano de 2020).

Cópia autenticada de ata é amplamente usada na gestão condominial para:

• Abertura de conta em bancos


• Cadastro do condomínio em lojas/fornecedores
• Ingresso de ações judiciais (ata de eleição de síndico)
• Venda/Compra de imóveis (condômino)

Levando em consideração que o custo de uma cópia autenticada é de R$


3,70/página, imagine quanto o condomínio e os condôminos irão economizar com
a ata digital, já que a cópia do documento eletrônico é sempre original e dispensa
qualquer cobrança?
[...]

FONTE: Adaptado de ANDERÁOS, C. Cartórios digitais: o que são e como funcionam? 2020.
Disponível em: https://www.sindiconet.com.br/informese/cartorios-digitais-o-que-sao-e-como-
funcionam-administracao-documentacao. Acesso em: 18 nov. 2020.

215
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Emolumentos podem ser entendidos como as taxas que remuneram os serviços


públicos, tanto notarial, quanto de registro.

• Conforme a legislação em vigor, definiu-se a competência do Poder Judiciário


como elemento fiscalizador sobre os atos praticados da atividade notarial.

• O juízo competente zelará para que os serviços notariais e de registro sejam


prestados com rapidez, qualidade satisfatória e de modo eficiente.

• Correição é a função administrativa exercida pelo Corregedor-Geral da Justiça


ou Juízes Corregedores, que tem por finalidade corrigir os erros e abusos dos
serventuários.

• As inspeções e correições são realizadas anualmente, cujos corregedores


auditam e verificam os livros físicos e eletrônicos das serventias, além de
verificarem as instalações físicas e auditar o atendimento de forma geral aos
usuários do serviço.

• Os cartórios digitais já estão prestando serviços ao público desde 2002, e o


primeiro cartório digital do Brasil foi o 1ᵒ Tabelionato de Notas de Porto Alegre

• As principais vantagens dos cartórios digitais são:


◦ Agilidade.
◦ Praticidade.
◦ Comodidade ao usuário.
◦ Economia, redução de custos.
◦ Segurança no trânsito de documentos.
◦ Eliminação de espaços físicos para guarda de documentos.
◦ Serviço remoto.
◦ Elimina a necessidade de cópias autenticadas e reconhecimento de firmas.
◦ Não utiliza papel.
◦ Segurança em operações financeiras.
◦ Otimiza o tempo dos envolvidos etc.

• São diversos os provimentos relacionados às atividades notariais pelo


meio digital, disciplinados pelo Conselho Nacional de Justiça, os dois mais
importantes são o Provimento CNJ nᵒ 48/2016, que fala da atividade de registro
eletrônico notarial e o Provimento nᵒ 100, de 26 de maio de 2020, que dispõe
sobre a prática de atos notariais eletrônicos utilizando o sistema e-Notariado,
cria a Matrícula Notarial Eletrônica-MNE e dá outras providências.
216
• O Provimento CNJ nᵒ 48/2016, em seu Art. 2ᵒ, traz que o sistema de registro
eletrônico de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas deverá ser
implantado e integrado por todos os oficiais de registro de títulos e documentos
e civil de pessoas jurídicas de cada Estado e do Distrito Federal e dos Territórios,
e compreende:
I- o intercâmbio de documentos eletrônicos e de informações entre os ofícios
de registro de títulos e documentos e civil de pessoas jurídicas, o Poder
Judiciário, a Administração Pública e o público em geral;
II- a recepção e o envio de títulos em formato eletrônico;
III- a expedição de certidões e a prestação de informações em formato eletrônico; e
IV- a formação, nos cartórios competentes, de repositórios registrais eletrônicos
para o acolhimento de dados e o armazenamento de documentos eletrônicos.

• O Provimento CNJ nᵒ 100/2020 traz, em seu Art. 3ᵒ, os requisitos da prática do


ato notarial eletrônico, que são:
I- Videoconferência notarial para captação do consentimento das partes sobre
os termos do ato jurídico;
II- Concordância expressada pelas partes com os termos do ato notarial eletrônico;
III- assinatura digital pelas partes, exclusivamente através do e-Notariado;
IV- assinatura do Tabelião de Notas com a utilização de certificado digital ICP-
Brasil;
IV- Uso de formatos de documentos de longa duração com assinatura digital;
Parágrafo único: A gravação da videoconferência notarial deverá conter, no mínimo:
a) a identificação, a demonstração da capacidade e a livre manifestação das
partes atestadas pelo tabelião de notas;
b) o consentimento das partes e a concordância com a escritura pública;
c) o objeto e o preço do negócio pactuado;
d) a declaração da data e horário da prática do ato notarial; e
e) a declaração acerca da indicação do livro, da página e do tabelionato onde
será lavrado o ato notarial.

• O Provimento CNJ nᵒ 100/2020 traz, em seu Art. 10, o e-Notariado e apresenta


as suas funcionalidades, que são:
I- matrícula notarial eletrônica;
II- portal de apresentação dos notários;
III- fornecimento de certificados digitais notarizados e assinaturas eletrônicas
notarizadas;
IV- sistemas para realização de videoconferências notariais para gravação do
consentimento das partes e da aceitação do ato notarial;
V- sistemas de identificação e de validação biométrica;
VI- assinador digital e plataforma de gestão de assinaturas;
VII- interconexão dos notários;
VIII- ferramentas operacionais para os serviços notariais eletrônicos;
IX- Central Notarial de Autenticação Digital – CENAD;
XII- Cadastro Único de Clientes do Notariado – CCN;
XIII- Cadastro Único de Beneficiários Finais – CBF;
XIV- Índice Único de Atos Notariais – IU.

217
• O Provimento CNJ nᵒ 100/2020 traz, em seu Art. 11, que o sistema e-Notariado
contará com módulo de fiscalização e geração de relatórios (correição on-line),
para efeito de contínuo acompanhamento, controle e fiscalização pelos juízes
responsáveis pela atividade extrajudicial, pelas Corregedorias de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal e pela Corregedoria Nacional de Justiça.

CHAMADA

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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

218
AUTOATIVIDADE

1 Um grande salto para as serventias brasileiras foi a implantação dos


Cartórios digitais, os quais possuem diversos provimentos emitidos pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que é uma instituição pública que visa
aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no
que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e processual,
além de ser o responsável direto pelas fiscalizações das serventias no Brasil.
Com relação às funcionalidades do e-Notariado, analise as sentenças a
seguir:

I- Matrícula notarial eletrônica.


II- Fornecimento de certificados digitais notarizados e assinaturas eletrônicas
notarizadas.
III- Sistemas para realização de videoconferências notariais para gravação do
consentimento das partes e da aceitação do ato notarial.
IV- Assinador digital e plataforma de gestão de assinaturas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) Somente a sentença II está correta.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

2 Os serviços realizados em cartórios têm uma importância grande para


a sociedade e para os meios jurídicos, sendo a sua cobrança instituída
pelos emolumentos que são definidos pelos governos estaduais e suas
corregedorias. Com relação à definição de emolumentos, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Emolumentos são as taxas remuneratórias pagas em forma de impostos


aos cartórios.
b) ( ) Emolumentos são as taxas remuneratórias de serviços públicos, tanto
notarial, quanto de registro, configurando uma obrigação pecuniária a
ser paga pelo próprio requerente.
c) ( ) Emolumentos são as taxas remuneratórias dos serviços públicos,
prestados as prefeituras.
d) ( ) Emolumentos são os impostos federais e estaduais relacionados às
escrituras de terrenos.

219
3 A Corregedoria Nacional de Justiça poderá realizar inspeções para apuração
de fatos relacionados ao conhecimento e à verificação do funcionamento
dos serviços das serventias e dos órgãos prestadores de serviços notariais
e de registro, havendo ou não evidências de irregularidades. As inspeções
poderão ser realizadas rotineiramente ou a qualquer tempo por iniciativa
da Corregedoria Nacional de Justiça, por proposição de qualquer
Conselheiro ou a requerimento de autoridade pública, sem prejuízo da
atuação disciplinar e correicional dos Tribunais. Com relação à definição
de correição, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Correição é a função judicial exercida pelo Desembargador da Justiça


dos estados e municípios, que tem por finalidade corrigir os erros e
abusos dos serventuários.
b) ( ) Correição é a função administrativa exercida pelo Corregedor-Geral
da Justiça ou Juízes Corregedores, que tem por finalidade propagar os
erros e abusos dos serventuários e torna-los públicos.
c) ( ) Correição é a função administrativa exercida pelo tabelião para corrigir
as Atas Notariais.
d) ( ) Correição é a função administrativa exercida pelo Corregedor-Geral da
Justiça ou Juízes Corregedores, que tem por finalidade corrigir os erros
e abusos dos serventuários.

220
REFERÊNCIAS
AARB. Associação das Autoridades de Registro do Brasil. Primeiro cartório
digital do Brasil. 2016. Disponível em: <https://www.aarb.org.br/primeiro-
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BRANDELLI, L. Teoria geral do direito notarial. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011

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222

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