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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO GREGÓRIO SEMEDO - LUBANGO

CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS COLECTIVAS

Nome:
I Ano
Turma: 3M
Sala: 10
Curso: Direito
Período: Manhã

Lubango, 2023
Índice

Introdução ......................................................................................................................... 2
CAPÍTULO I - PESSOAS COLECTIVAS ...................................................................... 3
1. - Origens histórico-dogmáticas ..................................................................................... 3
1.2 - Âmbito das pessoas colectivas ................................................................................. 4
1.3 - Conceptualização das pessoas colectivas ................................................................. 5
1.4 - Personalidade jurídica das pessoas colectivas .......................................................... 5
CAPÍTULO II - CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS COLECTIVAS ........................... 8
2. - Classificação doutrinal ............................................................................................... 8
2.1 - Classificação das pessoas colectivas segundo Savigny............................................ 8
2.2 - Classificação das pessoas colectivas segundo Teixeira de Freitas ........................... 8
2.3 - Classificação das pessoas colectivas adoptada em Angola ...................................... 9
2.3 - Classificações doutrinais das pessoas colectivas: corporações e fundações ........ 9
2.3.1.1 - ....................................................................................................................... 11
2.3.2. - Classificação das pessoas colectivas públicas ................................................ 11
2.4 - Classificações legais das pessoas colectivas ...................................................... 13
2.4.1 - Sociedades Comerciais .................................................................................... 14
2.4.2 - Sociedades civis sob forma comercial ............................................................. 14
2.4.2 - Sociedades civis simples ................................................................................. 15
Conclusão ....................................................................................................................... 15
Bibliografia ..................................................................................................................... 16

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Introdução

O objectivo a que nos propomos consiste na temática ligada as pessoas colectiva


s, no âmbito da personalidade jurídicas que elas detêm.

Com a sociedade em constante desenvolvimento e mutação, urge solucionar dete


rminados aspectos jurídicos que, até muito recentemente, não eram encarados como pro
eminentes. Em consequência, o estudo e a investigação do regime civil a classificação d
as pessoas colectivas têm vindo a merecer, por parte da doutrina, um enfoque elevado.

O estudo da personalidade jurídica, nomeadamente a das pessoas colectivas, apr


esenta uma enorme relevância jurídica actual e foi alvo de debate ao longo da história d
o pensamento jurídico nacional e internacional.

Outro factor importância é a natureza da pessoa colectiva, que sempre dividiu a


doutrina, havendo autores que, indevidamente, chegam a negar a existência de uma pers
onalidade colectiva, enquanto instituto autónomo. Correspondendo a personalidade jurí
dica à aptidão para ser titular autónomo de relações jurídicas e sendo sujeitos de Direito
aqueles entes que são susceptíveis de serem titulares de direitos e de obrigações, logo as
pessoas colectivas também devem ser consideradas como sujeitos de Direito.

Deste modo, procura-se, no presente trabalho, analisar de forma mais concreta as


diferentes classificações que são dadas às pessoas colectivas no Direito angolano.

O presente trabalho terá no seu primeiro capítulo uma abordagem mais centrada
nas pessoas colectivas propriamente ditas, tendo no seu capítulo uma abordagem mais
centrada sobre todo o desdobramento dada pela doutrina sobre as pessoas colectivas,
classificando-as.

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CAPÍTULO I - PESSOAS COLECTIVAS

1. - Origens histórico-dogmáticas

A perspetiva colectiva apresenta uma relevância jurídica bastante actual, de form


a que o termo pessoas colectivas, devido a este interesse crescente, tem vindo a ser alvo
de debate ao longo da história do pensamento jurídico nacional e internacional. Contudo
, a natureza da pessoa colectiva divide a doutrina, havendo mesmo autores que negam a
existência de uma personalidade colectiva, enquanto instituto autónomo.

A ideia de entidade colectiva é antiga e tem vindo a sofrer inúmeras mudanças, c


onsoante a dogmática dominante em cada tempo histórico e também consoante o poder
que os entes colectivos foram criando para si mesmos em confronto com o poder polític
o dominante.

Desde o século XIII, com Dei Frieschi, que a cultura jurídica continental trabalh
a a personificação de realidades não humanas. A sua elaboração dogmática revela ser u
ma sedimentação de diversos substratos jusculturais, unificados num mesmo conceito, q
ue trouxe até ao início do século XXI todo um universo problemático e representativo q
ue apenas uma análise histórico-dogmática é capaz de identificar.

A primeira grande época a que se deve fazer referência, em termos de pensament


o jurídico sobre as pessoas coletivas em Portugal, é a época das Ordenações (século XV
). Nesta, não havia um tratamento geral para as pessoas coletivas, já que a previsão dest
as pessoas era, mesmo em legislação extravagante, absolutamente escassa e dispersa. A
os juristas liberais coube desenvolver a matéria das pessoas singulares e introduzir um tr
atamento sistemático das pessoas colectivas, sob a designação de corporações ou pessoa
s morais.

Justificadamente, se indica a segunda metade do século XVIII como a época que


viu surgir a ciência da história do direito português.

No século XIX e no início do século XX, a pessoa coletiva foi um dos temas mai
s debatidos na história do pensamento jurídico internacional e a doutrina em Portugal ac
ompanhou esse debate.

A ideia de pessoa coletiva que permita integrar em si mesma outra realidade que
não a pessoa humana é relativamente recente, tendo surgido com o pós jusracionalismo

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de Pufendorf. Esta ideia permitiu a Savigny, no século XIX, avançar com uma noção de
personalidade coletiva assente na teoria da ficção, que, como será abordado adiante, con
sidera que a pessoa coletiva corresponde a uma ficção artificial da ordem jurídica.

O termo “pessoa colectiva” foi fixado na bibliografia jurídica portuguesa por Gu


ilherme Moreira, que, no início do século XX, publicou a obra intitulada Da Personalida
de Collectiva, na qual o autor designava as pessoas coletivas como entes jurídicos não h
umanos. Na obra referida, o autor defendeu, de um modo pioneiro, o uso da denominaçã
o pessoa colectiva por contraste a expressões como pessoas jurídicas, pessoas morais, p
essoas sociais, pessoas fictícias ou até mesmo pessoas abstratas, que eram bastante usua
is na época e que serviam para designar os entes jurídicos não humanos.

1.2 - Âmbito das pessoas colectivas

As pessoas colectivas estão regulamentadas ou tuteladas para além do C.C na Le


i das Associações Públicas, na Lei das Sociedades Comerciais, na Lei das Sociedades P
rivadas, na Lei das Sociedades Unipessoais, e outras. No C.C encontram a sua consagra
ção do art. 157º a 194º.

Ao lado da expressão pessoas colectivas encontramos as pessoas jurídicas opost


as às pessoas naturais ou singulares, as pessoas morais opostas às pessoas físicas, ou se
ja, essa realidade social ou jurídica tem várias designações dependendo de cada ordena
mento jurídico. Para o nosso ordenamento jurídico refere-
se a essa realidade social ou jurídica como pessoas colectivas, ou seja, a expressão pess
oa colectiva por nós pode ser conservada e adaptada.

Segundo Oliveira Ascensão diz que toda a terminologia usada é má, pois que iss
o pareceria implicar que se está a falar de agrupamento de pessoas, o que na realidade n
ão é o caso.

As pessoas colectivas abrangem tanto em sentido amplo (todas as entidades refer


idas), tanto em sentido restrito (não abrangendo as sociedades).

As categorias de pessoas colectivas são estudadas no âmbito de outras disciplina


s jurídicas, como o caso do Direito Administrativo (para as pessoas colectivas públicas),
Direito Comercial (para as sociedades comerciais e ou categorias de pessoas colectivas
ligadas ao comércio).

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1.3 - Conceptualização das pessoas colectivas

Além das pessoas físicas existem outras entidades sociais que também são perso
nificadas. Ao lado da personalidade jurídica reconhecidas as pessoas naturais ou singula
res, verificados certos requisitos, o Direito Civil atribui personalidade jurídica às Pessoa
s Colectivas.

Podem entendidas também como sendo organizações de pessoas ou complexo de


bens organizados com um fim comum e que ordenamento jurídico atribui personalidad
e jurídica, adquirindo direitos e exercendo obrigações.

Há autores que as definem como sendo colectividades de pessoas ou complexo d


e bens patrimoniais organizados em vista de um fim comum ou colectivo a que ordenam
ento jurídico atribui a qualidade de sujeito de direito.

Não menos importante é conceito que lhes dado, configurando-


as como sendo organizações constituídas por uma colectividade de pessoas ou por uma
massa de bens, dirigidos a realização de interesses comuns ou colectivos, as quais a orde
m jurídica atribui a personalidade jurídica.

Trata-
se de organizações integradas por pessoas ou por bens, que constituem centros autónom
os de relações jurídicas - autónomos mesmo em relação aos seus membros ou as pessoa
s que actuam como seus órgãos.

1.4 - Personalidade jurídica das pessoas colectivas

Depois de analisado o enquadramento histórico, o âmbito e o conceito de pessoa


s colectivas cumpre, neste momento, perceber qual é o estado da doutrina em Angola no
que às pessoas colectivas diz respeito. Existe diversidade na designação das pessoas col
ectivas em funções da doutrina geográfica, já que nem todos os ordenamentos jurídicos
usam a designação de pessoa colectiva que é usada em Portugal, havendo alguns países
que utilizam o termo de pessoa jurídica. No entanto, não nos parece ser correta esta últi
ma designação, dado que as pessoas humanas também são pessoas jurídicas

Na genuinidade dos princípios, apenas o ser humano pode ser destinatário de nor
mas jurídicas. No entanto, ao longo da história, diversos vectores levaram a que direitos
e obrigações ocorressem em entidades que são diferentes do ser humano e, assim sendo,

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nas pessoas colectivas. Embora o Direito possa existir apenas com vista à realização de
interesses humanos, o seu tratamento pela ordem jurídica pode ser feito numa perspetiva
individual ou coletiva.

A contraposição entre pessoas singulares e pessoas colectivas foi sistematizada p


elos jusracionalistas, nomeadamente através de Pufendorf (Menezes Cordeiro, 2010a). P
osteriormente, tornou-
se habitual nas exposições de Direito Civil que admitiam uma Parte Geral, que é precisa
mente o que acontece no CC angolano, nos seus artigos 66.º e seguintes e 157.º e seguin
tes. O autor refere que um exame à realidade social, mesmo que simples, mostra existire
m, na vida relacional entre os homens, fins que se reportam a pessoas individualmente c
onsideradas e, como tais, realizáveis pela simples actuação de cada um dos titulares dess
es interesses. No entanto, há, de igual modo, fins que estão para além da esfera de ação
de cada homem, que o transcendem, quer por dizerem respeito a um conjunto de pessoa
s (fins colectivos), quer por se projetarem para além da duração normal da vida humana
(fins permanentes).

A definição mais comummente aceite pela doutrina actual é a definição de Manu


el de Andrade que encara as pessoas coletivas como organizações constituídas por um a
grupamento de pessoas ou por um complexo patrimonial, tendo como objetivo a prossec
ução de um interesse comum determinado.

A escolha pela designação pessoa colectiva alicerça-


se na ideia de que sempre que haja interesses coletivos que tenham interesses juridicame
nte tutelados e uma vontade que os represente, estes deverão ser chamados de pessoa co
letiva. Desta determinação, percebe-
se que se dá enfoque na colectividade dos interesses para personificar a pessoa que repre
senta esses interesses coletivos ou comuns a uma série de pessoas humanas.

O que se pode constatar, nos dias de hoje, é que a proteção dos interesses coletiv
os não se faz, necessária e unicamente, através das pessoas colectivas, tal como se pode
verificar nos casos das associações sem personalidade jurídica, que correspondem a um
exemplo paradigmático desta situação (art. 195.º e segs do CC). De todo o modo, a desi
gnação pessoa colectiva, de entre todas as que foram sendo elaboradas ao longo do temp

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o, é aquela que mais se adequa à própria natureza das pessoas coletivas, já que, na maior
ia dos casos, visam a prossecução e a defesa de interesses colectivos ou comuns.

Salienta Mota Pinto que ao lado da personalidade jurídica reconhecida a todas as


pessoas singulares, seres humanos nascidos completamente e com vida, o Direito Civil
Português, desde que verificados determinados requisitos, atribui personalidade jurídica
às pessoas colectivas. A existência de pessoas colectivas resulta da existência de interes
ses humanos duradouros e de carácter comum e colectivo. A consecução destes interess
es exige o concurso dos meios e das actividades de várias pessoas ou, pelo menos, nela
estão interessadas várias pessoas.

A personalidade colectiva é, assim, um mecanismo técnico-


jurídico, justificado pela ideia de, com maior comodidade e eficiência, organizar a realiz
ação dos interesses colectivos e duradouros.

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CAPÍTULO II - CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS COLECTIVAS

2. - Classificação doutrinal

São inúmeras as classificações feitas às pessoas colectivas dadas pela doutrina, p


orém, por força da sua imensidão, vamos nos restringir a apenas algumas delas que julg
amos serem a que mais se destancam

Sem nos perdermos nas divagações dos diferentes autores a respeito da classifica
ção das pessoas jurídicas, apanhemos, resumidamente, a construção de dois deles, para
verificarmos, em seguida, qual a orientação do Código Civil.

2.1 - Classificação das pessoas colectivas segundo Savigny

I - Pessoas jurídicas de existência natural ou necessária: o Estado, as cidades,


etc
II - Pessoas jurídicas de existência artificial ou contingente:
1 - Associações ou corporações: comunidades, sociedades de artesões, industriai
s, etc
2 - Fundações: universidades, fundações religiosas, fundações de caridade, etc.

Estaa classificação é de um lado incompleta uma vez que entre as pessoas jurídic
as de Direito Público não inclui os territórios, os partidos políticos, as autarquias, as fun
dações de natureza pública, etc.; entre as de Direito Público externo não se refere aos gr
andes organismos internacionais que somente na época ulterior vieram a ter um surto ex
traordinário, como a ON U e suas numerosas instituições especializadas.

Por outro lado, está superada no que diz respeito às pessoas jurídicas de direito p
rivado de caráter interno, tanto no que se refere ao critério sistemático, como no que diz
respeito à sua enumeração.

2.2 - Classificação das pessoas colectivas segundo Teixeira de Freitas

I - Pessoas de existência ideal:

1 - Públicas ou jurídicas:

a) De existência necessária:

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i) Nacionais: o povo, o Estado, as províncias, os municípios, a igreja Católica, et
c.

ii) Estrangeiras: cada um dos Estados estrangeiros, cada uma de suas províncias
ou municípios.

b) De existência possível:

i) Nacionais:

― Estabelecimento de utilidade pública religiosos ou pios, científicos ou literári


os e quaisquer outros existentes no Império para fins de bem comum: igrejas, capelas, s
eminários, asilos, hospitais, colégios, misericórdias, etc.

― Corporações instituídas para iguais fins: comunidades religiosas, ordens terce


iras, confrarias, irmandades e quaisquer outras associações.

― Sociedades anónimas ou em comandita por acções: Bancos, estabelecimentos


de crédito, caixas económicas, companhias de navegação ou de estradas, companhias d
e seguros, devidamente autorizadas.

ii) Estrangeiras: estabelecimentos, corporações ou sociedades nas circunstâncias


anteriores, existentes em país estrangeiro.

2 - Privadas: sociedades civis ou comerciais nacionais ou estrangeiras, heranças


jacentes, representações voluntárias por testamenteiros, inventariantes e herdeiros, repr
esentações necessárias, etc.

II - Pessoas de existência visível: todos os entes que apresentarem sinais caracte


rísticos de humanidade.

2.3 - Classificação das pessoas colectivas adoptada em Angola

2.3 - Classificações doutrinais das pessoas colectivas: corporações e fundações

Tem ela por critério a composição do substracto quanto ao primeiro dos elementos
integradores: as Corporações são colectividades de pessoas, as Fundações são massas de
bens.

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As Corporações são constituídas e governadas por um agrupamento de pessoas
(os associados), que subscrevem originariamente os estatutos e outorgam no acto
constitutivo ou aderem posteriormente à organização. Os associados dominam através
dos órgãos da corporação, podendo mesmo alterar os estatutos.

As Fundações são instituídas por um acto unilateral do fundador de afectação de


uma massa de bens a um dado escopo de interesse social. O fundador, além de indicar no
acto da instituição o fim da Fundação e de especificar os bens que lhe são destinados,
estabelecerá de uma vez para sempre as normas disciplinadoras da sua vida e destino.

As Corporações visam um fim próprio dos associados, podendo ser altruístico, e


são governadas pela vontade dos associados. São regidas por uma vontade imanente, por
uma vontade própria, que vem de dentro e, por isso, pode dizer-se que têm órgãos
dominantes.

As Fundações visam um interesse estranho às pessoas que entram na organização


fundacional; viam um interesse do fundador de natureza social e são governadas pela
vontade inalterável do fundador, que deu o impulso inicial à Fundação e, desse modo, a
animou com a vontade necessária à sua vida. São reguladas, pois, por uma vontade
transcendente, por uma vontade de outrem, que vem de fora e, por isso, pode dizer-se que
têm organização servientes.

2.3.1. - Pessoas colectivas de direito público e pessoas colectivas de direito


privado

Para o Prof. Dias Marques, são pessoas de Direito Público, aquelas que se
encontram vinculadas e cooperam com o Estado num conjunto de funções públicas
específicas.

Critério de integração, as Pessoas Colectivas podem ser públicas ou privadas.

A integração, atende-se ao tipo de tutela que está implicada em cada uma das
Pessoas Colectivas. Há quem defenda a tutela de mérito, a possibilidade de o Estado
controlar a legalidade dos actos da Pessoa Colectiva de Direito Público, que seria a tutela
formal. Mas para além desta, também o Estado deveria controlar a convivência e actuação
da actividade dessa Pessoa Colectiva de Direito Público aos interesses da legalidade que
o Estado prossegue.

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Segundo outros autores, bastaria que houvesse por parte do Estado uma mera
fiscalização dos actos dessas Pessoas Colectivas públicas para se observar o critério da
integração.

São de Direito Público as Pessoas Colectivas que desfrutam, em maior ou menor


extensão, o chamado ius imperi, correspondendo-lhe portanto quaisquer direitos de poder
público, quaisquer funções próprias da autoridade estadual; são de Direito Privado todas
as outras.

Mas em que consiste o imperium, o poder público, a autoridade estadual? Grosso


modo, na possibilidade de, por via normativa ou através de determinações concretas,
emitir comandos vinculativos, executáveis pela força, sendo caso disso, contra aqueles a
quem são dirigidos.

Pessoas Colectivas públicas, são pois aquelas às quais couber, segundo o


ordenamento jurídico e em maior ou menor grau, uma tal posição de supremacia, uma tal
possibilidade de afirmar uma vontade imperante.

2.3.1.1 - Aspectos fundamentais do regime da pessoa colectiva de direito público

1º Subordinação geral ao Direito Público;


2º Competência dos tribunais, que podem apreciar da legalidade e actividade das
Pessoas Colectivas;
3º Regime tributário específico das Pessoas Colectivas públicas;
4º Regime jurídico das relações de trabalho entre trabalhadores e as Pessoas
Colectivas de Direito Público.

No que foca ao seu regime específico há uma subordinação geral ao Direito


Público.

2.3.2. - Classificação das pessoas colectivas públicas

Podem-se distinguir três categorias:

a) Pessoas Colectivas de População e Território;


b) Pessoas Colectivas de Tipo Institucional ou de Tipo Associativo;

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c) Pessoas Colectivas de Utilidade Pública, são as que propõem um escopo de
interesse público, ainda que, concretamente, se dirijam à satisfação dum interesse dos
próprios associados ou do próprio fundador. Existem várias subcategorias:

1. Pessoas Colectivas de utilidade pública administrativa: são as Pessoas


Colectivas criadas por particulares. Não são administradas pelo Estado ou por corpos
administrativos, no entanto prosseguem fins com relevância especial para os habitantes
de determinada circunscrição.

2. Pessoas Colectivas de mera utilização pública: são as Associações ou


Fundações que prossigam fins de interesse geral quer a nível nacional ou regional.
Associações ou Fundações essas, que colaboram com a Administração central ou local,
para prosseguirem fins próprios nacionais ou locais.

3. Pessoas Colectivas de Direito Privado e utilidade pública: são aquelas que


propõem um escopo de interesse público, ainda que concorrentemente acabem por
satisfazer os interesses dos seus próprios associados.

O Prof. Mota Pinto, distingue ainda:

I. Pessoas Colectivas de Direito Privado e utilidade pública, que se subdividem


em:

― Pessoas Colectivas de utilidade pública de fins altruísticos;


― Pessoas Colectivas de fins egoísticos ou interessados:

a) Pessoas colectiva de fim ideal;


b) Pessoa Colectiva de fim económico, não lucrativo.

II. Pessoas Colectivas de Direito Privado e utilidade pública:

Dirigem-se a um fim lucrativo ou especulativo. Pretendem o lucro que virá a ser


distribuído entre os sócios que as constituem. Tem por fim o lucro (ex. sociedades
comerciais).

O legislador designou as Pessoas Colectivas em três modalidades:

- Associações;
- Fundações;

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- Sociedades.

2.4 - Classificações legais das pessoas colectivas

Esta classificação – Associações, Fundações, Sociedades – não tem um carácter


unitário, porque as Associações e sociedades são Pessoas Colectivas de tipo corporativo
e por isso impõem-se as Fundações.

Por outro lado, as Associações e Fundações, integram uma mesma categoria


oposta às sociedades, porque estas visam fins económicos e aquelas não.

A tipificação legal das Associações, Fundações e sociedades é notória no Código


Civil. Este regula a matéria das Associações e Fundações no cap. II, dedicado às Pessoas
Colectivas, arts. 167º seg. - Associações; arts. 185º seg. - Fundações.

O art. 157º (as disposições do presente capítulo são aplicáveis às Associações que
não tenham por fim o lucro económico dos associados, às Fundações de interesse social,
e ainda às sociedades, quando a analogia das situações o justifique.), é o primeiro artigo
do Código Civil onde se estabelece o regime das Pessoas Colectivas. Esclarece este artigo,
que se aplica directamente às Fundações sem fim lucrativo; às Fundações de interesse
social e também às sociedades sempre que a analogia das situações o justifique.

No art. 157º CC, o legislador entendeu que há três tipos de Pessoas Colectivas.

No ordenamento jurídico português, há em termos legais uma separação de


Pessoas Colectivas de Direito Público em Associações e Fundações.

Os arts. 167º a 184º CC, visam regular as Associações em sentido restrito.

O legislador faz distinções entre Pessoas Colectivas e sociedades (art. 2033º/2 CC.
Na sucessão testamentária ou contratual têm ainda capacidade: b) As pessoas colectivas
e as sociedades).

No entanto, quando se fala de Pessoas Colectivas, não se quer excluir as


sociedades. A Pessoa Colectiva abrange sempre as sociedades.

Na ordem jurídica portuguesa há sociedades comerciais e as sociedades civis sob


a forma comercial.

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O legislador usa palavra Pessoa Colectiva num sentido amplo (encontram-se
abrangidas as entidades susceptíveis de personificação) e restrito (as sociedades).

Sociedade, é uma associação privada com fim económico lucrativo.

2.4.1 - Sociedades Comerciais

Nos termos do art. 1º nº 2 da Lei das Sociedades Comerciais, a sociedade é


comercial quando tenha por objecto a prática de actos de comércio e adopte um dos
diversos tipos regulados nesse código.

A sua caracterização faz-se em, função do seu objecto e da sua organização


formal.

Podem revestir quatro formas:

1. Sociedades em nome colectivo: nestas sociedades cada sócio responde


individualmente pela sua entrada e responde ainda solidariamente e subsidiariamente
pelas organizações sociais (art. 175º nº 1 LSC). Neste caso, se um dos sócios satisfizer do
passivo social mais que aquilo que lhe competia, tem direito de regresso sobre os demais
sócios (art. 175º nº 3 LSC).

2. Sociedade por quotas: cada sócio responde apenas pela realização da sua quota
e solidariamente pela dos demais sócios até à completa realização do capital social. No
entanto não responde em geral pelas dívidas sociais (art. 197º nº 1, al. c) LSC).

3. Sociedades anónimas: cada sócio responde apenas pela realização das acções
que subscreveu. Uma vez realizado o seu capital, o sócio não responde nem pela
realização da quota dos demais sócios, nem pelas dívidas sociais.

4. Sociedades em Comandita: nestas sociedades o regime de responsabilidade


dos sócios é misto: há sócios comanditados que são aqueles que respondem como sócios
das sociedades em nome colectivo e há os sócios comanditários, estes respondem apenas
pela sua entrada na sociedade (art. 477 seg. CSC).

2.4.2 - Sociedades civis sob forma comercial

Caracterizam-se pela circunstância de não terem por objecto a prática de actos de


comércio nem o exercício de quaisquer actividades previstas no Código Comercial. No

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entanto, a lei comercial portuguesa admite a possibilidade dessas sociedades civis
adoptarem as formas comerciais para efeito de estruturação das quatro formas que pode
revestir a sociedade comercial. Neste caso, passam a chamar-se sociedades civis sob
forma comercial e ficam, sujeitas às disposições do Código das Sociedades Comerciais.
No entanto, não ficam sujeitas a um conjunto de obrigações específicas das sociedades
comerciais. São Pessoas Colectivas com Personalidade Jurídica.

2.4.2 - Sociedades civis simples

São aquelas que não têm por objecto a prática de actos comerciais e estão sujeitas
ao regime do Código Civil. Aplicam-se-lhes as disposições do art. 980º seg. CC. Estas
sociedades civis simples, distinguem-se das sociedades civis sob forma comercial, dada
a forma que revestem, que está relacionada com a sua organização formal.

Tem ainda uma outra característica que é o facto de ficarem subordinadas ao


regime da lei civil.

No que toca à responsabilidade dos sócios destas sociedades, segue-se o modelo


de responsabilidade dos sócios das sociedades em nome colectivo.

Para além da responsabilidade dos bens de entrada, diz o art. 997º CC, que eles
também têm ainda a responsabilidade pessoal e solidariamente pelas dívidas sociais.

Conclusão

Concluimos que a existência de pessoas colectivas resulta do facto de existirem i


nteresses humanos duradouros comuns e colectivos, em que a obtenção destes interesses
impõe a afluência dos meios e atividades de várias pessoas.

As pessoas colectivas, que são dotadas de personalidade jurídica, tal como acont
ece com as pessoas singulares, também devem, embora em diferentes patamares, ser co
nsideradas como sujeitos de Direito.

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Bibliografia

― Luís Carvalho Fernandes, Teoria Geral do Direito Civil, A.A.F.D.L., Vol. I,


T. II, Lisboa 1984/85.

― Castro Mendes, Teoria Geral do Direito Civil, A.A.F.D.L., Vol. I, Lisboa, 19


78.

― Mota Pinto, Teoria Geral do Direito Civil, Coimbra Editora, 3ª ed., Coimbra,
1989.

16
― Carlos Alberto B. Burity da Silva, Teoria Geral do Direito Civil, 1ª ed. Luan
da, 2004.

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