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Resumo
Este artigo apresentará, mesmo que de forma preliminar, uma conexão bastante singular,
entretanto, um tanto quanto evidente, entre o pensamento de Hegel e a mentalidade
conservadora. O foco irá centrar-se no texto conservador clássico de Edmund Burke e alguns
princípios conservadores apresentados por Russel Kirk entrando em consonância com a
explicação dialética de Hegel e elementos de sua Filosofia do Direito.
Abstract
This article will present, even if in a preliminary way, a very singular connection, however,
somewhat evident, between Hegel's thought and the conservative mentality. The focus will be
on Edmund Burke's classic conservative text and some conservative principles presented by
Russel Kirk coming in line with Hegel's dialectical explanation and elements of his
Philosophy of Right.
INTRODUÇÃO
1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Escola de Humanidades da PUCRS.
pablo_winchester@hotmail.com.
O pensamento conservador visa a manutenção da ordem social, buscando lenta e
gradualmente corrigir aquilo que ainda se apresenta e se constata injusto ou passível de
aprimoramento. O indivíduo conservador prefere conviver com uma desigualdade natural do
que com um igualitarismo forçado, amplamente tentado por regimes influenciados por
pensadores revolucionários. A mentalidade conservadora tem por característica fundamental
incentivar e respeitar as tradições que mantêm os laços entre a comunidade, fortes.
Conforme Oakeshott (2016, p.137):
Ser conservador é, pois, preferir o familiar ao estranho, preferir o que já foi tentado a
experimentar, o fato ao mistério, o concreto ao possível, o limitado ao infinito, o que
está perto ao distante, o suficiente ao abundante, o conveniente ao perfeito, a risada
momentânea à felicidade eterna.
Esta passagem é crucial para perceber o zelo que, tanto Burke quanto Hegel
despendem ao Estado. É no Estado e no respeito a este que indivíduo e comunidade
encontram seus fins mais nobres. Este ponto reafirma aquilo que conservadores creem com
certa força, há uma certa racionalidade evolutiva na instituição Estado, que transmite a
indivíduos e comunidade a sensação de segurança e pertença, seja em seus aspectos culturais,
2
Cf. BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução na França. Tradução, apresentação e notas de José Miguel
Nanni Soares. São Paulo: EDIPRO, 2014, p. 44. “Um Estado sem meios para mudar, não tem meios para se
conservar.”. Essa passagem nos ajuda a escapar da velha e repetida crítica de que o pensamento conservador é
antimudança ou contra toda e qualquer inovação. O pensamento ou mentalidade conservadores é contra a
mudança pela mudança, ou a inovação pela inovação.
filosóficos ou religiosos. Esta racionalidade evolutiva compreendida no Estado é alcançada no
pensamento conservador através de muito tempo, tentativa e erro, consagração pelo uso etc.
Isto é o que, no pensamento de Hegel, podemos ligar ao movimento dialético do conservar-
superando à mentalidade conservadora.
Alexis De Tocqueville (1805 – 1859), um dos maiores burkeanos, desfere um golpe
semelhante à França revolucionária, reforçando o pensamento de Burke e Hegel com relação
ao respeito e deferência que devem ser dados ao Estado. Conforme Tocqueville (1955, p.
147):
Our revolutionaries had the same fondness for broad generalisations, cut-and-dried
legislative systems, and a pedantic symmetry; the same contempt for hard facts; the
same taste for reshaping institutions on novel, ingenious, original lines…[for
reconstructing] the entire system instead of trying to rectify its faulty parts. 3
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
HASSNER, Pierre. George W. F. Hegel. In: CROPSEY, Joseph & STRAUS, Leo (Org.),
História da Filosofia Política. Tradução de Heloisa Gonçalves Barbosa. Rio de Janeiro:
Forense, 2013, 875p.