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J DA S ROCHA LTDA

INVICTUS CONSULTORIA E ASSESSORIA


CNPJ nº 44.254.446/0001-18
INSTITUTO EDUCACIONAL INVICTUS

A filosofia da história

A filosofia de Hegel é um método para compreender o processo de evolução da


história. Antes de Hegel, os sistemas filosóficos tentavam compreender os limites e os
fundamentos de todo o conhecimento humano a partir da definição de critérios eternos de
comprovação, como proposto por Descartes e Kant. Para Hegel, as bases do
conhecimento humano mudam de geração em geração, sendo impossível encontrar
esses pressupostos intemporais, imutáveis ou como “verdades eternas”. Não há razão
intemporal. O único ponto fixo em que o filósofo pode se basear é a própria história.

Para Hegel, a história do pensamento – ou da razão – é como a corrente de um rio. Ela contém todos os
pensamentos formulados por gerações de pessoas antes de você; e todos esses pensamentos determinam
sua maneira de pensar do mesmo modo como também o fazem as condições de vida do seu próprio tempo.
Assim, não podemos afirmar que determinado pensamento está certo para sempre. Este pensamento pode
estar correto no ponto em que você se encontra. […] uma coisa pode ser certa ou errada apenas em relação
a um contexto histórico. Se em 1990 você faz todo um discurso defendendo a escravidão, na melhor das
hipóteses você vai parecer ridícula. Mas há dois mil e quinhentos anos isto não era tão ridículo, embora
naquela época algumas vozes progressistas já reivindicassem o fim da escravidão. Mas vamos citar um
exemplo mais próximo. Há cerca de cem anos, não era tão insensato assim queimar extensas áreas de
floresta para transformá-las em campo de cultivo. Hoje isso é de uma insensatez descabida. É que hoje
possuímos outras, e melhores, premissas para este julgamento.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras,


2003. p. 386-387.

Na concepção de Hegel, a razão é algo dinâmico, é um processo dialético. O que é


“dialético”? Para os gregos, a dialética sempre foi o método do diálogo, da persuasão, do
debate entre ideias diferentes. A dialética consiste na contraposição e no debate de ideias
que, a princípio, são contrárias. Para Hegel, a “verdade” é apenas esse processo. Não
existem critérios exteriores ao processo histórico capazes de validar o que é mais
verdadeiro ou racional. A verdade é o todo. Essa visão é sempre provisória, nunca
alcança uma etapa definitiva e acabada.

Para Hegel, a história é a única e longa cadeia de pensamentos, cujos elos não se unem ao acaso, mas
segundo determinadas regras. Quem se dedica ao estudo sério da história percebe que geralmente um novo
pensamento surge com base em outros formulados anteriormente. Uma vez formulado, porém, o novo
pensamento será inevitavelmente contradito por outro. Aparecem, assim, duas formas de pensar que se
opõem e entre elas há uma tensão. Esta tensão é quebrada quando um terceiro pensamento é formulado,
dentro do qual se acomoda o que havia de melhor nos dois pontos de vista precedentes. É isto que Hegel
chama de evolução dialética.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras,


2003. p. 388-389.

O ser produz a si mesmo, a partir do caminho histórico e dialético do vir a ser em


direção à realização de sua forma absoluta. Para Hegel, o processo de conhecimento tem
três estágios: tese, antítese e síntese.

Rua Treze, nº 20, bairro Paraná, CEP 68.365-000, no Município de Anapu, Estado do
Pará, Contatos: (91) 99291-0676/99206-3009, e-mail invictusanapu@gmail.com.
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Por exemplo, o racionalismo de Descartes (tese) foi questionado pelo empirismo de


Hume (antítese). Da contradição entre as duas formas de pensamento surge o argumento
(síntese) de Kant sobre a validade e os erros nas duas posições. A síntese de Kant torna-
se tese, o ponto de partida para uma nova cadeia de pensamentos, à qual se segue uma
nova antítese, e assim por diante.
Mais um exemplo:

O botão desaparece no desabrochar da flor, e poderia dizer-se que a flor o refuta; do mesmo modo que
o fruto faz a flor parecer se r um falso ser-aí da planta, pondo-se como sua verdade em lugar da flor: essas
formas não só se distinguem, mas também se repelem como incompatíveis entre si. Porém, ao mesmo
tempo, sua natureza fluida faz delas momentos da unidade orgânica, na qual, longe de se contradizerem,
todos são igualmente necessários. E essa igual necessidade que constitui unicamente a vida do todo. Mas a
contradição de um sistema filosófico não costuma conceber -se desse modo; além disso, a consciência que
apreende essa contradição não sabe geralmente libertá-la – ou mantê-la livre – de sua unilateralidade; nem
sabe reconhecer no que aparece sob a forma de luta e contradição contra si mesmo, momentos
mutuamente necessários.

HEGEL, Friedrich. Fenomenologia do espírito: Parte I. Trad. Paulo Meneses. 2. ed.


Petrópolis: Vozes, 1992. p. 22.

Observe:
O botão é a tese e inclui sua própria negação. A flor, uma antítese ao desabrochar,
apresenta-se ao mesmo tempo como uma nova tese, que inclui, em si, uma antítese, o
fruto. Este, ao nascer, expressa outra síntese, refutando e preservando as etapas
anteriores. Esses três elementos – botão, flor e fruto –, ao mesmo tempo que se
contradizem e se negam, formam uma unidade orgânica. Ou seja, a transformação do
botão em flor, e da flor em fruto, ocorrem em movimentos dialéticos: o ser da planta
manifesta-se harmonizando seus momentos contraditórios que se expressam na
realização da planta. O ser do fruto contém o botão e a flor.
No livro Princípios da Filosofia do Direito, Hegel afirma que “O que é racional é real e o
que é real é racional”. A realidade é um processo racional em que o ser avança

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dialeticamente na construção de si, no devir, em busca de sua realização. Esse percurso


dialético não acontece apenas em relação a teorias, ou no desenvolvimento das plantas,
conforme o exemplo dado, mas se aplica à realidade como um todo, à natureza, à
humanidade. O devir consiste nessa autoconstrução do espírito.

Hegel tentou mostrar que o espírito retorna a si mesmo em três estágios. […] Em primeiro lugar, o
espírito do mundo se conscientiza de si mesmo no indivíduo. Hegel chama isto de razão subjetiva. Depois, o
espírito do mundo atinge um nível mais elevado de consciência na família, na sociedade e no Estado. Hegel
chama isso de razão objetiva, pois trata-se de uma razão que surge na interação entre as pessoas. Mas há
ainda um terceiro estágio […] O espírito do mundo atinge a forma mais elevada de autoconhecimento na
razão absoluta. E esta razão absoluta são a arte, a religião e a filosofia. Dentre estas, a filosofia é a forma
mais elevada da razão, pois na filosofia o espírito do mundo reflete sobre o seu próprio papel na história.
Portanto, só na filosofia é que o espírito do mundo se encontra a si mesmo. Desse ponto de vista, a filosofia
pode ser considerada o espelho do espírito do mundo.

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 395.

Hegel acaba por negar o individualismo dos românticos e conceber o indivíduo como
uma parte orgânica da comunidade. O agir do sujeito se dá em uma perspectiva coletiva,
com interação, em uma rede de conexões, e não de forma isolada. É na sociedade que o
agente moral se alimenta de valores e a ela que o sujeito reage. Para Hegel, não é o
indivíduo que se encontra a si mesmo, mas o espírito. A razão, ou o “espírito do mundo”,
é algo que só transparece nas relações entre as pessoas.

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