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VISÃO ANTROPOLÓGICA DE GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB

Curso de Graduação em Filosofia – Bacharelado

Professor: Afrânio Gonçalves Castro

Aluno: Edson Moreno

Matrícula: UC22422132

A visão antropológica de Georg Wilhelm Friedrich Hegel

Resumo

Georg Wilhelm Friedrich Hegel desenvolve sua visão antropológica a partir da


articulação dialética, onde se encontram as influências do racionalismo e do romantismo, por
um lado, e, por outro lado, as influências da herança clássica e da herança cristã.

Introdução

Hegel é considerado um dos filósofos mais influentes da filosofia Moderna. Abriu


novos campos de estudo na História, no Direito, na Arte, entre outros. Suas afirmações, a
reinvenção dialética e sua obra, de modo geral, influenciaram inúmeros pensadores e são
consideradas um marco na história da filosofia.

É possível encontrar em sua concepção do homem os traços fundamentais que


definiram o homem clássico, o homem cristão e o homem moderno, bem como os traços da
modernidade perante o primeiro período da Renascença no seu tempo.

Entretanto, a visão antropológica Hegel se caracteriza por aspectos de grande


amplitude, especial complexidade e uma marcante distinção, pois apresenta o homem em
diversos níveis de realidade combinando elementos da filosofia, da história e da psicologia.

Desenvolvimento

Hegel postula que a história humana é um processo dialético, no qual as contradições


e conflitos são resolvidos por meio da síntese de ideias opostas. Essa dinâmica dialética é
responsável pela evolução da cultura e da sociedade, e a história tem um propósito maior que
se manifesta no desenvolvimento da liberdade e da razão. A história é, para Hegel, um processo
de autodescoberta da humanidade.

Para Hegel, a história é uma progressão dialética de conflitos e superações, marcada


pela luta entre ideias e valores opostos, como liberdade e autoridade, razão e emoção,
individualismo e coletivismo. Esses conflitos históricos, segundo ele, são necessários para que
haja um progresso rumo a uma síntese superior que reconcilia essas contradições.
O objetivo final da história e a sua realização dependem da superação de todas as
formas de opressão e alienação. Esse objetivo final ou propósito maior é o desenvolvimento da
liberdade e da razão. Para o filósofo, a realização desse propósito é inevitável, numa visão um
tanto determinista. Na filosofia de Hegel, o Estado é a expressão máxima da razão e tem o papel
de garantir o bem comum da sociedade. Esta é uma construção humana que tem como função
principal a realização da liberdade individual e coletiva. Para isso, é necessário que haja
instituições sociais que garantam a coesão e a estabilidade social, como o Estado, a família e a
religião.

A concepção hegeliana do homem apresenta primeiramente uma relação do homem


dialeticamente articulado com os momentos da natureza e em diversos níveis da realidade: a
realidade do espírito individual ou espírito subjetivo, do espírito na história ou espírito objetivo,
e, por fim, do Absoluto. Esses níveis de realidade não se sobrepõem, não devem ser entendidos
como tal, mas como uma gradação que representa um movimento de natureza dialética,
associando cada nível de realidade na inteligibilidade do todo ou na estrutura dialética da ideia
do homem como totalidade.

A gradação começa com a relação do homem com o mundo natural, o Espírito


subjetivo. Essa relação é definida como uma oposição dialética entre o mundo natural da
imediatidade, onde as coisas existem sem a intervenção da consciência humana, e o mundo
propriamente humano da mediação, onde a natureza é transformada e incorporada pela
atividade consciente e intencional do homem ou da suprassunção da natureza em Espírito. Neste
caso, a dialética se dá a partir da contradição entre a imediatidade do mundo natural e a
mediação do mundo humano.

Em seguida, tem-se a relação do homem com a cultura e a formação do indivíduo


dentro do contexto da história. O indivíduo só pode ser considerado indivíduo humano na
medida em que participa do movimento de manifestação do Espírito, no movimento histórico
e cultural, desempenhando um papel na manifestação do Espírito no mundo. Essa participação
traduz o processo de formação do indivíduo para o universal ou sua humanização, que tem lugar
na esfera do Espírito objetivo ou da cultura.

Como desdobramento da sua relação com a cultura, tem-se a relação do homem com
a história, o homem é visto como um ser histórico, que se constitui como livre por meio de sua
participação na história. O homem como ser-no-tempo, não apenas no tempo físico do mundo,
mas no tempo dialético que articula a cadência da história, a vida humana se manifesta na
própria vida do Absoluto. Essa visão historiocêntrica é uma mudança significativa em relação
ao pensamento filosófico anterior, que tendia a colocar o ser humano em relação ao cosmos ou
à natureza.

É na relação com o Absoluto que desponta a dimensão mais profunda da concepção


hegeliana do homem. O Espírito é a realidade mais ampla que engloba não apenas a
humanidade, mas toda a realidade, incluindo a natureza e o cosmos como um todo. O Espírito
assume no mais alto grau o indivíduo e a história na esfera do Absoluto.

O conceito de Espírito entendido em três formas inter-relacionadas: O Espírito


subjetivo, que se refere à relação do indivíduo consigo mesmo, sua subjetividade, suas emoções
e pensamentos; o Espírito objetivo, que se refere à realidade do mundo que é produzida por ele,
ou seja, a cultura, as instituições, as formas de organização social, política e econômica; e o
Espírito absoluto, que é a unidade da objetividade do Espírito e de sua idealidade, ou seja, a
união do Espírito subjetivo e do Espírito objetivo em sua verdade absoluta. Essa união se produz
eternamente, pois é a própria manifestação da vida do Absoluto.

Conclusão

Concluímos, portanto, que a visão antropológica de Hegel é abrangente, reflete a


importância da dialética e da história para a compreensão do homem. Sua filosofia sobre o
homem está intimamente ligada a uma ética, filosofia jurídica e social, política, arte e religião.
Tudo isso leva ao ápice de seu sistema filosófico, a filosofia do Absoluto, onde a concepção do
homem encontra seu fundamento último.

Por fim, a visão antropológica de Hegel apresenta o homem como um ser complexo,
que se relaciona de maneira dialética com diferentes níveis de realidade, desde a natureza até o
Absoluto, passando pela cultura e pela história.

Referências

VAZ, Henrique C. L. Antropologia filosófica I. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2000

HEGEL, G.W.F. Fenomenologia do Espírito. Edições Loyola, 2006.

HEGEL, G.W.F. Filosofia da História. Editora Vozes, 2014.

NASCIMENTO, Milton Meira. Hegel: Lógica e Dialética. Editora Vozes, 2010

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