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AVENTURAS DA EPISTEMOLOGIA AMBIENTAL:

Da articulação das ciências ao diálogo dos saberes.


Enrique Leff
Cap. 1 – As circum-navegações do saber ambiental
Cap. 2 - O eterno retorno: Reflexão da epistemologia ambiental
Cap. 3 - Do pensamento dialético ao diálogo de saberes:
contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
3.1 Natureza e ecologia
3.2 Pensamento dialético, ecológico e complexo
3.3 A construção da racionalidade ambiental
O eterno retorno:
Reflexão da epistemologia ambiental
● Escritos de um período de vinte anos.
● Fundamentos de vários filósofos.
● Espírito crítico.
● Desconstrução.
Segundo Leff:
“ O saber ambiental vai derrubando certezas e
abrindo raciocínios”.
Interdisciplinaridade Teórica para
articulação dos objetos de conhecimento de
duas ou mais Ciências.
Ecologia sustentável, Culturalmente diversa e
socialmente justa.
Complexidade Ambiental.
Cap 2. O eterno retorno: Reflexão da epistemologia ambiental

Retomada:
Os cinco “mares sulcados” pela epistemologia ambiental
● Interdisciplinaridade e articulação de ciências
● Exterioridade do ambiente e relações de poder
● Racionalidade ambiental: razão e valor; pensamento e ação
● Saber ambiental: o Outro do conhecimento
● Complexidade ambiental e diálogo de saberes
● Premissa para reflexão: saber ambiental e seus saltos epistêmicos
Cap 2. O eterno retorno: Reflexão da epistemologia ambiental

“O conhecimento não avança em uma evolução contínua, mas por rupturas epistemológicas e mudanças de paradigmas.”
p. 71 (Bachelard, Canguilhem, Althusser, Foucault e Kuhn)

Saltos e deslocamentos movidos mais por indagações do que por métodos.

● Coerência do saber ambiental está no questionamento mais do que no modo de pensar.


● Coerência verificada pela “hermenêutica que atualiza e ressignifica o sentido das ideias, conceitos e proposições de
diferentes doutrinas de pensamento”.
Saber ambiental: emerge da crise ambiental derivada a crise da racionalidade do mundo moderno e toma forma na
exterioridade do pensamento metafísico e do conhecimento científico.
Saber ambiental se movimenta para fora do núcleo da racionalidade científica.

Consistência do saber ambiental: sentido argumentativo das formações discursivas:


● Racionalismo crítico
● Estratégias de poder no saber
● Diferentes racionalidades, valores e sentidos
● Pensamento da complexidade
● Dialética da outridade
● Pulsão epistemofílica: impulso de conhecer que põe em movimento a epistemologia ambiental
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade:
Para além da contradição ecológica do capital

Questão: “O pensamento dialético é suficiente para aprender a raiz, as causas e o núcleo da insustentabilidade do
capitalismo; para analisar, entender e resolver os conflitos socioambientais e as lutas entre as classes sociais e os
grupos de interesses nos processos de apropriação sociocultural da natureza e para orientar a construção social de
um futuro sustentável?”

Contradições ecológicas do capital (paradoxos e interesses conflitivos):


1. Contradição entre relações capitais de produção e as forças produtivas
2. Capitalização da natureza e a privatização dos “bens e serviços ambientais”
3. Dificuldade em sincronizar o capital e a proteção ambiental
4. Utilizando a ótica marxista, não é possível perceber uma compatibilidade do capital com o meio ambiente
Crise ambiental como crise da civilização ocidental moderna, capitalista e econômica: solução não está em
internalizar os custos ecológicos do modelo vigente mas construir uma nova racionalidade teórica, social e
produtiva. Propor uma alteração no pensamento, de uma visão objetiva para uma política.

Complexidade nascida nas múltiplas identidades e territorialidades em conflito.


Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
Natureza e ecologia

→ O capítulo apresenta uma análise crítica do modo de produção capitalista e sua relação com a crise ambiental.

→ Discute a primeira e segunda contradições do capital e como elas se relacionam com a exploração da classe
trabalhadora e a degradação ambiental.

→ A primeira contradição se refere à exploração da classe trabalhadora pelo capitalismo, que é a base do sistema
capitalista.

→ Já a segunda contradição é estabelecida entre a primeira contradição e as condições sociais da produção, ou


seja, daquelas condições que não são produzidas de forma capitalista, mas oferecem as condições para que a
produção capitalista opere.

→ O texto também aborda a capitalização da natureza e a privatização dos bens e serviços ambientais, que levam
à apropriação destrutiva da natureza gerada pela própria racionalidade econômica.
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da
modernidade para a pós modernidade.
Natureza e ecologia

→ O socialismo ecológico é apresentado como uma corrente de pensamento que busca unir o materialismo histórico
com a ecologia, reconhecendo que a crise ambiental é uma consequência direta do modo de produção capitalista.

→ O socialismo ecológico é uma corrente de pensamento que busca integrar a luta pela justiça social com a luta pela
preservação do meio ambiente, reconhecendo que essas duas lutas estão intimamente ligadas.

→ Por fim, a solução para essa crise só pode ser alcançada por meio da superação do capitalismo e da construção de
um sistema socialista que leve em consideração a natureza e suas limitações.
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
Pensamento dialético, ecológico e complexo: encontros e alianças

Pensamento dialético:
● Moldou nossa concepção de mundo
● Oferece princípios gerais para entender a transformação do real
● Dialética fundamentada na contradição social (Marx)
● Pensamento dialético fundamentado na materialidade dos processos naturais (Engels)

Princípios gerais da dialética:


● Totalidade - perdeu sentido com a instauração da teoria de sistemas.
● Negação - pela afirmação positivista do que é, não apenas do ser, mas do capitalismo e da positividade da sua
realidade.
● Contradição - exploração capital/trabalho/natureza. O trabalho humano e a natureza são contradições do
capital.
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
Pensamento dialético, ecológico e complexo: encontros e alianças

Pensamento Ecológico:
● Visão ecológica e holística da natureza
● Modelo de pensamento dialético que é transferido para a ordem social
● Pensamento pós-estruturalista
● Idéia de totalidade
● Contradição -> complementaridade, integração, evolução e sinergia

Natureza
● Entidade socialmente construída e mediada culturalmente
● Ressignificação por sentidos culturais, interesses sociais e poderes econômicos
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
A construção da racionalidade ambiental.

Racionalidade Econômica e instrumental Racionalidade Ambiental

Pensamento mecanicista e positivista Reconhecimento da diferença e outridade

Unidade e dualidade Diversidade e complexidade


Princípios de negação e contradição Relações de diferença e outridade

Sustentabilidade como fusão de duas lógicas Sustentabilidade a partir da manifestação e expres-


contrárias: a eco-logia e a eco-nomia são das contradições existentes entre a eco-logia e
a eco-nomia

DUALIDADES CARTESIANAS

DUALIDADES COMPLEMENTARES
Cultura Natureza
BINÔMIOS
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
A construção da racionalidade ambiental.

“As diferenças culturais podem gerar conflitos e oposições; mas também alianças e sinergias positivas que emergem
justamente de sua heterogênese e do encontro de suas diferenças.”

“Assim, na perspectiva da sustentabilidade, a degradação entrópica é inevitável; mas pode alcançar um estado de
estabilidade e equilíbrio (dialético, mas não contraditório) com processos neguentrópicos.”

Transcender a contradição fundamental entre racionalidade econômica e racionalidade ambiental.

A problemática ecológica não poderá ser resolvida nem pela internalização dos custos ecológicos no cálculo
econômico nem através do confronto entre classes sociais e da resolução de conflitos ambientais dentro da
racionalidade dominante. A contradição entre a racionalidade econômico-tecnológica e a racionalidade ambiental
chama a renovar o pensamento, a percepção, o sentimento e a ação.
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
A construção da racionalidade ambiental.
Relação de outridade: relação ética, de responsabilidade e deferência.

“Assim, o princípio de contradição deve ser ressignificado na perspectiva de um diálogo de saberes entendido como
o encontro e o confronto de proposições, ideias, visões, formas de ser e modos de produção diferentes, mais que
de entidades e interesses opostos e contraditórios.”

“A prática dialógica é mais criativa que o pensamento dialético; o diálogo abre possibilidades para além da “síntese”
para a qual se desenvolveriam as “contradições objetivas” para superar o atual estado de coisas.”

reconhece:
ECOLOGIA POLÍTICA ● as lutas políticas pela apropriação
da natureza
RACIONALIDADE AMBIENTAL
● os interesses antagônicos pela
NOVOS ATORES SOCIAIS apropriação social da natureza
visões, interesses, valores e saberes
diversos.
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
A construção da racionalidade ambiental. Racionalidade ambiental:
● fecundidade das relações com o Outro,
SABER AMBIENTAL ● produtividade da complexidade ambiental,
● encontro de interesses antagônicos e diálogo
Diálogo de saberes forjados por diversas matrizes de: de saberes
A racionalidade ambiental opõe-se:
● racionalidade ● a todo princípio de homogeneidade do mundo
respondem a diferentes visões de mundo, e de unidade do conhecimento
● identidade ● a todo pensamento global e totalizador
imaginários, códigos de linguagem, interesses e
● significado estratégias de poder pela apropriação social da
natureza
● sentido
“A construção de um futuro sustentável não será o
resultado de um consenso global em um mundo
homogêneo, mas da fecundidade da humanidade que
encontro entre: surge da disjunção do ser, da diversidade cultural e
do encontro com o outro.”
➢ complexidade do real
Necessidade de repensar as
➢ complexidade do pensamento diversas formas de ser no
mundo e a constituição do ser
através do saber.
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
A construção da racionalidade ambiental.

feixe de racionalidades que vão se


complexificando e se diversificando,
envolvendo:

● diversidade biológica da natureza


● diversidade cultural da
humanidade.

O pensamento dialético se abre assim


para uma diversidade de processos e
RACIONALIDADE AMBIENTAL para a complexidade de suas
inter-relações.

Não é uma questão de conciliar ou acomodar!


Pode-se alcançar um consenso ou conviver no dissenso!
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
A construção da racionalidade ambiental.

Re-flexão do pensamento sobre o já pensado abrir o caminho para o que falta pensar

criatividade do ser que gera o que ainda não é

“A construção de um futuro sustentável, como um devir guiado por uma racionalidade ambiental, desencadeia as
potencialidades do real, a produtividade ecológica da natureza e a fertilidade da vida, através da criatividade cultural
e do diálogo de saberes.”

Relação entre: Estabelece tensão e luta


● Terra (o Real) além da relação dialética
como antagonismo de
● Mundo (o Simbólico)
contrários
Cap 3. Do pensamento dialético ao diálogo de saberes: contradição, diferença e outridade na transição da modernidade
para a pós modernidade.
A construção da racionalidade ambiental.

“Assim, a dialética se reabsorve no mundo pós-moderno, repleto de contradições, conflitos e

antagonismos, assim como de complexidades, diferenças e responsabilidades coletivas, onde o ser das
coisas — a natureza — e os seres humanos se unem para criar sinergias criativas e produtivas. O mundo
se transforma. A partir do limite da racionalidade econômico-tecnológica que domina a natureza e a
humanidade, se abre o caminho para a sustentabilidade, a equidade e a justiça, baseadas em uma
política da diversidade, da diferença e da outridade, e guiadas por uma racionalidade ambiental.”
Final
RACIONALIDADE AMBIENTAL: pensar a relação do ser com o saber.

“O ambiente deixa de ser um objeto de conhecimento para se converter em fonte


de pensamentos,
de sensações
e de sentidos.”

“Navegar é preciso, viver não é necessário, costumava dizer Fernando Pessoa, seguindo Nietzsche, que escrevera:
“É necessário navegar, deixando para trás nossas terras e os portos de nossos pais e avós; nossos barcos têm de
buscar a terra de nossos filhos e netos, ainda não vista, desconhecida”. Assim se pensa o saber ambiental.”

O deserto cresce (Friedrich Nietzsche)

Quem pensa grande também erra grande (Martin Heidegger)

Início A carícia não sabe o que procura (Emmanuel Levinas)


#ficaadica

Nós y Nosotros - Um diálogo latinoamericano com Enrique Leff e Carlos Walter


Vídeo produzido em 2017 pelo projeto Rede Guarani Serra Geral, coordenado pelo professor Luiz Fernando Scheibe
Duração: 55:16

Uma nova racionalidade | Enrique Leff |


TEDx Talks de 2011 com apresentação das críticas sobre a racionalidade moderna e da proposta de uma nova
racionalidade, baseada na “ética da outridade”.
Duração: 12:44

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