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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADE

CURSO DE FILOSOFIA

BASÍLIO SERRA TEIXEIRA

MÚLTIPLOS SABERES PARA CONSTRUÇÃO DA


SUSTENTABILIDADE

Quelimane

2023
BASÍLIO SERRA TEIXEIRA

MÚLTIPLOS SABERES PARA CONSTRUÇÃO DA


SUSTENTABILIDADE

Trabalho de carácter avaliativo, a ser entregue e


apresentado em forma de seminário na cadeira de
Ética Ambiental, leccionado pelo docente:

Dr. Domingos Mangachaia

Quelimane

2023
Índice
Introdução ........................................................................................................................ 3

Objectivo geral ................................................................................................................. 3

Objectivos específicos ...................................................................................................... 3

Metodologia ..................................................................................................................... 3

Múltiplos saberes para construção da sustentabilidade ...................................................... 4

Conceito e evolução da sustentabilidade ........................................................................... 4

Surgimento da sustentabilidade......................................................................................... 4

Modelos e concepções. ..................................................................................................... 5

Construção de uma sociedade sustentável ......................................................................... 6

Equidade na sustentabilidade ............................................................................................ 7

Dimensões da sustentabilidade ......................................................................................... 7

Educação ambiental e sustentabilidade ............................................................................. 8

Preservação ambiental ...................................................................................................... 9

Educação ambiental como um facto politico ................................................................... 10

Conclusão....................................................................................................................... 11

Referência bibliográficas ................................................................................................ 12


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Introdução
O conceito de sustentabilidade nasce da evolução de discussões acerca da complexa
relação entre desenvolvimento e meio ambiente, com a intensificação da inserção dos temas
ecológicos nas decisões económicas e políticas mundiais, ao tratar o desenvolvimento como
uma forma de modificação da natureza. Leff , afirma que o “princípio de sustentabilidade surge
no contexto da globalização como a marca de um limite e o sinal que reorienta o processo
civilizatório da humanidade. A crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas
teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento económico, negando a natureza.”
Contrapondo-se ao pensamento preservacionista, em que comunidades consideravam que o
meio ambiente deveria ser “intocado”, sem qualquer intervenção humana, excepto quanto à
sua subsistência, o pensamento desenvolvimentista radicalizava quanto à inobservância de
práticas ecológicas.
Objectivo geral
 Compreender a múltiplos saberes para a construção da sustentabilidade.

Objectivos específicos
 Descrever as concepções da sustentabilidade em vários autores;
 Analisar as dimensões da sustentabilidade;
 Verificar a sustentabilidade no ambiente educacional.

Metodologia
Na realização deste trabalho baseou-se na consulta de dados bibliográficos, e o método
usando na realização do mesmo trabalho optou-se pelo método hermenêutico, que baseia-se
na compreensão e interpretação de autores em destaque.
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Múltiplos saberes para construção da sustentabilidade


Conceito e evolução da sustentabilidade
Mas, esta discussão está longe de ser definitiva. De qualquer modo, então, o que seria
a sustentabilidade? ‘Grosso modo’, seria a qualidade ou condição do que é sustentável. Seria
um modelo de sistema que tem condições de se manter ou conservar sem destruir-se. Em outras
palavras, sustentabilidade é a maneira de utilizar recursos de forma contínua, coerente,
consciente e responsável, que atenda às necessidades do presente sem prejudicar as futuras
gerações.
Para Leff (2010), a sustentabilidade é um modo de repensar a produção e o processo
económico, de abrir fluxo do tempo a partir do qual houve a reconfiguração das
identidades, de maneira a romper o cerco do mundo e o fechamento da história que
foram impostos pela globalização económica.
Considera-se que pensar em sustentabilidade exige modificar os moldes de economia
vigente, mas, para tanto, há a necessidade de uma transição sócio-cultural nos valores que
dizem respeito ao modo de o homem se relacionar com o meio ambiente. Isto implica dizer
que mudar o modo de desenvolver-se exige mudança em várias esferas da vida comum, e não
apenas na questão económica, como já foi apresentado acima.
Mesmo tendo seus fundamentos nas bases da ecologia, a sustentabilidade deve abranger
também as identidades culturais de cada povo, onde a representatividade social desempenha
papel importante no gerenciamento dos recursos ambientais, evitando ou minimizando os
efeitos da degradação, alcançando a satisfação das necessidades para além do alcance da
economia.
Surgimento da sustentabilidade
A sustentabilidade surge como uma ruptura da premissa existente que instiga a
construção de uma racionalidade produtiva com suas bases nas capacidades ecológicas e nas
concepções de diversidade cultural existentes na civilização.
Ela exige também uma nova mentalidade com outro modo de ser e de existir, como defende
Leff (2006, p. 160):
“A racionalidade ambiental é uma estratégia conceitual que orienta uma práxis
de emancipação do mundo hiperobjectivado e do logocentrismo do
conhecimento. É um retorno à ordem simbólica para ressignificar o mundo”.
É uma transformação na maneira de compreender e habitar o planeta. É um meio de progredir
sem agredir, ou sem agredir tanto quanto outrora. É uma experiência que demandará tempo,
mesmo diante da emergência da causa ambiental. Enquanto a força económica servir de guia
para a tomada de decisões que envolvam a maneira de utilização dos recursos naturais, o
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objectivo central da sustentabilidade não será contemplado.


O debate da sustentabilidade implica ruptura de costumes, valores e expectativa quanto ao
futuro que se planeja alcançar.
Segundo Boeira (2012) a sustentabilidade pode ser abordada a partir de três concepções
epistemológicas: a sistêmica, que se fundamenta nos estudos de Fritjof Capra, está relacionada
ao novo paradigma de ecologia profunda onde não haveria separação entre o homem, ou
qualquer outro animal, do meio ambiente natural; a ecologia social − agregada à ecologia
profunda tem um viés questionador de o que se está estabelecido no mundo, na ciência e na
indústria; e o ecofeminismo, que pode ser entendido como uma modalidade específica de
ecologia social, que aborda o processo de soberania social do âmbito do patriarcado.
O que isso representa? Para os adeptos desse movimento, o sistema patriarcal
capitalista é o responsável, em última instância, pelo déficit de direito e de oportunidades das
mulheres, razão pela qual instiga uma luta insana paradoxal entre homem e mulher, humano e
animal, progresso e natureza, dentre outros, cuja base dessa disputa é a ideia de que o mais
forte pode dominar os fracos, formando uma estrutura destruidora. Enfim, para esse
movimento há alternativas na forma de o homem relacionar-se com o meio ambiente.
Ainda segundo Boeira (2012), a sustentabilidade pode “ser compreendida como
parte de uma tradição de estudo da natureza que deriva da Antiguidade grega e
que apresenta dois ramos: o que questiona o conteúdo da natureza como matéria
e o que investiga em busca da forma, ou seja, seu padrão”
Modelos e concepções.
São formas distintas de investigar e apreender o meio ambiente. Para os cientistas
sociais, o paradigma positivista de ciência possui duas vertentes: a física social onde, apesar
das diferenças entre os elementos naturais e sociais, é aceitável estudar um como se fosse o
outro; a segunda divide com a racionalidade das ciências naturais a diferenciação entre homem
e natureza, além de conceber uma visão mecanicista desta última (Boeira, 2012, p. 223).
Assim, para Boeira, a sustentabilidade é crítica, com ênfase nas dimensões socioculturais,
concebendo a modernidade em grande medida insustentável”. Por fim, a terceira, a concepção
complexa, tendo como referência Edgar Morin, possui uma maneira transdisciplinar na
constituição do paradigma da complexidade.
“No pensamento complexo, vários paradigmas menos abrangentes coexistem,
cada um disposto de espaço diferenciado, ainda que mantendo relações
conflitantes com os demais e permanecendo cegos em relação aos outros”
(Boeira, 2012, p. 237).
Nesta perspectiva, pensar em sustentabilidade exige a interdisciplinaridade: trata-se de uma
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colaboração de diferentes saberes e em diferentes aplicações voltados a um mesmo fim, o


homem, seu pleno desenvolvimento e sua qualidade de vida. Sendo assim, uma
sustentabilidade precisa estar fundamentada na justiça ambiental para que o desenvolvimento
aconteça de maneira que, para além do acúmulo de riquezas, o bem-estar humano seja uma
questão primordial, levando em consideração a preocupação democrática.
Ou seja, a qualidade da sustentabilidade está vinculada aos moldes sociais de
como usar e se apropriar do meio ambiente, ou seja, não somente dos capitais
naturais (Rattner, 1999).
Sejam individuais ou colectivas, sejam nos padrões de produção e consumo, sejam nos
processos de uso do ambiente construído ou ainda na maneira de estar no planeta e planejar o
seu desenvolvimento.
É importante destacar, como defende Camargo (2010), que a associação do desenvolvimento
com crescimento, não é, e nunca foi, um caminho inexorável: utilizam-se os termos
desenvolvimento e crescimento como sinônimos, porém crescimento é condição indispensável
para o desenvolvimento, mas não condição suficiente.
[...] O desenvolvimento está relacionado a aperfeiçoamentos qualitativos,
enquanto o crescimento diz respeito a incrementos quantitativos (Camargo,
2010, p. 70).
Ao abordar o desenvolvimento, espera-se que além do crescimento económico, haja
melhoramento das condições de vida das pessoas de maneira equilibrada. O desenvolvimento,
do ponto de vista da sustentabilidade, traz consigo, além de responsabilidade social e cultural,
o cuidado com o meio ambiente, e a justiça ambiental que pode ser compreendida como direito:
“a um meio ambiente seguro, sadio e produtivo para todos, onde ‘meio
ambiente’ é considerado em sua totalidade, incluindo suas dimensões
ecológicas, físicas, construídas, sociais, políticas, estéticas e económicas”
(Acselrad, Mello, & Bezerra, 2009, p. 16, grifo do autor).
Diz respeito, portanto, às circunstâncias em que este direito pode ser posto em prática,
garantindo e considerando as identidades, tanto individuais quanto colectivas, além da
dignidade e autonomia das pessoas.
Construção de uma sociedade sustentável
Na perspectiva da construção de uma sociedade sustentável, ou até mesmo de um
futuro comum sustentável, há uma necessidade emergente de definir metas que sejam
possibilidades para o surgimento de mudanças de tendências, inclusive com o restabelecimento
do equilíbrio ecológico e a implantação de uma economia sustentável (Leff, 2010).
Essas metas precisam estar em conformidade com os fundamentos de igualdade e justiça
ambiental, para não se distanciar do cerne da sustentabilidade, que precisam ser os seres
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humanos e sua qualidade de vida. Pensar a sustentabilidade significa presumi-la como um


assunto que diz respeito à segurança nacional, às formas democráticas de governo e
inevitavelmente à redução da pobreza.
Contudo, há uma dificuldade de pensar que ela dispõe de um modelo que seja único e
uniforme globalmente. Sendo assim, esse termo é um vasto campo de debate onde a
governabilidade e justiça ambiental co-participam tanto na distribuição dos custos e
benefícios dos recursos naturais quanto dos bens e serviços ambientais (Leff, 2010).
Equidade na sustentabilidade
A equidade aparece como elemento intrínseco para o desenvolvimento de atitudes que
buscam alcançar a sustentabilidade. Enfim, a sustentabilidade indica um futuro com
solidariedade transgeracional e comprometida com as futuras gerações. Contudo, ela não está
garantida pela atribuição de valor económico à natureza, nem no horizonte restrito de tempo
em que se traduz em taxas de desconto econômico; não será também em decorrência
exclusivamente da internalização de uma racionalidade ecológica dentro dos processos
económicos (Leff, 2009).
“A sustentabilidade encontra sua razão e sua motivação não nas leis objectivas
da natureza e do mercado, mas no pensamento e no saber; em identidades e
sentidos que mobilizam a reconstrução do mundo” (Leff, 2009, p. 413).
Existe a necessidade de uma transformação do valor para a humanidade; não apenas no sentido
económico, mas também social, político e cultural, de forma a “respeitar e realçar a capacidade
de autodepuração dos ecossistemas naturais” (Sachs, 2008, p. 85-86).
Ou seja, é uma pretensão de que os modos de produção e de consumo
considerem e garantam que os ecossistemas sejam capazes de manter seus
processos de auto recuperação e sua habilidade de resiliência (Nascimento,
2012).
Isto implica numa maneira de usufruir dos recursos naturais, respeitando o tempo necessário
para a recomposição natural. Portanto, do ponto de vista objectivo, a sustentabilidade se mostra
uma alternativa ética àquilo que era compreendido como desenvolvimento desenfreado, ou
seja, sem limites.
Dimensões da sustentabilidade
Para esta discussão, sobre as dimensões da sustentabilidade, toma-se como base as seis
dimensões elaboradas por Sachs (1993), sendo que a dimensão política foi posteriormente
acrescentada pelo próprio autor:
 Sustentabilidade ecológica: preservação dos recursos naturais na produção de
recursos renováveis e na limitação de uso dos recursos não-renováveis; limitação do
consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos esgotáveis ou ambientalmente
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prejudiciais, substituindo-os por recursos renováveis e inofensivos; redução do volume


de resíduos e de poluição, por meio de conservação e reciclagem; autolimitação do
consumo material; utilização de tecnologias limpas; definição de regras para proteção
ambiental.
 Sustentabilidade econômica: eficácia económica avaliada em termos macro-sociais e
não apenas na lucratividade empresarial, desenvolvimento económico intersetorial
equilibrado; capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção;
razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica; inserção soberana na
economia internacional.
 Sustentabilidade social: abrange a necessidade de recursos materiais e não-materiais,
objectivando maior equidade na distribuição da renda, de modo a melhorar
substancialmente os direitos e as condições da população, reduzindo-se o índice de
GINI, ampliando-se a homogeneidade social; a possibilidade de um emprego que
assegure qualidade de vida e igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais.
 Sustentabilidade espacial ou territorial: busca de equilíbrio na configuração rural-
urbana e melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e actividades
económicas; melhorias no ambiente urbano; superação das disparidades inter-regionais
e elaboração de estratégias ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis
a fim de garantir a conservação da biodiversidade e do ecodesenvolvimento.
 Sustentabilidade cultural: respeito à cultura de cada local; garantindo continuidade e
equilíbrio entre a tradição e a inovação.
 Sustentabilidade política: no âmbito nacional baseia-se na democracia, apropriação
universal dos direitos humanos; desenvolvimento da capacidade do Estado para
implementar o projecto nacional em parceria com empreendedores e em coesão social.

Educação ambiental e sustentabilidade


Nos tempos actuais os termos sustentabilidade, desenvolvimento sustentável,
consumismo, entre outros têm se tornado cada vez mais populares. Isso acontece pela
gravidade dos problemas ambientais do qual passa o planeta terra actualmente. Infelizmente o
homem tem grande responsabilidade no que está a acontecendo. A evolução industrial e
tecnológica dos últimos tempos levou o meio ambiente a um estado de depreciação nunca visto
anteriormente. O homem acreditou poder tirar o máximo proveito dos recursos naturais do
planeta, sem sofrer as consequências de seus actos. O tema sustentabilidade confronta-se com
o paradigma da sociedade de risco. Isso implica a necessidade de se multiplicarem as práticas
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sociais baseadas no fortalecimento do direito ao acesso à informação e à educação ambiental


em uma perspectiva integradora”.
Num sentido abrangente a noção de desenvolvimento sustentável reporta-se à
necessária redefinição das relações entre sociedade humana e natureza, portanto a uma
mudança substancial no próprio processo de civilização, introduzindo o desafio de pensar a
passagem do conceito para a acção.
Para Jacobi (2003, p.192)
A educação ambiental leva a repensar as práticas sociais e o papel dos
professores como mediadores de um conhecimento, para que os alunos
adquiram uma base adequada de compreensão da natureza como um todo, dos
problemas e soluções relacionados à mesma, e da responsabilidade de cada
indivíduo para construir uma sociedade planetária mais consciente e
ambientalmente sustentável.
A educação ambiental é tema muito discutido actualmente devido ao facto de se perceber a
necessidade de uma melhoria do mundo em que vivemos, pois é facilmente notado que estamos
regredindo cada vez mais em nossa qualidade de vida de um modo geral, nos deixando levar
por nossas obrigações diárias. Nosso tempo nos parece cada vez mais curto porque temos cada
vez mais compromissos (Guedes, 2006).
É preciso investir na educação ambiental, para que novas as gerações tenham maior
responsabilidade com o meio ambiente. As invenções humanas têm o lado significativo, porém
devem-se criar estratégias de reutilização e reciclagem dos materiais produzidos, pois
tecnologia traz benefícios à sociedade, porém o homem se apropria dessas invenções
tecnológicas de forma irresponsável e provoca danos ao meio ambiente.
A educação ambiental é hoje o instrumento mais eficaz para se conseguir criar e aplicar
formas sustentáveis de interacção sociedade-natureza, este é o caminho para que cada
indivíduo mude de hábitos e assuma novas atitudes que levem à diminuição da
degradação ambiental, promovam a melhoria da qualidade de vida e reduzam a pressão
sobre os recursos ambientais (Santos, 2007).
Preservação ambiental
Para garantir a preservação ambiental, a sociedade precisa ter acesso ao conhecimento
técnico-científico, pois, a educação é a base para a conscientização dos sujeitos. A educação
ambiental passa a ser o principal instrumento para a “conscientização” dos sujeitos. Ela servirá
para preparar os indivíduos para que eles possam, a partir das informações e conhecimentos
adquiridos, agir correctamente em relação ao ambiente (Filvock; Teixeira, [s.d], p.5).
De acordo com Carvalho (2006), a prática educativa crítica forma um sujeito humano enquanto
ser social historicamente situado e para isso, valores fundamentais são incentivados no
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aprendizado. Neste particular, a percepção é a vivência fundamental para iniciar um trabalho


pedagógico. Devido a isso, verifica-se nas falas dos actores sociais uma riqueza de informações
sobre o meio ambiente.
Segundo Moreira (2001), as preocupações ambientais mudaram de foco à medida que o
conhecimento científico e as tecnologias evoluíram, assim como as actividades produtivas se
desenvolveram, ao longo do tempo, gerando problemas de diferentes características. O
trabalho educacional é componente dessas medidas das mais essenciais, necessárias de carácter
emergencial, pois sabe-se que a maior parte dos desequilíbrios ecológicos está relacionada a
condutas humanas inadequadas impulsionadas por apelos consumistas frutos da sociedade
capitalista que geram desperdício, e ao uso descontrolado dos bens da natureza, a saber, os
solos, as águas e as florestas (Carvalho, 2006).
Para Santos (2007, p. 10) uma das formas que pode ser utilizada para o estudo dos
problemas relacionados ao meio ambiente é por meio de uma disciplina específica a
ser introduzida nos currículos das escolas, podendo assim alcançar a mudança de
comportamento de um grande número de alunos, tornando-os influentes na defesa do
meio ambiente para que se tornem ecologicamente equilibrados e saudáveis.
Educação ambiental como um facto politico
Desse modo, a educação ambiental deve ser acima de tudo um acto político, voltado
para a transformação social, capaz de transformar valores e atitudes, construindo novos hábitos
e conhecimentos, defendendo uma nova ética, que sensibiliza e conscientiza na formação da
relação integrada do ser humano, da sociedade e da natureza, aspirando ao equilíbrio local e
global como forma de melhorar a qualidade de todos os níveis de vidas (Carvalho, 2006).
Conforme o estudo de Santos, (2007), a humanidade evoluiu, a população humana
cresceu, a natureza já não tem mais pontos de referência na sociedade actual, às pessoas
estão arrastadas pelas novas tecnologias e cenários urbanos, e existe pouco da relação
natural que havia com a cultura da terra. Para que a situação não piore, é preciso agir
e proteger o ambiente.
Segundo Machado, a educação ambiental é a chave para sustentabilidade, ela prepara as
gerações. Um país instruído em termos de meio ambiente terá mais oportunidades de ser bem
sucedido no seu desenvolvimento. Onde o significado do meio ambiente se não for atribuído
adequadamente, o desenvolvimento fracassará.
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Conclusão
A finalidade de se trabalhar com o tema múltiplos saberes para construção da
sustentabilidade é de conscientizar cidadãos, para actuarem na realidade socioambiental com
total comprometimento com a vida e o bem-estar, porém, é necessário que a escola trabalhe
não só com informações e conceitos, mas também com atitudes. Os autores citados nos movem
a pensar o cenário actual das 'sociedades', pois é, em meio a diversas realidades, que
precisamos discutir, orientar, pesquisar e rever nossas acções diariamente, a fim de aplicar
práticas educativas mais efectivas e que aqueçam os espaços formativos. É complexo o papel
da escola nos dias actuais, bem como o papel do professor em desempenhar um acto educativo
que valorize a interação entre diversos saberes, a não fragmentação do conhecimento, na
perspectiva de formar indivíduos que possam actuar de forma efectiva sobre a problemática
sócio ambiental enfrentada.
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Referência bibliográficas
Acselrad, H., Mello, C. C. A., & Bezerra, G. N. (2009). O que é justiça ambiental. São Paulo,
SP: Garamond.
Boeira, S. L. (2012). Sustentabilidade e epistemologia: visões sistêmica, crítica e complexa.
In A. Philippi Jr., C. A. C. Sampaio, & V. Fernandes (Orgs.), Gestão de natureza pública e
sustentabilidade (p. 11-39.). São Paulo, SP: Editora Manole.
Camargo, A. L. de B. (2010). Desenvolvimento sustentável: dimensões e desafios. Campinas,
SP: Papirus.
Carvalho, Isabel Cristina de Moura. (2006). Educação ambiental: Formação do sujeito
ecológico. 2. ed. São Paulo: Cortez,
Leff, E. (2006). Racionalidade ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio de Janeiro,
RJ: Civilização Brasileira.
Leff, E. (2009). Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade. Petrópolis,
RJ: Vozes.
Jacobi, Pedro Roberto. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de
Pesquisa, São Paulo, n. 118, p. 189-205 março 2003.
Rattner, H. (1999). Sustentabilidade: uma visão humanista. Ambiente & Sociedade, 1(5), 233-
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Sachs, I. (2008). Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro, RJ:
Garamond.
Santos, Elaine Teresinha Azevedo dos. (2007). Educação ambiental na escola:
conscientização da necessidade de proteção da camada de ozônio.

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