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Índice
1 Introdução............................................................................................................................................ 3
2 Objectivos ........................................................................................................................................... 3
2.1 Objectivo Geral .......................................................................................................................... 3
2.2 Objectivos Específicos................................................................................................................ 3
3 Metodologia ........................................................................................................................................ 3
4 Conceitos Básicos ............................................................................................................................... 4
4.1 Principio(s).................................................................................................................................. 4
4.2 Ética............................................................................................................................................. 4
4.3 Meio ambiente ............................................................................................................................ 5
4.4 Ética ambiental: O que é? ......................................................................................................... 5
5 Os princípios da ética ambiental e caminhos para uma teoria da ética ambiental ...................... 6
5.1 Princípio da dignidade da pessoa humana .............................................................................. 7
5.2 Princípio do desenvolvimento sustentável ............................................................................... 8
5.3 Princípio do poluidor-pagador ................................................................................................. 8
5.4 Princípio da prevenção e da precaução.................................................................................... 9
5.5 Princípios da função social e ambiental da propriedade e o princípio da participação ...... 9
5.6 Princípio da ubiquidade .......................................................................................................... 10
6 Perspectivas para a construção de uma ética ambiental .............................................................. 10
6.1 Antropocentrismo: “Penso, logo existo” ................................................................................. 11
6.2 Biocentrismo ............................................................................................................................. 12
6.3 Ecocentrismo ............................................................................................................................ 12
7 Desenvolvimento ambiental para Liberdade ................................................................................. 13
7.1 O que significa o desenvolvimento ambiental?...................................................................... 13
7.2 Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/ambiental em Moçambique ...................... 14
8 Conclusão .......................................................................................................................................... 15
9 Bibliografia ....................................................................................................................................... 16
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1 Introdução
Partindo da definição das concepções a respeito da nossa disciplina (ética ambiental), é tida como
uma disciplina filosófica que, pertencendo ao campo da ética aplicada, reflete sobre os problemas
que envolvem a proteção da natureza, tendo como objetivo encontrar justificações ou razões
morais a favor da proteção ambiental. Neste trabalho, abordaremos como temáticas: Os princípios
da ética ambiental e caminhos para uma teoria da ética ambiental; Perspectivas para a construção
de uma ética ambiental e; Desenvolvimento ambiental para Liberdade.

Antes de tudo, traremos numa primeira fa3se os conceitos básicos, como uma forma de elucidação
do conteúdo a ser desenvolvido. Posto isso numa segunda fase, para alem de definir o que são,
mencionaremos os princípios apresentados pelo teórico com o qual decidimos desenvolver os
presente trabalho, tendo as suas ideias como pano de fundo. Posto isso, seguiremos com a nocao
das perspectivas que concorrem para a formação de uma ética ambiental que fosse universalmente
aceite como a mais correta para o bem-estar do meio ambiente. E finalmente trataremos das
questões de desenvolvimento ambiental, que Magalhães também chama de sustentável, trazendo
os seu princípios fundamentais e os seus objectivos para o contexto moçambicano.

2 Objectivos
2.1 Objectivo Geral
 Compreender os princípios e as perspectivas da ética ambiental

2.2 Objectivos Específicos


 Definir a ética ambiental e apresentar os seus princípios segundo alguns teóricos;
 Explicar as três perspectivas que concorrem para a formação de uma ética ambiental;
 Desvendar as preocupações moçambicanas a respeito do desenvolvimento ambiental.

3 Metodologia
Para a realização deste trabalho, recorreu-se ao uso dos seguintes métodos: Bibliografico
(enquanto tipo de estudo) e Hermenêutico (que constituiu na compreensão e interpretação das
obras presentes nas referencias bibliográficas). Bem como o método histórico-crítico comparativo,
que consistiu na comparação entre as três perspectivas que concorrem para a formação de uma
ética ambiental.
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4 Conceitos Básicos AISSA ANGELO R. GULAMUNDINE


4.1 Principio(s)
Recordando que princípios são alicerces de todo nosso arcabouço jurídico, trazendo fundamentos
e valores éticos, os relacionados à questão ambiental estão voltados para proteger a vida nas suas
mais diversas formas, garantindo uma existência digna para as gerações presentes e futuras,
norteando as relações entre homem e natureza. Como bem abordado pelo professor Miguel Reale
em suas "Lições Preliminares de Direito":

[…] os princípios são a base para que um novo sistema cognitivo possa emergir, pois para
ele: “os princípios são ‘verdades fundantes’ de um sistema de conhecimento, como tais
admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos
de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas
necessidades da pesquisa e da praxis”. (Reale, as cited in Sirvinskas. 2014, p. 305.)

Na lição de De Plácido (2002, p.639), os princípios:

“[…] notadamente no plural, significa as normas elementares ou os requisitos primordiais


instituídos como base, como alicerce de alguma coisa. […] princípios revelam conjunto de
regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a toda espécie de ação jurídica […]
exprimem sentido mais relevante que o da própria norma ou regra jurídica.”

Com base em Milaré (2004), os conceitos sobre os princípios podem significar aquilo que se torna
primeiro como um ponto de partida, outrossim, Lorenzetti (1998), considera como uma regra geral
e abstrata ou preexistente que extrai o essencial de normas particulares (podendo ter força
normativa ou ser meras regras de pensamento do tipo implícito ou explícito (Sirvinskas, 2014. 74)

4.2 Ética
Partindo das ideias dos autores, Cortina & Martinez:

A palavra ética vem do grego ethos, originalmente tinha o sentido de “morada”, “lugar em
que se vive” e posteriormente significou “caráter”, “modo de ser” que se vai adquirindo
durante a vida (Cortina & Martinez. 2005. p. 3).

Embora ética e moral tendam a ser confundidas, consideradas como designações inseparáveis uma
da outra, suas matrizes conceituais respondem a princípios bastante diferentes, pois o termo “ética”
refere-se à filosofia moral, isto é, ao saber que reflete sobre a dimensão da ação humana, enquanto
que “moral” denota os diferentes códigos morais concretos. A moral responde à pergunta “O que
devemos fazer?” e a ética, “Por que devemos?”
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4.3 Meio ambiente


O meio ambiente é o local onde se desenvolve a vida na terra, ou seja, é a natureza com todos os
seres vivos e não vivos que nela habitam e interagem. Em resumo, o meio ambiente engloba todos
os elementos vivos e não-vivos que estão relacionados com a vida na Terra. É tudo aquilo que nos
cerca, como a água, o solo, a vegetação, o clima, os animais, os seres humanos, dentre outros.

Segundo Guitarrara (2023),

"Meio ambiente é o conjunto de elementos, processos e dinâmicas biológicos, físicos e


químicos que criam condições e mantêm a vida no planeta Terra, compreendendo também
os seres humanos e as dinâmicas sociais, culturais e econômicas (Izolani & Brandão &
Machado, 2020. p. 74).

O meio ambiente é composto pela biosfera (conjunto de todos os ecossistemas existentes no nosso
planeta, o que abarca as mais diversas formas de vida que habitam a Terra nos ambientes terrestre,
de água doce e de água salgada), hidrosfera ("todos os corpos d’água (doce ou salgada) do planeta
Terra), atmosfera ("uma espessa camada de gases que formam um envoltório ao redor do nosso
planeta, constituída por elementos como oxigênio, gás carbônico, nitrogênio e outros, além do
vapor d’água) e litosfera ("amada mais externa do planeta Terra, situando-se acima do magma
terrestre).

"Do ponto de vista da Geografia, o meio ambiente compreende também todo o espaço
natural e o espaço geográfico, aquele espaço dinâmico que se encontra em processo de
modificação pela ação antrópica" (Izolani & Brandão & Machado, 2020. p. 74)

Assim, devemos levar em consideração que os seres humanos e a sua organização social e
econômica são parte do meio ambiente, interagindo com ele e modificando-o de acordo com a sua
necessidade.

4.4 Ética ambiental: O que é?


Ética Ambiental é um ramo da ética que estuda a relação entre o ser humano e o ambiente e como
a ética desempenha um papel neste contexto. A ética ambiental acredita que os seres humanos
fazem parte da sociedade, bem como outros seres vivos, o que inclui plantas e animais.

Segundo a Wikipédia,

“A ética ambiental é um ramo da filosofia ambiental dedicado à investigação de


problemas éticos relativos ao seres não-humanos, ou à natureza. Ou seja, na filosofia
ambiental, a ética ambiental é um campo estabelecido de filosofia prática “que reconstrói
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os tipos essenciais de argumentação que podem ser feitos para proteger as entidades
naturais e o uso sustentável dos recursos naturais”.

A ética ambiental consiste em teoria e prática sobre preocupação apropriada com valores e deveres
em relação ao mundo natural (Holmes. 2007. p. 2). Segundo explicações clássicas, a ética diz
respeito a pessoas relacionando-se com pessoas em justiça e amor. A ética ambiental parte de
preocupações humanas com uma qualidade ambiental, e alguns pensam que isto molda a ética
como um todo. Outros sustentam que, alem das preocupações inter-humanas, os valores estão em
jogo quando os humanos se relacionam com animais, plantas, espécies e ecossistemas. Segundo
essa visão, os humanos devem julgar a natureza as vezes considerável moralmente nela mesma, e
isto orienta a ética para novas direções.

Contudo, a conceituação de ética ambiental está em parte contida naquela referente à bioética,
entendida em seu sentido amplo ou global e referido aos actos humanos que têm efeitos
irreversíveis significativos sobre a biosfera. Entretanto, sua delimitação é, actualmente, mais
complexa e problemática

A ética ambiental faz parte do conjunto da ética aplicada pelo facto de ser a aplicação de princípios
retirados da ética normativa para resolver problemas éticos quotidianos, e neste caso, no ambiente.
Ela procura resolver problemas práticos de acordo com princípios da ética normativa.

SILITO RAMOS A. PILOTO

5 Os princípios da ética ambiental e caminhos para uma teoria da ética ambiental


Tomando por iniciativa as ideias dos teóricos, Izolani & Brandão & Machado (2020. p. 72):

a Ética Ambiental pode ser considerada como aquela que advém da necessidade de
reexaminarmos nossos valores e princípios em razão dos problemas ambientais e à
necessidade de compreendermos as razões que definem a relação do homem com a
natureza. Não basta um despertar da consciência individual, necessitamos uma redefinição
do quadro ético. A ética ambiental como um “conjunto de princípios que asseguram que
nenhum grupo de pessoas, sejam grupos étnicos, raciais ou de classe, suporte

Dito isso, cabe destacar que a identificação de princípios visa a legitimar o Direito Ambiental
como um ramo autônomo, eis que se trata de ciência nova e que deve estar amparada no art. 225
da Carta Magna, que traz princípios diretores (Fiorillo, 2009), podendo ser elencados uma
variedade de princípios ambientais conforme o autor que se adote.

Nesse sentido, para Machado (2008) e para Antunes (2015), os princípios ambientais se dividem
em oito, concordando em três nomenclaturas, quais sejam a o do poluidor-pagador, o da
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precaução e o da prevenção. Os demais princípios que Machado (2008) prescreve são: direito à
sadia qualidade de vida; acesso equitativo aos recursos naturais, usuário pagador;
informação e; participação. Ao seu turno, os outros cinco princípios divergentes de Antunes
(2015) são: direito humano fundamental; democrático; equilíbrio; limite e; responsabilidade.

Milaré (2004, p. 86), por sua vez, aponta a existência de dez princípios, estando dentre eles os três
mencionados por Machado (2008) e Antunes (2015), mais o do ambiente ecologicamente
equilibrado como direito fundamental da pessoa humana; o da natureza pública da proteção
ambiental; o do controle do poluidor pelo poder público; o da consideração da variável
ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento; o da participação
comunitária; o da função socioambiental da propriedade; o do direito ao desenvolvimento
sustentável e, por fim; o da cooperação entre os povos.

Em que pese haver outras tantas nomenclaturas e autores que as fazem, a seguir serão estudados
alguns desses princípios ambientais existentes: o da dignidade da pessoa humana, o do
desenvolvimento sustentável, o do poluidor-pagador, o da prevenção, o da precaução, o da
participação e o da ubiquidade.

5.1 Princípio da dignidade da pessoa humana


O princípio da dignidade da pessoa humana é também chamado princípio-fundante da nossa Carta
Magna, isto significa que ele norteia todas as relações e interpretações sobre normas, valores e
ações Humanas

Referido princípio encontra-se em constante construção e inclui o direito à liberdade, à saúde, ao


meio ambiente equilibrado e sadio, conforme preconiza o Princípio Primeiro da Declaração de
Estocolmo de 1972:

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de


vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que permita levar uma vida digna,
gozar de bem-estar e é portador solene da obrigação de proteger e melhorar o meio
ambiente, para as gerações presentes e futuras (Izolani & Brandão & Machado, 2020.
p. 72).

Assim, todas as relações devem permear a dignidade, não havendo que se falar no respeito a esse
supraprincípio se o meio ambiente não estiver equilibrado, poluído, gerando desigualdades e
desrespeitando as multidimensões da sustentabilidade já previamente estudadas.

O meio ambiente sadio é um direito humano condicionante das atuais gerações, que busca garantir
a qualidade do meio ambiente e da vida através da utilização sustentável dos recursos naturais,
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para que sejamos livres de quaisquer formas de poluição e, assim, para que a qualidade de vida
também esteja disponível às futuras gerações. Referido princípio foi reconhecido na Conferência
Internacional Rio-92, estabelecendo a necessidade de atuação do Estado na garantia desse direito
e, hoje, encontra-se preconizado no art. 225 da Carta Magna.

5.2 Princípio do desenvolvimento sustentável


Com base nos autores (Izolani & Brandão & Machado, 2020. p. 74) princípio do desenvolvimento
sustentável encontra-se previsto no caput do art. 225 da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 e denota a necessidade da compatibilização entre o crescimento da economia e a
preservação do meio ambiente, respeitando as demais multidimensões da sustentabilidade,
conforme estudado previamente.

O caput do art. 225 prescreve que:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações
(Brasil, as cited in Izolani & Brandão & Machado, 2020. p. 75)

Contudo, insta ainda mencionar que não há respeito ao desenvolvimento sustentável se os recursos
naturais da Terra, inclusas parcelas representativas dos ecossistemas naturais, não forem
preservados em benefício das gerações actuais e futuras, mediante um cuidadoso planejamento ou
administração adequados (Moraes, 2004). A capacidade da Terra deve ser mantida e, sempre que
possível, restaurada ou melhorada, devendo o homem ser o principal garantidor de todos os vieses
da sustentabilidade.

Ademais, merecem igual respeito todas essas dimensões, cultural, social, ética, político-jurídica,
ambiental, pois elas formam o desenvolvimento sustentável, não podendo falar nele se faltar algum
viés, sendo dever de todos a busca na sua concretização.

5.3 Princípio do poluidor-pagador KELVEN JOSÉ LINDRE LISSA


Trata-se de princípio a estimular o caráter preventivo, buscando evitar o dano ambiental e, em não
sendo possível, deve haver a reparação, consolidando o caráter repressivo. Entretanto, não deve
ser distorcido em uma permissão para poluir mediante pagamento. Está previsto na Política
Nacional do Meio Ambiente, que tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
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É um instrumento que exige do poluidor suportar custos de eventuais medidas preventivas


a serem tomadas quando não houver a possibilidade de eliminar ou neutralizar os danos
ambientais e, portanto, suportar os custos necessários à prevenção e os custos de reparação
(Florillo, as cited in Izolani & Brandão & Machado, 2020. p. 76).

Outrossim, há sua previsão no §3º do referido art. 225 da Carta Magna, o qual menciona que “as
condutas e atividade consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados”. Este princípio encontra-se intrinsicamente ligado também à questão da
responsabilidade por dano ambiental.

5.4 Princípio da prevenção e da precaução


O princípio da prevenção e da precaução, estão inter-relacionados, considerando-se que ambos se
referem à avaliação de impactos ambientais decorrentes de ações humanas. A prevenção deve
ocorrer nas situações em que houver certeza da potencialidade da atividade poluidora, priorizando
medidas com o escopo de reduzir ou de eliminar os danos (Antunes, 2010. p. 33).

Assim, denota-se que o princípio da prevenção é aplicável aos casos cujos riscos são conhecidos
e previsíveis, exigindo a adoção de medidas a eliminar ou minimizar os danos, como nos casos de
atividades industriais que emitam gases do efeito estufa. É com base nesse princípio que os órgãos
públicos exigem licenciamentos ambientais e estudos prévios de impactos ambientais.

Já, com relação ao princípio da precaução, com articulação encontrada na Declaração da Rio-92,
em seu Princípio 15:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente
observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de
danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada
como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental.

Dessa forma, ele deve ser aplicado sempre que houver dúvida sobre a potencialidade do dano, pois
os riscos são desconhecidos e imprevisíveis, necessitando de uma interpretação mais restritiva
para a liberação das atividades poluidoras. Este princípio, prima pelo impedimento de atividades
lesivas ao meio ambiente.

5.5 Princípios da função social e ambiental da propriedade e o princípio da participação


A função social e ambiental, é também chamado socioambiental, Através da função
socioambiental, tem-se que a propriedade deve respeitar as multidimensões da sustentabilidade
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em prol da proteção do meio ambiente, buscando o desenvolvimento de atividades não poluidoras,


a utilização de recursos com fontes renováveis, não empregando trabalho desumano ou escravo,
promovendo condições de exercício de uma vida digna, seja a propriedade urbana ou rural.

Já a participação nas questões ambientais é imprescindível, devendo haver uma cooperação


entre Estado e sociedade na formulação de ações e planejamento de políticas ambientais,
tendo sido elencada como princípio de número 10 na Rio-92 (Conferência das Nações
unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento, as cited in Antunes, 2010. p. 35).

O princípio da participação é subdividido em duas vertentes, a informação e a conscientização


ambiental, fazendo com que o cidadão possa ter atuação ativa para efetivar a preservação
ambiental, tendo o direito de ser informado e educado para tanto. Tendo acesso às informações e
sendo educado ambientalmente, o princípio da participação pode ser concretizado, pois o cidadão
terá a possibilidade de construção de sua opinião que, por sua vez, embasará a participação
democrática, o que, inclusive, pode levar a alterações das decisões públicas.

5.6 Princípio da ubiquidade


Neste principio segundo Antunes (2010, p. 40), a proteção ao meio ambiente deve ser considerada
sempre que houver a criação ou o desenvolvimento de uma atividade, não havendo como se
proteger o meio ambiente sem a elaboração de leis, a execução de políticas públicas e a
colaboração de toda a sociedade. Por isso, o princípio da ubiquidade ou transversalidade evidencia
a preocupação com a proteção ambiental em termos amplos, agregando todas as atividades que se
pretenda desenvolver.

Outrossim, é princípio que deve ser levado em consideração quando uma política, legislação ou
atuação for realizada, eis que o objeto de proteção deve ser sempre o meio ambiente, que, a seu
turno, ocupa posição de centralidade no que tange aos direitos humanos.

ZUBIA DAÚDO A. ASSAMO

6 Perspectivas para a construção de uma ética ambiental


 Antropocentrismo;
 Biocentrismo;
 Ecocentrismo.

Estas perspetivas apresentam argumentos a favor da proteção do ambiente . Assumem perspetivas


diferentes sobre um mesmo objetivo.
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6.1 Antropocentrismo: “Penso, logo existo”


Segundo Milaré, Coimbra (2004, p. 4) este é um vocábulo híbrido de composição greco-latina,
aparecido na língua francesa em 19071:

- do grego: anthropos, o homem (como ser humano, como espécie);

- do latim: centrum, centricum, o centro, o cêntrico, o centrado.

Antropocentrismo é uma concepção genérica que, em síntese, faz do Homem o centro do


Universo, ou seja, a referência máxima e absoluta de valores (verdade, bem, destino último,
norma última e definitiva etc.), de modo que ao redor desse “centro” gravitem todos os
demais seres (Milaré, Coimbra, 2004, p. 4)

O antropocentrismo defende que devemos proteger a natureza porque os seres humanos têm valor
intrínseco e, por isso, as obrigações morais a respeito da natureza dependem dos nossos interesses.
Não temos obrigações morais diretas a respeito da natureza. Só a espécie humana é, nesta
perspetiva, objeto direto de consideração moral.

Segundo Coimbra e Milaré,

[..] a concepção figurada de que o homem posiciona-se no centro do universo, quedando


os demais seres vivos em sua órbita, em papel subalterno e instrumental (existindo apenas
para servir àquele) decorre das posições racionalistasfilosóficas e a contígua compreensão
de que a ratio, porquanto atributo exclusivo do homem, constituiria valor diferenciador e
determinante da finalidade das coisas (Milaré, as cited in Gordilho, Pimenta, Silva,
2016, p. 89)

“Penso, logo existo”. A célebre expressão afirmada por Descartes denota o papel diferenciador da
razão no posicionamento do homo sapiens no topo da escala hierárquica biológica.

Também acerca da razão, Hegel, em sua Introdução à história da filosofia , afirma que: “ a
faculdade de pensar é o que separa os homens dos brutos. Aceitamo-la como verdadeira. O que o
homem possui de mais nobre do que o animal, possui-o graças ao pensamento: tudo quanto é
humano, de qualquer forma que se manifeste, é-o na medida em que o pensamento age ou agiu.”

Ora, a natureza é posta como algo a serviço do homem, desprovida de valor intrínseco, detentora
apenas de valor instrumental. As plantas e os animais são vistos como ferramentas para a
consecução dos interesses dos seres humanos de forma que a proteção dos recursos naturais deve
ser realizada apenas como forma se salvaguarda dos interesses dos próprios seres humanos, para
gozo em momento futuro (ou por seus descendentes).
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Contudo, com base nessa pespectiva, suscientemente, os seres humanos são os seres mais
importantes. Todos os outros seres vivos são apenas acessórios que ajudariam à sua sobrevivência.
Agora, há mais duas divisões de antropocentrismo. São antropocentrismo fraco e
antropocentrismo forte.

Embora o antropocentrismo fraco acredite que os seres humanos são o centro porque só através
da sua perspectiva é que as situações ambientais podem ser interpretadas.

Antropocentrismo forte, no entanto, acredita que os seres humanos estão no centro porque
merecem legitimamente estar lá. Peter Vardy fez esta distinção.

6.2 Biocentrismo QUIZITO JOSÉ SOARES


O biocentrismo vai contra a ideia de que os seres humanos serem moralmente mais dignos de
consideração do que os outros seres vivos. Esta perspetiva foi elaborada e desenvolvida por Paul
Taylor.

É um termo que tem não só um valor ecológico mas também um valor político. É uma filosofia
que confere importância a todos os seres vivos. Em termos de ética ambiental, o biocentrismo é o
princípio que assegura o equilíbrio adequado da ecologia no planeta.

A ética biocêntrica contesta a ideia de que os seres humanos são moralmente mais dignos de
consideração do que as outras espécies que fazem parte da comunidade biótica da Terra. O centro
da moral deve ser a própria vida, o respeito ou reverência por ela e não o ser humano, que é apenas
mais um dos seres vivos. Daí se segue que a resolução de conflitos de interesses deve fazer-se em
função da importância dos interesses e não da importância dos seres implicados no conflito.

De facto, o biocentrismo nega qualquer graduação no que diz respeito à importância dos seres
vivos. Se os seres humanos não são os mais importantes, então também o não são os seres
sencientes ou os animais considerados superiores. Quando há conflito apenas importa calcular a
importância dos interesses em conflito.

6.3 Ecocentrismo
O Ecocentrismo defende uma perspetiva centrada na natureza entendida como comunidade global,
assim os seres humanos são simples partes do complicado sistema que é a Terra, em que todos os
componentes desse sistema têm valor intrínseco e merecem consideração moral por si mesmos,
sendo assim, os seres humanos têm deveres para com eles. O Homem deve se comportar
harmoniosamente com a natureza.

O ecocentrismo atribui mais importância à conservação dos ecossistemas do que os


indivíduos. A resolução de conflitos de interesses deve fazerse da importância do seu
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contributo para a preservação do equilíbrio do todo . A ideia de ecocentrismo teve origem


nos pensamentos de Aldo Leopold (Atunes, 2004, p. 78).

Portanto, diferentemente do antropocentrismo, o ecocentrismo busca uma nova ética, uma ética
da natureza, onde tentando superar o paradigma antropocêntrico atribui à natureza um valor
próprio. No ecocentrismo a natureza é um fim em si mesma.

O ecocentrismo pode ser encontrado sob perspectiva do fisiocentrismo (concede valor intrínseco
aos indivíduos naturais, na maior parte também colectividades naturais como biótipos,
ecossistemas, paisagens) e biocentrismo (onde o enfoque está apenas nos seres com vida, sejam
individuais e colectivos), ecocentrismo personalista (considera a relação entre homem e natureza
como uma relação de colaboração, simbiótica, de cooperação).

Todas estas vertentes consideram que a natureza tem valor intrínseco: a protecção à natureza
acontece em função dela mesma e não somente em razão do homem. Tendo a natureza valor em
si a sua protecção muitas vezes se realizará contra o próprio homem. Os ecocentristas buscam
justificar a protecção à natureza afirmando que dado à naturalidade um valor em si, a natureza é
passível de valoração própria, independente de interesses económicos, estéticos ou científicos.

Nesta ética do meio ambiente as demais formas de vida apresentam um valor intrínseco e um
significado próprio já que a natureza precede o homem. São expressões da criação, da vida, da
natureza ou de Deus, conforme a crença de cada um. Ademais, nem tudo o que existe foi criado
para a utilidade imediata do homem; há outros fins, outras razões criadoras que escapam à nossa
sensibilidade aos nossos cálculos

7 Desenvolvimento ambiental para Liberdade CECÍLIO JOAQUIM


7.1 O que significa o desenvolvimento ambiental?
É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e
propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação
ambiental.

Segundo Magalhães (2011),

O desenvolvimento sustentável é um conceito que corresponde ao desenvolvimento


ambiental das sociedades, aliado aos desenvolvimentos econômico e social. Em outras
palavras, o desenvolvimento sustentável é aquele que assegura o crescimento econômico,
sem esgotar os recursos para o futuro.
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Magalhaes, acrescenta que o conceito clássico de desenvolvimento sustentável é:


“Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.

Ainda na visão de Magalhães, o desenvolvimento sustentável tem como princípios:


Desenvolvimento econômico; Desenvolvimento social e Conservação ambiental. Para isso, são
priorizadas ações em prol de uma sociedade mais justa, igualitária, consciente, de modo a trazer
benefícios para todos. Ao mesmo tempo, deve-se reconhecer que os recursos naturais são finitos.

BELARMINA DA ELISA JAMAL

7.2 Os Objetivos de Desenvolvimento ambiental /sustentável em Moçambique


Em 2015, foram definidos os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). Eles deverão
orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional até 2030. Os Objetivos
de Desenvolvimento ambiental são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o
meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz
e de prosperidade.

Mocambique, participou das negociações para a definição dos objetivos do desenvolvimento


sustentável. Após a definição dos ODS, o país criou a Agenda Pós-2015, para articular e orientar
as atividades a serem desenvolvidas.

Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão a contribuir a fim de que possamos
atingir a Agenda 2030 em Moçambique: 1 - Erradicar a pobreza; 2 - Erradicar a fome; 3 - Saúde
de qualidade; 4 - Educação de qualidade; 5 - Igualdade de gênero; 6 - Água potável e saneamento;
7 - Energias renováveis e acessíveis; 8 - Trabalho digno e crescimento econômico; 9 - Indústrias,
10 - inovação e infraestruturas; 11 - Redução das desigualdades; 12 - Cidades e comunidades
sustentáveis; 13 - Consumo e produção responsáveis; 14 - Ação contra a mudança global do clima;
15 - Vida na água; 16 - Vida terrestre; 16 - Paz, justiça e instituições eficazes; 17 - Parcerias e
meios de implementação.
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8 Conclusão
Apos a compilação de todo material necessário para a materialização do presente trabalho de ética
ambiental, partindo de uma visão conceitual, podemos constatar que a ética é o estudo dos juízos
de apreciação referentes à conduta humana. Implica no entendimento do que deve ser socialmente
correto e justo para a geração presente e sustentável, no longo prazo. No plano ambiental, a ética
deve ser entendida como um pressuposto fundamental do comportamento humano, sob o qual as
decisões de gestão dos recursos naturais devem visar ao consumo presente, sem prejuízo para as
gerações futuras. Já no plano econômico, admite-se que as implicações de dado fluxo de custos e
benefícios das atividades produtivas devam ser avaliadas com base em ganhos e perdas reais no
período presente, em relação ao tempo futuro.
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9 Bibliografia
Antunes. P. B. (2010) Direito Ambiental. 12ª Ed. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro. Retrieved
from: https://www.academia.edu/31875426/Direito_Ambiental_Paulo_de_Bessa_Antunes (pdf).
Acesso em 4 de Nov de 2023.

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