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Alima Pilale Juma

Ética e Deontologia Profissional


Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado i
2023
1

Alima Pilale Juma

Ética e Deontologia Profissional

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado no departamento de ciências
naturais matemática e estatística, no Curso
de ensino de biologia com habilitações em
gestão de laboratorial cadeira: Temas
Transversais IV, recomendado pelo,
Docente: Brigida Maria Correia

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023 ii

Índice
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Introdução........................................................................................................................................3

1. Ética..........................................................................................................................................4

1.1. A ética de I. Kant..................................................................................................................4

1.1.1. a priori kantiano................................................................................................................5

1.1.2. A máxima subjectiva e a máxima moral...........................................................................7

1.2. Diferença entre ética e deontologia......................................................................................8

2. Conceito de deontologia e deontologia profissional................................................................9

2.1. Deontologia...........................................................................................................................9

2.2. Deontologia Profissional....................................................................................................10

2.3. Elementos e critérios do código deontológico....................................................................11

2.4. Diferença entre deontologia e deontologia profissional.....................................................12

3. Conceito de profissão e trabalho e sua diferença...................................................................12

4. O valor da profissão...............................................................................................................14

5. Relação entre profissão, especialização, cultura e o ambiente social contemporâneo...........15

Conclusão......................................................................................................................................16

Bibliografia....................................................................................................................................17
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Introdução

O presente trabalho da disciplina de temas transversais tem como tema, ética e deontologia
profissional,  a deontologia Profissional é uma condição da ética adaptada especialmente para
desempenhar o exercício de uma profissão, visando o dever de agir correctamente.  Objectivo da
deontologia é reger os comportamentos dos membros de uma profissão para alcançar a
excelência no trabalho, tendo em vista o reconhecimento pelos pares, garantir a confiança do
público e proteger a reputação da profissão, pois como e sabido, toda instituição para o seu bom
funcionamento se torna necessário o estabelecimento de regras, tal conjunto de regras formam o
que se designa por código deontológico que permite dar o valor a profissão.

Objectivos

Objectivo geral:

 Conhecer a ética e deontologia profissional


Objectivos específicos:

 Diferenciar a ética da deontologia;


 Descrever o valor da profissão;
 Caracterizar os códigos deontológicos e a ética das máximas de Kant.

Metodologia e estrutura do trabalho

Para elaboração do presente trabalho, fez-se o uso de meios cibernéticos, manuais de formato
físico e electrónicos (PDF) como livros, periódicos, artigos entre outros de modo a dar a
sustentabilidade e carácter científico ao trabalho, em que todas as obras e fontes consultadas
estão devidamente citadas ao longo do trabalho e apresentadas nas referências bibliográficas
usando como base as normas APA’s 6a Edição.

Quanto a estrutura do trabalho este apresenta-se da seguinte forma: Introdução, que espelha o
teor do trabalho e os objectivos; Desenvolvimento a visão geral do trabalho e conclusão que são
visões gerais e culmina com as referencias bibliográficas. Os autores citados no trabalho estão de
forma fiel postos na Referência Bibliográfica.
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1. Ética
Do ponto de vista etimológico, ética deriva da palavra “ethos” que significa “costumes”. Mais
tarde, este conceito veio também integrar as noções de bem, mal, certo e errado (Marques, 2008).

Para Dórey da Cunha (1996), ética pode definir-se como “articulação racional do bem”, estando
sempre relacionada com uma determinada cultura. A ética pressupõe que exista uma ligação com
as ciências que estudam as relações e comportamentos dos seres humanos em sociedade –
psicologia, antropologia, sociologia.

A ética pode ser considerada como a ciência ou filosofia da acção humana, ciência
categoricamente normativa dos actos humanos, segundo a luz natural da razão. Mais do que um
conjunto fixo de regras, a ética é um esforço permanente, levado a cabo em circunstâncias
particulares, na procura das melhores soluções para problemas.

Assim, a palavra ética pode utilizar-se em sentidos distintos. Por um lado, pode referir-se à
ordem moral, entendida como a totalidade do dever moral. Por outro lado, pode ainda ser
entendida no sentido de estrutura fundamental das ideias morais ou éticas, que são reconhecidas
por uma pessoa ou por um grupo. Por último, entende-se ainda no sentido de conduta moral
efectiva.

1.1. A ética de I. Kant.


Os estudos e investigações de Immanuel Kant marcaram o pensamento filosófico ocidental, pois
o colocou em uma posição na qual ele pode dialogar com todos os conhecimentos da razão
humana. Sua estrutura moral é totalmente voltada para a razão, distanciando-se, assim, da
religião, que até então era detentora das diretrizes do comportamento moral.

Segundo Leclergc, a moral kantiana está profundamente ligada ao espírito que seria o ponto de
origem dessa moral, pois Kant busca mostrar sua moral na categoria a priori. Kant entende que o
princípio moral já deve estar dentro do indivíduo, em sua consciência, de forma a existir antes
das experiências. Para fundar esta moral ele recorre à razão, diferentemente dos demais
estudiosos da moral, que até então buscavam na metafísica ou na ideia de felicidade.

Kant anuncia seu propósito com a Fundamentação da Metafísica dos Costumes, logo no Prefácio
da obra, quando afirma que ele pretende se ocupar do princípio supremo da moralidade. Kant
5

declara que a ética possui uma parte pura e uma parte empírica. A parte pura, à qual se dedica a
Fundamentação, incide sobre os princípios a priori da moralidade. A parte empírica da ética
seria a Antropologia, em que a última é subordinada à primeira.

A análise do princípio supremo da moralidade permite identificar tanto o critério da correção


moral da ação, quanto a motivação adequada para realiza-la.

Já na Crítica da Razão Prática, Kant se ocupará em investigar se a razão pura pode ser
efetivamente prática – se ela tem o poder de determinar a escolha, assim como o faz uma razão
empiricamente condicionada, fazendo diferença na realidade concreta – e em saber qual seria a
natureza da razão pura prática. Ou seja, da razão pura aplicada não aos objetos do conhecimento
– como na crítica da razão pura especulativa –, mas à vontade como poder de escolher e causar
ações. No âmbito do uso prático da razão, portanto, a análise crítica se ocupa dos princípios
determinantes da vontade, que é a faculdade de causar um certo efeito na realidade com base em
uma representação da razão prática.

1.1.1. a priori kantiano.


Kant afirma que para que uma acção tenha um conteúdo moral, é necessário que ela atenda a
dois critérios que são precisamente os critérios do a priori prático. (DIAS:17).

Em primeiro lugar, é necessário que ela siga uma regra puramente formal, essa regra funciona
como uma espécie de molde que se impõe sobre os conteúdos materiais da acção, conferindo-
lhes seu carácter moral.

Em segundo lugar, é necessário que ela seja motivada unicamente pelo conhecimento e pelo
respeito que todos os seres racionais deveriam ter por essa forma de universalidade da acção.

A priori, para Kant, designa aquilo que não depende dos conteúdos materiais aos quais temos
acesso através da intuição sensível. O a priori não é determinado nem é derivado a partir das
informações que nos chegam através dos sentidos. Ele é anterior e independente destes
conteúdos. (DIAS:17).

No que diz respeito à ética, os conteúdos sensíveis acima referidos são os bens e os propósitos –
ou os conteúdos da acção e o que se espera obter através da ação executada – que seriam
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desejados pelo agente. Kant afirma que bens e propósitos estabelecem uma relação causal com o
agente sendo capazes de gerar nestes estados de prazer ou de desprazer. Se um agente é movido a
realizar uma determinada acção pelo desejo de obter prazer, a ação executada por este agente é
uma acção determinada por conteúdos sensíveis e, portanto, essa ação não possui caráter moral.

Qualquer acção que tenha por base desejos de conteúdos naturais, não poderia ser considerada,
de acordo com Kant, uma acção moralmente correcta no sentido estrito.

Na perspectiva de Kant, influenciada pelo cientificismo naturalista de sua época, aquilo que
proporciona prazer a um determinado agente, não necessariamente proporciona prazer a outro
agente. Deste modo, a ética, ao seguir estes princípios hedonistas, seria inevitavelmente
relativista. Para Kant, o relativismo na ética diz respeito ao fato da vontade se deixar determinar
causalmente pelas mesmas leis que governam o mundo natural

 Para Kant, portanto, na esfera das ações humanas, a única regra que pode ser considerada
universalmente válida é uma regra que abstraia dos conteúdos variadamente desejados e
prescreva a forma da universalidade como molde ao qual esses conteúdos devem
necessariamente se subordinar.

 Na esfera do conhecimento teórico dos objetos da experiência, as regras a priori da razão


precisam sempre ser complementadas por conteúdos dados na intuição, como diz Kant na
Crítica da Razão Pura: “pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos
são cegas” (KANT, KrV, BA 75).

 Na esfera das ações, ao contrário, a forma a priori não precisa ser complementada por
conteúdos (que, no caso, seriam conteúdos intuídos como prazerosos), ela tem autonomia
em relação a esses conteúdos e deve ser capaz de motivar os sujeitos por si mesma. Este é
o sentido do a priori formal na ética kantiana.

Como Kant afirma no Prefácio da Crítica da Razão Prática:

Mas nada pior poderia suceder a esses esforços do que se alguém fizesse a descoberta inopinada
de que não há nem pode haver em parte alguma um conhecimento a priori. Esse perigo, todavia,
inexiste. Seria como se alguém quisesse provar pela razão que não há razão alguma. Pois apenas
dizemos que conhecemos algo pela razão se estamos conscientes de que também teríamos
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podido conhece-lo, mesmo que não nos tivesse ocorrido assim na experiência; por conseguinte
conhecimento da razão e conhecimento a priori são o mesmo (KANT, KprV, BA 23-24).

A passagem acima ilustra a tese de que o a priori é independente de conteúdos materiais e,


Portanto, universal e necessário, porque ele trata de um conhecimento puramente racional.

1.1.2. A máxima subjectiva e a máxima moral.


Quando um sujeito age ele põe por si mesmo e para si mesmo uma máxima. A máxima, segundo
Kant, é o princípio subjectivo da ação. É uma regra de conduta que o sujeito põe para si e de fato
segue e pretende seguir. De um modo geral, elas possuem a forma: “para alcançar ou realizar X
(resultado desejado), fazer y”. Onde x é o conteúdo material desejado e y é o que pretendo fazer
para obter x.

Ao contrário da regularidade dos eventos naturais, a regularidade das ações não é simplesmente
dada, mas adoptada pelo sujeito. Nesse sentido, são ações livres, à medida que obedecem às
regras que o próprio sujeito estabelece.

Assim sendo, quando um sujeito é movido por um desejo natural, ele, como sujeito noumênico,
escolhe ser regido por este tipo de causalidade e, por isso mesmo, pode sempre escolher alterar
as regras ou princípios de sua acção. É nesse sentido que as máximas são regras de acção
livremente escolhidas pelo sujeito noumênico, ou pelo sujeito empírico enquanto sujeito
transcendentalmente livre. Ele é livre para escolher o que vai determinar a sua acção e pode
sempre mudar a sua escolha um número ilimitado de vezes ao longo da vida.

Algumas vezes, essas regras de ação subjetivas, ou máximas, são estabelecidas a partir de
motivações naturais, mais especificamente, a partir da busca da felicidade. Neste caso,
estabelecer para si mesmo máximas da ação significa estabelecer a maneira mais racional de
perseguir a felicidade.

A toda acção, portanto, corresponde um princípio subjectivo, segundo Schönecker e Wood, que
escreveram um comentário sobre a Fundamentação da Metafísica dos costumes. Contudo, seria
erróneo pensar que aquele que age segundo uma máxima precisa de fato estar ciente dessa
máxima em toda e qualquer acção; e isso certamente não é assim: que a máxima fundamental
precisaria ter uma formulação clara e eternamente imutável. Pessoas podem agir segundo
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princípios (regras) sem estar cientes dessas regras no ato (na realização da ação), também sem
que tenham alguma vez aprendido essas regras (SCHÖNECKER e WOOD, 2014, p. 97).

Ainda que as máximas encerrem os princípios subjetivos das ações, elas podem obedecer a certas
regras objectivamente válidas, que Kant denomina imperativos. Estes são de dois tipos:
imperativos hipotéticos e imperativos categóricos. Os imperativos são princípios racionais
objetivos, são regras de ação que a razão reconhece e apresenta ‘independentemente da
inclinação’. Tais regras valem ‘objetivamente, isto é, em virtude de razões e são válidas para
todo ser racional’. Um princípio objetivo é, portanto, objetivo pelo fato de que ‘vale’ ou pode
valer ‘para todo mundo’. Portanto, Kant separa estes ‘fundamentos da razão’ objectivos dos
‘motivos (meramente) subjetivos’ (SCHÖNECKER e WOOD, 2014, p. 95).

Desse modo, tanto os imperativos hipotéticos quanto os imperativos categóricos possuem


objetividade, à medida que são válidos para todos os seres racionais.

1.2. Diferença entre ética e deontologia


Do ponto de vista etimológico, o termo deontologia deriva do grego “deonta” (dever) e “logos”
(razão). Este conceito foi introduzido por Jeremy Bentham em 1834 (Baptista, 2011), tendo hoje
do seu lado a expressão “Ética Profissional”. Estas duas são um “código de princípios e deveres
(com os correspondentes direitos) que se impõem a uma profissão e que ela se impõe a si
própria, inspirada nos seus valores fundamentais” (Reis Monteiro, 2005, p. 24). Sublinha ainda
que estes valores não podem ser distintos dos valores da sociedade em que determinada profissão
se insere, nem dos valores universais.

Os conceitos de ética profissional e deontologia são muitas vezes utilizados indiferentemente


quando se reporta à teoria dos deveres profissionais. Estrela (2010) apresenta uma distinção para
as duas expressões, dizendo que a deontologia se pode considerar como uma ética aplicada às
situações profissionais, enquanto a ética tem um carácter mais geral, distinguindo-se pela
“anterioridade lógica [assim] como pela extensão desta em relação à deontologia, visto que está
presente nos mínimos aspectos do acto educativo (…)” (pp. 69-70).
9

Actualmente, a deontologia refere-se ao conjunto normativo de imposições que deve nortear uma
actividade profissional, de modo a obter um tratamento constante e justo a tantos quantos
recorrem a esse bem ou serviço.

2. Conceito de deontologia e deontologia profissional


2.1. Deontologia

Segundo Llpovestky (2004, p. 58) a deontologia deriva do grego deon ou deontos/logos e


significa o estudo dos deveres. Emerge da necessidade de um grupo profissional de auto-regular,
mas a sua aplicação traduz-se em heteroregulação, uma vez que os membros do grupo devem
cumprir as regras estabelecidas num código e fiscalizadas por uma instância superior (ordem
profissional, associação, etc.).

A deontologia é uma palavra de raiz grega composta de dois vocábulos: “Deon” ou “Deontos”
que significa “o que fazer” e “Logos” que significa “tratado” traduzindo-se assim como a
“Ciência dos Tratados”.

Criada pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, Deontologia significa a ciência do dever e da


obrigação. A palavra também tem a intenção de comunicar sobre o ramo da ética. Trata-se de
uma teoria sobre as escolhas dos indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear
o que realmente deve ser feito. Por esse motivo, é conhecida como “A Teoria do Dever”.  (Dias,
2004). Poderá então, definir-se que:

“O objecto da Deontologia consiste em ensinar o homem a dirigir os seus


afectos, de maneira a que eles sejam o mais possível subordinados ao
bem-estar. Cada homem tem as suas penas e os seus prazeres, que lhe são
próprios, e com os quais o resto dos homens não tem qualquer relação; há,
também, os prazeres e as penas que dependem das relações com os outros
homens, e os ensinamentos do Deontologista têm por objectivo aprender,
num como noutro caso, a dar ao prazer uma direcção tal que lhe permita
ser produtivo para outros tipo de prazer; e a dar uma tal direcção à pena
que a torne, na medida do possível, uma fonte de prazer ou, pelo menos,
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que ela seja o menos pesada possível, suportável e, assim, tão transitória
quanto possível.” (Bentham [1834] apud Dias, 2004, pg.167).

 O objectivo da deontologia é reger os comportamentos dos membros de uma profissão para


alcançar a excelência no trabalho, tendo em vista o reconhecimento pelos pares, garantir a
confiança do público e proteger a reputação da profissão. Trata-se, em concreto, do estudo do
conjunto dos deveres profissionais estabelecidos num código específico que, muitas vezes,
propõe sanções para os infractores. Melhor dizendo, é um conjunto de deveres, princípios e
normas reguladoras dos comportamentos exigíveis aos profissionais, ainda que nem sempre
estejam codificados numa regulamentação jurídica. Isto porque alguns conjuntos de normas não
têm uma função normativa (presente nos códigos deontológicos), mas apenas reguladora (como,
por exemplo, as declarações de princípios e os enunciados de valores).

2.2. Deontologia Profissional

A Deontologia Profissional é uma condição da ética adaptada especialmente para desempenhar


o exercício de uma profissão, visando o dever de agir correctamente.  Isaac acrescenta que a
deontologia pode ainda ser definida como, “…um conjunto de regras de que uma profissão ou
parte dela, se dota através de uma organização profissional, que se torna a instância de
elaboração, de prática, de vigilância e de aplicação destas regras.” ([1996] apud Mercier, 1994,
pg.6).

Estas regras traduzem-se actualmente através de Códigos Deontológicos (os mais óbvios
representantes da sistematização e formalização das mesmas), sendo que tentam constituir o
cerne das características de uma comunidade profissional que se identifica com as suas regras e
adere às mesmas, incluindo as restrições subjacentes. A necessidade de um C.D. advém de
algumas características inerentes à evolução do homem e da sociedade.

O primeiro Código Deontológico foi proposto por Thomas Percival em 1794 em forma de
panfleto e direccionado para a área da Medicina. Este surge numa época em que a ética
normativa era praticamente inexistente imperando conceitos como a virtude, a honra e o carácter
(Baker, 1999).
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Ainda assim e mesmo que os indivíduos lutassem ferozmente para manter um nível perfeito de
“cavalheirismo” e honra, dificilmente este conduzia à identidade profissional e/ou à
caracterização/definição de uma profissão.

Neste sentido, a deontologia é uma disciplina da ética especialmente adaptada ao exercício de


uma profissão. Em regra, os códigos de deontologia têm por base grandes declarações universais
e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o às particularidades de
cada profissão e de cada país. As regras deontológicas são adoptadas por organizações
profissionais, que assume a função de "legisladora" das normas e garante da sua aplicação. Os
códigos de ética são dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que é frequente os
termos ética e deontologia serem utilizados como sinónimos, tendo apenas origem etimológica
distinta. Muitas vezes utiliza-se mesmo a expressão anglosaxónica professional ethics para
designar a deontologia

 A dimensão deontológica vai reflectir acerca:


 Do código – que corresponderá ao conjunto de regras que assumem a característica de lei
em determinado contexto e domínio.
 Das regras – que corresponde à “…prescrição que se impõe a qualquer um em
determinado caso.”
 Das normas – que corresponde ao princípio ao qual se refere todo o juízo de valor
estipuladas no primeiro (Mercier, 1999).

2.3. Elementos e critérios do código deontológico


Ainda, hoje o uso dos C.D. persiste, já que os seus elementos se revelaram fundamentais para a
estrutura de determinado grupo profissional. Estes elementos referem-se a:

 Substituir a autoridade pela responsabilidade.


 Estabelecer um acordo quanto a standards comuns clarificando valores profissionais.
 Minimizar os desvios pessoais na actuação profissional.
 Fornecer um modelo de conduta que assegura a independência do trabalhador em relação
à entidade empregadora em nome do serviço prestado a outros (Baker, 1999; Mercier,
1999).
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Para Mercier (1999) em cada C.D. existe uma dimensão axiológica – reflexão sobre os valores –
e uma dimensão deontológica – reflexão sobre as regras e forma de adesão às mesmas. Assim,
um C.D. vai, numa primeira instância, reflectir sobre o que é considerado como “bom” segundo
os critérios de determinado grupo profissional – os valores – sendo que estes podem ser:

 Constitutivos – antecedem a formação de uma estrutura social, sendo universais e


expressando a finalidade da organização.
 Comportamentais – apreciam a conduta dos agentes face aos fins a atingir e servem de
avaliação entre o bem e o mal nas acções dos agentes.

MacDonald (s.d.) e Baeyner (s.d.) acrescentam que um Código pode ainda ter diferentes
objectivos, entre os quais: inspirar, guiar e/ou estabelecer limites e regras. Porém, antes de tudo
sugerem que há que avaliar se a real necessidade é mesmo a da construção/implementação de um
Código.

2.4. Diferença entre deontologia e deontologia profissional

Deontologia é o estudo dos princípios éticos e morais que orientam o comportamento humano
em diferentes áreas da vida. Já a deontologia profissional é um ramo da deontologia que se
concentra nos princípios éticos e morais que orientam o comportamento profissional de uma
determinada profissão. Em outras palavras, a deontologia profissional é um conjunto de regras e
princípios que os profissionais devem seguir em seu trabalho para garantir que suas acções sejam
éticas e moralmente correctas.

3. Conceito de profissão e trabalho e sua diferença

Falar de profissão e de trabalho são dois termos relacionados que muitas vezes tem sido
confundido e empregue um no lugar do outro pois, poucos sabem qual a real diferença entre
estes dois termos.

Cabral (s.d.) sugere o seguinte: “O termo «profissão» no português moderno abrange toda e
qualquer actividade, identificando ocupações não remuneradas, locais de trabalho, ramos de
serviço e sectores de organização político-económica.”. Sendo que, toda a profissão se reveste de
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uma dimensão social, de utilidade comunitária, que suplanta a concreta dimensão individual ou o
mero interesse particular. Acrescenta-se ainda que:

“…considera-se como profissão de um indivíduo, o ofício ou a


modalidade de trabalho, remunerado ou não, a que corresponde um
determinado título ou designação profissional, constituído por um
conjunto de tarefas que concorrem para a mesma finalidade e que
pressupõem conhecimentos semelhantes, que este efectua ou efectuava, se
se tratar de um desempregado à procura de novo emprego.” (Glossário
Estatístico, s.d.)

Wilenky ([1970] apud Ponte, 1999) associa ainda o conceito de profissão ao processo de
profissionalização, que, para este autor, implica as seguintes etapas: o trabalho torna-se ocupação
a tempo integral; criam-se escolas de ensino/aprendizagem da profissão; cria-se uma Associação
Profissional;

O conceito de trabalho pode ser entendido de diversas maneiras, mas em geral se refere a
actividades realizadas por pessoas para produzir algo de valor económico ou social. O autor que
mais se destaca ao abordar o conceito de trabalho é Karl Marx, que o enxergava como uma
actividade alienante em que o trabalhador não tem controlo sobre o que produz e é explorado
pelo proprietário dos meios de produção. Segundo Marx (1996, p. 297), o conceito de trabalho se
apresenta como a relação Homem-natureza, em que suas acções têm impacto directo no meio,
transformando-o e sendo transformado ao mesmo tempo, como uma relação dialéctica, de troca.
Isso se estende também para a relação com o outro.

Outros autores, como Max Weber, enfatizam a importância do trabalho na formação da


identidade social e na busca de realização pessoal. Em resumo, o conceito de trabalho é um tema
complexo e multifacetado que tem sido discutido por várias correntes teóricas ao longo da
história.

O próprio conceito de trabalho dignifica o homem como cidadão livre e responsável pelas suas
acções, usufruindo de direitos e deveres em sociedade. Basta relembrar o direito ao trabalho nos
artigos 23º e 25º14 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e um direito igualmente
estipulado na Constituição da República Portuguesa nos artigos 47º e 58º15 .
14

Trabalho: é uma actividade, feita por uma pessoa ou por uma equipa, seja ela remunerada ou
não. Um trabalho pode ser de escola, voluntário, doméstico… ou seja, não está relacionado
directamente com a profissão. Sendo assim, a principal diferença entre profissão e trabalho é que
uma profissão é uma actividade na qual uma pessoa adquiriu habilidades e conhecimentos
técnicos específicos, geralmente adquiridos por meio de educação formal ou formação
profissional. Enquanto o trabalho pode se referir a qualquer actividade que uma pessoa faça para
ganhar dinheiro ou realizar uma tarefa específica, mesmo que não tenha a formação ou
habilidades específicas associadas a uma profissão. Então, basicamente, uma profissão é uma
carreira que requer educação especializada, enquanto o trabalho é uma actividade que pode ser
realizada por qualquer pessoa.

4. O valor da profissão

A profissão, como prática de um trabalho, oferece uma relação entre a necessidade e utilidade e
exige uma conduta específica para o sucesso de todas as partes envolvidas – quer sejam o
indivíduo directamente ligado ao trabalho quer sejam os grupos, maiores ou menores, onde tal
relação se insere. Quem pratica a profissão dela se beneficia, assim como a pessoa que utiliza os
serviços também desfruta de tal utilidade.

De acordo com Lima (2004):

Cada cultura, seja de âmbito nacional ou não, produz um significado ao


trabalho e as profissões, atribuindo sobre cada uma um valor social e
moral. Para considerar e entender o valor dado as profissões, é preciso
compreender aspectos culturais, económicos, políticos, ambientais e os
recursos disponíveis (mão de obra qualificada ou não, recursos naturais,
financeiros, entre outros), para assim entender o significado e o status que
é dado às profissões existente nesses contextos. (p. 155)

Uma profissão pode enobrecer pela acção correcta e competente, mas também pode se
desmoralizar, através de uma conduta inconveniente, com a quebra dos princípios éticos. Assim
sendo, todas as profissões têm um grande valor na sociedade e são fundamentais para o seu
funcionamento. Cada profissão, seja ela qual for, contribui de alguma forma para o bem-estar e
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desenvolvimento da comunidade. Profissionais de saúde, engenheiros, professores, advogados,


artistas, entre outros, todos são importantes e têm um papel fundamental na sociedade.

Seligmann-Silva (2011) afirmam que ‘‘o valor profissional deve acompanhar de um valor ético
para que exista uma conduta também qualificada, pois quando só existe a competência técnica e
científica e não existe uma conduta ética, a tendência é que no campo de trabalho, possa abalar-
se em profissões que lidam com maiores riscos’’. (p. 162).

Além disso, cada profissão possui suas próprias características e desafios, e muitas vezes exige
um alto nível de especialização e conhecimento técnico. É por isso que a escolha profissional é
uma das mais importantes na vida de uma pessoa. A valorização da profissão vai além do
reconhecimento financeiro ou social. Ter prazer e satisfação em sua actividade profissional e
contribuir positivamente para a sociedade são aspectos que também devem ser considerados ao
avaliar o valor de uma profissão.

5. Relação entre profissão, especialização, cultura e o ambiente social contemporâneo

A relação entre profissão, especialização, cultura e o ambiente social contemporâneo é


extremamente importante. As profissões são uma parte fundamental da nossa sociedade e cada
uma delas tem sua própria especialização. A cultura também desempenha um papel importante,
já que influencia as escolhas de carreira das pessoas e a forma como elas se identificam com suas
profissões. Além disso, o ambiente social contemporâneo, com suas mudanças tecnológicas e
globais, também tem um impacto significativo na forma como as pessoas escolhem suas
profissões e se especializam nelas.  
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Conclusão

Após a investigação feita chegou-se a conclusão que a deontologia é uma teoria sobre as
escolhas dos indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear o que realmente
deve ser feito, por esse motivo, é conhecida como “A Teoria do Dever”. Quando esta teoria é
voltada a uma profissão recebe o nome de deontologia profissional e o objectivo da deontologia
é reger os comportamentos dos membros de uma profissão para alcançar a excelência no
trabalho, tendo em vista o reconhecimento pelos pares, garantir a confiança do público e proteger
a reputação da profissão. O valor profissional deve acompanhar de um valor ético para que exista
uma conduta também qualificada, pois quando só existe a competência técnica e científica e não
existe uma conduta ética, a tendência é que no campo de trabalho, possa abalar-se em profissões
que lidam com maiores riscos. A relação entre profissão, especialização, cultura e o ambiente
social contemporâneo é extremamente importante. As profissões são uma parte fundamental da
nossa sociedade e cada uma delas tem sua própria especialização. A cultura também desempenha
um papel importante, já que influencia as escolhas de carreira das pessoas e a forma como elas se
identificam com suas profissões. Além disso, o ambiente social contemporâneo, com suas
mudanças tecnológicas e globais, também tem um impacto significativo na forma como as
pessoas escolhem suas profissões e se especializam nelas.  
17

Bibliografia

Baptista, I. (2011). Ética, Deontologia e Avaliação do Desempenho Docente. Coleção Cadernos


do CCAP – 3. Lisboa: Ministério da Educação.

Campos, Daniel Corrêia (2016). Actuando em psicologia do trabalho, psicologia Organizacional


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