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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIENCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES

CONTABILIDADE E FINANCAS

LABORAL, 4o ANO

GRUPO: IV

TRABALHO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

TEMA: Deontologia Profissional

Beira

2023
Discente:

Ângela Rita Joaquim

Érica Laura Pinto

Letícia Walter Lúcio Jamal Januário

Maria Luísa de Jesus Moty Leonardo

Sheilla da Conceição Frederico

TEMA: Deontologia Profissional

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado no Departamento de ciências
económicas, na cadeira de Ética e
Deontologia Profissional, com a orientação
do Docente: Prof. Doutor Pedrito Cambrão

Beira
2023
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 1

1.1. Contextualização.................................................................................................................. 1

1.2. Objectivos ............................................................................................................................ 2

1.2.1. Geral ................................................................................................................................. 2

1.2.2. Específico ......................................................................................................................... 2

1.3. Metodologia ......................................................................................................................... 2

2. Referencial Teórico ............................................................................................................ 3

2.1. Deontologia...................................................................................................................... 3

2.2. Ética Aplicada .................................................................................................................. 3

2.2.1. Ética Profissional: definição e historicidade............................................................. 3

2.2.2. Deontologia Profissional .......................................................................................... 4

2.2.2.1. Na área da profissão............................................................................................... 4

2.2.2.2. Na área da ordem profissional ............................................................................... 5

2.2.2.3. Na área dos clientes, usuários profissionais .......................................................... 5

2.3. Importância da ética Profissional..................................................................................... 5

2.4. Valores profissionais ....................................................................................................... 6

2.5. Códigos de Ética .............................................................................................................. 9

2.5.1. Tipos de Códigos de Ética ........................................................................................ 9

2.5.1.1. Códigos Formais .................................................................................................... 9

2.5.1.2. Códigos de Profissões Cognatas .......................................................................... 10

2.6. Deontologia Profissional em Moçambique ................................................................... 10

2.6.1. No âmbito da Saúde ................................................................................................ 11

2.6.2. No âmbito da Educação .......................................................................................... 11

3. Conclusão ..................................................................................................................... 12

4. Referência Bibliográfica ............................................................................................... 13


1. Introdução
1.1. Contextualização
De forma introdutória, o grupo irá abordar sobre a deontologia profissional que é um conjunto
de princípios éticos e padrões de conduta que fundamentam a prática responsável e ética em
várias áreas profissionais. Ela emerge da interseção entre a ética aplicada e a ética profissional,
estabelecendo diretrizes específicas para a conduta dos profissionais.

A ética aplicada se refere à aplicação de princípios éticos em contextos específicos, como a


medicina, a advocacia ou a engenharia, moldando as interações e decisões dentro dessas
profissões. Ela se baseia em conceitos éticos gerais, adaptando-os para atender às demandas e
desafios específicos de cada campo profissional.

A deontologia profissional, por sua vez, decorre desse contexto, sendo a vertente prática da
ética profissional. Originada da filosofia e da ética clássica, sua evolução ao longo da história
se ajustou às necessidades contemporâneas, adaptando-se às mudanças sociais, culturais e
tecnológicas.

Os valores profissionais e os códigos de ética e deontologia são pilares fundamentais nesse


contexto. Eles estabelecem os princípios morais e os padrões de comportamento esperados dos
profissionais, guiando sua conduta, tomada de decisões e interações com colegas, pacientes e
comunidade.

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1.2. Objectivos

1.2.1. Geral
 Compreender os conceitos sobre a deontologia profissional.

1.2.2. Específico
 Definir a ética profissional em torno da ética aplicada;
 Abordar de forma criteriosa sobre a deontologia profissional, a sua origem e seus
conceitos;
 Explicar de forma separada valores profissionais e códigos de ética;
 Fazer uma análise sobre a deontologia profissional em Moçambique, olhando na área
da saúde e educação.

1.3. Metodologia
Segundo Libâneo (1992), considera métodos como ʺmeios, técnicas e normas adequadas para
se chegar a um determinado objectivoʺ, ao passo que Nérice (1989), considera que ʺmétodo é
um procedimento geral baseado na utilização de recursos, caminhos e técnicas para se alcançar
os objectivos previamente definidosʺ.

Nestes, foram usados os seguintes procedimentos metodológicos:


 Consultas bibliográficas – Com este método, foram feitas algumas consultas de obras
científicas que abordam acerca do tema, com o fim de tomar o assunto mais explícito,
isto é, toda a fundamentação teórica que retracta sobre o tema. Neste contexto o autor
recorreu a consulta de várias obras como ilustra a bibliografia com o objectivo de
encontrar procedimentos necessários para a elaboração do presente trabalho.

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2. Referencial Teórico
2.1. Deontologia
A Deontologia provém do Grego (Deon), que significa “Dever, Obrigação”. Na filosofia moral
contemporânea, é uma das teorias normativas, segundo a qual as escolhas são moralmente
necessárias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre as teorias morais que orientam
nossas escolhas sobre o que deve ser feito. Portanto, a deontologia é entendida como a parte da
filosofia que trata dos princípios, fundamentos e sistemas da moral. (Cuinica, 2018)

O termo Deontologia, foi introduzido em 1834, por Jeremy Bentham, para referir-se ao ramo
da ética. O primeiro código Deontológico foi destinado á área médica, tendo sido elaborado nos
Estados Unidos, em meados dos sécs. XX. (Cuinica, 2018)

2.2. Ética Aplicada


O grupo de ética aplicada inclui: ética profissional, ética econômica e ética empresarial,
bioética, ética tecnológica, ética midiática, etc.

A ética aplicada de acordo com Dylus (1997), trata da formação de atitudes morais usando o
método casuístico ("caseética"). A casuística (estudos de caso) também tem suas limitações,
por isso deve ser acompanhada de uma sólida reflexão teórica. Portanto, faremos uma
abordagem da ética aplicada em torno da ética profissional.

2.2.1. Ética Profissional: definição e historicidade


Para começar, é imprescindível deixar claro o significado da profissão. Uma profissão é uma
vocação social que garante uma vocação que lhe proporciona os meios para ganhar a vida.

Segundo Camargo (apud Ponchirolli, 2010), “Ética Profissional é a aplicação da ética em geral
no campo das actividades profissionais; a pessoa tem que estar envolvida de certos princípios
ou valores próprios do ser humano para vivê-los na suas actividades de trabalho ”.

Ao indivíduo que tem ética profissional, cumpre com todas as actividades de sua profissão,
seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho. No entanto,
há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis a qualquer actividade
profissional, tais princípios se destacam segundo Cuinica (2018):
 A honestidade;
 A responsabilidade;

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 A competência e outros...

2.2.2. Deontologia Profissional


O conceito deontologia provém do grego doem, defuntos, dever e lotos - tratado, ciência. No
entanto o vocábulo entrou em uso quando Bentham deu a sua Science of morality de 1834, o
título de deontology. Para Bentham (1834) citado em Mamade (2017), deontologia era a sua
doutrina utilitarista dos deveres. Depois, o conceito de Deontologia foi usado especialmente
para designar as doutrinas sobre determinadas classes de deveres, relativos a profissões ou
situações sociais.

A deontologia é a aplicação dos princípios gerais da ética a uma realidade específica. A ética é
uma só. No entanto, por questões didácticas ela pode ser dividida em ética geral e aplicada. A
deontologia é uma ética aplicada. Por isso podemos encontrar uma deontologia para médicos,
economistas, psicólogos, agrónomos, gestores. (Mamade, 2017)

A deontologia profissional refere se ao conjunto de princípios e regras de conduta, os deveres


inerentes a uma determinada profissão. Assim sendo, cada profissional está sujeito a uma
deontologia própria a regular o exercício de sua profissão, conforme o código de ética da sua
categoria. Neste caso pode entender se deontologia como sendo o conjunto codificado das
obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício da sua profissão.
(Cuinica, 2018)

São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não exactamente a
qualidade moral, mas a correção de suas intenções e acções, em relação a direitos, deveres ou
princípios, nas relações entre profissão e a sociedade. (Cuinica, 2018)

De acordo com Hitt (1990), cada profissão tem uma deontologia que deve ter o seguinte
esquema básico de conduta profissional:

2.2.2.1. Na área da profissão


A deontologia prevê como norma fundamental, nomeadamente zelar pela competência e
honestidade pelo bom nome ou reputação da profissão, na busca honesta comprometida pelo
bem da sociedade, através dos meios que essa profissão proporciona.

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2.2.2.2. Na área da ordem profissional
Na relação com os seus pares e colegas da profissão deve-se criar um culto de lealdade e
solidariedade profissional evitando críticas levianas, competição e concorrência desleal; de toda
e qualquer acção dos colegas e sem nunca ferir a verdade, a justiça, ou a moral. Assim, as
máfias, pactos de silêncio e sociedades secretas não são necessários para o exercício
profissional.

2.2.2.3. Na área dos clientes, usuários profissionais


Esta área diz respeito aos que são usuários dos serviços profissionais. Nela encontramos 3 (três)
normas fundamentais:

 Execução íntegra do serviço conforme o combinado com o usuário: sempre que o


pedido seja moralmente lícito no plano objectivo e não vá contra o bem comum ou
de terceiros ou do próprio solicitante, o profissional deve esclarecer o cliente,
mostrando as inconveniências existentes e os procedimentos para melhor execução.
Posteriormente pode deixar o cliente decidir e assumir toda a responsabilidade pelas
consequências, excepto se houver prejuízos ao bem comum ou a terceiros;
 A remuneração justa: o valor cobrado a um cliente deve ser idêntico ao cobrado a
todos os clientes. Contundo, nada impede que se prestem serviços a menor preço ou
mesmo gratuitamente, em casos de necessidade financeira do usuário;
 O Sigilo Profissional: o que se vem a conhecer do íntimo e pessoal no exercício da
profissão faz parte do segredo confiado e só se pode usar para melhor prestação de
serviços e não para outros fins. Exceptuam-se situações graves e urgentes, de perigo
para o cliente, para si, para terceiros ou para o bem comum. A título de exemplo, as
informações prestadas durante uma consulta a um médico, a um advogado ou a um
psicólogo têm um carácter confidencial.

2.3. Importância da ética Profissional


A Ética Profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com o seu cliente, utente,
paciente ou usuário, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto
sociocultural onde exerce sua profissão. Sendo a ética inerente à vida humana, a sua importância
é bastante evidenciada na vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades
individuais e sociais que envolvem pessoas que dela se beneficiam. (Mamade, 2017)

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Na sociedade actual, lamentavelmente, o sucesso económico passou a ser a medida de todas as
coisas. Apenas a riqueza e o poder contam e separam os vencedores dos vencidos. As pessoas
tendem a ser materialistas e individualistas e, por isso, menos responsáveis e solidárias. (Kotler,
1997)

Neste contexto, muitos gestores de empresas ingenuamente, pensam que para a ética ocorrer
dentro de uma empresa, basta distribuir folhetos contendo um código que todos magicamente
seguirão. Para exercê-la no contexto empresarial, mais do que palavras, é necessária acção.
Pensar em ética é pensar de forma, antes de tudo, reflexiva. É não se sentar em cima de respostas
prontas. Para viver eticamente em qualquer ambiente é preciso primeiro mergulhar dentro de si
mesmo, assumir as escolhas e lutar por um mundo melhor. Acreditar que a felicidade é possível,
já que esse é o objectivo maior da ética. (Mamade, 2017)

É do interesse das empresas agir sempre de maneira ética. Todos os melhores funcionários e
fornecedores, tenderão a preferir as empresas com melhores princípios éticos. E os clientes que
têm critério, que sabem escolher, dificilmente serão leais a um produto de menor qualidade, ou
a um serviço que seja pouco eficiente. A ética está directamente relacionada com valores
morais, com o bem e o mal, o que é certo ou errado. Entretanto, de acordo com Nash (1993)
existem muitas razões para a recente promoção da ética no pensamento empresarial. Os
administradores percebem os altos custos impostos pelos escândalos nas empresas: multas
pesadas, quebra da rotina normal, baixo moral dos empregados, aumento da rotatividade,
dificuldades de recrutamento, fraude interna e perda de confiança pública na reputação da
empresa. (Mamade, 2017)

2.4. Valores profissionais


Wong (2011), mencionou que os valores profissionais desempenham um papel fundamental na
manutenção da viabilidade de uma profissão. Isso destaca a importância dos valores
profissionais para uma profissão. Explicar os valores profissionais fundamentais permite que
os profissionais transmitam suas contribuições sociais ao público e conceitualizem seu trabalho.

Grunig (2000), afirmou que os valores profissionais em relações públicas podem ser
considerados o centro da tomada de decisão ética. A ética das relações públicas inclui a
aplicação dos valores profissionais e pessoais dos indivíduos, além dos valores do público e dos
clientes ou organizações.

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Específico para relações públicas, Parsons (2008) definiu valores em termos de cinco pilares da
ética da seguinte forma:
 Beneficência ou fazer bem;

 Confidencialidade ou para respeitar a privacidade;

 Não maleficência ou não causar dano;

 Justiça ser justo e socialmente responsável; e

 Veracidade ou para dizer a verdade.

De acordo com Velasquez (1998), a ética envolve os seguintes valores:


 Honestidade: é a conduta que obriga ao respeito e à lealdade para com o bem de
terceiros. Um profissional comprometido com a ética não se deixa corromper em
nenhum ambiente, ainda que seja obrigado a viver e conviver com ele. A honestidade
deve ser praticada também na competição, isto é, todas as promoções de vendas devem
seguir os princípios de honestidade na competição, baseando-se pelo respeito aos
concorrentes, consoante naturalmente aceito no mundo dos negócios e em respeito à
Lei;

 Coragem: ajuda a reagir às críticas, quando injustas, e a defender se dignamente quando


está consciente de seu dever. Ajuda a não ter medo de defender a verdade e a justiça,
principalmente quando estas forem de real interesse para outrem ou para o bem comum.
Significa ainda ousar tomar decisões indispensáveis e importantes, para a eficiência do
trabalho, sem levar em conta a opinião da maioria;

 Humildade: a humildade dá ao profissional a possibilidade de crescer. Só assim o


profissional consegue ouvir o que os outros têm a dizer e reconhecer que o sucesso
individual é resultado do trabalho da equipa. O profissional precisa de ser humilde para
admitir que não é dono da verdade e que o bom senso e a inteligência são propriedades
de um grande número de pessoas. Portanto, representa a auto-análise que todo o
profissional deve praticar em função de sua actividade profissional, a fim de reconhecer
melhor as suas limitações. Trata-se de buscar a colaboração de outros profissionais mais
capazes, se tiver esta necessidade e dispor-se a aprender, numa busca constante de
aperfeiçoamento;

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 A honestidade: está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a
responsabilidade perante o bem de terceiros e a manutenção de seus direitos. É muito
fácil cair na falta de honestidade quando existe a fascinação pelos lucros rápidos,
privilégios e benefícios fáceis, ou pelo enriquecimento ilícito em cargos que outorgam
autoridade. Portanto, a honestidade é a primeira virtude no campo profissional. É um
princípio que não admite relatividade, tolerância;
 Sigilo: é a completa reserva quanto a tudo o que se sabe e que lhe é revelado ou o que
veio a saber por força da execução do trabalho; O respeito pela vida das pessoas, dos
negócios ou das empresas deve ser desenvolvido na formação nos profissionais, pois
trata-se de algo muito importante. Uma informação sigilosa é algo que nos é confiado e
cuja preservação de silêncio é obrigatória. Revelar detalhes ou mesmo frívolas
ocorrências dos locais de trabalhos, em geral, nada interessa a terceiros. Por outro lado,
existe o agravante de que planos e projectos de uma empresa ainda não colocados em
prática possam ser copiados e colocados no mercado pela concorrência, antes que a
empresa tenha tido oportunidade de lançá-los. Por outro lado, documentos, registos
contáveis, planos de marketing, pesquisas científicas, hábitos pessoais, entre outros,
devem ser mantidos em sigilo e a sua revelação pode representar sérios problemas para
a empresa ou para os clientes do profissional;

 Integridade: é agir dentro dos seus princípios éticos, seja em momentos de instabilidade
financeira, seja na hora de apresentar óptimas soluções;

 Tolerância e Flexibilidade: Um óptimo profissional é aquele que ouve as pessoas e


avalia as situações sem preconceitos;

 Legalidade: todos os lucros devem estar de acordo com a lei. Estes princípios são
estabelecidos para complementar os controles legais e não para substituí-los;

 Interesses do Consumidor: Todas as acções do Marketing Promocional devem ser


honestas, respeitando a integridade do consumidor, e devem ser vistas como tal.
Nenhuma pessoa engajada na promoção deve abusar da boa-fé do consumidor ou
explorar as técnicas, meios e instrumentos promocionais em seu detrimento;

 Prudência: Todo o trabalho, para ser executando, exige muita segurança. A prudência
faz com que o profissional analise situações complexas e difíceis com mais facilidade e
de forma mais profunda e minuciosa, o que contribui para a maior segurança,

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principalmente das decisões. A prudência é indispensável principalmente nos casos de
decisões sérias e graves, pois evita os julgamentos apressados e as lutas ou discussões
inúteis;

 Sinceridade: a essência da sinceridade é que as coisas devem ser o que pretendem ser e
não serem escondidas. Este princípio deve ser honrado, mas não necessariamente em
todo o particular, a atitude “eu sei o que é melhor”, implica sérios perigos. O conselho
é ser sincero e honesto, a menos que haja uma razão muito forte para não o fazer. A
sinceridade está ligada à privacidade, a que todos os códigos fazem menção,
precisamente porque toda a pessoa tem direito à privacidade pessoal, salvo em
circunstâncias especiais (por exemplo, quando o cliente solicita a divulgação ou quando
imposto por Lei);

 Perseverança: É uma qualidade difícil de encontrar, mas necessária, pois todo o trabalho
está sujeito a incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados,
prosseguindo o profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas.

2.5. Códigos de Ética


Arruda at.al (2000), dizem que código de ética profissional é um conjunto de princípios que
encoraja ou proíbe certas condutas profissionais. Os códigos de ética são prescrições normativas
que justificam certos objectivos e padrões de comportamento. Todas as profissões têm
princípios éticos acerca do meio apropriado para os profissionais se comportarem em relação
ao público e a cada colega.

2.5.1. Tipos de Códigos de Ética


Os códigos de ética apresentam diversas características a destacar: um código deve ser formal,
de qualidade fixa, de limitação espacial, de limitação temporal e códigos de profissões cognatas.
(Mamade, 2017)

2.5.1.1. Códigos Formais


Usam-se códigos formais para se captar e codificar a experiência. Estes fazem uma declaração
de princípios que se destinam a servir de linhas de orientação para acções éticas (Marcier, 2003).

Os códigos de ética têm de ser de qualidade fixa. De nada valeria dispor de uma série de códigos
de penitência variável. Imaginem uma organização de profissionais (ex: gestores, psicólogos
com diversas divisões). Seria bastante inadequado que uma das divisões fosse orientada por um

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conjunto de regras, enquanto uma outra aplicasse um conjunto diferente e menos restrita de
normas éticas. Tal prática equivaleria a uma utilização cínica da ética como expediente.
Contudo temos de reconhecer que os princípios que afectam a psicologia clínica não são
relevantes para a psicologia organizacional (Arruda et. al, 2000).

Nestes casos, há princípios prevalentes e princípios de orientação subordinados exclusivamente


a determinadas profissões. O que é perfeitamente aceitável. Não é aceitável a noção de normas
artificiais. O comportamento ético destina-se ao longo curso. Portanto, o recém chegado à
prática privada não sobreviverá à margem de um código de ética. Planear ou gerir uma prática
exige uma consideração da ética, tanto quanto exige a consideração dum planeamento
financeiro (Arruda et.al, 2000).

Entretanto, os códigos formais podem ser:


 Leis;
 Estatutos;
 Regulamentos formais. (Mamade, 2017)

O código encoraja ou proíbe certas condutas profissionais. O código é uma garantia de


explicação dos preceitos éticos. Por isso, não se pode infringir um código que não existe.
(Mamade, 2017)

2.5.1.2. Códigos de Profissões Cognatas


(Profissões do mesmo ramo, ou seja, profissões de áreas comuns, como por exemplo: médicos,
enfermeiros, psicólogos, psiquiatras). Também temos Códigos de Profissões Cognatas: há
profissões que trabalham estreitamente com diversos ramos da economia.

2.6. Deontologia Profissional em Moçambique


Na tentativa de esgotar o tópico referente a deontologia profissional em Moçambique é
necessário ser especifico, isto é, falar da deontologia profissional no âmbito da saúde e
educação particularmente. Visto que a deontologia profissional segundo Mercier (2003, p:6), é
um conjunto de regras éticas pelas quais um determinado profissional deve pautar o seu
comportamento. A deontologia profissional de uma determinada profissão inclui, assim, as
regras éticas e jurídicas no caso dos profissionais existe uma preocupação do legislador um
regulamento destes profissionais através da lei.

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2.6.1. No âmbito da Saúde
Segundo o Código Deontológico dos Médicos Moçambicanos (artigo 1), a Deontologia Médica
é o conjunto de regras de natureza ética que, com carácter de permanência e a necessária
adequação histórica na sua formação, o Médico deve observar e em que se inspira no exercício
da sua actividade profissional. (Moisés, Mac-Artur, Muianga, & Siúta, 2018)

2.6.2. No âmbito da Educação


As sociedades democráticas do século XXI elegem a educação como prioridade civilizacional
e num sentido que transcende largamente a esfera de responsabilidade dos sistemas escolares e
dos professores, conforme surge evidenciado no Relatório para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI (Delors, 1996).

Alonso (2008) fala da deontologia profissional como sendo os deveres e as obrigações do


profissional, aquilo que é preciso exigir de todo profissional no desempenho das suas funções.
O normal é que essas formas tenham sido regidas, compiladas em um código escrito e aprovado
pelo colectivo profissional. Nota-se aqui que o professor no contexto moçambicano deve
obedecer ao plasmado no Estatuto do Professor conjugado com o Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes do Estado.

Para Monteiro (2004) a deontologia é cada vez mais crucial para distinção profissional dos
professores, por duas razoes: primeiro porque é um atributo maior do prestigio social de uma
profissão e em segundo porque a função docente não tem uma tradição deontológica.

Por exemplo na formação dos professores, a disciplina de Ética e Deontologia Profissional


como tal é posta de lado, ou seja, não consta no currículo de formação. Mas na saúde, ela é
primordial e privilegiada pelo facto de lidar-se com vidas humanas e que certas enfermidades
fazem parte da privacidade e sigilo profissional da suade para com paciente. Ademais, o sigilo
profissional dos profissionais da saúde é a base fundamental da reputação do seu carácter.

Enfim, a questão deontologia reveste-se de particular complexidade para profissionais de


educação, suscitando resistência e dificuldades. Assim, os códigos de deontologia profissional
enunciam os princípios ou valores fundamentais vinculativos da profissão.

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3. Conclusão
Findando o trabalho, é importante concluir que, a deontologia profissional é a espinha dorsal
que sustenta a integridade e a ética nas diversas áreas de actuação, incluindo a saúde e educação,
e desempenha um papel crucial na garantia de práticas éticas e responsáveis por parte dos
profissionais. A ética aplicada e a ética profissional abrangem os princípios morais e os padrões
de conduta que orientam o comportamento dentro de um campo específico, moldando a
interação entre profissionais, pacientes e a sociedade em geral.

A deontologia profissional, por sua vez, deriva da ética aplicada e se concentra nos deveres e
obrigações específicos dos profissionais em suas respectivas áreas, delineando os valores
fundamentais que devem nortear suas práticas e interações. A origem histórica da deontologia
remonta aos filósofos e pensadores clássicos, mas sua aplicação em contextos profissionais
modernos evoluiu ao longo do tempo, adaptando-se às necessidades e desafios contemporâneos.

Os valores profissionais e os códigos de ética e deontologia servem como diretrizes, definindo


o comportamento ético esperado e os padrões de conduta a serem seguidos pelos profissionais.
Esses códigos não apenas estabelecem princípios morais, mas também orientam as decisões e
ações cotidianas, promovendo a qualidade do serviço, a confiança do público e o respeito mútuo
entre profissionais e pacientes.

Em Moçambique, a deontologia profissional na área da saúde é regulada por códigos e


regulamentos específicos estabelecidos pelo Conselho de Saúde, que enfatizam princípios
éticos universais, como respeito pelo paciente, beneficência, autonomia do paciente, integridade
profissional e responsabilidade. Esses princípios são adaptados para se alinhar com a cultura,
os valores e as necessidades do contexto moçambicano, garantindo a prática ética e o respeito
aos pacientes e à comunidade.

Em síntese, a deontologia profissional é essencial para manter a integridade e a confiança nas


práticas profissionais, orientando o comportamento ético dos profissionais de saúde e
assegurando a prestação de serviços de qualidade e respeitosos aos pacientes, contribuindo para
o avanço e o bem-estar da sociedade.

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4. Referência Bibliográfica
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 Alonso, Augusto Hortal. Ética das Profissões. São Paulo: Edições Layola, 2008.
 Arruda, M ta al. (2007). Fundamentos de Ética Empresarial e Económica. 3ªed São
Paulo: Editora Atlas.
 Cuinica, S. (24 de Outubro de 2018). Ética, Educação e Antropologia, Fazer Relação,
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 Delors, J. (Coord.) (1996). Educação: Um Tesouro a Descobrir. Relatório para a
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 Dylus A. (1997),Możliwości e granice kazuistycznej etyki biznesu[Possibilidades e
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 Libâneo, José Carlos, (1992.) Didáctica. 3 Edição, Cortes Editora, São Paulo.
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 Monteiro, A. Reis. Para uma Deontologia Pedagógica. Lisboa, Faculdade de Ciências
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 Parsons, PJ (2008).Ética nas relações públicas: um guia para melhores práticas(2eed.).
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 Ponchirolli, Osmar. Ética e responsabilidade social empresarial. Curitiba: Juruá, 2010.
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 Nerice, Imideo G, Didáctica – Uma Introdução, 2a edição, Atlas editora, São Paulo,
1989.
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