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Estima-se que mais de 240 milhões de pessoas falem português, o que faz da nossa a quinta língua mais falada
no mundo e a terceira no Ocidente. Ainda assim, o português ostentava (ou ostenta) o título de ser o único idioma no
mundo a ter duas ortografias oficiais, a do Brasil e a de Portugal.
Ocorre que, do ponto de vista das relações internacionais, a dupla grafia oficial implica flagrantes desvantagens
ao País, pois dificulta a afirmação do idioma no âmbito das Nações Unidas, bem como limita a possibilidade de
compartilhamento, entre países lusófonos, de conteúdos no plano cultural, comercial e político.
Com vistas a mudar essa realidade, um dos propósitos fundamentais do Acordo, como vimos, é congregar em
torno do mesmo sistema ortográfico, todos os Estados signatários (as chamadas partes), a saber: Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Ressalte-se que as partes, na formulação do Acordo, mesmo buscando o consenso entre as ortografias brasileira
e portuguesa, optaram, em alguns casos, por manter duas redações oficiais.
MÓDULO II
MUDANÇAS TRAZIDAS PELO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
UNIDADE 1:
Com a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico, muitos podem pensar: “de que
valeu o esforço para entender por que ‘infraestrutura’ se escrevia com hífen e anti-imperialista,
sem ele?”
Entretanto, esteja a favor do acordo ou contrário a ele, ninguém está livre de uma
revisão ortográfica.
Pela fala expressamos a melodia da língua. É um processo quase intuitivo, que praticamos quando expiramos
com maior ou menor força.
Na escrita, utilizamos recursos gráficos para “ensinar” ao leitor a cantar essa melodia, ora apontando a sílaba
tônica, ora indicando se o som vocálico é aberto ou fechado com o uso dos sinais diacríticos. Por isso é que se diz que
a palavra “acento” encontra sua etimologia, ou seja, a origem da sua formação na expressão latina ad cantum (=para o
canto).
Sinal diacrítico é um signo gráfico que se associa a uma letra para lhe dar uma característica fonética diferente
daquela que a letra possui isoladamente. Exemplo clássico de sinal diacrítico é a cedilha, que diferencia a pronúncia do
< c > de ‘caco’ do < c > de ‘caço’ (do verbo ‘caçar’). Além dela, existem o acento agudo (‘lá’), o til (‘lã’), o acento
circunflexo (‘lâmpada’) e o acento grave (‘àquela’).
Então, se aplicamos acentos gráficos para “ajudar a cantar” a melodia da língua, quais as regras formuladas pelo Novo
Acordo Ortográfico no particular?
No que interessa aos brasileiros, a acentuação gráfica, que é tratada nas Bases VIII, IX, X e XI do Acordo, é o
tema em que se verifica o maior índice de alterações, se considerada a quantidade de palavras que tiveram a grafia
modificada.
Essas modificações têm sempre o objetivo de eliminar os acentos gráficos até então presentes nesses grupos de
palavras, e não de acrescentá-los.
1ª REGRA:
Elimina-se o acento agudo das palavras paroxítonas cuja sílaba tônica seja formada
pelos ditongos abertos < ei > e < oi >.
Atenção!
O acento PERMANECE:
1. Nas palavras oxítonas, mesmo que ocorram os ditongos abertos < ei > e < oi >, como em:
‘hotéis’, ‘heróis’, ‘papéis’, ‘troféu’, ‘troféus’;
2. Nas paroxítonas terminadas em < r >, como em: ‘blêizer’, ‘contêiner’, ‘destróier’, ‘gêiser’;
2ª REGRA:
Elimina-se o acento agudo de palavra paroxítona formada pelas vogais < i > e < u >
precedidas de ditongo.
O acento permanece nas palavras oxítonas onde o < i > ou o < u > estiverem em posição
final, após ditongo, mesmo que seguidos de < s >, como em: ‘tuiuiú’, ‘tuiuiús’, ‘Piauí’.
3ª REGRA:
2. Na vogal tônica fechada do hiato <oo> em palavras paroxítonas, seguidas ou não de < s >.
4ª REGRA:
Elimina-se o acento agudo na vogal < u > das formas verbais que contenham < qu > e
< gu > rizotônicos, ou seja, quando o < u > presente nessas sequências é tônico e faz parte
da raiz do verbo.
Na prática, além de perderem o trema quando o < u > é átono, verbos como ‘arguir’ e
‘redarguir’ e suas flexões não mais recebem o acento agudo, ainda que mantida a tonicidade
no < u >.
Atenção!
Quando no hiato < ui >a tonicidade recair sobre o < i >, este deve ser acentuado,
como no exemplo: “Eu arguí todas as testemunas do caso”. Ainda: ‘arguíste’, ‘arguímos’,
‘arguís’.
1. Nas formas rizotônicas, ou seja, quando a tonicidade recai sobre o radical (aquele
elemento que aparece em todas as formas flexionadas de verbos regulares), acentuam-se o <
a > e o < i > do radical.
Veja, por exemplo, a conjugação dos verbos ‘aguar’ e ‘averiguar’, em que a tonicidade
recai sobre os radicais < ag > de ‘aguar’ e < averig > de ‘averiguar’:
AGUAR AVERIGUAR
(eu) águo (que eu) águe (eu) averíguo (que eu)
averígue
(tu) águas (que tu) águes (tu) averíguas (que tu)
averígues
(ele) água (que ele) águe (ele) averígua (que ele)
averígue
(nós) aguamos (que nós) (nós) (que nós)
(*) aguemos averiguamos averiguemos
(vós) aguais (que vós) agueis (vós) averiguais (que vós)
averigueis
(eles) águam (que eles) (eles) (que eles)
águem averíguam averíguem
(*) Observe que, nas formas destacadas, a sílaba tônica recai fora do radical < ag > de ‘aguar’
e fora do radical < averig > de ‘averiguar’. Portanto, não são acentuadas. Veja o caso
seguinte.
AGUAR AVERIGUAR
(eu) aguo (que eu) ague (eu) averiguo (que eu)
averigue
(tu) aguas (que tu) agues (tu) averiguas (que tu)
averigues
(ele) agua (que ele) ague (ele) averigua (que ele)
averigue
(nós) aguamos (que nós) (nós) (que nós)
aguemos averiguamos averiguemos
(vós) aguais (que vós) (vós) averiguais (que vós)
agueis averigueis
(eles) aguam (que eles) (eles) (que eles)
aguem averiguam averiguem
Assim, se a tonicidade recair sobre o < u >, este não receberá acento gráfico, como nas
formas ‘enxague’, ‘oblique’; porém, se a tonicidade recair sobre as vogais < a > ou < i > da
sílaba anterior, estas, obrigatoriamente, receberão acento gráfico (‘enxágue’, ‘oblíque’).
Atenção!
No Brasil, a pronúncia mais corrente é a exposta no primeiro quadro, aquela com < a > e < i
> tônicos.
5ª REGRA:<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-
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Quando palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia, verifica-se o fenômeno da
homografia.
As palavras homógrafas podem também ser homófonas, ou seja, terem o mesmo som,
apresentarem os mesmos traços fonéticos. Para a Ortografia isso representava um
complicador, daí a criação de ACENTOS DIFERENCIAIS – agudo ou circunflexo –, a fim de que,
mesmo se tomadas isoladamente, fora de contexto, essas palavras contivessem “marcas” que
indicassem a qual campo semântico pertenciam.
Entretanto, com a entrada em vigor do Novo Acordo, a regra geral é no sentido de que
não mais se distinguem palavras homógrafas.
Como era antes Como deve ser agora
pára (verbo parar) / para para (verbo e preposição)
(preposição)
péla (verbo pelar) / pela pela (preposição, verbo e
(preposição) / péla (substantivo) substantivo)
pólo (substantivo) / pôlo polo (substantivos e preposição)
(substantivo) / polo (preposição
antiga)
pélo (verbo pelar) / pêlo pelo (verbo, substantivo e
(substantivo) / pelo (preposição) preposição)
pêro (substantivo) / pero pero (substantivo e conjunção
(conjunção antiga) antiga)
pêra (substantivo) / pera pera (substantivo e preposição
(preposição antiga) antiga)
- os verbos ‘ter’ e ‘vir’, bem como seus derivados (‘manter’, ‘deter’, ‘reter’, ‘conter’,
‘convir’, ‘intervir’, ‘advir’ etc.) para diferenciar as formas da 3ª pessoa no singular
(presente do indicativo) das formas da 3ª pessoa no plural (presente do indicativo).
6ª REGRA:
CASOS FACULTATIVOS
1) Algumas palavras oxítonas terminadas em < e > tônico admitem tanto o acento agudo
quanto o acento circunflexo.
É facultativo
bebê bebé
bidê bidé
canapê canapé
caratê caraté
crochê croché
guichê guiché
nenê nené
purê puré
rapê rapé
2) Torna-se facultativo o emprego do acento circunflexo nas palavras oxítonas ‘judô’ e ‘metrô’;
3) É facultado, para fins de diferenciação, o uso do acento agudo nas formas verbais
paroxítonas do pretérito perfeito do indicativo, na 1ª pessoa do plural, quando coincidirem
com a forma verbal correspondente do presente do indicativo.
QUADRO RESUMIDO
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
EXEMPLOS
REGRA NOVA Atenção!
Como era Como fica
Não se andróide, androide, O acento
acentuam mais estóico, geléia, estoico, geleia, permanece:
os ditongos heróico, idéia, heroico, ideia, 1) Nas palavras
abertos < ei > platéia plateia oxítonas,
e < oi > das mesmo que
palavras ocorram os
paroxítonas. ditongos abertos
< ei > e < oi >,
como em:
‘hotéis’, ‘heróis’,
‘papéis’, ‘troféu’,
‘troféus’;
QUADRO RESUMIDO
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
EXEMPLOS
REGRA NOVA Atenção!
Como era Como fica
2) Nas
paroxítonas
terminadas em
< r >, como
‘blêizer’,
‘contêiner’,
‘destróier’,
‘gêiser’;
3) Nos
monossílabos
tônicos: ‘dói’,
‘méis’, ‘réis’,
‘sóis’.
Não se baiúca bocaiúva, baiuca, O acento
acentuam mais cauíla, feiúra bocaiuva, cauila, permanece:
o<i>eo<u feiura 1) nas palavras
> tônicos oxítonas em que
quando vierem o<i>eo<u
depois de > aparecem em
ditongos em posição final,
palavras seguidos ou não
paroxítonas. de < s >, tal
como em ‘Piauí’
e ‘tuiuiús’;
2) nas
paroxítonas em
que o < i > e o
< u > não vêm
depois de
ditongo, como
acontece em
‘juíza’, ‘uísque’,
‘ruína’ e ‘saúva’.
Não se abençôo, crêem, abençoo, creem,
acentuam mais enjôo, lêem, enjoo, leem,
as palavras perdôo, vêem perdoo, veem
terminadas em
< eem > e <
oo >.
Não se acentua apazigúe, argúi, apazigue, argui,
mais o < u > averigúe, averigue,
tônico obliqúe oblique
precedido de <
g > ou < q >
na conjugação
de verbos como
arguir,
redarguir,
apaziguar,
obliquar e
averiguar.
QUADRO RESUMIDO
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
EXEMPLOS
REGRA NOVA Atenção!
Como era Como fica
Não se usa “Ela pára o “Ela para o Permanecem os
mais o acento carro”; carro”: seguintes
diferencial em: “Foi ao mercado “Foi ao mercado acentos:
‘pára/para’, comprar pêra”; comprar pera”; 1) o que
‘péla/pela’, “Viajaram ao “Viajaram ao diferencia ‘pode’
‘pêlo/pelo’, polo Norte”; (verbo ‘poder’,
pólo Norte”;
‘pólo/polo/pôlo’ “O cachorro 3ª pessoa do
“O cachorro
, ‘péra/pêra’. Presente do
estava com o estava com o
pelo macio”. Indicativo) de
pêlo macio”
‘pôde’ (verbo
‘poder’, 3ª
pessoa do
Pretérito Perfeito
do Indicativo);
2) o que
diferencia ‘por’
(preposição) de
‘pôr’ (verbo);
3) o que
diferencia o
singular do
plural na 3ª
pessoa do
Presente do
Indicativo dos
verbos ‘ter’ e
‘vir’ e seus
derivados, tais
como ‘manter’,
‘reter’, ‘deter’,
‘conter’, ‘convir’,
‘intervir’, ‘advir’
etc:
ele mantém/
eles mantêm;
ele detém/eles
detêm; ele
intervém/eles
intervêm.
MÓDULO II – UNIDADE 2
EMPREGO DO HÍFEN
O termo deriva do grego hýphen (juntos, juntamente). O vocábulo chegou ao português
pelo latim tardio hyphen, que, frise-se, manteve o < h > na grafia, muito embora essa letra já
não fosse pronunciada.
O hífen, como garante a sua origem, existe para unir e não para “separar”. Ainda
quando “separa”, para evitar a criação de uma sílaba indesejada e, assim, indicar uma melhor
pronúncia, como em ‘mal-humorado’, ‘pan-hospitalar’, ‘sub-reino’, a sua simples presença
preserva a “unidade semântica e sintagmática” do vocábulo, expressão usada no Novo Acordo
Ortográfico.
EMPREGA-SE O HÍFEN:
1) Nas palavras compostas que designam nomes de plantas e animais, estejam ou não ligados
por preposição ou qualquer outro elemento.
Observação: tendo em vista que, nesses casos, ora se utilizava o hífen, ora não, o Acordo
uniformizou a grafia.
2) O Acordo define que o hífen só será usado em palavras formadas por prefixos ou falsos
prefixos, como nos seguintes casos:
2.1 Quando o segundo elemento começa por < h >.
anti-higiênico pré-história
arqui-hipérbole extra-humano
contra-harmônico semi-hospitalar
circum-hospitalar geo-história
pan-helenismo sub-hepático
eletro-higrômetro neo-helênico
mini-hospital super-homem
Observação: Não se usa o hífen em formações que contenham os prefixos < des > e < in > e
nas quais o segundo elemento perdeu o < h > inicial: ‘desumano’, ‘desumidificar’, ‘inábil’,
‘inumano’ etc.
2.2 Quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo coincidir com a vogal inicial do segundo
elemento da composição.
anti-ibérico
micro-ondas
auto-observação
micro-organismo
contra-almirante
semi-intensivo
infra-axilar
supra-auricular
2.3 Nos compostos formados pelos prefixos ‘ex’, ‘sota’, ‘soto’, ‘vice’ e ‘vizo’.
2.4 Em palavras formadas pelos prefixos ‘circum’ ou ‘pan’ seguidos de palavras iniciadas em
vogal, < m > ou < n >.
circum-escolar pan-mágico
circum-navegação pan-africano
pan-americano
pan-negritude
2.5 Quando os prefixos ‘hiper’, ‘inter’ e ‘super’ formar compostos com palavras iniciadas por <
r >.
3) Para ligar duas ou mais palavras que formam encadeamentos vocabulares do tipo:
- divisas: ‘Liberdade-Igualdade-Fraternidade’;
- trajetos e percursos: ‘ponte Rio-Niterói’, ‘trecho São Paulo-
Santos’;
- em que se opõem relações e noções: ‘professor-aluno’, ‘ensino-
aprendizagem
4) Nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas
adjetivas, como < açu >, < guaçu > e < mirim >, e quando a vogal final do primeiro elemento
é acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:
amoré-guaçu
anajá-mirim
andá-açu
capim-açu
Ceará-mirim
tamanduá-mirim
5) Nos compostos formados com os advérbios ‘bem’ e ‘mal’ quando estes formam, com o
elemento que se segue, uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por
vogal ou < h >.
bem-aventurado mal-afortunado
bem-estar mal-estar
bem-humorado mal-humorado
bem-criado
bem-ditoso
bem-falante
bem-mandado
bem-nascido
bem-soante
Observações:
- Em muitos compostos, o advérbio ‘bem’ aparece aglutinado com o segundo elemento, quer
este tenha ou não vida à parte: ‘benfazejo’, ‘benfeito’, ‘benfeitor’, ‘benquerença’ etc.
- No entanto, o advérbio ‘bem’, ao contrário de ‘mal’, pode não se aglutinar com palavras
iniciadas por consoante.
1) Nos compostos formados por prefixo ou falso prefixo terminado em vogal em combinação
com palavra iniciada por < r > ou < s >, que, nesses casos, são dobrados.
2) Nos compostos, quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo é diferente da vogal
inicial da palavra com a qual se combinam.
pé de moleque
pé de vento
pai de todos
dia a dia
fim de semana
cor de vinho
ponto e vírgula
camisa de força
cara de pau
olho de sogra.
Observação: Incluem-se nesse caso os compostos que formam uma oração, como: ‘maria vai
com as outras’, ‘leva e traz’, ‘diz que diz que’, ‘deus me livre’, ‘deus nos acuda’, ‘cor de burro
quando foge’, ‘bicho de sete cabeças’, ‘faz de conta’.
5) Nas formações com o prefixo < co > este se une diretamente ao segundo elemento, mesmo
quando este se inicia por < o > ou < h >.
coobrigação
coedição
coeducar
cofundador
coabitação
coerdeiro
corréu
corresponsável
coocorrência.
6) Nos vocábulos formados pelos < pre > e < re >, mesmo diante de palavras começadas por
< e >.
preexistente
preelaborar
reescrever
reedição.
Observação: Como o acento do prefixo < pré > é praticamente imperceptível em algumas
palavras, como ‘predeterminado’ e ‘preexistente’, na dúvida é sempre bom consultar o
dicionário.
Observação: O Acordo Ortográfico aboliu o hífen das formas em que a palavra ‘não’ tem valor
prefixal: ‘não agressão’, ‘não engajado’, ‘não fumante’, ‘não violência’, ‘não participação’, ‘não
governamental’ etc.
Exemplos:
Ou
USA-SE O HÍFEN:
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
Com os prefixos < circum- > circum-navegação,
e < pan- >, quando o pan-africano;
segundo elemento começa
por vogal, < h >, < m > ou
< n >.
Com os prefixos < hiper- >, hiper-realista e
< inter- > e < super- >, super-resistente
quando o segundo elemento
começa por < r >.
Quando o prefixo terminar micro-ondas, anti-
com a mesma letra com que inflacionário, sub-
se inicia a outra palavra. bibliotecário, inter-
regional, infra-axilar
Nas palavras compostas que guarda-chuva, arco- Não se usa o hífen em certas palavras
não apresentam elementos íris, boa-fé, que perderam a noção de composição,
de ligação. segunda-feira, como ‘girassol’, ‘madressilva’,
mesa-redonda, ‘mandachuva’, ‘pontapé’,
vaga-lume, joão- ‘paraquedas’, ‘paraquedista’,
ninguém, porta- ‘paraquedismo’.
malas, porta-
bandeira, pão-duro,
bate-boca.
Em palavras onomatopeicas reco-reco, blá-blá-
(isto é, que representam blá, zum-zum, tico-
ruídos ou sons naturais) que tico, tique-taque, cri-
são compostas, mas não cri, glu-glu, rom-
apresentam elementos de rom, pingue-pongue,
ligação. zigue-zague, bi-bi,
fom-fom, tim-tim
(tim-tim por tim-
tim).
Nos compostos entre cujos queda-d'água, gota-
elementos há o emprego do d'água, copo-d'água.
apóstrofo.
Nas palavras compostas belo-horizontino
derivadas de topônimos (Belo Horizonte);
(nomes de lugares) que porto-alegrense
apresentam ou não (Porto Alegre);
elementos de ligação. mato-grossense-do-
USA-SE O HÍFEN:
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
sul (Mato Grosso do
Sul); rio-grandense-
do-norte (Rio Grande
do Norte)
Nos compostos que bem-te-vi, peixe- Não se usa o hífen, quando os
designam espécies animais e espada, peixe-do- compostos que designam espécies
botânicas (nomes de paraíso, mico-leão- botânicas e zoológicas são
plantas, flores, frutos, dourado, andorinha- empregados fora de seu sentido
raízes, sementes), tenham da-serra, lebre-da- original. Observe a diferença de
ou não elementos de patagônia, erva- sentido entre os pares: 1) arroz-do-
ligação. doce, ervilha-de- campo (certo tipo de erva) e arroz de
cheiro, pimenta-do- festa (alguém que está sempre
reino, peroba-do- presente em festas). 2) bico-de-
campo, cravo-da- papagaio (espécie de planta
índia. ornamental) e bico de papagaio
(deformação nas vértebras).
3) olho-de-boi (espécie de peixe) e
olho de boi (selo postal).
Diante de palavra começada anti-higiênico, sub-
por < h >. hepático, super- Exceção: ‘subumano’
homem, sobre-
humano.
Com o prefixo < sub- >, sub-base, sub-
usa-se o hífen também bibliotecário, sub-
diante de palavra começada região, sub-reitor,
por < b > e < r >. sub-regional.
Com os prefixos < ex- >, < ex-aluno, sem-terra, A dúvida, nesse caso, é sempre
sem- >, < além- >, < além-mar, aquém- comum. Como o acento nos prefixos <
aquém- >, < recém- >, < mar, recém-casado, pré- >, < pós- > e < pró- > é
pós- >, < pré- >, < pró- >, pós-graduação, pré- praticamente imperceptível na fala,
< vice- >. vestibular, pró- em algumas palavras, como
europeu, vice-rei. ‘predeterminado’ e ‘preexistente’,
muitos não sabem se o hífen deve ou
não ser usado. Assim, também aqui é
sempre bom consultar o dicionário.
Com o prefixo < mal- >, mal-assombrado, * Nos outros casos, escreve-se sem
quando a palavra seguinte mal-entendido, mal- hífen: malcriado, malcomportado,
começar por vogal, < h > estar, mal- malcheiroso, malfeito, malsucedido,
ou < l >. humorado, mal- malvisto.
limpo. * Quando mal significa doença, usa-se
o hífen se a palavra não tiver
elemento de ligação. Ex.: mal-francês.
Se houver elemento de ligação,
escreve-se sem hífen. Ex.: mal de
lázaro, mal de sete dias.
Com < bem- >, de modo bem-aventurado, * Mas há vários casos em que bem se
geral, nos compostos. bem-intencionado, liga sem hífen à palavra seguinte. Ex.:
bem-humorado, benfazejo, benfeito, benfeitor,
bem-merecido, bem- benquisto.
nascido, bem-
falante, bem-vindo,
bem-visto, bem-
USA-SE O HÍFEN:
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
disposto.
Regra de ouro:
Para não correr o risco de errar, quando não se souber se a palavra perdeu a noção de
composição, é aconselhável consultar o dicionário, que determina qual é a grafia consagrada
pelo uso. Exemplos disso são as palavras malmequer (sem hífen) e bem-me-quer (consagrada
com hífen).
MÓDULO II – UNIDADE 3
COMPOSIÇÃO DO ALFABETO
Uma inovação que o texto de unificação ortográfica de 1990 apresenta, logo na Base I,
é a apresentação do alfabeto, acompanhado das designações que usualmente são dadas às
diferentes letras.
No alfabeto português passam a figurar também as letras < k >, < w > e < y >, pelas
seguintes razões:
c) Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras que são
grafadas com elas.
Apesar da inclusão no alfabeto das letras < k >, < w > e < y >, mantiveram-se as
regras já fixadas anteriormente quanto ao seu uso restritivo, uma vez que existem outros
grafemas com o mesmo valor fonético daquelas.
Ocorre que se, de fato, fossem abolidas as restrições quanto ao uso das letras < k >, <
w > e < y >, provavelmente seria introduzido no sistema ortográfico português mais um fator
de perturbação, ou seja, a possibilidade de representar, indiscriminadamente, por aquelas
letras fonemas que são transcritos por outras.
O alfabeto passa a ter 26 letras com a reintrodução das letras < k >, < w > e < y >,
largamente utilizadas na escrita de símbolos de unidades de medida, como km (quilômetro) e
W (watt), e em palavras de origem estrangeira, como show, windsurf e playboy.
1) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma
forma minúscula e outra maiúscula:
Observação:
a) Além dessas letras, usam-se o < ç > (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: < rr >
(erre duplo), < ss > (esse duplo), < ch > (cê-agá), < lh > (ele-agá), < nh > (ene-agá),
< gu > (guê-u) e < qu > (quê-u).
b) Os nomes das letras acima sugeridos podem ser designados de outras formas.
2) As letras < k >, < w > e < y > usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin,
frankliniano; Kant, kantistno; Darwin, darwinismo: Wagner, wagneriano, Byron,
byroniano; Taylor, taylorista;
4) Os dígrafos finais de origem hebraica (< ch >, < ph > e < th >) podem conservar-se em
formas onomásticas da tradição bíblica, como ‘Baruch’, ‘Loth’, ‘Moloch’, ‘Ziph’, ou então
simplificar-se: ‘Baruc’, ‘Lot’, ‘Moloc’, ‘Zif’.
Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo,
elimina-se, como em ‘José’ e ‘Nazaré’, em vez de ‘Joseph’ e ‘Nazareth’; e se algum
deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição
vocálica: ‘Judite’, em vez de ‘Judith’.
5) As consoantes finais grafadas (< b >, < c >, < d >, < g > e < h >) mantêm-se, quer
sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou,
nomeadamente antropônimos e topônimos da tradição bíblica: ‘Jacob’, ‘Job’, ‘Moab’, ‘Isaac’;
‘David’, ‘Gad’; ‘Gog’, ‘Magog’, ‘Bensabat’, ‘Josafat’.
Integram-se também nessa forma: ‘Cid’, em que o < d > é sempre pronunciado;
‘Madrid’ e ‘Valhadolid’, em que o < d > ora é pronunciado, ora não; e ‘Calcem’ ou
‘Calicut’, em que o < t > se encontra nas mesmas condições. Nada impede, entretanto,
que os antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final ‘Jó’, ‘Davi’ e ‘Jacó’.
6) Recomenda-se que os topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto
possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou
quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente.
Exemplos: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por
Garona; Genève, por Genebra; Justland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por
Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique etc.
Uso restrito:
· Aos antropônimos reais ou fictícios: Maria, José, Dom Quixote, Sancho Pança;
· Aos topônimos reais ou fictícios: Belo Horizonte, Pará, Rio de Janeiro, Lumpalândia,
Herzoslováquia;
· Aos nomes de instituições (pessoas jurídicas): Universidade de Brasília, Instituto Nacional da
Seguridade Social, Ministério da Educação;
· Aos nomes de seres mitológicos ou antropomorfizados: Júpiter, Netuno, Minerva; Saci
Pererê;
· Aos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Carnaval, Ano Novo;
· Às designações dos pontos cardeais e colaterais quando se referem a grandes regiões do
Brasil e do mundo: Nordeste, Sudeste, Oriente, Ocidente;
· Às siglas: CPF, IPI, AGU, FAO, ONU;
· Às iniciais de abreviaturas: ‘Sr.’, ‘Gen.’, ‘V. Exª’; e
· Aos títulos de periódicos: Diário do Povo, Veja, Estadão, Folha de S. Paulo.
Uso facultativo:
“Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras
especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas
(terminologias antropológica, geológica, biológica, botânica, zoológica etc.), promanadas de
entidades científicas ou normalizadoras reconhecidas internacionalmente”.
Ainda assim, vale observar certas tendências.
- O emprego de maiúsculas em excesso, assim como dos negritos, dos sublinhados ou dos
destaques, deve ser evitado, pois “polui" o texto.
Atenção!
- A mídia é uma fonte inesgotável de criação de tendências, formulando, para cada caso,
normas próprias.
- Nunca se pode, no entanto, esquecer a regra taxativa que preceitua o emprego obrigatório
de inicial maiúscula nos substantivos próprios de qualquer natureza.
MÓDULO II – UNIDADE 4
ELIMINAÇÃO DO TREMA
Objeto da Base XIV, o TREMA, ou sinal de diérese (divisão de duas vogais adjacentes
em duas sílabas), é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas,
permanecendo, contudo, em nomes próprios estrangeiros e derivações: ‘Hübner’, ‘hüberiano’,
‘Müller’, ‘mülleriano’.
No português, o trema é o diacrítico que se emprega sobre a letra < u >, quando
átona, para indicar que ela deveria ser pronunciada nos grupos < gue >, < gui >, < que >, <
qui >.
Histórico do trema
Sim; até 1971, ainda que pouco difundido, era facultado o uso do trema para indicar
hiatos átonos. Dessa forma, podíamos encontrar o trema sobre o < u > e até sobre o < i > em
palavras como ‘païsinho’ e ‘paraïbano’, para indicar a pronúncia do hiato pa-i-si-nho
(diminutivo de país) e pa-ra-i-ba-no.
Como recurso poético, para estender a métrica da palavra ‘saudade’, era possível
encontrar a grafia ‘saüdade’, (sa-u-da-de).
Mesmo com o fim do trema, não haverá modificação na pronúncia das palavras.
O novo acordo garante o direito de se manter a grafia original com o trema nos casos
de nomes próprios, de empresas e de marcas com registro público.
Observações:
a) Embora o trema não seja mais usado, a pronúncia das palavras que recebiam o
trema não mudará, ou seja, deveremos continuar pronunciando a letra < u >.
b) Não esqueça que jamais houve trema quando a letra < u > estava seguida de “o” ou
“a”, como em ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...
c) Se a letra < u >, antes de < e > ou < i >, fosse pronunciada e tônica, devíamos usar
acento agudo em vez do trema, tal como em “que ele averigúe”, “que eles apazigúem”, “ele
argúi”, “eles argúem” etc. Este acento também foi abolido, como vimos anteriormente.