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UNIDADE 1: O Acordo Ortográfico

Desde 1º de janeiro de 2009, estão em vigor no Brasil as regras do novo Acordo


Ortográfico da Língua Portuguesa.

Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, o Acordo Ortográfico da Língua


Portuguesa tem o objetivo primordial de unificar a Ortografia nos países que têm o português
como língua oficial.

Ao fazê-lo, pretende garantir maior status à língua portuguesa no plano internacional,


facilitando o intercâmbio cultural, comercial e jurídico-institucional entre os países da CPLP –
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Assim, incrementando o prestígio internacional do português, habilita-o a ingressar no


rol dos idiomas oficiais utilizados na Organização das Nações Unidas (ONU).

Tais medidas, entretanto, não têm aplicabilidade imediata. O decreto legislativo


assinado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê um período de transição para a
aplicação das novas regras: de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012.

Nesse período, as duas grafias são reconhecidas como oficiais.

No entanto, a partir de 1º de janeiro de 2013, a Ortografia oficial vigente será aquela


assentada nas bases do Acordo Ortográfico.

Estima-se que mais de 240 milhões de pessoas falem português, o que faz da nossa a quinta língua mais falada
no mundo e a terceira no Ocidente. Ainda assim, o português ostentava (ou ostenta) o título de ser o único idioma no
mundo a ter duas ortografias oficiais, a do Brasil e a de Portugal.

Países e regiões onde se fala português

Ocorre que, do ponto de vista das relações internacionais, a dupla grafia oficial implica flagrantes desvantagens
ao País, pois dificulta a afirmação do idioma no âmbito das Nações Unidas, bem como limita a possibilidade de
compartilhamento, entre países lusófonos, de conteúdos no plano cultural, comercial e político.

Com vistas a mudar essa realidade, um dos propósitos fundamentais do Acordo, como vimos, é congregar em
torno do mesmo sistema ortográfico, todos os Estados signatários (as chamadas partes), a saber: Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Ressalte-se que as partes, na formulação do Acordo, mesmo buscando o consenso entre as ortografias brasileira
e portuguesa, optaram, em alguns casos, por manter duas redações oficiais.

Do ponto de vista do léxico da língua portuguesa, estima-se que o número de palavras


cuja ortografia foi alterada com a celebração do Acordo, segundo dados da Academia de
Ciências de Lisboa, é de pouco mais de duas mil num universo de cerca de 110.000. Com isso,
unifica-se a ortografia de aproximadamente 98% do total de palavras da língua portuguesa.

No caso brasileiro, calcula-se que as modificações atingiram aproximadamente 0,5%


das palavras. Já no caso do português de Portugal, a estimativa é de que 1,6% dos vocábulos
foi alterado com a entrada em vigor do novo Acordo.

Observamos que, nesse levantamento, não foram contabilizadas, à época, as alterações


decorrentes das novas regras de uso do hífen, bem como aquelas resultantes da supressão do
trema.
Pelo quadro abaixo, pode-se acompanhar, no tempo, como evoluiu o processo de unificação da
Ortografia da língua portuguesa.

BREVE HISTÓRICO DO ACORDO ORTOGRÁFICO

1904 O foneticista Gonçalves Viana (1840-1914) publica, em


Lisboa, a maior obra sobre Ortografia da língua
portuguesa, a Ortografia Nacional, que foi adotada pelo
governo português como oficial em 1911. Nela, o
estudioso apresenta proposta de simplificar a ortografia:
• eliminação dos fonemas gregos /th/ (theatro), /ph/
(philosofia), /ch/ (com som de < k >, como em chimica),
/rh/ (rheumatismo) e /y/ (lyrio);
• eliminação das consoantes dobradas, com exceção de < rr
> e < ss >: ‘cabello’ (=cabelo); ‘communicar’ (=comunicar);
‘ecclesiastico’ (=eclesiástico); ‘sâbbado’ (=sábado).
• eliminação das consoantes nulas, quando não
influenciam na pronúncia da vogal que as precede: ‘licção’
(=lição); ‘dacta’ (=data); ‘posthumo’ (=póstumo);
‘innundar’ (=inundar); ‘chrystal’ (=cristal);
• regularização da acentuação gráfica.
1907 A partir de uma proposta do jornalista, professor, político e
escritor Medeiros e Albuquerque, a Academia Brasileira de
Letras (ABL) elabora projeto de reformulação ortográfica
com base nas propostas de Gonçalves Viana.
1911 Portugal oficializa, com pequenas modificações, o sistema de
Gonçalves Viana.
1915 A ABL aprova a proposta do professor, filólogo e poeta Silva
Ramos, que ajusta a reforma ortográfica brasileira aos
padrões da reforma portuguesa de 1911.
1919 A ABL volta atrás e revoga o projeto de 1907, ou seja, não
há mais reforma.
1931 A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira
de Letras assinam acordo para unir as ortografias dos dois
países.
1933 O governo brasileiro oficializa o acordo de 1931.
1934 A Constituição brasileira revoga o acordo de 1931 e
estabelece a volta das regras ortográficas de 1891, ou seja,
‘ortografia’ voltaria a ser grafada ‘orthographia’. Protestos
generalizados, porém, fazem com que essa ortografia seja
considerada optativa.
1943 Convenção Luso-Brasileira retoma, com pequenas
modificações, o acordo de 1931.
1945 As modificações introduzidas pelo novo Acordo, ao
priorizarem a ortografia lusitana, foram de tal monta que
provocaram intensos protestos de parte dos brasileiros,
culminando com a revogação do Acordo em 1955,
restabelecendo-se o sistema ortográfico, instituído no
Brasil em 1943.
Divergências na interpretação de regras resultam no
Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro. Em Portugal, as
normas vigoram, mas o Brasil mantém a ortografia de
1943.
BREVE HISTÓRICO DO ACORDO ORTOGRÁFICO

Como consequência passaram a existir duas normas


ortográficas oficiais para a língua portuguesa: uma
brasileira (1943) e uma lusitana (1945).
Decreto do governo altera algumas regras da ortografia de
1943:
1971 • abolição do trema nos hiatos átonos: ‘saüdade’
(=saudade), ‘vaïdade’ (=vaidade);
• supressão do acento circunflexo diferencial nas letras <
e > e < o > da sílaba tônica das palavras homógrafas,
com exceção de ‘pôde’ em oposição a ‘pode’; ‘almôço’
(=almoço), ‘êle’ (=ele), ‘enderêço’ (=endereço), ‘gôsto’
(=gosto);
• eliminação dos acentos circunflexos e graves que
marcavam a sílaba subtônica nos vocábulos derivados
com o sufixo < -mente > ou iniciados por < z >:
‘bebêzinho’ (=bebezinho), ‘vovôzinho’ (=vovozinho),
‘sòmente’ (=somente), ‘sòzinho’ (=sozinho), ‘ùltimamente’
(=ultimamente).

1975 As colônias portuguesas na África (São Tomé e Príncipe,


Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola e Moçambique) tornam-
se independentes.
1986 São finalmente redigidas as Bases Analíticas da Ortografia
Simplificada de 1945, renegociadas em 1975 e consolidadas
em 1986.
Iniciam-se, assim, as discussões de que resultaram as
bases do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
entre Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e São Tomé e Príncipe.
1991 Surge outra versão do documento anterior (1986): o Acordo
de Ortografia Simplificado entre Brasil e Portugal para a
Lusofonia, conhecido como Acordo Ortográfico de 1995,
aprovado oficialmente em 1995 pelos dois principais países
envolvidos (Brasil e Portugal).
1995 Brasil e Portugal aprovam oficialmente o documento de
1991, que passa a ser reconhecido como Acordo Ortográfico
de 1995.
1998 Em Cabo Verde, foi assinado um Protocolo Modificado ao
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, mas apenas
Brasil, Portugal e Cabo Verde o aprovaram.
No Primeiro Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa, fica estabelecido que todos os
membros da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) devem ratificar as normas propostas
no Acordo Ortográfico de 1995, para que este seja
implantado.
2002 Timor-Leste torna-se independente e passa a fazer parte da
CPLP.
2004 Com a aprovação do Segundo Protocolo Modificativo ao
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, fica determinado
que basta a ratificação por três membros para que o acordo
entre em vigor.
No mesmo ano, o Brasil ratifica o acordo.
2005 Cabo Verde ratifica o Acordo.
2006 São Tomé e Príncipe ratifica o documento, possibilitando a
entrada em vigor do acordo.
2008 Portugal aprova o Acordo Ortográfico.
2008 O Decreto Presidencial nº 6.586, de 29 de setembro de
2008, determina a implementação do Acordo Ortográfico a
partir de 1º de janeiro de 2009 no Brasil, estabelecendo
período de transição de 1o de janeiro de 2009 a 31 de
dezembro de 2012.

MÓDULO II
MUDANÇAS TRAZIDAS PELO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

UNIDADE 1:

 REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA


 
UNIDADE 2:
NO EMPREGO DO HÍFEN
 
UNIDADE 3:
NA COMPOSIÇÃO DO ALFABETO
 
UNIDADE 4:
NA ELIMINAÇÃO DO TREMA
 

Com a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico, muitos podem pensar: “de que
valeu o esforço para entender por que ‘infraestrutura’ se escrevia com hífen e anti-imperialista,
sem ele?”

Entretanto, esteja a favor do acordo ou contrário a ele, ninguém está livre de uma
revisão ortográfica.

O acordo, porém, visa unificar a ortografia e não a pronúncia e o significado das


palavras.
Unidade 1 - Regras da Acentuação Gráfica

Pela fala expressamos a melodia da língua. É um processo quase intuitivo, que praticamos quando expiramos
com maior ou menor força.
Na escrita, utilizamos recursos gráficos para “ensinar” ao leitor a cantar essa melodia, ora apontando a sílaba
tônica, ora indicando se o som vocálico é aberto ou fechado com o uso dos sinais diacríticos. Por isso é que se diz que
a palavra “acento” encontra sua etimologia, ou seja, a origem da sua formação na expressão latina ad cantum (=para o
canto).

Sinal diacrítico é um signo gráfico que se associa a uma letra para lhe dar uma característica fonética diferente
daquela que a letra possui isoladamente. Exemplo clássico de sinal diacrítico é a cedilha, que diferencia a pronúncia do
< c > de ‘caco’ do < c > de ‘caço’ (do verbo ‘caçar’). Além dela, existem o acento agudo (‘lá’), o til (‘lã’), o acento
circunflexo (‘lâmpada’) e o acento grave (‘àquela’).

Então, se aplicamos acentos gráficos para “ajudar a cantar” a melodia da língua, quais as regras formuladas pelo Novo
Acordo Ortográfico no particular?

No que interessa aos brasileiros, a acentuação gráfica, que é tratada nas Bases VIII, IX, X e XI do Acordo, é o
tema em que se verifica o maior índice de alterações, se considerada a quantidade de palavras que tiveram a grafia
modificada.

De modo geral, as modificações se concentram:


. nas palavras paroxítonas (‘heroico’, ‘ideia’),
. naquelas em que ocorre hiato (‘feiura’, ‘voo’) e
. nas homógrafas, ou seja, que têm a mesma grafia (‘pelo’, ‘pera’).

Essas modificações têm sempre o objetivo de eliminar os acentos gráficos até então presentes nesses grupos de
palavras, e não de acrescentá-los.

1ª REGRA:

Elimina-se o acento agudo das palavras paroxítonas cuja sílaba tônica seja formada
pelos ditongos abertos < ei > e < oi >.

Como era antes Como deve ser agora


alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
apóio (verbo apoiar) apoio
asteróide asteroide
assembléia assembleia
bóia boia
clarabóia claraboia
colméia colmeia
Coréia Coreia
Galiléia Galileia
geléia geleia
hebréia hebreia
heróico heroico
idéia ideia
intróito introito
jibóia jiboia
jóia joia
odisséia odisseia
onomatopéia onomatopeia
paranóico paranoico
platéia plateia
protéico proteico
tramóia tramoia

Atenção!

O acento PERMANECE:
1. Nas palavras oxítonas, mesmo que ocorram os ditongos abertos < ei > e < oi >, como em:
‘hotéis’, ‘heróis’, ‘papéis’, ‘troféu’, ‘troféus’;

2. Nas paroxítonas terminadas em < r >, como em: ‘blêizer’, ‘contêiner’, ‘destróier’, ‘gêiser’;

3. Nos monossílabos tônicos: ‘dói’, ‘méis’, ‘réis’, ‘sóis’.

2ª REGRA:

Elimina-se o acento agudo de palavra paroxítona formada pelas vogais < i > e < u >
precedidas de ditongo.

Como era antes Como deve ser agora


baiúca baiuca
bocaiúva bocaiuva
boiúna boiuna
cauíla cauila
feiúra feiura
maoísmo maoismo
Sauípe Sauipe
taoísmo taoismo

Mais uma vez atenção!

O acento permanece nas palavras oxítonas onde o < i > ou o < u > estiverem em posição
final, após ditongo, mesmo que seguidos de < s >, como em: ‘tuiuiú’, ‘tuiuiús’, ‘Piauí’.

3ª REGRA:

Elimina-se o acento circunflexo nos seguintes casos:

1. Nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos


‘crer’, ‘dar’, ‘ler’, ‘ver’ e seus derivados.

Como era antes Como deve ser agora


crêem (verbo crer) creem
dêem (verbo dar) deem
descrêem (do verbo descrer) descreem
lêem (verbo ler) leem
relêem (do verbo reler) releem
vêem (verbo ver) veem

2. Na vogal tônica fechada do hiato <oo> em palavras paroxítonas, seguidas ou não de < s >.

Como era antes Como deve ser agora


abençôo (verbo abençoar) abençoo
dôo (verbo doar) doo
enjôo (verbo ou subst.) enjoo
magôo (verbo magoar) magoo
perdôo (verbo perdoar) perdoo
povôo (verbo povoar) povoo
vôo (verbo ou subst.) voo
zôo zoo

4ª REGRA:

Elimina-se o acento agudo na vogal < u > das formas verbais que contenham < qu > e
< gu > rizotônicos, ou seja, quando o < u > presente nessas sequências é tônico e faz parte
da raiz do verbo.

Em tempo: para melhor compreendermos os enunciados seguintes,


vale recordar:
* As formas verbais regulares podem ser decompostas em três
elementos: raiz, vogal temática e desinências. Assim, em
‘amaremos’, por exemplo, tem-se o radical < am >; a vogal
temática < a >; e duas desinências: a desinência < mos >, que
indica a pessoa do verbo (no caso, a 1ª pessoa) e o número (no
caso, plural); e a desinência < re >, que anuncia o modo
(indicativo) e o tempo (futuro de presente).
 
* Quando a tonicidade da forma verbal flexionada recai sobre
a raiz ou radical, dizemos que é rizotônica; quando não, dizemos
que é arrizotônica. É o caso do exemplo dado acima. A forma
‘amaremos’ tem a tonicidade marcada na sílaba < re >, portanto
recai fora da raiz do verbo (< am >) e é, então, arrizotônica.
Para saber mais, consulte o link:
http://educacao.uol.com.br/portugues/verbo-2.jhtm

Na prática, além de perderem o trema quando o < u > é átono, verbos como ‘arguir’ e
‘redarguir’ e suas flexões não mais recebem o acento agudo, ainda que mantida a tonicidade
no < u >.

ARGUIR arguo, arguis, argui, arguímos, arguís, arguem


REDARGUIR redarguo, redarguis, redargui, redarguímos,
redarguís, redarguem

Atenção!

Quando no hiato < ui >a tonicidade recair sobre o < i >, este deve ser acentuado,
como no exemplo: “Eu arguí todas as testemunas do caso”. Ainda: ‘arguíste’, ‘arguímos’,
‘arguís’.

Em alguns verbos, o emprego do acento é determinado pela pronúncia, como em


‘aguar’, ‘apaniguar’, ‘apaziguar’, ‘apropinquar’, ‘averiguar’, ‘desaguar’, ‘enxaguar’, ‘obliquar’ e
‘delinquir’. Nesses casos, admite-se que sejam grafados de duas formas, de acordo com a
pronúncia.

1. Nas formas rizotônicas, ou seja, quando a tonicidade recai sobre o radical (aquele
elemento que aparece em todas as formas flexionadas de verbos regulares), acentuam-se o <
a > e o < i > do radical.
Veja, por exemplo, a conjugação dos verbos ‘aguar’ e ‘averiguar’, em que a tonicidade
recai sobre os radicais < ag > de ‘aguar’ e < averig > de ‘averiguar’:

AGUAR AVERIGUAR
(eu) águo (que eu) águe (eu) averíguo (que eu)
averígue
(tu) águas (que tu) águes (tu) averíguas (que tu)
averígues
(ele) água (que ele) águe (ele) averígua (que ele)
averígue
(nós) aguamos (que nós) (nós) (que nós)
(*) aguemos averiguamos averiguemos
(vós) aguais (que vós) agueis (vós) averiguais (que vós)
averigueis
(eles) águam (que eles) (eles) (que eles)
águem averíguam averíguem
 
(*) Observe que, nas formas destacadas, a sílaba tônica recai fora do radical < ag > de ‘aguar’
e fora do radical < averig > de ‘averiguar’. Portanto, não são acentuadas. Veja o caso
seguinte.

2. Já se a tonicidade da pronúncia recai fora do radical (arrizotônica), não se utiliza o


acento. Nos exemplos abaixo, a tonicidade não recai nem sobre o radical < ag > de ‘aguar’,
nem sobre o radical < averig > de ‘averiguar’.
Veja o quadro abaixo:

AGUAR AVERIGUAR
(eu) aguo (que eu) ague (eu) averiguo (que eu)
averigue
(tu) aguas (que tu) agues (tu) averiguas (que tu)
averigues
(ele) agua (que ele) ague (ele) averigua (que ele)
averigue
(nós) aguamos (que nós) (nós) (que nós)
aguemos averiguamos averiguemos
(vós) aguais (que vós) (vós) averiguais (que vós)
agueis averigueis
(eles) aguam (que eles) (eles) (que eles)
aguem averiguam averiguem

Assim, se a tonicidade recair sobre o < u >, este não receberá acento gráfico, como nas
formas ‘enxague’, ‘oblique’; porém, se a tonicidade recair sobre as vogais < a > ou < i > da
sílaba anterior, estas, obrigatoriamente, receberão acento gráfico (‘enxágue’, ‘oblíque’).

Atenção!

No Brasil, a pronúncia mais corrente é a exposta no primeiro quadro, aquela com < a > e < i
> tônicos.
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com:office:office" />
 
Quando palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia, verifica-se o fenômeno da
homografia.
 
As palavras homógrafas podem também ser homófonas, ou seja, terem o mesmo som,
apresentarem os mesmos traços fonéticos. Para a Ortografia isso representava um
complicador, daí a criação de ACENTOS DIFERENCIAIS – agudo ou circunflexo –, a fim de que,
mesmo se tomadas isoladamente, fora de contexto, essas palavras contivessem “marcas” que
indicassem a qual campo semântico pertenciam.
 
Entretanto, com a entrada em vigor do Novo Acordo, a regra geral é no sentido de que
não mais se distinguem palavras homógrafas.
 
 
Como era antes Como deve ser agora
pára (verbo parar) / para para (verbo e preposição)
(preposição)
péla (verbo pelar) / pela pela (preposição, verbo e
(preposição) / péla (substantivo) substantivo)
pólo (substantivo) / pôlo polo (substantivos e preposição)
(substantivo) / polo (preposição
antiga)
pélo (verbo pelar) / pêlo pelo (verbo, substantivo e
(substantivo) / pelo (preposição) preposição)
pêro (substantivo) / pero pero (substantivo e conjunção
(conjunção antiga) antiga)
pêra (substantivo) / pera pera (substantivo e preposição
(preposição antiga) antiga)

Apenas algumas palavras permanecem acentuadas para se distinguir pelo acento


gráfico:
- ‘pôr’ (verbo) para diferenciar de ‘por’ (preposição);

- ‘pôde’ (verbo na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para


diferenciar de ‘pode’ (3ª pessoa do singular do presente do indicativo); e

- os verbos ‘ter’ e ‘vir’, bem como seus derivados (‘manter’, ‘deter’, ‘reter’, ‘conter’,
‘convir’, ‘intervir’, ‘advir’ etc.) para diferenciar as formas da 3ª pessoa no singular
(presente do indicativo) das formas da 3ª pessoa no plural (presente do indicativo).

6ª REGRA:

CASOS FACULTATIVOS

O Acordo recebeu assim a duplicidade articulatória de algumas palavras geralmente


provenientes do francês, que, como reporta, “nas pronúncias cultas, ora é registrada como
aberta, ora como fechada”, admitindo, pois, tanto o acento agudo como o acento circunflexo:

1) Algumas palavras oxítonas terminadas em < e > tônico admitem tanto o acento agudo
quanto o acento circunflexo.

É facultativo
bebê bebé
bidê bidé
canapê canapé
caratê caraté
crochê croché
guichê guiché
nenê nené
purê puré
rapê rapé
2) Torna-se facultativo o emprego do acento circunflexo nas palavras oxítonas ‘judô’ e ‘metrô’;

3) É facultado, para fins de diferenciação, o uso do acento agudo nas formas verbais
paroxítonas do pretérito perfeito do indicativo, na 1ª pessoa do plural, quando coincidirem
com a forma verbal correspondente do presente do indicativo.

Presente do Pretérito perfeito Aceita-se a grafia


Indicativo do Indicativo para representar o
pretérito perfeito
amamos amamos amámos
cantamos cantamos cantámos
dançamos dançamos dançámos
louvamos louvamos louvámos
Atenção!

É facultativo o uso do acento da palavra ‘fôrma’ (substantivo) para diferenciar da palavra


‘forma’ (substantivo e verbo ‘formar’).

Veja, a seguir, um quadro resumido das novas regras de acentuação gráfica:

QUADRO RESUMIDO
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
EXEMPLOS
REGRA NOVA Atenção!
Como era Como fica
Não se andróide, androide, O acento
acentuam mais estóico, geléia, estoico, geleia, permanece:
os ditongos heróico, idéia, heroico, ideia, 1) Nas palavras
abertos < ei > platéia plateia oxítonas,
e < oi > das mesmo que
palavras ocorram os
paroxítonas. ditongos abertos
< ei > e < oi >,
como em:
‘hotéis’, ‘heróis’,
‘papéis’, ‘troféu’,
‘troféus’;
QUADRO RESUMIDO
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
EXEMPLOS
REGRA NOVA Atenção!
Como era Como fica
2) Nas
paroxítonas
terminadas em
< r >, como
‘blêizer’,
‘contêiner’,
‘destróier’,
‘gêiser’;
3) Nos
monossílabos
tônicos: ‘dói’,
‘méis’, ‘réis’,
‘sóis’.
Não se baiúca bocaiúva, baiuca, O acento
acentuam mais cauíla, feiúra bocaiuva, cauila, permanece:
o<i>eo<u feiura 1) nas palavras
> tônicos oxítonas em que
quando vierem o<i>eo<u
depois de > aparecem em
ditongos em posição final,
palavras seguidos ou não
paroxítonas. de < s >, tal
como em ‘Piauí’
e ‘tuiuiús’;
2) nas
paroxítonas em
que o < i > e o
< u > não vêm
depois de
ditongo, como
acontece em
‘juíza’, ‘uísque’,
‘ruína’ e ‘saúva’.
Não se abençôo, crêem, abençoo, creem,  
acentuam mais enjôo, lêem, enjoo, leem,
as palavras perdôo, vêem perdoo, veem
terminadas em
< eem > e <
oo >.
Não se acentua apazigúe, argúi, apazigue, argui,  
mais o < u > averigúe, averigue,
tônico obliqúe oblique
precedido de <
g > ou < q >
na conjugação
de verbos como
arguir,
redarguir,
apaziguar,
obliquar e
averiguar.
QUADRO RESUMIDO
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
EXEMPLOS
REGRA NOVA Atenção!
Como era Como fica
Não se usa “Ela pára o “Ela para o Permanecem os
mais o acento carro”; carro”: seguintes
diferencial em: “Foi ao mercado “Foi ao mercado acentos:
‘pára/para’, comprar pêra”; comprar pera”; 1) o que
‘péla/pela’, “Viajaram ao “Viajaram ao diferencia ‘pode’
‘pêlo/pelo’, polo Norte”; (verbo ‘poder’,
pólo Norte”;
‘pólo/polo/pôlo’ “O cachorro 3ª pessoa do
“O cachorro
, ‘péra/pêra’. Presente do
estava com o estava com o
pelo macio”. Indicativo) de
pêlo macio”
‘pôde’ (verbo
‘poder’, 3ª
pessoa do
Pretérito Perfeito
do Indicativo);
2) o que
diferencia ‘por’
(preposição) de
‘pôr’ (verbo);
3) o que
diferencia o
singular do
plural na 3ª
pessoa do
Presente do
Indicativo dos
verbos ‘ter’ e
‘vir’ e seus
derivados, tais
como ‘manter’,
‘reter’, ‘deter’,
‘conter’, ‘convir’,
‘intervir’, ‘advir’
etc:
ele mantém/
eles mantêm;
ele detém/eles
detêm; ele
intervém/eles
intervêm.

Devido à duplicidade articulatória ‘bebê ou bebé’; São facultativos:


observada em certas regiões, ‘bidê ou bidé’, 1) o acento
admite-se tanto o acento agudo ‘caratê ou circunflexo nas
como o acento circunflexo em caraté’; ‘guichê palavras
algumas palavras oxítonas ou guiché’; oxítonas ‘judô’ e
terminadas em < e > tônico. ‘nenê ou nené’ ‘metrô’; e
 
2) o acento
circunflexo para
diferenciar as
palavras ‘forma’
(substantivo e
verbo ‘formar’) e
‘fôrma’
(substantivo).
Para fins de diferenciação, é ‘amamos ou
facultativo o uso do acento amámos’;
agudo nas formas verbais ‘cantamos ou
paroxítonas do pretérito perfeito cantámos’;
do indicativo, na 1ª pessoa do ‘louvamos ou
plural, quando coincidirem com a louvámos’
forma verbal correspondente do
presente do indicativo.

MÓDULO II – UNIDADE 2
EMPREGO DO HÍFEN
O termo deriva do grego hýphen (juntos, juntamente). O vocábulo chegou ao português
pelo latim tardio hyphen, que, frise-se, manteve o < h > na grafia, muito embora essa letra já
não fosse pronunciada.

O hífen, como garante a sua origem, existe para unir e não para “separar”. Ainda
quando “separa”, para evitar a criação de uma sílaba indesejada e, assim, indicar uma melhor
pronúncia, como em ‘mal-humorado’, ‘pan-hospitalar’, ‘sub-reino’, a sua simples presença
preserva a “unidade semântica e sintagmática” do vocábulo, expressão usada no Novo Acordo
Ortográfico.

Eis os casos em que, segundo o novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa,


emprega-se o hífen:

EMPREGA-SE O HÍFEN:

1) Nas palavras compostas que designam nomes de plantas e animais, estejam ou não ligados
por preposição ou qualquer outro elemento.

abóbora-menina fava-de-santo-inácio cobra-d’água


bênção-de-deus andorinha-grande lesma-de-conchinha
bem-me-quer cobra-capelo bem-te-vi
couve-flor formiga-branca tartaruga-marinha
erva-do-chá andorinha-do-mar
ervilha-de-cheiro

Observação: tendo em vista que, nesses casos, ora se utilizava o hífen, ora não, o Acordo
uniformizou a grafia.

2) O Acordo define que o hífen só será usado em palavras formadas por prefixos ou falsos
prefixos, como nos seguintes casos:
2.1 Quando o segundo elemento começa por < h >.

anti-higiênico pré-história
arqui-hipérbole extra-humano
contra-harmônico semi-hospitalar
circum-hospitalar geo-história
pan-helenismo sub-hepático
eletro-higrômetro neo-helênico
mini-hospital super-homem

Observação: Não se usa o hífen em formações que contenham os prefixos < des > e < in > e
nas quais o segundo elemento perdeu o < h > inicial: ‘desumano’, ‘desumidificar’, ‘inábil’,
‘inumano’ etc.

Exceção: ‘subumano’, em que ‘humano perde o < h >.

2.2 Quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo coincidir com a vogal inicial do segundo
elemento da composição.

anti-ibérico
micro-ondas
auto-observação
micro-organismo
contra-almirante
semi-intensivo
infra-axilar
supra-auricular

2.3 Nos compostos formados pelos prefixos ‘ex’, ‘sota’, ‘soto’, ‘vice’ e ‘vizo’.

ex-almirante sota-piloto soto-mestre vice-reitor vizo-rei


ex-hospedeira vice-presidente
ex-diretor
ex-primeiro-ministro

2.4 Em palavras formadas pelos prefixos ‘circum’ ou ‘pan’ seguidos de palavras iniciadas em
vogal, < m > ou < n >.

circum-escolar pan-mágico
circum-navegação pan-africano
pan-americano
pan-negritude

2.5 Quando os prefixos ‘hiper’, ‘inter’ e ‘super’ formar compostos com palavras iniciadas por <
r >.

hiper-realista inter-racial super-resistente


hiper-requintado inter-regional super-revista
hiper-resistente inter-relação

3) Para ligar duas ou mais palavras que formam encadeamentos vocabulares do tipo:
- divisas: ‘Liberdade-Igualdade-Fraternidade’;
- trajetos e percursos: ‘ponte Rio-Niterói’, ‘trecho São Paulo-
Santos’;
- em que se opõem relações e noções: ‘professor-aluno’, ‘ensino-
aprendizagem
 
4) Nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas
adjetivas, como < açu >, < guaçu > e < mirim >, e quando a vogal final do primeiro elemento
é acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:

amoré-guaçu
anajá-mirim
andá-açu
capim-açu
Ceará-mirim
tamanduá-mirim

5) Nos compostos formados com os advérbios ‘bem’ e ‘mal’ quando estes formam, com o
elemento que se segue, uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por
vogal ou < h >.

bem-aventurado mal-afortunado
bem-estar mal-estar
bem-humorado mal-humorado
bem-criado
bem-ditoso
bem-falante
bem-mandado
bem-nascido
bem-soante

Observações:

- Em muitos compostos, o advérbio ‘bem’ aparece aglutinado com o segundo elemento, quer
este tenha ou não vida à parte: ‘benfazejo’, ‘benfeito’, ‘benfeitor’, ‘benquerença’ etc.

- No entanto, o advérbio ‘bem’, ao contrário de ‘mal’, pode não se aglutinar com palavras
iniciadas por consoante.

Casos em que não se emprega o hífen.

NÃO SE EMPREGA O HÍFEN:

1) Nos compostos formados por prefixo ou falso prefixo terminado em vogal em combinação
com palavra iniciada por < r > ou < s >, que, nesses casos, são dobrados.

COMO ERA COMO DEVE SER


ante-sala antessala
auto-retrato autorretrato
anti-social antissocial
contra-senso contrassenso
ultra-sonografia ultrassonografia
supra-renal suprarrenal

Observação: A medida uniformiza várias exceções antes existentes.

2) Nos compostos, quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo é diferente da vogal
inicial da palavra com a qual se combinam.

COMO ERA COMO DEVE SER


anti-aéreo antiaéreo
anti-americanismo antiamericanismo
auto-afirmação autoafirmação
auto-ajuda autoajuda
infra-estrutura infraestrutura
neo-impressionista neoimpressionista

3) Nos compostos que, devido ao uso, perderam a noção de composição.

COMO ERA COMO DEVE SER


manda-chuva mandachuva
pára-quedas paraquedas
pára-quedista paraquedista
pára-lama paralama
pára-choque parachoque
pára-vento paravento

4) Nos compostos que apresentam elementos de ligação.

pé de moleque
pé de vento
pai de todos
dia a dia
fim de semana
cor de vinho
ponto e vírgula
camisa de força
cara de pau
olho de sogra.

Observação: Incluem-se nesse caso os compostos que formam uma oração, como: ‘maria vai
com as outras’, ‘leva e traz’, ‘diz que diz que’, ‘deus me livre’, ‘deus nos acuda’, ‘cor de burro
quando foge’, ‘bicho de sete cabeças’, ‘faz de conta’.

Exceções (7): ‘água-de-colônia’, ‘arco-da-velha’, ‘cor-de-rosa’, ‘mais-que-perfeito’, ‘pé-de-


meia’, ‘ao deus-dará’, ‘à queima-roupa’.

5) Nas formações com o prefixo < co > este se une diretamente ao segundo elemento, mesmo
quando este se inicia por < o > ou < h >.

coobrigação
coedição
coeducar
cofundador
coabitação
coerdeiro
corréu
corresponsável
coocorrência.

Observação: Dobra-se o < r > inicial do segundo elemento.

6) Nos vocábulos formados pelos < pre > e < re >, mesmo diante de palavras começadas por
< e >.

preexistente
preelaborar
reescrever
reedição.

Observação: Como o acento do prefixo < pré > é praticamente imperceptível em algumas
palavras, como ‘predeterminado’ e ‘preexistente’, na dúvida é sempre bom consultar o
dicionário.

Não se usa o hífen na formação de locuções com o advérbio ‘não’.

(acordo de) não agressão


(reservado para) não fumantes

Observação: O Acordo Ortográfico aboliu o hífen das formas em que a palavra ‘não’ tem valor
prefixal: ‘não agressão’, ‘não engajado’, ‘não fumante’, ‘não violência’, ‘não participação’, ‘não
governamental’ etc.

Divisão silábica e translineação

Na divisão silábica quando da translineação de uma palavra composta ou de uma combinação


de palavras em que há um hífen ou mais, se a partição coincidir com o final de um dos
elementos ou membros, deve-se, por clareza gráfica, repetir o hífen no início da linha
imediata:

Exemplos:

“O comandante da polícia é um ex-


-capitão do Exército”
“Quanto ao Paulo, ao João e ao Pedro, convocá-
-los-emos na próxima semana.”

Ou

“Quanto ao Paulo, ao João e ao Pedro, convocá-los-


-emos na próxima semana.”
O carro do presidente era seguido de perto pelo do vice-
-presidente.”
QUADRO-RESUMO
 

NÃO SE USA O HÍFEN:


REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
Em palavras compostas que pé de moleque, pé Incluem-se nesse caso os compostos
apresentam elementos de de vento, pai de que formam uma oração. Ex.: Maria
ligação. todos, dia a dia, fim vai com as outras, leva e traz, diz que
de semana, cor de diz que, deus me livre, deus nos
vinho, ponto e acuda, cor de burro quando foge,
vírgula, camisa de bicho de sete cabeças, faz de conta.
força, cara de pau, * Exceções (7): água-de-colônia,
olho de sogra. arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-
perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à
queima-roupa.
Se o prefixo terminar com autoajuda,  
letra diferente daquela com autoestrada,
que se inicia a outra palavra. autoescola,
antiaéreo,
intermunicipal,
supersônico,
superinteressante,
agroindustrial,
aeroespacial,
semicírculo.
Se o prefixo terminar por contrarrelógio,  
vogal e a outra palavra minissaia,
começar por < r > ou < s >, antirracismo,
dobram-se essas letras. ultrassom,
semirreta.
Quando o prefixo < co- > coobrigação,  
juntar-se com o segundo coedição, coeducar,
elemento, mesmo quando cofundador,
este se inicia por < o > ou < coabitação,
h >. coerdeiro, corréu,
corresponsável,
coocorrência.
Com os prefixos < pre- > e preexistente, Como o acento do prefixo é
< re- >, mesmo diante de preelaborar, praticamente imperceptível em
palavras começadas por < e reescrever, reedição. algumas palavras, como
>. ‘predeterminado’ e ‘preexistente’, na
dúvida é sempre bom consultar o
dicionário.
Na formação de compostos (acordo de) não O acordo ortográfico aboliu o hífen das
começados por ‘não’. agressão formas em que a palavra "não" tem
NÃO SE USA O HÍFEN:
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
(reservado para) valor prefixal: ‘não agressão’, ‘não
não fumantes. engajado’, ‘não fumante’, ‘não
violência’, ‘não participação’, ‘não
governamental’ etc.

USA-SE O HÍFEN:
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
Com os prefixos < circum- > circum-navegação,
e < pan- >, quando o pan-africano;
segundo elemento começa
por vogal, < h >, < m > ou
< n >.
Com os prefixos < hiper- >, hiper-realista e
< inter- > e < super- >, super-resistente
quando o segundo elemento
começa por < r >.
Quando o prefixo terminar micro-ondas, anti-
com a mesma letra com que inflacionário, sub-
se inicia a outra palavra. bibliotecário, inter-
regional, infra-axilar
Nas palavras compostas que guarda-chuva, arco- Não se usa o hífen em certas palavras
não apresentam elementos íris, boa-fé, que perderam a noção de composição,
de ligação. segunda-feira, como ‘girassol’, ‘madressilva’,
mesa-redonda, ‘mandachuva’, ‘pontapé’,
vaga-lume, joão- ‘paraquedas’, ‘paraquedista’,
ninguém, porta- ‘paraquedismo’.
malas, porta-
bandeira, pão-duro,
bate-boca.
Em palavras onomatopeicas reco-reco, blá-blá-
(isto é, que representam blá, zum-zum, tico-
ruídos ou sons naturais) que tico, tique-taque, cri-
são compostas, mas não cri, glu-glu, rom-
apresentam elementos de rom, pingue-pongue,
ligação. zigue-zague, bi-bi,
fom-fom, tim-tim
(tim-tim por tim-
tim).
Nos compostos entre cujos queda-d'água, gota-
elementos há o emprego do d'água, copo-d'água.
apóstrofo.
Nas palavras compostas belo-horizontino
derivadas de topônimos (Belo Horizonte);
(nomes de lugares) que porto-alegrense
apresentam ou não (Porto Alegre);
elementos de ligação. mato-grossense-do-
USA-SE O HÍFEN:
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
sul (Mato Grosso do
Sul); rio-grandense-
do-norte (Rio Grande
do Norte)
Nos compostos que bem-te-vi, peixe- Não se usa o hífen, quando os
designam espécies animais e espada, peixe-do- compostos que designam espécies
botânicas (nomes de paraíso, mico-leão- botânicas e zoológicas são
plantas, flores, frutos, dourado, andorinha- empregados fora de seu sentido
raízes, sementes), tenham da-serra, lebre-da- original. Observe a diferença de
ou não elementos de patagônia, erva- sentido entre os pares: 1) arroz-do-
ligação. doce, ervilha-de- campo (certo tipo de erva) e arroz de
cheiro, pimenta-do- festa (alguém que está sempre
reino, peroba-do- presente em festas). 2) bico-de-
campo, cravo-da- papagaio (espécie de planta
índia. ornamental) e bico de papagaio
(deformação nas vértebras).
3) olho-de-boi (espécie de peixe) e
olho de boi (selo postal).
Diante de palavra começada anti-higiênico, sub-
por < h >. hepático, super- Exceção: ‘subumano’
homem, sobre-
humano.
Com o prefixo < sub- >, sub-base, sub-
usa-se o hífen também bibliotecário, sub-
diante de palavra começada região, sub-reitor,
por < b > e < r >. sub-regional.

Com os prefixos < ex- >, < ex-aluno, sem-terra, A dúvida, nesse caso, é sempre
sem- >, < além- >, < além-mar, aquém- comum. Como o acento nos prefixos <
aquém- >, < recém- >, < mar, recém-casado, pré- >, < pós- > e < pró- > é
pós- >, < pré- >, < pró- >, pós-graduação, pré- praticamente imperceptível na fala,
< vice- >. vestibular, pró- em algumas palavras, como
europeu, vice-rei. ‘predeterminado’ e ‘preexistente’,
muitos não sabem se o hífen deve ou
não ser usado. Assim, também aqui é
sempre bom consultar o dicionário.
Com o prefixo < mal- >, mal-assombrado, * Nos outros casos, escreve-se sem
quando a palavra seguinte mal-entendido, mal- hífen: malcriado, malcomportado,
começar por vogal, < h > estar, mal- malcheiroso, malfeito, malsucedido,
ou < l >. humorado, mal- malvisto.
limpo. * Quando mal significa doença, usa-se
o hífen se a palavra não tiver
elemento de ligação. Ex.: mal-francês.
Se houver elemento de ligação,
escreve-se sem hífen. Ex.: mal de
lázaro, mal de sete dias.
Com < bem- >, de modo bem-aventurado, * Mas há vários casos em que bem se
geral, nos compostos. bem-intencionado, liga sem hífen à palavra seguinte. Ex.:
bem-humorado, benfazejo, benfeito, benfeitor,
bem-merecido, bem- benquisto.
nascido, bem-
falante, bem-vindo,
bem-visto, bem-
USA-SE O HÍFEN:
REGRA EXEMPLOS OBSERVAÇÕES
disposto.

Regra de ouro:
Para não correr o risco de errar, quando não se souber se a palavra perdeu a noção de
composição, é aconselhável consultar o dicionário, que determina qual é a grafia consagrada
pelo uso. Exemplos disso são as palavras malmequer (sem hífen) e bem-me-quer (consagrada
com hífen).

MÓDULO II – UNIDADE 3
COMPOSIÇÃO DO ALFABETO

Uma inovação que o texto de unificação ortográfica de 1990 apresenta, logo na Base I,
é a apresentação do alfabeto, acompanhado das designações que usualmente são dadas às
diferentes letras.

No alfabeto português passam a figurar também as letras < k >, < w > e < y >, pelas
seguintes razões:

a) Os dicionários da língua já registram estas letras, apresentando um razoável número


de palavras do léxico português iniciado por elas;

b) Na aprendizagem do alfabeto é necessário fixar qual a ordem que elas ocupam; e

c) Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras que são
grafadas com elas.

Apesar da inclusão no alfabeto das letras < k >, < w > e < y >, mantiveram-se as
regras já fixadas anteriormente quanto ao seu uso restritivo, uma vez que existem outros
grafemas com o mesmo valor fonético daquelas.

Ocorre que se, de fato, fossem abolidas as restrições quanto ao uso das letras < k >, <
w > e < y >, provavelmente seria introduzido no sistema ortográfico português mais um fator
de perturbação, ou seja, a possibilidade de representar, indiscriminadamente, por aquelas
letras fonemas que são transcritos por outras.

O alfabeto passa a ter 26 letras com a reintrodução das letras < k >, < w > e < y >,
largamente utilizadas na escrita de símbolos de unidades de medida, como km (quilômetro) e
W (watt), e em palavras de origem estrangeira, como show, windsurf e playboy.

A Base I do Acordo Ortográfico trata do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e


seus derivados:

1) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma
forma minúscula e outra maiúscula:
Observação:
a) Além dessas letras, usam-se o < ç > (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: < rr >
(erre duplo), < ss > (esse duplo), < ch > (cê-agá), < lh > (ele-agá), < nh > (ene-agá),
< gu > (guê-u) e < qu > (quê-u).
b) Os nomes das letras acima sugeridos podem ser designados de outras formas.

2) As letras < k >, < w > e < y > usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin,
frankliniano; Kant, kantistno; Darwin, darwinismo: Wagner, wagneriano, Byron,
byroniano; Taylor, taylorista;

b) Em topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza; Kuwait,


kuwaitiano; Malawi, malawiano;

c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de


curso internacional: TWA, KLM; K (de kalium – potássio), W (West – oeste); kg
(quilograma); km (quilômetro); kW (kilowatt); yd (yard – jarda); Watt.

3) Em congruência com o número anterior, mantém-se nos vocábulos derivados eruditamente


de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não
peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de
Garrett; jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller; shakesperiano, de Shakespeare.
Os vocábulos autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos de
divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia e
derivados, bungavília/ bunganvílea/bougainvíllea).

4) Os dígrafos finais de origem hebraica (< ch >, < ph > e < th >) podem conservar-se em
formas onomásticas da tradição bíblica, como ‘Baruch’, ‘Loth’, ‘Moloch’, ‘Ziph’, ou então
simplificar-se: ‘Baruc’, ‘Lot’, ‘Moloc’, ‘Zif’.
Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo,
elimina-se, como em ‘José’ e ‘Nazaré’, em vez de ‘Joseph’ e ‘Nazareth’; e se algum
deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição
vocálica: ‘Judite’, em vez de ‘Judith’.

5) As consoantes finais grafadas (< b >, < c >, < d >, < g > e < h >) mantêm-se, quer
sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou,
nomeadamente antropônimos e topônimos da tradição bíblica: ‘Jacob’, ‘Job’, ‘Moab’, ‘Isaac’;
‘David’, ‘Gad’; ‘Gog’, ‘Magog’, ‘Bensabat’, ‘Josafat’.
Integram-se também nessa forma: ‘Cid’, em que o < d > é sempre pronunciado;
‘Madrid’ e ‘Valhadolid’, em que o < d > ora é pronunciado, ora não; e ‘Calcem’ ou
‘Calicut’, em que o < t > se encontra nas mesmas condições. Nada impede, entretanto,
que os antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final ‘Jó’, ‘Davi’ e ‘Jacó’.
6) Recomenda-se que os topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto
possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou
quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente.
Exemplos: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por
Garona; Genève, por Genebra; Justland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por
Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique etc.

Emprego de maiúsculas e minúsculas

Se compararmos as disposições do Novo Acordo com o que está definido no atual


Formulário Ortográfico Brasileiro (1943), observaremos que se implementou uma simplificação
quanto ao emprego das letras maiúsculas.

Uso restrito:

· Aos antropônimos reais ou fictícios: Maria, José, Dom Quixote, Sancho Pança;
· Aos topônimos reais ou fictícios: Belo Horizonte, Pará, Rio de Janeiro, Lumpalândia,
Herzoslováquia;
· Aos nomes de instituições (pessoas jurídicas): Universidade de Brasília, Instituto Nacional da
Seguridade Social, Ministério da Educação;
· Aos nomes de seres mitológicos ou antropomorfizados: Júpiter, Netuno, Minerva; Saci
Pererê;
· Aos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Carnaval, Ano Novo;
· Às designações dos pontos cardeais e colaterais quando se referem a grandes regiões do
Brasil e do mundo: Nordeste, Sudeste, Oriente, Ocidente;
· Às siglas: CPF, IPI, AGU, FAO, ONU;
· Às iniciais de abreviaturas: ‘Sr.’, ‘Gen.’, ‘V. Exª’; e
· Aos títulos de periódicos: Diário do Povo, Veja, Estadão, Folha de S. Paulo.

Uso facultativo:

· Nas citações bibliográficas, com exceção do primeiro vocábulo e daqueles obrigatoriamente


grafados com letras maiúsculas: O Primo Basílio ou O primo Basílio; Casa-grande e Senzala ou
Casa-grande e senzala, Memórias Póstumas de Braz Cubas ou Memórias póstumas de Braz
Cubas.
· Nos pontos cardeais e colaterais ordinários, mas não nas suas abreviaturas: norte, sul, leste,
mas SW, SE, N etc.
· Nos axiônimos (formas de tratamento e reverência) e hagiônimos (nomes sagrados e que
designam crenças religiosas): Senhor Pedro ou senhor Pedro; Doutora Marta ou doutora
Marta; Governador Agnelo ou governador Agnelo; Magnífico Senhor Reitor ou magnífico
senhor reitor; Santa Cecília ou santa Cecília; Papa Bento XVI ou papa Bento XVI.
· Nos nomes que designam domínios do saber ou disciplinas: Medicina ou medicina,
Matemática ou matemática, Arte Renascentista ou arte renascentista.
· Nas categorizações de logradouros públicos, templos e edifícios: Rua/rua Teodoro Sampaio,
Igreja/igreja de Santa Efigênia, Edifício/edifício Copasa etc.

Observação: no particular, nem o Acordo Ortográfico em vigor, nem o Formulário Ortográfico


Brasileiro foram suficientemente explícitos ao tentarem estabelecer normas e critérios para o
emprego das iniciais maiúsculas.

Tanto é assim que o Acordo lança, ao final do tema, a seguinte observação:

“Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras
especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas
(terminologias antropológica, geológica, biológica, botânica, zoológica etc.), promanadas de
entidades científicas ou normalizadoras reconhecidas internacionalmente”.
Ainda assim, vale observar certas tendências.

- O emprego de maiúsculas em excesso, assim como dos negritos, dos sublinhados ou dos
destaques, deve ser evitado, pois “polui" o texto.

- A tendência é, pois, a seguinte:

a) mais formalidade, mais deferência, mais ênfase: maiúsculas;

b) mais modernidade, menos “poluição" gráfica, mais simplicidade: minúsculas.

Atenção!

- A mídia é uma fonte inesgotável de criação de tendências, formulando, para cada caso,
normas próprias.

- Nunca se pode, no entanto, esquecer a regra taxativa que preceitua o emprego obrigatório
de inicial maiúscula nos substantivos próprios de qualquer natureza.

MÓDULO II – UNIDADE 4
ELIMINAÇÃO DO TREMA
Objeto da Base XIV, o TREMA, ou sinal de diérese (divisão de duas vogais adjacentes
em duas sílabas), é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas,
permanecendo, contudo, em nomes próprios estrangeiros e derivações: ‘Hübner’, ‘hüberiano’,
‘Müller’, ‘mülleriano’.

Empregado em diversas línguas, o trema ocorre para:


a) indicar alteração do som regular ou ordinário de uma vogal;
b) indicar, em encontros vocálicos, que a vogal átona não formava ditongo com a
anterior;
c) dar identidade própria a determinada letra;
d) assinalar a independência de uma vogal em relação a uma vogal anterior.

No português, o trema é o diacrítico que se emprega sobre a letra < u >, quando
átona, para indicar que ela deveria ser pronunciada nos grupos < gue >, < gui >, < que >, <
qui >.

Histórico do trema

O trema foi extinto da língua portuguesa pela segunda vez!

Sim; até 1971, ainda que pouco difundido, era facultado o uso do trema para indicar
hiatos átonos. Dessa forma, podíamos encontrar o trema sobre o < u > e até sobre o < i > em
palavras como ‘païsinho’ e ‘paraïbano’, para indicar a pronúncia do hiato pa-i-si-nho
(diminutivo de país) e pa-ra-i-ba-no.

Como recurso poético, para estender a métrica da palavra ‘saudade’, era possível
encontrar a grafia ‘saüdade’, (sa-u-da-de).

Entretanto, justamente por ser de emprego facultativo e ainda porque em todas as


línguas impera o princípio do menor esforço (gráfico e oral), o uso do trema na representação
de hiatos átonos, de tão raro, acabou caindo no esquecimento. Com a reforma ortográfica de
1971, acabou-se por extinguir o uso do trema nesses casos.
Entretanto, a partir da década de 70, maus articulistas e outros não muito dedicados
autores generalizaram o equívoco de que, com a reforma recém-implantada, o trema havia
sido abolido definitivamente da língua pátria, como de resto já ocorrera em Portugal desde
1945.

Pronúncia das palavras afetadas

Mesmo com o fim do trema, não haverá modificação na pronúncia das palavras.
O novo acordo garante o direito de se manter a grafia original com o trema nos casos
de nomes próprios, de empresas e de marcas com registro público.

Observações:

a) Embora o trema não seja mais usado, a pronúncia das palavras que recebiam o
trema não mudará, ou seja, deveremos continuar pronunciando a letra < u >.
b) Não esqueça que jamais houve trema quando a letra < u > estava seguida de “o” ou
“a”, como em ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...
c) Se a letra < u >, antes de < e > ou < i >, fosse pronunciada e tônica, devíamos usar
acento agudo em vez do trema, tal como em “que ele averigúe”, “que eles apazigúem”, “ele
argúi”, “eles argúem” etc. Este acento também foi abolido, como vimos anteriormente.

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