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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITAITUBA – LTDA

FACULDADE DE ITAITUBA – FAI


CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS VERNÁCULAS

ACORDOS ORTOGRÁFICOS

RERIS ADACIONI DE CAMPOS DOS SANTOS

ITAITUBA – PA
2016
RERIS ADACIONI DE CAMPOS DOS SANTOS

ACORDOS ORTOGRÁFICOS

Trabalho apresentado para obtenção de


nota na disciplina Filologia Românica no
curso de Licenciatura Plena em Letras
Vernáculas da Faculdade de Itaituba, sob
orientação da Docente Railane Esmeralda
Figueira.

ITAITUBA – PA
2016
APRESENTAÇÃO

O trabalho apresentado tem como objetivo o compartilhamento e ampliação


do conhecimento do conteúdo abordado. Tendo como orientadora a docente Railane
Esmeralda Figueira, a qual auxiliou no aperfeiçoamento desta atividade.
Por meio deste, tenta-se demonstrar a capacidade intelectual para
assimilação do tema “Acordos Ortográficos” e, consequentemente, buscou-se
informações relacionadas ao mesmo com base em diversas pesquisas utilizando
recursos como livros, acesso à internet, entre outros.
O referido trabalho elaborado para complementar nota semestral discorre de
um assunto de extrema importância. O mesmo é composto por um histórico dos
acordos existentes entre os países que compõem a comunidade dos países de
língua portuguesa (CPLP) dando ênfase ao acordo criado em 1990 e assinado pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 29 de setembro de 2008, o qual continua
valendo até nos dias atuais.
Os acordos ortográficos tratam da normatização gramatical, no entanto, estão
relacionados aos diversos tipos de produção textual, por isso a dada importância do
estudo relacionado ao tema abordado.
INTRODUÇÃO

O acordo ortográfico é o primeiro passo quando se busca a unificação de uma


língua entre países que a tem como língua oficial, dando assim, prestígio
internacional para a mesma.
Entre as grandes quatro línguas, nas relações internacionais, a língua
portuguesa era a única a ter duas grafias.
Com a unificação ortográfica, consequentemente, potencializa o mercado
editorial de natureza linguística e pedagógica; aumenta a divulgação da informação;
facilita as relações políticas e comerciais. Além de ser um dos aspectos mais
importantes das línguas escritas.
O tema “Acordos Ortográficos” se torna interessante de ser abordado, tendo
em vista, as diversas alterações nas regras gramaticais, as quais são seguidas com
afinco ao redigir um texto no meio acadêmico.
Considerando a importância da nova ortografia, entende-se como
fundamental o entendimento e o conhecimento de todas as transformações
ocorridas pelos alunos e leitores. Vale ressaltar que as mudanças não foram tantas,
por isso, encontra-se facilidade para o professor trabalhar a língua portuguesa.
1. ACORDOS ORTOGRÁFICOS

A língua portuguesa se originou do latim vulgar e, para se tornar a que


atualmente se fala ocorreram diversas transformações resultantes das influências de
várias línguas, inclusive as indígenas e africanas, as quais são consequências,
principalmente, dos movimentos de expansão e ocupação territorial.
O português, segundo estudos, é a quinta língua mais falada no mundo – por
cerca de 210 milhões de pessoas – e possui duas grafias oficiais, o que dificulta o
estabelecimento da língua como um dos idiomas oficiais da Organização das
Nações Unidas (ONU).
A palavra “ortografia” vem do grego “orthós” que significa correcta e “graphos”
cujo significado é escrita. Logo, quando se fala de ortografia refere-se à escrita
correta, ou a que ensina a escrever corretamente.
A ortografia padrão visa facilitar o intercâmbio cultural entre os países que
falam português. Livros, inclusive os científicos, e materiais didáticos poderão
circular livremente entre os países, sem necessidade de revisão.

A ortografia portuguesa segue um conjunto de normas oficializadas através


de acordos ortográficos e tem buscado estabelecer um modelo padrão em
publicações de ofício de ensino nos países lusófonos, principalmente no
Brasil e Portugal, isso desde o início do século XX. (Novo Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa: Detectando Dificuldades e Sanando
Dúvidas, 2014. Pág. 26)

Os códigos ortográficos influenciam facilitando a difusão de uma língua, no


entanto são necessários para uniformizar a referida:

[...]. As línguas de grande circulação, sobretudo quando usadas em mais de


uma região geográfica, precisam de um código ortográfico uniforme para
facilitar a circulação dos textos. Sem esse código, torna-se mais difícil sua
difusão pelo mundo. (Guia da Reforma Ortográfica, 2009. Pag. 9).

Os acordos ortográficos foram criados, principalmente, para simplificar a


escrita de algumas formas gráficas de uma língua. Diversos acordos foram
elaborados por necessidade de retificações, pois as línguas estão em constante
mudança, inclusive a língua portuguesa. Vale ressaltar que esses acordos não
alteram a língua falada, apenas a língua escrita sofre alterações na padronização
gramatical.
Autores renomados, por volta dos séculos XVII e XVIII, preocuparam-se com
a padronização da língua publicando obras com o que consideravam a maneira
correta de escrever, entre estes podem ser citados: Gonçalves Viana e Luís António
Verney.

2. PAÍSES QUE TEM COMO LÍNGUA OFICIAL A LÍNGUA PORTUGUESA


ATUALMENTE

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é composta por oito


países: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe e Timor Leste. Totalizando uma população de cerca de 230 milhões
de falantes.
Observe as ilustrações abaixo:

Mapa 01: Países que falam Português.


Fonte: Guia do Acordo Ortográfico/ 2008.
3. HISTÓRICO DOS ACORDOS ORTOGRÁFICOS CRIADOS ENTRE OS
PAÍSES QUE TEM COMO LÍNGUA OFICIAL A LÍNGUA PORTUGUESA

A seguir, um breve esquema cronológico de todos os acordos ortográficos da


língua portuguesa, além dos períodos em que ocorreram tentativas de diversos
autores preocupados em padronizar a escrita, seguido de uma descrição detalhada:

SÉCULOS XII A XV SÉCULOS XVI A XX SÉCULO XVII

1904 SÉCULO XVIII

1907 1910

1924 1915 1911

1931 1943 1945

1986 1973 1971

1990 2004 2009


Entre os séculos XII a XV, há o surgimento dos primeiros documentos escritos
em português, onde a ortografia portuguesa procura reproduzir os sons da fala para
a escrita com o intuito de facilitar a leitura, mas não havendo padronização uma
mesma palavra aparecia grafada de maneiras diversas.
Nesse período ocorre: a duplicação das vogais indicando sílaba tônica, por
exemplo, ceeo = céu; a nasalização das vogais sendo representada pelo til:
manhãas = manhãs, por dois acentos – mááos = mãos e por m e n: omde = onde; e,
o i podendo ser substituído por y ou j: ay = ai, mjnas = minhas.
Entre o século XVI e início do XX predomina-se uma escrita etimológica, uma
grafia que visa descobrir a origem das palavras. Nesta época, os cidadãos que
possuíam graus de escolaridade sabiam grego e latim ao ponto de não haver
estranhamento dessas grafias, pois estudavam essas duas línguas.
Palavras como “farmácia” escreviam “pharmacia”, pois sua origem vem do
grego “pharmakos”, que significa veneno; além de muitas outras que foram
determinadas por seu passado.
No século XVII Álvaro Ferreira de Vera publicou a Ortographia ou Arte para
Escrever Certo na Lingua Portuguesa (1633).
No século XVIII, Luíz António Verney publicou “O verdadeiro Método de
Estudar”, em 1746, demonstrando sua oposição à grafia etimológica, a partir daí o
ph, ch, th e o y passam a ser desconsiderados e, até mesmo retirados de algumas
palavras.
Em 1904, Gonçalves Viana – foneticista e lexicólogo – publicou sua obra
“Ortografia Nacional”, vindo a exercer uma grande influência nos anos seguintes.
Seu trabalho trazia uma proposta de simplificação ortográfica, de que resultou a
“expulsão” dos dígrafos th, ph, ch (este, quando soava como [k]), rh e y. As
consoantes dobradas, como tt, ll, etc., também caíram fora, exceto rr e ss.
Em 1907, após diversas publicações de várias obras, voltadas para temas
relacionados à ortografia, de autores renomados a Academia Brasileira de Letras
começou a simplificar a escrita em suas publicações.
Com a implantação da República em Portugal, em 1910, foi nomeada uma
comissão para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme, para ser usada
nas publicações oficiais e no ensino.
Em 1911, Primeira Reforma Ortográfica: tentativa de uniformizar e simplificar
a escrita de algumas formas gráficas, mas que não foi extensiva ao Brasil.
Em 1915, A Academia Brasileira de Letras resolveu harmonizar a ortografia
com a portuguesa, aprovando o projeto de Silva Ramos, que ajustou a reforma
brasileira aos padrões da reforma portuguesa de 1911.
Em 1919, a Academia Brasileira de Letras revogou a sua resolução de 1915,
e tudo voltou a ser como antes.
Em 1924, a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de
Letras começaram a procurar uma grafia comum.
Em 1929, a Academia Brasileira de Letras lançou um novo sistema gráfico.
Em 1931, Brasil e Portugal aprovaram o primeiro Acordo Ortográfico, que
levou em conta as propostas de Gonçalves Viana.
1934 A Constituição brasileira de 1934 anulou essa decisão, revertendo o quadro
ortográfico às decisões da Constituição de 1891.
No ano de 1943 ocorreu a Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal,
publicando-se o Formulário Ortográfico de 1943.
Em 1945, Surgiu um novo Acordo Ortográfico, que se tornou lei em Portugal.
O governo brasileiro não ratificou esse Acordo, e assim os brasileiros continuaram a
regular-se pela ortografia anterior.
No ano de 1971 o Brasil promulgou através de um decreto algumas
alterações no Acordo de 1943, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal.
Em 1973, Portugal promulgou as alterações, reduzindo as divergências
ortográficas com o Brasil.
Em 1975, a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de
Letras elaboraram novo projeto de acordo que não foi aprovado oficialmente.
Em 1986, presidente brasileiro José Sarney promoveu um encontro dos sete
países de língua portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe - no Rio de Janeiro. Foi apresentado
o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Em 1990, a Academia das Ciências de Lisboa convocou novo encontro
juntando uma Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – as
duas academias elaboram a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O
documento entraria em vigor (de acordo com o 3º artigo do mesmo) no dia 1º de
Janeiro de 1994, depois de depositados todos os instrumentos de ratificação de
todos os Estados junto do Governo português.
Em 2004, os ministros da Educação da CPLP reuniram-se em Fortaleza
(Brasil), para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem a
ratificação de todos os membros.
Em 2009, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi aprovado pelo
Presidente Lula em decreto assinado em 29/09/08 e entrou em vigor em janeiro de
2009.

Desde o dia 1º de janeiro deste ano, o Novo Acordo Ortográfico da Língua


Portuguesa está em vigor, com o objetivo de aproximar e padronizar ainda
mais as grafias dos oito países que falam o nosso idioma. Até 2012 o
Acordo passará por uma fase de transição, para que tenhamos tempo
suficiente para assimilar e nos adaptar às suas regras. (Guia da Reforma
Ortográfica, 2009. Pág. 3)
4. ATUAL ACORDO ORTOGRÁFICO

Em 1988, foi elaborado o Anteprojeto de Bases da Ortografia Unificada da


Língua Portuguesa, que resultou, em 1990, no Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa.
Este projeto de unificação de ortografia da língua portuguesa foi aprovado no
dia 12 de dezembro de 1990, em Lisboa, pela Academia das Ciências de Lisboa,
Academia Brasileira de Letras e delegações de angola, Brasil, São Tomé e Príncipe,
Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal com a adesão da delegação de
observadores da Galiza, e, assinado em 16 de dezembro do mesmo ano.

Pela Republica Popular de Angola – José Mateus de Adelino Peixoto –


Secretario de Estado da Cultura
Pela Republica Federativa do Brasil – Carlos Alberto Gomes Chiarelli –
Ministro da Educação
Pela Republica de Cabo Verde – David Hopffer Almada – Ministro da
Informação, Cultura e Desportos
Pela Republica da Guiné-Bissau – Alexandre Brito Ribeiro Furtado –
Secretario de Estado da Cultura
Pela Republica de Moçambique – Luis Bernardo Honwana – Ministro da
Cultura
Pela Republica Portuguesa – Pedro Miguel de Santana Lopes – Secretario
de Estado da Cultura
Pela Republica Democratica de São Tomé e Príncipe – Lígia Silva Graça do
Espírito Santo Costa – Ministra da Educação e Cultura (Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa, 2014. Pag. 13).

Este acordo possui o intuito de dar prestígio à Língua Portuguesa a nível


internacional. Timor-Leste aderiu-o em 2004 após alcançar sua independência.
Estava planejado, inicialmente, entrar em vigor em 1º de janeiro de 1994,
após ratificação por todos os estados membros.
Após 18 anos de sua elaboração passa a vigorar no Brasil. No dia 29 de
setembro de 2008, o Presidente Lula assinou o Decreto nº 6.583/08, que aprovou o
Acordo Ortográfico, o qual passaria a valer a partir do dia 1º de janeiro de 2009.
A vigência obrigatória do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi
adiada pelo governo brasileiro por mais três anos. A implementação da nova
ortografia estava prevista para 1º de janeiro de 2013, contudo, o Governo Federal
adiou para 1º de janeiro de 2016, prazo estabelecido também por Portugal.
4.1. PECULIARIDADES DESTE ACORDO ORTOGRÁFICO

4.1.1. BASE I – DO ALFABETO E DOS NOMES PROPRIOS


ESTRANGEIROS E SEUS DERIVADOS

As letras k, w e y foram incorporadas ao alfabeto.


O alfabeto passa a ter 26 letras: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s,
t, u, v, w, x, y, z.
Observações:
As letras k, w e y são usadas em casos especiais:
Em nomes – de pessoas de origem estrangeira e seus derivados: Kant,
kantismo.
Nomes geográficos próprios de origem estrangeira e seus derivados: Kuwait,
kuwaitiano, entre outros.
Em siglas, símbolos e palavras adotadas como unidades de medida: www
(World Wide Web); K (símbolo químico de potássio).

4.1.2. BASE II – DO “H” INICIAL E FINAL

Por força da etimologia: haver, helice, hera, hoje, hora, homem, humor.
Em virtude de adoção convencional: ha?, hem?, hum!.
O h inicial suprime-se:
Quando, apesar da etimologia, a sua supressão esta inteiramente consagrada
pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervacal, ervanario, ervoso (em
contraste com herbáceo, herbanario, herboso, formas de origem erudita).
Quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura
se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil,
lobisomem, reabilitar, reaver.
O h inicial mantem-se, no entanto, quando, numa palavra composta, pertence
a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hifen: anti-higienico/anti
higienico, contra- -haste; pre-historia, sobre-humano.
O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!
4.1.3. BASE III – HOMOFONIA DE CERTOS GRAFEMAS
CONSONANTICOS

Dada a mesma pronúncia ou o mesmo som entre certos grafemas


consonânticos, é necessário diferenciar os empregos, que se fundamentalmente se
regulam pela história das palavras, não permitem fácil diferenciação.
Observe os seguintes casos:
1º - Distinção gráfica entre ch e x:
achar archote Bucha capacho capucho chiste
estrebucha frincha Inchar nicho pachorra pecha

anexim coaxar Coxia debuxo Mexer oxalá


vexar xenofobia Xerife elixir Bruxa coaxar

2º - Distinção gráfica entre g e j:


adágio estrangeiro Algeroz algés algibebe algibeira
falange frigir Gelosia gergelim geringonça ginja

ajeitar ajeru Canjerê enjeitar granjear intrujice


majestade jequiri Jirau jenipapo Jeito jejum

3º - Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç, x:


ânsia ascensão Aspersão cansar conversão pretensão

abadessa acossar Asseiceira benesse Crasso dossel

alicerce cereal Cinfães Escócia Macedo obcecar

açafate açorda Almaço berço Buçaco caçanje

sintaxe máximo Maxiliano auxílio Próximo maximino


4º - Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com
idêntico valor fônico:
adestrar esdrúxulo Esplêndido espontâneo espremer inesgotável

extensão explicar Extraordinári inextricável inexperto sextante


o

capazmente Infelizmente velozmente

5º - Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fônico:


aguarrás após Atrás Brás Gás quis

cálix Félix Fênix Fluxo flux

avestruz fiz Giz matiz Dez assaz

6º - Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam


sibilantes sonoras:
aceso anestesia Asa besouro Brasa brisa

inexato exalar Exemplo exibir exorbitar exuberante

bazar alfazema Fuzileiro autorizar Azar deslizar

4.1.4. BASE IV – DAS SEQUENCIAS CONSONANTICAS

Passam a eliminar-se várias sequências consonânticas quando são mudas


«nas pronúncias cultas da língua». É o caso de:
 <cc> passa a <c>: acionar
 <cç> passa a <ç>: ação, coleção, direção, objeção
 <ct> passa a <t>: afetivo, ato, coletivo, diretor, exato.
Do mesmo modo, permite-se a facultatividade entre consoantes duplas:
 <mpc> /<nc>: assumpcionista/assuncionista
 <mpç>/<nç>: assumpção/assunção
 <mpt>/<nt>: assumptível/assuntível; peremptório/perentório.
São permitidas as seguintes simultaneidades:
 <bd>: súbdito/súdito
 <bt>: subtil/sutil
 <gd>: amígdala/amídala; amídgalite/amídalite
 <mn>: amnistia/anistia; indemne/indene; indemnizar/indenizar.
 <tm>: aritmética/arimética.

4.1.5. BASE V – DAS VOGAIS ÁTONAS

Os adjetivos e os substantivos derivados com terminação -iano e -iense são


escritos com i, e não com e, antes da sílaba tônica.
Exemplos: acriano (de Acre), acoriano, camiliano, camoniano, ciceroniano,
eciano, freudiano, goisiano (relativo a Damião de Góis), sofocliano, torriano (de
Torres), zwingliano (Ulrich Zwingli), etc.

4.1.6. BASE VI – DAS VOGAIS NASAIS

Na representação das vogais nasais devem observar-se os seguintes


preceitos:
Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento
seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre a;
por m, se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n se é de timbre
diverso de a e está seguida de s: afã, grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sã-braseiro (forma
dialetal; o mesmo que são-brasense = de S. Brás de Alportel); clarim, tom, vacum,
flautins, semitons, zunzuns.
Os vocábulos terminados em -ã transmitem esta representação do a nasal
aos advérbios em -mente que deles se formem, assim como a derivados em que
entrem sufixos iniciados por z: enistãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita,
manhãzinha, romãzeira.

4.1.7. BASE VII – DOS DITONGOS

Os ditongos orais são representados por i ou u: ai, ei, éi, ui, ou:
Exemplo: caixa, quereis, coronéis, uivar, cacau, leu.
Algumas particularidades:
 As 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e também a 2ª
pessoa do imperativo que são grafados com ui, terão a seguinte grafia:
Constituis, influi, retribui, etc.
 Ditongos orais geralmente são decrescentes, mas terá a existência de
ditongos crescentes, representadas por ea, ia, ie, ao, ua, eu, uo:
Áurea, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, tênue
Ditongos nasais podem ser de dois tipos: ditongos representados por vogal
com til e semivogal (total de quatro): ãe, ãi, ão, õe; e ditongos representados por
uma vogal seguida de consoante nasal m (são dois): am e em. Exceções:
am empregado em flexões verbais: amam, desviam, escreveram, puseram.
em usado em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões
verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela
acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela acentuação:
bem, armazém, cem, devem, nem, quem, sem, virgem, Benfica, bens, enfim,
homenzinho, amém, mantém.

4.1.8. BASE VIII – DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS


OXÍTONAS

São acentuadas apenas aquelas que terminam em a, e, o, em (seguidas ou


não de s). Por exemplo: jacarandá(s), filé(s), compô(-la), Macapá, fazê(-la),
vintém(éns).
Observação: Continua mantido o acento agudo nas oxítonas terminadas em
ditongos abertos éi(s), éu(s), ói(s).
Exemplos: anéis, tonéis, fiéis, Ilhéus, chapéu(s), céu(s) herói(s), anzóis,
faróis.
4.1.9. BASE IX – ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS
PAROXÍTONAS

Os ditongos abertos tônicos éi e ói não são mais acentuados graficamente.


Exemplos: assembleia, ideia, heroico, jiboia, etc.
As formas verbais que contêm eem não são mais assinaladas com acento
circunflexo.
Exemplos: creem, deem, descreem, desdeem, leem, preveem, redeem,
releem, reveem, tresleem, veem, etc.
O penúltimo o do hiato oo(s) perde o acento circunflexo.
Exemplos: enjoo (substantivo e flexão do verbo enjoar), povoo (flexão do
verbo povoar), voos (substantivo e flexão do verbo voar).
Deixam de ser acentuadas as seguintes palavras homógrafas:
 para (flexão do verbo parar), homógrafa de para (preposição);
 pela(s) (substantivo e flexão do verbo pelar), homógrafa de
pela(s) (combinação de per e la(s));
 pelo (flexão do verbo pelar), homógrafa de pelo(s) (substantivo
ou combinação de per e lo(s));
 polo(s) (substantivo), homógrafa de polo(s), combinação de por
e lo(s));
 pera (substantivo), homógrafa de pera (preposição).
Observações:
O verbo “pôr” continua acentuado.
Continua a ser acentuada a forma pode (terceira pessoa do pretérito perfeito
do indicativo do verbo poder).
É facultativo o uso do acento circunflexo em:
 demos (primeira pessoa do plural do presente do subjuntivo do
verbo dar), homógrafa de demos (primeira pessoa do plural do presente do
indicativo do verbo dar);
 forma (substantivo), homógrafa de forma (substantivo/verbo).
4.1.10. BASE X – DA ACENTUAÇÃO DAS VOGAIS TÓNICAS/
TÔNICAS GRAFADAS “I” E “U” DAS PALAVRAS OXÍTONAS E
PAROXÍTONAS

As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas


levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não formam
ditongo e desde de que não constituam sílaba com a eventual consoante seguinte,
excetuando o caso de s: aí, atraí (de atrair), baú, caís (de cair), Esaú.
As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam
ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh, l, m, n, r
e z: bainha, moinho; adail, Paul; Aboim, Coimbra; demiurgo, influir; juiz, raiz.
Em conformidade com as regras anteriores leva acento agudo a vogal
tónica/tônica grafada i das formas oxítonas terminadas em r dos verbos em -air e -
uir, quando estas se combinam com as formas pronominais clíticas -lo(s), -la(s), que
levam à assimilação e perda daquele -r: atraí-lo(s,) (de atrair-lo(s)); atraí-lo(s)-ia (de
atrair-lo(s)-ia); possuí-la(s) (de possuir-la(s));
Prescinde-se do acento agudo nas vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das
palavras paroxítonas, quando elas estão precedidas de ditongo: baiuca, boiuno,
cauila (var. cauira), cheiinho (de cheio), saiinha (de saia).
Levam, porém, acento agudo as vogais tónicas/tônicas grafadas i e u quando,
precedidas de ditongo, pertencem a palavras oxítonas e estão em posição final ou
seguidas de s: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús.
Observação: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais
dispensam o acento agudo: cauim.
Prescinde-se do acento agudo nos ditongos tónicos/tônicos grafados iu e ui,
quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (pl. de paul).
Os verbos aguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal
tónica/tônica grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas: arguo, arguis, argui. O
verbos do tipo de aguar, apaniguar, apaziguar e afins, por oferecerem dois
paradigmas, ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas igualmente acentuadas no u
mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo, averiguas, ou têm as formas
averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averigúes.
Observação: Em conexão com os casos acima referidos, registe-se que os
verbos em -ingir (atingir, cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) e os verbos em -
inguir sem prolação do u (distinguir, extinguir, etc.) têm grafias absolutamente
regulares (atinjo, atinja, atinge, atingimos, etc.; distingo, distinga, distingue,
distinguimos, etc.).

4.1.11. BASE XI – DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS


PROPAROXITONAS

Das proparoxítonas, todas devem ser acentuadas.


Exemplos: lâmpada; quadrilátero; desenvolvêssemos; público; quilômetro.
Observação: o Acordo manteve a duplicidade de acentuação (acento
circunflexo ou acento agudo) em palavras como econômico/económico,
acadêmico/académico, fêmur/fémur, bebê/bebé, para atender aos dois modos de
pronunciar essas palavras.

4.1.12. BASE XII – DO EMPREGO DO ACENTO GRAVE

Emprega-se o acento grave:


a) Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo ou
pronome demonstrativo o: à (de a+a), às (de a+as);
b) Na contração da preposição a com os demonstrativos aquele, aquela,
aqueles, aquelas e aquilo ou ainda da mesma preposição com os compostos
aqueloutro e suas flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s).

4.1.13. BASE XIII – DA SUPRESSAO DOS ACENTOS EM PALAVRAS


DERIVADAS

Nos advérbios em -mente, derivados de adjetivos com acento agudo ou


circunflexo, estes são suprimidos: avidamente (de ávido), debilmente (de débil),
facilmente (de fácil), habilmente (de hábil), ingenuamente (de ingênuo), lucidamente
(de lúcido), mamente (de má), somente (de só), unicamente (de único), etc.;
candidamente (de cândido), cortesmente (de cortês), dinamicamente (de dinâmico),
espontaneamente (de espontâneo), portuguesmente (de português),
romanticamente (de romântico).
Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z e cujas formas de
base apresentam vogal tónica/tônica com acento agudo ou circunflexo, estes são
suprimidos: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de bebé), cafezada
(de café), chepeuzinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito
(de ilhéu), mazinha (de má), orfãozinho (de órfão), vintenzito (de vintém), etc.;
avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita (de lâmpada),
pessegozito (de pêssego).

4.1.14. BASE XIV – DO TREMA

O trema ( ¨ ) foi totalmente abolido das palavras portuguesas.


Exemplo: linguiça, tranquilizar, quilometro.
Apenas em palavras estrangeiras (e, consequentemente, em suas derivadas)
é que se usa.
Exemplos: Müller, Mülleriano.

4.1.15. BASE XV – DO HIFEN EM COMPOSTOS, LOCUÇÕES E


ENCADEAMENTOS VOCABULARES

Usa-se o hífen em palavras compostas por justaposição cujos elementos


(substantivos, adjetivos, numerais ou verbos) constituam uma unidade sintagmática
e semântica e com acento próprio, ainda que o primeiro elemento esteja reduzido.
Exemplos: ano-luz, tenente-coronel, sul-africano, finca-pé, arco-íris, tio-avô,
azul-claro, guarda-chuva, médico-cirurgião, turma-piloto, primeiro-ministro.
Observação: palavras compostas por justaposição que tenham perdido a
noção de composição devem ser grafadas sem hífen.
Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas,
paraquedista, passatempo.
O hífen também é usado em topônimos compostos iniciados pelo adjetivo
grão/grã, ou por verbo, ou ainda se houver artigo entre seus elementos constituintes.
Exemplos: Grão-Pará, quebra-costas, entre-os-rios, Grã-Bretanha, traga-
mouros, trás-os-montes.
Observação: os demais topônimos compostos devem ser grafados sem
hífen.
Exemplos: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco,
Santa Rita do Oeste.
Exceção: Guiné-Bissau.
O hífen também deve ser usado em palavras compostas que designam
espécies botânica e zoológica.
Exemplos: abóbora-menina, louva-a-deus, cobra-d’água, couve-flor, erva-do-
chá, bem-te-vi, feijão-verde, ervilha-de-cheiro.
Emprega-se hífen nos compostos formados pelos advérbios bem ou mal (1º
elemento) e por qualquer palavra iniciada por vogal ou h (2º elemento).
Exemplos: bem-aventurado, bem-estar mal-estar, bem-humorado, mal-
afortunado, mal-humorado.
Observação: o advérbio bem, ao contrário do advérbio mal, pode não se
aglutinar com o segundo elemento, ainda que esse seja iniciado por consoante,
quando se mantém a noção da composição.
Exemplos: bem-criado (cf. malcriado), benfeitor, bem-ditoso (cf. malditoso),
benfeito, bem-nascido (cf. malnascido), benquerença.
O hífen deve ser empregado nos compostos com os elementos além, aquém,
recém e sem.
Exemplos: além-Atlântico, aquém-fiar, recém-nascido, sem-vergonha, além-
mar, aquém-Pirineus, sem-terra.
Nas locuções de qualquer tipo, não se usa o hífen.
Exemplos: cão de guarda, em cima, fim de semana (loc. substantiva), por isso
(loc. adverbial), cor de açafrão, abaixo de, cor de vinho (loc. adjetiva), acerca de.
Deve-se usar o hífen em encadeamentos vocabulares ocasionais ou nas
combinações históricas.
Exemplos: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, o percurso Lisboa-
Coimbra-Porto, Áustria-Hungria, a ponte Rio-Niterói, Angola-Brasil, Tóquio-Rio de
Janeiro.
4.1.16. BASE XVI – DO HIFEN NAS FORMAÇÕES POR PREFIXAÇÃO,
RECOMPOSIÇÃO E SUFIXAÇÃO

Nas palavras prefixais ou recompostas, usa-se hífen apenas:


Se o segundo elemento é iniciado por h.
Exemplos: anti-higiênico, pré-história, eletro-higrômetro, circum-hospitalar,
proto-história, geo-história.
Observação: após os prefixos des- e in-, o hífen só não é usado se o
segundo elemento perdeu o h.
Exemplos: desumano, inábil, inumano, desumidificar, inapto.
Se o prefixo/falso prefixo (1º elemento) termina com a mesma vogal que inicia
o 2º elemento.
Exemplos: anti-ibérico, arqui-inimigo, micro-onda, contra-almirante arqui-
irmandade.
Observação: o prefixo co- geralmente aglutina-se com o segundo elemento,
ainda que iniciado pela vogal o.
Exemplos: coobrigação, coordenar, coocupante, cooperação.
Se o prefixo for circum- e pan- e o segundo elemento iniciar por vogal, h, m, n.
Exemplos: circum-escolar, pan-africano, circum-hospitalar, pan-helenismo.
Se o prefixo for hiper-, inter- e super- e o segundo elemento iniciar por r.
Exemplos: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista.
Se o prefixo for ex- (no sentido de estado anterior ou efeito de cessar), sota-,
soto, vice-, vizo-.
Exemplos: ex-aluno, ex-presidente, vice-presidente, ex-diretor, ex-rei, vice-
reitor, ex-hospedeiro, sota-piloto, vizo-rei, ex-primeiro-ministro, soto-mestre.
Se os prefixos pós-, pré- e pró- forem tônicos e graficamente acentuados.
Exemplos: pós-graduação, pré-escolar, pró-europeu.
Observação: em palavras como pospor, prever, promover não se usa hífen,
pois o prefixo perdeu sua tonicidade própria.
Nas palavras prefixais ou recompostas, não se usa hífen:
Se o prefixo/falso prefixo terminar em vogal e o 2º elemento iniciar por r ou s,
devendo essas consoantes ser duplicadas.
Exemplos: antirreligioso, contrassenha, biorritmo, antissemita extrarregular.
Se o prefixo/falso prefixo terminar por vogal e o 2º elemento iniciar por vogal
diferente.
Exemplos: antiaéreo, aeroespacial, agroindustrial.
Nas derivadas por sufixação, somente quando o 1º elemento terminar com
acento gráfico ou a pronúncia exigir e o 2º elemento for um dos sufixos: -açu, -
guaçu, -mirim (tupi-guarani de valor adjetivo).
Exemplos: amoré-guaçu, andá-açu, Ceará-mirim, anajá-mirim, capim-açu.

4.1.17. BASE XVII – DO HIFEN NA ENCLISE, NA TMESE E COM O


VERBO “HAVER”

Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe;


amá-lo-ei, enviar-lhe-emos.
Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas
monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de,
etc.
Observações: Embora estejam consagradas pelo uso as formas verbais quer
e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e requere, estas últimas
formas conservam-se, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s).
Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas.
Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas ao
advérbio eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do tipo
no-lo, vo-las, quando em próclise (por ex.: esperamos que no-lo comprem).

4.1.18. BASE XVIII – DO APOSTROFO

São os seguintes os casos de emprego do apóstrofo:


Faz-se uso do apóstrofo para cindir graficamente uma contração ou
aglutinação vocabular, quando um elemento ou fração respetiva pertence
propriamente a um conjunto vocabular distinto: d'Os Lusíadas, d'Os Sertões; n 'Os
Lusíadas. Nada obsta, contudo, a que estas escritas sejam substituídas por
empregos de preposições íntegras, se o exigir razão especial de clareza,
expressividade ou ênfase: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas, etc.
As cisões indicadas são análogas às dissoluções gráficas que se fazem,
embora sem emprego do apóstrofo, em combinações da preposição a com palavras
pertencentes a conjuntos vocabulares imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas
(exemplos: importância atribuída a A Relíquia; recorro a Os Lusíadas). Em tais
casos, como é óbvio, entende-se que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a
combinação fonética: a A = à, a Os = aos, etc.
Pode cindir-se por meio do apóstrofo uma contração ou aglutinação
vocabular, quando um elemento ou fração respetiva é forma pronominal e se lhe
quer dar realce com o uso de maiúscula: d'Ele, n'Ele, d'Aquele, n'Aquele, d'O, n'O,
pel'O, m'O, t'O, lh'O, casos em que a segunda parte, forma masculina, é aplicável a
Deus, a Jesus, etc.; d'Ela, n'Ela, d'Aquela, n'Aquela, d'A, n'A, pel'A, tu'A, t'A, lh'A,
casos em que a segunda parte, forma feminina, é aplicável à mãe de Jesus, à
Providência, etc. Exemplos frásicos: confiamos n'O que nos salvou; esse milagre
revelou-m'O; está n'Ela a nossa esperança; pugnemos pel'A que é nossa padroeira.
À semelhança das cisões indicadas, pode dissolver-se graficamente, posto
que sem uso do apóstrofo, uma combinação da preposição a com uma forma
pronominal realçada pela maiúscula: a O, a Aquele, a Aquela (entendendo-se que a
dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a O = ao, a
Aquela = àquela, etc.). Exemplos frásicos: a O que tudo pode: a Aquela que nos
protege.
Emprega-se o apóstrofo nas ligações das formas santo e santa a nomes do
hagiológio, quando importa representar a elisão das vogais finais o e a: Sant"Ana,
Sant'Lago, etc. É, pois, correto escrever: Calçada de Sant'Ana. Rua de Sant'Aina;
culto de Sant'Iago, Ordem de Sant'Iago. Mas, se as ligações deste género, como é o
caso destas mesmas Sant'Ana e Sant'Iago, se tornam perfeitas unidades mórficas,
aglutinam-se os dois elementos: Fulano de Santana, ilhéu de Santana, Santana de
Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha de Santiago, Santiago do Cacém.
Em paralelo com a grafia Sant'Ana e congéneres, emprega-se também o
apóstrofo nas ligações de duas formas antroponímicas, quando é necessário indicar
que na primeira se elide um o final: Nun'Álvares, Pedr'Eanes.
Nos casos referidos as escritas com apóstrofo, indicativas de elisão, não
impedem, de modo algum, as escritas sem apóstrofo: Santa Ana, Nuno Álvares,
Pedro Álvares, etc.
Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a
elisão do e da preposição de, em combinação com substantivos: horda-d'água.
cobrad'água, copo-d'água, estrela-d'alva, galinha-d'água, màe-d'água, pau-d'água,
pau-d'alho, pau-d'arco, pau-d'óleo.
São os seguintes os casos em que não se usa o apóstrofo:
Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das preposições de e
em com as formas do artigo definido, com formas pronominais diversas e com
formas adverbiais. Tais combinações são representadas:
Por uma só forma vocabular, se constituem, de modo fixo, uniões perfeitas:
do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes, destas, disto;
desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo;
destoutro, destoutra, destoutros, destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros,
dessoutras; daqueloutro, daqueloutra, daqueloutros, daqueloutras; daqui; daí; dali;
dacolá; donde; dantes (= antigamente);
no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes, nestas, nisto;
nesse, nessa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo;
nestoutro, nestoutra, nestoutros, nestoutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros,
nessoutras; naqueloutro, naqueloutra, naqueloutros, naqueloutras; num, numa,
nuns, numas; noutro, noutra, noutros, noutras, noutrem; nalgum, nalguma, nalguns,
nalgumas, nalguém.

4.1.19. BASE XIX – DAS MINUSCULAS E MAIUSCULAS

Admitem-se oscilações no uso das minúsculas e das maiúsculas, sobretudo


no que diz respeito às formas de tratamento cortês ou indicativos de cargo e,
designações de nomes sagrados:
senhor doutor Joaquim da Silva,
bacharel Mário Abrantes,
cardeal Bembo
santa Filomena/Santa Filomena
Esta facultatividade de minúsculas e maiúsculas estende-se a nomes que
designam domínios do saber, cursos e disciplinas:
português/Português
matemática/Matemática
línguas e literaturas modernas/Línguas e Literaturas Modernas.
Também a categorização de logradouros público, templos, edifícios pode ser
grafada com recurso a minúsculas ou maiúsculas, é o caso de:
rua/Rua da Liberdade
largo/Largo dos Leões
igreja/Igreja do Bonfim
templo/Templo do Apostolado Positivista

4.1.20. BASE XX – DA DIVISAO SILABICA

A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração, e na qual, por isso, se
não tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a
etimologia, obedece a vários preceitos particulares, que rigorosamente cumpre
seguir, quando se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a
partição de uma palavra:
São indivisíveis no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam,
portanto, sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que constituem
perfeitos grupos, ou sejam aquelas sucessões em que a primeira consoante é uma
labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda um l ou um r: ablução,
ce- le-brar, du-plicação, re-primir; a-clamar, de-creto, de-glutição, re-grado; a-tlético,
cáte-dra, períme-tro; a-fluir, a-fricano, ne-vrose.
São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que
não constituem propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com
valor de anasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gordo, op-tar, sub-por,
absoluto, ad-jetivo, af-ta, bet-samita, etc.
As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de
nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se
nelas entra um dos grupos que são indivisíveis, esse grupo forma sílaba para diante,
ficando a consoante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se
nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão dá-se sempre antes da última
consoante. Exemplos dos dois casos: cambraia, ec-tlipse, em-blema, ex- plicar, in-
cluir, ins-crição, subs-crever, trans-gredir; abs-tenção, disp- neia, inters-telar, lamb-
dacismo, sols-ticial, Terp-sícore, tungs-tênio.
As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes podem,
se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais,
separar-se na escrita: ala-úde, áre-as, co-apeba, co-ordenar, do-er, flu-idez, perdo-
as, vo-os. O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou
diferentes, ou de ditongos e vogais:
cai-ais, caí-eis, ensaí-os, flu-iu.
Os digramas gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da
vogal ou ditongo imediato (ne- gue, ne- guei; pe- que, pe- quei, do mesmo modo que
as combinações gu e qu em que o u se pronuncia: á-gua, ambí-guo, averi-gueis).
Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de
palavras em que há um hífen, ou mais, se a partição coincide com o final de um dos
elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da
linha imediata: ex-alferes, serená- -los-emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante.

4.1.21. BASE XXI – DAS ASSINATURAS E FIRMAS

Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume
ou registro legal, adote na assinatura do seu nome.
Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas
comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro
público.
REDAÇÃO

Facilidades ou dificuldades na escrita com o novo acordo ortográfico?

Os acordos ortográficos tem como finalidade a unificação da língua, a qual


pode ser citada como exemplo a língua portuguesa. Mas, além disso, influencia
fortemente na política e comércio dos países envolvidos e, principalmente, no
mercado editorial de livros pedagógicos e outros.
Os países que fazem parte da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa
(CPLP) são oito: Moçambique, Timor-Leste, Brasil, Portugal, Guiné-Bissau, São
Tomé e Príncipe, Angola e Cabo Verde.
Na tentativa de unificação da língua portuguesa foram realizados diversos
acordos entre os países que tem essa língua oficialmente, causa disto são as
constantes mudanças ocorridas na língua havendo a necessidade de retificações.
No entanto, nem todos os países aderiram alguns acordos inicialmente.
Um forte exemplo de acordo não aceito logo de inicio é o Acordo Ortográfico
de 1990, o qual, o Brasil aderiu apenas em 2008 quando Luiz Inácio Lula da Silva
ainda era Presidente da República, vigorando apenas em 2013 e adiado com prazo
máximo em 1º de janeiro de 2016, mesmo havendo a previsão para vigorar em 1º de
janeiro de 2009 e, Timor-Leste em 2004 quando alcançou sua independência.
No entanto, todos esses acordos, como é perceptível, além da unificação
gráfica da escrita da língua pode-se dizer, de certo modo, que simplifica a referida,
pois a cada acordo criado, houveram algumas transformações que simplificaram as
normas gramaticais, por exemplo, nesse novo acordo ortográfico ocorreu a retirada
do acento agudo da palavra “feiura”, na qual era desnecessário o emprego do
acento, por que com ou sem o acento a tonalidade na pronúncia continua a mesma
e, apenas causava dúvida nos leitores e alunos quando escreviam o termo citado
acima.
Além disso, nesse novo acordo não houve muitas mudanças, portanto a
adaptação não será difícil. Os professores não encontrarão muita dificuldade em
ensinar e os alunos e leitores aprenderão facilmente, logo que, se o educando
aplicar uma metodologia de ensino dinâmica e, principalmente, que facilite esse
compartilhamento de conhecimento, então o aprendizado do discente será completo.
CONCLUSÃO

Pôde-se verificar, no decorrer do estudo, que os acordos ortográficos além de


unificar a língua portuguesa também facilitaram a mesma e as mudanças do ultimo
acordo, referente ao de 1990, não foram muitas e se pode considerar simples.
Afirma-se então que, não é considerado difícil o aprendizado e também que
os professores terão facilidade em ensinar as alterações nas formas gráficas da
língua portuguesa. Além disso, vale destacar que esses acordos influenciam,
principalmente, no mercado editorial de livros pedagógicos, além de facilitar a
difusão da língua entre os países falantes oficiais da referida.
Lembrando que todas as mudanças ocorreram na língua escrita, não
havendo alterações da língua falada.
O presente trabalho serviu como forma de discernimento sobre os conceitos
estabelecidos e todas as pesquisas realizadas para a elaboração do mesmo
auxiliou-nos para a melhor assimilação do conteúdo.
REFERÊNCIAS

BARBOSA, Daniela. ET ALL. Reforma Ortográfica: Guia de Bolso. Brasília:


Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2009.

CAMPOS, Rejane. ET ALL. Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: atos


internacionais e normas correlatas. 2ª edição. Coordenação de Edições Técnicas.
Edição do Senado Federal, Brasília-DF, 2014.

CASTILHO, Ataliba Teixeira de. ET ALL. Guia da Reforma Ortográfica. São Paulo:
FMU – Museu da língua Portuguesa, 2009.

MORENO, Verônica Gomes. Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa:


Detectando Dificuldades e Sanando Dúvidas. Faculdade de Itaituba – FAI.
Itaituba-PA, 2014.

RAMOS, Rogério. ET ALL. Guia do Acordo Ortográfico. Editora Moderna. São


Paulo, 2008.

ROCHA, Julio. Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – 1990. 2007.


Acessado em 29/11/2016.

WWW.infoescola.com. Acessado dia 30 /11/ 2016 às 17:33 horas.

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