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Origem e história da língua portuguesa

A história da língua portuguesa é repleta de sangue, suor e lágrimas. Porque as línguas se


tornam oficiais na medida que há uma necessidade de colonização, de imposição cultural

2.1. Origem da língua portuguesa

“Uma língua constitui um sistema vivo de comunicação, que visa o entendimento e a


compreensão entre os falantes. Dessa forma, a língua é um instrumento de interação de
uma sociedade, e como tal, está em frequente transformação”. (RICARDO, 2013, p. 1).

Portanto, a língua é uma ferramenta susceptível a acréscimos de vocabulários durante o


seu desenvolvimento para fazer menção dos novos conceitos.

O português surgiu da mesma língua que originou a maioria dos idiomas


europeus e asiáticos.
Com as inúmeras migrações entre os continentes, a língua inicial existente
acabou subdividida em cinco ramos: o helênico, de onde veio o idioma grego;
o românico, que originou o português, o italiano, o francês e uma série de
outras línguas denominadas latinas; o germânico, de onde surgiram o inglês e o
alemão; e finalmente o céltico, que deu origem aos idiomas irlandês e gaélico.
O ramo eslavo, que é o quinto, deu origem a outras diversas línguas atualmente
faladas na Europa Oriental. (SOPORTUGUES,2007).

A origem da língua portuguesa associa-se ao latim, língua falada pelo povo romano que
vivia na Península Itálica, atual região da Itália.
O latim era a língua oficial do império romano. Segundo SANTANA (2023), existiam
duas variantes da língua latina:
 Latim clássico: usado pela camada mais alta do Império Romano e pelo clero,
escritores e poetas; e utilizado na produção escrita e no ensino escolar.
 Latim vulgar: falado pela população em geral (soldados, comerciantes
romanos, artesãos, agricultores etc.).

De acordo com Tufano (1983, p.66), “Com o tempo, Roma foi crescendo e, à medida
que conquistava novos povos, impunha o latim como meio de comunicação obrigatório,
transformando-o assim em língua oficial por toda a extensão do longo império romano.

Com a expansão do Império Romano, a língua latina sobrepôs-se às demais línguas
existentes na região da Península Ibérica. A variante latina imposta aos povos
dominados e às regiões conquistas foi o latim vulgar, a língua falada pelos soldados e
colonos romanos que ali chegavam.
“O domínio cultural e político dos romanos na península Ibérica impôs sua língua, que,
entretanto, mesclou-se com os substratos linguísticos lá existentes, dando origem a
vários dialetos, genericamente chamados romanços (do latim romanice, que significa
"falar à maneira dos romanos"). Esses dialetos foram, com o tempo, modificando-se, até
constituírem novas línguas: as línguas românicas: português, espanhol, francês, italiano,
catalão e romeno. ” (BELBRITTO, 2014, p. 2).

“Vários povos antes dos romanos nela se haviam fixado. [...]. Com efeito, é bastante
confusa a história da Península antes da conquista romana. ” (COUTINHO, 1976, p.
46).

Podemos concluir que apesar da significativa influência do latim, a formação da língua


portuguesa se deve também a outros fatos históricos, pois antes e depois dos romanos,
outros povos se fixaram na península e deixaram suas marcas e suas influências.

“É importante destacar que no século VIII, a Península Ibérica foi novamente invadida.
Dessa vez, pelos povos árabes. Entretanto, a presença da língua árabe como língua
oficial não suprimiu a língua latina – já modificada pelos povos que ali viviam na região
ibérica. Contudo, não se pode negar a influência cultural e literária dos povos árabes na
constituição do galego-português. ” (SANTANA, 2023).

Mais tarde, já no século XI, com a expulsão dos árabes, o galego-português consolidou-
se como a língua falada na região da Península Ibérica. Com o passar do tempo, as
diferenças entre o galego e o português se acentuaram de forma que o português se
consagrou como língua da nação portuguesa e o galego como uma variante linguística
do espanhol.
2.2. História da língua portuguesa

Os primeiros textos escritos em português surgem no século XIII. Nessa época, o


português não se distingue do galego, falado na província (hoje espanhola) da Galícia.
Essa língua comum — o galego-português ou galaico-português — é a forma que toma
o latim no ângulo noroeste da Península Ibérica. (TEYSSIER, 2014, p.6).

“A língua portuguesa não é uma invenção ou uma criação, mas uma formação. Essa
formação da língua portuguesa pode ser observada ao longo da história de Portugal. ”
(SANTANA, 2023).

Entretanto, como vimos anteriormente, é difícil identificar qual ou quais línguas eram
faladas na região da Península Ibérica na Antiguidade. Entretanto, sabe-se que no século
III a.C, o Império Romano, invadiu a região ibérica e impôs o uso do latim vulgar.

2.2.1. Separação do galego

O galego começa a isolar-se do português desde o século XI com obras em


prosa de que a Crônica Troiana é um dos melhores exemplos. Entre 1350 e
1450 houve na Galícia uma segunda floração lírica, da qual os portugueses não
participaram. Mas a partir do século XVI o galego deixa de ser cultivado como
língua literária e só sobrevive no uso oral. Sofre, além disso, uma série de
evoluções fonéticas que vão afastá-lo cada vez mais do português:
ensurdecimento das fricativas sonoras escritas z, -s- e j (ex.: cozer, coser, já),
que se confundem com ç, -ss- e x; pronúncia interdental do antigo ç;
transformação, em toda a parte ocidental da Galícia, de g oclusivo em uma
fricativa velar surda idêntica ao jota do espanhol contemporâneo (trata-se do
fenômeno chamado geada), etc. Ao mesmo tempo, acentuam-se no interior do
galego algumas diferenças dialetais, e o vocabulário é invadido de
hispanismos. (TEYSSIER, 2015, p. 34).

No entanto, o galego-português foi percursor de duas línguas: o galego e o português,


que acabaram se distanciando não por uma grande notável diferença linguística, mas
sim, por questões políticas e geográficas.
3. Evolução da língua portuguesa

3.1 Palavras divergentes e palavras convergentes


(Via popular e erudita)

“...muitas foram as palavras que entraram no nosso léxico por altura do Renascimento.
Assim, e apesar de ser inegável o facto de a base do português ser o latim vulgar, com a
maioria das palavras a resultarem de uma evolução morosa, há também que assinalar
que um número bastante abundante de palavras que empregamos diariamente são fruto
do processo de latinização e, por conseguinte, assaz semelhantes à sua origem latina. ”
(MATOS, 2015, p.24).

Ainda segundo Matos (2015, p.24), as primeiras palavras resultantes de vários séculos
de alterações fonológicas, dizemos que nos chegam por via popular.
As segundas, introduzidas no Renascimento e impulsionadas por uma corrente que
propunha o regresso dos valores clássicos, chegam-nos por via erudita. Estas palavras
apresentam uma forma muita próxima do seu étimo e foram maioritariamente
introduzidas por escritores.
Desta forma, possuímos no nosso dicionário vocábulos que, não obstante a sua
derivação da mesma raiz, apresentam uma forma e um significado distintos. Estes
lexemas designam-se por palavras divergentes.

Exemplos:
Latim Via popular Via erudita
Arena Areia Arena
Actu Auto Ato
Adveru Avesso Adverso
Atriu Adro Átrio
Lucru Logro Lucro

Por outo lado, há também palavras que sofrem o fenômeno inverso. Partindo de um
étimo distinto no latim, apresentam, hoje em dia uma forma semelhante: são as
palavras convergentes.
A ocorrência mais comum é a das palavras homônimas, que se aproximam na grafia e
na fonética, como canto da sala, de canthu(m), aresta, e canto do pássaro de cantu(um),
canto. Incluindo também palavras como são, de sanum, saudável, e são, terceira pessoa
do verbo ser.
3.1.1 Fases da evolução da língua portuguesa

Segundo SANTANA (2023), a formação da língua portuguesa teve sua evolução


dividida em cinco períodos linguísticos:

-Pré-românico: o latim era a língua oficial de Roma e foi levado por soldados para
as regiões conquistadas, entrando em contato com as diversas línguas locais.

-Românico: línguas que surgiram do latim vulgar falado pelos soldados romanos.
Isto é, O contato entre o latim vulgar e os dialetos dos diversos povos da região
Ibérica deram origem as línguas românicas: espanhol, francês, italiano, catalão,
romeno e o português no século XIII.

-Galego-português: foi o idioma da Galiza, que se desenvolveu a partir das


transformações e modificações que o latim vulgar sofreu na região da Galiza, no
noroeste da Espanha, e nas regiões de Portugal, Douro e Minho. Essa língua
permaneceu até o século XIV.
-Português arcaico: língua derivada do latim vulgar e com influências linguísticas
de dialetos árabes, entre outros. Sendo o idioma falado entre o século XIII e a
primeira metade do século XVI. Foi nesse contexto que iniciaram os estudos da
língua portuguesa
-Português clássico e moderno: o português arcaico se transformou em clássico
(língua de Camões e das grandes expedições marítimas). Esse português teria sido
trazido para o Brasil no tempo das grandes navegações.

Portanto, não podemos contestar que a língua portuguesa, utilizada neste século XXI, é
resultante das transformações do latim-vulgar, de acréscimos linguísticos e de
modificações sofridas durante o galego-português, do contato com línguas diversas ao
longo das expedições marítimas e expansão territorial portuguesa, e dos diversos
neologismos e estrangeirismos gerados com o processo de globalização mundial.

4. O português no brasil

Tonon & Cavalheiro (2017) afirmam que o Brasil, um pouco antes de sua descoberta
em 1500, era habitado por povos indígenas, por conseguinte, a língua mais falada era o
Tupi-Guarani. Quando os navegantes portugueses chegaram ao Brasil, a língua
portuguesa falada por eles foi sendo difundida pelo território. A língua foi se espalhando
cada vez mais quando os padres Jesuítas vieram ao Brasil catequizar os índios, fato que
fez com que muitos povos nativos aprendessem o português.

Durante a leitura, chegamos no início do sec. XVI onde encontramos a carta de Pero
Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel sobre a chegada ao brasil. Considerada hoje o mais
importante documento a respeito do Descobrimento do Brasil.
Narra o episódio do desembarque dos portugueses na praia, o primeiro encontro entre os
índios e os colonizadores, e a primeira missa realizada no Brasil. Eis um trecho dela:
Sñor/ posto que o capitam moor desta vossa frota e asy os outros capitaães screpuam a
vossa alteza a noua do achamento desta vossa terra noua que se ora nesta naue gaçom
achou. Nom leixarey tambem de dar disso minha comta a vossa alteza asy como eu
milhor poder ajmda que pera o bem contar e falar o sabia pior que todos fazer. (VAZ,
1500).
Portanto, esta carta deixa pista da conjuntura da língua portuguesa falada na época e faz
nos crer das gigantescas mudanças que ela sofreu ao longo do tempo até ao português
que conhecemos hoje.

Os escravos africanos enviados ao Brasil para trabalhar, principalmente em lavouras de


cana-de-açúcar, também contribuíram muito para a difusão do português, pois alguns
escravos, especialmente da Angola, tinham essa língua como oficial. Como a língua
portuguesa varia em cada país que é utilizada, Portugal e Angola tinham um modo um
pouco diferente de pronunciá-la. Isso gerou uma mistura de palavras, e fez com que o
português de Portugal se distanciasse cada vez mais do brasileiro.

Quando a família Real veio ao Brasil em 1808, os dois tipos de português, do


Brasil e de Portugal se aproximaram novamente, pois muitos outros
portugueses também vieram, então, a língua foi sofrendo influências e
tornando-se cada vez mais parecida com a língua mãe. A reforma ortográfica
feita em 2009 fez um acordo entre os países que tem o português como língua
oficial, nesse acordo algumas regras que eram distintas foram modificadas,
unificando-as. Porém, na oralidade, cada país continua com suas
peculiaridades. (TONON; CAVALHEIRO, 2017, p.2).

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