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PRÉ-UNIVERSITÁRIO OFICINA DO SABER Aluno(a):

DISCIPLINA: Literatura PROFESSORA: Suéllen da Mata


Data: 21 / 09 / 2020

Trovadorismo Lista 7
eu esperando o meu amigo!
QUESTÃO 1 eu esperando o meu amigo!

A musicalidade de um texto poético se origina do jogo E cercaram-me as ondas, que grandes são,
sonoro que se estabelece entre as palavras. Muitas não havia ali barqueiro nem remador:
cantigas trovadorescas, como a seguinte, evidenciam eu esperando o meu amigo!
esse aspecto. eu esperando o meu amigo!

Quis bem, amigos, e quero e quererei E cercaram-me as ondas do mar alto,


não havia ali barqueiro, nem eu sei remar:
Quis bem, amigos, e quero e quererei eu esperando o meu amigo!
uma mulher que me quis e me quer mal eu esperando o meu amigo!
e quererá; mas não vos direi eu qual
é a mulher; mas outro tanto vos direi: Não havia ali barqueiro, nem remador,
quis bem e quer e quererei tal mulher morrerei formosa no mar maior:
que me quis mal sempre e quererá e quer. eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo!
DOM DINIS. Disponível em:
<http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=534&pv=sim>. Acesso
em: 9 abr. 2017. (Fragmento). Tradução. Não havia ali barqueiro nem sei remar
morrerei formosa no mar alto:
Nessa cantiga de amor, a musicalidade é obtida por eu esperando o meu amigo!
intermédio eu esperando o meu amigo!

MENDINHO. In: MONGELLI, Lênia Márcia. Fremosos cantares —


a) do uso de instrumentos musicais pelos amigos. Antologia da lírica medieval galego-portuguesa.
b) das rimas, exclusivamente. São Paulo: Martins Fontes, 2009. p. 134. Tradução.
c) da repetição de sons de consoantes.
d) da supressão de vírgulas. No caso dessa cantiga, o refrão funciona como
e) da repetição da palavra “mulher”.
a) demonstração da insistência da espera pelo amado.
QUESTÃO 2 b) expressão do cansaço de amar.
c) declaração de desprezo pelo amado.
Do ponto de vista formal, o refrão serve como d) afirmação da certeza da morte do amado.
marcação rítmica; do ponto de vista do conteúdo, ele e) solicitação de ajuda a alguém.
serve para demarcar determinada ideia. Observe o
refrão na cantiga a seguir. QUESTÃO 3

Estava eu na ermida de São Simão Sempre se recorreu à sátira como forma de


ridicularizar conceitos estéticos e morais. A sátira
Estava eu na ermida de São Simão trovadoresca transgredia as convenções do amor
e cercaram-me as ondas, que grandes são: cortês, como se pode notar na cantiga a seguir.
eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo! Rui Queimado morreu com amor

Estava na ermida diante do altar, Rui Queimado morreu com amor


e cercaram-me as ondas grandes do mar: em seus cantares, par Santa Maria,
por ua dona que gram ben queria;
e por se meter por mais trobador, E se Deus me desse esse poder
porque lh’ela nom quiso ben fazer, que (Rui Queimado) possui hoje, de depois de morrer,
feze-s’el em seus cantares morrer; viver
mais ressurgiu depois ao tercer dia. jamais eu temeria morte alguma.
Versão do autor.
Esto fez el por ua sa senhor
que quer gram ben; e mais vos en diria: O eu lírico afirma que Rui Queimado dizia morrer por
porque cuida que faz i maestria amor. Para Rui, essa morte
enos cantares que fez há sabor
de morrer e des i d’ar viver. a) era definitiva.
Esto faz el, que x’o pode fazer, b) era sempre adiada.
mais outr’homem per rem non’o faria. c) podia ocorrer repentinamente.
d) não ocorria, de fato.
E nom há já de sa morte pavor, e) era obra divina.
senon sa morte mais la temeria,
mais sabe bem, per sua sabedoria, Texto para as questões 4 a 6.
que viverá, des quando morto for;
e faz-s’em seu cantar morte prender, Cantiga de amor
des i ar vive: vedes que poder (Afonso Fernandes)
que lhi Deus deu — mais quen’o cuidaria!
Senhora minha, desde que vos vi,
E se mi Deus a mi desse poder lutei para ocultar esta paixão
qual hoj’ele há, pois morrer, de viver, que me tomou inteiro o coração;
jamais eu morte nunca temeria. mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
BURGALÊS, Pero Garcia. In: MONGELLI, Lênia Márcia. Fremosos
cantares — Antologia da lírica medieval galego-portuguesa. a tristeza que tenho, a imensa dor
São Paulo: Martins Fontes, 2009. p. 208. que sofro desde o dia em que vos vi.
Rui Queimado morreu por amor Já que assim é, eu venho-vos rogar
que queirais pelo menos consentir
Rui Queimado morreu por amor que passe a minha vida a vos servir [...]
em seus cantares, por Santa Maria!, Disponível em:
por uma mulher que amava muito; <www.caestamosnos.org/efemerides/118>.
(Adaptado).
e por se fazer mais trovador,
porque ela não lhe quis fazer o bem que ele desejava,
ele se fez morrer em seus cantares; QUESTÃO 4
mas ressuscitou depois do terceiro dia.
Observando-se a última estrofe, é possível afirmar que
Ele fez isto por uma senhora o apaixonado
a quem quer muito bem; e digo mais:
faz isto porque imagina que assim faça cantiga de a) se sente inseguro quanto aos próprios sentimentos.
mestria
nos cantares que fez há prazer b) se sente confiante em conquistar a mulher amada.
em morrer e depois disso voltar a viver. c) se declara surpreso com o amor que lhe dedica a
Isto faz ele, que o pode fazer, mulher amada.
mas outro homem qualquer não conseguiria a mesma d) possui o claro objetivo de servir sua amada.
coisa. e) conclui que a mulher amada não é tão poderosa
quanto parecia a princípio.
E não tem medo da morte,
e poderia temê-la, QUESTÃO 5
mas sabe bem, por experiência própria,
que viverá, mesmo quando for morto; Uma característica desse fragmento, também presente
e faz-se de morto em seu cantar, em outras cantigas de amor do Trovadorismo, é
e depois vive novamente: vejam que poder
Deus lhe deu — quem não desejaria tamanho poder! a) a certeza de concretização da relação amorosa.
b) a situação de sofrimento do eu lírico.
c) a coita de amor sentida pela senhora amada. d) amigo, pois o eu lírico masculino entende que só
d) a situação de felicidade expressa pelo eu lírico. Deus pode trazer de volta sua amiga a quem não vê
e) o bem-sucedido intercâmbio amoroso entre há muito tempo.
pessoas de camadas distintas da sociedade. e) amor, pois o eu lírico feminino não consegue
enxergar o amor que sente por seu amigo.
QUESTÃO 6

Assinale a alternativa correta no que se refere às


cantigas de amor trovadorescas.

a) Nas cantigas de amor, o eu lírico masculino


lamenta a ausência da mulher amada, que lhe é
indiferente e que, por mais que seja vista por ele
como superior, pertence às classes populares.
b) Nas cantigas de amor, o eu lírico masculino
manifesta insistentemente a coita, isto é, o
sofrimento de amor, repleto de impulsos eróticos
que lhe laceram o corpo e que conferem aos
poemas uma aura sardônica.
c) Nas cantigas de amor, o eu lírico feminino
manifesta a falta que sente do amigo — isto é, do
homem amado — invocando-o por meio de
composições de matriz popular que se caracterizam
por construções paralelísticas.
d) Nas cantigas de amor, o eu lírico masculino
confessa a coita, isto é, o sofrimento amoroso por
uma dama que lhe é inacessível devido à diferença
social que existe entre ele e ela.
e) Nas cantigas de amor, a distância social existente
entre o eu lírico masculino e a mulher amada a
quem ele se dirige permite entrever que já grassava
na sociedade portuguesa a ascensão social pelo
trabalho.

QUESTÃO 7

Leia atentamente o texto abaixo.

Com’ousará parecer ante mi


o meu amigo, ai amiga, por Deus,
e com’ousará catar estes meus
olhos se o Deus trouxer per aqui,
pois tam muit’há que nom veo veer
mi e meus olhos e meu parecer?
DOM DINIS. Disponível em: <http://pt.wikisource.org/
wiki/Com%27ousar%C3%A1_parecer_ante_mi>.

Sobre o fragmento anterior, pode-se afirmar que


pertence a uma cantiga de

a) amor, pois o eu lírico masculino declara a uma


amiga o sentimento de amor que tem por ela.
b) amigo, pois o eu lírico feminino expressa a uma
amiga a falta de seu amigo por quem sente amor.
c) amor, pois o eu lírico é feminino e acha que seu
amor não deve voltar para os seus braços.

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