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DISCIPLINA: História PROFESSORES: Ana Carolina Rocha, Diogo Alchorne Brazão, Fabrício
Sampaio
Oriente Médio
O Oriente Médio é uma região em torno das costas sul e leste do Mar Mediterrâneo, que engloba os
países situados na confluência de três continentes: a Europa, a Ásia e a África. Geógrafos e historiadores
normalmente discordam sobre o que podemos considerar como países que compõem o Oriente Médio, mas
muitos consideram os seguintes países: Afeganistão, Arábia Saudita, Barein, Qatar, Egito, Emirados Árabes
Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Omã, Síria, Sudão e Turquia. Há os países
mais a leste, o Afeganistão e o Irã. Historicamente tem sido chamado de Oriente Próximo. O termo Oriente
Médio define uma área de forma pouco específica, ou sem definição de fronteiras precisas. Muitos povos da
região têm como língua principal o árabe, por isso são chamados de árabes, mas há também os turcos, cujo
idioma é o turco; os persas, do Irã, que falam farsi (ou persa) e os judeus, de Israel, que falam hebraico.
O Oriente sempre foi o foco de tensões que possivelmente levam a grandes conflitos entre as nações
do mundo. O palco do Oriente Médio envolveu, até o final da década de 1980, uma disputa entre as
superpotências por áreas de influência. Com o fim da URSS e a instalação da Nova Ordem Mundial, tendo os
EUA como única potência no mundo, o Oriente passou a ser palco de conflitos em prol da “democracia”, e
de disputas que vão muito além do fator religioso, ou do domínio dos poços de petróleo.
Em relação à questão religiosa, há três grandes importantes religiões que consideram e disputam locais
sagrados, dividindo o território de maneira, muitas vezes, não amigável. O Oriente Médio abriga 18% de todos
muçulmanos do mundo (90% da população total regional), 12 milhões de cristãos e 6,5 milhões de judeus.
A cidade de Jerusalém, a principal do Oriente Médio, é disputada pelas três grandes religiões. O
Islamismo tem o Domo da Rocha como um dos locais mais importante de onde Maomé teria subido aos céus.
Na tradição judaica, o local teria sido onde Abraão preparou o sacrifício de Isaac. Já a Igreja do Santo Sepulcro,
para o cristianismo, assinala o local tradicional da crucificação, do enterro e da ressurreição de Jesus Cristo.
Para os judeus, o Muro das Lamentações, parte do Segundo Templo de Salomão, é o local mais sagrado de
todos, onde rezam e fazem pedidos escritos em pequenos pedaços de papel, que são colocados nas frestas das
pedras. O Muro data do século 2 a.C. e seria a única parte remanescente do Segundo Templo de Jerusalém,
destruído pelos romanos no ano 70.
Mesmo espalhados pelo mundo, os judeus acalentaram, por muitas gerações, o sonho de voltar à
chamada "terra prometida". Sonho que ganhou força com o movimento sionista, a partir do século XIX. Os
ativistas judeus acreditavam que a reconquista de Jerusalém era um dever sagrado. Com isso, acabaram
adotando o slogan "uma terra sem povo para um povo sem terra", referindo-se à Palestina. A região, na
verdade, era ocupada havia muitos séculos pelos árabes palestinos, dando início ao impasse que conhecemos
hoje. No final do século XIX, agências sionistas financiadas por grandes banqueiros, como o barão de
Rothschild, criaram colônias agrícolas, estimulando a migração judaica para a região da Palestina.
Depois da Primeira Guerra, os assuntos do Oriente Médio passaram a ser decididos oficialmente em
Londres e Paris, sem que fossem levadas em conta a história, a vontade, as tradições e a cultura dos povos que
viviam na região.
Em relação aos povos judeus e árabes, há algumas terminologias usadas que geram confusão. São
povos semitas, ou seja, conjunto linguístico composto por uma família de vários povos, entre os quais árabes
e hebreus (atuais judeus). A origem vem do Gênesis e refere-se a descendentes de Sem, filho de Noé.
Antijudaísmo é a hostilidade ou oposição a religião judaica e seus praticantes e não a fatores raciais.
Antissemitismo é a hostilização a judeus e árabes. O Nazismo abraçou o desejo de exterminá-los.
Antissionismo é o termo aplicado principalmente a oposição política, religiosa ou moral ao estado judeu.
Lembrando que:
Após a Segunda Guerra Mundial, os britânicos decidiram abandonar a Palestina, passando o problema
para a ONU. Em 1948, as Nações Unidas aprovaram a partilha da Palestina entre os Estados árabe e judeu.
Havia um clima internacional favorável à criação de Israel, por causa do holocausto praticado pelos nazistas.
Mas havia, também, muitos interesses geopolíticos em jogo. Começava naquele momento o período de tensão
entre as superpotências, que iria se estender até o fim da década de 1980, como já foi mencionado, dentro do
contexto geopolítico da Guerra Fria.
A Palestina é palco dos conflitos entre os árabes e judeus. Este território encontra-se limitado ao norte pela
Síria, ao sul pelo deserto do Sinai, a oeste pelo mar Mediterrâneo e a leste pelo deserto Arábico. Após os anos
de 1948-1949, com a criação do estado de Israel, muitos palestinos acabaram se espalhando pelos países árabes
vizinhos. Alguns permaneceram em território pertencente a Israel, e acabaram perdendo todos os seus direitos,
passando a ser refugiados palestinos.
A ONU tentou amenizar o problema criando campos de refugiados, fornecendo moradia e alimentação
para os mesmos. Estes campos, ao longo do tempo, acabaram tornando-se regiões permanentes de ocupação
palestina, o que não interessava aos israelenses, gerando conflitos entre os dois povos.
Os conflitos envolvendo árabes e israelenses iniciaram-se no dia seguinte à criação do Estado de Israel. A
Liga Árabe, formada por Egito, Iraque, Jordânia, Líbia e Síria, considerando que a decisão da ONU prejudicara
os palestinos em benefício dos israelenses, declarou guerra a Israel.
A primeira guerra árabe-israelense (1948-1949), considerada a Guerra de Independência de Israel, foi
vencida pelos israelenses, que contaram com o auxílio dos Estados Unidos, enquanto os árabes receberam
apoio da URSS, extrapolando o conflito para a esfera da Guerra Fria.
Após esse conflito, a Liga Árabe se dissolveu e Israel ampliou seus territórios com a anexação da Galileia
e do deserto de Neguev, o que correspondia a 70% do território da Palestina. A Faixa de Gaza e a Cisjordânia
ficaram sob o domínio do Egito e da Jordânia, respectivamente.
A Segunda Guerra Árabe-Israelense ocorreu em 1956, contra o governo egípcio do coronel Gamal Abdel
Nasser, em decorrência da nacionalização do Canal de Suez e do fechamento do porto de Eilat, no golfo de
Ácaba, impedindo o acesso dos israelenses ao mar Vermelho.
Lembre-se de que o Canal de Suez foi construído inicialmente por um consórcio anglo-francês, tendo
ficado, posteriormente, sob o domínio dos ingleses, que concluíram a construção e enfrentaram a resistência
egípcia na Revolta de Arabi Paxá.
As medidas do governo egípcio afetaram interesses anglo-franceses na região, formando-se então uma
aliança de ingleses, franceses e israelenses contra os egípcios. Por pressão da URSS, que ameaçava empregar
seu poderio militar em apoio aos egípcios e, por intervenção da ONU e dos Estados Unidos, receosos da
generalização da luta no Oriente Médio, a guerra foi encerrada. Durante o conflito, Israel ocupou a península
da Sinai, devolvendo-a ao final da disputa.
Essa guerra projetou o Egito no mundo árabe, ainda que tenha sido derrotado militarmente. Os soviéticos
também se projetaram na região, aproximando-se do Egito. Desse fato decorreu a contraofensiva norte-
americana, com a criação da Doutrina Eisenhower, apoiando militar e financeiramente Estados árabes contra
a ameaça comunista.
Em 1964, foi fundada a OLP, Organização para a Libertação da Palestina, que empregou a tática de
guerrilha contra comunidades israelenses para retomar os territórios ocupados e defendeu a criação de um
Estado palestino. Os Estado árabes apoiavam e protegiam a ação da OLP.
Em 1967, as tropas da ONU retiraram-se da península do Sinai, rompendo o isolamento imposto pelas
tropas egípcias das tropas israelenses. O bloqueio dos portos israelenses pelo Egito e a atuação da OLP, com
a conivência dos Estados árabes, desencadeou a terceira guerra árabe-israelense, conhecida como a Guerra
dos Seis Dias.
O mapa a seguir revela a expansão do território israelense após a Guerra dos Seis Dias. O território
israelense, que à época de sua fundação (1948) era de 14.500 km², atingira a extensão de 89.490 km²
A superioridade bélica israelense provocou a derrota dos países árabes na guerra, e Israel anexou ao seu
território as colinas de Golã (Síria), a Cisjordânia (Jordânia) e a Faixa de Gaza (Egito). Apesar de as
determinações da ONU terem encerrado o conflito, Israel não devolveu os territórios anexados, mantendo,
também, a cidade de Jerusalém.
A quarta guerra, em 1973, foi a Guerra do Yom Kippur, o “Dia do Perdão”, sagrado para os judeus, ou
Guerra do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos. Foi um duplo ataque: os sírios, ao norte do Israel, e os
egípcios, ao sul. A vitória foi israelense e a interferência, novamente, da ONU e dos Estados Unidos encerrou
o conflito.
A reação de Israel foi contundente e conseguiu abafar os dois lados da invasão promovida por egípcios e
sírios. Apesar da derrota, os árabes tomaram a guerra do Yom Kippur como um importante evento em que
demonstraram o seu repúdio à presença judaica no Oriente Médio. Os vários militares israelenses mortos e
pegos de surpresa acabaram simbolizando a resistência dos árabes e inflamou os vários grupos terroristas que
se organizavam naquela época. Uma das mais pesadas consequências da Guerra do Yom Kippur foi a
deflagração da Crise do Petróleo. Tal crise se instalou logo que os países árabes integrantes da OPEP
(Organização dos Países Exportadores de Petróleo) se negaram a vender petróleo aos países que apoiavam o
governo israelense. No curto prazo, esta sanção econômica motivou várias nações a descobrirem fontes de
energia que reduzissem a dependência em relação aos derivados do petróleo.
Os conflitos entre Egito e Israel foram encerrados quando o presidente egípcio, Anwar al Sadat, e o
primeiro-ministro israelense, Menachem Begin, assinaram o Acordo de Camp David, referência à residência
de verão do presidente em exercício dos Estados Unidos. No dia 26 de março de 1979, por mediação do
presidente norte-americano Jimmy Carter, foi assinado, na Casa Branca, o primeiro acordo de paz entre um
país árabe e Israel, estabelecendo relações diplomáticas entre os dois Estados, o direito de livre navegação dos
navios israelenses pelo Canal de Suez e a devolução da península do Sinai aos egípcios.
O presidente egípcio Anwar al Sadat reconheceu a
importância histórica do Acordo de Camp David ao
declarar: “Aqueles entre nós que se sentem unidos nesta
visão não podem negar a dimensão sagrada de nossa
missão. O povo egípcio, com sua compreensão histórica
e herança única, entendeu desde o início o valor e o
significado deste empreendimento ousado”.
Em 1993, pelo Acordo de Oslo, Yitzhak Rabin, primeiro-ministro israelense, pertencente ao Partido
Trabalhista, e Yasser Arafat, líder da OLP, assinaram um acordo no qual a OLP reconhecia o Estado de Israel
e renunciava à violência e, em contrapartida, Israel concedia autonomia limitada aos palestinos em
determinadas áreas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, a chamada Autoridade Nacional Palestina. Em 1995,
Rabin foi assassinado por um fanático religioso judeu.
Outro tema importante acerca do Oriente Médio diz respeito à economia. Os países árabes são importantes
produtores e exportadores de petróleo em uma economia global que depende desse recurso energético. Dessa
forma, as questões políticas envolvem necessariamente avaliações sobre o poder econômico da região,
intimamente vinculado ao petróleo.
Deve-se destacar que, após a derrota dos países árabes na Guerra do Yom Kippur, a resposta da
comunidade árabe foi reduzir a produção e exportação de barris de petróleo, o que levou a uma crise económica
no mundo capitalista. Tratar das questões políticas e das guerras na região é, então, verificar os interesses
principalmente estadunidenses sobre o petróleo.
Além da Guerra do Yom Kippur, outras guerras foram travadas no Oriente Médio. Apesar de não estar
explícita a questão energética, as implicações nesse campo não deixaram de ser fundamentais para os conflitos
armados. A aproximação dos Estados Unidos com Arábia Saudita, Kuwait e Iraque foi estratégica para a
obtenção de vantagens na prospecção e comercialização de petróleo. Deve-se atentar para o fato de que a
Guerra Irã-lraque e a Guerra do Golfo são exemplos da importância estratégica associada a esse combustível
fóssil.
Saddam Hussein foi o presidente do Iraque entre 1979 e 2003. Recebeu apoio militar e económico dos
EUA na luta contra o Irã, de 1980 a 1988. A pretensão de Hussein de criar um poder regional autônomo
colocou em questão a ajuda estadunidense, levando a uma ação militar desse país, sem aval da ONU, sobro o
Iraque. O resultado foi a deposição de Saddam e a instalação de um “regime democrátjco” débil no país, tanto
que foi incapaz de preservar o território de grupos fundamentalistas como os jihadistas do Estado Islâmico.
Adiante, o mesmo ditador apoiado pelos EUA, Saddam Hussein, iniciou uma nova guerra e, desta vez,
contra seu outro vizinho, o Kuwait. As tropas iraquianas entraram no território do país vizinho para se
assenhorear dos campos de petróleo. Desta vez, porém, não houve apoio estadunidense.
O governo norte-americano posicionou-se contra o ataque iraquiano e decidiu mobilizar forças militares
para expulsar o agressor do Kuwait. Para os Estados Unidos seus interesses econômicos estratégicos estavam
sendo perturbados pela ameaça expansionista iraquiana. Assim, teve início a chamada Guerra do Golfo, em
1991.
Hussein foi transformado em demônio conforme a praxe: quando finalmente se entendeu, fora de
qualquer dúvida, que seu nacionalismo independente ameaçava os interesses norte-americanos. Nesse
momento, seu histórico de horrendas atrocidades ficou disponível para as necessidades
propagandísticas, mas, afora isso, não teve essencialmente nada a ver com sua transição repentina, em
agosto de 1990, da condição de amigo querido para a de reencarnação de Gêngis Khan e Hitler.
A expulsão das tropas iraquianas garantiu os interesses econômicos e geopolíticos estratégicos dos Estados
Unidos na região e abriu espaço para uma nova campanha na imprensa em defesa de uma Guerra no Iraque
para acabar com a ditadura de Saddam Hussein. Tal campanha informava a existência de armas químicas e
biológicas em poder do Iraque que deveriam ser destruídas, mas, para tanto, era fundamental a derrubada do
regime de Hussein no país. Uma guerra que ocorreu em 2003 e devastou o Iraque que até hoje sente os efeitos
da campanha militar empreendida pelos EUA com a colaboração da Grã-Bretanha que, animou grupos radicais
fundamentalistas a atuarem em meio ao caos vivido na região.
Em meio à crise instalada no Oriente Médio devido várias intervenções militares ê à exploração não apenas
do território, mas também de sua população, grupos religiosos passaram a defender o uso de atividades
terroristas como meio político de oposição sistemática ao comando externo, em especial o comando
estadunidense na região.
Não se pode tratar do fundamentalismo como sinônimo de terrorismo, mas deve-se entender que há relação
entre ambos. Nos primórdios do avanço fundamentalista na região encontra-se, por exemplo, o caso da
Revolução Islâmica conduzida pelo aiatolá Khomeini contra o xá Reza Pahlavi. Pahlavi havia tentado, na
década de 60 do século passado, modernizar o Irã, reduzindo o papel da religião nos assuntos políticos, além
de ser acusado de aliança com os Estados Unidos em detrimento da fé, pelos grupos mais radicais. Uma
liderança na luta contra o xá era Ruhollah Khomeini (1900-1989), preso em 1965 e exilado até 1978.
A foto documenta a coroação do xá Mohammad Reza Pahlevi em 26 de outubro de 1967. Pahlevi, para chegar ao poder, tinha
apoio dos consórcios estadunidense, britânico, francês e holandês, que controlavam a exploração do petróleo no país.
Do exílio, Khomeini enviava mensagens de luta e resistência contra o governo do xá, criando um
gigantesco movimento, alimentado pela situação de pobreza e miséria da população iraniana. A deterioração
da situação social, política e económica lançou o país em um levante cujo resultado, depois de milhares de
mortos, foi a derrubada de Pahlevi e a ascensão do aiatolá Khomeini, em 1979. Desde então, o Irã tornou-se
oficialmente inimigo dos Estados Unidos na região, o que explica o apoio desse país a Saddam Hussein na
Guerra Irã-lraque (1980-1988).