Você está na página 1de 4

A reflexiva poética de Francis Correia

Biografia
Francis Correia é pseudônimo do poeta e escritor moçambicano Jornês Francisco
Correia. Francis Correia é, porém, relativo ao sobrenome do poeta. Foi nascido no
distrito da Maganja da Costa, na província da Zambézia, em 03 de Março de 1996.
Atualmente é professor de Inglês e formando em psicologia educacional, pelo Instituto
Superior Cristão. É Membro da Luz Literária de Moçambique.

1
RECLUSÃO

Eu sinto uma palavra desnuda acorrentada sobre a mina


Uma espécie de guilhotina cortejando a beleza
Tudo está um susto, uma babel, um papel suspenso dubiamente e um desespero.
A hora anda e degringola
Há, quiçá, um entendimento no mundo
Eu desando com o coração enlanguescido:
Um medo, um pavor, uma coisa qualquer que não cabe na palavra cristalina.
Eu vejo arqueiros alucinados
Arremessar a flecha da sua prole a outros umbrais.
Eu tenho este coração aberto que me afronta e me devolve,
Uma vida que represento e um ombro à disposição
E cabe aqui, um outro desembaraço
Escondido no próximo poema.

2
O PRIMEIRO ADEUS

O poeta que antes se foi,


Renasce neste espaço de ócio.
Boia e soçobra com a pura angústia do mundo
Comparece com a marcha de um adeus tão sôfrego por dissipar-se
O poeta, nosso poeta, tão meticuloso, carrega pela face dois olhos derrotados e indiferentes à
sua dor
Lembra-se feliz na lonjura do tempo: na terna blandícia dos dias que se esvaem, cheios de si.
É aqui, onde deixa os olhos que não lhe pertencem mais, e outros sonhos que juntos hão de
levar.

3
UMA BALADA SÓ

Faço desta balada


O azo que desenverga o peito
Desta exótica gaiola migratória cravada no imo
E se olhardes além dos fatos
Não vereis disciplina nem submissão às leis da arte
Espero, no entanto, que a minha jornada esteja imune a convites e acenos ao banquete
da perfeição
Breu, erguem-se também passos a passos da imprecisão
Se, quiçá fracassar, a arte dará gargalhadas e dirá o quão inútil fui
Neste vulto que chamamos poema.

Você também pode gostar