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Sentido Artístico Melancólico

Sir John Everett Millais – Ophelia (personagem de Hamlet, de William Shakespeare), 1852 – óleo sobre tela –
Tate Britain, London

Programa de clássicos da literatura

Sandra Sousa nº22 – 12ºLH1

26-09-2022
Digamos que isso acontece em forma de sucessão matemática, pois insucessos
resultam em cargas de tristeza cada vez maiores ao longo do tempo. Uma forma
ótima para me libertar desse tipo de estado é apreciar ou criar artes melancólicas
ou, no mínimo, meio melancólicas. Quando encontro uma peça de arte ideal, me
sinto imersa nela, imaginando-me naquele cenário e, portanto, deixando a
criatividade e a imaginação tomarem conta da minha mente.

Se tivesse que me descrever, não conseguiria passar de um conjunto de pincéis


gastos, livros e séries. Talvez me caracterizem como fraca por isso, mas, penso eu,
fraca sou no que se refere lidar com os meus sentimentos e emoções.
Dessas apreciações, poderia afirmar que algumas me entristecem e outras pouco
me importam. Há vezes que só me apetece queimar algumas, com as brasas do
cigarro ou afoga-las em mais uma taça de vinho barato.

A frase “Tenha cuidado com a tristeza. É um vicio.” De Gustave Flaubert é uma


daquelas frases que significa muito para mim.
Parece que foi uma conclusão conseguida a partir da observação da minha vida.
Realmente devemos tomar muito cuidado com a tristeza, pois, quando se torna
elemento do seu quotidiano, poderão surgir decepções.

Quanto as mudanças, diria que é um assunto com o qual perco bastante tempo.
Me esforço todos os dias para conseguir a melhor versão de mim.
A análise figurativa ideal seriam “Profundas depressões num longo curso de água,
onde as águas deslizam de modo a preencher tais depressões, mas nunca
conseguem”.
Acabamos de visualizar o meu emocional condensado, é ele que me afoga, mas que
também recebe golpes meus, todos os dias.
Grupo nº3

Amanhã, ao amanhecer Soneto 35

Amanhã, ao amanhecer, quando de Não chores mais o erro cometido;


branco o campo se banha, Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
Eu partirei. Sei que você me vê, e sei que O sol no eclipse é sol obscurecido;
espera por mim... Na flor também o inseto faz seu ninho;
Seguirei pelas florestas e cruzarei a
montanha. Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Não posso ficar longe de você tanto Que te sobram razões de compensar
tempo assim... Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;
Marcharei com os olhos fixos em meu
pensamento, Os sentidos traíram-te, e meu senso
Sem desviar minha atenção, sem ouvir De parte adversa é mais teu defensor,
qualquer ruído, Se contra mim te escuso, e me convenço
Só e desconhecido, costas encurvadas, as
mãos num lamento, Na batalha do ódio com o amor:
Dia triste como a noite para mim, quando Vítima e cúmplice do criminoso,
eu tiver partido. Dou-me ao ladrão amado e amoroso.

Nem para o dourado da noite que cai eu William Shakespeare


olharei, Helena Marques nº12
Nem verei as velas que para Harfleur
descem em triste ardor...
E quando eu chegar, em seu túmulo
colocarei
Um buquê de verde azevinho e urzes em
flor.

Victor Hugo
Sandra Sousa nº22
Hugh Selwyn Mauberley LAÇOS
Cordas feitas de gritos
Vai, livro natimudo,
E diz a ela Sons de sinos através da Europa
Que um dia me cantou essa canção de Séculos enforcados
Lawes: Carris que amarrais nações
Houvesse em nós Não somos mais que dois ou três homens
Mais canção, menos temas, Livres de todas as peias
Então se acabariam minhas penas, Vamos dar-nos as mãos
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz Violenta chuva que penteia os fumos
Cordas
Diz a ela que espalha Cordas tecidas
Tais tesouros no ar, Cabos submarinos
Sem querer nada mais além de dar Torres de Babel transformadas em pontes
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam, Aranhas-Pontífices
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor, Todos os apaixonados que um só laço
Rubribordadas de ouro, só enlaçou
Uma substância e cor
Desafiando o tempo. Outros laços mais firmes
Brancas estrias de luz
Diz a ela que vai Cordas e Concórdia
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora Escrevo apenas para vos celebrar
Quem a fez, que talvez uma outra boca Ó sentido ó sentidos caros
Tão bela quanto a dela Inimigos do recordar
Em novas eras há de ter aos pés Inimigos do desejar
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós Inimigos da saudade
Com o de Waller se deponham, mudos, Inimigos das lágrimas
No olvido que refina a todos nós, Inimigos de tudo o que eu amo ainda
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós. Guillaume Apollinaire
Maria das Dores
Ezra Pound
Leonilda

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