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dr.claudio.bastidas@gmail.com
FREUD, S. (1933). Por que a guerra? In: ______ Edição standard das
obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago,
1980.
* a agressividade é reprimida para que surja a sociedade. A guerra é
resultado da agressividade primitiva. Para que a sociedade prospere,
devemos apostar na paz.
ARTE
“NÃO SE ENGANEM! ARTE TAMBÉM LIGADA À CLÍNICA” (terror, perversões, sexualidade
feminina, aparições do demônio, histeria, homossexualidade...)
P.280: Hamlet (Shakespeare): a fantasia está reprimida. Desejou matar o seu pai (tal
como seu tio teria supostamente feito) e por causa disso, hesita matar o tio durante a
peça
Nota do editor: texto que não foi publicado em vida. O ponto de partida é uma peça
de Hermann Bahr, intitulada Die Andere.
“Parecia ser tarefa do dramaturgo induzir a mesma doença [de Hamlet] em nós, e isso
pode ser alcançado da melhor forma se formos levados a acompanhar o
desenvolvimento da moléstia junto com o sofredor.”
“Em geral, talvez se possa dizer que a instabilidade neurótica do público e a habilidade
do dramaturgo em evitar resistência e oferecer prazeres antecipados podem, somente
elas, determinar os limites fixados ao emprego de personagens anormais no palco.”
(p.327)
De que fontes o escritor criativo retira seu material e como desperta emoções “das
quais talvez nem nos julgássemos capazes”?
“O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo de fantasia
que ele leva muito a sério (...) [e] mantém uma separação nítida entre o mesmo e a
realidade” (p.150)
“Na realidade, nunca renunciamos a nada; apenas trocamos uma coisa por outra.” A
criança troca o brincar pelo fantasiar. A imaginação do escritor é produto de temáticas
infantis.
O prazer que o escritor desperta no leitor: altera e suaviza suas próprias [do escritor]
fantasias e “(...) nos suborna com o prazer puramente formal, isto é, estético, que nos
oferece na apresentação de suas fantasias.” [o prazer estético] “procede de uma
liberação de tensões em nossas mentes.”
Notas do Editor: Jung recomendou a Freud o livro de Jensen (“Gradiva: uma fantasia
pompeiana”). Freud escreveu para Jensen, que ficou lisonjeado com a análise e parece
ter aceito as interpretações. Freud era fascinado por Pompéia (visitou a cidade) e com
a metáfora da repressão como “soterramento”.
Resumo do livro: o jovem arqueólogo Norbert Hanold conseguiu uma cópia de gesso
do relevo da Gradiva e a chamou de “a jovem que avança’. Afastado das mulheres,
decidiu “observar a vida” (os pés das mulheres) para descobrir se o andar de Gradiva
seria verossímil. Concluiu que não e ficou aborrecido.
Sonhou que Gradiva andava, não escutou seu chamado, deitou-se num templo, com
expressão serena e as cinzas do Vesúvio a cobriram. Acordou, foi à janela, ouviu o
canto de um canário e julgou ter visto Gradiva na rua. Saiu correndo atrás dela, com
roupas de dormir, foi ridicularizado pelos transeuntes e voltou.
Gradiva afirma que seu nome é Zoe (“vida”). O proprietário do hotel conta a história
de um casal que decidiu morrer abraçado em Pompéia. Norbert avista um casal (real)
de namorados se beijando e considera eles simpáticos. Novamente com Gradiva, para
saber se ela é real, toca em sua mão sem pedir autorização, usando como disfarce o
pretexto de que espantava uma mosca. Ela afirma: “Perdeste mesmo o juízo, Norbert
Hanold!” Surge o casal e o arqueólogo foge. Zoe conta ao casal que tem intenções
terapêuticas para com Norbert e também “outros propósitos secretos”.
Ao final da história, Norbert namora com Zoe (vizinha e amiga de infância). [obs: ao
mergulhar na relação de Norbert com a relevo de Gradiva, Zoe cura o rapaz]
FREUD, S. Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância (v. XI, 1910)
Leonardo da Vinci: adorava o belo, nunca terminou uma pintura, ociosidade, libertava
pássaros e não comia carne porque não queria a morte dos animais, observava
condenados à morte para desenhar sua expressão de medo, projetava armas de
guerra, rejeição da atividade sexual (considerava o sexo “abjeto”), discípulos
escolhidos pela beleza pessoal (e não pelo talento)
Sublimação: conhecimento
Narcisismo e homossexualidade
FREUD, S. (1911). Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. In: ______
Edição standard das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago,
1980.
p.139: “A arte ocasiona uma reconciliação entre os dois princípios, de maneira peculiar. Um
artista é originalmente um homem que se afasta da realidade, porque não pode concordar
com a renúncia à satisfação instintual que ela a princípio exige, e que concede a seus desejos
eróticos e ambiciosos completa liberdade na vida de fantasia. Todavia, encontra o caminho de
volta deste mundo de fantasia para a realidade, fazendo uso de dons especiais que
transformam suas fantasias em verdades de um novo tipo, que são valorizadas pelos homens
como reflexos preciosos da realidade.”
[Os escrínios (porta-joias ou cofrinho para material de papelaria) como símbolos femininos]
Numa carta a Fereczi, Freud relacionou a “determinante subjetiva” do artigo com suas
três filhas
Shakespeare: “Rei Lear”: quer ouvir das filhas declarações de amor, para dividir seu
reino na proporção do amor expressado por elas. Quer ser amado e fugir da morte.
Filhas representam três mulheres: mãe, esposa e a “terra mãe” (a morte). Ao final da
tragédia, entra com Cordélia morta. Isso representa a conciliação do velho com a
morte.
Tentar descobrir a intenção do artista, o que ele queria expressar “e nos fazer
compreender”
Olhar de Moisés: mescla de ira, dor e desprezo. Calma “exterior” e emoção “interior”.
Sentiu fúria, mas dominou a tentação. “(...) ira congelada e seu sofrimento mesclado
de desprezo. (...) Lembrou-se de sua missão e, por causa dela, renunciou à satisfação
de seus sentimentos.” (p.272)
Bíblia (p.273-274)
Michelângelo esculpiu um Moisés que não quebrou as tábuas da lei, “(...) uma
expressão concreta da mais alta realização mental (...) combater com êxito uma paixão
interior pelo amor de uma causa a que se devotou.” (p.275)
FREUD, S. (1916). Alguns tipos de caráter encontrados no trabalho psicanalítico. In: ______
Edição standard das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago,
1980.
“O Homem de Areia” (de Hoffmann): arranca os olhos das crianças, jogando areia nos
rostos delas, quando não querem dormir. Os olhos servem de alimento para os seus
filhos, que tem bicos curvos como os da coruja. Nataniel “lembra” (fantasia) que
Copélio costumava visitar o seu pai e, certa vez, o pai salvou Nataniel de Copélio, que
queria arrancar seus olhos, atirando pedaços de carvão em brasa. Um ano depois, o
pai morre numa explosão. Quando jovem, reconhece Copélio em Giuseppe Coppola,
que lhe oferece “olhos” (óculos). Nataniel compra dele um pequeno telescópio.
Observa Olímpia (filha de Spalanzani) com o telescópio e se apaixona. Ela é bela e
“estranhamente silenciosa e imóvel”. Ela é uma boneca, cujos olhos foram dados por
Coppola. Nataniel ataca Spalanzani, que deixou Coppola levar Olímpia consigo.
Tempos depois, fica noivo de Clara, mas, num passeio pela cidade, do alto de uma
torre, avista Copélio. Enlouquecido, atira-se para baixo e morre.
Pais “duplos”: seu pai (que o salvou de Copélio) e Copélio/Homem de Areia (p.290)
ABAIXO NÃO
Estética: teoria de beleza e também da “qualidade do sentir” (que está ligada também
ao inconsciente)
“(...) deve começar por transportar-se para esse estado de sensibilidade, despertando
em si a possibilidade de experimentá-lo.”
Loucura
P.305: Freud menciona Schnitzler (adaptado por Kubrick, em “De olhos bem
fechados”)
FREUD, S. (1920) Além do princípio do prazer. In: ______ Edição standard das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
Redenção do pacto com o demônio viria por meio da graça da Virgem Maria
Em outra parte do diário, afirma que havia feito um outro pacto anteriormente, escrito
à tinta. Em dois exorcismos, viu o diabo devolver os textos dos pactos. Entrou para a
Ordem dos Irmãos Hospitalários. Foi tentado pelo diabo outras vezes – após beber
vinho “um pouco em demasia”, segundo um monge –, mas o repeliu.
Menções ao tema em Cartas a Fliess (nº 56 e 57) e Caráter e erotismo anal (v. IX,
p.174)
P.104-105: ser “filho do diabo” (expressão que constaria no pacto) & pai real que havia
falecido
P.115: rebelar-se contra a atitude feminina para com o pai. Deslocamento do desejo
de castrar o pai e ternura pela mãe.
FREUD, S. (1927). O futuro de uma ilusão. In: ______ Edição standard das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
A arte é resultado das renúncias, em prol da civilização. Por outro lado, a Arte também
promove a satisfação narcísica ao proporcionar sentimentos de identificação
FREUD, S. O humor (v. XXI, 1927)
Quando há um crime, importa saber também quem o desejou quem sentir prazer com
ele. Em Os irmãos Karamazov, um padre se ajoelha frente a um criminoso, Freud
interpreta isso como um agradecimento ao criminoso, que carregaria em si a culpa de
um homicídio que todos nós teríamos desejo de cometer – “Isso não é apenas piedade
bondosa, mas uma identificação com base em impulsos assassinos semelhantes (...)”
(p.219)
Artista criador: “(...) a análise, ai de nós, tem que depor suas armas.”
A condenação de Dostoievski à prisão foi injusta, mas ele se reconcilia com o Czar =
submissão masoquista ao pai, em razão dos desejos parricidas. “É fato que grandes
grupos de criminosos desejam ser punidos. O superego deles exige isso; assim se
poupam a si mesmos a necessidade de se infligirem o castigo.” (p.215)
FREUD, S. (1930). O mal-estar na civilização. In: ______ Edição standard das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
p.93 e 96/97: “substâncias tóxicas que influenciam o nosso corpo (...) provocando sensações
prazerosas”.
p.97: “(...) é possível que haja substâncias na química de nossos corpos que apresentem
efeitos semelhantes, pois conhecemos pelo menos um estado patológico, a mania, no qual
uma condição semelhante à intoxicação surge sem administração de qualquer droga
intoxicante.”
p.100: “(...) a suave narcose a que a arte nos induz, não faz mais do que ocasionar um
afastamento passageiro das pressões das necessidades vitais
Fuchs foi um crítico literário, próximo do cinema, que foi preso por motivos políticos
o tratamento dispensado aos prisioneiros está “(...) em prefeita harmonia com nossa
civilização, expressão necessária da brutalidade e falta de compreensão que dominam
a humanidade civilizada da época atual.” (p.309)
“(...) sou persona ingrata, senão ingratíssima, para o povo alemão – e, além do mais
para as pessoas cultas, bem como para as incultas.” (p.308)
FREUD, S. FREUD, S. Prefácio a “A vida e as obras de Edgar Allan Poe: uma interpretação
psicanalítica”, de Marie Bonaparte (v. XXII, 1933)
“Neste livro, Marie Bonaparte, minha amiga e discípula, dirigiu a luz da psicanálise
sobre a vida e a obra de um grande escritor de tipo patológico. Graças ao trabalho (...)
podemos compreender agora em que medida as características da obra desse autor
foram determinadas pela natureza especial do mesmo. Contudo, também verificamos
que isto foi consequência de poderosos laços afetivos e de experiências dolorosas do
início de sua adolescência. Investigações como esta não se destinam a explicar o
caráter de um autor, porém mostram quais as forças motrizes que o moldaram e qual
o material que lhe foi oferecido pelo destino.” (p.310)