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Ilustração: Francis Bacon


“Painting”, 1946

7. SADISMO:
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O MARQUÊS DE SADE E A PSICANÁLISE

“Mas de onde vem então esse gosto monstruoso?


Da natureza, minha filha.”
Marquês de Sade, Histoire de Juliette (1796)

“O impulso fundamental ou princípio motor da mente


humana é o prazer ou a dor; quando estas sensações
desaparecem de nosso pensamento e sensibilidade, somos
quase totalmente incapazes de experimentar paixão ou
ação, desejo ou vontade.”
D. Hume, Tratado da Natureza Humana, Livro II, Das
Paixões, Parte III, Das demais virtudes e vícios (1739)

“Os desejos sádicos não somente ocasionam as guerras


como intervêm também em outras manifestações sociais.
Às vezes aparecem de forma quase pura, como nos casos
de combate de boxe, nas touradas e nas perseguições
religiosas ou raciais que a humanidade pratica de vez em
quando ... deve-se ter em conta que nas relações humanas
há uma grande quantidade de dor desnecessária, que
existe somente porque satisfaz desejos humanos de dor e
sofrimento de origem inconsciente.”
Angel Garma, Sadismo y Masoquismo en la Conducta
Humana (1960)

Antes de mais nada quero esclarecer que meus comentários são os de


um médico e psicanalista e, como tal, o vértice de onde partem minhas
observações estão impregnados desta prática.

Não vou, entretanto, fazer qualquer esboço de uma psicobiografia do


Marquês de Sade, ou tentar incluí-lo em alguma categoria diagnóstica buscando,
isto sim, alguns comentários sobre o sadismo e sua relação com a psicanálise,
trajeto que por si só considero suficiente para suscitar curiosidades, levantar
questões, inquietações e suspiros de alívio ...

Hemingway costumava perguntar às pessoas se sabiam o que é um


clássico, e ele próprio respondia: “Um livro do qual todos falam e ninguém lê”.
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Não posso deixar de pensar na obra de Sade quando lembro este chiste de
Hemingway. Fazendo uma escritura “maldita”, como tantos outros, entre os quais
Baudelaire, Gide, Wilde ..., que o levava às prisões, ele pode ser considerado um
“clássico”. Pouco lido pela proibição da publicação de seus livros, o que ocorria
há até poucos anos em sua terra, mas também, e talvez principalmente, pelo
próprio conteúdo de suas obras e o que elas mobilizam em cada um de nós.

Freud, em seu livro maior, o livro sobre sonhos (Freud, 1900) escreveu o
seguinte, referindo-se ao destino de Edipo, vivido também por todos nós:

“Se Oedipus Rex comove um auditório moderno não menos que o grego
da época, a explicação somente pode ser no sentido de que seu efeito não está
no contraste entre o destino e a vontade humana, mas que deve ser procurado
na natureza particular do material sobre o qual aquele contraste é exemplificado.
Deve haver algo que torna uma voz dentro de nós pronta a reconhecer a força
compulsiva do destino de Oedipus...” e ainda, “se o destino de Oedipus nos
comove é somente porque poderia ser o nosso - porque o oráculo lançou a
mesma praga sobre nós, antes de nascermos, como fez com ele.”

Da mesma forma com que revela o destino edípico em cada um de nós, a


partir da tragédia de Sófocles, Freud nos revela também o mundo de Sade
existente no desenvolvimento humano normal, a partir de sua concepção de
sadismo. Nós todos, o que acredito é algo sabido, encontramos Sade, Justine,
Juliette, Aline, Valcour, etc., toda esta estética de personalidades/personagens,
na história pessoal de todos nós, na normal configuração perverso-polimorfa,
como disse Freud (Freud, 1905), de nossa experiência vivida.

Em relação a Sade, Freud teve o mérito, acredito único, de retirá-lo da


literatura “maldita”, dos tratados judiciários, da psiquiatria fenomenologista, da
“Psichopatia sexualis” e entregá-lo a todos nós, a você e a mim: possamos pois
desfrutar, a espécie humana, dos prazeres elementares, não como um fim em si,
único e estereotipado, como em uma perversão, mas como um componente
essencial, ainda que [parcial], de nossa vida psíquica. O que nos distingue de
qualquer personagem de Sade e dele próprio é, fundamentalmente, uma questão
de quantidade e não de qualidade.
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O sadismo e seu partenaire, o masoquismo, são elementos do cotidiano


clínico de qualquer psicanalista, não apenas daqueles identificados como
pacientes, como também nos indivíduos em geral, colocados aí, é claro, os
psicanalistas e, inclusive, facilmente observáveis na crua conduta dos bebês e
das crianças. Penso que não digo nenhuma novidade aos que me acompanham
e que certamente, se adotarem uma visão binocular, isto é, uma visão que
contemple o externo e o interno de cada sujeito, de cada um de nós, identificarão
em si e nos outros estes aspectos, repito, o sadismo e o masoquismo:
elementos constitutivos da condição humana e fontes não apenas de dor, mas
também de prazer, aliás dor-prazer e prazer-dor são contrapontos de uma
agradável melodia que nos faz perceber que estamos vivos, percepção esta
ligada ao sentimento de ser.

Em uma sessão de análise de uma criança de cinco anos observo o


prazer com que ela destrói um boneco de pano. Há dois meses nasceu um irmão
e ela foi trazida à consulta porque brincava de morder o recém-nascido de uma
forma “aparentemente” carinhosa, mas que deixava marcas no irmão, produzindo
choro no bebê e dando ela risadas “um pouco inadequadas e parecendo ter
satisfação no sofrimento infringido”, como me relataram surpreendidos os pais:
“parecia um sádico...” diziam ingenuamente.

Um homem adulto, culto e de uma educação que poderíamos dizer


refinada, relata na sessão o prazer que experimenta em relações homossexuais
com jovens rapazes que se prostituem. Existe o risco de violência física e de
contrair alguma doença sexualmente transmissível. É evidente a ligação do
prazer com o risco físico e, mesmo, com a dor e o sofrimento. Para este homem
esta situação é sintônica, isto é, ele não vem em busca de ajuda por estas
questões, mas sim, esclarece ele, pelo receio de ser identificado como
homossexual por sua família. Seu sofrimento reside apenas aí.

Durante a formação psicanalítica se realizam observações de bebês, e no


relato feito em uma destas observações um aluno descreve o prazer que
experimenta um bebê de cinco meses ao morder o seio da mãe, e causou-lhe
surpresa o mixto de prazer e satisfação que experimentava a mãe.
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Estes exemplos clínicos, experiência cotidiana de um psicanalista, como


já disse, introduz a questão do sadismo, como na resposta encontrada na
Histoire de Juliette, inerente à condição humana, presente não apenas nas
perversões como também nos indivíduos ditos normais.

Esta abordagem foi, sem dúvida, uma contribuição de Freud.


Encontramos esta compreensão no início deste século, em 1905, em seu livro
“Três ensaios sobre uma teoria sexual” e em vários trabalhos posteriores,
teóricos e clínicos.

É interessante que não tenhamos referências de que Freud, um ávido


leitor, tenha lido ao menos um pequeno conto da prolífica produção literária,
reveladora do mais escondido e do tão cotidianamente revelado, de Donatien
Alphonse François, Marquês de Sade, nascido a 2 de junho de 1740, em Paris, e
morto a 2 de dezembro de 1814, na mesma cidade, e cuja vida e obra faz,
certamente, o encanto de qualquer psicanalista. Os biógrafos mais importantes
de Freud, como Ernest Jones, MaxScxhur e Peter Gay, não fazem nenhuma
referência a que ele tenha, em algum momento, lido a satírica obra do Marquês.

Com uma vida capaz de despertar interesse em qualquer apreciador de


“alcova”, como são os psicanalistas, porque a ausência deste autor na escrita
Freudiana?

Jean Fabre faz uma síntese ao dizer sobre a época da revolução


francesa: “O sadismo aflora por toda parte: só lhe faltava um Marquês de Sade”.
Poderemos dizer que faltava um Freud para que remetesse o descrito pelo
Marquês ao endereço de cada um de nós.

A curiosidade me levou a procurar no volume XXIV da Standard Edition of


the Complete Psychologycal Works of Sigmund Freud, que trata exclusivamente
dos “Indexes and Bibliographies”, e não encontrei nenhuma referência sobre
Sade. Embora “sadismo” esteja referido, o nome do autor não é encontrado. Não
terá, então, Freud lido as obras originais do Marquês e apenas tomado de outros
autores a referência ao sadismo? Parece que é assim, embora, como é sabido,
Freud tenha sido um leitor voraz e omnívoro, e que em sua obra costumava citar
os autores: na mencionada Standard Edition, por exemplo, encontramos 86
citações de Goethe e 76 citações de Shakespeare (Gay, 1990).
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Foi Richard Krafft-Ebing (1840-1902), professor de Psiquiatria da


Universidade de Viena, quem sugeriu que se designasse a perversão sexual,
que consiste em obter satisfação através do sofrimento e da humilhação infligida
ao outro, como sadismo, em referência à obra do Marquês de Sade. Freud
retirou do tratado de psiquiatria de Krafft-Ebing, cuja primeira edição saiu do
prelo em 1886, intitulado Psychopatia sexualis, o termo sadismo.

Posteriormente utilizou, sem muita aceitação, os termos algolagnia


passiva (Scherench-Notzing) para masoquismo, e algolagnia ativa para
sadismo.

Freud considerou, inicialmente, o sadismo como um dos componentes do


instinto sexual. Esta compreensão foi mantida até quando formulou a noção de
instinto da morte, e ele, então, relacionou o sadismo com o instinto agressivo.

A primeira referência ao sadismo (Nagera, 1969) é feita por Freud em


“Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905), quando escreve:

“No que diz respeito à algolagnia ativa, o sadismo, as


raízes são fáceis de reconhecer no normal. A sexualidade
da maioria dos seres humanos masculinos contém um
elemento de agressividade - um desejo de subjugar; sua
importância biológica parece situar-se na necessidade de
vencer a resistência do objeto sexual por meios diversos do
processo de galanteio. Assim, o sadismo corresponderia a
um componente agressivo do instinto sexual, que se tornou
independente e exagerado e, por deslocamento, usurpou a
posição de liderança.”

É conhecido também (Laplanche & Pontalis, 1987) que foi Krafft-Ebing


quem estabeleceu uma ligação entre sadismo e masoquismo, formulação
acolhida por Freud em “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (Freud,
1905), onde ele considera o sadismo e o masoquismo como dois componentes
de uma mesma perversão, cuja forma ativa e passiva se encontram em
proporções variáveis em uma mesma pessoa.

Laplanche & Pontalis (Laplanche & Pontalis, 1987) comentam que na


evolução da compreensão de Freud sobre o tema e no movimento psicanalítico
em geral, duas idéias se constituirão em eixos centrais desta questão:
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“1. A correlação íntima dos dois termos é tal que não


poderiam ser estudados separadamente, nem na sua
gênese e nem em qualquer das suas manifestações.
2. A importância deste par ultrapassa largamente o plano
das perversões. O sadismo e o masoquismo ocupam, entre
as outras perversões, um lugar especial. A atividade e a
passividade que formam as suas características
fundamentais e opostas são constitutivas da vida sexual em
geral.”
(Freud, 1905)

Vários autores psicanalíticos retomaram a questão do Sadismo proposta


por Freud e, dentre eles, Karl Abraham e Melanie Klein configuraram a esta
condição um lugar central em sua obra. Deixo, deliberadamente, de lado o
estudo da Jacques Lacan sobre Sade e Kant, fazendo apenas alguns
comentários, por considerar que não é um texto representativo no conjunto da
obra deste autor, e particularmente distante do objetivo a que me proponho.
A partir das contribuições de Freud e de Abraham, Melanie Klein levou a
“extremis” a questão da pulsão de morte e de seu derivado, o sadismo. O
conjunto de sua obra é profundamente impregnado por estas questões.

Em um trabalho intitulado “Tendências criminais em crianças normais”


Melanie Klein (Klein, 1927) nos permite perceber sua forma de pensar, quando
escreve:

“... a (criança) passou por suas fixações orais, nas quais


devemos distingüir entre a fixação oral de sucção e a
fixação de morder. Esta última está muito relacionada com
tendências canibalísticas. O fato de que possamos observar
com muita freqüência que os bebês mordem o seio da mãe,
é uma das provas desta fixação”, e a autora acrescenta a
seguir que “... além disto, no primeiro ano, têm lugar grande
parte das fixações sádico-anais”. Este termo, erotismo
sádico-anal, se utiliza para designar o prazer extraído da
zona erógena anal, e da função excretória, junto com o
prazer pela crueldade, dominação ou possessão, etc., que
se encontra em estreita conexão com prazeres anais. Os
impulsos sádico-anais representam o papel principal nas
tendências que me proponho examinar (tendências
criminais em crianças normais) ...”.
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O conhecimento psicanalítico contribuiu também para localizar as


operações do sadismo em diversas patologias além das perversões, onde
habitualmente somos levados a imaginar o “locus” do sadismo.

A neurose obsessiva, entre outras, como veremos a seguir, é uma destas


manifestações.

Em “Notas sobre um caso de neurose obsessiva” (1909) e em “Tendência


à neurose obsessiva” (1913), Freud retoma o tema da curiosidade infantil, que
havia desenvolvido nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905),
esclarecendo que os componentes sádicos instintivos exercem um importante
papel na repressão prematura dos impulsos escoptofílicos e epistemofílicos,
predispondo o indivíduo para o desenvolvimento da neurose obsessiva.

No estudo sobre “O homem dos ratos” (Notas sobre um caso de neurose


obsessiva, 1909), ele escreve:

“As histórias dos pacientes obsessivos revelam, quase


invariavelmente, um desenvolvimento precoce e uma
repressão prematura dos impulsos sexuais de ver e
conhecer (os impulsos escoptofílicos e epistemofílicos)...” e
“... já mencionamos a parte importante desempenhada
pelos componentes sádicos instintivos na gênese da
neurose obsessiva...”.

Ao realizar seu estudo sobre a melancolia, Freud revelou como é possível


o indivíduo tratar a si mesmo como um objeto e, desta maneira, voltar o sadismo
contra o próprio ego, inclusive ao ponto de se suicidar (Nagera, 1969).

Freud escreve em “Luto e melancolia” (Freud, 1915, 1917):

“A análise da melancolia mostra agora que o ego só pode


matar-se se, devido ao retorno da catexia libidinal, puder
tratar de si mesmo como um objeto - se for capaz de dirigir
contra si mesmo a hostilidade relacionada com um objeto e
que representa a reação original do ego para com objetos
do mundo externo.”

Neste mesmo trabalho Freud se refere às contribuições de Karl Abraham


para o estudo da melancolia, onde se evidencia a ligação da melancolia com a
fase oral do desenvolvimento libinal, particularmente a fase oral-canibalística,
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onde a introjeção é carregada de um componente instintivo de sadismo, que


busca, por um lado, destruir o objeto (ou o mundo externo) e, por outro, controlá-
lo (Karl Abraham, 1924).

Karl Abraham, em “Breve estudo do desenvolvimento da libido visto à luz


das perturbações mentais” (1924), estabelece comparações entre a melancolia e
a neurose obsessiva, relacionando-as com o estágio sádico-oral do
desenvolvimento libidinal.

Foi, entretanto, no campo das perversões que o sadismo tornou-se mais


reconhecido. No “Três ensaios” Freud ampliou a natureza das perversões,
vendo-as não somente como o negativo das neuroses, mas em termos de
instintos sexuais componentes e fixações em zonas erógenas pré-genitais, e
definindo um critério necessário: a “exclusividade”. Ele escreve (Freud, 1905):

“... na maioria dos casos a natureza patológica de uma


perversão não se situa no conteúdo do novo objetivo
sexual..., se, ao invés disso, ela expulsa completamente e
toma o lugar dele”.

Em um trabalho publicado em 1982 (Outeiral, 1982), no livro “Infância e


Adolescência”, comentei como os componentes sádicos instintivos interferiam
nos impulsos escoptofílicos e epistemofílicos, prejudicando o aprendizado em
crianças e adolescentes. Citando Karl Abraham, comento como este autor
concorda com Freud que, no caso de uma pessoa sadia, os impulsos
escoptofílicos sucumbem à repressão ou são sublimados e, caso tal não
aconteça, ocorre a formação dos sintomas. Diz Karl Abraham, em “Limitações e
transformações da escoptofilia nos psiconeuróticos, com observações de
fenômenos análogos na psicologia popular” (1913):

“A primeira curiosidade sexual da criança é dirigida para o


corpo - especialmente os genitais - de seus pais, e então
para os processos de fecundação e nascimento. O fato de
que meninos - a respeito de cuja conduta estamos aqui
preocupados - dirijam seu interesse predominantemente
para a mãe mais do que para o pai, é explicável não
somente com base na diferença entre sexos mas,
fundamentalmente, em virtude do interesse da criança
sobre a origem dos bebês no interior da mãe (...) e, ainda,
“(...) alguns importantes fenômenos psicológicos que, em
grande parte, devem sua origem a este processo, são o
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desejo pelo conhecimento (em sentido geral) e o impulso


para o tratamento das coisas percebidas pelo olho (por
exemplo, a pintura)”.

Em um trabalho de 1923, “O papel da escola no desenvolvimento libidinal


da criança” (Klein, 1923), Melanie Klein estuda diversas formas de inibições de
aprendizagem, relacionando-as com fantasias inconscientes, vinculadas aos
impulsos sexuais, e considera que o mecanismo básico de aprendizagem se
relaciona com a capacidade de sublimação destes impulsos. Considerando o
início do conflito edípico na fase oral, esta autora, em “Primeiros estágios do
complexo de Édipo” (Klein, 1928), estuda as conseqüências que advêm quando
um ego ainda pouco desenvolvido se vê avassalado por fantasias edípicas e pela
curiosidade sexual, correlacionando esta situação com o despertar do ódio e de
inibições severas do impulso epistemofílico. Ela escreve:

“A conexão entre o impulso epistemofílico e o sadismo é


muito importante para todo o desenvolvimento mental. Este
instinto, ativado pelo despertar de tendências edípicas, de
início, diz respeito, principalmente, com o corpo da mãe,
que é suposto como sendo a cena de todos os processos
sexuais e do desenvolvimento. A criança ainda está
dominada pela posição anal-sádica da libido que a impele a
desejar apropriar-se dos conteúdos do corpo da mãe. Ela,
assim, começa a se tornar ansiosa a respeito de seus
conteúdos, de como é este corpo, etc. Deste modo, o
impulso epistemofílico e o desejo de tomar posse se
associam um ao outro, muito íntima e precocemente,
unindo-se também com o sentimento de culpa, despertado
pelo conflito edípico incipiente”.

Em “A importância da formação dos símbolos no desenvolvimento do ego”


Melanie Klein (Klein, 1930) escreve:

“Assinalei que o objeto do sadismo, em seu apogeu, bem


como do impulso epistemofílico despertado
simultaneamente com o sadismo, é o corpo da mãe com
conteúdos fantasiados. As fantasias sádicas, dirigidas ao
interior deste corpo, constituem a primeira e básica relação
com o mundo exterior e a realidade” e, ainda, “... o grau de
sucesso com o qual o indivíduo passa por esta fase dará a
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medida com a qual, ulteriormente, adquirir um mundo


externo que corresponda à realidade”.

É, entretanto, em 1931, que Melanie Klein escreve um trabalho específico


sobre o tema da inibição intelectual, “Uma contribuição à teoria da inibição
intelectual” (Klein, 1931), desenvolvendo sua compreensão teórica a partir de
diversos casos clínicos. Neste escrito, ela estabelece que “... a inibição se deve
ao medo do corpo da mãe, em conseqüência dos ataques sádicos contra ele; e
mostravam também que as primeiras fantasias sádicas sobre o corpo da mãe e
uma capacidade de elaborar estas fantasias com bom êxito extendem uma ponte
para as relações objetais e a adaptação à realidade externa, influindo assim,
basicamente, na relação posterior com o mundo externo”.

Em “A psicanálise de crianças” Melanie Klein (Klein, 1932) comenta o


caso de sua paciente Erna, de seis anos, cujo instinto epistemofílico, fortemente
desenvolvido e estreitamente ligado ao sadismo, que para defender-se, adotou
uma severa inibição para diversas atividades relacionadas ao aprender. Ela
escreveu: ”... a aritmética e a escrita, em seu inconsciente, representavam
ataques violentos contra o corpo da mãe e o pênis do pai, com a fantasia
inconsciente de despedaçar, cortar e queimar o primeiro, com os bebês ali
contidos e castrar o pai”.

Se este texto de Melanie Klein servisse de paradigma ao texto de Sade,


este último passaria de um “enfant terrible” a um “enfant gaté”, imediatamente...

Quero apresentar agora alguns exemplos clínicos.

ADRIANA

Adriana tem sete anos e um irmão de quatro anos. Ela me foi


encaminhada pela escola por apresentar dificuldade de aprendizagem, embora a
testagem evidenciasse um nível superior de inteligência e a inexistência de
problemas psicomotores. A mãe, além dos problemas escolares, queixa-se de
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que Adriana é “pouco sociável”, evita manter contato com outras crianças,
mostra-se “muito ciumenta e agressiva” com o irmão, um “excessivo” apego à
mãe e se recusa a fazer desenhos de figuras humanas.

Na história pregressa chama a atenção a ansiedade que Adriana


apresentou desde o início da gravidez da qual nasceu o irmão. Não queria
conversar com a mãe sobre o bebê e evitava qualquer aproximação com o
assunto. Seus sentimentos, não verbalizados, eram evidentes, entretanto, por
sua conduta; tornou-se agressiva com a mãe, chegando inclusive a tentar agredi-
la na barriga com brinquedos. Suas dificuldades, referidas antes, acentuaram-se
desde então.

É oportuno ressaltar que na família materna havia uma grande expectativa


de nascimento de um menino, “pois só nasciam meninas”. Com efeito, o
nascimento do irmão, segundo os pais, colocou Adriana, até então primeira neta
e primeira filha, “num plano secundário”.

O material lúdico das sessões iniciais permite entender as dificuldades


evidenciadas pela menina, especialmente as fantasias sádicas vinculadas aos
impulsos escoptofílicos, que determinavam suas dificuldades com a curiosidade,
a busca do conhecimento e o aprendizado. Nas sessões a menina
invariavelmente se aproximava cautelosamente da caixa de brinquedos e só
após algum tempo se animava, temerosa, em abri-la. Depois, então, buscava os
brinquedos e os examinava minuciosamente, vendo se estavam intactos e
funcionando. As associações verbais que se seguiam eram de que estava
examinando “tudo” porque, segundo ela, uma outra menina poderia ter estragado
tudo na sua ausência. Este material mostrava que “a outra menina” era um
aspecto negado, dissociado e projetado de Adriana que, assim, evitava
defrontar-se com seus impulsos dirigidos aos conteúdos maternos,
simbolicamente representados pela caixa de brinquedos. A fantasia inconsciente
de um ataque sádico ao interior materno inibia sua curiosidade e a capacidade
de procurar os elementos para seu brinquedo, representando - no nível não
verbal - a origem de suas dificuldades para aprender.
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MÁRIO

Mário tem doze anos e há cerca de três anos realizava tratamento


psicopedagógico por dificuldades de aprendizado de língua portuguesa, a
matéria da qual sua mãe é também professora. Como não mostrasse melhora, a
psicopedagoga o encaminhou para atendimento comigo.

O material verbalizado por Mario está sempre ligado a “explodir


bexiguinhas”, “soltar bombas”, atirar nos animais e, mesmo, em pessoas com
armas de pressão, etc., com um evidente prazer nestas atividades,
especialmente se causa dor, susto e, inclusive, a morte de algum bicho. A par de
uma recusa em “estudar” a língua portuguesa, há uma constante “briga” com os
professores desta matéria.

Em uma das sessões em que vínhamos analisando as dificuldades com a


matéria e com as professoras, com sentimentos hostis originalmente dirigidos à
mãe, Mário conta o seguinte sonho:

“Entrei na igreja do Bom-Fim e comecei a quebrar os santinhos que


estavam na parede... depois veio um padre e me correu de lá... quando sai não
sabia onde estava... lia as placas das ruas e das lojas e não entendia nada...
estava perdido, embora estivesse na minha zona.”

As intensas vivências de Mário, experimentadas em um nível oral-sádico,


permitem entender o material onírico. A igreja com os santinhos em seu interior
representa os conteúdos internos da mãe, bebês atacados por ele, e a expulsão,
feita pelo padre, significa a fantasia de retaliação, o incremento da culpa
persecutória, e a inibição para a leitura, sintoma que o trouxera para a análise. A
interpretação do sonho, feita a partir de suas associações, permitiu uma melhor
compreensão de suas dificuldades e uma melhora dos sintomas.

FRANCISCO

Francisco tem cinco anos e é trazido por seus pais, encaminhado por uma
psicomotrista, por mostrar-se muito agressivo com ambos: evita todo o contato
físico com eles e os agride, com freqüência com palavrões. Na escola nega-se a
realizar as tarefas e a desenhar. À noite apresenta crises de terror e enurese. O
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que mais preocupa os pais, entretanto, é que Francisco não “quer aprender” e
tampouco ir para o primeiro ano, frustrando todas as tentativas feitas pelo casal
em prepará-lo para o colégio.

Na primeira sessão Francisco faz um brinquedo que permite entender


parte de suas dificuldades. Ele chega na sala com um grande número de pacotes
de cromos da série King-Kong (álbum de figurinhas). Nega-se a abrir a caixa de
brinquedos, evitando-a deliberadamente. Pede, então, que eu o ajude a abrir os
pacotes. Quando pergunto porque ele próprio não o faz, Francisco responde:
“Tenho medo de encontrar figurinhas duplas...” e obstinadamente negou-se a
abrir. Quando interpreto seu medo de encontrar coisas estragadas dentro de sua
mãe, bebês estragados, e nele próprio, simbolicamente representado pela
dificuldade em olhar o conteúdo dos pacotes, Francisco - temeroso - começa a
abri-los. Quando, entretanto, encontra figurinhas repetidas e amassadas, fica
ansioso e recusa-se a seguir abrindo os pacotes.

As fantasias edípicas de Francisco, vividas intensamente, dirigem-se a


uma curiosidade em conhecer o corpo de sua mãe. A existência de intensos
impulsos sádicos, ligados aos impulsos escoptofílicos e epistemofílicos,
determina uma inibição em sua curiosidade e uma recusa em aprender a
conhecer.

Evidentemente o material clínico é constituído de pequenas vinhetas que


nos privam do acontecer diário do processo psicanalítico, o que poderá dificultar
a compreensão psicodinâmica. A questão do sadismo, entretanto, fica
evidenciada. Em síntese, na abordagem Kleiniana ocorre que na fase edípica a
criança teme sofrer um ataque interno, fantasiado, por parte de sua mãe, de seu
pai ou de ambos, unidos na relação sexual - o que representa uma projeção de
seus próprios impulsos agressivos (oral-sádicos e anal-sádicos). O desejo
(curiosidade) sádico da criança de conhecer o interior do ventre materno, é o
início da curiosidade intelectual , e constitui uma das primeiras relações com o
mundo externo. O crescimento intelectual se dá na medida em que a criança
identifica os órgãos com os objetos externos, através de equações simbólicas, e
isto constitui a base da sublimação e, por extensão, da capacidade de aprender.
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Melanie Klein postula também que quando a criança se vê avassalada por


um desenvolvimento precoce e uma repressão prematura dos impulsos de ver e
conhecer (escoptofílicos e epistemofílicos), à mercê de seus ataques sádicos,
ocorre a formação de sintomas. No desenvolvimento normal, entretanto, estes
impulsos sucumbem, finalmente, em parte devido à repressão e em parte são
sublimados, possibilitando o desenvolvimento da curiosidade, o gosto pelo
conhecimento e a vontade de aprender.

Para concluir esta excursão a Klein, podemos dizer que os impulsos


escoptofílicos e epistemofílicos estão vinculados ao sadismo, já que a primeira
curiosidade se dirige, carregada de agressão, contra o conteúdo fantasiado do
interior da mãe: assim, a evolução normal destes impulsos pressupõe a
elaboração do sadismo na criança, através da superação das ansiedades
próprias da posição depressiva, com o surgimento de tendências reparadoras e o
estabelecimento de sublimações.

Melanie Klein configura assim, sendo o que nos interessa no momento,


um estatuto central em sua obra ao instinto de morte e ao sadismo,
desenvolvendo as contribuições de Freud e Abraham neste aspecto.

Um outro autor, que como disse antes era necessário fazer referência, é
Jacques Lacan. Em setembro de 1962 Lacan escreveu um artigo com o título de
“Kant com Sade”, fruto de preocupações esboçadas, principalmente no período
entre 1959-1960, através de seu seminário dedicado à “A ética da Psicanálise”.
Este texto estava destinado a servir como apresentação ao terceiro volume das
obras completas de Sade, publicadas pelo Cercle du Livre Précieux. Deste
volume constava “Justine ou as desditas da virtude” e “A filosofia na alcova”.
Considerado ilegível pelo editor Jean Paul-han, fato que eu humildemente
confesso a vocês que comparto, foi retirado do volume. Posteriormente, em abril
de 1963, foi publicado na revista Critique. Elisabeth Roudinesco (Roudinesco,
1993), em sua polêmica biografia de Lacan, ou em sua biografia sobre o
polêmico Lacan, conforme queiramos pensar, faz interessantes comentários
sobre as reflexões feitas pelo autor em torno de Kant e Sade, considerando o
trabalho “hermético porém, admirável”. Lacan, como ele disse de James Joyce, o
“Le Synthome “..., doublets, portmanteaux ou mot-valise de symptôme
(sintoma) e saint homme (santo homem)”.
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Pelo dito quero assinalar que meu desejo é apenas reivindicar para a
psicanálise a noção de que o sadismo, mais do que um desvio do que
convencionamos chamar de normalidade, é um elemento constituinte da
condição humana.

Ao leitor mais interessado sugiro, evidentemente além das próprias obras


do Marquês, o excelente estudo de Simone Beauvoir intitulado “Deve-se queimar
Sade?” e o erudito trabalho de Jamil Almausur Haddad, “Sade e o Brasil”, que
junto com algumas novelas de nosso personagem fazem parte de um livro
publicado há alguns anos (Beauvoir, 1961).

Para finalizar quero oferecer ao leitor um pequeno conto do Marquês de


Sade para o deleite daqueles daqueles que apreciam a filosofia e a psicanálise.

O PROFESSOR FILÓSOFO

Marquês de Sade

De todas as ciências que se inculca na cabeça de uma criança quando se


trabalha em sua educação, os mistérios do cristianismo, ainda que uma das mais
sublimes matérias dessa educação, sem dúvida não são, entretanto, aquelas que
se introjetam com mais facilidade no seu jovem espírito. Persuadir, por exemplo,
um jovem de quatorze ou quinze anos de que Deus pai e Deus filho são apenas
um, de que o filho é consubstancial com respeito ao pai e que o pai o é com
respeito ao filho, etc., tudo isso, por mais necessário à felicidade da vida, é, com
tudo, mais difícil de fazer entender do que a álgebra, e quando queremos obter
êxito, somos obrigados a empregar certos procedimentos físicos, certas
explicações concretas que, por mais que desproporcionais, facultam, todavia, a
um jovem a compreensão do objeto misterioso.

Ninguém estava mais profundamente afeito a esse método do que o


Abate Du Parquet, preceptor do jovem conde de Nerceuil, de mais ou menos
quinze anos e com o mais belo rosto que é possível ver.

_ Senhor Abade, _ dizia diariamente o pequeno conde a seu professor _


na verdade, a consubstanciação é algo que está além das minhas forças; é-me
absolutamente impossível compreender que duas pessoas possam formar uma
só: explicai-me esse mistério, rogo-vos, ou pelo menos colocai-o a meu alcance.
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O honesto Abade, orgulhoso de obter êxito em sua educação, contente de


poder proporcionar ao aluno tudo que poderia fazer dele, um dia, uma pessoa de
bem, imaginou um meio bastante agradável de dirimir as dificuldades que
embaraçavam o conde, e esse meio, tomado à natureza devia necessariamente
surtir efeito. Mandou que buscassem em sua casa uma jovem de treze a
quatorze anos, e, tendo instruído bem a mimosa, fez com que se unisse a seu
jovem aluno.

_ Pois bem, _ disse-lhe o Abade _ agora, meu amigo, concebei o mistério


da consubstanciação: compreendeis com menos dificuldade que é possível que
duas pessoas continuam uma só?

_ Oh! Meu Deus, sim, senhor Abade, _ diz o encantador energúmeno _


agora compreendo tudo com uma facilidade surpreendente; não me admira esse
mistério constituir, segundo se diz, todo a alegria das pessoas celestiais, pois é
bem agradável quando se é dois e divertir-se em fazer um só.

Dias depois, o pequeno conde pediu ao professor que lhe desse outra
aula, porque, conforme afirmava, algo havia ainda “no mistério” que ele não
compreendia muito bem, e só poderia ser explicado celebrando-o uma vez mais,
assim como já o fizera. O complacente Abade, a quem tal cena diverte tanto
quanto a seu aluno, manda trazer de volta a jovem, e a lição recomeça, mas
dessa vez, o Abade particularmente emocionado com a deliciosa visão que lhe
apresentava o belo pequeno de Nerceuil consubstanciando-se com a sua
companheira, não pôde evitar colocar-se como o terceiro na explicação da
parábola evangélica, e as belezas por que suas mãos haviam de deslizar para
tanto acabaram inflamando-o totalmente.

_ Parece-me que vai demasiado rápido, _ diz Du Parquet, agarrando os


quadris do pequeno conde _ muita elasticidade nos movimentos, de onde resulta
que a conjunção, não sendo mais tão íntima, apresenta bem menos a imagem do
mistério que se procura aqui demonstrar... Se fixássemos, sim ... dessa maneira,
_ diz o velhaco, devolvendo a seu aluno o que este empresta à jovem.

_ Ah! Oh! Meu Deus, vós me fazeis mal _ diz o jovem _ mas essa
cerimônia parece-me inútil; o que ela me acrescenta com relação ao mistério?
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_ Por Deus! _ diz o Abade, balbuciando de prazer _ não vedes, caro


amigo, que vos ensino tudo ao mesmo tempo? É a trindade, meu filho ... é a
trindade que hoje vos explico; mais cinco ou seis lições iguais a esta e sereis
doutor na Sorbonne.
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