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Principais abordagens

contemporâneas
(Psicanálise)
História da Psicologia
Profa. Ma. Maria Cristiane Nali
1º. Módulo: Introdução à psicologia
UNISAL - Campinas
27 de abril de 2023
CA 11- Escolas – Psicanálise

“ Fim do século XIX e início do século XX foi marcado pelo surgimento das grandes escolas de
Psicologia. Entre elas está a Psicanálise, que surgiu na mesma época do Funcionalismo e da Gestalt
e, como estas, contrapunha-se à Psicologia clássica de Wundt (Estruturalismo). A Psicanálise foi a
que mais se distanciou de outras escolas, pois o objeto das suas investigações eram as pessoas
portadoras de perturbações mentais (de modo especial a histeria), dando ênfase à sexualidade e à
infância como a etapa decisiva para o desenvolvimento do caráter (personalidade), da angústia e das
neuroses. Daí, o caráter revolucionário, original e criativo da Psicanálise.”
Epistemologia e ética da/na psicanálise
• Primórdios do pensamento e clínica psicanalítica.

• Relação ética e psicanálise, duas vertentes:

- experiência clínica (respostas éticas para seus conflitos inconscientes)


- corpo teórico – modalidades de alienação e liberdade próprios de
cada época

(Kehl, 2002, p. 35/36)


VISÃO DE HOMEM:
Definição de
Psicanalise SUJEITO DE DESEJO
RELAÇÃO COM O
OUTRO
Há um só tempo....
“sujeitos - agentes do campo social e
-Teoria produtores de linguagem”

-Método
-Tratamento Objeto :
Inconsciente
FREIBERG
MORAVIA
TCHECOSLOVAQUIA

SCHLOMO SIGISMUND FREUD


(06 DE MAIO DE 1856)
SIGMUND FREUD
(1856-1939)
JOVEM BRILHANTE
Jean-Martin Charcot
(1825-1893)
Hippolyte
Bernheim
(1840-1919
Fragmento do filme “Freud além da
alma”
◦ https://youtu.be/hHxZv-Sb0hU
WILHLEM FLIESS
(1858-1928)
Freiberg-
Tchecoslovaquia
Museum
Museu Freud
em Viena
Museu Freud
em Londres
Referências Bibliográficas
◦ Imagens retiradas da internet apenas para fins didáticos
◦ GAY, Peter. Freud uma vida para nosso tempo. São Paulo :
Cia das Letras, 1999.
“A psicanálise surge em reação ao niilismo
terapêutico dominante na psiquiatria alemã do final
do século XIX, que preconizava a observação do
enfermo sem escutá-lo e a classificação da
patologia sem o intuito de oferecer-lhe tratamento”
(Roudinesco & Plon, 1998)
Período Pré psicanalítico
• Do método hipnocatártico à associação livre
• Da sedução à fantasia
• Noção de realidade psíquica
• “Os sintomas de pacientes histéricos baseiam-se em cenas do
seu passado que lhes causaram grande impressão mas foram
esquecidas (traumas); a terapêutica, nisto apoiada, que
consistia em fazê-los lembrar e reproduzir essas experiências
num estado de hipnose (catarse); e o fragmento de teoria
disto inferido, segundo o qual esses sintomas representavam
um emprego anormal de doses de excitação que não haviam
sido descarregadas (conversão)” (FREUD, 1914)
• Sobre “....o conflito do momento e o fator desencadeante da doença devem ser
trazidos para o primeiro plano na análise. Ora, isto era exatamente o que Breuer
e eu fazíamos quando começamos a trabalhar com o método catártico.
Conduzíamos a atenção do paciente diretamente para a cena traumática na qual o
sintoma surgira e nos esforçávamos por descobrir o conflito mental envolvido
naquela cena, e por liberar a emoção nela reprimida. Ao longo deste trabalho,
descobrimos o processo mental, característico das neuroses, que chamei
depois de “regressão”. As associações do paciente retrocediam, a partir da cena
que tentávamos elucidar, até as experiências mais antigas, e compeliam a
análise, que tencionava corrigir o presente, a ocupar-se do passado. Esta
regressão nos foi conduzindo cada vez mais para trás; a princípio parecia nos
levar regularmente até a puberdade; em seguida, fracassos e pontos que
continuavam inexplicáveis levaram o trabalho analítico ainda mais para trás, até
os anos da infância que até então permaneciam inacessíveis a qualquer espécie
de exploração. Essa direção regressiva tornou-se uma característica
importante da análise. (FREUD, 1914)
Caso Anna O.
• “ Um dos mitos fundadores da psicanálise
• Tratada por Breuer entre julho de 1880 e junho de 1882
• Anna O. deu o nome de talking cure a um tratamento que era feito pela fala, e
empregou o termo chimney sweeping para designar uma forma de rememoração
por “limpeza de chaminé”.
• Breuer, chamou esses dois processos de catarse e apresentou o caso Anna O. como
o protótipo do tratamento catártico.
• Nos Estudos sobre a histeria, Anna O. é descrita como uma jovem inteligente,
enérgica e obstinada. Dotada de talento poético, falava diversas línguas e
demonstrava grande sensibilidade em relação aos pobres e aos doentes.”
(Roudinesco, 1998)
Teoria da repressão/recalque
“... é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. É a parte
mais essencial dela e todavia nada mais é senão a formulação teórica de um
fenômeno que pode ser observado quantas vezes se desejar se se empreende a
análise de um neurótico sem recorrer a hipnose. Em tais casos encontra-se uma
resistência que se opõe ao trabalho da análise e, a fim de frustrá-lo, alega falha de
memória. O uso da hipnose ocultava essa resistência; por conseguinte, a história
da psicanálise propriamente dita só começa com a nova técnica que dispensa a
hipnose. A consideração teórica, decorrente da coincidência dessa resistência com
uma amnésia, conduz inevitavelmente ao princípio da atividade mental
inconsciente, peculiar à psicanálise, e que também a distingue muito nitidamente
das especulações filosóficas em torno do inconsciente. Assim talvez se possa dizer
que a teoria da psicanálise é uma tentativa de explicar dois fatos
surpreendentes e inesperados que se observam sempre que se tenta remontar
os sintomas de um neurótico a suas fontes no passado: a transferência e a
resistência” (FREUD, 1914)
*Repressão e Recalque con(fusão)
• “Na língua inglesa, a palavra repression foi utilizada por James
Strachey, a conselho de Sigmund Freud, para traduzir o conceito de
recalque (Verdrängung). Daí a confusão entre esses dois
mecanismos.”

• (Roudinesco)
Caso DORA
• Histérica de 18 anos levada a Freud por seu pai devido a uma intenção
de suicídio, enunciada em uma carta, seguida de um acesso de
desmaio. Ela apresentava sintomas de depressão, transtornos de caráter
e alguns sintomas somáticos, como tosse nervosa, dispneia e afonia.
• A análise de “Dora” terminou no fim de 1899 [1900]; a história clínica
foi escrita nas duas semanas seguintes, mas só foi publicada em 1905.
• Através desse caso, Freud procurou provar a validade de suas teses
sobre a neurose histérica — etiologia sexual, conflito psíquico,
hereditariedade sifilítica — e expor a natureza do tratamento
psicanalítico, muito diferente da catarse e da hipnose, e já então
fundamentado na interpretação do sonho e na associação livre.
(Roudinesco, 1998)
Caso Dora - por Roudinesco, 1998
• “Outubro de 1901- Ida Bauer visitou Freud para dar início ao tratamento, que
duraria exatamente onze semanas.
• Afetada por diversos distúrbios nervosos — enxaquecas, tosse convulsiva,
afonia, depressão, tendências suicidas —, ela acabara de sofrer uma terrível
afronta.
• Consciente, desde longa data, do “erro” paterno e da mentira em que se apoiava a
vida familiar, ela havia rejeitado as propostas amorosas que Hans Zellenka (Sr.
K.) lhe fizera à margem do lago de Garda e o esbofeteara. E então tinha eclodido
o drama: ela fora acusada por Hans e por seu pai de ter inventado a cena de
sedução. Pior ainda, fora reprovada por Peppina Zellenka (Sra. K.), que
suspeitava que ela lesse livros pornográficos”
Sexualidade Infantil
• Hipótese da sexualidade infantil:
• “Influenciados pelo ponto de vista de Charcot quanto à origem traumática da
histeria, estávamos de pronto inclinados a aceitar como verdadeiras e etiologicamente
importantes as declarações dos pacientes em que atribuíam seus sintomas a
experiências sexuais passivas nos primeiros anos da infância - em outras palavras, à
sedução.”
• “Quando essa etiologia se desmoronou sob o peso de sua própria improbabilidade e
contradição em circunstâncias definitivamente verificáveis, ficamos, de início,
desnorteados. A análise nos tinha levado até esses traumas sexuais infantis pelo
caminho certo e, no entanto, eles não eram verdadeiros.”
• “Se os pacientes histéricos remontam seus sintomas e traumas que são fictícios, então
o fato novo que surge é precisamente que eles criam tais cenas na fantasia, e essa
realidade psíquica precisa ser levada em conta ao lado da realidade prática. E essas
fantasias destinavam-se a encobrir a atividade auto-erótica dos primeiros anos de
infância, embelezá-la e elevá-la a um plano mais alto. E agora, de detrás das fantasias,
toda a gama da vida sexual da criança vinha à luz.” (Freud, 1914)
Interpretação dos sonhos
• “Pouco preciso dizer sobre a interpretação de sonhos. Surgiu como os
prenúncios da inovação técnica que eu adotara quando, após um vago
pressentimento, resolvi substituir a hipnose pela livre associação.”
(FREUD, 1914)
• Mais tarde, descobri a característica essencial e a parte mais
importante da minha teoria dos sonhos, ou seja, que a distorção dos
sonhos é conseqüência de um conflito interno, uma espécie de
desonestidade interna.
Referência Bibliográfica
FREUD, S. (1914) História do movimento psicanalítico. In: FREUD, S.
Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de
Sigmund Freud. v.14. Rio de Janeiro: Imago, 1996, p. 15-34.
Disponível no Pergamum.
ROUDINESCO & PLON. Dicionário de Psicanálise; tradução Vera
Ribeiro, Lucy Magalhães; supervisão da edição brasileira Marco
Antonio Coutinho Jorge. — Rio de Janeiro: Zahar, 1998. Disponível no
Pergamun.

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