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Avaliação parcial (AV1)

Teorias Psicológicas Psicanálise

ALUNOS(AS): Antônio Davi de Oliveira Patrício, (2023124497)


Francisco Adsom Bibiano da Silva. (2023124819)

PROFESSOR: RAUL MAX


TURMA: 130.2 DATA:26/08/2023

1ª Questão

Conforme Garcia-Roza (2001), a emergência histórica e epistemológica da psicanálise se


deu a partir das transformações socioculturais e subjetivas ocorridas a partir da
Modernidade. Identifique e descreva quais foram os principais acontecimentos históricos e
epistemológicos que contribuíram para o surgimento da psicanálise (1,0 ponto)

2ª Questão

O Método catártico surgiu com o caso Ana O., paciente de Josef Breuer. Freud utilizou este
método, mas gradualmente foi abandonando-o e criando, a partir de sua experiência clínica,
uma nova técnica conhecida como Associação livre. Comente sobre os principais motivos
dessa passagem entre o Método catártico e a Associação livre (1,0 ponto)

3ª Questão

Diferente dos clínicos e pesquisadores de sua época, Freud problematizou e pôs em


evidência a questão da sexualidade na etiologia da histeria. Escreva sobre como o contexto
científico da época de Freud tratava a questão da sexualidade e como o fundador da
psicanálise construiu uma teorização sobre as causas da histeria. (1,0 ponto)

1.
A psicanálise fundada por Freud, no final do século XIX, teve uma profunda influência
derivada do contexto científico e filosófico da época. Logo, o método cartesiano proposto
por René Descartes, influenciado pelo discurso platônico de busca pela verdade absoluta,
desempenhou um papel crucial na estruturação dos experimentos e do pensamento
científico. A ênfase na razão e na dúvida metódica apresentada pelo método cartesiano foi
essencial para a construção do conhecimento psicanalítico. Além disso, a incessante busca
pelo entendimento da realidade abriu caminho para abordagens diversas no saberes
psicológicos.

Sobre esse viés, A abordagem da horizontalidade tradicional explora aspectos das


experiências individuais e das dinâmicas interpessoais, reconhecendo a singularidade de
cada subjetividade. Em contrapartida, a perspectiva vertical, ancorada em verdades
universais, objetividade e razão, busca compreender a mente humana por meio de
princípios gerais que transcendem as experiências pessoais. Nesse sentido, ao explorar o
contexto histórico da psicanálise, nota-se o debata entre o racionalismo e empirismo, duas
correntes filosóficas opostas da época. O racionalismo, influenciado por René Descartes,
apresentava a razão e o pensamento crítico como verdadeiro método de busca das
verdades universais. Por outro lado, o empirismo, associado aos filósofos John Locke e
David Hume, argumentava que as experiências vivenciadas ao longo da jornada de vida
são os únicos meios de chegar até o conhecimento verdadeiro.

Nesse cenário, o desenvolvimento e o reconhecimento dos saberes da ciência


moderna ganharam destaque em várias áreas. A física revolucionária de Newton
apresentou um novo conceito de corpo, estabelecendo a compreensão das leis naturais
que governam o mundo material. O heliocentrismo de Galileu Galilei alterou a visão
previamente aceita de que a Terra era o centro do universo, desencadeando uma
compreensão mais abrangente do cosmos. O evolucionismo de Charles Darwin propôs uma
relação de ancestralidade e evolução das espécies, transformando a maneira como
entendemos a biologia e a natureza humana.

Em meio a essas influências, a 'Geografia do Conhecimento Ocidental', elaborada


pelo filósofo Gilles Deleuze, ao longo das eras refletiu a interação entre essas abordagens.
A metáfora da geografia do conhecimento ilustra vividamente como as ideias viajaram e se
entrelaçaram no pensamento humano, moldando nossa compreensão da mente, do mundo
e de nós mesmos. Esse processo de intercâmbio e influência entre diferentes perspectivas
filosóficas, científicas e culturais é uma constante na história do conhecimento humano,
moldando a psicanálise e suas bases epistemológicas de maneira profunda e duradoura.

2.

Freud, durante sua formação em neurologia, conheceu o médico hipnótico


Josef Brouer, o qual utilizava do método catártico para tratar os casos de histeria –
enfermidade de causas desconhecidas que afetava principalmente o público
feminino, acarretando males físicos e cognitivos. Assim, o método utilizado por
Brouer buscava curar os sintomas das histéricas, por meio de hipnose.
Em suma, após a observação do método de Brouer, Freud pode aplicar pela
primeira vez o conhecimento obtido, realizando a prática da hipnoterapia. Nesse
cenário, a partir do processo de Ana O. – caso inacabado de Brouer transferido para
Freud – uma jovem aristocrata que sofria de histeria, causando incomodo na sua
vida social e individual. Logo, sua condição se externalizava de diversas formas, por
exemplo: distúrbios da fala e da linguagem, paralisia e distúrbios de visão,
alucinação e delírios, sintomas de ansiedade e fobias.
Em continuação, ao decorrer das seções catárticas Sigmund recebeu de
algumas pacientes o pedido de realizar sua escuta, porém sem a aplicação do
método hipnótico, em virtude da vontade delas de selecionarem conscientemente
ideias durante suas consultas. Desse modo, o procedimento aplicado até o momento
era ineficaz às inclinações das histerias, assim, o futuro criador da psicanálise
transicionou proceduralmente do processo catártico até os primórdios do que viria a
ser a associação livre – em que o paciente traz à tona seus pensamentos
espontaneamente, sem censura, enquanto o analista utiliza da atenção flutuante
para interpretar padrões, traumas, medos e desejos que podem estar influenciando
no comportamento e personalidade do analizando.
Em síntese, no decorrer desse processo de transição de técnicas, Freud
gradualmente reconhecia sua incompatibilidade com a hipnose. Conforme
mergulhava mais profundamente em sua exploração dos estudos sobre histéria,
tornava-se cada vez mais evidente que a hipnoterapia não proporcionava a
compreensão profunda e abrangente que ele buscava para desvendar os complexos
mecanismos da mente humana. Além disso, diferentes circunstâncias lhe
provocavam questionamentos sobre a ciência de Josef, por exemplo, a incapacidade
de algumas doentes de serem hipnotizadas, a curta duração do transe, o tratamento
apenas dos sintomas, o demasiado foco no passado do sujeito e sua submissão do
paciente ao médico.

3.

Durante o século XIX e início do século XX, a sexualidade era um tema tabu na
sociedade vitoriana, sendo pouco discutida pela comunidade médica e científica. Logo, o
pensamento predominantemente moralista da época se valia da repressão dos desejos,
causando o adoecimento psíquico da maioria da população. Por sua vez, a medicina tratava
essas questões com tratamentos físicos - minimizando as demandas do âmbito mental do
paciente - que muitas vezes desumanizava o cliente, por exemplo: imersão de membros
em sanguessugas, perfuração da pele e lobotomia.
Ademais, ainda sobre o campo da saúde da época, a histeria era tratada
predominantemente pelo ponto de vista patológico, o que dificultava os avanços nesse
campo, tendo como principais hipóteses de causa: o deslocamento do útero e a correlação
com alguma lesão cerebral. Nesse entendimento, o mal da histeria era direcionado ao corpo
feminino, reforçando os preconceitos patriarcais do período, considerada uma condição
misteriosa e complexa.
Em contraste, Sigmund Freud seguiu a vertente psicológica de tratamento, sua
análise considerava o transtorno da histeria como algo possível a ambos os gêneros
(masculino e feminino) algo que abalou a comunidade médica. Além disso, Freud levantou
hipóteses visionarias ao pontuar a “energia sexual” e “libido”, que seria o pilar principal de
sua teoria. Ele acreditava que a libido era a força motriz do desejo humano, e sua teoria
pontuava a energia sexual reprimida podia se transformar em sintomas físicos e mentais.
Nesse viés, Freud realizou técnicas de tratamento inovadores, como a hipnose e
posteriormente a associação livre, sendo capaz de explorar o inconsciente de suas
pacientes e desenterrar os conflitos reprimidos que ele acreditava ser a raiz dos sintomas -
problemáticas não resolvidos durante a infância, por exemplo. Proporcionando aos
analizando a possibilidade de, por meio da fala, externalizarem seus pensamentos, sonhos
e fantasias.
Em resumo, Sigmund foi duramente criticado em meio a comunidade científica, que
considerava suas teorias moralmente impróprias e inadequado. O contexto filosófico,
cultural e religioso de sua época considerava seus temas inapropriados para a sociedade.
Porém, seus estudos formaram a base para a evolução da psicologia, psicanálise e ciências
no geral.

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