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Curso: Psicologia

Disciplina: Matrizes do Pensamento Psicologia Psicanálise

Sandra Almeida, Docente do Centro Universitário


Anhanguera Santo André, Psicóloga especializada em
Psicoterapia Psicanalítica pela USP, membro associado
da Associação de Psicoterapia Psicanalítica.
História da assistência aos transtornos
mentais e emocionais
 Pré-história:
 Antigo Egito: prática de trepanações cranianas
buscando causas das doenças mentais;
Idade Média: doentes mentais eram marginalizados e
submetidos a situações degradantes e de extrema
violência;
Prática do exorcismo, curandeirismo e bruxaria;
Século XVIII (Viena): Anton Mesmer: ideia do
magnetismo animal. Mesmerismo, precursor do
hipnotismo,
Pinel (1745-1826) e Esquirol (1772-1840): Tratamento
Moral, respeito pela dignidade do enfermo.
Períodos dos Pródromos da Psicanálise
 1856: Nascimento de Sigmund Freud;
 Contexto familiar;
 Aos 17 anos iniciou sua formação em Medicina, destacando-se
como estagiário e aluno brilhante;
 Pesquisas no campo da Neurologia e Fisiologia;
 A Psiquiatria era um ramo da Neurologia;
 Surgimento da Neuropsiquiatria que dispôs de tratamentos mais
humanizados, apesar de dispor de poucos recursos: ervas
medicinais, repouso no leito, hidroterapia, massagens e estímulos
elétricos;
 Inicia-se o emprego de calmantes, indução do coma, além da
utilização da hipnose com uma busca por fundamentos
científicos;
Períodos dos Pródromos da Psicanálise
1882: Encontro entre Freud e Breuer (neurologista):
método hipnótico com sua paciente Bertha Papenhein
(Ana O.);
Entre setembro de 1885 e fevereiro de 1886 Freud
realizou um estágio no Salpetriere – Paris, com o
mestre Charcot, neurologista (Napoleão das
Histéricas): grande nome da época no campo da
hipnose;
Experiência marcante para Freud que o levou a
retornar em 1889;
Quando retornou a Viena, já em seu consultório passou
a empregar hipnose com suas pacientes histéricas;
Períodos dos Pródromos da Psicanálise
Partiu do principio que a neurose provinha de traumas
sexuais ocorridos na infância e cometidos pelos pais;
1895: Freud e Breuer rompem;
Freud se dá conta de que é um mau hipnotizador e
resolve experimentar a possibilidade de “livre
associação de ideias” por meio do método coercitivo;
Elisabeth Von R. repreendeu Freud para que ele
parasse de importuná-la porque sem pressão associaria
mais livremente e melhor;
Períodos dos Pródromos da Psicanálise
Freud começou a cogitar que essas resistências
correspondiam a repressões que estavam proibidas de
serem lembradas não só dos traumas sexuais realmente
acontecidos, mas também daqueles que foram frutos
de fantasias reprimidas;
Conflito psíquico resultante do embate entre forças
instintivas e as repressoras,
Essa compreensão forneceu bases importantes para
que a psicanálise se inaugurasse como uma ciência
com referenciais teórico-técnicos próprios, específicos
e consistentes.
Psicanálise como ciência: Evolução resumida
de sua história
 Teoria do Trauma: O conflito psíquico era resultante
de repressões impostas pelos traumas de sedução
sexual (estupro ou caricias) que realmente teriam
acontecido no passado e que retornavam sob a forma
de sintomas;
“Os neuróticos sofrem de reminiscências” e a cura
consistia em “lembrar o que estava esquecido”: ab-
reação, catarse,
A necessidade de desfazer as repressões introduziu
dois elementos essenciais à teoria e à técnica da
psicanálise: a descoberta das resistências inconscientes
e o uso da interpretação por parte do analista.
Psicanálise como ciência: Evolução resumida
de sua história
 Teoria Topográfica: A Teoria do Trauma verificou-se
insuficiente e Freud observou que as fantasias inconscientes
provinham dos desejos proibidos (entrada na psicanálise
propriamente dita: o sujeito vai questionar a si próprio);
• Propôs a divisão da mente em três lugares (topos=lugar em
grego):
 Consciente;
 Pré-consciente,
 Inconsciente.
• Paradigma técnico: Tornar consciente o que estiver
inconsciente.
Psicanálise como ciência: Evolução resumida
de sua história
1900- Freud publica sua obra magistral: A
Interpretação dos Sonhos.
A respeito dessa obra, Freud diz: Estou seguindo a
pista de uma psicologia geral que não se aplica apenas
aos neuróticos, mas a todos!
O sonho é um modo disfarçado e censurado de
satisfação de desejos inconscientes proibidos;
Todo sonho e sintoma tem um umbigo que conduz ao
desconhecido do inconsciente...
Psicanálise como ciência: Evolução resumida
de sua história
A partir do tratamento de Dora (paciente clássica de Freud),
a técnica psicanalítica passou por diversas transformações:
 O paciente passou a tomar a iniciativa de propor o assunto a
ser tratado na sessão;
 O analista passa a ser mais compreensivo da dinâmica do
sofrimento do analisando ao invés de um investigador
diretivo;
 Abandono total da hipnose e sugestão,
 Conclusão de que o reprimido manifesta-se pelo fenômeno
da transferência e de forma peculiar na transferência
negativa.
Psicanálise como ciência: Evolução resumida
de sua história
 Teoria Estrutural: A Teoria Topográfica mostrou-se
estática e ampliou-se a percepção de que distintas
demandas, funções e proibições interagiam de forma
permanente e sistemática entre si.
• A partir da publicação de O Ego e o ID (1923), Freud
concebeu a estrutura tripartide composta pelas
instâncias ID, EGO e SUPEREGO.
• ID: pulsões
• EGO: funções e representações.
• SUPEREGO: ameaças e castigos
As três instâncias psíquicas (partes hipotéticas da
personalidade) postuladas por Freud
ID: Centro dos impulsos instintivos inconscientes.
Regido pelo principio do prazer, busca satisfação
imediata
EGO, eu consciente: opera sob o princípio de
realidade, tem o propósito de encontrar maneiras
razoavelmente realistas de gratificar o id e que
também sejam aceitáveis para o Superego
SUPEREGO: contém a consciência moral e
incorpora os deveres e proibições socialmente no
próprio sistema de valores do indivíduo.
As bases essenciais do edifício
psicanalítico
 Inconsciente dinâmico;
 Fenômeno da livre associação de ideias;
 A importância dos sonhos como via régia de acesso ao
inconsciente;
 A sexualidade na criança estruturada em torno da cena
primária e do complexo de Édipo;
 O fenômeno das resistências e, por conseguinte, das
repressões;
 A Transferência,
As bases essenciais do edifício
psicanalítico
 Presença constante de dualidades no psiquismo
como a dos dois tipos de pulsão (inicialmente os
“instintos de auto preservação e o de preservação
da espécie”, mais tarde os instintos de vida ou
libidinais e os de morte ou tanáticos).
 Conflitos psíquicos resultantes de forças
contrárias, do consciente versus inconsciente,
principio do prazer e o de realidade, processo
primário e secundário, dentre outras dualidades.
Desenvolvimentos Posteriores a Freud
Freud criou a psicanálise praticamente sozinho, mas
em 1906 passou a reunir-se com um seleto grupo de
brilhantes colaboradores às quartas feiras em sua sala
de espera. Mais tarde essas reuniões sistemáticas
viveram a instituir a Sociedade Psicanalítica de Viena.
Dentre estes participante pode se destacar: Jung,
Abraham, Ferenczi, Rank, entre outros.
1908: Salzburgo- Reunião de Médicos Freudianos, sob
a presidência d Jung e, posteriormente rebatizada de I
Congresso de Psicanálise, contando com a presença de
48 pessoas.
Desenvolvimentos Posteriores a Freud
A filha e discípula de Freud, Anna Freud e sua importante
obra sobre os mecanismos defensivos EGO e a análise
pioneira de crianças (cunho pedagógico);
Melanie Klein opositora declarada de Anna Freud, lançou as
bases para a análise de crianças pequenas, valorizou a
existência de um EGO primitivo desde o nascimento para
lidar com as ansiedades primitivas advindas da inata pulsão
de morte, a inveja primária, com as respectivas fantasias
inconscientes.
Da mesma forma que Freud, as concepções de Klein foram
seguidas e multiplicadas por muitos seguidores
contemporãneos.
Contribuições que resistiram ao tempo
 A importância dos pensamentos, sentimentos e motivações
inconscientes;
 O papel das experiências da infância na formação da
personalidade;
 A ambivalência das respostas emocionais, especialmente as
respostas aos pais;
 O papel das representações mentais do eu e dos outros na
formação dos relacionamentos íntimos;
 O caminho do desenvolvimento normal, de um estado imaturo e
dependente para um estado maduro e interdependente;
 Supremacia das fases da Libido,
 O postulado de Inconsciente.
Frase final
Em relação às constantes declarações de que “a
psicanálise está morta”, eu poderia seguir o exemplo
de Mark Twain, que tendo lido num jornal o anúncio
de sua morte, dirigiu ao diretor do mesmo um
telegrama comunicando-lhe: “A notícia de minha
morte está muito exagerada”.
S. Freud, in Alain de Mijolla.

MUITO OBRIGADA!
Referências Bibliográficas
Bibliografia Básica:
 FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
 Kahn, Michael, 1924 – Freud Básico: pensamentos psicanalíticos
para o século XXI. Tradução de Luiz Paulo Guanabara – 2ª ed – Rio
de Janeiro, 2015.
 Zimerman, D. E. Fundamentos Psicanalíticos [Recurso Eletrônico].
Teoria, Técnica e Clínica. Uma abordagem Didática. Zimerman, D.
E. – Dados Eletrônicos. - Porto Alegre: Artmed, 2007.

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