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STS E O CONHECIMENTO LOCAL

QUE POSSIBILIDADES DE INTEGRAÇÃO


 INTRODUÇÃO
OS CONCEITOS
CIÊNCIA,
TECNOLOGIA,
SOCIEDADE
CONHECIMENTO LOCAL

ALGUMAS HISTÓRIAS INTERESSANTES


AS PRETENSÕES E OS DESAFIAOS
José A. P. De Barros -CEMEC/2008
INTRODUÇÃO
 A educação em ciência tecnologia e sociedade (STS) emerge
no contexto das nações industrializadas;

 Tem estado a tomar um lugar estratégico no mundo incluindo


região austral de África (últimas conferências da SARMSTE);

 Vários foram os objectivos desenhados para o STS um dos


quais é ajudar na formação de cidadãos mais efectivos numa
sociedade cada vez mais dominada pela ciência e tecnologia;

 Isto é, a educação pela Ciência e tecnologia deve permitir que


cada um possa realizar-se na vida real;

 Devendo por isso preparar o cidadão para o futuro;


José A. P. De Barros -CEMEC/2008
INTRODUÇÃO
 No contexto moçambicano a educação pela ciência e
tecnologia deve também preparar o cidadão para resolver
problemas sociais locais (distrito, cidade, etc.) e tentar
prepará-lo para embarcar na mesma nau da integração regional
e mundial em igualdade de circunstâncias aos demais
membros dessas comunidades;

 Entretanto fazer tal mudança educacional não é simples pois


as questões que envolvem a ciência a tecnologia e a sociedade
são complexas

 Por isso é necessário primeiro que os educadores tenham


noções claras sobre os diferentes aspectos concernentes ao
STS.

José A. P. De Barros -CEMEC/2008


CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS

Como se constrói o conhecimento?


 Abrão, Agnes, Alberto, Magui, Balduino,
Damasco, Barros, Inroga e Emília, etc…
Somos todos diferentes como indivíduos;
 Nós que aqui estamos temos entretanto algo
em comum – o Doutoramento em Educacao
em Ciencias e Matematica é a base da nossa
interacção e intervenção;
 Existem provavelmente mais de 30.000.000 de
moçambicanos diferentes interagindo de
formas diferentes;
José A. P. De Barros -CEMEC/2008
CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS

 As pessoas associam-se com base em interesses


similares;
 Os mais comuns são: religião, desporto, política,
educação, ciência, grupos de pesquisa, comércio,
indústria, etc…
 As pessoas também tendem a formar grupos,
associações, clubes, círculos de interesse, comunidades,
organizações, multinacionais, Blocos políticos, etc…
 Esses indivíduos, suas instituições e organizações e
actividades fazem a sociedade.

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CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS

SOCIEDADE
 A sociedade é, nesse contexto, um conceito
complicado;
 Ele emerge de crenças e praticas básicas
socialmente fundadas e que reflectem valores
democráticos como:
 patriotismo, trabalho, cooperação, respeito
mútuo, tolerância, honestidade,
responsabilidade cívica, juízos, ciência etc…

José A. P. De Barros -CEMEC/2008


CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS

CIÊNCIA

 Significa diferentes coisas para pessoas


diferentes
 Para um aluno da escola primária pode ser
estudar as partes duma planta ou dum
mineral;
 Para um aluno da escola secundária pode
significar saber balancear uma equação
química; José A. P. De Barros -CEMEC/2008
CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS

CIÊNCIA
 Para uma jovem mãe pode significar saber como medir a
temperatura do bebé para saber se tem ou não febre;
 Para um paciente com HIV pode ser a descoberta da do
medicamento e da vacina apropriados;
 Para uma curandeira pode ser como encontrar aquela planta
característica e dela extrair as partes essenciais para uso
como medicamento;
 Para um camponês pode significar antever a chuva ou a planta
que indica a presença da água numa dada região;
 Para um geólogo pode ser tentar encontrar um determinado
tipo de planta fóssil numa determinada rocha;
 etc,…É também um conceito complexo!
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CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS
TECNOLOGIA
 Também significa diferentes coisas para pessoas
diferentes
 Para um mecânico-auto pode significar desemprego;
 Para um adolescente pode significar mini-headphones
stereopotentes ou celular com funções bizarras;
 Para um camponês pode significar enxada, catana, etc..
 Para um fotógrafo pode significar uma máquina top-of-the line;
 Para uma jovem mãe pode ser, ter um microondas excelente
em casa.
 É também um conceito complexo!

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CARACTERIZAÇÃO DOS CONCEITOS

Impressões gerais das pessoas sobre Ciência e


Tecnologia
São a mesma coisa

São coisas que existem em formas


determinadas e modos concretos;

São aparelhos, produtos, processos e seu


uso.
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O que é talvez mais importante

Ciência e tecnologia são actividades humanas


complexas
 São parte da sociedade;
 São controladas e dirigidas pela sociedade;
 Interagem uma com a outra e com a sociedade de
modo complexo;
 Apoiam e caracterizam a nossa sociedade;
 Permitem produzir conhecimento e serviços;
 Providenciam escolhas e opções para desenharmos
o nosso próprio futuro (trazem benefícios, mas
também causam problemas).
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O que é talvez mais importante

 CIÊNCIA E TECNOLOGIA SÃO


ACTIVIDADES HUMANAS USADAS
POR PESSOAS COMO:
 TU,
 EU,
 ELE,
 QUALQUER UM indenpendentemente
da usa origem, raça crença ou
religião…
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O CONHECIMENTO
O conhecimento pode ser visto como:
 Autoridade – se uma autoridade diz algo só pode ser verdade e
não pode nem deve ser questionado...

 Religião – Cada religião possui sua própria verdade (muitas vezes


fala-se de “dogmas”) – A Eva provém das costelas do Adão!
Interessante – como foi produzida a ovelha Dolly? Qual é o
fundamento da clonagem?

 Tenacidade – refere-se ao conhecimento ou verdade que foi


mantida durante muito tempo e passada de geração para geração
que se transforma numa convicção (ex: crenças familiares,
convicções sociais, etc.)

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O CONHECIMENTO
 Ciência – é também uma forma de conhecimento e
baseia-se na observação e por isso é designada como
realidade sensorial isto é, o conhecimento científico
deve ser algo observável ou cuidadosamente inferido do
que se observa. Este conhecimento ou verdade deve
ser provado empiricamente. Deve haver evidências
suportadas pela observação, experimentação e
raciocinio. Se alguém faz observações ou conduz
experiências e os resultados obtidos podem ser
verificados por outros, então o conhecimento assim
obtido é considerado científico, o processo pelo qual se
chega ao conhecimento é considerado válido e os
indivíduos que o criaram são designados cientistas.
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O CONHECIMENTO
 Fica subjacente que ciência se baseia no
processo da procura da verdade ou do
conhecimento mas não obrigatoriamente na
forma como esse conhecimento é usado.
 Todavia a sociedade é quem determina como
tal conhecimento deve ser usado.
 O cientista é em primeira mão um veículo para
obtenção do conhecimento.
 Porém o cientista como cidadão muito bem
informado da sociedade deve ter algo a dizer
sobre como esse conhecimento deve ser usado.

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O CONHECIMENTO
 As várias definições de ciência mostram
entretanto que ela envolve dois elementos
importantes:
 1. O processo ( a investigação ou pesquisa – os
métodos da ciência)
 2. O produto (o conhecimento)

 É ainda interessante saber que muitas


investigações científicas produzem mais
questões do que respostas.
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O CONHECIMENTO
Tecnologia – é normalmente designada de
ciência aplicada.
 Algumas vezes é mais do que isso pois é comum ela
conduzir a investigação científica.
 É comum que a tecnologia se dirija à ciência para
obter investigação de base para a obtenção de um
novo artefacto ou produto.
 É comum na história da humanidade o uso de
artefactos tecnológicos para resolver problemas que
afectam a sociedade.

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O CONHECIMENTO

PSEUDO CIÊNCIA
Conhecimento baseado em pouca ou
nenhuma evidência – Exemplos:
Magnetismo animal, Astrologia e
horóscopo, fantasmas, Extraterrestres,
Leitura do destino através de cartas, e
uma série de superstições…
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O CONHECIMENTO LOCAL
 O conhecimento local é também designado
conhecimento indígena ou tradicional;
 É definido de modos diferentes por diferentes autores
mas com alguma convergência;

 A definição de Kajembe, Zahabu & Mwenduwa é


interessante – eles referem-se a este conhecimento
como conhecimento técnico indígena que integra
artefactos e técnicas de aquisição, avaliação,
transformação e utilização de recursos específicos de
um dado local.
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O CONHECIMENTO LOCAL
 De acordo com eles o conhecimento técnico indígena é:

 Vernacular – comum a todos ou a maioria dos indivíduos duma


região específica (rotação de sementeiras, controle de pragas,
armadilhas de caça e pesca, etc…);

 Especializado e controlado – consigna-se somente a


determinadas pessoas da sociedade (medicina, produção de
carvão, metalurgia, testagem de variedades, construcao de
pocos de agua, produção animal, etc…)

 Social – pertencente a um grupo, clã, tribo ou comunidade


específica (leis, direitos e crenças da comunidade, etc..)
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O CONHECIMENTO LOCAL
 Pode dizer-se que o conhecimento local é a totalidade
dos conhecimentos e práticas explícitas ou implícitas

 Usados na gestão sócio - económica e cultural da vida;


 Estabelecidos através de experiências, observações e
reflexoes;
 Pertencentes à colectividade;
 Transmitidas de geração a geração mas com carácter
dinâmico;
 Que são parte integrante da cultura e da propriedade
intelectual da comunidades.

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O CONHECIMENTO LOCAL
 O conhecimento indígena ou local é holístico;
 Refere-se à criação e utilização do mesmo;
 E abarca áreas como:
 Nutrição
 Medicina
 Agricultura
 Ambiente
 Arte
 Musica
 Dança
 Espiritual…
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O CONHECIMENTO LOCAL
 Fica nas entrelinhas subjacente que o
conhecimento local:
 Incorpora os vários domínios do conhecimento
(das crenças a ciência);
 É pertença social;
 É dinâmico
 Não depende do continente;
 As especificidades têm carácter cultural;
 Está permanentemente sujeito à miscigenação.
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Algumas histórias interessantes

 A da Vovó Antónia – é uma história cheia de


procedimentos tecnológicos relacionados com
saúde e alimentação;
 A do Vovô Nhacutoi – É uma história de medicina
que alia procedimentos e factores relativos à
hereditariedade com alguns momentos de mística;
 A história da vovó Lúcia é igual à de muitos outros
que, como ela, usam uma forma interessante de
conhecimento para “curar” seus pacientes entre
ricos, pobres, escolarizados, não escolarizados e até
mesmo políticos proeminentes.

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Algumas histórias interessantes
 Esta história é interessante porque é muito similar à
de Mesmer (teoria do magnetismo animal ou
hipnose);

 Franz Mesmer foi um conceituado físico e médico


alemão contemporâneo de Benjamin Franklim e
Antonie Lavoisier (séc. XVIII) e usou a hipnose na
pratica medicinal na França.

 Ele suportava uma teoria concernente à energia e as


formas como ela passa como fluído de um corpo para
o outro no universo – Ele suportava que se houvesse
algum momento interrupção num indivíduo, ele
adoecia;
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Algumas histórias interessantes
E convencia seus pacientes a
desbloquearem a passagem energética para
que se curassem;

 A sua cura consistia numa série de técnicas,


entretanto a que parece ter sido a mais
importante era a habilidade de se sentar
frente a frente com o paciente, olhá-lo nos
olhos, tocá-lo e envia-lo para uma situação
de transe hipnótica.

José A. P. De Barros -CEMEC/2008


Algumas histórias interessantes
 Os seus pacientes, agitavam-se, tornavam-se trémulos de
bater os dentes, e podiam até ficar inconscientes.

 Este processo poderia ser repetido várias vezes na intenção de


restabelecer o dito “equilíbrio magnético”.

 Finalmente ele recolhia inúmeros testemunhos dos seus


pacientes, como forma de evidência!

 No mínimo cada um de nós aqui já assistiu a um filme ou


mesmo a uma demonstração na vida real deste tipo de
situações!??? Algumas igrejas têm apresentado programas
com situações similares!

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Algumas histórias interessantes
 Apesar de seus testemunhos, Mesmer começou a
ser severamente criticado e seus críticos
reclamavam que tais pacientes seriam indivíduos
com doenças imaginárias e que seriam curados
somente pelo poder da sugestão e não pelo
restabelecimento de qualquer equilíbrio magnético.

 Por estar sendo severamente acusado pelos “outros


cientistas da época”, de estar a usar as emoções de
pessoas muito doentes para delas obter benefícios
próprios, Luís XVI criou uma comissão em 1784 para
estudar e determinar a validade da teoria do
magnetismo animal de Mesmer.

José A. P. De Barros -CEMEC/2008


Algumas histórias interessantes
 Nessa comissão estavam integrados muitos
cientistas famosos da época, entre os quais
Benjamin Franklim e Antonie Lavoisier.
 A comissão então decidiu que a única forma de
investigar o magnetismo animal seria desenvolver
cuidadosamente experiências criativas bem
controladas.
 E usaram por isso um dos melhores alunos de
Mesmer fazendo experiências sobre si mesmos e
com outras pessoas entre doentes, pessoas da
classes pobres (menos) e ricas (mais escolarizadas)

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Algumas histórias interessantes
 Depois de um longo período de experiências
verificaram que ninguém das classes ricas havia sido
afectado porém algumas pessoas das classes pobres
sim.

 Verificaram ainda que as pessoas que davam


resposta positiva aos tratamentos de Mesmer eram
facilmente impressionáveis e mesmo assim somente
quando se lhes comunicasse sobre a existência do tal
magnetismo animal.

 A comissão concluiu que não havia nenhuma


evidência do magnetismo animal. Mesmer o vilão
desta história abandonou Paris
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LIÇÕES DAS HISTÓRIAS
 Há diferenças marcantes nas histórias–Elas referem-se a
praticas (conhecimentos) bem distintas usadas de um modo
geral pela humanidade!
 Se quisermos usar o conhecimento científico, em cada uma
delas, a Ciência pode ajudar-nos a separar a evidência da
ficção, ou mesmo até a relacioná-las!...
 Feliz ou infelizmente alguns de nós não acreditam em teorias
fictícias enquanto muitos outros acreditam nelas! É esta é a
nossa sociedade real!
 Não nos esqueçamos da dinâmica do conhecimento
incorporada na seguinte frase de Einstein:
…“As questões permanecem as mesmas mas as respostas a elas
é que mudam constantemente”….

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LIÇÕES DE MOLES E SANTOS
 Moles (1971) descreve três níveis de
desenvolvimento da ciência do século
XIX até o início do século XX. São eles:
 A ciência do certo que, está relacionada à
criação, à construção de uma ciência exata,
verdadeira, que possuísse em si as
qualidades de um conhecimento unívoco e
acabado (verdades 100% certas);
José A. P. De Barros -CEMEC/2008
LIÇÕES DE MOLES E SANTOS
 Ciência do provável, crê num mundo
de probabilidades, abre-se às
possibilidades para a busca do
conhecimento científico;
 e a ciência do percebido, que, baseada na
concepção schopenhaueriana (Shopfung),
constrói uma visão de mundo a partir de
uma representação (Moles, 1971 p.6-7).
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LIÇÕES DE MOLES E SANTOS
 Santos expõe em três obras a crise ou
as crises dos paradigmas da ciência
moderna e reflete sobre uma nova
estrutura científica pós-moderna.
Nesse sentido, ele diz que a ciência
moderna “construiu-se contra o
senso comum”, considerando-o
“superfi cial, ilusório e falso” e
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LIÇÕES DE MOLES E SANTOS
 A ciência pós-moderna vem para
reconhecer os valores (“virtualidades”)
do senso comum que enriquecem a
“nossa relação com o mundo”, ou seja,
o senso comum também produz
conhecimento, mesmo que ele seja um
“conhecimento mistificado e mistifi
cador”.
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LIÇÕES DE MOLES E SANTOS

 “[...] mas, apesar disso e apesar de


ser conservador, tem uma dimensão
utópica e libertadora que pode ser
ampliada através do diálogo com o
conhecimento científico” (Santos,
2002, p.56).
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LIÇÕES DE MOLES E SANTOS

 Santos (2002) justifica a aproximação do


conhecimento do senso comum ao conhecimento
científico com a da descrição de algumas
características do próprio senso comum, tais como
causa e intenção; prática e pragmática;
transparência e evidência; superficialidade e
abrangência; espontaneidade; flexibilidade;
persuasão
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LIÇÕES DE MOLES E SANTOS
 (Santos, 2002, p.56). O autor afirma que é necessário
uma ruptura epistemológica inversa à que ocorrera na
ciência moderna, ou seja, em vez de distanciar-se do
senso comum para atingir um nível qualitativo para a
pesquisa científica, agora é necessário aproximar esse
conhecimento o máximo possível do conhecimento
do senso comum, pois o “[...] conhecimento científico
pós-moderno só se realiza enquanto tal, na medida
em que se converte em senso comum.”

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LIÇÕES DE MOLES E SANTOS
 Afirma ainda que a ciência pós-moderna, ao
“sensocomunicar-se”, não “[...] despreza o
conhecimento que produz tecnologia, mas
entende que, tal como o conhecimento se deve
traduzir em autoconhecimento, o
desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se
em sabedoria de vida” (Santos, 2002, p.57).

José A. P. De Barros -CEMEC/2008


AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS
 Existem informações que indicam claramente o
valioso contributo do conhecimento local ou
indígena para a civilização mundial:
 A batata, o milho, o ananás, a mandioca, o
tomate, o ananás, o nhewe(ntseke), a cacana ou a
togama já não são consideradas plantas silvestres;
Quem as domesticou?
 Os excitantes e estupefacientes como a coca, o
cacau, o café, o chá e muitos outros, bem como
uma série de purgativos, diuréticos, vermífugos,
abortivos, analgésicos são produtos de extração
agrícola aplicados na medicina. Quem os usou em
primeiro lugar?
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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS
 Os processos de extração, decantação,
coagem, filtração, destilação, secagem,
fermentação, entre outros, como são
conhecidos por pessoas que nunca tiveram
escolarização formal?
 E as técnicas de produção de carvão,
corantes, borracha (olimbo), produtos de
cerâmica, extração de ferro e produção de
utensílios relacionados?
 O que nos diz a história do desenvolvimento
das Ciências e da Tecnologia quando
procuramos responder a estas questões?
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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS
 Porque razão Filipe II de Espanha
enviou Francisco Hernandez – médico
naturalista para o México a fim de
enriquecer seus conhecimentos com os
curandeiros do México?
 Como olhar com mais atenção para as
diferentes formas de conhecimento
neste mundo globalizado e como
integrar e torná-los relevantes na
educação dos nossos concidadãos?
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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS

 A estratégia de Ciência, Tecnologia e


Inovação de Moçambique aponta para um
“start” promissor quando define como seu
primeiro objectivo estratégico a promoção
de uma cultura de inovação em toda a
sociedade moçambicana e incluí entre
outros o estímulo do desenvolvimento,
codificação e difusão de conhecimento
localmente produzido no primeiro
objectivo estratégico.
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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS
 O Ministério de Educação e Desenvolvimento
humano oferece-nos uma janela para a
investigação e difusão de conhecimento
localmente produzido
 Na UP, o CEMEC e o CTE são veículos para:
 Recolha sistemática de informação
 Observação, experimentação e inovação
 Classificação
 Publicação
 A UP e as Universidades são o veículo para a
transferência e disseminação
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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS
Parafraseando o Prof. Paulus Gerdes
“…Urge concretizar…”
• É possível concretizar através de:
• Licenciaturas
• Mestrados
• Doutoramentos
• Acções concretas nas escolas
• Aumentando cada vez mais o número de pessoas
associadas ao movimento
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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS
 No meu caso concreto devo salientar, entre
outros, as monografias de Licenciatura de:
 Florêncio Amadeu Ribeiro – Uma reflexão
sobre o ensino de química em Moçambique
no passado, presente e perspectivas para o
futuro(2002).
 José Alberto – Técnicas tradicionais de
preparação de Bebidas na zona norte e sua
aplicação no ensino da química(2004);
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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS
 Mais recentemente:
 O inicio do mestrado em Química de Produtos
naturais
 O inicio do Mestrado em Energia e Meio Ambiente
 O inicio do Doutoramento em Energia e Meio
Ambiente
 O Mestrado e Doutoramento em educação em
CNM;
 A proposta do Programa de Doutoramento em
Química de Produtos Naturais

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AS PRETENSÕES E OS DESAFIOS

 Segundo René Taton (1959), o Corão força


frequentemente os fiéis a “observar” o céu e a
terra a fim de descobrirem a fé.

…e alguma vez um profeta disse:

…Buscai a ciência e a “tecnologia” desde o berço


até a sepultura nem que seja na China … pois
aquele que caminha nessa procura, Deus
caminha com ele na estrada do paraíso…
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TERMINO COM O SÍMBOLO DO FOGO PELO CALOR
QUE ESTA TEMÁTICA EMANA

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