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COGEAE
SÃO PAULO – SP
2014
MARCELO DE LUNA RODRIGUES
SÃO PAULO – SP
2014
AVALIAÇÃO: .........................................................................................................
À minha mãe Maria Luzia Rodrigues, que com toda sua paciência me
escutava com atenção, mesmo não tendo o conhecimento direto deste
trabalho, e me auxiliou nos momentos frágeis que passei durante todo o curso,
Aos meus irmãos Marcus e Michele Luna que sempre acreditam em mim
e me apoiam em tudo,
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
CONCLUSÃO................................................................................................... 37
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 39
Resumo
INTRODUÇÃO
Freud nos afirma que não há transferência fora da sessão clínica, pois é
este tipo de relação muito especial que sustenta o trabalho de análise e o que
garante efetivamente a situação analítica é a posição simbólica assumida pelo
analista no percurso de uma análise.
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Por fim, uma reflexão sobre o amor transferencial, a “cura pelo amor”,
pontuando que no amor de transferência é preciso pensar o papel
desempenhado pela resistência, os sentimentos derivados do recalcado,
fantasmas inconscientes que remetem à sexualidade infantil e no manejo da
transferência, onde o analista não recusa o amor do paciente, mas não
responde a ele da forma que o paciente queria ou pensa ter.
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Entre os anos de 1893 e 1895, Freud nos apresenta sua obra “Estudo
sobre a histeria” onde começa a investigar a psicoterapia desta doença nos
mostrando aos poucos como eram os tratamentos para histéricos, onde podiam
chegar e quais as dificuldades encontradas ao longo deste tratamento.
1
Transferência designa, em psicanálise, o processo pelo qual os desejos inconscientes se
atualizam sobre determinados objetos no quadro de certo tipo de relação estabelecida com
eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica. (Laplanche e Pontalis, Vocabulário de
Psicanálise, p.668)
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Perturbar é alterar, modificar, causar embaraço ou arrependimento, abalar, comover, criar
desordem em, causar atordoamento, perder a serenidade, envergonhar-se, embaraçar-se,
alterar-se, modificar-se. (Mini Aurélio – o dicionário da língua portuguesa -, p. 582)
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Simbolismo em sentido lato, modo de representação indireta e figurada de uma ideia, de um
conflito, de um desenho inconsciente; neste sentido, podemos em psicanálise considerar
simbólica qualquer formação substituta. Em sentido restrito, modo de representação que se
distingue principalmente pela constância da relação entre o símbolo e o simbolizado
inconsciente; essa constância encontra-se, não apenas no mesmo indivíduo e de um individuo
para outro, mas nos domínios mais diversos (mito, religião, folclore, linguagem etc) e nas áreas
culturais mais distantes entre si. (Laplanche e Pontalis, Vocabulário de Psicanálise, p. 626)
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Associação livre é o método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os
pensamentos que acodem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número,
imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea. (Laplanche e
Pontalis, Vocabulário de Psicanálise, p.71)
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A transferência positiva terna é considerada por Freud a maior aliada do tratamento. Através
dela, o analista pode reconhecer o investimento do analisando no doloroso processo
terapêutico, bem como adquirir a influência necessária para a efetividade das suas
intervenções. (Kupermann, http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-
58352008000200006&script=sci_arttext, acesso em 05/06/2014)
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Por outro lado, essa relação de “amor” não dura para sempre e logo
podem surgir dificuldades no tratamento ou na análise onde se revelam
diversos aspectos sendo que podemos classificar como uma impossibilidade
do paciente continuar seguindo a regra normal de seu tratamento ou análise.
Toda vez que isto não ocorre, ou seja, que o paciente fica “fora” do
tratamento estamos diante de uma resistência6 do analisando e esta situação
precisa ser esclarecida, pois, do contrario a análise estará em risco
prejudicando inclusive a associação livre do paciente.
Para ser mais claro, Freud nos esclarece que a causa básica desta
dificuldade do analisando é que ele pode ter transferido para o analista seus
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Dá-se o nome de resistência a tudo o que, nos atos e palavras do analisando, se opõe ao
acesso deste ao seu inconsciente. Por extensão, Freud falou de resistência à psicanálise para
designar uma atitude de oposição às suas descobertas na medida em que elas revelam os
desejos inconscientes e infligiam ao homem um vexame psicológico. (Laplanche e Pontalis,
Vocabulário de Psicanálise, p.596)
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Pulsão é o processo dinâmico que consiste numa pressão ou força (carga energética, fator de
motricidade) que faz tender o organismo para um alvo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua
fonte numa excitação corporal (estado de tensão); o seu alvo é suprir o estado de tensão que
reina na fonte pulsional; é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir o seu alvo.
(Laplanche e Pontalis, Vocabulário de Psicanálise, p. 506)
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A transferência negativa é composta pelos impulsos agressivos e hostis, são consideradas
formas de resistência ao trabalho analítico, constituindo os maiores obstáculos ao tratamento.
(Kupermann, http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-
58352008000200006&script=sci_arttext, acesso em 05/06/2014)
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Para Freud, “o médico deve ser opaco aos seus pacientes e, como um
espelho, não mostrar-lhes nada, exceto o que lhe é mostrado.” Ainda sobre a
posição do analista em relação a sua técnica, chama a atenção para a tentação
do analista em indicar caminhos ou corrigir comportamentos durante uma
análise, conforme ele mesmo nos diz que “a ambição educativa é de tão pouca
utilidade quanto à ambição terapêutica”. Trata-se de algo da ordem do desejo
do médico de curar e não das capacidades reais do seu paciente.
inconsciente surge, sem que com isso possamos dizer que se tenha tornado
consciente e nele se tenha integrado.
Freud usa o termo “manejo da transferência” para indicar como agir com
a transferência que se manifesta desde o início do tratamento analítico, como
podemos observar em suas palavras abaixo:
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Desta maneira, ele mesmo propõe que o acting out9 seja admitido pela
análise como um motivo de rememoração, onde os "fenômenos da
transferência prestam o inestimável serviço de tornar imediatos e manifestos os
impulsos eróticos ocultos e esquecidos do paciente" (A dinâmica da
transferência).
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Termo utilizado na psicanálise para designar as ações que apresentam, a maior parte das
vezes, um caráter Impulsivo, rompendo relativamente com os sistemas de motivação habituais
do Indivíduo, relativamente isolável no decurso das suas atividades, e que toma muitas vezes
uma forma auto- ou hetero-agressiva. No aparecimento do acting out vê o psicanalista a marca
da emergência do recalcado. Quanto aparece no decorrer de uma análise (quer seja na
sessão, quer fora dela), o acting out tem de ser compreendido na sua conexão com a
transferência, e frequentemente com uma tentativa para a desconhecer radicalmente.
(Laplanche e Pontalis, Vocabulário de Psicanálise, p. 27)
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Então, como nos preparar para lidar com a transferência? Freud destaca
que não há um manual a ser seguido, um curso acadêmico a ser realizado ou
mesmo um estudo sistemático que nos abra essa via e que a experiência da
transferência nos deixa à deriva.
Por este motivo, decidi analisar um destes casos clínicos, sua relação e
colaboração na transferência da teoria freudiana.
Em uma afirmação, Katz (1992) nos diz que “(...) é preciso aprender com
Freud, no caso Dora, e perguntar que lugar ocupou como analista (...)” (p.51),
mas, infelizmente, a falta de manejo de Freud levou-o a abandonar a análise e
romper assim o tratamento, uma vez que lhe pareceu que teria sido por seu
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Recalcamento ou recalque: a) no sentido próprio uma operação pela qual o individuo procura
repelir ou manter no inconsciente suas representações (pensamentos, imagens, recordações)
ligadas a uma pulsão. O recalcamento produz-se nos casos em que a satisfação de uma
pulsão – susceptível de por si mesma proporcionar prazer – ameaçaria provocar desprazer
relativamente a outras exigências. O recalcamento é especialmente patente na histeria, mas
desempenha também um papel primacial nas outras afecções mentais, assim como em
psicologia normal. Podia ser considerado um processo psíquico universal na medida em que
estaria na origem da constituição do inconsciente como domínio separado do resto do
psiquismo; b) num sentido mais vago: o termo recalcamento é muitas vezes tomado por Freud
numa acepção que o aproxima de defesa, por um lado, na medida em que a operação de
recalcamento tomada no sentido “a” se encontra, pelo menos como uma etapa, em numerosos
processos defensivos complexos (a parte é então tomada pelo todo), e, por outro lado, na
medida em que o modelo teórico do recalcamento é utilizado por Freud como protótipo de
outras operações defensivas. (Laplanche e Pontalis, Vocabulário de Psicanálise, p.553)
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A relação da Sra. K com seu pai, as investidas do Sr. K sobre ela própria
com o suposto incitar de seu pai a essas investidas, seus sentimentos em
relação a sua mãe e em relação a Sra. K, era diante desse campo
representativo que o fluxo psíquico de Dora se movimentava e somente na
transferência veio a tona.
A partir do que foi exposto tem-se que Freud ainda não compreendia a
extensão e a crucial importância da transferência, mas, a narrativa do caso
Dora tinha marcado este aprendizado, tanto que durante o tratamento ele foi
surpreendido pelo abandono da jovem, apesar dos claros sinais que esta lhe
demonstrou desde o primeiro sonho.
Freud penitencia-se pelo erro e justifica que não ficou atento aos indícios
da transferência que a paciente apresentava. Não dominando a transferência,
do caso Dora, se recrimina por ter se preocupado fundamentalmente com a
representação dos fatos e não com a relação estabelecida focalizando sua
relação com a paciente Dora.
Foi exatamente este erro técnico que levou Sigmund Freud a repensar
esta problemática e passar a “dar menos atenção à limpidez do discurso
coerente, ao representado estruturado, para atentar não apenas ao não dito no
plano da fala, que aparece como silencio e vazia na trama discursiva, mas,
sobretudo, ao não dito que se substitui por uma ação qualquer, visando o
analista e o quadro formal da cura”. (Birman & Niceas, p. 27)
CONCLUSÃO
.
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BIBLIOGRAFIA
KATZ, Chaim Samuel (editor), A histeria – o caso Dora: Freud, Melanie Kein e
Lacan. Imago. Rio de Janeiro: Coleção psicologia psicanalítica, 1992.
MEZAN, Renato. Tempo de muda: ensaios de psicanálise. Cia das Letras. São
Paulo, 1998.