Yolanda Forghieri
E A FENOMENOLOGIA
INTRODUCÃO
Discute-se que a Fenomenologia pode ter
surgido para se sobrepor às correntes
positivistas e metafísicas.
Não podiam tratar da subjetividade
humana como se fossem objetos prontos
a serem medidos e menos ainda
fundamentar toda uma explicação
baseando apenas na razão e
transcendência.
fenomenologia
A Fenomenologia se dispõe da volta às
coisas mesmas, pois somente as coisas
como elas são poderiam trazer uma
verdade.
Além de propor que todo ato consciente
traz uma intencionalidade – consciência
sempre sendo intencional-, pois um
objeto só é objeto quando se dá a uma
consciência e esta toma sua existência.
Assim, através da redução
fenomenológica, busca-se intuir a
essência de todo e qualquer fenômeno
que se apresente à consciência.
Por fim, a Fenomenologia é considerada
inacabada, pois toda a existência esta em
constante transformação. A vida e o
mundo com suas relações são um eterno
“vir-a-ser”, portanto o fim não existe.
YOLANDA FORGHIERI
O conhecimento psicológico é reflexão e
ao mesmo tempo vivência; é
conhecimento que pretende descobrir a
significação, no contato efetivo do
psicólogo com sua própria vivência e com
a de seus semelhantes.
o ser humano
É inerente ao ser humano o fato de estar
no mundo. O ser e objeto sempre estarão
ligados a algo ou a alguém.
O homem tem necessidade de ser algo ou
alguém, ou seja, ter um significado.
A comprovação científica não traz esse
fato, independente disto está a própria
vivência do ser humano no mundo e com
sua realidade.
Este ato é sempre total, inteiro, unitário,
não se pode decompor em elementos
isolados. Mas têm-se várias formas
constitutivas deste mundo e
consequentemente mais de uma
perspectiva.
Há ainda três aspectos do mundo: o mundo
circundante, humano e o próprio.
MUNDO CIRCUNDANTE
O mundo circundante abrange tudo o que
cerca o ser humano: ao seu redor, o
mundo, os animais, as plantas, o dia, a
noite e até mesmo o próprio corpo. É
percebido através dos sentidos.
Se caracteriza pelo determinismo, pois o
meio vai determinar a maneira como o
homem deve se adaptar a este
MUNDO HUMANO
Descreve as relações entre os seres
humanos. O fato de existir já é uma
relação de um ser com o outro.
Desde que nascemos temos o contato e a
necessidade de partilhar a existência com
alguém.
Além do fato deste mundo ajudar na
busca pelo autoconhecimento, pois só
quando está em contato com seus
semelhantes é que sabe-se de fato quem
se é, a partir de suas ações e atitudes.
MUNDO PRÓPRIO
Este nada mais é do que a relação que o
indivíduo tem consigo mesmo, com seu
interior, com o seu próprio eu. Através
deste se dá o autoconhecimento, ou seja,
o homem vai tendo acesso a quem
realmente é para algo/alguém e vai
percebendo o seu “estar-no-mundo”
Quando se trata das maneiras de existir, têm-
se três: preocupada, sintonizada e racional.
Todas elas se revezando ao longo da
existência de acordo com as vivências de cada
ser humano.
preocupada
Varia de uma sensação de intranquilidade
até a uma profunda angústia que não tem
explicação.
Está de maneira mais frequente na sua
forma mais branda e que se intensifica de
acordo com os acontecimentos.
Podendo acontecer nas situações mais
concretamente presentes ou naquelas
que já aconteceram
sintonizada
Consiste numa vivência em harmonia, ou
seja, momentos de sintonia e
tranquilidade.
Está principalmente no fato de o sujeito
encontrar-se envolvido de forma
agradável com algo ou alguém.
Pode aparecer tanto através de uma
pessoa que se ama, quanto por um livro
que agrade.
Geralmente ocorre com menor
intensidade, causando um leve
sentimento de tranquilidade e bem estar.
racional
Dá-se através da análise das outras duas
formas de existir.
Todas as vivências são pré reflexivas,
portanto a partir destas têm-se o ato
reflexivo que se dá através dessa maneira.
Todos os seres humanos buscam a
compreensão da própria vida e existência.
Por isto buscam através de suas
experiências do passado, em andamento
e anseios futuros, explicar - ao menos
tentar-, toda a sua complexidade
enquanto ser humano, além de dar um
significado para a própria vida.
RACIONALIDADE
A racionalidade tem papel importante na
existência, pois tenta fundamentar e explicar
as ações dos seres no mundo.
Além de trazer um grande avanço no
conhecimento – em todos os saberes.
tempo
A temporalidade e o ser humano: o tempo
é inerente ao ser humano e está
diretamente associado à existência do
mesmo.
O tempo, em sua magnitude, continuará
passando independente do que aconteça.
Por mais que a humanidade tente exercer
controle sob ele, criando diversos padrões
como: ano, meses, dias, hora, minutos e
segundos. O tempo está além deste
controle.
TEMPO E EXISTÊNCIA
A cada dia da existência ganha-se tempo,
pois amplia-se o significado do ser
enquanto humano, mas também perde-se
tempo já que a morte é a única coisa
concreta durante o ato de existir.
Não obstante o tempo passa de forma
diferente para cada pessoa e de acordo
com as vivências. Quando algo é agradável,
o tempo tende a passar mais rápido, mas
se este algo for ruim o tempo vai se arrastar
ESPACIALIZAR
Diz respeito a como se vive o espaço no
mundo e enquanto existe-se.
O ser humano a partir disto, têm ciência da
própria existência no mundo que o contém
com uma certa elevação ou um
rebaixamento, sempre nessa instabilidade.
Além disso, envolve a capacidade do ser
humano de encurtar ou aumentar
distâncias através das suas noções de
espaço.
liberdade
O ser humano possui a liberdade.
Liberdade esta que possibilita a escolha
dentre mil possibilidades que se abrem à
existência.
Quando, após um momento de angústia
por não saber o que escolher e as
consequências acerca disto, finalmente se
escolhe, as possibilidades anteriores são
fechadas

Sendo assim, abre-se mão de infinitas
oportunidades, mas em compensação um
arco inteiramente novo de oportunidades
surge.
escolhas
Então o ato de escolha, mesmo sendo
também de liberdade, acaba por
aprisionar na medida em que delimita as
possibilidades do ser humano a partir de
uma escolha.
Esta escolha define o curso do ser
humano para o resto de sua vida. Deve-se
decidir entre o: ficar ou ir.
Depois que se decide, cai-se na realidade
e chega-se a outro nível de existência: a
ação. Alguns, por medo de perderem a
liberdade, ficam e perdem um mundo
inteiramente novo de possibilidades que
poderia surgir.
Outros vão, mas acabam se sentindo
culpados por terem aberto mão de
algumas possibilidades.
A culpa torna-se inerente ao ser humano.
A questão é que as possibilidades sempre
serão infinitas, cabe somente ao ser
humano compreender que jamais poderá
se alcançar todas elas.
dualidade
A existência de opostos é que faz o ser
humano compreender a importância de
um extremo através de outro extremo.
De fato não se reconhece a alegria sem a
tristeza. O sofrimento do ser humano
deve ser compreendido, sentido, não
pode-se fugir deste.
É necessário atribuir um significado para
que o crescimento seja alcançado após a
dor sentida. Quando se passa muito
tempo fugindo desse sofrimento e da
busca de seu significado, mais este pode
dominar o indivíduo que acabará por
estar existencialmente enfermo.
COMPREENSÃO DA DOR
O mais importante é buscar a
compreensão da dor, do sofrimento, de
tudo o que foi vivenciado, para assim
garantir uma maior compreensão, não só
do mundo, mas da própria existência
enquanto ser humano e seu significado
para si mesmo e para o próximo.