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Fenomenalogia e Existencialismo

1. Qual era o contexto sócio-histórico que Husserl começa seu estudo na fenomenologia?

Husserl começou seus estudos na fenomenologia no final do século XIX e início do século
XX, um período de intensa transformação filosófica e científica na Europa. Nesse contexto, havia
debates sobre a relação entre razão e experiência empírica, bem como avanços na psicologia
experimental. A fenomenologia surgiu como uma resposta a esses debates e desafios, buscando
uma abordagem filosófica rigorosa e sistemática para compreender a consciência e a
experiência humana.

2. O que era o fenômeno em Hursserl? E o que ele buscava?

O "fenômeno" refere-se à experiência imediata e consciente de um objeto ou evento, tal como


aparece à consciência. Em outras palavras, é a percepção direta e individual de algo, incluindo
todos os aspectos e nuances percebidos dessa coisa. Ele buscava entender a essência dessa
experiência, analisando como a mente humana estrutura e dá significado às experiências.
Através da redução fenomenológica, Husserl procurava alcançar uma compreensão
fundamental da natureza da consciência humana e das experiências que compõem nossa
realidade subjetiva.

3. Explique o que seria a Redução fenomenológica.

É um método na fenomenologia que envolve temporariamente deixar de lado nossas crenças e


suposições para analisar uma experiência de forma objetiva. Por exemplo, imagine que você
está olhando para uma rosa vermelha. Ao aplicar a redução fenomenológica, você suspende
suas ideias preconcebidas sobre o que é uma rosa, suas associações emocionais com flores e
até mesmo o nome "rosa". Em vez disso, você se concentra apenas na experiência pura de ver a
cor, a forma e a textura da rosa, sem qualquer interpretação ou julgamento. Essa abordagem
permite uma compreensão mais profunda e imparcial da experiência consciente.

4. Por qual motivo Heidegger e Merleau Ponty discordaram de Hursserl?

Heidegger divergiu da abordagem de Husserl ao rejeitar a primazia da consciência. Ele


acreditava que a fenomenologia ainda estava dentro dos limites da metafísica tradicional, então
ele desenvolveu sua própria filosofia focada na questão do "Ser" (ontologia). Ele queria
entender a existência humana no contexto do mundo, superando a dualidade mente-corpo e
explorando a essência do ser.

Merleau-Ponty enfatizou a importância do corpo na percepção, algo que Husserl não havia
explorado completamente. Ele argumentou que a experiência perceptiva é inseparável do
corpo, introduzindo o conceito de "corpo próprio" para descrever essa interconexão. Merleau-
Ponty acreditava que nossa compreensão do mundo é profundamente influenciada pela
percepção corporal e sensorial.

5.O que seria a busca de Heidegger pelo ser ontológico?

Heidegger buscou entender o "ser ontológico", explorando a essência da existência humana, a


relação com o mundo e a importância da autenticidade na vida. Ele argumentou que essa busca
envolve desvelar a verdade do ser e viver de maneira genuína.

6.O que seria o conceito de Dasein?

"Dasein" é o termo de Heidegger para descrever a existência humana consciente, caracterizada


pela autoconsciência, compreensão do ser e capacidade de questioná-lo. O Dasein é mais
potencial do que realidade, um projeto de possibilidades. Este tipo de ser sempre está em
contato com o mundo (ser-no-mundo).

7.O que significa humor ou ou afinação? Exemplifique.

Humor ou afinaçãose referem ao nosso estado de espírito ou nossa disposição emocional em


relação ao mundo e às experiências. Estes termos indicam nossa atitude subjetiva, nosso estado
de ânimo ou a maneira como percebemos e respondemos a determinadas situações. Por
exemplo, imagine que você está em um parque em um dia ensolarado. Se você estiver de bom
humor, sua afinação emocional será positiva, e você poderá apreciar a beleza do ambiente,
sentir-se contente e experimentar alegria. No entanto, se você estiver de mau humor, sua
afinação emocional será negativa, e você pode achar o parque monótono ou desagradável,
sentir-se irritado ou entediado.

Em ambos os casos, o humor ou afinação influencia profundamente como percebemos e


interpretamos o mundo ao nosso redor, moldando nossa experiência subjetiva das situações.
Essa variação emocional é um exemplo de como nossos estados de humor ou afinação afetam
nossa compreensão fenomenológica do mundo.

8. Qual o projeto de “mundo” do “ser-no-mundo” de Binswanger?

refere-se à experiência única e subjetiva de uma pessoa no mundo, incluindo seu ambiente
físico, suas interações sociais e suas experiências emocionais. O projeto de "mundo" para o "ser-
no-mundo" de Binswanger envolve a compreensão do indivíduo como um ser imerso em um
contexto específico. Isso inclui não apenas o ambiente físico ao redor da pessoa, mas também
suas relações sociais, valores, crenças e emoções. O mundo de uma pessoa, de acordo com
Binswanger, é construído através de suas experiências e interações significativas com o
ambiente e com os outros.

9. O que seria “os existenciais” e quais são eles? Coloque os 12.

Os "existenciais" são as características fundamentais do Dasein, termo utilizado na filosofia


existencialista para se referir ao ser humano enquanto ser consciente e existencialmente
envolvido no mundo. Na Daseinsanálise, uma abordagem terapêutica desenvolvida por Ludwig
Binswanger e Medard Boss, os "existenciais" são as características psicológicas essenciais que
diferenciam o ser humano de outras formas de vida não-humanas.

Espacialidade: refere-se à nossa percepção subjetiva do espaço, não apenas em termos de


medidas objetivas, mas como é vivenciado individualmente. Cada pessoa tem uma experiência
única do espaço, influenciada por fatores emocionais e psicológicos. Por exemplo, alguém com
claustrofobia perceberá o espaço de forma diferente.

Temporalidade: refere-se à nossa experiência subjetiva do tempo, não se limitando à medida


objetiva do relógio. Ela envolve como vivemos o presente, sendo influenciados pelo passado e
antecipando o futuro. Não se trata de uma progressão mecânica, mas sim da forma como o
tempo é percebido e sentido pelos seres humanos, marcado por memórias, expectativas e
emoções.

Corporalidade: Refere-se à nossa experiência e percepção do nosso próprio corpo, incluindo


sensações físicas, emoções e estados de saúde.

Ser-com-os-outros: destaca que a experiência humana está sempre interligada com outras
experiências humanas. Cada ação humana é fundamentada na interconexão com os outros.

Ser-para-morte/Finitude: ressalta que os seres humanos são mortais e estão cientes dessa
mortalidade. A compreensão da finitude é essencial para dar significado ao desenvolvimento
humano, pois a vida é vista como uma série de etapas que levam à realização plena. A finitude
dá contexto e importância às experiências da vida, incentivando o crescimento pessoal e a
busca por significado. A realização completa é vista como algo que só ocorre após a morte,
tornando a mortalidade uma parte fundamental da experiência humana.

Clareira: epresenta uma abertura ou espaço mental no qual as pessoas podem explorar e
compreender conteúdos psicológicos. É o espaço onde as potencialidades e possibilidades
humanas se revelam. Nessa clareira, os indivíduos podem refletir sobre suas experiências,
emoções e pensamentos, permitindo uma compreensão mais profunda de si mesmos e de sua
existência. É um conceito que destaca a importância do autoexame e da autoconsciência na
compreensão da mente humana.

Historicidade: Refere-se à exploração do passado de uma pessoa para superar obstáculos que
impedem o desenvolvimento de seu potencial. Isso envolve integrar o passado compreendido
com o presente potencial, permitindo uma compreensão mais profunda de si mesmo e o
progresso em direção ao futuro.

Afinação/Humor: Refere-se ao nosso estado emocional e de humor, influenciando como


percebemos e interpretamos o mundo ao nosso redor.

Compreensão: é uma interpretação sempre influenciada pelo nosso estado de espírito e humor.
Nós compreendemos a realidade de acordo com nossa perspectiva emocional e mental no
momento, o que pode afetar profundamente como interpretamos e entendemos as situações
ao nosso redor.

Angustia: Surge quando nos confrontamos com possibilidades e escolhas. Ao nos abrir para
diferentes caminhos ou potencialidades, experimentamos uma sensação de angústia, pois cada
escolha implica em ganhos e perdas. A angústia surge da consciência da nossa liberdade e
responsabilidade para decidir, e das incertezas e desafios inerentes a cada escolha que fazemos
na vida. É uma emoção fundamental ligada à nossa existência consciente e à natureza complexa
das decisões humanas.

Culpa: envolve uma sensação de inadequação ou falta, tornando-nos conscientes de nossas


falhas ou transgressões em relação a padrões ou valores. Os seres humanos são sempre "seres-
da-falta", constantemente conscientes de suas imperfeições e limitações. A culpa surge quando
percebemos que não atendemos a certos ideais, levando a sentimentos de inadequação e
responsabilidade moral.

Cuidado: o Dasein tende a cuidar de si e dos outros, é a responsabilidade que temos (comigo e
contigo).

10. Diferencie: temporalidade, espacialidade, corporeidade e historicidade?

Temporalidade: Refere-se à nossa relação com o tempo, incluindo o passado, que influencia
nosso presente, e o futuro, para o qual criamos expectativas e antecipações. Na fenomenologia,
o tempo é vivenciado como uma continuidade, não sendo medido apenas como o tempo do
relógio.

Espacialidade: É a maneira como percebemos e interpretamos o espaço ao nosso redor. Cada


ambiente tem um significado emocional para nós, podendo nos fazer sentir bem ou
desconfortáveis dependendo da nossa interação subjetiva com ele.

Corporeidade: Representa a expressão do nosso corpo como uma forma de comunicação


constante. Não se limita à sua forma física, mas inclui gestos, expressões faciais e posturas que
revelam emoções e intenções, permitindo-nos compreender as emoções dos outros.

Historicidade: Reflete como o passado influencia nosso presente e futuro. São as experiências
passadas que moldam nossas percepções, comportamentos e escolhas atuais, podendo, em
alguns casos, nos impedir de realizar nosso potencial total.

11. Qual a relação entre finitude, angústia e culpa?

Afinitude nos lembra da limitação do nosso tempo, a angústia surge da liberdade e


responsabilidade decorrentes dessa finitude, e a culpa é uma resposta emocional quando
percebemos que não vivemos de acordo com nossos próprios padrões ou expectativas, dadas as
limitações do tempo finito que temos. Esses três elementos estão entrelaçados na experiência
existencial humana, criando uma complexa rede de emoções e reflexões sobre a vida e nossas
ações nela.

12. Qual o conceito de clareira?

refere-se a um espaço mental de abertura e compreensão. É o espaço onde as experiências,


pensamentos e emoções se desdobram, permitindo uma visão clara e reflexiva de nossa própria
consciência e do mundo ao nosso redor. A clareira é o local onde a fenomenologia acontece,
onde podemos examinar nossas experiências sem preconceitos ou distorções, buscando uma
compreensão autêntica e profunda da realidade. É um conceito que destaca a importância da
autoconsciência e da reflexão na busca pelo conhecimento e compreensão do ser humano e do
mundo.

13. Como se dá o existencial cuidado e sua relação com ser-com-os-outros?

O existencial cuidado envolve a responsabilidade e atenção aos próprios sentimentos e aos


outros. Está intrinsecamente ligado ao conceito de "ser-com-os-outros", que destaca a natureza
social da existência humana. Cuidar dos outros e cultivar relacionamentos saudáveis não apenas
beneficia os outros, mas também enriquece nossa própria humanidade, proporcionando um
senso de propósito e conexão significativa com a comunidade. Em resumo, o cuidado existencial
é uma prática essencial que promove compreensão mútua, apoio emocional e bem-estar tanto
individual quanto coletivo.

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