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A Nota introdutória
Eis o resumo dos conteúdos da disciplina de Filosofia da 11ª classe, resultado do manual
básico do currículo actual da disciplina e da compilação de outros manuais que abordam os
conteúdos da 11ª classe.
O objectivo não é ensinar filosofia, mas antes favorecer no aluno uma atitude de reflexão
crítica face a todas as questões que brotam das suas vivências reais e concretas. Uma maneira
de motivar ao aluno a prosseguir e a completar a sua preparação mental face ao confronto
com o mundo contemporâneo fazendo uma retrospectiva.
Quem não tem umas tintas de filosofia é homem que caminha pela vida agrilhoado a
preconceitos que se derivaram do senso – comum, das crenças habituais do seu tempo e do
seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou consentimento
de uma razão deliberada. Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente
caímos na conta de que até os objectos mais ordinários conduzem o espírito a certas
perguntas a que incompletissimamente se dá resposta. (Bertrand Russell).
Já dia a dia emerge a Filosofia como uma atitude. Platão e Aristóteles afirmavam que a atitude
que levava à reflexão filosófica começava com espanto ou inquietação, eles viam nesta
experiência a atitude do ser humano que descobre problemas onde os outros estão
preguiçosamente habituados a esperar soluções.
É por isso que a Filosofia nasce do espanto que o mundo provoca no homem, que o faz
começar a filosofar. Aprender a filosofar é essencialmente uma atitude de problematização, de
questionamento e de crítica perante o mundo.
Etimologicamente, o termo Filosofia provém de duas palavras gregas: philo (amar, amizade
com, gostar de) e sophia (saber, sabedoria). Assim, a palavra Filosofia significa amor da
sabedoria, gosto pelo saber.
O objecto de estudo da Filosofia é o todo, toda a realidade que cerca o Homem abrangendo
toda a realidade. É por isso que ela é definida sob vários pontos de vista, resultados da
experiência, reflexão e compreensão de cada filósofo e segundo as preocupações do seu
tempo:
Cícero (Roma antiga/Itália) – A Filosofia é o estudo das causas humanas e divinas das
coisas.
Portanto, cada pensador e filósofo tem a sua própria reflexão e compreensão do mundo fruto
das suas experiências, cultura e meio social. Daí que, como defendia Kant, não se ensina a
filosofia mas sim a filosofar, como forma do exercício pessoal do pensamento.
A Filosofia estuda a totalidade das coisas. A Filosofia é uma ciência dos porquês; ela pretende
explicar o porquê de todas as coisas, procurando os fundamentos últimos, a origem e a
explicação da vida e mundo humanos.
A Filosofia não é uma habilidade para exibir em público, não se destina em servir de
espectáculo. O objectivo da Filosofia consiste em dar forma e estrutura à nossa alma, em
ensinar-nos um rumo na vida, em orientar os nossos actos, em apontar-nos o que devemos pôr
de lado.
E, a prática, pelo facto de ela nos impelir a uma atitude existencial, a um novo tipo de
comportamento, fruto de reflexão filosófica. A Filosofia conduz-nos a uma autonomia
no agir e a um viver de forma autêntica. A Filosofia orienta a agir bem. A filosofia
ajuda-nos a orientar-nos no mundo, a saber viver, agir de forma responsável a
encontrar uma finalidade para a vida.
Dentre vários métodos, há dois métodos usados em filosofia: o método crítico-analítico, para
o estudo de realidades sociais e que se apoia nos factos, procedendo à sua análise e crítica e o
método lógico-racional ou simplesmente especulativo, usado para o estudo de realidades
meta-empíricas (espirituais).
Os textos dos filósofos devem ser encarados como a via da iniciação filosófica. É a partir da
leitura dos textos filosóficos que melhor podemos conhecer os conceitos, os problemas, as
teses, as soluções e os argumentos avançados pelos filósofos. Ler textos filosóficos é retomar
pensamentos equivale a repensar, oque significa entregar se a reflexão autonomia.
Explicar um texto é apresentar o que um autor realmente disse. A explicação exige atenção,
mas também uma leitura sem preconceitos, expectativas, nem intrusões da memória ou de
saberes prévio. O sentido do texto encontra se no próprio texto.
a) Diferenciar o tema aquilo de que trata o texto da tese, isto é, a posição filosófica que o
autor defende
b) Sinalizar os termos que representam noções filosóficas importantes que deverão ser
analisados em função do contexto,
c) Assinalar as questões e os problemas, inclusive aquelas que estão implícitos, os elementos
da resposta deverão ser procurados no interior do próprio texto.
d) Colocar em evidência as articulações (termos como se então, portanto) e considerá-las
com a maior atenção
e) Explicitar, em cada momento do texto, a questão pressuposto pelas ideias que serão
desenvolvidas, de modo a realçar a argumentação usada pelo autor
f) Explicar os exemplos,
g) Redigir uma conclusão, fazendo um balanço do trabalho efectuado.
De resposta aos seguintes item.
Tema
Tese principal
Argumentação do autor
Objecção (de alguns modernos)
Contra argumentação (do autor)
Com efeito, no comentário não se procura expor o que o autor diz mas sim dialogar com ele,
verificando a função desse texto na obra em causa e avaliando a função desse texto na obra
em causa e avaliando o seu papel no horizonte de ideias do filósofo em questão. Sendo assim,
o comentário de um texto filosófico pressupõe a explicação do texto.
Convoca a reflexão pessoal e o conjunto de referências de que dispõe o comentador
Pressupõe conhecimento da história da filosofia e as perspectivas de outros comentadores
(o que não sucede com explicação)
Interrogar o autor acerca do que existe de verdade no texto e análise, não se restringindo a
esse texto
A atitude filosófica tem como características: o espanto – Platão e Aristóteles afirmavam que
a atitude que levava à reflexão filosófica começava com espanto ou inquietação, eles viam
nesta experiência a atitude do ser humano que descobre problemas onde os outros estão
preguiçosamente habituados a esperar soluções. A dúvida – o distanciar-se das coisas
inquietando e problematizando. O rigor – crítica, ou seja, o questionamento e avaliação
constante do próprio conhecimento. E, insatisfação – a procura constante do saber. A
Filosofia não dá respostas acabadas, sempre uma resposta é motivo de uma nova pergunta.
Nenhuma conclusão satisfaz; o ideal é fazer da procura do saber um modo de vida.
Portanto, o que faz com que uma pergunta seja considerada filosófica não é apenas o modo
(como é colocada a questão) mas também o conteúdo, que compreende quatro aspectos
fundamentais:
A Filosofia possui disciplinas próprias que, associadas, formam a totalidade do universo pelo
qual a Filosofia se preocupa em responder. Kant, grande filósofo alemão do século XVIII,
colocou questões que suscitam quatro disciplinas da Filosofia: que posso saber? (Teoria do
conhecimento); que devo fazer? (Ética e/ou Moral); que me é permitido esperar? (Religião) e
o que é o Homem? (Antropologia Filosófica).
Principais disciplinas da Filosofia
Metafísica geral – investiga a realidade que está além do que pode ser tratado pelos métodos
da ciência.
Ontologia – estuda a teoria acerca do Ser.
A Filosofia não pode ser identificada com as ciências particulares, nem ser restrita a um
campo ou objecto único. Ela é, num certo sentido, uma ciência universal; o seu campo de
pesquisa não é, como nas outras ciências, restrito a alguma coisa limitada e determinada. Ela
se distingue das outras ciências tanto pelo método de investigação como pelo ponto de vista
em que se coloca.
A filosofia poe em questão tudo o que se apresenta ao espírito para examinar , discutir,
avaliar ,e descobrir o seu significado, inclusive o da própria ciência
A filosofia procura dar unidade total ao saber, pretende penetrar na realidade global.
cerca do mundo, Deus e que caracteriza se por oferecer uma explicação total de todas as
eniquimas da vida humana
Nos primórdios, o Homem ficava satisfeito com as explicações dadas através da utilização de
mitos que explicavam os mistérios da natureza. Os mitos são histórias sagradas que durante
séculos dominaram a vida das comunidades humanas. Portanto, para a explicação da origem
do mundo, do homem e dos fenómenos naturais, recorriam a seres sobrenaturais: deuses como
reveladores dos representantes do povo (sacerdotes, feiticeiros, chefes, etc.).
Os mitos tinham dupla função: por um lado, a função explicativa – os mitos explicavam o
porquê das coisas, acontecimentos ou instituições, dizendo como é que eles foram criados e
como são recriados pelos deuses. Por outro lado, função normativa – os mitos serviam de
regras para a acção dos homens, de modelo que o indivíduo devia imitar; assim, os mitos
respondiam as questões: que devemos fazer? Que fins deveram procura alcançar? etc.
Eles procuravam a causa suprema que estaria na origem do mundo e de todas as coisas, os
jónios (Mileto), na Ásia Menos, nas margens do mar Egeu, entre os séculos VII e V a. C:
Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
A etapa cosmológica
O aparecimento da filosofia grega é inseparável das narrativas dos poetas Homero e Hesíodo.
O mito oferecia uma compreensão do cosmo. Essa compreensão tinha implícito s os
principais problemas filosóficos, aos quais se procurava responder através de imagem e
símbolos
É com a filosofia propriamente dita que se procede a uma sistematização lógica racional
desses problemas e das soluções apontadas. Na primeira etapa da filosofia greca designada de
etapa cosmológica, filósofos procuravam compreender o cosmo e explicar racionalmente a
natureza (a physis), preocupando-se com a investigação do princípio (arché) ou principio ,
concebido como origem , o substrato e a causa que subjazem a toda a realidade.
Os naturalistas ou Pré-socráticos
Escola Jónica
Tales
Considerado o primeiro filósofo por ter inaugurado dar solução racional para o problema da
causa primeira de todas as coisas e do cosmos. Para Tales, tal princípio é a água pois, segundo
ele, a terra repousa sobre a água e tudo é feito de água. Ele é considerado como o pai da
Filosofia grega e toda a Filosofia ocidental
Anaximandro
Discípulo de Tales, discordando o seu mestre, defende que o princípio de todas as coisas, o
elemento primordial não poder ser um elemento determinado como água, fogo ou ar. Para ele,
a causa primeira de todas as coisas deve ser indeterminada ou infinita – o apeiron, tal é eterno
e contém todos os mundos.
Anaxímenes
Para este, a causa primeira de todas as coisas é o ar. Pois, o ar é essencial para o Homem e
para todos os seres vivos. É através do ar que do céu caem a chuva (água) e os raios (fogo) e
que para o céu sobem os vapores e as exalações. Portanto, o ar se presta melhor que qualquer
outro elemento às variações.
Pitagorismo antigo
Escola Eleática
Zenão (490-430 a C)
Defendia a doutrina do seu mestre mediante a redução absurdo das suas teses que afirmavam
a pluralidade e o movimento e que assim negava a unidade de ser
Filósofos Pluralistas
Empédocles (495-435 a C)
Procurou uma explicação para o nascimento, a morte e a mudança. Baseava se na união e na
separação dos elementos, esses elementos são as seguintes: terra, água, ar e fogo. Trata se de
princípios eternos e indestrutíveis. Por sua vez , há duais forcas opostas entre si que unem e
separam os elementos. Essas forcas são a amizade ou amor (que unem) e a Discórdia ou ódio
(que separa).
Anaxágoras (499-428 a C)
Defende que as coisas se compõem de outras coisas existentes, e neles se decompõem.
Apresentam uma visão pluralista em que admite a existência de elementos ou sementes que
no princípio se encontravam misturadas de foram caótica e desordenada. Essa mistura estava
imóvel. Ma o espírito imprimiu movimento a essa mistura e introduziu lhe a ordem distinto
das sementes, o espírito é infinito, simples, tendo uma forca própria para separar os
elementos, com tal separação, o mundo passa a ter ordem em que as coisas se diferenciam.
Demócrito (460-370 a C)
Aceita como indiscutível a afirmação de Parménides, segundo a qual, de uma única realidade
não pode originar se a pluralidade, mas ainda aceita que o real possui características
estabelecidas pelo raciocínio.
Atomistas
Leucipo (440 a C)
Para os atomistas, o ser é o pleno, o não ser é o vazio. Toda via, o pleno não é algo compacto
e uniforme. Pelo contrário ele é constituído por um número infinido de elementos invisíveis e
indivisíveis os átomos.
Distintos pela forma e pelo tamanho os átomos determinam através da união e da
desagregação, o nascimento e a morte.
Etapa Antropológica
De uma perspectiva da explicação da physis (naturalista, fisiológica, cosmológica) passou
para uma perspectiva de explicação do anthropos (Homem), ou seja, uma perspectiva
antropológica e antropocêntrica
Nesta etapa, o objecto central da filosofia passa a ser o homem, esta viragem antropológica da
filósofa decorreu também de circunstância sociopolítico verificadas por essa altura, na Grécia,
nomeadamente advento da democracia ateniense. Este tipo de regime político se fomentava a
participação activa dos cidadãos na esfera política, as decisões passam a ser tomadas pela
assembleia do povo e a liderança depende também da aceitação popular
Esta nova perspectiva foi inaugurada pelos sofistas (de sophos, “sábio”). Eram professores e
mestres que, em Atenas, formavam os jovens atenienses. O objectivo fundamental dos sofistas
era de formar bons cidadãos e colocar o homem no centro de todas as atenções. A partir deles,
o Homem torna-se o centro de toda a problemática filosófica grega.
Etapa Ontológica
Esta nova etapa, os filósofos preocupam se em reflectir sobre o ser, a realidade em geral e
sobre a relação que o homem estabelece com essa realidade, efectuando assim uma síntese
dos problemas analisados nas duais etapas precedentes.
Plantão
O aspecto fundamental do pensamento de Platão é a teoria das ideias. Para perceber esta
teoria, temos que ter enconta que segundo o filósofo, o homem possui uma alma imortal e o
corpo é a sua prisão. Quando o homem morre, a alma separa se do corpo, sujeita a
reencarnação sucessivas, a alma devera procurar purificar se , sendo a sua dedicação a
filosofia importante no processo de purificação.
Em sintonia com este dualismo antropológico, Platão admite a existência de dois mundos,
dualismo ontológico, cada um dele associado a um determinado nível de conhecimento
dualismo gnosiológico, o mundo sensível, a que acedemos atrás dos sentidos no qual obtemos
o conhecimento sensível ou opinião, sendo caracterizado pela mudança, pela aparência., pelas
sombras, pela imperfeição, e o mundo inteligível, perfeito, do qual obtemos o conhecimento
racional.
a) São princípios que permitem avaliar as coisas existentes no mundo sensível, avaliamos
coisas belas através da beleza em si, avaliamos acções justas com base na justiça.
c) São modelos paradigma ou arquétipos das coisas sensíveis, estas são feitas por
imitação das ideias, sendo suas copias tendo com elas uma relação de participação, o
mundo sensível é produzido a partir do mundo das ideias.
Aristóteles.
Era natural de Estagira, discípulo de Platão. Aristóteles acaba por prestar atenção àquilo que ,
para Platão , constituía objecto de desconfiança : o mundo sensível. Desse mundo procurou
Ora o mundo em que vivemos é, antes de mais, um mundo material, mas a matéria não é
caótica: encontra se organizada. A matéria é aquilo com o qual algo se faz ou aquilo de onde
um ser provem, é também o substrato, aquilo que está de baixo das mudanças. A forma por
sua vez é a natureza ou essência das coisas estando na base das definições que fazem sobre
elas.
Mas aquilo a que habitualmente chamam matéria (água, ferro, mármore, etc) é uma matéria
segunda, uma vez que já possui uma forma determinada, sendo apenas potencial em relação e
outras formas que possa assumir, não deve ser confundida com a matéria primeira ou matéria-
prima, desta não é possível ter qualquer experiencia, pois é indefinida, incognoscível, pura
indeterminação, é uma potência capaz de receber todas as qualidades e determinações, não
podendo existir separadamente.
A matéria-prima e a forma são dois princípios constitutivos daquilo a que Aristóteles chama
substância (mas só as substâncias sensíveis possuem ambos os princípios, há também
substâncias supra sensíveis, as quais não possuem matéria)
Substância é aquilo que não é inerente a outro ser, que pode substituir por si, possui uma
unidade e é único, determinado, individual, concreto, irredutível existindo em acto. Na visão
Aristotélica existem dois tipos de substância, primaras e segunda.
As primárias são seres individuais, concretos singulares em quanto que as segundas são
conceitos universais, extraído dos seres singulares e aplicáveis a cada um desses seres.
Outro conceito a ter em atenção neste contexto é o conceito de acidente. O acidente é aquilo
que pertence a um ser mas não é necessário, nem constante, nem essencial, pois os acidentes
podem existir ou não, sendo contingentes em relação a uma substância que lhes ser de
suporte, exemplo, um homem concreto é uma substância, características como ser pintor,
gostar de morangos ou usar óculos constituem acidentes dessa substância, pois não são
característica que fazem sua essência.
1ª Causa material é aquilo de uma coisa é feita, é substrato das mudanças e das diferentes
qualidades das coisas.
2ª Causa formal refere se à essência ou natureza de uma coisa, àquilo que define, é também a
ideia ou modelo de algo.
4ª Causa final designa o fim para qual tende o movimento, o para que de algo.
A obra especifica do ser humano, e que distingue dos restante seres vivos , é a actividade da
alma orientada pela razão. Por conseguinte, o homem feliz é aquele que vive e age de acordo
com a razão.l
Sócrates e Sofistas
Sócrates era filho de um escultor e de uma parteira, deve ter nascido em 470 ou 469 aC .
Acusado de corromper a juventude e não cré na religião oficial, acabou por condenado à
morte em 399 a C . Nada tendo deixado escrito, Sócrates dedicou a sua vida à sua vida a
filosofia, e acabou por morrer pelas suas próprias ideias
socrática. O outro aspecto é a maiêutica, mediante uma série de questões, Sócrates levava o
seu interlocutor a descobrir a verdade que ele já trazia em si . Afinal, a verdade reside no
interior ]de cada um.
O ideal da educação de Sócrates aos jovens era de ordem dos valores universais e eternos e
não os temporários e relativos defendidos pelos sofistas. Sócrates se opõe ao sofistas, com
efeito estes gostavam de se apresentar como possuidores da sabedoria, eram professores
itinerantes que se faziam pagar pelo seu ensino, contribuíram para o desenvolvimento da
retórica, que é arte de persuadir e manipular mediante a palavra, defendiam que o discurso
deve ser eficaz, orientado para o sucesso, o poder não para saber. Sócrates associou a virtude
com o saber, sendo o vazio um fruto de ignorância
Protágoras, um dos grandes representantes dos sofistas, defende que: “o Homem é a medida
de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não são enquanto não são.” Aplicada
ao homem individual e concreto, a máxima conduz a duas perspectivas do conhecimento
humano: relativismo – de que não há verdade absoluta e universal, mas uma diversidade de
opiniões; e, o cepticismo – segundo o qual, se há verdade absoluta, não é possível conhecê-la
(Gorgias).
Já não sei se amarei outro alguém tal como amo você convencido e orgulho sou feliz
O conceito de pessoa
Encontramos nestas definições duas vertentes. Enquanto Cícero traz uma abordagem jurídica,
reconhecendo o indivíduo como dotado de direitos e obrigações que limitam a liberdade;
Boécio e S.Tomás realçam o carácter filosófico ao destacar os tres elementos fundamentais na
definição da pessoa: substancialidade, individualidade e a racionalidade
Moral e Ética
Sócrates afirmava que saber como devemos viver ʼ é um assunto de máxima importância. Mas
que significa exactamente este saber como deve viver ? significará o mesmo que cumprir as
regras, as normas vigentes na sociedade, agir em conformidade com os costumes da nossa
cultura? Estas questões são lançadas ao nível da reflexão moral e ética, neste sentido convém
fazer se uma distinção entre moral e etica
A palavra Ética deriva do grego “ethos” e diz respeito aos comportamentos habituais, aos
costumes, àquilo que é habitual os seres humanos fazerem referindo-se à sua interioridade. A
palavra Moral é latina mores que designa também ao que é habitual os seres humanos
fazerem, com a particularidade de indicar o que deve ou não ser feito.
O que têm em como entre a ética e a moral é a preocupação sobre o comportamento do ser
humano e suas acções. Porém, a ética procura reflectir sobre os valores com os quais
avaliamos e sobre os critérios que presidem a uma tal avaliação – em investigar as condições
a partir dos quais se pode falar, ou não, em acto moral e em moralidade (os princípios e
fundamentos da moral). A moral tem uma dimensão prática (à vida concreta), ou seja, está
ligada ao agir quotidiano e às suas exigências imediatas.
Em suma, a ética (ou filosofia moral) tem uma dimensão mais universalista por se debruçar
sobre a humanidade da pessoa enquanto tal e sobre os requisitos que definem o respeito pela
dignidade da pessoa humana, e a moral tem uma dimensão mais local, relacionando-se com os
modos concretos da vida de uma dada sociedade.
Sujeito moral é um ser dotado de razão, consciente, livre, capaz de decidir com base em boas
razões, é também um ser responsável, preocupados com os outros e capaz de prever o modo
como a sua conduta pode afecta-los.
Por sua vez o personalismo assume a liberdade como abertura a possibilidade, como um
desafio (a construção da pessoa) que se aceite, implicando a adesão a uma hierarquia de
valores. A liberdade é limitada por diferentes condicionantes, variando a sua influência de
pessoa para pessoa em função da situação concreta de cada um. Somos influenciados por
factores externos (meio social, ambientes físicos) factores internos nossa consciência, que
afirma-se em função de valores e princípios, crenças e sentimentos entre outros aspectos
psicológicos.
Para Nietzsche, só é responsável aquele que pode responder por si e perante si mesmo. Jean
Paul Sartre faz cada um responsável pela humanidade em geral, porque nada é bom para nós
se não for bom para todos.
O dever é uma realidade interior que leva a vontade a agir de determinada maneira. Segundo
Kant (1724 - 1804), o dever é um imperativo categórico porque não impõe condição para o
seu cumprimento e é resultado da escolha de uma vontade livre. A formulação do imperativo
categórico é a seguinte: “age apenas segundo uma máxima tal que possas, ao mesmo tempo
querer que ela se torne lei universal.” Dever correspodem a necessidade de agir por respeito à
alei moral que a razao dá a si mesma
A lei moral, ou dever, não diz o que se deve fazer nesta ou naquela situação, mas indica ao ser
humano como se deverá comportar em todas as situações seguindo determinadas regras.
Fundamentação do dever
Tendência positivista – defende o dever como algo resultante da pressão exercida pela
sociedade sobre os indivíduos que, com o tempo, se foi interiorizando e se transformou em
uma obrigação da consciência.
O Mérito é o valor moral adquirido por um esforço voluntário para vencer as dificuldades que
se oponham ao cumprimento do dever, e a consciência moral é o juiz desse valor. O mérito de
uma pessoa, são as suas qualidades susceptíveis de admiração. Os méritos morais incluem
virtudes como a benevolência, a temperança
Justiça
Segundo Aristóteles: “Justiça é a virtude humana que consiste na vontade firme e constante de
dar a cada um o que lhe devido.”
Carlos Dias Hernández, filósofo contemporâneo, afirma que existem três dimensões da
Justiça: ético-pessoal que refere à virtude pessoal; ético-social que se refere à sociedade ou o
sistema político justo; jurídico-legal que é o sistema de Leis (Direito) que estabelecem de
modo positiva. A justiça é aplicada quando a lei é cumprida.
Justiça distributiva- equilíbrio na repartição das honras e bens entre individuo dentro de uma
comunidade.
Rawls afirma a justiça como virtude das instituições, é justa a sociedade que reconhece em
todos os cidadãos a igualdade de liberdade e direitos sem que estes sejam postos em causa,
são definitivos, não são negociáveis, não pode ser objecto de calculo de interesses sociais. Por
isso, a aplicação das leis e o funcionamento das instituições devem efectuar-se com toda
imparcialidade: procurar o máximo bem-estar possível de todos, tendo em conta que uns se
encontram em desvantagem relativamente aos outros. Admitindo que os individuo se
empenham em dar o melhor de si em favor da sociedade, porque tem sentido de justiça e
reconhecem no racionalmente, é razoável criar as condições que diminuam desvantagens. No
final não são só os desfavorecidos que ganham com isso, mas toda sociedade.
A sanção
A virtude
A virtude é uma força moral para fazer o bem e adquire-se pela prática constante de actos
bons. A caridade, por exemplo, como virtude, não consiste em dar esmola uma só vez mas
sim no hábito de praticar esse acto. Assim, uma pessoa é virtuosa quando adquire uma força
tal que a leva a cumprir, e até com prazer, o seu dever. A virtude é diferente do vício que é a
tendência constante para fazer o mal.
Características da Pessoa
Unidade – a pessoa é uma totalidade; ou seja, as diferentes partes que a constituem formam
um todo coordenado, uma coesão psicológica.
Autonomia – ser humano é centro de decisão e acção, tem em si o princípio e a causa do seu
agir; a pessoa tem a capacidade de autogovernar-se ou autodeterminar-se.
Projecto – a pessoa tem de se tornar-se como tal; ser pessoa é uma das possibilidades
humanas que cada um deve realizar por si.
Valor em si – a pessoa é um valor absoluto e, por isso, não pode ser usada como meio ao
serviço de um fim. Não se pode coisificar a pessoa.
Consciência moral
A consciência é o estado ou faculdade de alerta, que nos permite perceber o mundo intrínseco
a nós mesmos e fazer juízos de valor sobre eles, enquanto estamos mentalmente sadios. Ela é
a faculdade humana que permite a distinção do bem e do mal, apreciar os actos e adoptar um
certo modo de conduta. O homem é o único animal consciente das suas acções.
A cosnciência pode ser definida na perspectiva psicológica, ético e moral, político e na teoria
do conhecimento.
Em suma, a consciência moral é a capacidade que o sujeito tem avaliar os princípios básicos
dos seus actos.
Pré moral aos 2 a 6 anos encontra na criança a moral de obrigação; ela vive uma
moral de respeito absoluto aos mais velhos e as normas são totalmente exteriores a si.
A consciência moral é formada num processo de aprendizagem social que atravessa três
estádios de desenvolvimento pré-convencional, convencional e pós-convencional.
No agir, a acção não tem como principal finalidade transformar o próprio agente, pois agir
remete uma actividade centrada no sujeito ou no agente da acção.
O agir é um termo usado para traduzir uma acção de determinado tipo de comportamento e
remete para uma dada de conceitos que aparecem interligados: agente, intenção e motivo.
A acção reflecte um projecto, isto é, uma intenção do agente: supõe uma vontade, um querer e
uma possibilidade de optar isso é de poder fazer ou não algo: implica uma explicação ou
justificação, um motivo ou razão de agir.
Naturalmente, o Homem é diferente dos outros animais, porque ele faz programação e
comporta-se de acordo com uma pré-programação biológica. O homem é um ser com
possibilidades de escolher e de decidir o que deve fazer porque está aberto em relação ao
futuro.
Actos involuntários
Os actos involuntários são acções que não implicam uma deliberação de um agente, de agir de
determinado modo e não de outro. Tais acções não são reflectidas nem projectadas a
determinados objectivos. Constituem os comportamentos reflexos e instintivos. Por exemplo:
ressonar, envelhecer, mijar, etc.
Actos voluntários
Trata-se de actos humanos, frutos de uma intenção deliberada de um agente. São resultado de
reflexão, premeditadas e estudadas a longo prazo para atingir determinados objectivos.
Agente: o sujeito da acção deve ser capaz de se reconhecer como autor da acção e ter
responsabilidade da acção.
Motivo: o agente deve ter a razão da o leva a agir ou fazer algo; ou seja, a razão que
justifica a acção.
Em toda acção humana, o ser humano exprime o modo como se relaciona com o mundo,
podendo preferir algo, ou seja, a acção humana está estritamente ligada aos valores. Os
Compilado por: dr Daúda Abudo , Página 26
Texto de apoio para o uso interno na Escola Secundária CCI 2021
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valores dão ao sujeito o motivo para agir. Porem, os valores são critérios segundo os quais
damos ou não importância as coisas; são as razoes que justificam ou motivam as nossas
acções, tornando-as preferíveis às outras.
Tipos de valores
valores são absolutos (objectivos) e, para outros ainda, os valore não podem deixar de ser
relativos (subjectivos).
A liberdade é a capacidade que todo o homem possui de agir de acordo com a sua própria
decisão. É a capacidade de autodeterminação.
O primeiro pensador a dedicar-se sobre a liberdade foi Sócrates, para ele, o homem é livre
quando se verifica o domínio da própria racionalidade em relação à própria animalidade. Para
Sartre, o homem está condenado a ser livre. Condenado a ser livre porque não se criou a si
mesmo e, no entanto, é livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo
aquilo que faz. Para os marxistas, o homem é livre com o fim da alienação, ou seja, o fim da
exploração do homem pelo homem.
Consciência do sujeito: para que uma acção seja considerada livre, é necessário que a
pessoa seja a causa dos seus próprios actos.
As morais deontologica assetam na ideia de dever, defendem que o que é importante é agir em
conformidade com deveres exigidos por principios e valores inquestionaveis. A moral
utilitarista indentifica o bem com a felicidade. A felicidade é o estado de prazer e de ausencia
de dor e sofrimento. Todas as acções que dão origem ao sofrimento ou a privacão do prazer
não são uteis ao homem porque o impedem de alcançar a felidade. Utilitarismo a presenta
como criterio de avaliacão moral das acções a sua utilidade. O maximo de bem estar possivel
para o maior numero de pessoas é assim o principio que legitima a moralidade das nossas
acções. Dever correspodem segundo Kant , a necessidade de agir por respeito à lei moral que
a razão dá a si mesma. O bem para kant não é a felicidade, pois a felicidade não é um ideial da
razão, mas da imaginação e , embora todos tenham direito de procurá-la, ela não é o fim que o
ser humano deve procurar.A única coisa que é boa em si mesma é a boa vontade- a vontade
que se deixa guiar e exclusivamente pela razão. Etica material sera segundo Kant, uma etica
que dá relevo ao conteudo ou materia das accões, isto é , que faz depender a validade da acçao
daquilo que se faz e do que dai possa resultar
Assim, o valor da pessoa sob ponto de vista ético, emerge aobretudo nas relações
interpessoais.
Na relação da pessoa com o mundo e outros seres humanos e a natureza é “dominado pela
angústia”, eta, é um sentimento profundo que temos ao perceber a instabilidade de viver num
mundo de acontecimento diversos sem garantia que nossas expectativas sejam realizadas.
A relação com o outro é estabelecida por meio dum contrato que estabelece um conjunto de
regras que vinculam uns com os outros, estabelecendo acordos de vontades. A relação com a
natureza ‘e marcada por altos riscos ao ambiente devido ao progresso científico por um lado e
por outro lado pela falta de exploração racional da natureza.
Assim, vivemos num mundo onde tanto é possível a dor como o prazer, o bem como o mal, o
amor como o ódio, o favorável como desfavorável. Um relacionamento com as diversas
instituições humanas (a sociedade e a cultura em que vivemos, o Estado que rege e a sua
política e o sistema legal – Direito – as instituições religiosas, comerciais e laborais, etc.)
Trata-se da forma como a pessoa olha para si e se vê enquanto pessoa, ou seja, a forma como
a pessoa julga as suas acções e finalidades da vida.
“A relação do Homem consigo mesmo é marcada pela inquietação e pelo desespero. Isso
acontece por duas razões: ou porque o homem nunca está plenamente satisfeito com as suas
possibilidades que realizou, ou porque nào conseguiu realizar o que pretendia, espantado os
limites do possível e fracassando diante das suas expectativas.”
Portanto, é daí que existe a relação do homem consigo mesmo, na medida em que o homem
faz uma referência, isto é, uma relatividade inclusiva. Nas suas relações consigo mesmo, a
consciência é a base do individuo moral. Assim, a relação do homem consigo mesmo é
marcada pela inquietação e desperto.
Deste modo, ele é chamado a cultivar bons hábitos e nobres sentimentos, a respeitar-se como
homem e mulher, reconhecendo a sua dignidade.
A relação da pessoa com Deus seria talvez a única via para a superação da angústia e do
desespero. Contudo é marcado pelo paradoxo de ter de compreender pela fé o que é
incompreensível pala razão humana. A única maneira de fazer face as coisas que por nós nos
complica é reconduzir-se a Deus.
O termo trabalho vem do latim: tripalium, que significa um instrumento de tortura feito de
três paus. O trabalho é o elemento essencial da relação dialéctica entre o Homem e a
Natureza, entreo saber e o fazer, entre a teoria e a prática.
Portanto, o trabalho é toda a actividade na qual o Homem utiliza a sua energia físca e psíquica
para satisfazer as suas necessidades ou para atingir um determinado fim.
Sendo assim, o trabalho é uma actividade tipicamente humana porque implica a existência de
um projecto mental que determina a conduta a ser desenvolvida para alcançar um objectivo
almejado.
Noção de bioética
Etimologicamente, Bioética é uma palavra de origem grega: “bio”, que significa “vida” e
“ethos”, que significa “ética.” O termo foi introduzido pela primeira vez pelo biólogo e
médico ecologista Ransslaer Potter em 1971, na sua obra: Ponte para o Futuro.
Segundo David J. Roy, a Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais das ciências
da vida e de atenção à saúde. É uma prática racionalizada e conjugada de um saber, uma
experiência e uma competência normativa do agir humano. A Bioética se consolida
filosoficamente depois da II Guerra Mundial por causa das práticas abusivas e desumanas dos
médicos Nazis nos campos de concentração.
A Bioética é uma disciplina que tem como objecto de estudo as questões éticas levantadas
pelos progressos da medicina e da biologia. Ela enraíza-se na moral médica ao paciente que,
as biotecnologias contemporâneas suscitam interrogações nos temas de particular relevo na
nossa época: a eutanásia, o aborto, o diagnóstico pré-natal, a experimentação do ser humano e
no embrião, as manipulações genéticas, etc.
Três perigos que podem atentar contra o ser humano a serem evitados
Submissão do ser vivo à lei do mercado (por exemplo: venda de órgãos humanos);
Auto-instituição do sujeito;
É preciso que, com os progressos tecnológicos se tome uma atitude ética que salvaguarda a
vida humana.
Funções da Bioética
Eutanásia e distanásia
São procedimentos médicos que têm em comum a preocupação da qualidade da vida humana
e da maneira de lidar com a morte do ser humano.
Eutanásia
A palavra eutanásia é resultado de duas palavras gregas: eu, que significa bem e Thanasia,
que significa morte. Portanto, trata-se de uma morte tranquila.
A Eutanásia é uma morte causada a uma pessoa que padece de uma enfermidade classificada
tecnicamente como incurável. Esta morte visa aliviar o doente que se encontra em agonia
prolongada. A Eutanásia é uma morte piedosa e compassiva para com o doente, pois
pretende-se imediatamente acabar com a dor de uma doença crónica ou grave. É uma boa
morte, um morrer em paz evitando o sofrimento doloroso e prolongado. Mas no contexto
religioso, este acto é pecaminoso e ilícito.
Distanásia
Aborto
É a interrupção da gravidez quando o feto ainda não pode subsistir ou sobreviver fora do
ventre materno.
Tipos do aborto
Aborto espontâneo – é aquele que ocorre por causas naturais sem a vontade e
intervenção humana. Este é livre de avaliação moral.
Aborto terapêutico – resulta como meio para salvar a vida da mãe, quando seriamente
ameaçada. Não constitui objecto de avaliação moral.
Elementos do conhecimento
O objecto é tudo aquilo que pode ser percebido pelo sujeito (coisa material ou imaterial,
acção, acontecimento, processo) e que pode ser analisado e explicado.
sentido restrito, conhecer é apenas aplicável aos seres humanos, pode ser entendido como a
construção de representações mentais que o sujeito organiza ao longo da vida na sua relação
com a realidade, quer interior (pensar, sentir) quer com o mundo exterior (mundo dos objectos
físicos). Há que considerar três tipos de conhecimento:
Conhecimento tem por base conceito, juízo e raciocínio. São estes elementos que nos
permitem pensar e conhecer a realidade.
O conceito é o termo que designa o que se constrói na nossa mente quando dizemos que
conhecemos ou sabemos algo. O conceito é a imagem que o nosso entendimento retém de um
objecto conhecido. Por exemplo: quando dizemos que conhecemos uma mesa, isso quer dizer
que na nossa mente existe o conceito mesa que é abstracto e universal (que se refere a uma e a
todas as mesas que conhecemos).
Realidade é o elemento apreendido, cuja imagem na nossa mente se chama conceito. Por
isso, o conceito representa a realidade na nossa mente de uma forma abstracta. A realidade é o
que há, ou seja, tudo aquilo que pode ser conhecido e representado por nós, quer se trate de
uma realidade física, mental ou virtual.
Faculdades do conhecimento
A mente é a faculdade humana que permite o conhecimento, é através da mente que o ser
humano percepciona a realidade interior e exterior e explica racionalmente.
A mais simples forma do conhecimento que o ser humano possui que lhe permite
percepcionar o mundo e a realidade é a sensação. Os sentidos permitem-lhe, através das
sensações ou experiências sensíveis, experimentar o mundo através da visão, do tacto, da
audição, olfacto e gosto. As sensações e experiencias só nos dão juízos a posterior cuja sua
verdade pode ser conhecidas através dos sentidos e não são estreitamente universais.
Contingentes são verdadeiros, mas poderiam ser falso, e negá-los não implica entrar em
contradição Mas nem todos juízos tem mesma origem existem coisas que são conhecidas
apenas pelo pensamento que são juízos a prior cuja sua verdade pode ser conhecida
independentemente de qualquer experiencia, estes são universais.
Abordagem científica
a) Perspectiva filogenética
Segundo a Paleontologia, à medida que o ser humano sofria transformações durante sua
história, também evoluía a sua capacidade cognitiva. Neste sentido, o desenvolvimento
cognitivo ocorreu graças à correlação do desenvolvimento das capacidades cognitivas
(memória, linguagem, pensamento) com as capacidades técnicas e desenvolveu-se bio-psico e
socialmente.
Ao longo do processo filogenético, o ser humano constituiu-se numa dialéctica entre a acção e
o conhecimento. A acção provoca conhecimento e este provoca a possibilidade de novas e
melhores acções e, estas possibilitam novos conhecimentos, assim sucessivamente.
b) Perspectiva ontogénetica
O grande defensor desta perspectiva foi o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) que
defendeu que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da vida e que
o desenvolvimento ocorre porque o organismo amadurece e sofre influência do meio físico e
social por uma gradual adaptação através da assimilação e acomodação.
Assimilação e acomodação são dois processos que concorrem na formação das capacidades
cognitivas de uma criança e que estão presentes em todos os estádios de desenvolvimento.
3. Estádio das operações concretas (dos 7 aos 11/12 anos): a criança vai acumulando
experiências físicas e concretas e começa a conceptualizar, criando estruturas lógicas
para a explicação das suas experiências.
4. Estádio das operações formais (dos 11/12 aos 15/16 anos): a criança atinge o
raciocínio abstracto e conceptual e pensa cientificamente.
A sociologia é uma ciência humana que estuda o modo do relacionamento dos indivíduos na
sociedade e, a sociologia do conhecimento é a ciência que estuda o fenómeno conhecimento
na perspectiva sociológica.
O grande e primeiro defensor foi Karl Marx (1818-1883) que advogou que as ideias e o
conhecimento dependem das circunstâncias histórico-sociais do sujeito e, o conhecimento
humano é condicionado pelo meio social que molda o sujeito cognoscente.
Outro defensor foi Karl Mannheim (1893-1947) que defendeu que o pensamento de um
indivíduo é condicionado pelo dos outros seres humanos e modelado pelo grupo em que
pertence.
Abordagem filosófica
Para a fenomenologia, no acto do conhecimento existe alguém que conhece (o sujeito) e algo
que pode ser conhecido (o objecto) e, o resultado desse acto do conhecer é a representação da
imagem do objecto na mente do sujeito. Assim, o conhecimento é o acto pelo qual o sujeito
apreende ou representa o objecto.
5. Considerado do lado do sujeito, esta apreensão pode ser descrita como uma saída do
sujeito para fora da sua esfera.
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6. O conhecimento realiza-se em três tempos: o sujeito sai de si, está fora de si e regressa
finalmente a si.
7. O facto de o sujeito sair de si para apreender o objecto, não muda nada nele. O objecto
não é modificado pelo sujeito, mas sim o sujeito pelo objecto pelo acto do
conhecimento.
1. Dogmatismo
É uma corrente ou doutrina filosófica que admite a possibilidade da mente humana conhecer
com plena certeza as coisas. Para o dogmatismo, o homem tem meios para atingir a verdade
absoluta, sem dúvida. Esta atitude é própria do senso comum que aceita a realidade sem
questionar. Aqui pode se também falar se de filósofos dogmáticos que são aqueles que
depositam confiança na razão, considera que é possível chegar à certeza e a verdade,
entendendo-se aqui o conceito de certeza como sendo a consciência de que se possui a
verdade, associada a uma adesão sem reservas a isso que se julga ser verdadeiro.
Na idade moderna, alguns filósofos manifestaram uma forte confiança na razão humana. Este
optimismo racionalista, alicerçado na idade de que é possível alcançar a verdade, permite-nos
considerar dogmáticos filósofos como Descartes, (1596-1650), Leibniz (1646-1716) e
Espinosa (1632-1677).
Kant por sua vez, considerava dogmático o exercício da razão sem uma crítica prévia da sua
capacidade. Assim, o dogmático equivale a posição filosófica que investiga questões
metafísicas sem ter previamente examinado as capacidade da razão neste domínio.
O dogmatismo espontâneo supõe que o Homem conhece os objectos tal qual são e
que, entre o conhecimento e a realidade há um perfeito acordo.
2. Cepticismo
É uma doutrina ou corrente filosófica que considera a mente humana incapaz de atingir
qualquer que seja o conhecimento ou a verdade com certeza absoluta. Esta corrente dá uma
resposta negativa sobre o problema da possibilidade do conhecimento.
Esta atitude foi manifestada pelos sofistas que afirmaram que a verdade absoluta é
inacessível.
Pírron (séc. IV-III a.C), o grande expoente do Cepticismo afirmara que não devemos confiar
nos sentidos nem na razão, mas duvidar de tudo e de nada, inclusive da própria dúvida.
Kant designa o númeno como a realidade como ela é e o fenómeno como a realidade tal como
nos aparece. Para Kant, o intelecto humano não está estruturado de forma a captar as
propriedades do númeno, o mundo das coisas em si. O ser humano pode conhecer as coisas do
mundo material e não das realidades espirituais.
4. O Pragmatismo
A origem do conhecimento
Sobre a origem do conhecimento, destacam-se, a seguir, quatro teorias que tentam responder
o problema da origem do conhecimento: o empirismo, o racionalismo, o apriorismo ou
intelectualismo e o construtivismo.
1 . O Racionalismo
Platonismo: para Platão, existem dois mundos: mundo sensível (a que acedemos através dos
sentidos), mundo aparente e imperfeito, e o mundo inteligível (com o qual contactamos
através da razão) mundo verdadeiro e perfeito formado por ideias, dais quais as coisas
sensíveis participaram. Considerando que alma ê imortal e que nesta vida, se encontra
aprisionada no corpo, e que obtemos o verdadeiro conhecimento numa existência superior, na
qual podemos comtemplar as ideias imutáveis.
Reencarnando, a alma esquece o que aprendeu. Se for bem conduzida, acabara por lembrar
todas as noções, segundo esta teoria de reminiscência-, aprender é recordar. Sendo assim as
nossas ideias são copias das verdadeiras ideias, e a opinião (doxa), que provem dos sentidos,
opõe-se o verdadeiro saber (episteme), que ê obtida pela razão Para o Platonismo de Santo
Agostinho, as ideias surgem por iluminação divina.
Leibniz e Espinosa admitem o inatismo virtual: as ideias inatas existem no nosso espírito
como percepções inconscientes que vão consciencializando progressivamente através da
experiência. Características do racionalismo: a razão é a origem do conhecimento verdadeiro
(universal e necessário), as ideias fundamentais do conhecimento são inatas, o sujeito impõe –
se ao objecto através das noções (a prior ) que traz em si
2. O Empirismo
As origens do empirismo remontam a John Locke e David Hume, dois filósofos ingleses do
séc. XVIII. O Empirismo é uma corrente filosófica que surgiu na Inglaterra que defende o
primado da experiência na aquisição do conhecimento. Ou seja, todo o conhecimento provém
da experiência, da sensibilidade, segundo esta corrente não existem ideias, conhecimento ou
princípios inatos
Para John Locke, a mente humana nasce como uma “tabula rasa”, ou como um papel em
branco, onde nada está escrito. É a experiência ou a vivência que preenche de conhecimento a
mente humana. A experiência é fonte do conhecimento por dois modos: sensação, da qual nos
chegam ideias das coisas exteriores e a reflexão, que nos dá o conhecimento daquilo que se
passa dentro de nós.
Da sensação originam ideias simples (duro, vermelho, frio doce) e pela reflexão, todas as
operações da mente: percepção, dúvida, desejo, etc. E, as ideias complexas nascem das
simples através da actividade do sujeito que une, separa, analisa e sintetiza (beleza, universo).
Para David Hume, considera que a capacidade cognitiva do entendimento humano é limitada,
não existindo nenhum fundamento metafísico para o conhecimento. As várias percepções
humanas são classificadas por Hume por critério de vivacidade e da força com que são
3. O apriorismo ou intelectualismo
Para Kant, o nosso conhecimento provém de duas fontes do espírito, das quais a primeira
consiste em receber as representações dos objectos sensíveis e a segunda é a capacidade de
conhecer um objecto mediante estas representações.
4. Construtivismo
Para Kant, não é o sujeito que se adapta aos objectos como se afirmava anteriormente, mas o
contrário. É esta a chamada revolução copernicana em Kant na gnosiologia (a nova visão da
relação sujeito/objecto): no acto do conhecimento, os objectos adaptam-se à natureza do
intelecto humano. Assim, é fácil explicar a existência de seres incognoscíveis pelo Homem –
eles não se adaptam à natureza do intelecto humano e, por isso, o Homem não os pode
conhecer.
A natureza do conhecimento
1. Realismo
O realismo é uma teoria filosófica que declara que o sujeito no acto de conhecer, capta um
objecto que lhe exterior e independente. Assim para o realismo o objecto do conhecimento
não faz parte do sujeito e pode ser conhecido na sua realidade e independência.
2. O Idealismo
O idealismo é uma teoria segundo a qual o objecto não existe independentemente do sujeito.
Não é uma realidade exterior e transcendente em relação ao sujeito, é pelo contrário, uma
O idealismo subjectivo considera que toda realidade, esta encerada na consciência do sujeito,
ou seja as coisas são apenas conteúdos da nossa consciência, não existindo
independentemente dela, o filosofo Berkeley é representante desta corrente. Segundo este
filósofo, o ser das coisas consiste em serem percebidas. Idealismo subjectivo parte da
consciência individual e o idealismo objectivo parte dos conteúdos objectivos da consciência:
os conceitos. Hegel, expoente máximo do idealismo defende que: “todo o real é ideal e todo o
ideal é real”, no sentido de que a ideia é o fundamento da realidade.
O Valor do conhecimento
A preocupação que se arrasta no problema do valor do conhecimento é: qual é a validade do
nosso conhecimento? É universal ou absoluto, ou depende de cada sujeito?
Duas correntes travam este debate: absolutismo e relativismo.
1. Absolutismo
O absolutismo, não só afirma a objectividade do conhecimento, como também lhe confere um
valor absoluto. Para esta corrente, não há dúvidas sobre o valor do conhecimento e não
apresenta nenhum limite.
2. Relativismo
Atribui valor relativo ao conhecimento, quer em função do sujeito cognoscente, quer em
função do objecto conhecido.
Relativismo prático – para William James, a validade de uma ideia, só pode ser verificado
pelo seu resultado prático. Tudo o que ajuda a agir e produz realmente efeito será verdadeiro
para cada indivíduo.
2. Conhecimento científico
A ciência é uma organização de conhecimentos e de resultados que são aceites universalmente
pelo uso da experiência, de métodos sistemáticos, teorias e linguagens próprias que visam
compreender e possivelmente, orientar a natureza e as actividades humanas.
Os limites da ciência podem-se notar sob dois aspectos: limites materiais como recursos
financeiros e limites ideológicos como o contexto histórico e social, o paradigma dominante
dentro do qual se faz a ciência, a ética que questiona a utilidade, o interesse, a moralidade de
certas investigações científicas.
Mas o uso descontrolado da tecnologia degrada o meio ambiente, esgota os recursos não
renováveis e deteriorisa a camada do ozono, como também cria problemas de saúde humana
na sua relação com as máquinas e tecnologia, o problema de desemprego, entre outros riscos.
São também áreas de risco da ciência: a energia nuclear, a investigação genética e a base
genética da inteligência.
3. Conhecimento filosófico
É a forma de conhecimento que se detém na intenção de ampliar incessantemente a
compreensão da realidade, no sentido de apreender na sua totalidade e de dar explicaç ões
acerca da existência humana.
Acima de tudo, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para
questionar problemas humanas e poder discernir entre o certo e o errado, recorrendo apenas às
luzes da reflexão racional.
O estado positivo, que Comte advoga, trata-se da ciência, ligada ao empírico, ao prático e ao
mensurável – a relação constante entre os fenómenos observáveis. Assim, o positivismo é
uma corrente que se preocupa em estabelecer procedimentos válidos para uma ciência prática.
Verdade como coerência-verdade lógica- evidencia o acordo da razão com as suas próprias
regras e princípios (particularmente o da não contradição.)
Também Heidegger entende a verdade como desenvolvimento do ser que acontece pela e na
linguagem enquanto casa do ser- verdade como processo
A dúvida pode ser metódica ou cartesiana, que consiste na suspensão voluntária, mas sempre
provisória, na aceitação de uma verdade dita por certa, com o fim de verificar o seu valor.
Pode ser céptica ou sistemática, que é estado definitivo do espírito relativamente a toda
verdade; considera todas as verdades como incertas.
Critérios de verdade
Critérios da verdade são normas através dos quais distinguimos o conhecimento verdadeiro do
falso. Em teoria do conhecimento, o critério fundamental da verdade é a evidência.
A evidência é a clareza com que a verdade se impõe ao nosso espírito. A evidência ilumina a
verdade pois diz se aquilo que temos no espírito corresponde à verdade.
Para Descartes Deus é a garantia da verdade objectiva das ideias claras e distintas,
legitimando o valor da ciência e sendo o fundamento do ser e do conhecimento. Critério de
verdade consiste na evidência ou seja, na clareza e distinção das ideias. Assim o
conhecimento é evidente quando possui clareza e distinção. Pode se dizer que a clareza diz
respeito à presença da ideia ao espírito. Distinção significa separação de uma ideia
relativamente outra , de tal modo que a ela não estejam associados elementos que não lhe
pertençam. Espinosa associa o conhecimento verdadeiro ou evidente (claro e distinto) a
existência de Deus, este filosofo defende a existência de três géneros de conhecimento, o do
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Nampula
Popper (1902 - 1994), foi um filósofo austríaco das ciências exactas e humanas. É da posição
descontinuísta. Para ele, a ciência progride através da crítica às teorias anteriores e à inovação
das mesmas e até banindo as anteriores dando lugar as novas teorias capazes e que entram em
consonância com a nova realidade científica. Assim, o progresso da ciência se efectua por
meio das revoluções intelectuais e científicas.
Paradigma
É o princípio que regula as pesquisas de uma determinada época. Trata-se de uma teoria
científica dominante, na qual todas as outras se integram. O paradigma define especificamente
a metodologia apropriada para o desenvolvimento da ciência nos moldes estabelecidos pelo
paradigma. Ele determina tanto o método de solução dos problemas como os problemas que
devem ser resolvidos.
A ciência normal é o momento em que a comunidade científica desenvolve com sucesso suas
pesquisas mediante o paradigma em vigor. Ora, quando aparecem problemas científicos que
escapam os limites do paradigma, quando não se enquadra na ciência normal, considera-se
anomalia.
Ciência extraordinária
Revolução científica
UNIDADE 4: LÓGICA I
A palavra Lógica vem do latim: Logica e do grego Logike, de logos: razão. Em um sentido
amplo, a lógica é o estudo da estrutura e dos princípios relativos à argumentação válida,
sobretudo da inferência dedutiva e dos métodos de prova e demonstração.
A Lógica é a ciência que estuda as regras das operações válidas e os processos utilizados
pelas várias ciências em busca da verdade. Contudo, a Lógica é a ciência que estuda as
condições do pensamento válido, ou seja, do pensamento que procura encontrar a verdade.
Por isso mesmo, a Lógica regula o perfeito discurso da razão e dá o caminho para o correcto
exercício da linguagem e do pensamento na procura da verdade.
A Lógica tem seus objectos de estudo divididos em duas vertentes. Encontra-se o objecto
formal e o objecto material de estudo da Lógica.
Quanto ao objecto material, a Lógica analisa não só a coerência do enunciado, mas também a
sua concordância com a realidade.
Nem todo aquele que não teve instruções não é capaz de elaborar enunciados lógicos. Mesmo
as conversas que os homens fazem e os pensamentos que têm exercido têm sempre uma certa
coerência e uma determinada ordem de encadeamento. O facto é de que a inteligência humana
tem sempre um determinado caminho a seguir, uma determinada ordem de pensamento que é
natural ao Homem e podemos designar de uma Lógica espontânea.
Assim, chama-se Lógica espontânea, à ordem que a razão humana segue naturalmente nos
seus processos de conhecer e nomear as coisas. E, a Lógica como ciência aparece a partir do
momento em que o Homem toma os seus processos cognitivos como objecto de estudo.
Para Aristóteles, a lógica não era uma ciência teorética, nem prática ou produtiva, mas um
instrumento para as ciências. Eis por que o conjunto das obras lógicas aristotélicas recebeu o
nome de Órganon, palavra grega que significa instrumento. A lógica caracteriza-se como:
Formal: não se ocupa com os conteúdos pensados ou com os objectos referidos pelo
pensamento, mas apenas com a forma pura e geral dos pensamentos, expressa através da
linguagem.
Normativa: fornece princípios, leis, regras e normas que todo pensamento deve seguir se
quiser ser verdadeiro.
Geral e temporal: as formas do pensamento, seus princípios e suas leis não dependem do
tempo e do lugar, nem das pessoas e circunstâncias, mas são universais, necessárias e
imutáveis como a própria razão.
A linguagem é fundamento da acção humana porque o uso dela faz parte essencial da vida
quotidiana e da forma intrínseca de ser e de existir do ser humano. Porque, a verdade é que
não existe nenhuma actividade humana que não comporte, na sua essência, o uso da
linguagem. Isso quer dizer que, o Homem sempre necessita da comunicação num com outro.
Mas a aprendizagem da linguagem só pode ser feita através da língua num determinado
ambiente cultural, pois toda a linguagem é linguagem de uma determinada cultura humana.
A Língua é um sistema de signos que exprimem ideias; define-se como um código – código
linguístico – que consiste num conjunto de signos isolados, as palavras, cada uma das quais
está associado um sentido particular e que, ao falar, organizamos de um certo modo, segundo
certas regras, que fazem igualmente parte do código linguístico.
A Língua constitui-se pela prática da fala. É ao falar que os sujeitos pertencentes a uma
mesma comunidade criam esses sistemas de sinais e regras, que cada nova geração recebe
como herança que os vincula e une socialmente aos membros do seu grupo, fornecendo-lhes
uma espécie de molde para dar nome e sentido às suas representações.
Linguagem e comunicação
Roman Jakobson (1896 – 1982), linguista americano de origem russa, propôs um modelo de
comunicação, que marcou uma época e que continua a ser estudado até hoje.
Para ele, no processo comunicativo, para além do emissor e receptor, entram no cenário o
contexto (a comunicação ocorre sempre dentro de um determinado contexto ou situação), o
código (a comunicação usa um determinado código, isto é, conjunto de sinais partilhados
entre os interlocutores) e contacto (no acto da comunicação, o emissor e o receptor
estabelecem um contacto entre si). Ele, atribuiu também uma função da linguagem a cada um
dos elementos da comunicação.
a) Função referencial
Esta pode designar-se por informante e se centra no contexto. Neste tipo de discursos, o
emissor (locutor) centra a sua mensagem de forma predominante no contexto (ou referente).
A característica do discurso é objectividade, neutralidade e imparcialidade.
b) Função expressiva
Chama-se também função emotiva e está centrada no emissor. Predomina a atitude do emissor
perante o referente, produzindo uma apreciação subjectiva. No discurso oral, a tonalidade da
voz do emissor é inconstante, ora sobe, ora baixa, ora é grossa, ora é fina e demorada.
b) Função persuasiva
c) Função estética
d) Função fáctica
Esta função se centra no contacto, ou seja, no canal. Com estes discursos, os interlocutores
procuram assegurar, estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação ou verificar se o
meio usado funciona. Exemplo: estás a ouvir-me? Como?
e) Função metalinguística
f) Função referencial
Mediante o uso da linguagem os seres humanos exprimem os seus pensamentos. Por isso, o
pensamento e a linguagem não se pode separar e um desenvolve-se em correlação com o
outro.
Segundo: a linguagem regula o pensamento. Se com recurso à linguagem o ser humano pode
formular conceitos ou ideias, juízos e raciocínios que são os instrumentos do pensamento do
pensamento humano.
É por também por disporem de uma linguagem que os seres humanos podem expressar, em
forma de discurso, os seus pensamentos e dessa forma conhecer e apreender a realidade
circundante.
Contudo, a relação entre linguagem, pensamento e discurso deve-se ao facto de o discurso ser
uma manifestação do pensamento e um acontecimento da linguagem.
a) Dimensão sintáctica
O termo sintaxe deriva do latim syn +táxis, que quer dizer, coordenado. Trata-se da parte da
gramática que trata das regras combinatórias entre os diversos elementos da frase. Ela estuda
as relações internas que os signos mantêm entre si. Assim, seguindo o critério sintáctico:
letras expostas ao acaso não formam uma palavra; palavras expostas ao acaso não formam
uma frase e; frases expostas ao acaso não formam um texto nem um discurso.
b) Dimensão semântica
Do grego pragmatiké, de pragma (acção). Para Michel Meyer, a pragmática é a disciplina que
se prende com os signos na sua relação com os utilizadores. Considera-se como fundador
desta disciplina, Charles Morris, que exigiu a pragmática como complemento da sintaxe e da
semântica.
A atitude pragmática diz respeito a procura de sentido nos sistemas dos signos, tratando-os na
sua relação com os utilizadores, considerando sempre o contexto, os costumes e as regras
sociais. Qualquer texto, oral ou escrito representa a realização de um acto que não é apenas
locutório (produção de um enunciado de acordo com as regras gramaticais, ou seja, o que
diz), mas representa igualmente um acto ilocutório (o que faz, dizendo) e um acto
perlocutório (os efeitos resultantes da acção de dizer).
A lógica tem uma aplicação prática, ou seja, aplica-se no campo técnico-científico. Assim, os
novos domínios da aplicação da lógica são: cibernética, informática e inteligência artificial.
a) Cibernética
A palavra cibernética deriva do grego: kibernéties, que, segundo Platão, designa a arte de
pilotar navios. A cibernética é a ciência da comunicação e do controlo de homens e máquinas.
Os computadores são fruto da aplicação desta ciência. A sua criação data no século XX.
b) Informática
A palavra informática é híbrida: informação e automática. Foi criada por Philippe Dreyfus em
1962 para referir às disciplinas vocacionadas para o tratamento automático da informação.
Assim, a informática é uma ciência que se dedica ao estudo do tratamento automático da
informação, que é fornecida a uma máquina a partir do meio exterior.
c) Inteligência artificial
Portanto, podemos dizer que a inteligência artificial encontra a sua forte inspiração na
inteligência natural própria dos seres humanos; a construção de máquinas capazes de simular
actividades mentais como a aprendizagem por experiência, resolução de problemas, tomada
de decisões, reconhecimento de formas e compreensão da linguagem.
O que a forma e a matéria? Partimos destes conceitos para melhor perceber o que significa, e
filosofia, validade formal e validade material.
Razão, do lat. Ratio, é a faculdade de julgar que caracteriza o ser humano. Os princípios da
razão são fundamentos e garantia de possibilidade de coerência do pensamento. São muito
importantes porque, sem eles não poderíamos pensar nem formular qualquer verdade.
São três princípios fundamentais da razão: identidade, não contradição e terceiro excluído;
foram enunciados por Aristóteles na lógica em termos de coisas e, modernamente são
enunciados em termos de proposições. Uma proposição é a expressão verbal do juízo. E, juízo
é o acto de julgar ou decidir sobre algo.
Princípio de Identidade
Em termos de coisas: uma coisa não pode ser e não ser simultaneamente, segundo a mesma
perspectiva.
Em termos de proposições: uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo,
segundo uma mesma perspectiva. Uma proposição e a sua negação não podem ser
Em termos de coisas: uma coisa deve ser, ou então não ser; não há uma terceira possibilidade
(o terceiro excluído).
Princípio de razão suficiente: “tudo quanto existe tem razão suficiente em si mesmo ou
noutro considerado sua causa.”
Princípio da causalidade: “todo o efeito pressupõe uma causa”; “o que vem a ser exige uma
razão explicativa.”
Princípio da finalidade: “todo o agente age para um fim”; “o fim é a primeira causa na
intenção e a última na realização.”
Princípio do determinismo: “há uma ordem natural das coisas, tal que, as mesmas causas,
postas nas mesmas circunstâncias, produzem os mesmos efeitos.”
O conceito expressa pela linguagem que permite fixá-lo e evocá-lo; trata-se do termo. O
termo é a expressão verbal de um conceito.
Extensão e compreensão dos conceitos
Classificação dos conceitos e dos termos. Os conceitos podem ser classificados sob vários
critérios:
Quanto à compreensão
Compilado por: dr Daúda Abudo , Página 65
Texto de apoio para o uso interno na Escola Secundária CCI 2021
Nampula
a) Simples: não têm (não podem ter) partes. Exemplo: ser (a ideia de ser).
Quanto à extensão
a Virgínia é uma aluna brilhante; mas também quer o anel de ouro é brilhante. O
conceito brilhante, em Virgínia, foi aplicado de modo análogo.
A definição
A palavra definir deriva do latim: definire, que significa, delimitar ou colocar limites. Por
isso, definir um conceito é indicar os seus limites de modo a não se confundir com os demais
conceitos. Ela é uma operação lógica que consiste em determinar com rigor a compreensão
exacta de um conceito e a explicitação do seu significado.
Regras de definição
Uma definição é válida quando aquilo que se atribui ao sujeito pertence só e só a ele.
Exemplo: O gato é um animal que mata.
A definição não pode ser nem ampla nem restrita de mais. Se for ampla demais, estará a
abranger seres ou objectos que não estão a ser definidos; se for restrita ou breve demais,
poderá excluir alguns elementos pertencentes à extensão do conceito a definir, não
possibilitando a reciprocidade.
b) Segunda regra: A definição não deve ser circular ou o termo a definir não deve
constar na definição (regra de não circularidade).
A definição não deve conter o termo a definir, nem termo da mesma família, como por
exemplo: O saboroso é aquilo que tem sabor. Também viola-se a regra da não circularidade
quando ao definirmos qualquer que seja o conceito recorremos ao seu oposto. Por exemplo:
Doce é aquilo que não é amargo.
c) Terceira regra: A definição não deve ser negativa quando pode ser afirmativa.
Os conceitos negativos devem ser definidos negativamente e as positivas, positivamente. Por
exemplo: Órfão é o ser humano que não tem pai nem mãe.
Os indefiníveis
Nem todos os conceitos são definíveis. Os conceitos considerados indefiníveis são agrupados
em três espécies:
a) Géneros supremos – são indefiníveis por excesso de extensão, daí não possuírem os
seus géneros mais próximos por onde se possam incluir. Por exemplo: Ser.
b) Indivíduos – são indefiníveis por excesso de compreensão. Por isso, torna-se difícil,
até impossível, encontrar num indivíduo uma característica (diferença específica) que
seja suficiente para que se possa distinguir dos outros conhecidos ou por conhecer. Os
indivíduos só podem ser nomeados: Tito, Teófilo, Angelina, Virgínia; ou então,
descritos; claro, alto, gordo, de olhos castanhos, etc.
Divisao e classificacao
Bibliografia
ALVES, Fátima. ARÊDES, José. CARVALHO, José. Introdução à Filosofia 11º Ano–
Pensar e Ser. 4.ed. Texto Editora. Lisboa. 1997.
DIAS, Rui dos Anjos. Filosofia 7º Ano. Livraria Almeida Editora. Coimbra. 1972.
FERREIRA, Maria Luísa Ribeiro. Introdução à Filosofia. 11º Ano. Texto Editora. Lisboa.
1997.