1 – INTRODUÇÃO A FILOSOFIA
A Filosofia é uma ciência que contempla o ser humano dando-lhe uma nova visão de
mundo sobre os seus conhecimentos científicos.
O estudo de filosofia é tão importante aprender porque não se pode pensar em nenhum
homem que seja solicitado a refletir e agir. Isso significa que todo homem tem (ou
deveria ter) uma concepção de mundo, uma linha de conduta moral e política, e deveria
atuar no sentido de manter ou modificar as maneiras de pensar e agir do seu tempo.
Sabemos que uma das características dos Estados Autoritários é impedir o ensino da
filosofia e silenciar a crítica dos pensadores, a fim de garantir a obediência passiva dos
cidadãos. Isso já acontece no Brasil desde 1971, o ensino de filosofia desapareceu das
escolas de 2º Grau durante treze anos e os cursos de filosofia do 3º Grau se esvaziaram a
ponto de algumas faculdades terem cogitado a sua extinção.
Por isso, qualquer que seja a atividade profissional futura ou projeto de vida, enquanto
pessoa e cidadão, o aluno precisa da reflexão filosófica para o alargamento da
consciência crítica, para o exercício da capacidade humana de se interrogar e para a
participação mais ativa na comunidade em que vive.
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c – O Que É Filosofia?
Segundo o Minidicionário da Língua Portuguesa “Aurélio”, nos diz que é o estudo que
visa ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na
sua inteireza; pensamento de filósofo (s); ou obra que contém razão; sabedoria.
É todo o serviço essencialmente teórico. Mas isso não significa que a filosofia esteja à
margem do mundo, nem que ela constitua um corpo de doutrina ou um saber acabado,
com determinado conteúdo, ou que seja um conjunto de conhecimentos estabelecidos de
uma vez por todas.
Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, “não há filosofia que se possa aprender;
só se pode aprender a filosofar”. Isso significa que a filosofia é, sobretudo, uma
atitude, um pensar permanente. É um conhecimento constituinte, no sentido de que
questiona o saber instituído.
Portanto, a teoria do filósofo não constitui um saber abstrato. O próprio tecido de o seu
pensar é a trama dos acontecimentos, é o cotidiano. Por isso, a filosofia se encontra no
seio mesmo da história. No entanto, está mergulhada no mundo e fora dele: eis o
paradoxo enfrentado pelo filósofo. Isso significa que o filósofo inicia a caminhada a
partir dos problemas da existência, mas precisa se afastar deles para melhor
compreendê-los, retornando depois a fim de dar subsídios para as mudanças.
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(*) Paradoxo = conceito que é ou parece contrário ao senso comum. Afirmação que vai
de encontro a sistemas ou pressupostos que se impuseram como incontestáveis ao
pensamento – paradoxal.
Vivemos num mundo em que a visão das pessoas está marcada pela busca dos
resultados imediatos do conhecimento. “Então, é considerada importante a pesquisa do
biólogo na busca da cura do câncer; ou o estudo de matemática no 2º grau entra no
vestibular; e constantemente o estudante se pergunta:” para que vou estudar isto, se não
usarei na minha profissão?
Segundo, seguindo essa linha de pensamento, a filosofia seria realmente “inútil”: não
serve para nenhuma alteração imediata de ordem pragmática. Neste ponto, ela é
semelhante à arte. Se perguntarmos qual a finalidade de uma obra de arte, veremos que
ela tem um fim em si mesmo e, nesse sentido, é “inútil”. Entretanto, não ter utilidade
imediata não significa ser desnecessário. A filosofia é necessária.
Estão no fato de que, por meio da reflexão (aquele desdobrar-se, lembra-se?) a filosofia
permite ao homem ter mais de uma dimensão, além da que é dada pelo agir imediato no
qual o “homem prático” se encontra mergulhada.
É a filosofia que o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos
e dos fins a que eles se destinam; reúne o pensamento fragmentado da ciência e o
constrói na sua unidade; retoma a ação pulverizada no tempo e procura compreendê-la.
No início, a ciência estava ligada à filosofia, sendo o filósofo o sábio que refletia sobre
todos os setores da indagação humana. Nesse sentido, os filósofos Tales e Pitágoras
eram também geômetras, e Aristóteles escreveu sobre física e astronomia.
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Na ordem do saber estipulada por Platão, o homem começa a conhecer pela forma
imperfeita da opinião (doxa), depois passa ao grau mais avançado da ciência (epistema),
para só então ser capaz de atingir o nível mais alto do saber filosófico.
Se a ciência tende cada vez mais pra a especialização, a filosofia, no sentido inverso,
quer superar a fragmentação do real, para que o homem seja resgatado na sua
integridade e não sucumba à alienação do saber parcelado. Por isso, a filosofia tem uma
função de interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas formas do saber e
agir.
A filosofia ainda se distingue da ciência pelo modo como aborda seu objeto: em todos
os setores do conhecimento e da ação, a filosofia está presente como reflexão crítica a
respeito dos fundamentos desse conhecimento e desse agir. Por exemplo: se a física ou
química se denominam ciências e usam determinado método, não é da alçada do próprio
físico ou químico saber o que é ciência, o que distingue esse conhecimento de outros, o
que é método, qual a validade, e assim por diante. Eles até podem dedicar-se a esses
assuntos, mas, quando o fazem, passam a se colocar questões filosóficas. O mesmo
acontece com o psicólogo ao usar, por exemplo, o conceito de homem livre. Indagar
sobre o que é a liberdade é fazer filosofia.
Portanto, a filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de valor.
Segundo Gramsci, “não se pode pensar em nenhum homem que não seja também
filósofo, que não pense, precisamente porque pensar é do próprio homem como tal”.
Isso significa que as questões filosóficas fazem parte do cotidiano de todos nós.
Esses pioneiros surgiram na Jônia, colônia fundada na costa asiática da Grécia por
antigos micênicos, que ali se refugiaram das invasões dóricas. Enquanto a maior parte
dos gregos mergulhava na “Idade das Trevas”, os jônios desenvolveram intensas
atividades artesanais e comerciais, que favoreceriam o surgimento de novos valores
sociais, baseados menos na tradição, mais na iniciativa dos indivíduos. A vida cultural
floresceu, e disso a obra de Homero é testemunha. A astronomia e a matemática
desenvolveram-se, sob a influência de contatos com os povos do Oriente. Em meio a
esse fervilhar, a cidade de Mileto foi se impondo como principal centro da Jônia.
entendido este não como o que antecede no tempo, mas enquanto fundamento do ser.
Buscar a arché e explicar qual é o elemento constitutivo de todas as coisas.
As respostas dos filósofos à questão do fundamento das coisas são as mais variadas.
Cada um descobre a arché, a unidade que pode explicar a multiplicidade: para Talles é a
água; para Anaxímenes é o ar; para Demócrito é o átomo; para Empédocles, os
famosos quatro elementos: terra, água, ar e fogo, teoria aceita até o século XVIII,
quando foi criticada por Lavoisier.
ESCOLA JÕNICA: Mileto era a cidade mais importante da Jônia. A filosofia desta
escola era naturalista, científica e monista. Esses filósofos estavam ocupados com a
natureza física do mundo. No seu entender, todas as coisas provêm de um elemento
primordial. Uma matéria primordial seria a fonte para o surgimento das estrelas, dos
animais, das plantas e dos seres humanos. No final, tudo convergirá para esta matéria
original. Essa matéria única possuiria uma força ativa imanente. A partir desse princípio
unitário de todas as coisas teriam surgido a variedade, a multiplicidade e a sucessão dos
fenômenos. É a doutrina do hilozoísmo, ou seja, a matéria animada.
Talles de Mileto – (624-547 a.C.) é considerado o primeiro dos sete sábios da Grécia.
Talles percebeu que todos os organismos contêm umidade. Por isso, acreditava que a
água é a substância universal, que se encontra em todos os organismos. Tudo contém
água.
Se hoje observamos os átomos de hidrogênio, veremos que Talles estava bem próximo
da verdade. Pois o átomo de hidrogênio, principal constituinte da água (H²O), é o átomo
mais simples a partir do qual todos os corpos são constituídos. Talles viajou ao Egito e à
Mesopotâmia, onde estudou astronomia. Com base em seus conhecimentos, previu o
eclipse do sol a 28 de maio de 575 a.C. Elaborou uma teoria para explicar as inundações
do rio Nilo. Talles também solucionou problemas geométricos, sendo conhecido nos
dias de hoje entre os estudiosos de Matemática.
“E alguns sustentam que a alma está misturada com o universo; talvez por isto chegasse
Talles à opinião de que todas as coisas estão cheias de deuses” (Aristóteles).
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“Outros julgavam que a Terra repousa sobre a água. Esta é a mais antiga doutrina por
nós conhecida e teria sido defendida por Talles de Mileto” (Aristóteles).
Não se conhece fragmento de algum escrito de Talles. Talles teve participação ativa na
vida política e militar de Mileto.
Anaximandro – (610 – 547 a.C.) também era de Mileto. Viveu neste período, foi
discípulo e sucessor de Talles. Escrevem em prosa. Empregou o termo arché, que
significa principio, fundamento, origem. O principio de todas as coisas é o ilimitado
(apeíron) – o indeterminado, que não impressiona os sentidos e só é conhecido pela
razão. Todas as coisas são limitadas e um elemento particular não pode ser a origem de
toda a realidade. O limitado não pode ser a origem das coisas. Deve haver um principio
que seja anterior e que permita compreender o surgimento de tudo o que é limitado. A
partir do ilimitado compreende-se a origem das coisas e o estabelecimento da
multiplicidade.
A origem das coisas é explicada através da separação dos contrários: quente e frio, seco
e úmido. Existe um movimento eterno e cíclico: o que está separado volta a integrar-se à
unidade primordial. O ciclo destina-se a restabelecer a justiça.
Fragmentos de Anaximandro.
Todas as coisas se dissipam onde tiveram a sua gênese, conforme a necessidade; pois
pagam umas às outras, castigo e expiação pela injustiça, conforme a determinação do
tempo.
Os gregos constataram que os sentidos não nos proporcionam a verdade; eles nos
induzem à ilusão. A verdade é alcançada mediante o uso da razão.
O apeíron é como o éter, sendo único, infinito e capaz de movimento. Declarou que essa
substancia não gerada e imperecível contém e dirige todas as coisas. O ilimitado não
tem inicio.
“Anaximandro de Mileto diz que o princípio dos seres é o infinito, porque dele os seres
vêm e a ele retornam pela morte. Desta forma se produzem mundos indeterminados e de
novo se destroem, retornando ao princípio de que são constituídos. Diz-se, portanto, que
o infinito serve para que nunca cesse a produção” (Plutarco, As Opiniões dos Filósofos).
Anaxímenes (585-525 a.C.) também era de Mileto. Viveu entre 588 e 524 a.C.
Constatou que o ar é a substancia universal. Identificou o ar com a alma. Afirmou que é
o ar que anima tanto o nosso corpo quanto o mundo inteiro.
Fragmento de Anaxímenes:
Como nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim também o sopro e o ar
abraçam todos os cosmos.
Além de sua investigação racional, os milésimos enfatizaram duas idéias que já eram
difundidas no Egito: a eternidade do Universo e a Indestrutibilidade da matéria.
Pitágoras: nasceu na ilha de Samos, na Jônia, viveu entre 571 e 497 a.C. viajou ao
Egito e Babilônia, e aprofundou-se em astronomia e geometria. Conheceu as idéias dos
brâmanes sobre a alma do mundo. Formulou o teorema de Pitágoras. Há indícios de que
o teorema tenha sido provado por outra pessoa que fazia parte da fraternidade filosófica.
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Pitágoras observou que todas as partes do Universo estão unidas entre si e expressam-se
em números. Todas as coisas obedecem à lei do número. O Universo evolui
harmoniosamente.
Os Pitagóricos atribuem ao número uma importância tal que este se torna a própria
essência das coisas. Os diversos corpos só diferem entre si por seu número de unidades.
Tudo é uma questão de proporções.
Com Pitágoras, a filosofia grega passou a ter uma orientação metafísica. Passou-se
a dar maior atenção a estas questões: a natureza do ser, o sentido da verdade, a função
do divino.
Pitágoras descobriu a relação que existe entre a harmonia dos sons e a longitude das
cordas vibrantes.
Pitágoras instalou-se em Crotona, no sul da Itália. Fundou uma escola que também era
uma seita religiosa e política. Os Pitagóricos ensinavam que a vida especulativa é o
mais alto bem. O homem deve purificar-se dos seus apetites e de suas paixões. A
doutrina era mais religiosa que filosófica.
Pitágoras elaborou uma constituição aristocrática. Seu ensino era secreto, e os iniciados
não tinham o direito de divulgá-lo. O rigor do regime começou a desagradar. Houve
revoltas populares e Pitágoras morreu no decorrer de uma delas.
Pitágoras não deixou obra escrita. O ponto central de sua doutrina religiosa é a crença
na transmigração das almas. Praticava-se a ascese. A doutrina era secreta. Hípaso não
guardou o segredo e foi excomungado. A doutrina da escola compreendia três pontos
básicos:
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O fogo ocupa o lugar central. A Terra se move em torno do centro, produzindo noite e
dia.
2 – ABOLICIONISMO
Veja tópicos sobre:40 - Escravismo, 61 - Iluminismo, 89 - Revolução Francesa.
1 – Introdução:
Pode-se dizer que o conjunto de ideias e ações que tem por objetivo a extinção da
escravidão é chamado de “abolicionismo”. As propostas contra a utilização de escravos
para qualquer tipo de serviço ganharam força na época da Revolução Francesa, mas
antes disso, já tinha diversos defensores no continente europeu. No anto de 1788, na
cidade de Paris, foi criada a Sociedade dos Amigos Negros, grupo que foi presidido
por Condorcet, filósofo, matemático e cientista político francês que possuía ideias
relevantes entre os intelectuais do Iluminismo.
a) Histórico:
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A ideia do abolicionismo ganhou ainda mais relevância com a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, que foi proclamada em 1789, levando o pensamento contra a
escravidão até as terras colonizadas pelos franceses naquela época. Com isso,
começaram a surgir algumas leis que abrandaram a escravidão, chegando a extingui-la
em certas regiões. Porém, apenas em 1848 este tipo de regime de trabalho seria
completamente suprimido em terras francesas.
b) Abolição da Escravatura:
A escravidão negra, iniciada nos primeiros tempos da colonização, século XVI, teve
uma duração de mais de três séculos, com milhares de africanos utilizados como mão-
de-obra na agricultura, mineração e nos serviços domésticos. Ainda no Segundo
Império, a escravidão continuava, sendo rendoso negócio, onde eram investidos
elevados capitais.
Em 1815, no congresso de Viena, foi assinada uma convenção luso-inglesa que abolia o
tráfico ao norte do Equador.
Em 1833, Feijó proibiu o tráfico e seriam considerados livres os escravos que entrassem
no país após esta lei que, entretanto não foi cumprida;
Em 1845, através do Bill Aberdeen, repressão violenta contra o tráfico negreiro foi
efetuada pelos ingleses, o que, entretanto provoca o aumento de entrada de escravos no
Brasil.
Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós, que aboliu o tráfico negreiro no Brasil, trouxe
como consequências: crise de mão-de-obra, gerando a transferência de escravos do
Norte para a cafeicultura sulina, intensificação da imigração estrangeira e o capital
liberado da compra de escravos foram aplicados na indústria.
Ano Escravos
1842 17.435
1843 19.095
1844 22.849
1845 19.453
1846 50.324
1847 56.172
1848 60.000
1849 54.000
1850 23.000
1851 3.387
1852 700
c) Campanha Abolicionista
Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Luís Gama, André Rebouças,
Castro Alves e Hipólito José da Costa.
Pela Lei do Ventre Livre ou Lei Visconde do Rio Branco, em 1871, foram declarados
livres os filhos de mãe-escrava, nascidos a partir da promulgação da lei, mas ficariam
sob a tutela do proprietário da mãe até atingir 8 anos, com opção de mantê-los a seu
serviço até os 21 anos ou receber a indenização de 600 mil réis em títulos do governo,
pela tutela. Também os escravos da Coroa foram libertos.
3 – ABSOLUTISMO
1 – Introdução:
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O que é o Absolutismo?
A palavra “governo” deriva do latim “gubernator”, que significa timoneiro. Bem antes
da civilização romana, sociedades primitivas já haviam começado a desenvolver
instituições especiais destinadas a cuidar de seu bem-estar comum e tomar decisões
sobre assuntos que afetassem o povo e o estado como todo. Governo eficiente é aquele
capaz de encontrar um equilíbrio entre pressões conflitantes e de conduzir o estado na
direção dos objetivos da comunidade.
1ª. ) Teoria do direito divino, de Bossuet, segundo a qual o rei representa Deus na terra.
Logo, somente a ele se devia prestar contas;
2ª. ) Teoria de Thomas Hobbes, que diz: “os homens viviam em guerra; por isso
entregaram todos os seus direitos a um governo, por necessidade de segurança e
proteção”. Tal teoria está exposta no seu livro O Leviatã.
2 – Causas Do Absolutismo:
1. Desenvolvimento do comércio;
2. Formação da Burguesia;
3. Aliança entre o rei e a Burguesia.
a) Absolutismo No Brasil
b) Absolutismo Na França
A França foi implicada territorialmente, depois da Guerra dos 100 anos. A luta pela
centralização do poder real foi feita por Carlos VII e Luiz XI.
O governo absolutista surgiu no século XVI com a dinastia dos BOURBONS, depois
das guerras religiosas entre CATÓLICOS E PROTESTANTES. O protestante Henrique
de Bourbon, casado com a filha de Catarina de Médicis, herdou o trono Francês.
Derrotou Felipe II da Espanha, que havia apoiado os católicos para impedir sua
ascensão ao poder, abjurou o CALVINISMO e foi coroado rei de França com o nome
de Henrique IV.
Foi o rei mais popular que teve a França na idade moderna. Seu ministro, Sully,
protegeu especialmente os camponeses. Entretanto, em 1610 um fanático católico, de
nome Ravailac, assassinou o rei.
Luis XIII: era filho de Henrique IV. Durante sua menoridade, sua mãe Maria de Médicis
foi regente, deixando-se dominar por um casal de aventureiros italianos. A nobreza
francesa revoltou-se contra o governo dos estrangeiros, tornando-se bastante agitado
esse período. Quando Luis XIII assumiu o poder, admitiu como ministro o Cardeal
Richelieu. Os objetivos de Richelieu no governo foram:
3. Mazarino e Fronda: a Fronda foi uma guerra civil que durou 4 anos (1648 –
1652). Recebeu este nome porque é comparada a um jogo de crianças que
consiste em lançar pedras com fundas.
O parlamento revoltou-se por não ser consultado e recebeu o apoio do povo de
Paris. Esta foi a “Fronda Parlamentar”, que durou somente três meses. Foi
seguida pela revolta dos príncipes, que contou com o apoio do parlamento.
Mazarino conseguiu derrotá-los. O povo, cansado de guerras, recebeu
esperançoso o jovem rei Luis XIV, já na maioridade;
4. O governo Absoluto de Luis XIV: o absolutismo atingiu o apogeu com este rei,
que se considerou representante de Deus. A ele, é atribuída a frase: ”o estado sou
eu”. Seu emblema foi o sol. Instalou-se no palácio de Versalhes, que mandara
construir e teve a corte mais luxuosa da Europa.
Depois da morte de Mazarino, fez um governo pessoal. Trabalhava diariamente
com seus ministros, mas todas as decisões importantes eram tomadas por ele
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Saiu vitorioso em todas estas lutas, mas em consequência o tesouro francês sofreu um
enorme desgaste, que seu sucessor não conseguiu superar.
Luís XV: neto de Luís XIV, este rei abandonou o governo nas mãos de seus ministros e
raramente presidia o conselho. Dedicava-se à caça e às festas da corte. Durante o seu
reinado os filósofos liberais começaram a atacar o absolutismo. Dois acontecimentos
desastrosos agravaram a crise francesa:
2. Guerra dos sete anos, 1756 – 1763: esta guerra foi provocada pela disputa
comercial e colonialista entre a França e a Inglaterra. A nação francesa foi
derrotada e perdeu para a Inglaterra, o Canadá e a Índia.
Luís XVI: neto de Luís XV, este monarca encontrou a França em crise. Teve bons
administradores financeiros, mas que não conseguiram debelar a crise, em grande parte
devida à oposição do clero e da nobreza.
Em 1789 começou a Revolução Francesa, durante a qual o rei foi deposto e condenado à
morte.
c) Absolutismo Na Inglaterra
1 – Dinastia Tudor – Henrique VII tomou o poder depois da guerra das duas rosas e
iniciou a unificação do país com a ajuda da burguesia e parte da nobreza, interessada no
comércio da lã.
1 Estimulou a produção;
2 Organizou a marinha;
3 Iniciou a conquista da América Inglesa; durante o seu reinado Walter Raleigh
conquistou a Virgínia, e Drake fez uma viagem de circunavegação.
Derrotou Felipe II, da Espanha, enfraquecendo o seu poderio naval e criou uma nova
Igreja Anglicana que era um misto de catolicismo e calvinismo.
Elizabeht I substituída por seu primo Jaime VI, da Escócia, filho de Maria stuard.
Em 1640 estourou uma Revolução dos presbiterianos da Escócia porque o rei tentara
impor uma liturgia anglicana ao país. Carlos I convocou o Parlamento, que ficou
reunido durante 15 anos e chamado o “Longo Parlamento”.
3 – República de Cromwell:
Durante esse período Cromwell sufocou uma revolta dos católicos da Irlanda. Os
proprietários irlandeses foram transformados em arrendatários ou empregados ingleses.
Sufocou uma revolta realista na Escócia, país que reconhecera Carlos II como rei. Em
1651 assinou a Ata da Navegação e Comércio, que proibia aos navios de países
estrangeiros, a não ser de país produtores, tocar portos ingleses ou de suas colônias.
Esta Ata obrigou os ingleses a irem buscar com os seus navios produtos de que
necessitavam para o que foram obrigados a desenvolver a sua marinha. Abalou-se o
domínio holandês nos mares, isto foi a causa de uma guerra entre a Holanda e a
Inglaterra.
Carlos II tinha propensão para o Catolicismo, mas foi obrigado pelo Parlamento, a
respeitar o anglicanismo. Durante o seu reinado surgiram dois partidos políticos no
Parlamento: Tory e Whig, sendo o primeiro conservador e favorável à preponderância
do rei, ao passo que o segundo era liberal e favorável à soberania do Parlamento.
5 – A Revolução Gloriosa:
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Jaime II (VII, da Escócia), que sucedeu a Carlos II, era declaradamente católico, mas as
suas filhas tinham sido educadas no protestantismo. Por isso, o Parlamento o tolerou
para impedir nova guerra civil. Mas, antes que o filho de sua segunda esposa que era
católica, o sucedeu, o Parlamento o depôs, com a chamada “Revolução Gloriosa”, de
sentido duplamente liberal.
4 – ABSTRACIONISMO
Definição:
5 – ADVENTISMO
1 – Introdução:
2 – Indice:
2.1 – Origens;
2.2 – Doutrinas;
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3 – Classificação de Grupos:
2 – História:
2.1 – Origens:
Deste modo, o surgimento das sociedades bíblicas, o não conformismo com o sistema
religioso estebelecido, reuniões de reavivamento (revivals), o estilo evangelístico e
proselitista da religião permitiram o surgimento do movimento baseado na
interpretação das profecias do Livro de Daniel 7 e 8 por Guilherme Miller, membro
da Igreja Batista, e outros líderes religiosos estatelando o fim do mundo e o retorno de
Jesus Cristo para o ano de 1843 e depois para 1844.
Depois de uma reavaliação dos estudos de Miller, alguns desses grupos menores
persistiram no estudo das profecias, mas, com uma nova interpretação ao retorno de
Cristo, surgindo grupos como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, as Igrejas de Deus
Adventistas e a Igreja Cristã do Advento. Em comuns retiveram o seno da iminência da
volta de Jesus Cristo.
2.2 – Doutrina:
Apoiando-se em textos bíblicos, esse grupo de pessoas defende que o retorno glorioso
de Jesus Cristo que se dará de maneira iminente. Sua atuação missionária tem por base a
ordem de Cristo dado no mesmo evangelho de Mateus 28.19: “Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito
Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação do séculos.”
União do Advento e Vida (Life Advent Union) – fundada por Geoge Storrs em
1863, uniu-se com a Igreja Crista do Advento em 1964.
6 – AGNOSTICISMO
1 – Introdução:
a) Conceito;
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b) Teses agnósticas;
c) Indiferença Religiosa.
Conceito:
2 – Teses Agnósticas
A resposta ao agnosticismo não deve ser buscada na religião e na fé (como prefere fazer
hoje tanta gente, caindo assim nas armadilhas do fideísmo), e assim, na filosofia, porque
de fato aí se trata, antes de tudo, de uma posição filosófica.
O agnosticismo é uma das doutrinas sobre o valor do conhecimento; por isso, o terreno
sobre o qual devemos combatê-lo é o da epistemologia. Aqui não nos é possível tratar
do assunto amplamente, limitar-nos-emos a indicar uma pista para escapar do
agnosticismo.
Para sair desse erro é preciso, antes de tudo, efetuar um acurado exame fenomenológico
do conhecimento: deve ficar estabelecido, através da intencionalidade, que o nosso
conhecimento tem valor objetivo: tende ao e entende o ser, e não apenas sua aparência;
visa às coisas, e não só aos fenômenos.
Essa intencionalidade objetiva vale também para a experiência religiosa: seu objetivo
não são os desejos, sentimentos, ilusões, utopias, mas hierofanias, as manifestações do
sagrado na natureza e na história.
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Segundo T.H.Huxley, que introduziu o termo agnosticismo, este indica uma posição de
impotência da razão em face de determinadas realidades, em particular de Deus e da
alma, das quais ela não seria capaz de ter nenhum conhecimento seguro.
Segundo os “fragilistas”, tais verdades estão fora do alcance da razão. Esta deve
limitar-se a descrever a realidade, a atenção, os fenômenos, os eventos, aquilo que
acontece momento a momento, sem bancar suas razões e o sentido transcendente de
cada acontecimento. A respeito dos “últimos porquês”, não só é impossível ter uma
resposta para eles, como até mesmo inoportuno propor essas questões. Em teologia, é
agnóstica a posição de Maimônides, para que de Deus a mente humana só pode ter
conceitos negativos.
7 - ANARQUISMO
1 – Introdução:
Eu aceito com entusiasmo o lema que afirma: “o melhor governo é aquele que menos
governa”; e gostaria de vê-lo posto em prática de forma sistemática. Uma vez posto em
prática, ele acabaria resultando em algo que também acredito: “o melhor governo é
aquele que não governa”; e quando os homens estiverem preparados, será exatamente
este tipo de governo que irão ter.
Conceito:
Sistema (de governo) Político que defende a Anarquia; ação ou movimento anarquista;
Proudhon (1809 – 1865) e Bakunin (1814 – 1876), contemporâneo de Marx, com ele
partilham as críticas ao sistema capitalista, à propriedade privada dos meios de
produção e a exploração da classe proletária pela burguesia. Concordam também que as
revoluções Francesas e Americana foram mais políticas que sociais, pois elas teriam
renovado os padrões de autoridade, dando poderes às novas classes, mas não
modificaram basicamente a estrutura social e econômica da França e dos Estados
Unidos.
Bakunin acusa Marx de otimista, não considerando ser possível evitar a rígida
oligarquia de funcionários públicos e tecnocratas que tenderiam a se perpetuar no poder.
2 – Principais Ideias:
A sociedade estatal possui uma estrutura cuja construção é artificial, pois cria uma
pirâmide em que a ordem é imposta de cima para baixo. A sociedade anarquista seria
não uma estrutura, mas um organismo que cresce de acordo com as leis da natureza, e a
ordem natural se expressa pela autodisciplina e cooperação voluntária e não pela
decisão hierárquica.
Por isso, os anarquistas repudiam até a formação de partidos, já que estes prejudicam a
responsabilidade de ação, tendem a se burocratizar e a exercer forma de poder. Também
temem as estruturas teóricas, porque podem tornar-se um corpo dogmático. Daí o
anarquismo ser o mais conhecido como movimento vivo e não tanto como doutrina. A
ausência de controle e de poder torna o movimento anarquista oscilante, sempre frágil e
flexível, podendo ficar inativo por muito tempo para surgir espontaneamente quando
necessário.
3 – Representantes:
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O mais brilhante anarquista foi Bakunin, filho de ricos aristocratas russos. Tornou-se
revolucionário graças à influência de Proudhon. Participou das rebeliões que ocorreram
em Paris, Praga e Dresden em 1848 – 1848, tendo sido preso por vários anos e depois
exilado na Sibéria. De volta à agitação, em 1870 tomou parte nas revoltas de Lyon e
Bolonha. Feitas cerradas críticas a Marx, tendo sido expulso da Primeira Internacional
em 1872. Com outros companheiros fundou a Internacional Saint-Imier. Sua obra
vigorosa e apaixonada, mas mal organizada, pois dificilmente Bakunin terminava o que
começava, era, sobretudo um ativista.
4 – Movimentos
No final do século XIX, o movimento sindical deu ampla força ao anarquismo, gerando
o movimento chamado anarco-sindicalismo, pelo qual os sindicatos não deveriam se
preocupar apenas em conseguir melhores salários, mas em se tornar agentes de
transformação da sociedade.
Foi na Espanha que o movimento atingiu maior expressividade, até quando não pôde
mais resistir à ação dos exércitos do ditador Franco. Do mesmo modo, o advento do
Fascismo na Itália e do Nazismo na Alemanha significou o enfraquecimento do
movimento naqueles países.
O Anarquismo No Brasil
Merece destaque a atuação de José Oiticica (1882 – 1957), que, além de teórico
divulgador das ideias anarquistas, foi ativista e por isso exilado. Professor universitário
e também do colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, tentava aplicar em aulas os princípios
anarquistas. Homem erudito, foi autor de várias obras: além dos textos políticos,
escreveram poesias, contos, teatros e desenvolveu trabalhos linguístico-filosóficos de
primeira linha.
8 – ANGLICANISMO
(veja tópicos sobre: Reforma Luteranismo, Pentecostalismo etc.)
1 – Definição:
2 – A Igreja Anglicana:
Igreja oficial da Inglaterra, criada pelo rei Henrique VIII, que em 1534 rompe com a
Igreja Católica. Com a nova religião, Henrique VIII fortalece a autoridade secular da
monarquia sobre bens, tribos e questões eclesiásticas. A Igreja Anglicana difunde-se
para as colônias inglesas, especialmente a América do Norte. Chega ao Brasil em 1818,
pelo Rio de Janeiro. A vinda de missionários norte-americanos impulsiona a fundação,
em 1890, em Porto Alegre (RS), da Igreja Anglicana episcopal do Brasil.
31
3 – Histórico:
9 – ANIMISMO
1 – Introdução:
Crença que tudo o que existe tem alma. O termo foi cunhado no século XIX, pelo
antropólogo inglês Edward Tylor, a partir do termo anima (alma, em latim). Tribos na
África Subsaariana, nas Américas, no sul da Ásia e na Oceania são consideradas
animistas. Entre suas características comuns estariam o culto aos espíritos dos ancestrais
e a prática da magia, do curandeirismo e de sacrifícios de animais oferecidos às
divindades.
2 – Conhecendo o Animismo:
Animismo deriva-se da palavra latina “anima”, que significa “alma”. Pode ser descrito
como uma crença que atribui vida espiritual ou uma alma, às coisas inanimadas, e isto
inclui a crença que atribui vida aos mortos. Os animistas dizem que depois da morte, a
33
alma humana continuava a viver num estado espiritual. Ela fica na redondeza por onde a
pessoa passou em sua vida terrestre. No seu modo de ver, existe um poder sobrenatural,
mas não é um Deus pessoal. Os espíritos ficam bem mais perto das pessoas. Esses
espíritos habitam as colinas, as pedras, as árvores, o ar em redor das pessoas, e o céu
acima delas. Os animistas acreditam que a totalidade da natureza está possessa de seres
espirituais.
a) A evolução. O animismo foi descrito pela primeira vez por Edward B. Tylor
numa obra intitulada Primitive culture (1871). Propôs a teoria de que o
animismo é o fundamento de todas as religiões. Baseando sua teoria em relatos a
respeito de tribos remotas que não tinham religião nenhuma, achava que a
religião se envolvia desde aquele estado pré-religioso para as formas mais
avançadas. Havia, porém falhas. Na realidade, nunca foi achada nenhuma tribo
sem uma centelha de religião, e não se levou em conta o relato bíblico da
criação.
b) Mana. Outra origem sugerida para o animismo é a crença numa força chamada
mana. A palavra mana provém das ilhas da Melanésia, no Sul do Pacífico. O
Bispo Codrington da Melanésia (1871-1877) foi informado que o mana era uma
força misteriosa e pavorosa que habitava toda a criação, e que levava o homem e
a natureza a agir de determinadas maneiras. Não era boa nem má, e não era
pessoal. As pessoas podiam falar com espíritos, mas não com mana. Mesmo
assim, almas ou espíritos podem ser mana operante.
O mana é conhecido pelos seus feitos. A correnteza mais veloz, o trovão mais
estrondoso, a madeira que queima melhor, o pai de mais filhos, todos eles,
34
segundo se diz, têm mais mana. As árvores que crescem mais altas, os animais
mais ferozes, os pássaros que levantam voo mais alto, todos eles têm mana
maior. Depois, à medida que as pessoas comem dessas coisas superiores, elas
também recebem mais mana. Acreditam que o mana sempre está presente nelas.
Somente quando a pessoa deixa de respirar é que o mana vai embora, e a pessoa
morre.
O poder para destruir também faz parte do mana. Para evitar o infortúnio ou a
doença proveniente do mana destrutivo, os melanésios usam tabus. Trata-se de
proibições ou de coisas que não se faz. Por exemplo, um casamento entre irmão
e irmã é tabu, porque semelhante casamento pode ter efeitos danosos.
3 – Crenças do Animismo:
a) O Reconhecimento do Sobrenatural
A crença universal num ser supremo que criou a terra e tudo quanto nela há, sempre tem
existido. Até mesmo os povos remotos tais como os pigmeus da África e os boximanes
da Austrália sempre sustentavam essa crença. Considerava-se que Deus era uma pessoa,
mas pelo que sabemos, os animistas não faziam imagens dEle. A crença em Deus que
eles têm é semelhante a do deísmo: Deus está distante, mas demonstra a sua existência
através daquilo que Ele faz. Acreditam que Deus pode ser ofendido, aplacado ou até
mesmo censurado!
se retirou para o céu. De lá, Ele observa as atividades dos homens e, ás vezes, castiga as
suas más ações. O raio é a sua arma, e o trovão é o seu rugir, mas Ele mesmo nunca é
visto. Certa lenda animista diz que o céu, a morada de Deus, ficava perto da terra, e que
quase a tocava. Quando certa mulher esmagava grãos, levantou tão alta a mão do pilão
que bateu em Deus, e Ele, irado, levantou-se e foi embora. Outra versão diz que as
pessoas sempre enxugavam suas mãos sujas no céu azul, de maneira que Deus partiu,
enjoado.
Alguns animistas entendem que Deus é um juiz. Isto significa que há uma lei quanto ao
certo e ao errado, e uma fonte originária da moralidade. Deus pode operar através dos
espíritos para castigar os malfeitores, mas é da parte dEle que o juízo realmente provém.
Quando a pessoa quebra a lei de Deus, ela sofre o castigo divino. Aí surge a tarefa do
sacerdote ou médium: interpretar a vontade de Deus. Instruir a pessoa quanto à maneira
de aplacar um Deus irado.
Os animistas sustentam que os espíritos têm uma natureza humana. Isto quer dizer que
são antropomórficos. Têm mente, sentimentos, vontade ou propósito. O homem pode
raciocinar com eles quando os espíritos estão com boa disposição. Gostam de serem
alvos de devoção e de bajulação, mas podem ser grosseiros quando ficam zangados ou
ofendidos. O homem deve sempre estar alerta para gozar da boa graça deles. Não se
pode confiar neles.
Perguntamos, certa vez, a um homem: “Por que o seu povo adora os espíritos dos
ancestrais?”. O homem respondeu: “Oh, não os adoramos”... Nós os honramos e os
respeitamos, mas não se trata de adoração. “Se eu os respeitar, meus filhos, por sua vez,
me honrarão depois da minha morte”. Os animistas preferem dizer que “veneram” os
ancestrais. Mesmo assim, vários povos animísticos existentes pelo mundo afora não
somente veneram os ancestrais, como também as pedras, as árvores e os animais.
Se você mora num país animísticos, você talvez tenha ouvido falar na crença de que os
espíritos humanos podem entrar nos animais. O propósito desse evento pode ser ajudar
ou danificar e a obra é feita pela bruxaria. Certa noite, depois de ter saído à caça, para
termos carne, chegamos a uma aldeia. Através do luar, vimos o contorno de uma hiena
perto de uma cabana africana. Sabendo que as hienas são perigosas para os homens e os
animais, levantamos o fuzil para abatê-la. De repente, nosso companheiro agarrou-nos
pelo braço e sussurrou: “não atire, Bwana, talvez se trate de uma pessoa!” passou, então
a descrever um incidente assim: Um homem atirou num hiena de noite; ao chegar ao
lugar, nada se via senão gotas de sangue. Seguiu as marcas do sangue até chegar a uma
cabana. Ao entrar, achou um homem que morrera ferido à bala. Para a mentalidade
africana, era mais uma prova de que o homem pode transformar-se em animal.
Algumas pessoas fazem uma nítida distinção entre o certo e o errado, entre o verdadeiro
e o falso, entre Deus e o homem. Os povos pré-literários, porém, tendem a fundir vários
conceitos. Há uma fusão entre as áreas sagradas e seculares ou espirituais e materiais da
vida. O animista não pode ser separado da sua religião. Ele é sua religião, pois ela faz
parte dele desde antes do seu nascimento até muito tempo depois da sua morte. O
nascimento, a puberdade, a iniciação, o casamento, a construção da casa própria, todas
essas coisas devem ser honradas através de ritos especiais. O agricultor leva a religião
dele ao campo, o estudante leva-a para a sala de aula. O político leva-a ao Congresso
Nacional; o sacerdote leva-a ao seu templo. A vida é uma fusão entre coisas sagradas e
seculares.
Você pode perceber, portanto, que a vida na cidade impõe tensões severas no animista
proveniente da área rural. A educação geralmente resulta na urbanização, mas quando
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muda um homem para uma cidade, frequentemente acha que está num vácuo. Suas
bases, sua segurança e suas tradições são deixadas para trás. A indústria e o comércio
modernos não possuem profundidade para ele. Se a sociedade, a igreja ou os grêmios da
cidade não preenchem esse vácuo, procurará a satisfação nas bebidas, nas festas, no
sexo ou no crime. Em alguns casos, sofre danos mentais de culto. Por essa razão, uma
igreja formal, trancada durante seis dias e aberta apenas uma ou duas vezes por semana,
não basta. E esse é o motivo por que alguns cristãos abandonam a igreja e voltam-se às
crenças e praxes do passado. Os cristãos que antes eram animistas necessitam que a
totalidade do seu tempo e dos seus pensamentos fique preenchida com relevância
religiosa e uma experiência vital em Cristo. Somente então se sentirão seguros.
b’ – O Presente e o Passado.
Os animistas também fazem uma fusão entre o tempo presente e o passado. O Dr. John
S. Mbiti, do Quênia, um autor respeitado sobre a religião tradicional da África, descreve
o conceito africano do tempo. Diz o africano tem um passado longo, um presente, mas
um futuro limitado.
O tempo, para o africano, é orientado pelos eventos; isto quer dizer, relaciona-se com
aquilo que acontece. O passado pode ser conhecido somente quando é comparado com
aquilo que acontece no presente. A mesma coisa acontece no caso do futuro. Mas visto
que o futuro ainda não aconteceu, ele não existe na mente africana. A maioria dos
idiomas africanos não tem nenhuma palavra para um futuro, pois ele ainda não
aconteceu, ele não existe na mente africana. a maioria dos idiomas africanos não tem
nenhuma palavra para um futuro além de poucos anos. Dizem: “em frente”, ou “logo
adiante”. Por essa razão, na religião tradicional, não há esperança messiânica, nem visão
do céu. O “aqui e agora”, em alguns idiomas, é derivado da palavra “aqui”. Em Malaui,
tsopanop, que significa “agora”, literalmente significa “neste lugar”.
c’ – O Objeto e o Símbolo.
Outra fusão que acontece é entre o objeto e o seu símbolo. Talvez você já tenha ouvido
falar na “magia imitativa, associativa ou simpática”. Assim é chamada, porque se baseia
na ideia de que “cada qual geral o seu igual”. O que você quer que aconteça pode ser
forçado a acontecer mediante o uso de um objeto semelhante a ele. Uma coisa
conhecida cria uma coisa desconhecida. Por exemplo, o mágico forma uma nuvem de
fumaça para trazer uma nuvem de chuva. Depois, enche a boca de água e aspira no
chão, como símbolo da chuva que cai. Por isso, é chamado o “Manda-Chuva”.
A crença que a pessoa tem no símbolo é uma coisa importante. Essa crença pode ser tão
forte que a pessoa fica literalmente doente – é uma reação psicossomática. Um
jardineiro pendura um maço de galhos secos na entrada do seu jardim. Se um ladrão
procurasse furtar legumes, “seus ossos seriam quebrados”. Ou uma cabaça com
aplicações de chumaços de algodão branco pode levar um ladrão a pegar varíola.
Semelhante crença de causa e efeito baseia-se na semelhança, não na lógica. A mente
ocidental não pode entender tal coisa, mas o animista não se preocupa com isso. Ele
continua crendo assim, imperturbavelmente, e assim pratica.
a’ – O Pecado e a Lei. O que você pensa que é o pecado? Geralmente dizemos que é a
violação das leis conhecidas. Quais eram as leis dos animistas? É difícil saber com
certeza, porque os animistas, em muitas partes do mundo, não possuíam a arte da
escrita. Por isso, a única lei era uma lei oral, transmitida pelos anciãos do clã. As leis
possivelmente desenvolveram-se a partir do raciocínio baseado na causa e no efeito.
Suponhamos que algum infortúnio desabe sobre uma aldeia, como no caso de uma seca,
de um incêndio ou de uma enfermidade. Os animistas diriam: “É a ira dos espíritos”.
Para eles uma calamidade significa que a natureza está fora de equilíbrio. Alguém,
portanto, tinha pecado. É necessário achar o culpado, para ser feita a propiciação.
A partir daí, podemos reconstituir algumas das leis orais dos animistas:
Alguns povos primitivos até mesmo ofereciam sacrifícios humanos aos seus deuses.
Cada objeto oferecido tinha que estar sem mancha nem mácula. O sacrifício era
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oferecido num lugar especial e conforme determinado padrão. Trata-se de outra praxe
que o cristão pode usar como ponte para demonstrar ao animista o sacrifício perfeito de
Jesus na cruz.
O animista continua reverenciando esse mesmo tipo de substituto, embora talvez não
tenha consciência do seu significado. Certa vez, alguém mostrou-nos um pequeno
santuário com teto de palha, dedicado aos espíritos dos ancestrais. Lá dentro, havia um
montinho de barro na forma de um cone, com a cabeça e os chifres de uma vaca no
ápice. Sacrifícios de farinha eram colocados diante dele. Quando perguntamos qual o
significado da imagem, recebemos a resposta: “A vaca é um símbolo de fertilidade para
o povo e as safras. Mas Deus está tão longe que preferimos oferecer sacrifícios aos
ancestrais e invoca-los para nos ajudar”.
Todas as religiões têm pessoas sagradas para serem mediadores entre sua deidade ou
poder supremo, e o povo. Fazem as suas orações e interpretam a mente ou a vontade da
deidade. Nas religiões animísticas, podem ser sacerdotes, pajés, médiuns, adivinhos,
xamãs, exorcistas, feiticeiros e assim por diante. Algumas pessoas imaginam que o pajé
é aquele que invoca maldições sobre os outros. Na realidade, porém, funciona como um
herbanário em primeiro lugar, e como adivinho. Como herbanário, fornece remédios
feitos de raízes, folhas e brotos de várias árvores. Mas se uma doença persistir por um
tempo mais prolongado, o pajé age como adivinho ou caçador de bruxas. Talvez passe,
então, a usar a bruxaria, a fim de descobrir a causa de um problema e de neutralizar os
poderes malignos da magia; mas não é um malfeitor. É o feiticeiro quem pratica a magia
negra. Poucos animistas acham que a doença é causada por bactérias, por água
contaminada, por uma picada de inseto ou por problemas orgânicos. O primeiro
pensamento deles é que uma pessoa a causou mediante a bruxaria ou um espírito
maligno. Seguem-se outras definições:
O feiticeiro usa a magia para lesar ou destruir. A magia opera contra o sistema
social e as leis da comunidade. A magia negra é usada para danificar, ao passo
que a magia branca é usada para ajudar;
Você fica pensando, as vezes, a respeito daquilo que acontecerá depois da morte? A
maioria das pessoas começa a ter suas perguntas a respeito da morte, quando tem uma
doença ruim. O animista é assim, também. Acredita que a vida no mundo do porvir é
uma continuação da vida aqui na terra. Mesmo assim, a qualidade da vida no porvir
depende de quão bom ou mau ele tem sido nesta vida. Seu desejo é ser um bom espírito,
a fim de que possa abençoar seus filhos e netos. Como é importante levá-lo à esperança
de ficar com Cristo!
Você pode imaginar como seria a vida sem um sistema de escrita? Você não estaria
lendo essa lição se não tivesse sido estabelecido um sistema de escrita válido para
muitas pessoas comum. Os animistas, diferentemente dos seguidores de muitas
outras religiões, não escreviam livros sacros. As únicas comunicações diretas que os
povos primitivos nos deixaram, acha-se em suas pinturas nas rochas, nas suas
ferramentas de agricultura e nas armas de caça, tais como os numerosos artefatos
que foram escavados pelos arqueólogos. A pessoa que descobre um artefato
frequentemente impõe sua própria interpretação da idade e do significado dele. Por
isso, a mensagem do animista depende, em boa parte, da imaginação e de
conjecturas cultas.
b) A Comunicação Oral:
Boa parte dos nossos conhecimentos dos povos pré-literários deve advir das suas
tradições. Estas são transmitidas de uma geração para outra pelos anciãos da
comunidade. Talvez seja por isso que os poderes da memória dos povos animísticos
são tão notáveis. Na ilha de Malaita, no Sul do Pacífico, os sacerdotes gastam horas
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por dia nos seus templos, recitando os nomes dos ancestrais. Desta maneira,
esperam conservar com vida do poder e a influencia destes.
Em seus estudos, você talvez tenha aprendido como os povos ocidentais passaram por
grandes mudanças no decurso dos séculos. Entre os povos pré-literários, no entanto, as
mudanças ocorriam lentamente. Os Maasai da África Oriental têm sido aqueles que
mais resistiram as mudanças. Ainda usam roupas tradicionais e enfeites de contas. As
mulheres raspam a cabeça, mas os jovens deixam os cabelos ficarem compridos e
usando barro entrelaçam-nos em longas tranças que descem pelas costas. Acreditam que
qualquer mudança diminuiria o valor da sua tradição herdada.
pessoas infelizes. Às vezes envolve congregações inteiras. Os cristãos nas áreas onde
ocorre o sincretismo precisam levar a sério a situação
Esses cinco fatores representam apenas algumas poucas razões por que as pessoas
podem desviar-se do Cristianismo ou incorporarem suas velhas crenças animísticas á
sua nova mentalidade cristã. Ao assim fizerem, anulam os efeitos da sua conversão e
enfraquecem o testemunho daqueles que continuam sendo fiéis a Jesus Cristo. Os
missionários e líderes cristãos nas áreas onde ocorre o sincretismo devem estar em
constante estado de prontidão contra ele.
Nossa avaliação do animismo é do ponto de vista cristão. Por isso, devemos examinar
os elementos tanto negativos quanto positivos do animismo. Quais são os fardos, que
precisam ser aliviados, e que os animistas carregam? Depois, precisamos perceber que
algumas crenças são pontes para a salvação e a vida abundante em Cristo.
10 – ANTROPOCENTRISMO
1 – Introdução:
Então, o valor do novo homem que surge se encontra não mais na família ou linhagem,
mas no prestígio resultante do seu esforço e capacidade de trabalho. O modo de
produção que começa a vigorar é o capitalista, e com ele se dá a superação dos valores
medievais. À classe ociosa, opõe-se o valor do trabalho; à riqueza baseada em terras,
opõe-se ao valor da moeda, dos metais preciosos, da produção manufatureira em
crescimento, da procura de outras terras e mercados.
Desde o Renascimento, a religião suporte do saber vinha sofrendo diversos abalos com
o questionamento da autoridade papal, o advento do protestantismo e a consequente
destruição da unidade religiosa. Ao critério da fé da revelação, o homem moderno opõe
ao poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. Ao dogmatismo, se
opõe a possibilidade da dúvida. Desenvolvendo a mentalidade crítica, questiona a
autoridade da igreja e o saber Aristotélico. Assume uma atitude polêmica perante a
tradição. Só a razão é capaz de conhecer.
Agora o problema não é saber se as coisas são, mas se nós podemos eventualmente
conhecer qualquer coisa. Das questões epistemológicas, isto é, relativos ao
conhecimento, deriva a ênfase que marcará a filosofia daí por diante.
Em oposição ao saber contemplativo dos antigos surge uma nova postura diante do
mundo. O conhecimento não parte apenas de noções de princípios, mas da própria
realidade observada e submetida a experimentações. Da mesma forma, o saber deve
retornar ao mundo para transformá-lo. Dá-se a aliança da ciência com a técnica.
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11 – APRIORISMO
Kant afirmava que todo conhecimento começa com a experiência, mas que a
experiência sozinha não nos dá o conhecimento. Ou seja, é preciso um trabalho do
sujeito para organizar os dados da experiência. Assim, o filósofo buscou saber como é o
sujeito a priori, isto é, o sujeito antes de qualquer experiência, e concluiu que o ser
humano possui certas faculdades ou estruturas (as quais ele denomina formas da
sensibilidade e do entendimento) que possibilitam a experiência e determinam o
conhecimento.
12 – ARCADISMO
1 – Introdução:
13 – ARIANISMO
1 – Introdução:
O que é o Arianismo?
2 – Arianismo no Nazismo
O Arianismo ou raça ariana foi uma das bases do pensamento nazista, durante a
Segunda Guerra Mundial. O conceito de raça, pregada por Adolf Hitler, dizia os
alemães descendiam da mais pura linhagem de seres humanos, formados por pessoas
altas, fortes, brancas e inteligentes.
Neste contexto, a palavra “ariana” surgiu a partir do termo Sânscrito Arya, que significa
“nobre”. Atualmente, a ideia de raça ariana é completamente desacreditada e até
considerada um crime.
3 – Arianismo e Monofisismo
O Arianismo, como uma doutrina religiosa, defendia a ideia de que Jesus Cristo não era
um ser divino, mas sim apenas filho de Deus. No entanto, o Monofisismo, um
pensamento cristológico, defende que Jesus tinha apenas uma natureza: a divina. De
acordo com a doutrina pregada por Eutíquio, no século V, a natureza humana sempre é
absorvida pela divina.
14 – ATEÍSMO
1 – Introdução:
Como diz a própria palavra (a-theos=sem Deus), significa a negação de Deus; por isso,
“o ateu é quem afirma que Deus não existe”. A negação de Deus é um fenômeno raro na
história da humanidade. Em todas as épocas encontramos, de vez em quando,
indivíduos que fizeram, mais ou menos abertamente, profissão de ateísmo. Tanto Platão
como Fílon denunciam o ateísmo que atinge, sobretudo a juventude, e o condenam
como “tal gravíssimo”. No entanto, como fenômeno cultural de massa, o ateísmo é
típico da época moderna e precisamente daquele período histórico em que o homem
moderno, através de um longo processo de secularização, depois de progressivamente
ter excluído Deus de muitas atividades e aspectos da vida humana, afinal chegou à
conclusão de que Deus não existe, de que “Deus Morreu”.
2.1 – Ateísmo:
O conceito de Ateísmo, dado que se trata de um termo negativo, deve ser definido em
relação a Deus, do qual é direta ou indiretamente a negativa. Para que haja o ateísmo é
necessário, como diz Gilson, que na negação de Deus esteja incluída também a negação
dos seguintes elementos:
O ateísmo pode assumir várias formas. As principais são três: especulativa, prática e
militante.
b) O Ateísmo Prático é a atitude daqueles que dizem crer, mas na realidade como
se não cressem, vivem numa plena indiferença religiosa e numa vida
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c) O Ateísmo Militante é o ateísmo ativo, até mesmo agressivo, que declara guerra
intelectual contra Deus e procura construir uma verdadeira anti-religião e uma
aberta anti-teologia. Exemplo típico de ateísmo militante era o praticado pelo
Estado Soviético e pelos Chineses.
“O ateísmo Marxista é militante. Ele critica a religião sob todos os pontos de vista em
todas as épocas históricas, indicando as vias e os meios para derrotá-la definitivamente.
O ateísmo marxista demonstrou que derrota total da religião só se tornou possível
depois da destruição das raízes sociais desta, no curso da construção comunista”.
O ateísmo teorético, além das duas formas indicadas – explícita e implícita – pode
distinguir outras três. Assim, há um ateísmo teorético negativo (limita-se a negar a
realidade de Deus) e um ateísmo teorético positivo (reivindica para o homem os poderes
e os atributos que alienara de si ao criar a figura de Deus). Há também outra importante
subdivisão entre o ateísmo prometêico (que pretende fazer do homem o ser supremo) e
ateísmo nülista (que mergulha o homem no nada: depois de ter destruído Deus, destrói
também o homem).
É a atitude de quem não se decide por nenhuma forma religiosa ou atribui a todas as
religiões o mesmo valor. No primeiro caso, tem-se a indiferença “negativa”; no
segundo, a indiferença “positiva”.
A indiferença religiosa pode ser “prática” (quando não se pratica nenhuma religião) e
“teórica”; esta, por sua vez, se subdivide em relativa e absoluta.
A indiferença religiosa sempre foi julgada negativamente, sendo de fato uma atitude que
indica profunda pobreza espiritual, um deserto interior, falta de compromisso moral,
coerência de vigor especulativa. Pascal considerava monstruosa a indiferença em
relação do destino do homem. “é algo monstruoso ver, no mesmo coração e ao mesmo
tempo, a sensibilidade pelas coisas maiores”. As únicas duas atitudes que Pascal
considerava razoáveis são a de servir a Deus de todo o coração, depois de tê-lo
conhecido, ou então procurá-lo com todas as forças, se ainda não é conhecido. Não
menos categóricas e severas são as palavras de Lamennais, no célebre “Essais Sur
l’indifference em matière de Religion” (Ensaio sobre a diferença em matéria de
religião): “Os indiferentes reais – escreve Lamennais – não negam nem afirmam nada; a
deles não é uma dúvida, porque dúvida é suspensão entre duas possibilidades contrárias
e supõe um exame prévio; a indiferença é uma ignorância sistemática, um sono
voluntário da alma que a priva de vigor para resistir aos próprios pensamentos e para
lutar contra lembranças inoportunas, um embrutecimento universal das faculdades
morais, uma privação absoluta de ideias sobre aquilo que mais importa ao homem
conhecer”.
Entre essas raras exceções encontraram Manlis Sgalambro, com seu trattado Dell’
empietà. Nesse escrito, que é simplesmente uma coleção de declarações desarticuladas,
ele dá vazão ao seu “ódio para com Deus”. Ele ataca Deus com uma virulência incrível,
raramente encontrável na literatura ateia, nem mesmo no ateísmo militante marxista.
“grandes e admiráveis são tuas obras, Senhor Deus todo poderoso, Justos e
verdadeiros são teus caminhos, Rei das nações, Quem não temerá Senhor, E
não glorificará teu nome? Porque só tu és Santo, E todas as nações virão E se
prostrarão diante de ti, Pois teus juízos se tornarão manifestos”.
Uma resenha mais completa das atitudes que se enquadram na órbita semântica do
ateísmo incluirá também os pseudo-ateus. Estes – segundo a definição dada por J.
Maritain – são aqueles “que creem e que não creem em Deus, mas que na realidade
inconscientemente creem nele, pois o Deus cuja existência nega não é Deus e sim
alguma outra coisa”.
3 – As Razões Do Ateísmo
Por que o homem se torna ateu se, como reconhecem os próprios ateus (Feuerbach,
Sartre, Bloch), ele por si é “um animal naturalmente religioso”? Quais são as razões, os
motivos, que o induzem a negar a realidade daquele que, mediante inumeráveis
hierofanias naturais e históricas, dá sinais claros e inconfundíveis da própria existência?
Por que há pessoas que não conseguem ver aquele que foi visto e reconhecido por
muitíssimos outros, desde que o mundo é mundo? Por que não ouvem a voz daquele
que não apenas os primitivos e os analfabetos, mas também os homens mais cultos e
civilizados ouviram claramente, alegremente, confiantemente? E, em segundo lugar, por
que a negação de Deus assumiu proporções tão impotentes na época moderna, que é a
época da “morte de Deus”?
a) “Enquanto Deus é expressamente negado por uns, outros pensam que o homem
não pode afirmar absolutamente nada sobre ele”.
b) “Alguns, porém, submetem a exame o problema de Deus por tal método, que
parece carecer de sentido”.
d) “Alguns exaltam o homem a tal ponto que a fé em Deus se torna como que
enervada e dão a impressão de estar mais preocupados com a afirmação do
homem que com a negação de Deus”.
g) “Em outros casos, enfim, o ateísmo é causado pelo mau exemplo dos crentes;
então é uma reação crítica contra as religiões e, em algumas regiões, sobretudo
contra a religião cristã. Por esta razão, nesta gênese do ateísmo, grande parte
pode ter os crentes, enquanto, negligenciando a educação da fé, ou por uma
exposição falaz da doutrina, ou por faltas na sua vida religiosa, moral e social, se
poderia dizer deles que mais escondem que manifestam a face genuína da Deus
e da religião”.
1. O mal: “Se Deus existisse, não deveria haver mal algum”, pois Deus é
infinitamente bom;
“ora, para explicar aquilo que ocorre neste mundo, bastam às leis da natureza e a
liberdade humana; por isso, não é preciso postular a existência de Deus”. Santo Tomás
viu muito bem: a razão ética do mal e a razão teorética da ciência são, indubitavelmente,
os argumentos que em todas as épocas, tiveram maior peso na negação de Deus.
“De três modos, nos dizem, a ciência teria definitivamente enxotado Deus. Em
primeiro lugar, ela constituiu um novo tipo de análise do real que, com seu rigor
único, só teria valor como conhecimento: a objetividade do saber exclui todos os
antigos modos abstratos de raciocínio, todos os procedimentos análogos, todas as
extrapolações ditas metafísicas, que introduzem a mente num mundo irreal,
imaginário, quimérico, um mundo que ela (a mente) chamava de misterioso e
transcendente e no qual se perdia. Além disso, quanto mais a ciência progride em
suas investigações rigorosamente indutivas, seja em relação à história dos homens,
seja em relação aos fenômenos da natureza, tanto mais elimina as ilusões geradas e
alimentadas pelas crenças relativas à divindade: dado que o homem atribui
naturalmente a causas ocultas, a forças naturais e, finalmente, a partir de um
processo de simplificação, de condensação e de abstração, ou, como dizei Engels,
de “destilação” (processo aparentemente racional, mas sem reflexão crítica),
passou a atribuir à causalidade de um único Deus todos os efeitos cujas verdades
causas ele ignorava. Enfim, nascido da ciência, o prodigioso desenvolvimento da
técnica aumenta todo dia o domínio do homem sobre a natureza e sobre si mesmo;
por isso, o homem toma consciência de um poder verdadeiramente criador; ele se
sente cada vez mais ‘o demiurgo da própria história’ e, por consequência, não sente
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mais a necessidade de imaginar um Deus que seja o remédio universal das suas
fraquezas, como o fora, antes, das suas ignorâncias”.
Existem, porém, muitos outros argumentos ao alcance dos ateus para justificar a
negação de Deus; recordemos alguns deles:
15 – ATOMISMO
1 – Introdução:
A Natureza Do Universo
A palavra átomo designa partículas de matéria que, de tão pequenas, são indivisíveis.
Em sua teoria atômica de 1803, o químico britânico John Dalton (1766-1844) definiu-o
como a menor partícula capaz de conservar as propriedades químicas de um dado
elemento. Vários fenômenos puderam ser explicados com o auxílio desta hipótese,
ainda válida.
2 - Estrutura do Átomo
Até a descoberta do elétron em 1897, pelo físico britânico J.J. Thompson (1856-1940),
não havia descrição física do átomo. O átomo nuclear foi proposto pelo físico inglês
Ernest Ruthford (1871-1937) em 1911. Seu modelo consiste de um núcleo central
pequeno, porém denso, de carga positiva, envolto por elétrons carregados
negativamente. Ele sugeriu que os elétrons orbitavam ao redor do núcleo e que a força
de sua velocidade angular em suas órbitas seria suficiente para compensar a força de
atração exercida pelo núcleo de carga oposta. O núcleo contém mais de 99,9% da massa
do átomo, mas seu diâmetro é de dez elevados a menos quinze m (conforme ao tamanho
do átomo de cerca de dez elevados a menos dez m.).
Uma objeção ao modelo de Rutherford foi formulada pelo físico dinamarquês Neels
Bohr (1885-1962). Bohr observou que, ao se mover em órbita circular, o elétron sofre
aceleração contínua e que uma carga acelerada deveria irradiar energia sob forma de
ondas eletromagnéticas. Se o elétron emitisse energia continuamente, poderia energia e
colidiria com o núcleo; assim, não poderia existir órbita permanente.
3 – Estrutura Do Núcleo
Com exceção do átomo de hidrogênio, que contém apenas um próton, os núcleos dos
átomos encerram uma mistura de prótons e nêutrons – os núcleos. O próton tem carga
positiva, de valor igual à carga negativa do elétron; o nêutron, de tamanho similar ao
próton e eletricamente neutro. Os dois tem massa equivalente a cerca de 1836 vezes a
do elétron, cuja massa em repouso é de 9,11x10 elevado a potência de (- 31) Kg. Os
prótons e nêutrons do núcleo atômico são mantidos unidos por meio da força nuclear
forte, que supera a força eletromagnética de repulsão (bem mais fraca) exercida pelos
prótons positivamente carregados.
É possível que átomos do mesmo elemento com tenham números iguais de prótons, mas
números diferentes de nêutrons em seus núcleos – chamamos de isótopos. Isótopo de
um mesmo elemento contém a mesma carga nuclear e suas propriedades químicas são
idênticas, mas com propriedades físicas diferentes. Um isótopo pode ser representado de
várias maneiras: Urânio-235; U-235 ou U.
4 – Radioatividade
A radiação – tanto sob forma de emissão espontânea de partículas quanto como onda
eletromagnética ocorre a partir da desintegração de certas substâncias. Trata-se de
radioatividade, que pode ser de três tipos: decaimento alfa, beta e gama.
No Decaimento Alfa (α), são produzidos núcleos de hélio com dois nêutrons e dois
prótons – partículas alfa formados pelo decaimento espontâneo de seus núcleos-
precursores. Assim, o Urânio-238 decai para Tório-234 com emissão de uma partícula
alfa (α).
No decaimento gama (γ), o processo radioativo produz fótons de alta energia quando o
núcleo resultante salta de um estado excitado de energia para outro de energia baixa.
5 – Partículas Nucleares
Os Quarks transportam, além da carga elétrica, outro tipo de carga chamada “cor”. A
força associada à carga de cor liga os quarks entre si e é tida como a fonte da força forte
que matem os Hádrons unidos. Assim, a força de cor é a mais fundamental. A força
fraca está associada ao decaimento radioativo beta de alguns núcleos. A teoria da força
eletrofraca demonstrou que as forças eletromagnéticas e as fracas estão vinculadas entre
si e previu a existência das partículas W e Z; subsequentemente descobertas.
6 – Fissão e Fusão
A energia nuclear origina-se a partir de dois processos – fissão e fusão, ambas, formas
de reação nuclear. No processo de fissão, um núcleo grande, como o Urânio – 235
(235U) divide-se formando dois núcleos menores que possuem energias de ligação
maiores que a do Urânio original. Assim, a energia é cedida no processo. A fissão é
usada em reatores nucleares e em armas atômicas. Além do Urânio 235, existem outros
isótopos, como o plutônio-239, que dão origem à fissão.
No processo de fusão, dois núcleos leves se fundem, dando origem a duas partículas,
uma maior e outra menor que os núcleos originais. Geralmente, um deles possui energia
de ligação suficiente alta para liberar grande quantidade de energia. A fusão do
hidrogênio para formar hélio é a fonte de energia de estrelas como o sol. Embora o
processo de fusão solar defira em detalhes do processo simplificado aqui descrito. A
60
7 – Aceleradores Nucleares
16 – AUTORITARISMO
1 – Introdução:
Autoritário = que se impõe pela autoridade que tem ou julga ter; impositivo; arrogante;
arbitrário; despótico.
Déspota = aquele que exerce poder absoluto e arbitrário; o que denomina tiranicamente;
tirano; opressor.
61
2 – Governos e Povos
3 – O Contrato Social
oprimidos. Esta ideia é bastante aceitável nos dias de hoje, mas para a época soava
radical – tendo sida adotada, por exemplo, pelos revolucionários americanos de 1776.
Os Estados Comunistas, como a União Soviética até 1990-91, eram governados por um
único partido, o Comunista. Por volta de 1989-91, o poder do partido comunista nos
países da Europa Oriental se desintegrou e eles passaram a adotar sistemas mais
democráticos. Muitos países, principalmente no terceiro mundo, possuem governos
militares. A partir dos anos 70, todavia, tem havido uma tendência de substituição de
regimes militares por democracias, inicialmente no sul da Europa, depois na América
Latina e, mais recentemente, na África.
5 – Participação Política
Alguns países, como a Suíça, utilizam plebiscitos para permitir que o eleitorado opine
diretamente sobre questões de seu interesse.
6 – A Administração
7 – O Autoritarismo
Nos regimes autoritários, contudo, não há uma ideologia de base que sirva “para a
construção de nova sociedade” e não há mobilização popular que lhes dê suporte. Ao
contrário, em vez da doutrinação política e do incentivo ao engajamento ativista (ainda
que dirigido), há a despolitização que leva à apatia política. O clima de repressão
violenta gera o medo, que desestimula a ação política atuante. Permanece, sempre que
possível, a aparência de democracia: pode haver vários partidos, e mesmo que a
oposição efetiva desapareça, ela existe como oposição formal. O partido do governo é
um mero apêndice do poder executivo.
64
17 – BAHAISMO
1 – Introdução:
Religião fundada em Acre, na Palestina, por um nobre exilado persa, nascido em 1817 e
descendente dos reis Sassânidas, de nome Mirzá Husayn ‘Ali Nuri, hoje conhecido pelo
nome de Baha Allah (glória de Deus) e instituída pelo seu filho, Sir Addul-Bahá Bahai
ou “servo da Gloria de Deus” (1894-1921). Essa seita declara ter mais de um milhão de
adeptos e diz que metade da América é Baha’i.
2 – Histórico:
Influenciado por contatos com fontes gnósticas, sufitas e xiitas, o Bab, que fora
reconhecido por dirigentes da seita islâmica xiita como o sucessor de Maomé, anunciou
modificações que se deveriam fazer no corão, o que revoltou os ortodoxos islamitas.
Depois de grandes e bárbaras perseguições aos adeptos dessa seita, sobretudo porque o
Bab se dizia sucessor de Moisés, Cristo e Maomé, o Bab foi morto em 1850, em Tabriz.
Após sua execução, foram expatriados muitos seguidores da seita, inclusive Baha Allah,
que após alguns anos chegou a Acre, na Palestina, onde se proclemou o novo profeta.
Quanto à Ali Muhammad, Baha Allah dizia que ele teria sido uma espécie de João
Batista, que veio com a missão de preparar o caminho para o verdadeiro profeta.
3 – Baha Allah:
Segundo ensinava, a periódica revelação de Deus aos homens por meio de um profeta
especial como Moisés, Jesus, Maomé, não terminara, como ensinara o fundador do
islamismo, na revelação de Meca e Medina. Agora Deus falava de novo por intermédio
dele.
Sua missão consistia em anunciar a nova era, que se caracterizariam pela união de todos
os homens, culturas, línguas, religiões, sob a bandeira do Bahaísmo, o qual não
pretendia ser outra coisa senão a comunhão de todas as religiões...
4 – Doutrinas:
Jesus – foi um profeta como Moisés, Maomé, e Baha Allah. É uma manifestação de
Deus, sendo que o Baha Allah é uma manifestação mais recente. Veja as palavras de
Jesus:
“e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28.20).
Religião Universal – o Bahaísmo é uma seita fabricada para atender a todos. Embora
tenha cunho islâmico, tenta atrair a hindus, cristãos e judeus. Admite outros profetas de
outras religiões e diz que todas as religiões são essencialmente iguais.
Religião Vaga – como o movimento admite a união de todas as religiões sem que estas
tenha que abandonar seus preceitos e doutrinas, evidentemente, não pode discorrer
sobre certos ensinamentos. Não pode ter dogmas doutrinários e não ensina nada que
venha a ferir diretamente as outras religiões.
Alguns princípios do Bahaísmo, são ideias fundamentais que embora bem elaboradas
para atenderem a todos, chocam-se seriamente com alguns princípios cristãos:
Haverá um dia em que alguns desses princípios serão estabelecidos na terra, porém
nunca da maneira como pensam os bahaístas. Somente debaixo da mão poderosa de
Jesus Cristo poderá a humanidade dobrar-se.
18 - BOLIVARIANISMO
1 – Introdução:
Bolívar é a unidade monetária da Bolívia. Uma palavra da moda no Brasil é usada por
muita gente que não faz ideia de seu significado. Entenda o que é bolivarianismo e por
que ele nada tem a ver com “Ditadura Comunista”.
2 – Histórico:
Após ser apropriado pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, o termo originado
do sobrenome do libertador Simón Bolivar aterrissou no debate político brasileiro. São
frequentes as acusações de políticos de oposição e da mídia contra o governo federal
petista. Lula e Dilma estariam “transformando o Brasil em uma Venezuela”. Mas o que
é o tal Bolivarianismo de que tanto falam? Bolivarianismo é sinônimo de ditadura
comunista? Antes de sair por aí repetindo definições equivocadas, leia as respostas
abaixo:
e) Mas esse regime que Chávez chamava de bolivarianismo era comunista? Não.
Apesar de o ex-presidente Venezuelano ter o termo “Revolução Bolivariana”
para referir-se ao seu governo. A ideia era promover mudanças políticas,
econômicas e sociais como a universalização à educação e à saúde, além de
medidas de caráter econômico, como a nacionalização de indústrias ou serviços.
Chávez falava em “Socialismo do século XXI”, Mas o governo venezuelano
continua no país, assim como a parceria com empresas privadas nacionais e
estrangeiras. Empreiteiras brasileiras, chinesas e bielo-russas, por exemplo,
constroem moradias para o maior programa habitacional do país, o gran mission
vivenda Venezuela, inspirado no brasileiro minha casa minha vida.
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f) O Brasil “virou uma Venezuela”? Esta afirmação não faz sentido. O Brasil é
parceiro econômico e estratégico da Venezuela, mas as diretrizes do governo
Dilma e do governo de Nicolás Maduro são bastante distintos, tanto na retórica
quanto na prática.
g) Os Conselhos Populares são bolivarianos? Não, e aqui o engano vai além do uso
equivocado do adjetivo. Parte da Política Nacional de Participação Social, os
Conselhos Populares seriam a base de um complexo sistema de participação
social, com finalidade de aprofundar o debate sobre políticas públicas com
representantes da sociedade civil. Ao contrário do alegado por opositores, os
conselhos de participação popular não são uma afronta à democracia
representativa. Conforme observou o ex-ministro e fundador do PSDB Luiz
Carlos Bresser Pereira, os conselhos estabeleceriam “um mecanismo mais
formal por meio do qual o governo poderá ouvir melhor as demandas e
propostas (da população)”.
19 – BRAMANISMO
(Uma Fé A Rigor)
1 – Introdução:
2 – Os Livros da Fé:
3 – Os Degraus da Desigualdade:
4 – Os Caminhos da Pureza:
A justificação do bramanismo para tal sistema está no karma. Assim, se alguém nasceu
num casta inferior, é porque houve má conduta na sua vida anterior; em compensação, a
conduta virtuosa hoje conduz a casta mais elevada amanhã. É que a fé hinduísta se
baseia na teoria da reencarnação: após a morte, a alma renasce num novo corpo, e uma
próxima vida será mais feliz se praticarmos boas ações, pois, segundo uma lei do karma,
“só colhemos aquilo que semeamos”. A série de renascimento tem por meta final a
moksha (libertação espiritual ou iluminação), que integra o crente na natureza de
Brama. O mesmo fim pode ser atingido por diferentes caminhos: a ação, o amor, o
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conhecimento, e a ascese da yoga (união com o divino), que somente se obtém através
de uma profunda concentração mental.
5 – Os Avatares de Vishnu:
Dois cultos predominam entre numerosas seitas do hinduísmo: os de Siva e Vishnu, que
formam com Brama a trindade suprema denominada Trimuriti. Por meio dessas duas
divindades, Brama intervém para destruir, conservar ou criar. Graças a Siva, a
fecundidade da terra e dos homens é consumida em ciclos de vida e de morte. Por ser o
perpétuo destruidor, Siva permite também a constante procriação e transformação de
tudo quanto existe. As antigas seitas dos seguidores de Siva celebravam cultos orgíacos,
cujos remanescentes ainda subsistem, Vishnu é o deus do amor e da fé, e manifesta-se
de formas diversas. Essas manifestações chamam-se Avatares, que são encarnações
divinas, principalmente em corpos humanos. Entre os Avatares de Vishnu, Rama e
Krishna – humanos de maior valor – realizaram façanhas incríveis, descritas em
epopeias hindus. Quando missionários católicos foram pregar na Índia a doutrina de
Cristo, tiveram a surpresa de ver Jesus tomado por mais um dos avatares de Vishnu.
6 – Os Desânimos de Arjuna:
Em 250 mil versos, a epopeia Mahabhârata (“Grande Índia”) descreveu a guerra entre
os kurus e o pândavas para a conquista de Hastinapura, importante centro da civilização
ariana. Num episódio que resume a mensagem do bramanismo (o Bhagavad Gitâ ou
“Sublime Canção”), dialogam Krishna e o príncipe pândava Arjuna. O homem,
representado por Arjuna, acha-se rodeado de ilusões que pertencem à sua natureza
mortal e inferior. Como se identificou com elas, falta-lhe ânimo para vencê-las. O
divino Krishna ensina então, como conhecer o caminho da libertação e da imortalidade.
E Arjuna enfrentará sem medo a batalha.
7 – Os Rituais da Vida:
O hinduísmo obriga seus fiéis aos rituais durante toda a vida, o primeiro dos quais é o
do nascimento e equivale ao batismo: à criança é dado mel misturado com manteiga
numa colherinha de ouro. A primeira saída de casa (4 meses), o primeiro alimento
sólido (6 meses) e o primeiro corte de cabelo (3 meses) também são comemorados.
Há quatro fases na vida ideal de um homem. Numa idade que varia entre os 8 a 24 anos,
conforme a casta, dá-se a “iniciação”, que simboliza o nascimento espiritual do
bramachin (estudante). O jovem é confiado a um mestre religioso para servi-lo e
aprender os “Vedas”. Pelo casamento, celebrado junto ao fogo sagrado do templo hindu
se torna griasta (chefe de família) e passa a presidir os ritos domésticos. Aproximando-
71
Para os grandes ritos, porém, é indispensável a presença dos brâmanes, que conhecem
como ninguém o segredo dessa complicadas e exigentes cerimônias. Daí vem seu poder.
As seitas hinduístas incluem numerosos cultos populares, nos quais são venerados
alguns animais como a serpente e a vaca. Todos evitam causar-lhes a morte, pois a
serpente é consagrada a Vishnu e a vaca pertence a Siva e tem imagens nos templos.
Isso significa que os fiéis não podem usar carne de vaca na alimentação. Embora
situadas no extremo oposto dos párias, as vacas da Índia também são intocáveis, mas
com privilégios que os homens párias não têm.
A cidade santa dos hindus é Benares, localizada no Nordeste do país, às margens do rio
Ganges, onde, segundo a tradição, Siva teria morado durante sua vida terrena. Milhões
de peregrinos para lá afluem a fim de se banharem no rio sagrado e purificarem a alma.
Nas águas desse rio também são espalhadas as cinzas dos mortos, pois é praticada a
cremação. Apenas os ascetas e as crianças com menos de dois anos não são cremados,
enterram-se os seus corpos.
8 – Os Cultos Hoje:
20 – BUDISMO
1 – Introdução:
Podemos perguntar, com razão: “uma crença que não reconhece a existência de nenhum
deus pode ser considerada uma religião? Não se trata apenas de um sistema de ética ou
de uma filosofia oriental?”.
Nem por isso, o budismo deixa de ser uma religião. Realmente, com mais de duzentos e
cinquenta milhões de seguidores, é uma das religiões mais importantes do mundo.
No jardim das religiões do mundo, há uma seção reservada ao budismo. É uma das
maiores seções e orgulha-se de que tudo o que nela há é bom e belo. Nenhuma vida
deve sofrer. Todas as pessoas são bondosas umas com as outras. A flor predileta do
Budismo é a lótus, porque retrata a posição que o homem deve adotar na meditação
profunda. Nesta condição, pode tornar-se um santo, e um ajudador ou salvador da
humanidade.
2 – Conhecendo o Budismo:
Na sua história, que já conta com vinte e cinco séculos, o budismo tem sido uma das
maiores forças civilizadoras que o Extremo Oriente já conheceu. Trouxe ideias
profundas à cultura da China na Dinastia Tang dos séculos VII ate X d.C. Criou as
maiores mudanças e influência espiritual de todas as religiões do Japão, da Birmânia, da
Tailândia, do Tibet, do Laos da Camboja e do Sri Lanka. Qual é esta religião? Por que
tem uma influência tão ampla no Extremo Oriente e um domínio forte sobre seus
seguidores? São estas algumas das questões que analisaremos.
O jovem Gautama foi criado no luxo, no esplendor principesco e no prazer físico. Tinha
três palácios: um para a estação fria, um para a estação quente, e um para a estação das
chuvas. Com outros rapazes ricos dos seus tempos, sobrepujava nos esportes. Certa vez,
num concurso de arqueiros, conquistou a mão de uma bela moça, filha de um rajá.
Casaram-se e tiveram um filho. O pai Gautama, não querendo que este se tornasse um
líder religioso, não deixou que visse o lado escuro da vida. Procurou impedi-lo de ver
quatro coisas: um cadáver, um idoso, um doente e um monge ascético. Mesmo assim,
seu filho acabou tendo experiência das coisas proibidas. Viu um cadáver putrefato, uma
mulher idosa encurvada, um homem com uma infecção horripilante e um monge cheio
de paz, que renunciara o mundo e escolhera o ascetismo. Então Gautama percebeu que a
vida que a maioria das pessoas vive é de sofrimento e de dor, e ficou profundamente
perturbado.
O problema do sofrimento perturbou tanto o jovem príncipe, que não podia continuar
morando num palácio de vida fácil e de fartura. Certa noite, aos vinte e nove anos de
idade, resolveu deixar a sua casa e buscar uma resposta. Partiu no seu carro puxado a
cavalos, noite adentro. Depois de certa distância, cortou os cabelos e a barba e mandou-
os de volta com o cocheiro. Trocou de roupas com um mendigo e continuou a pé.
Certo dia desmaiou e caiu num córrego, mas a água fria o reanimou. Pensou na sua
situação e reconheceu que o caminho do asceticismo não satisfaria. Ficou em pé, lavou-
se entrou numa taberna e tomou uma boa refeição. Quando os amigos o viram comer,
chamaram-no de traidor e o abandonaram. Depois sua refeição, foi andando em direção
ao rio Nairajara e ficou sentado à sombra de uma árvore bodhi (que significa
“conhecimento”) para meditar. Declara-se que ficou ali durante 49 dias, meditando em
suas experiências. Finalmente, raiou na sua mente uma verdade que o satisfez. Chamou-
a de sua iluminação. A partir de então, passou a ser chamado Buddha ou “o iluminado”.
A árvore tornou-se sagrada para os budistas, quase tão significante quanto a cruz para os
cristãos.
ascéticos que o tinham desprezado. Pregou a eles, no parque das gazelas em Benares, a
respeito das Quatro Verdades Nobres. Os amigos, vendo a transformação em Gautama,
aceitaram seus ensinos, e formou o Sangha, a ordem monástica budista.
O Buda morreu aos oitenta anos de idade, ao comer cogumelos estragados. Suas últimas
palavras foram: “Esforcem-se sinceramente para operarem sua própria salvação”. Seus
seguidores acreditam que ao morrer, o Buda entrou em nirvana o ponto final de todos os
desejos.
A escola do sul era chamada Hinayana, que significa o “veiculo menor”. Seus
seguidores, no entanto, preferiam chamarem-se os budistas Theravada, ou seja: “o
caminho dos antigos”. São os mais conservadores entre os seguidores das suas escolas,
e alegam que seguem os ensinamentos originais do próprio Buda. Os mahayanistas
opõem-se a esta reivindicação, e enfatizam a vida do Buda mais do que seus
ensinamentos. As localizações principais do budismo theravada hoje são Sri Lanka,
Birmânia e o Sudeste asiático.
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3 – Crenças do Budismo:
De início a doutrina de Gautama era mais um sistema de ética do que uma religião. Mas,
à medida que se expandiu para outros países, houve definição de doutrinas e
desenvolveu-se um sistema de crenças.
Aquilo que Gautama aprendeu na sua meditação debaixo da árvore bodhi, deve ser
estudado dentro do contexto dele. Seu ensino era uma revolta contra o hinduísmo
ortodoxo, mas mantinha certo número das crenças deste. Uma delas era a reencarnação,
a crença de que toda a vida passa por ciclos incontestáveis de nascimento, de morte e de
renascimento. Mantinha, também, a doutrina do karma, mediante a qual a boa conduta é
premiada e a má conduta é castigada na vida futura. Opunha-se ao sistema das castas,
no entanto, acreditava que todos os homens eram iguais.
Deus não existe de modo algum, de conformidade com os budistas, porque semelhante
ser estaria além do entendimento humano. Dizem que o homem está encarregado do seu
próprio destino. Uma das ironias da história é que Buda, que negava um ser supremo, é
adorado com mais imagens do que qualquer outra pessoa na história universal! Muitos
títulos divinos são dados a ele. Os escritos budistas o chamam: “Um rei de reis
universais, um vencedor. Deuses e homens o adorarão como o Grande que transcende o
tempo. No mundo dos deuses, não há nenhum que é igual a ele. Quando ele nasceu, os
cegos recobraram a sua vista, como se estivessem desejosos de ver a sua glória. Os
surdos recuperaram a audição. Os mudos falaram. Os presos foram libertos das suas
cadeias e correntes”. Mesmo assim, os budistas dizem que não oram ao Buda. As suas
milhares de estátuas têm a finalidade de expressar a calma, a sabedoria e a iluminação.
O budista não tem nenhuma autoridade suprema, nenhum papa e nenhuma cerimônia
para a conversão. Não exige a obediência a um conjunto de regras legalistas, tais como
aquelas que o judaísmo impõe, nem um ato de submissão, como no caso do Islamismo.
A pessoa pode tornar-se budista mediante a prática do caminho Óctuplo e dos seus
princípios. Assim, espera-se chegar a um estado de ausência do ego.
1. A Crença ou a Compreensão Certa. Isto significa que devemos ter certas convicções,
tais como as Quatro Verdades Nobres. Devemos crer que o sofrimento abunda e que é
causado pelo desejo de uma existência e realização separada. Devemos crer que pode
ser curado e que o meio para a cura é o Caminho Óctuplo.
3. A Fala Certa. A linguagem revela o caráter e é uma alavanca para alterá-lo. A pessoa
deve tomar a resolução no sentido de nada falar, senão a verdade. Buda disse que o
logro reduz o caráter. O motivo existente por detrás das defesas da pessoa é o medo de
revelar aquilo que realmente é. A fala certa é evitar a tagarelice vã, os mexericos, e as
ofensas verbais.
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3.5 – A Alma:
No budismo, anatta tem significado de “nenhuma alma”. O Buda diz que existe um ego,
mas nenhuma alma. Para ele, a alma é uma ilusão, à qual foi dado um nome. Ao invés
disto, fala a respeito de karma. A próxima encarnação da pessoa é determinada segundo
o caráter desta. Buda prefere a palavra consciência. Esta é passada adiante como uma
série de pontos e não como um rio que corre. O Buda emprega o exemplo de uma
chama. “A chama no final de vela não é a mesma que a chama original. Da mesma
maneira, nossa conexão com outra pessoa não é de substância, mas de influência”. O
egoísmo anuvia toda boa intenção. É como pisar nas cinzas que encobrem o fogo; o pé
fica queimado.
3.6 – A Salvação:
laços a serem rompidos. Há, por exemplo, três inebriantes: a cobiça, o ódio e a
ignorância. Há cinco impedimentos: o prazer sensual, a má-vontade, a preguiça, a
dúvida e o desassossego. Dez correntes ou vícios negativos atam a pessoa à roda da
existência. Os budistas Theravada acreditam que, quando um monge vence as cinco
primeiras corrente, galgará nirvana e será um arahat.
3.7– Nirvana:
4 – Escritos do Budismo:
De início, os ensinos budistas tinham a forma falada. Foi somente no século I a.C., na
ilha de Sri Lanka, que os primeiros budistas foram registrados. O primeiro escrito
sagrado é o Cânon Pali, que contém as crenças principais dos budistas Theravad. O
Cânon Pali é chamado Tripitaka ou “três Cestos”, porque tem três partes. Estas foram
originalmente escritas em folhas de palmeira e conservadas em cestos.
A primeira parte é chamada Vinaya Pitaka, o “cesto da ordem”. Descreve parte da vida
de Buda e algumas regras de disciplina para os monges. A segunda parte é chamada
Sutta Pitaka. É o “cesto de ensino”, ou livro de instruções, e contêm os discursos do
Buda, bem como 547 lendas a respeito de existência anteriores do Buda. A terceira
seção é Abhidhamma Pitaka. É um cesto acadêmico e metafísico, e contêm a teologia
budista, que não é para o povo comum.
O tamanho total desses três escritos tem cerca de onze vezes o tamanho da Bíblia. Ao
serem traduzidos e impressos nas línguas europeias, ocupa cerca de quatro vezes o
volume das nossas Bíblias. O Sutta Pitaka é o mais importante, porque contém as
palavras do próprio Buda. É subdividido em quatro nikayas ou ensinos. O último, o
khuddka nikaya, é um grupo de quinze obras, compostas depois da morte de Buda.
Inclui o tratado moral importante, o Dhammapada, que significa “Vesículos da Lei”.
Muitos padrões éticos nos escritos budistas são de alta qualidade e fazem nos
lembrar da Bíblia Sagrada:
O ódio não cessa através do ódio, em ocasião alguma; o ódio cessa através do amor. Se
alguém o amaldiçoar, você deve reprimir todo o ressentimento. Faça a decisão firma:
“Minha mente não ficará perturbada, nenhuma palavra irada escapará dos meus lábios,
permanecerei bondoso e amigo, com pensamentos amorosos e sem nenhum rancor
oculto”. Se, pois, você for atacado com punhos, com pedras, com paus ou com espadas,
você deve continuar reprimido todo o ressentimento e conservar uma mente amorosa.
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5 – Desenvolvimento do Budismo:
O budismo era e é uma religião missionária. Espalhou-se por toda a Ásia Oriental. A
tradição budista conta que em 60 d.C. um imperador chinês sonhou que uma imagem
dourada do Buda apareceu do ocidente. Enviou mensageiros para além das montanhas
Himalaias para descobrir a origem do sonho. Foi o início do budismo na China. A
Tailândia seguiu os mesmo passos no século II d.C.
a. – Movimento de Expansão:
O budismo maha yana foi grandemente promovido pela conversão ao budismo do rei
Asoka da Índia (270-232 a.C.). Asoka foi para o budismo aquilo que Constantino foi
para o Cristianismo. Fez do budismo uma grande religião mundial, e sua roda da lei
tremula hoje na bandeira da Índia. Escreveu verdades budistas nas rochas em muitas
partes do país e enviou missionários a lugares distantes tais como a Macedônia, a Síria e
o Egito. Nomeou um ministro de Assuntos Religiosos e fundou hospitais. Mediante os
seus esforços, o budismo tornou-se a religião mais forte em Sri Lanka e alguns dos
grandes estudiosos budistas tiveram sua origem naquele país.
Dois outros se tornaram tão famosos como Marco Polo nos livros de viagens. Um foi
Fa-Hsien, que deixou a China em 399 d.C., passou quinze anos na Índia, procurando os
santuários nos lugares onde Gautama tinha habitado e compilou um relato como
testemunha ocular daquilo que descobriu. O outro, Hsuan-Tsang, foi para a Índia em
629 d.C. e passou dezesseis anos ali. Voltou com livros que traduziu para o chinês. Há
mais de mil volumes atribuídos a ele e aos seus alunos. A corte da Dinastia Tang,
durante a qual vivia, ficou cheia de convertidos ao budismo. As artes desenvolveram-se
grandemente no período, e alguns dos artistas tornaram-se famosos pelas suas obras.
Nas ruas da capital da Dinastia, estudiosos budistas achavam-se debatendo doutrinas
com confucionistas, taoístas e até mesmo com cristãos.
O princípio zen têm tocado em muitas áreas da vida japonesa. Uma delas é o conceito
do “acidente controlado”, que significa que aquilo que não é planejado é mais valioso
do que aquilo que é planejado. É usado na pintura, na arquitetura, na cerâmica, nos
arranjos florais, na música e na poesia. Por exemplo, o desenho feito no papel poroso
não pode ter emendas e, portanto, é mais belo do que aquele que foi cuidadosamente
planejado e trabalhado.
c. – A Conquista Comunista:
Uma antiga profecia budista dizia que, depois de 2,500 anos, o budismo murcharia ou
gozaria de um reavivamento. A data-chave, segundo os historiadores budistas, seria 24
de maio de 1956. O teste real do budismo, no entanto, surgiu em 1949 quando a China
foi derrotada pelo comunismo. Calcula-se que duzentos milhões de budistas mahayana
caíram diante do comunismo. Os budistas, sendo seguidores de uma religião mansa, não
resistiram. O próprio Gautama repreendeu seus discípulos por causa da ira deles pelo
ataque a um santo. Disse: “Aquele que fere leva vergonha, mas maior vergonha leva
aquele que, ferido, revida ferido”.
destruição dos templos chineses para preserva-los, não como santuários religiosos, mas
como monumentos nacionais.
“Não creiam, ó monges, em nada que seu professor lhes ensine, por mero
respeito a ele. Mas tudo quanto vocês, mediante a análise, descobrirem
ser vantajoso para o bem-estar de todos os seres, creiam naquele ensino,
apeguem-se a ele, e tomem-no como seu orientador.”
6 – Avaliação do Budismo:
21 – CALVINISMO
1 – Introdução:
Apesar disso, a Fé Reformada costumava levar o nome de Calvino, por ter sido ele seu
grande expoente. Atualmente, o termo também se refere às doutrinas e práticas das
Igrejas Reformadas. O Sistema costuma ser sumarizado através dos cinco pontos do
Calvinismo.
2 – Desenvolvimento:
Os calvinistas romperam com a Igreja Católica Romana, mas diferiam dos Luteranos na
doutrina sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, princípio regular do culto, e o uso
da lei de Deus para os crentes, entre outras coisas.
O termo Calvinismo pode ser enganoso, pois a Tradição Religiosa que por ele é
identificada sempre foi diversificada, com uma vasta gama de influências, em vez de
um único fundador. O movimento foi chamado pela primeira vez calvinismo pelos
Luteranos que se opunham a ele, e muitos dentro da Tradição preferem usar o termo
Reformado para descrevê-lo.
3 – História:
Uma vez que tem múltiplos fundadores, o nome “Calvino” induz ligeiramente ao
equívoco, ao pressupor que todas as doutrinas das Igrejas Calvinistas se revejam nos
escritos de João Calvino. O nome aplica-se geralmente às doutrinas protestantes que não
são luteranas, e que têm uma base comum nos conceitos calvinistas, sendo normalmente
ligadas a igrejas nacionais de países protestantes, conhecidas com Igreja Reformadas,
ou a Movimentos Minoritários de Reforma Protestante.
Só havia, então, uma maneira de resolver esse problema: o próprio Deus reatando os
laços. Deus então segundo a doutrina da predestinação escolheu alguns dos seres
humano caído para salvar da pecaminosidade e restaurar para a comunhão com ele.
Deus teria tomado esta decisão antes da criação do universo. Mas é claro que não é por
causa de quaisquer boas ações que eles foram escolhidos: “porque pela graça sois
salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós; é dom de Deus; não vem de Obras, para
que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8,9).
4 – Doutrina
Deus fala também através de escritores humanos na Bíblia, que é composto de textos
separado por Deus para a auto-revelação. Teólogos reformados enfatizam a Bíblia como
um meio excepcionalmente importantes pelos quais Deus se comunica com as pessoas.
As pessoas ganham conhecimento de Deus pela Bíblia (que é a forma escrita), e não
pode ser adquirida em qualquer outra forma.
Teólogos reformados afirmam que a Bíblia é verdadeira, mas as diferenças surgem entre
eles sobre o significado e a extensão de sua veracidade. Seguidores da escola
conservadora dos teólogos de Princeton,tais como a Igreja Presbiteriana do Brasil,
Igreja Presbiteriana Nacional no México e Igreja Presbiteriana na América,
consideram que a Bíblia é verdadeira e infalível, ou incapaz de erro ou falsidade, em
todos os lugares. Este ponto de vista é muito semelhante ao do Catolicismo Ortodoxo,
bem como o Moderno Evangelicalismo.
87
4.2 – Pacto
Teólogos usam o conceito de aliança para descrever a maneira como Deus entra em
comunha com as pessoas na história. O conceito de aliança é tão proeminente na
teologia reformada que ela é como um todo e às vezes, é chamada “Teologia da
Aliança". No entanto, teólogos dos séculos XVI e XVII desenvolveram um sistema
teológico particular chamado “Teologia da Aliança” ou “Teologia Federal” que muitas
igrejas reformadas conservadoras continuam a afirmar nos dias de hoje. Esse sistema
estabelece uma divisão sobre a relação de Deus com as pessoas, principalmente em dois
aspectos: o pacto de obras e o pacto da graça.
O pacto das obras é feito com Adão e Eva no jardim do éden, onde Deus proveria uma
vida abençoada no jardim com a condição de que Adão e Eva obedecessem à Lei
Divina perfeitamente. Como Adão e Eva quebraram o pacto ao comer o fruto proíbido,
eles ficaram sujeitos à morte, foram banidos do Jardim e o pecado foi transmitido a toda
a humanidade. Teólogos Federais geralmente inferem que Adão e Eva teriam ganho a
imortalidade caso tivessem obedecido perfeitamente.
Segundo pacto, chamado pacto da graça, é dito ter sido feito imediatamente após o
pecado de Adão e Eva. Nele, Deus graciosamente oferece a Salvação e da Morte, sob
condição de fé em Deus. Este pacto é administrado em formas diferentes em todo o
Antigo e Novo Testamento, mas mantém a substância de ser livre de uma exigência de
perfeita obediência.
4.3 – Deus
Com base na tradição cristã oriental, estes teólogos reformados propuseram uma
“Trindade Social”, onde as pessoas da trindade só existem em sua vida juntos como
pessoas-em-relação. Confissão reformadas contemporâneos como a Confissão de
Barmen e as Declarações da Igreja Presbiterana (EUA) tem evitado a linguagem sobre
os atributos de Deus e têm enfatizados seu trabalho de reconciliação e de capacitação
das pessoas. O teólogo reformado Michael Horton, no entanto, argumentou que o
Trinitarianismo Social é insustentável porque abandona a unidade essencial de Deus
em favor de uma comunidade de seres separados em comunidade.
Os cristãos acreditam que a morte de Jesus e ressurreição torna possível para os crentes
alcançar o perdão dos pecados e reconciliação com Deus por meio da expiação chamado
Expiação Substituta, o que explica a morte de Cristo como um pagamento de sacrifício
pelo pecado. Acredita-se que Cristo ter morrido no lugar do crente, que é considerado
justo, como resultado desse pagamento sacrificial.
4.5 - Pecado
Na teologia cristã, as pessoas são criadas boas e na imagem de Deus, mas se tornaram
corropidas pelo pecado, o que faz com que sejam imperfeitas e excessivamente auto-
interessadas. Cristãos reformados, seguindo a tradição de Agostinho de Hipona,
acreditam que esta corrupção da natureza humana foi causada por ocorrência do
primeiro pecado de Adão e Eva, uma doutrina chamada Pecado Original. Teólogos
reformados enfatizam que este pecado afeta toda natureza de uma pessoa, incluindo sua
89
vontade. Sob esta visão o pecado domina as pessoas de forma que são incapazes de
evitar o pecado, tem sido chamado de “Depravação Total”.
Em português, o termo “Depravação Total”, pode ser facilmente mal interpretado para
significar que as pessoas estão ausentes de qualquer bondade ou incapazes para fazer
qualquer bem. No entanto, o ensino reformado na verdade é que, enquanto as pessoas
continuava a suportar a imagem de Deus, podem fazer coisas que são exteriormente
boas, mas suas intenções pecaminosas afetam toda a sua natureza e pelo que eles não
são totalmente agradáveis a Deus.
5 – Interpretação Sociológica
O calvinista acredita que Deus é soberano em todas as coisas e portanto, o homem não
tem participação alguma na própria salvação, logo, Deus predestinou os seus
escolhidos para a salvação, uma vez que, a humanidade após o pecado não teria
condições de voltar ao criador por estarem mortos em seus pecados e delitos. O
calvinista não tem dúvidas de sua salvação, e nem por isso se acham um grupo seleto,
pelo contrário, o calvinismo atuou de forma forte na Reforma Protestante levando o
evangelho para todas as pessoas. cabe apenas a Deus o saber de todas as coisas e de
quem são seus eleitos. Os calvinistas seguem as Escrituras e prega a todos e seguem o
mandamento do Senhor Jesus de pregar o Evangelho. Sendo um bom cristão,
trabalhando muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, o calvinista faz tudo
pela glória de Deus. Com essa cosmovisão, por meio do trabalho a sociedade se
desenvolveu economicamente fazendo com que houvesse uma ligação com o
Capitalismo.
Ocorre que o uso das ideias calvinistas para alavancar da sociedade capitalista é
equivocadamente relacionado as ideias capitalistas intrínsecas ao calvinismo. Calvino
em sua obra afirma que a riqueza não tem razão de ser se não para ajudar aos que
necessitam, e critica a avareza ao dize que o fruto do trabalho só é digno se útil ao
próximo:
“Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu porém, deverias usar de humanidade para com
aqueles que padecem necessidades. És rico? Isso não é para tem bel prazer. Deve a caridade
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faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela acima de todas as questões do mundo? Não
é ela o vínculo da perfeição?”
“Condena o profeta a estes ladrões e assaltantes que lhe parecia deterem o poder de oprimir
a gente pobre e o pequeno trabalhador, uma vez que eram eles que tinham grande
abundância de trigo e grãos.... e o mesmo como se cortar sem a garganta dos pobres,
quando os fazem assim sofre fome.”
Mas o calvinismo se espalhou pelos países que estavam passando pelo processo da
Expansão Comercial. Entre eles os países eram: França, Holanda, Inglaterra e
Escócia. Isto atraíra vários comerciantes e banqueiros.
6 – Demografia
A família reformada de Igrejas é uma das maiores denominações cristãs. De acordo com
adherents, com os reformados/presbiterianos/congregacionais/igrejas Unidas
representam 75 milhões de crentes no mundo.
7 – Denominações Calvinistas
8 – Calvinismo no Brasil
a) França Antártica
A França Antártica foi uma tentativa de colonização francesa no território brasileiro (na
região do atual estado do Rio de Janeiro). Empreendido pelo vice-almirante Nicolas
Durand Villegaignon, o projeto iniciou-se com a chegada das naus francesas em 1555 e
durou até a expulsão definitiva em 1567. “Esse empreendimento contou com o apoio do
almirante Gaspar II de Coligny (faleceu em 24 Ago 1572), influente estadista e futuro
líder dos calvinistas franceses, os huguenotes”.
Este espírito de paz e tolerância, no entanto, não durou muito. Em virtude de questões
teológicas (que reproduziam as guerras religiosas que grassavam na Europa),
Villegaignon passou a perseguir os colonos huguenotes. Um personagem importante
desta mudança de atitude foi o ex-frade dominicano Jean de Cointac. Para ele “a
participação sacramental da ceia não devia obrigar a pessoa a ser cristã de confissão
calvinista e, por outro lado, dizia ele que o sacramento do batismo devia seguir o rito
católico romano”. Grupos de opiniões passaram, então, a se confrontar. Villegaignon
deixara de lado suas novas convicções calvinistas, pois numa carta à Igreja Reformada
de Genebra, assim se refere às doutrinas dos huguenotes: “esses delírios [a doutrina de
Charlier] nos agitavam turbos enormes e quanto mais cuidadosamente se discutia, mais
aparecia a vacuidade da doutrina”. A consequência foi primeira, a proibição dos cultos
dos Calvinistas, depois suas reuniões de oração e, por fim, a sua expulsão do Forte
Coligny.
descreveria suas experiências em seu livro história d’um Voyage faict em la terre du
Brésil (1578).
Com a passagem de um navio que seguiria para a França (o Les Jacques), os colonos
expulsos resolveram retornar a seu país. “mesmo não se opondo ao embarque,
Villegaignon enviou instruções secretas para serem entregues ao primeiro juiz em
França, dizendo para que se executassem os huguenotes como traidores e hereges”.
No entanto, estas instruções acabaram não servindo diretamente para alguns colonos,
pois ao perceber o risco de naufrágio, cinco deles – Jean du Bourdel, Martthieu
Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques Le Bolleur – voltaram à terra firme.
Villegaignon os aprisionou imediatamente e exigiu uma resposta, por escrito, em doze
horas, uma série de questionamento teológico. Os huguenotes presos ofereceram a
resposta por meio da redação de um documento conhecido como Confissão de Fé da
Guanabara.
Le Baleur chegou a São Vicente, onde pregou a fé cristã a partir do ponto de vista
calvinista. Foi detido, por insistência dos jesuítas, e levado a Salvador, então capital da
Colônia, ficando preso entre os anos de 1559 e 1567. Por fim, foi levado para o recém-
fundado Rio de Janeiro e, sob as ordens do governador Geral Mem de Sá, condenado à
forca. O carrasco, no entanto, recusou-se a executá-lo. Diante disso, o Padre Jesuíta José
de Anchieta e teria estrangulado com suas próprias mãos.
b) França Equinocial
“França Equinocial fora um empreendimento Católico que teve como principal chefe
um protestante: La Ravardière”.
A segunda fase das invasões holandesas foi uma colonização em todos os sentidos do
termo. Espalhando-se por grande parte do território nordestino, o Cristianismo
calvinista era a religião oficial durante o domínio holandês. No entanto, havia liberdade
95
9.3 – Organização
Os cultos eram simples, segundo o modelo litúrgico reformado. Dois serviços eram
realizados nos domingos: um culto às nove horas da manhã e uma celebração de
catequese no período da tarde. Frans Schaldwijk também apresenta um resumo da
liturgia calvinista no Brasil Holondês:
“O pastor iniciava o culto com o ‘votum’: “O nosso socorro vem do Senhor que fez o
céu e a terra”, saudando em seguida a igreja com “graça e paz a vós outros por parte de
Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo na Comunhão do Espírito Santo”. Em seguida
a igreja cantava alguns salmos de Davi e confessava seus pecados numa oração dirigida
pelo pastor. Logo após, a promessa de ‘perdão’, vinha a leitura dos dez mandamentos,
como norma para a vida de gratidão. Em seguida a outro cântico congregacional de um
salmo, vinha a pregação, que durava quase uma hora. (...). O culto se encerrava com
cântico, oração, benção apostólica e uma coleta para a diaconia”.
Segundo Schalkwijk, pode-se dividir a história da Missão Reformada junto aos ídios do
Nordeste do Brasil em três etapas: a preparação (1630-36), a expansão (1637-44) e a
conservação (1645-54).
Alguns dos que haviam embarcado para a Holanda após o fim da invasão na Bahia
retornaram para servirem como intérpretes dos missionários juntos aos nativos do
Nordeste Brasileiros. Passado cinco anos na Europa, e após aprenderem a ler e escrever,
estes índios (entre eles, Pedro Poti) foram os primeiros missionários protestantes
Brasileiros.
Igreja romana uma “igreja de Moanga” uma igreja falsa. Poucos anos depois, entretanto,
não restava nada da Genebra Brasileira.
11 – Protestantismo de Imigração
Com o decreto de abertura dos Portos, promulgado por Dom João VI em 1808, um
número grande de estrangeiros afluiu ao Brasil. Dentre estes, muitos eram protestantes
(em especial, os ingleses, anglianos em sua maioria). Outros tratados (como o de
Aliança e Amizade e o de comércio de navegação) traziam artigos que concediam
liberdade religiosa aos estrangeiros que aqui chegassem.
Somando-se estes fatores ao incentivo real à uma geração europeia, houve uma nova
chegada – depois de um século e meio – de protestantes em solo brasileiro. A esta
influência de protestantes, seja em razão do comércio, seja por colonização imigratória,
chama-se protestantismo de imigração.
A presença calvinista pode ser vista, também, no serviço de capelania dos marinheiros
estadunidenses ancorados no Brasil. Em 1851 e 1854, este posto foi ocupado pelo pastor
presbiteriano Rev. James Cooley Fetcher. Mesmo após abandonado o posto de
capelão, Fletcher continuou no Brasil, ocupando posição importante no processo de
inserção do protestantismo no país.
O primeiro missionário calvinista a organizar uma igreja formada por brasileiros foi o
médio e pastor escocês Ver. Robert Reid Kalley. Ele já havia servido como missionário
na Ilha da Madeira entre 1838 e 1846, aprendendo, por conta disso, a língua portuguesa.
Kalley e sua esposa Sarah chegaram ao Brasil em maio de 1855 e, no mesmo ano,
organizaram a primeira escola dominical em território Brasileiro. “Em 11 de julho de
1858, Kalley fundou a Igreja Evangélica, depois Igreja Evangélica Fluminense (1863),
cujo primeiro membro brasileiro foi Pedro Nolasco de Andrade”. A Igreja Evangélica
Fluminense (uma Igreja Congregacional, de doutrina calvinista) é a primeira Igreja
Protestante, fruto do trabalho missionário, brasileiro.
“No sábado, celebramos a Santa Ceia, e recebi por profissão de fé a Henry E. Milford
e a Cardoso Camilo de Jesus. Foi uma obra de gozo íntimo. Antes mesmo do que eu
esperava, Deus me deu os primeiros frutos de nossa missão. Sinto-me grato, mas julgo
que devia estar mais ainda. O culto de comunhão foi dirigido por Schneider e por mim,
em inglês e português. O Sr. Cardoso, o seu próprio pedido e de acordo com o que nós
mesmos, depois de muito pensar e hesitar tinha achado melhor, foi batizado. Seu exame
foi julgado mais do que satisfatório por Schneider e por mim, e não nos deixou dúvida
com respeito à realidade de sua conversão”.
99
12 – Indigenização
22 – CAPITALISMO
1 – Introdução:
b) Capitalismo e Globalização:
2 – Expansão do Capitalismo:
Como tendência geral, as antigas oficinas dos artesãos foram sendo substituídas pelas
fábricas, e novas máquinas tomaram o lugar de muitas ferramentas. Em lugar das
tradicionais fontes de energia – como água, vento e força muscular – passou-se a utilizar
também o carvão, a eletricidade e o petróleo.
Todas essas inovações tecnológicas somaram-se muitas outras, ao longo do século XIX,
como a utilização em larga escala do aço, a invenção da locomotiva elétrica, do motor a
gasolina, do automóvel, do motor a diesel, do avião, do telégrafo, do telefone, da
fotografia, do cinema e do rádio etc. o impacto dessas transformações ainda ecoa em
nossos dias.
Esses avanços reforçaram a confiança no poder da razão, gerada nos séculos anteriores,
levando cada vez mais ao entusiasmo com a ideia de progresso da humanidade e à
apologia da ciência como principal condutora no caminho para um mundo melhor.
Por “modo de produção”, devemos entender a maneira como se origina o processo pelo
qual o homem age sobre a natureza material para satisfazer as suas necessidades.
102
“Produzir é (...) trabalhar”, pondo “em movimento forças” que ajam sobre a natureza.
Estas forças variam com a história e com a sociedade. O trabalho é assim, não só “um
processo (...) entre um homem e a natureza”, mas “supõe uma força de sociedade”
realizando-se em certas “condições sociais”, as “relações sociais de produção”:
Segundo Karl Marx, “...na produção social da sua vida, os homens entram em
determinadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção
que correspondem a uma determinada etapa de desenvolvimento das suas forças
produtivas materiais”.
Quaisquer que elas sejam, as relações de produção assumem três funções seguintes:
4 – Meios de Produção:
5 – Alienação:
Entretanto, ao contrário de uma visão fatalista da história, em que essa situação ser
repetiria initerruptamente, Marx faz uso do Materialismo Dialético para demonstrar
como se daria a ruptura da ordem capitalista. O trabalhador, mesmo vivendo
individualmente essa dominação, enquanto integrante de uma classe social, poderia
tomar consciência dessa situação de opressão.
104
A parte daí se mobiliza enquanto classe para promover a sua verdadeira libertação,
através de uma revolução. Portanto, era da própria situação de exploração que nasceria a
força de classe operária. Para além da alienação econômica, há também a alienação
religiosa.
Influenciado por Feuerbach, Marx afirma que é preciso destruir a religião para que o
homem se recupere a si próprio, pois o único Deus do homem é o próprio homem. A
alienação religiosa faz com que o ser humano deixe de lutar pela melhoria da sua
condição social, acreditando estar em deus à justificativa para a desigualdade do mundo
capitalista. Assim sendo, é Deus quem decide quem é pobre ou rico, esvaziando de
sentido de luta contra a desigualdade.
Marx considera essa a principal das tarefas do movimento socialista, para se atingir o
comunismo; (...) comunismo com superação positiva da propriedade privada, enquanto
auto alienação do homem, ou seja, como apropriação real da essência humana por meio
de e para homem. Por isso, considera-o como regresso perfeito, consciente e dentro da
riqueza total do desenvolvimento atual do homem para si mesmo enquanto homem
social vale dizer, humano.
burguesa era equivalente a desvendar toda a lógica sobre o mundo burguês e, portanto,
contribuir para a revolução proletária.
23 – CATOLICISMO ROMANO
1 – Introdução:
A Igreja Católica afirma ser a única e verdadeira igreja de Cristo, alegando sua
existência desde o início do cristianismo, considerando inclusive se a Igreja que Jesus
Cristo fundou, tendo em Pedro, um dos seus discípulos, o seu primeiro papa.
O Catolicismo Romano pode ser encarado como uma religião tão falsa como as outras.
Infelizmente, nos últimos tempos, a Igreja Católica está usando uma estratégia que está
enganando a muitas pessoas. Trata-se do Ecumenismo que tem como principal
finalidade enredar todos os credos na teia católica e que tem sido aceito até mesmo por
alguns evangélicos despercebidos.
É o maior ramo do cristianismo e o mais antigo como Igreja organizada. Com sede no
Vaticano, a Igreja Católica (do grego Katholikos, universal) estrutura-se em dioceses,
dirigidas por bispos subordinados ao papa, considerado sucessor do apóstolo Pedro. O
atual papa, Francisco, é o argentino Jorge Mario Bergoglio (1936), que assume o posto
em 2013 depois da renúncia de Bento XVI.
No Brasil, para onde foi trazida pelos colonizadores portugueses, a Igreja Católica
permanece unida ao Estado até 1890. O país tem o maior número absoluto de católicos
no mundo: 123,2 milhões, de acordo com o Censo de 2010 do IBGE.
2 – Histórico:
evangelizar os gentios com grande ardor missionário. Um exemplo disso está na própria
igreja de Antioquia que enviou a Barnabé e a Paulo.
Até aí, as igrejas eram autônomas e não tinha nenhuma forma de governo eclesiástico.
Admitiam serem guiadas e orientadas pelo Espirito Santo, o Consolador prometido por
Jesus. Respeitavam as orientações dos apóstolos e não reconheciam líder algum sobre
eles que tivesse a incumbência de representar a Cristo quer espiritualmente, quer
administrativamente, papel atribuído ao próprio Espírito Santo.
Muitas perseguições vieram de encontro aos cristãos, começando com Nero (54 a 68
A.D.), Imperador Romano, até o ano 311, quando apareceu o Édito de tolerância,
publicado por Galério, Imperador Romano no oriente, reconhecendo a insânia da
perseguição aos cristãos.
Em 323, Constantino passou a dominar todo o Império Romano, uma vez que o império
do ocidente havia caído. Esse imperador revolucionou a posição do cristianismo em
todos os aspectos. Primeiramente, proporcionou igualdade de direitos a todas as
religiões, e depois, passou a fazer ofertas valiosas ao cristianismo, construindo igrejas,
isentando-o dos impostos e até mesmo sustentando clérigos.
O Concílio de Nicéia, na Ásia Menor (325 AD), presidido por Constantino, bem como
os outros que lhe sucederam, eram compostos de todos os bispos, alguns nomeados pelo
Imperador, outros que se autonomeavam e outros que eram nomeados por líderes
religiosos das diversas comunidades.
católica e apostólica” – daí por diante inserida no símbolo dessa fé. A Igreja ortodoxa e
as igrejas reformadas também admitem essa qualificação.
Roma teve muitos bispos, entretanto o primeiro a sustentar e defender sua autoridade,
exercendo o direito de impor suas ordens aos bispos de toda a parte, foi Leão I (440-
461) que pode ser considerado o primeiro papa do Catolicismo Romano.
Os santos passaram a ser considerados como pequenas divindades, cuja intercessão era
valiosa diante de Deus. Surgiu a veneração de relíquias e até mesmo de lugares. Antes
do ano 500 o culto da virgem Maria já estava vitorioso. O paganismo romano teve
grande influencia na formação do culto católico; daí dizer-se católico-romano.
São tantas as diferenças entre a Igreja Católica e a Igreja Evangélica, que precisaríamos
escrever alguns volumes para estabelecê-las. Apresentaremos resumidamente alguns
conceitos da fé católica, comparando-os com o conceito da fé protestante, de acordo
com a Bíblia, mostrando a falsidade dos ensinamentos católico-romanos.
a) Igreja Católica
Aceita como canônicos (inspirados) livros que não constam do cânon hebreu;
- as tradições;
- os escritos dos “pais da igreja”;
- os ensinos da própria Igreja Católica;
- os ditames infalíveis do papa.
b) Igreja Evangélica
a) Igreja Católica
Diz que é a única e verdadeira igreja e que fora dela não há salvação;
Diz que foi fundada sobre Pedro, a rocha;
Diz que é a única que tem os sinais da verdadeira igreja: que é santa, uma,
católica, apostólica e romana.
b) Igreja Evangélica
Compõe-se de todos os que estão unidos em Cristo por uma fé viva nele como o
Filho de Deus e Salvador do homem, sem outros intermediários;
Crê que Jesus é o único salvador e o único mediador entre Deus e o homem;
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Não está disposta a aceitar as ideias católicas e nem tampouco reclama algum
título para si.
a) Igreja Católica
Diz ser apostólica, fundada por Pedro e prega suas doutrinas baseando-se no fato
de ter sido fundada por Pedro e outros apóstolos;
Aceita doutrinas baseadas em interpretações daqueles que chama “pais da
igreja”, ou dos papas.
b) Igreja Evangélica
24 – CETICISMO
1 – Definição:
A Possibilidade do Conhecimento
110
a) Ceticismo:
Nada existe. Mesmo se existisse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la; “concedido
que algo exista e que podemos conhecer não o podemos comunicar aos outros. Essas
três proposições, atribuídas a Górgias (sec. IV, a.C.), um dos representantes da sofística,
exemplificam a postura conhecida como ceticismo.
Naquele mesmo século, outro grego chamado Pirro, acompanhando Alexandre Magno
em suas expedições de conquista, conheceu muitos povos com valores e crenças
diferentes. Como geralmente fazem os céticos, deve ter confrontado a diversidade das
convicções que animam os homens, bem como as diferentes filosofias tão
contraditórias, abstendo-se no final de abrir a qualquer certeza.
Skeqtikós, em grego, significa “que observa”, “que considera”. O cético tanto observa
quanto considera que conclui, nos casos mais radicais, pela impossibilidade; e nas
tendências moderadas, pela suspensão provisória de qualquer juízo.
25 – CINISMO
1 – Introdução:
A palavra cinismo vem do grego kynos, que significa “cão”; cínico, do grego kynicos,
significa “como um cão”. Assim, o termo cinismo designa a corrente dos filósofos que
se propuseram viver como os cães da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto.
111
Levavam ao extremo a tese socrática de que o ser humano deve procurar conhecer a si
mesmo e desprezar todos os bens materiais. Por isso, Diógenes de Sínope (413-327
a.C.), o pensador mais destacado dessa escola, é conhecido como o “Sócrates demente”,
ou o “Sócrates louco”, pois questionava os valores e as convenções sociais de forma
radical e procurava levar uma vida estritamente conforme os princípios que considerava
moralmente corretos.
Há muitas histórias de sabedoria e humor sobre Diógenes. Uma delas conta que ele
morava em um barril e que, certa vez, Alexandre Magno foi visitá-lo. De pé em frente à
“casa”, Alexandre perguntou-lhe se havia algo que ele, como imperador, poderia fazer
em seu benefício. Diógenes respondeu prontamente: “Sim, podes sair da frente do meu
sol”. Diz a lenda que Alexandre, impressionado com o desprezo do filósofo pelos bens
materiais, teria comentado: Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes”.
26 – CLASSICISMO
1 – Introdução:
A literatura clássica sofreu profunda influencias das ideias do filosofo grego Platão, que
incentivava o homem a se afastar do universo restrito dos sentidos e tentar alcançar as
formas puras, elevadas, verdadeiras, que somente a razão poderia oferecer.
2 – autores e poetas:
27 – COMUNISMO
1 – Introdução:
Socialismo e Comunismo.
O Estado burguês deve ser destruído e a propriedade privada dos meios de produção
deverá ser suprimida. Deve ser instaurada a ditadura do proletariado, para evitar a
contrarrevolução. Esta primeira fase é o socialismo, cujo lema é: “De cada um,
segundo sua capacidade, a cada um segundo seu trabalho”.
2 – A Revolução Russa
Na virada do século XX, a Rússia ainda era um Estado feudal. O Czar Nicolau II
governava, assim como fizeram seus ancestrais, como um monarca autocrático,
sustentando-se em uma burocracia ampla e ineficiente. Sua vontade era imposta pela
polícia do Estado. E pelo Exército e seus oficiais controlavam a educação e censuravam
a imprensa. Dissensões eram impiedosamente abafadas. A situação era bastante
favorável para uma revolução.
A maioria dos súditos russos era de camponeses pobres, controlados por latifundiários
nomeados pelo governo. Apesar da abolição da servidão (sujeição dos camponeses às
classes proprietárias) em 1861, os camponeses ligavam-se fortemente à terra por um
sistema comunal de arrendamento.
Contudo, cada vez mais camponeses migravam para as cidades, pois a Rússia iniciara
um rápido processo de industrialização na primeira década do século XX auxiliado por
capital ocidental, especialmente francês. A vida para cerca de 15 milhões de operários
era dura. A moradia e as condições de trabalho nas fábricas eram ruins, propiciando o
aparecimento de partidos radicais e revolucionários. Os dois mais importantes era o
Partido Social Revolucionário (PSR) e o Partido Social Democrata (PSD). O líder deste
último era Vladimir Slitch Ulianov, mais conhecido como Lênin (1870-1924).
3 – As Raízes da Revolução
Em 1904-5, a Rússia entrou em guerra com o Japão e foi derrotada. Antes disso, a
inquietação social já crescia nas áreas urbanas e rurais. A derrota para os japonês
precipitou a revolução. No domingo sangrento (22 de janeiro de 1905), tropas abriram
fogo contra uma manifestação pacífica próxima ao palácio de inverno do Czar em São
Petersburgo. Cerca de 1000 pessoas – incluindo mulheres e crianças – morreram.
Seguram-se, então, uma greve geral, revoltas camponeses nas áreas rurais, tumultos,
assassinatos, motins do exército. Em outubro de 1905, o Czar permitiu a eleição de uma
Duma, o parlamento, o que trouxe os reformadores políticos moderados para o lado do
governo, conseguindo suprimir a revolta.
As primeiras duas dumas foram radicais na opinião do Czar e, em 1907, uma Duma
conservadora foi eleita após mudanças eleitorais. Algumas reformas ocorreram no
governo dos principais ministros Petr Arckadievich Stolypin (1863-1911), que tolheu o
poder dos latifundiários e criou uma pequena classe de camponeses proprietários de
terra. Contudo, Stolypin era malquisto tanto pela esquerda quanto pela direita e
terminou sendo assassinado.
114
A I Guerra Mundial colocou a sociedade russa sob enorme pressão. Após três anos de
guerra, o exército havia sofrido oito milhões de baixas e mais de um milhão de homens
haviam desertado. A inflação estava galopante e os camponeses passaram a não mandar
seus produtos para as cidades, o que levou à escassez de alimentos. O respeito pelo
governo imperial – dominado pelo corrupto e libertino monge Grigori Efimovich
Rasputin (c. 1872-1916) – havia desaparecido e a propaganda política revolucionária
espalhou-se entre soldados e trabalhadores.
4 – Lênin e os Bolcheviques
Lênin estudara as idéias de Karl Marc e tentava substituir o capitalismo por um Estado
operário comunista. Decidiu que o povo russo precisava da liderança de uma elite
educada e dedicada. Seus adversários, no partido social democrata, que queriam um
partido para as massas, foram chamados de Mencheviques (ou a minoria), embora na
verdade os seguidores de Lênin, os bolcheviques (ou a maioria), formassem o menor
grupo.
Quando a revolução de março começou, Lênin estava exilado na Suíça, mas, em abril de
1917, os alemães auxiliaram sua volta à Rússia em um trem lacrado. Passou a planejar a
queda do governo provisório, que decidira continuar a guerra contra a Alemanha e
estava sendo lento na introdução da reforma agrária. A promessa de Lênin de “Pão, Paz
e Terra” conquista muitos para a causa bolchevique. Depois de tomar o poder em
novembro de 1917, Lênin passou a atacar grupos socialistas rivais usando o cheka
(polícia secreta) como arma e executou o Czar deposto e sua família.
Os bolcheviques foram forçados a aceitar uma dura paz com os alemães em Brest-
Litovsk em março de 1918, mas isso os permitiu concentrar esforços na guerra civil que
começara na Rússia. Os “vermelhos” opunham-se aos “Brancos” – uma coalização de
democratas, socialistas e racionários unidos só pela oposição a Lênin – e aos exércitos
enviados pela Grã-Bretanha, França, Japão e Estados Unidos.
Contudo, as diversas facções brancas não conseguiram coordenar sua estratégia e foram
paulatinamente derrotadas pelo exército vermelho criado por Leo Trotsky (1879-1940).
Em meados dos anos 20, ficou claro que os bolcheviques haviam triunfado. A Rússia
foi, então, atacada pela Polônia, que tinha objetivo de tomar territórios da parte
ocidental. O exército vermelho resistiu e conseguiu avançar ate Varsóvia antes de sofrer
115
uma derrota no rio Vístula. Durante a guerra civil, o exercito vermelho reconquistou
também várias áreas não-russas do ex-império czarista que haviam formado suas
próprias repúblicas em 1918. A união das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi
formalmente criada em 1922.
A morte de Lênin em 1924 iniciou uma batalha pelo poder entre seus sucessores. Em
1929, Joseph Stalin emergiu vitorioso, permanecendo líder absoluto até sua morte, em
1953. Seu maior rival, Trotsky, defendera a expansão da revolução por toda a Europa.
Em meados dos anos 20, Trotsky saíra do poder, sendo exilado no México, onde foi
morto em 1940 por um comunista espanhol, talvez a mando de Stalin.
O primeiro dos planos quinquenais para melhoria da indústria pesada soviética também
começou em 1928. Geralmente, os alvos eram ambiciosos demais; contudo, a indústria
soviética começou a alcançar o ocidente.
Como nos dias pré-revolucionários, um crescimento industrial tão rápido causou muitas
dificuldades. O padrão de vida caiu e a força de trabalho industrial dobrou para 6
milhões; os oficiais soviéticos não hesitaram em punir a subprodução com o
aprisionamento em campos de trabalho.
116
6 – URSS e a Europa
Embora os governos europeus temessem que a URSS espalhassem a revolução por seus
países, os soviéticos desempenharam um papel relativamente pequeno nos assuntos
europeus nesse período. O tratado de Rapall de 1922 uniu a URSS à Alemanha, mas,
com ascensão de Hitler, os soviéticos começaram uma dura guerra de propaganda
política contra os nazistas.
28 – CONCEPTISMO
Definição:
Corrente literária barroca, mais associada à prosa, que valoriza a apreensão do conceito
(sinônimo Cultismo).
29 - CONCRETISMO
Conceito:
Movimento na música erudita e nas artes plásticas que surge na Europa nos anos 1950.
Prega a elaboração formal precisa, com foco na racionalidade, em obras que
ambicionam acabar com a distinção entre forma e conteúdo.
Os precursores são o suíço Max bill, nas artes plásticas, e, na música, o francês Pierre
schaeffer. Na literatura, a primeira manifestação ocorre no Brasil, com o grupo
noigandres, formado pelos poetas augusto de campos, Haroldo de campos e Décio
Pignatari.
117
30 – CONSTRUTIVISMO
1 – Introdução:
Escola das artes plásticas, do cinema e do teatro que ocorre basicamente na Rússia logo
após a revolução russa, em 1917. Defende a arte funcional, que deve atender as
necessidades do povo e divulgar os ideais revolucionários. Nas artes plásticas, o
pioneiro é o pintor vladimir tatlin. No cinema, o grande nome é o cineasta russo serguei
eisenstein.
2 – Arte Moderna
3 – Método Construtivista
31 – CRIACIONISMO
(veja tópico 46 sobre evolucionismo)
Conceito:
O criacionismo é uma teoria que tenta explicar a criação do homem. Embora, ela não
possa ser comprovada em laboratório, a coincidência para por aí, pois na abordagem
que se faz ela possui características próprias. A Bíblia, especificamente no livro de
Gênesis, narra a história da origem de tudo que há ao nosso redor, como o sol, as
estrelas e os seres vivos. O primeiro versículo da Bíblia diz: “No princípio criou Deus
os céus e a terra”. E essa é a ideia central do Criacionismo: Deus criou todas as coisas,
inclusive o homem.
A mitologia grega atribui a origem do homem ao feito dos titãs Epimeteu e Prometeu.
Epimeteu teria criados os homens sem vida, imperfeitos e feitos a partir de um molde de
barro. Por compaixão, seu irmão Prometeu resolveu roubar o fogo do deus Vulcano para
dadr vida à raça humana. Já a mitologia Chinesa atribui a criação da raça humana à
solidão da deusa Nu Wa, que ao perceber sua sombra sob as ondas de um rio, resolveu
criar seres à sua semelhança.
Desta forma, caba a cada julgar e adotar, por meios de critérios pessoais, a corrente
explicativa que lhe pareça mais plausível.
32 – CRISTIANISMO
1 – Introdução:
O Cristianismo é uma religião que tem raízes no Judaísmo, mas que se estendeu muito
além daqueles limites, pois abrange muitas culturas e nações e é de maneira ampla a
maior crença do mundo inteiro. Onde tem penetrado, tem elevado os padrões sociais e
educacionais. Quase uma em cada três pessoas identifica-se de alguma maneira com o
Cristianismo. Assim como o Judaísmo e o Islamismo, o Cristianismo teve sua origem
no Oriente Médio. Apesar disso, seu desenvolvimento histórico e sua influência têm
sido principalmente no Ocidente e dele os povos ocidentais derivam seus ideais da
justiça, da liberdade e da oportunidade.
O fundador desta crença foi um homem de baixa condição social. Durante sua vida, era
desconhecido fora do cantinho do Império Romano onde viveu e morreu. Nunca
possuiu um lar, nem teve família. Tinha poucos bens terrestres e pouquíssimo dinheiro.
Usava roupas singelas, andava por estradas poeirentas, pescava com barco emprestado e
usou o lanche de um menino para alimentar uma multidão. Tirou uma moeda da boca de
um peixe para pagar o imposto do templo. Dava vida e esperança àqueles que entravam
em contato com ele. Não edificou nenhum templo, nem escreveu livro algum. Não fez
nada de mau, não quebrou nenhuma lei, mas morreu em uma cruz como criminoso e foi
sepultado em túmulo emprestado. Mas agora, a maior parte do mundo data as moedas,
os calendários e a correspondência segundo a data de seu nascimento. Quem é ele? É
Jesus Cristo, o filho de Deus.
1.1 – Cristianismo:
O Cristianismo é a religião que conta com o maior número de fiéis no mundo. Com
origem na doutrina judaica, tem início com as pregações de Jesus Cristo, no século I, na
região da Palestina. Após sua morte, seus apóstolos (enviados, em grego) difundem a
doutrina nas regiões do Mediterrâneo. O credo ganha força no século IV, quando o
Império Romano faz dele sua religião oficial. A partir do século XV, as grandes
navegações europeias disseminam a fé cristã pelo planeta.
O cristianismo tem por livro sagrado a Bíblia e professa que o Deus criador envia a terra
seu filho, como Messias (Cristo, em grego), o salvador. Após morrer na cruz, em favor
dos homens, que haviam perdido a graça divina no início da criação do mundo, Cristo
ressuscita e oferece a salvação e a vida eterna aos que se reaproximarem de Deus e
seguirem seus preceitos.
120
2 – Histórico do Cristianismo
a) Conhecendo o Cristianismo;
O Cristianismo é a religião de Jesus Cristo. Cristo é a versão grega da palavra
judaica Messias ou “ungido”, e o nome dado a Jesus pelos seus discípulos. O nome
Jesus é a forma grega da palavra hebraica Joshua ou da palavra aramaica Yeshua.
Condições Históricas:
Bem pouca coisa é conhecida a respeito da infância de Jesus. A mãe dele era
esposa de um carpinteiro em Nazaré, e Jesus foi treinado na mesma profissão até
chegar aos trinta anos de idade. João Batista, seu primo, tinha começado a pregar
que o reino de Deus estava próximo e batizava as pessoas como sinal deste fato.
Jesus foi para o rio Jordão para ser batizado por João e, enquanto Ele saía da
água, uma voz do céu declarou que ele era o filho de Deus. Então, o Espírito
levou Jesus para o deserto onde ele jejuou durante quarenta dias e neste período,
foi tentado por satanás. Foi uma tentação tríplice:
Jesus resistiu a cada uma dessas tentações e saiu vitorioso com um conceito nítido da
sua missão e do seu messianismo. A partir de então, começou a pregar as “Boas Novas”
às pessoas. Tratava-se delas arrependerem-se dos seus pecados e crerem nele. Desta
maneira, podiam ter a vida eterna.
Os eventos do primeiro ano do ministério de Jesus incluem seu batismo e sua tentação,
a chamada dos seus primeiros discípulos, a transformação da água em vinho, a
purificação do templo, o ministério na Judéia, o encontro com Nicodemos, e a prisão de
João Batista.
O terceiro ano do ministério de Jesus começou na Galileia. Depois, ele foi para o sul,
em direção a Jerusalém, onde passou três meses. Durante algum período de tempo, ele
ficou fora da Galileia – em Tiro e Sidom, na Peréia e em Cesaréia de Felipe – antes da
viagem final até Jerusalém. Alguns eventos importantes foram: a confissão de fé pelos
122
b’) Conflitos
Jesus era uma ameaça aos líderes estabelecidos pela religião judaica. Ele não
considerava as barreiras sociais, convivia com os publicanos, com os pecadores
e tinha as mulheres em alta estima. Inverteu os padrões geralmente aceitos, com
ditados tais como: “os primeiros serão os últimos, e os últimos, os primeiros”.
Não desprezava os vizinhos samaritanos, um povo minoritário, não
considerando, de sangue misto. Na realidade, o herói de uma das histórias mais
famosas de Jesus foi um samaritano, ao passo que os “vilões” vieram dos líderes
religiosos judaicos. Jesus louvava a fé demonstrada por certos gentios, em
contraste com os judeus.
Jesus foi crucificado numa colina pequena fora de Jerusalém, chamada Calvário, uma
palavra em Latim que significa “caveira”, ou em aramaico “Gólgota, com o mesmo
significado”. A crucificação era o método romano de executar escravos e rebeldes.
Quando Jesus morreu, houve segundo diz Lucas 23.44, trevas sobre a terra desde o
meio-dia até às quinze horas. Mateus diz que o véu do templo foi rasgado de cima a
baixo, houve um terremoto e alguns sepulcros foram abertos. Antes do pôr do sol,
momento em que o sábado começaria, um rico ancião dos judeus forneceu um sepulcro
novo para sepultar o corpo de Jesus. E assim ele foi sepultado num sepulcro
emprestado.
123
Mas ao terceiro dia, Jesus ressuscitou dentre os mortos, apareceu a Maria Madalena,
depois aos discípulos e, posteriormente a quinhentas pessoas (1 Co 15.3-8). Jesus
permaneceu com os discípulos durante quarenta dias no seu estado ressurreto e
explicou-lhes o significado da sua vida, da sua morte e da sua missão. Depois, ele os
deixou e foi elevado numa nuvem para voltar ao Pai (At. 1.1-11). Os discípulos
reuniram-se num cenáculo, a fim de orarem pela vinda do Espírito Santo, que Jesus lhes
prometera. Depois de dez dias, o Espírito Santo desceu e batizou-os na sua plenitude,
dando-lhes poder e capacitando-os para sua grande tarefa de evangelização. Este
grandioso evento a vinda do Espírito Santo, é chamado O Dia de Pentecoste.
Começaram, então a pregar que Jesus ressuscitou e que era Senhor e Salvador. A
ressurreição de Jesus ainda é o enfoque da pregação cristã.
Paulo referia-se aos cristãos como a ecclesia, os que foram “chamados para
fora”. Também os chamava o “Corpo de Cristo”. A palavra ecclesia é usada na
tradução grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta (LXX). Significa
“assembleia, congregação” ou “povo de Deus”. No Novo Testamento refere-se à
assembleia total ou a um grupo local de cristãos, como por exemplo: “a igreja
em Antioquia” (At. 13.1). Refere-se a um corpo que tem muitos membros e não
ao edifício da igreja (1 Co 12.13-27; Ef. 4.16). Já no fim do século I d.C., grupos
de cristãos estavam espalhados ao redor do Mediterrâneo inteiro. No século II,
estenderam-se para o Egito, a África do Norte e a Gália.
b) Crenças do Cristianismo
Os elementos da teologia cristã foram dados em forma breve por Jesus, porque
conforme ele explicou seus seguidores não conseguiram aprender mais do que isso.
Estes temas, porém foram expandidos por apóstolos tais como Paulo, Pedro e João, e
estão registrados nas Epístolas do Novo Testamento. Muitos dos ensinamentos de Jesus
são éticos, ao passo que boa parte da doutrina de Paulo é teológica. Jesus fez muito uso
124
O tema de muitas parábolas era o reino de Deus (Mt 13), como entrar nele (Jo
3.5) e como mantê-lo firme no coração (Lc 8.1-15). A mensagem primária de
Jesus era que o reino de Deus estava próximo ou perto (Mc 1.15). Os
Evangelhos apresentam Jesus como o rei enviado por Deus (Lc 1.32-33). Por
exemplo, ele entrou em Jerusalém como Rei da Paz, montado num jumento, um
símbolo da paz (Mt 21.4,5). Seu desejo é ser rei nos corações das pessoas. O rei
ensinava as pessoas a amarem-se mutuamente (Jo 13.34). Ele voltará, em poder,
no fim desta era e estabelecerá seu reino visível na terra (Mc 9.1; Lc 21.27).
a) O Messias
A palavra Messias provém do Hebraico, que significa “Ungido”. Os hebreus
ungiam três tipos de pessoas: rei (1 Sm 10.1), sacerdotes (Lv 4.3; 8,30) e
profetas (Sl 105.15). A promessa do Messias estava vinculada ao Filho de Davi,
cujo reino duraria para sempre (2 Sm 7.12-16). Jesus não ensinava diretamente
que Ele era o Messias, mas aceitou as palavras que André dirigiu a Pedro:
“Achamos o Messias” (Jo 1.41). Quando a mulher samaritana disse que o
Messias havia de vir, Jesus lhe disse: “Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo 4.26).
Quando o sumo sacerdote lhe perguntou se Ele era o Cristo, Ele respondeu: “Eu
o sou” (Mc 14.61,62).
b) O Filho de Deus
Nenhum outro fundador de uma religião declarou ser o Filho de Deus, nem
sequer um ser divino, mas os cristãos acreditam que Jesus é Deus exatamente
como Ele disse. Ele é declarado Deus na carne por: aquilo que fazia e aquilo que
dizia, e aquilo que era. “Andou fazendo o bem” (At 10.38). “Nunca homem
algum falou assim como este homem” (Jo 7.46). “Vimos a sua glória” (Jo 1.14).
Perto do fim do seu ministério, Jesus perguntou aos seus companheiros mais
íntimos quem o povo acreditava que Ele era. Jesus louvou Pedro pela sua
resposta, e declarou que lhe tinha sido revelado por Deus, e esta confissão tem
sido a pedra fundamental da igreja cristã: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”
(Mt 16.16).
c) A Trindade
Antes de Jesus deixar a terra, prometeu o Espírito Santo, outro consolador, que
tomaria as coisas de Deus e as revelaria aos discípulos. Disse que o Espírito
convenceria o mundo do pecado, que levaria o povo de Deus para toda a
verdade, e dar-lhe-ia poder para testemunhar em todo o mundo (Jo 14.16-18, 26;
15.26; 16.7-14). O Espírito Santo é Deus, o agente de Cristo no mundo hoje. O
Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas em uma só. Cada pessoa
demonstra as qualidades da personalidade e da deidade em igualdade perfeita, e
é manifestada sem confusão, a perfeita unidade na trindade. Isto é um mistério
para nossas mentes finitas, mas a trindade representa a manifestação do Deus
126
d) Os Credos da Igreja
A teologia da igreja já foi sujeita a muitas disputas no decurso dos séculos, e os
líderes eclesiásticos têm procurado formular credos que expressam a crença dos
cristãos. O Credo dos Apóstolos foi um dos primeiros a serem propostos. Cerca
de 185 d.C. Irineu, bispo de Leão na Galileia, publicou um livro no qual
defendeu a fidelidade à doutrina dos apóstolos nos Evangelhos e nas Epístolas.
A Igreja em Roma adotou o credo para defender a fé contra os gnósticos e
Marcião, que estavam ativos naquele período. Na sua forma primitiva, o credo
dizia:
Creio em Deus Pai Todo-Poderoso; e em Jesus Cristo seu único
Filho, nosso Senhor, o qual nasceu da virgem Maria, padeceu sob o
poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, e está sentado à mão
direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir a julgar os
vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja, na
remissão dos pecados, e na ressurreição do corpo.
a) O Homem e o Pecado
Os cristãos acreditam que o homem foi criado inocente, mas porque Adão, o
cabeça da raça caiu, o pecado entrou no mundo. Agora, todas as pessoas nascem
numa condição pecaminosa, e porque todas nascem no pecado – têm a natureza
pecaminosa – cometem o pecado. Por isso, toda pessoa será julgada pelo seu
próprio pecado, e não aquele de Adão (Rm 3.12,23; 5.17-19). O pecado é a falta
de conformidade com a lei de Deus ou a rebelião contra esta lei (1 Jo 3.4), é a
injustiça (1 Jo5.17). E a falta de fé (Rm 14.23), e é conhecer o bem, mas não
praticá-lo (Tg 4.17). os atos de pecados que as pessoas cometem são expressões
das suas naturezas pecaminosas, que fazem separação entre elas e Deus. A
penalidade ulterior pelo pecado é a morte. O homem estará eternamente
separado de Deus, se não pagar a penalidade pelo pecado.
127
b) A Salvação
Deus, porém, proveu uma maneira de vencer a separação entre Ele e o homem.
É a chamada “expiação”, que nos une de novo com Deus. Mediante o sacrifício
de Cristo como o Cordeiro da Páscoa, Ele forneceu a redenção, o resgate da
escravidão e a salvação. Sendo que o salário do pecado é a morte, o homem
merece morrer pelos seus pecados. Mas Jesus, como substituto do homem,
tomou sobre si o castigo pelo pecado, e satisfez as exigências justas de Deus. Ele
pagou a penalidade pelo pecado (Is 53.5; 2 Co 5.21), sua morte e ressurreição
pagaram o preço integral. “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou
para nossa justificação” (Rm 4.25).
Como, pois, o homem recebe para si esta salvação? Paulo disse: “Porque, se pela
ofensa de um só [Adão], a morte reinou por este, muito mais os que recebem a
abundancia da graça... reinarão em vida por um só – Jesus Cristo” (Rm 5.17).
Lemos, também, em João 1.12: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus”. A resposta, portanto, é recebermos o
Senhor Jesus Cristo em nosso coração. Em outros trechos, somos informados
que deve haver confissão e rejeição do pecado, e a decisão de andar no caminho
de Cristo (1 Jo 1.9; Rm 10.9,10). Aqueles que confessam os seus pecados e
aceitarem a Jesus, não somente recebem a salvação, como também serão
ressuscitados para uma nova vida quando Jesus voltar.
c) A Cruz
A cruz veio a ser o símbolo do Cristianismo, porque a morte de Jesus é o
enfoque central da salvação. Se Jesus não tivesse morrido, o pecado não teria
sido removido, e Jesus teria sido mero homem, como qualquer outro fundador
de uma religião. “Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as
primícias dos que dormem... Porque, assim como todos morrem em Adão, assim
também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo
as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15.20-23).
d) A Escatologia
Na escatologia cristã, ou doutrina das últimas coisas, existe a crença na volta
pessoal do Senhor Jesus Cristo. Há muitas interpretações do cronograma e dos
eventos envolvidos nesta volta. Mesmo assim, a maioria crê que Ele virá para
reinar sobre o mundo, para julgá-lo, e para criar novos céus e nova terra. Com a
sua vinda, a oração dos cristãos durante quase dois mil anos: “Venha o teu
reino” será respondida no seu sentido integral.
Os eventos dos tempos do fim não estão declarados na Bíblia numa sequencia
rigorosa. Muitos cristãos evangélicos acreditam, no entanto, que a vinda de
Cristo é dividida em duas fases: o arrebatamento (ou trasladação para o céu) do
corpo (1 Ts 4.17), e a revelação de Jesus Cristo em poder e em glória (Mt
24.29,30). Entre os dois eventos há um período de perseguição, a Grande
128
Embora talvez não concordemos quanto a sequencia dos eventos do fim dos
tempos, nem entendamos exatamente quando e como ocorrerá, nossa
responsabilidade é levar as boas novas da salvação ao mundo inteiro e fazer os
preparativos para a eternidade. Devemos ter consciência de que, visto que Jesus
vem de novo, é nossa responsabilidade estarmos prontos para o encontro com
Ele (Mt 24.42-44; 1 Jo 3.3).
a) Lugares Sagrados
Conforme dissemos anteriormente, a palavra igreja era empregada orginalmente
para as pessoas que seguiam a Cristo. No decorrer do tempo, porém, a palavra
veio a referir-se menos às pessoas e mais aos templos, onde estas se reuniam. Os
primeiros cristãos, sendo judeus, reuniam-se nas sinagogas judaicas. À medida
que o evangelho passou a serem extensivos aos gentios, os crentes começaram a
reunir-se nos lares. Séculos mais tarda, igrejas e catedrais magníficas foram
construídas. No século XX, a tendência é construir templos enormes com mais
capacidade de acomodação para as pessoas, mas com menos ornamentações que
as catedrais antigas. Existe também, uma distinção entre as plantas e os
propósitos dos católicos e dos evangélicos. Os católicos têm igrejas com
enfoque de atenção no altar e no sacramento da comunhão, ao passo que as
igrejas evangélicas enfatizam a posição do púlpito, para focalizar a pregação da
Palavra de Deus.
b) Pessoas Sagradas
No Cristianismo, Deus forneceu condições para o crescimento e a maturidade
dos crentes, à medida que servissem a Ele. O meio é através das pessoas que Ele
chamou e capacitou para as funções especiais de liderança. A igreja reconhece
os dons e a vocação dessas pessoas. Paulo alistou as pessoas existentes na igreja,
com seus respectivos propósitos (Ef 4.11-16). Indicou também a existência de
outros ofícios de liderança na igreja, com suas qualificações e deveres, nas suas
cartas a Timóteo e Tito.
c) Práticas Sagradas
Tornamo-nos parte do corpo de Cristo, a Igreja, ao confessarmos Jesus como
Senhor. Como testemunho diante do mundo, quanto a esta experiência espiritual,
o crente é batizado na água. Este batismo simboliza a morte da velha natureza e
129
Outro ato sagrado é a Ceia do Senhor, em que os elementos pão e vinho são
símbolos do corpo partido e do sangue derramado de Cristo (1 Co 11.17-29).
d) Dias Festivos
As festas cristãs são celebrações da obra de Deus em Cristo que são relembradas
pelos cristãos todos os anos. Muitos grupos de igrejas celebram três eventos
principais todos os anos:
a) O Natal. Celebrado no dia 25 de dezembro, o natal representa o aniversário
de Cristo. Os cristãos reconhecem que não se sabe com exatidão a data do
nascimento de Cristo; mas o fato real é mais importante do que a data;
b) Domingo de Páscoa. Os cristãos também celebram o domingo de Páscoa,
que representa o dia em que Jesus ressuscitou dentre os mortos. É o evento
mais importante da cristandade. É um retrato de quando Jesus passa a viver
no coração da pessoa;
c) Domingo de Pentecoste. O terceiro dia que os cristãos celebram é o domingo
da Pentecoste, que relembra a vinda do Espírito Santo sobre a igreja.
Assim como no caso do Antigo Testamento, o Novo Testamento não foi escrito pelo
fundador. Jesus, na realidade, não deixou nenhum registro escrito, e somo informados a
respeito de uma só ocasião em que Ele escreveu – na areia. Há cerca de sete autores do
Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Tiago e Judas. Todos estes
escritos foram completados antes do ano 100 d.C. Como, pois, sabemos que a Bíblia é a
inspirada Palavra de Deus? A resposta acha-se na palavra “cânon”. Provém da palavra
grega kanon que é “uma vara ou regra para medição”. A palavra “cânon” refere-se ao
padrão segundo o qual os livros são aceitos como Escrituras. O padrão do Novo
Testamento foi reconhecido pela igreja sob a orientação do Espírito Santo. Dois dos
critérios principais usados para testar a canonicidade eram inspiração divina e
características sobrenaturais. Atanásio (295-373 d.C.), o “pai da ortodoxia” que se
opôs a Ário no Concílio de Nicéia, foi o primeiro que alistou todos os vinte e sete livros
como o Cânon do Novo Testamento, a “fonte da salvação”. Foram escritos outros
130
A razão primária por que os cristãos chamam a Bíblia de Palavra de Deus é sua
inspiração divina, que é confirmada por vários fatos. O primeiro é sua evidência interna;
ou seja, a Bíblia reivindica esta inspiração. Um versículo que assim declara, e que você
deve decorar, é o seguinte: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino,
para repreensão, para correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Deus inspirou
os escritores de tal maneira que, enquanto escreviam, eram “inspirados pelo Espírito
Santo” (2 Pe 1.21). Desta maneira, Deus fez com que fosse escrito aquilo que Ele queria
que fosse registrado.
a) Sua unidade na diversidade. Tem muitos assuntos, mas uma só mensagem. Foi
escrita por cerca de quarenta escritores no decurso de uns quinze séculos, mas
tem um só autor – que é Deus;
b) Sua autoridade. Predisse muitas coisas a respeito de Cristo e dos eventos
mundiais, muitos dos quais têm sido cumpridos de modo notável;
c) Sua evidência interna. O Novo Testamento cita o Antigo Testamento como sua
origem documentária, e o Novo cumpriram muitas profecias do Antigo;
d) Sua exatidão arqueológica. Os arqueólogos confirmaram a exatidão da Bíblia
nas descobertas, tais como os rolos do mar Morto em 1947;
e) Sua obra milagrosa. A Bíblia tem sido o meio da salvação, da vida, da coragem
e da esperança eterna nos corações de milhões de pessoas.
A igreja primitiva tinha uma organização não muito rígida, e geralmente, reunia-
se nos lares dos crentes. O dia de culto foi alterado do sábado judaico para o
domingo, o dia em que Jesus ressuscitou dentre os mortos. Os líderes
sustentavam-se com suas respectivas profissões e apenas, ocasionalmente
recebiam ofertas. Quando Jerusalém foi destruída por Roma em 70 d.C., os
cristãos foram espalhados, e tornou-se urgente contar a história da vida de Jesus
antes que morressem todos quantos o haviam conhecido. Parece que foi Marcos
131
queda, o Santo Império romano tomou seu partido, apoiando o papado contra
seus inimigos, dando-lhes as terras que dominava como possessão temporal.
No século XVI uma revolução sacudia a Igreja Romana até os seus alicerces.
Trata-se da Reforma, que produziu a Igreja Protestante. Além das péssimas
133
a) Martinho Lutero
A pessoa de destaque na Reforma foi Martinho Lutero (1483-1546). Entrou
no ministério católico, prestou os votos de monge, foi professor na
Universidade de Witemberg, e fez seu doutorado no campo da teologia. Ao
dar preleções sobre Romanos e Gálatas, ficou impressionado com a
expressão: “O justo viverá pela fé”. Raciocinava: “se os justos vivem pela fé,
por que estamos procurando merecer a salvação mediante as boas obras?”
Percebeu que a Bíblia, e não o Papa, era a derradeira autoridade para os
cristãos e que as pessoas eram salvas somente pela fé. Assim, sentiu-se
levado a escrever um panfleto sobre o sacerdócio de todos os crentes. Depois
disto, escreveu um documento no qual alistou noventa e cinco abusos
cometidos pelo sistema de indulgências. (As indulgências eram documentos
que a pessoa podia comprar, para livrar-se das penas impostas pela igreja por
seus pecados. Posteriormente, estas indulgências foram aumentadas para
incluir a remoção das penas daqueles que estavam no purgatório). Lutero
pregou esta lista na porta da Igreja em Witemberg em 31 de outubro de
1517. Causou uma rendição, a ponto de Carlos V, Santo Imperador Romano,
convoca-lo para a Dieta de Worms em abril de 1521 e ali foi excomungado e
ordenado a cessar a impressão dos seus livros.
Lutero foi esconder-se das visitas públicas por um período, durante o qual
traduziu a Bíblia para o Alemão. Na Alemanha, uma Igreja Reformada
desenvolveu-se desse protesto. Baseava-se na doutrina da justificação pela fé
e a igreja protestante foi inaugurada. Continuou escrevendo livros, hinos, e
instituindo outras reformas. Encorajava os sacerdotes e as freiras a casarem-
se, e ele mesmo tinha esposa. Morreu em 1546, mas a reforma arraigou-se, e
espalhou-se para muitos outros países, especialmente para as nações
escandinavas.
b) João Calvino
Outra pessoa de influência na Reforma foi João Calvino (1509-1564) d.C.).
Quando estava com cerca de 24 anos de idade, Calvino entrou em contato
com o movimento protestante. Este envolvimento levou-o a deixar a Igreja
Romana. Aos 26 anos de idade, escreveu As Instituas da Religião Cristã, que
ficou sendo uma obra clássica da teologia protestante. Sua doutrina foi
134
c) A Contra Reforma
Percebendo que os protestantes não iriam parar, a Igreja Romana convocou
seus bispos em 1545 d.C. para o Concílio de Trento. Ali, insistiram que a
igreja tinha autoridade igual àquela das Escrituras, e que era a única
intérprete delas. O Concílio reafirmou os sete sacramentos tradicionais e
sustentou a veneração dos santos e das imagens. A Igreja Romana passou
então a mobilizar seus recursos e dispôs-se a reconquistar pela força aquilo
que perdera. Sua reação militante ficou conhecida pelo nome de
Contrarreforma. Como resultado, milhares de pessoas morreram na Europa,
e era tão eficaz que, até 1572, a Reforma foi completamente eliminada da
Itália. Mas em regiões da Inglaterra e na Europa do norte, os protestantes
aumentaram em grande número.
33 – CRITICISMO
1 – Introdução:
Exercício da crítica; espírito crítico; sistema filosófico que procura determinar os limites
da razão humana.
Em sua obra principal, a crítica da razão pra, Kant se ocupa com o fundamento do
conhecer e também com a possibilidade da metafísica.
Nosso conhecimento começa com a experiência, mas não se limita à experiência. Até
então, os filósofos se ocuparem com a realidade, mas não estudaram suficientemente a
razão.
A revolução empreendida por Kant foi a Copernicana. No centro deve estar à razão e
não a realidade objetiva. Nosso conhecimento não é o reflexo do objeto. Os objetos
precisam se orientar pelo nosso conhecimento, e este vem do sujeito para os objetos.
3 – O Criticismo Kantiano.
Immanuel Kant (1724 – 1804) nasceu na Alemanha. Interessado desde o início pela
ciência Newtoniana, já constituída plenamente no seu tempo, e preocupado com a
confusão conceitual a respeito do debate sobre a natureza do nosso conhecimento, Kant
questiona, na sua obra Crítica da Razão Pura, se é possível uma “razão pura”,
independente da experiência. Daí seu método ser conhecido como Criticismo.
O Empirismo
Os empiristas condenam (tudo o que vem dos sentidos) e, da mesma forma, não
concorda com os racionalistas (é errado julgar que tudo quanto pensamos vem de nós):
o conhecimento deve constar de juízos universais, da mesma maneira que deriva da
experiência sensível.
Outro exemplo: quando observamos a natureza e afirmamos que uma coisa “é isto”, ou
“tal coisa é causa de outro”, ou “isto existe”, temos, de um lado, coisa que percebemos
pelos sentidos, mas, de outro, algo escapa aos sentidos, isto é, as categorias de
substancias, de casualidade, de existência (entre outras). Essas categorias não são dadas
pela experiência, mas são postas pelo próprio sujeito cognoscente.
Kant também conclui que não é possível conhecer as coisas tais como são em si, ou
seja, “o nou menon” (coisa-em-si) é inacessível ao conhecimento. Apenas podemos
conhecer os fenômenos; esta palavra, etimologicamente, significa “o que aparece”. A
inovação de Kant consiste em afirmar que a realidade não é um dado anterior ao qual o
intelecto deve se conformar, mas, ao contrário, o mundo dos fenômenos só existe na
medida em que “aparece” para nós e, portanto, de certa forma participamos da sua
construção.
Entretanto, em outra obra, Crítica da Razão Prática, Kant tenta recuperar a realidade
metafísica que destruíra no processo anterior. Não pretendemos aqui acompanhar seu
raciocínio, mas apenas apontar as conclusões: pela análise da moralidade, Kant deduz a
liberdade humana, a imortalidade da alma e a existência de Deus.
Tal como Copérnico dissera que não é o sol que gira em torno daquele, também Kant
afirma que o conhecimento não é o reflexo do objeto exterior: é o próprio espírito que
constrói o objeto do seu saber. Nesse sentido, dizemos que Kant realizou uma revolução
Copernicana.
4 – O que é a razão
É uma estrutura vazia, universal, necessária, inata e a priori. É um órgão ativo, que
coordena as sensações e processa o conteúdo do conhecimento. Sua função é regular e
controlar as impressões fornecidas pela existência.
- fazer com que as ideias metafísicas, que são “as ideias regulativas”, venham a avaliar
o progresso da experiência;
- Negar o caráter contrário das ideias cosmológicas, que então podem ser aplicadas às
práticas morais.
a) Processo do Conhecimento
O espaço e tempo não são conceitos pensados, mas são instituições sensíveis. E são a
priori, pois não podem ser adquiridos pela experiência. Kant desenvolve quatro provas
para sustentar esta argumentação. As duas primeiras, comprovam que o espaço e o
tempo são a priori, as duas últimas o seu caráter intuitivo.
139
34 – CUBISMO
Definição:
Tendências das artes plásticas, sobretudo da pintura, que a partir do início do século xx
rompe com as perspectivas adotadas anteriormente. No cubismo, os artistas decompõem
as figuras /vivas ou inanimadas/em formas geométricos, como cubos e cilindros,
rompendo definitivamente com o ideal de retratar a realidade de forma fiel. As obras
trazem os objetos achatados e elimina a ilusão de tridimensionalidade / a perspectiva /.
Seu expoente é o pintor espanhol Pablo Picasso.
35 – CULTISMO
36 – DADAÍSMO
Definição:
37 – DETERMINISMO
1 – Introdução:
2 – A Liberdade
“não há determinismo ou escolha absoluta: jamais sou coisa, jamais sou consciência
nua”. Merleau Ponty.
a) O que é Liberdade?
Para explicar como se dá a liberdade humana, vejam a parte histórica do homem. Dentre
a epistemologia mitológica temos a seguinte:
As moiras, divindades da mitologia grega, são três irmãs que dirigem o movimento das
esferas celestes, a harmonia do mundo e a sorte dos mortais.
Elas presidem o destino (moira, em grego) e dividem entre si as diversas funções: cloto;
que significa “fiar”, tece os fios dos destinos humanos; Láqueas, que significa “sorte”,
põe o fio no fuso; Átropos, ou seja, “inflexível”, corta impiedosamente o fio que mede a
vida de cada mortal.
Está implícita nesse mito a ideia de que a ação humana se acha ligada aos desígnios
divinos. Os relatos de Homero e Hesíodo revelam como os heróis até se orgulham de
ser escolhidos por certos deuses, que os fazem seus protegidos, defendendo-os da ação
malévola de outros deuses.
O que distingue essas duas posições tão distantes no tempo e que a primeira é mística e
a segunda, científica. O que as aproxima é que, em ambos os casos inexiste a liberdade
humana, por que no mito o homem se acha submetido ao destino inexorável, e no
discurso científico daqueles psicólogos o homem está sujeito ao determinismo.
b) O que é Determinismo?
Segundo o determinismo científico, tudo que existe tem uma causa. O mundo explicado
pelo princípio do determinismo é o mundo da necessidade, e não o da liberdade.
Necessário significa tudo àquilo que tem de ser e não pode deixar de ser. Nesse sentido,
a necessidade é o oposto de contingencia, que significa “o que pode ser de um jeito ou
de outro”.
Segundo essa perspectiva, ser livre é decidir e agir como se quer, sem qualquer
determinação causal, quer seja exterior (ambiente em que se vive), quer seja interior
(desejos, vontade e caráter). Mesmo admitindo que tais forças existam, o ato livre
pertence a uma esfera independente em que se perfaz a liberdade humana. Ser livre é,
portanto, ser influenciado por causa externa.
Bossuet (Século XVII), no tratado sobre o livre-arbítrio, diz o seguinte: “por mais que
eu procure em mim a razão que me determina, mas sinto que eu não tenho nenhuma
senão apenas a minha vontade: sinto aí claramente minha liberdade, que consiste
143
unicamente em tal escolha. É isto que me faz compreender que sou feito à imagem de
Deus”.
A consciência que o homem tem das causas se transforma, por sua vez, em outra causa,
capaz de alterar a ordem das coisas. Com isso, não se rompe o nexo causal, mas
introduz-se outra causa – a consciência do determinismo – que transforma o homem em
ser atuante, e não simples efeito passivo das causas que agem sobre ele.
uma das grandes contribuições de Freud é ter mostrado que o neurótico não é livre, pois
se acha dominado por forças inconscientes que mascaram suas ações.
3 – A Liberdade Situada
A facticidade é a dimensão de “coisa” que todo homem tem, é o conjunto das suas
determinações. São “os fatos” (donde facticidade) que estão aí, tais como são e sem
possibilidade de ser de outra forma. O fenomenológico Luypen diz: “refletindo sobre
sua existência, o homem se encontra, com efeito, como já imerso em determinado corpo
e já envolvido em determinado mundo. Acha-se como holandês, judeus, inteligente,
aleijado, operário, emocional, doente, rico, gordo, ou outra coisa qualquer. Tudo isto
constitui o que ele já é, a saber, seu passado. Esse já é também chamado a determinação
do homem”.
A liberdade não é uma dádiva, algo que é dado, nem é um ponto de partida, mas é o
resultado de uma árdua tarefa, alguma coisa que o homem deve conquistar.
a) A Estrutura do Homem
É preciso examinar a estrutura do homem, e para tal usaremos o esquema utilizado pelo
filósofo Van Riet como ponto de partida para sua teoria do conhecimento. Embora
originalmente o ponto de referência para o filósofo tenha sido o homem enquanto
sujeito que conhece, vamos fazer a adaptação à questão da liberdade, isto é, o homem
enquanto ser livre.
Segundo Van Riet, o homem possui uma estrutura formada por aspectos distintos, mas
ligados entre si: empírico (ou corpóreo), pessoal (ou voluntário) e a perceptivo (ou
intelectual).
- aspecto empírico:
Chama-se empírico o aspecto da estrutura humana referente aos fenômenos que podem
ser constados pela experiência.
O homem é um corpo e, como tal, está sujeito às leis da física (ocupa lugar no espaço,
está sujeito à lei da queda dos corpos etc.).
O homem é um ser cultural, vive no meio humanizado, transformado por sua própria
ação. Ao nascer, já recebe língua, costumes, moral, religião, organização econômica e
política, uma história, enfim. É a isso que chamamos historicidade, ou seja, o homem se
encontra sempre situado em determinada época, numa certa cultura.
- Aspecto Pessoal:
O aspecto pessoal é também chamado voluntário, pois não se explica só pelo fato de o
homem estar situado na sua facticidade, mas por ser capaz de transcender, decidir,
escolher, e, consequentemente, de ser responsável por seus atos, comprometido neles,
engajado numa ação.
Nossa própria experiência pode ser retomada em vários sentidos diferentes: nunca
lemos o mesmo livro da mesma forma, nossas lembranças são reelaboradas nos
contextos vividos; descobrimos coisas novas a cada vez que ouvimos a mesma música.
Mas aí, surge um problema: se o aspecto pessoal justifica a liberdade do homem, e essa
liberdade é pessoal e intransferível, caba a cada homem decidir-se sobre o que é melhor
para si; querer determinar o que é melhor para todos seria violar a liberdade de cada.
Tal posição é muito comum hoje em dia, principalmente quando as pessoas “justificam”
o individualismo dos seus atos: “estou na minha”... permanecer nesse estágio pessoal
resulta em empobrecimento da moral, pois o indivíduo não é capaz de descentrar-se de
si próprio.
- Aspecto Aperceptivo
Conclusão:
A relação que se estabelece entre os três aspectos é dialética, pois supõe a reciprocidade
de influencias, em que a atuação de um aspecto, mesmo “negando” o outro, de certa
forma o “conserva”.
38 – DOCETISMO
1 – Introdução:
O que é docetismo?
A palavra procede do grego (‘dokein’) que significa aparentar que é uma heresia do
final do século I que afirmava que Jesus apenas aparentava ser humano.
A negação da humanidade de Cristo é um erro tão grave quanto negar sua própria
divindade; se Jesus não é Deus e humano, não pode mediar entre Deus e humanos (1
Tm. 2.5). A Salvação envolve a reconciliação dos seres humanos com Deus (2 Co.
5.18,19). Isso só é possível se Deus se tornar humano. Negar a verdadeira humanidade
de Cristo é negar a base de nossa reconciliação com Deus. É por isso que a Igreja
primitiva condenou o docetismo.
“No final do primeiro século, Marcião e os gnósticos ensinaram que Cristo apenas
parecia ser homem (no grego, dokeo, parecer ou aparentar). O apóstolo João referiu-se a
esse falso ensinamento em I João 4.1-3. Essa heresia desafia não apenas a realidade da
encarnação, mas também a validade do sacrifício e da ressurreição corpórea.”
“Para todos os docetas [...] Cristo não foi plenamente encarnado na carne, pois a matéria
é intrinsecamente má. As epístolas de Colossenses e João argumentam contra esta noção
pré-gnóstica. Esta posição tem reaparecido atualmente no ensino dos evangelistas da
prosperidade.”
“Elementos deste erro já tinham surgido nos dias do Novo Testamento (1 Jo 4.1-3; 2 Jo
7; Cl 2.8,9). Em certas formas, sustenta que Jesus escapou da infâmia da morte por
crucificação, quando Judas Iscariotes ou Simão Cirineu trocaram de lugar com Ele na
cruz. Os muçulmanos aceitam uma forma deste erro (ver Sura 4.187). entre o
proponentes deste erro estavam Cerinto (c. 100 d.C.) e Serapião, bispo de Antioquia
(190-203).”
“O docetismo afirmava que o corpo de Cristo não passava de um fantasma; que seus
sofrimentos e morte eram meras aparências. [...]. Acreditava que o sofrimento e a morte
de Jesus eram incompatíveis com a divindade.”
149
39 – DOGMATISMO
1 – Introdução:
Quando transpomos a ideia de dogma para o campo não religioso, ela passa a designar
as verdades não questionadas e inquestionáveis. Só que, nesse caso, não se estando mais
no domínio da fé religiosa, o dogmatismo torna-se prejudicial, já que o homem, de
posse da verdade, fixa-se nela e abdica de continuar a busca.
Disse Nietzsche que “as convicções são prisões”. Refratário ao diálogo, o homem
dogmático teme o novo e não raro se torna intransigente e prepotente. Quando resolve
agir, o fanatismo é inevitável, e com ele, a justificação da violência.
40 – DUALISMO
(veja tópicos sobre: materialismo, modernismo, idealismo, monismo).
1 – Introdução:
Após o resumo histórico sobre distintas concepções de mundo – desde os mitos até o
surgimento da ciência moderna, passando brevemente pelas metafísicas da Antiguidade,
podemos avançar para o estudo das metafísicas da modernidade. Antes, porém,
precisamos conhecer alguns conceitos para poder fazer determinadas distinções.
2 - histórico
Boa parte das explicações sobre o real (filosóficas e não filosóficas) pode ser
enquadrada nestas duas tendências ou correntes de interpretação:
Platão costuma ser considerado um dualista por conceber duas realidades distintas e
separadas (o mundo sensível e o mundo inteligível).
O mesmo se pode dizer de Aristóteles, mas seu dualismo seria “moderado”, tendo em
conta que supôs dois princípios inseparáveis (matéria e forma), constituindo a unidade
do real. Por último, como exemplo claro de pluralismo, temos as concepções de
Empédocles (dos quatro elementos) e de Demócrito (a multiplicidade dos átomos).
3 – Observação:
Tenha sempre em mente que não existem classificações rígidas. Elas são pautas que nos
ajudam a fazer certas distinções, e sua determinação depende do aspecto doutrinário que
se quer abordar, podendo às vezes variar até para um mesmo autor.
a) Dualismo Cartesiano:
Vejamos agora algumas das principais teorias da realidade que contribuíram para a
matriz de valores e concepções de mundo da modernidade. Comecemos pela doutrina
dualista de René Descartes. Durante o século XVII – época do chamado grande
racionalismo, esse pensador concebeu uma metafísica de muita influencia até nossos
dias. Trata-se da concepção de mundo que separa radicalmente matéria e espirito ou
corpo e mente conhecida como dualismo cartesiano.
Como vimos anteriormente, o filósofo francês estava decidido a romper com a herança
cultural do passado (aristotélico-tomista) e a começar tudo novamente desde os
fundamentos, com o propósito de estabelecer “algo de firme e de constante nas
ciências”. Para alcançar esse objetivo, empregou o método da dúvida e chegou a
questionar até mesmo o que parecia mais indubitável: a existência do mundo e de si
mesmo. Desse modo, ele buscava chegar a uma primeira certeza, que atuaria como um
novo centro ou ponto fixo a partir do qual construiria toda a sua filosofia.
Você deve lembrar que a primeira certeza que Descartes alcançou em sua dúvida
metódica foi o Cogito, isto é, o “Penso, logo existo”. Portanto, ele sabia que existia
como “coisa pensante”. A partir daí, tratou de alcançar outras certezas. Primeiro,
precisou provar a existência de Deus, para depois demonstrar como se podia conhecer o
mundo exterior. Nessa tarefa, foi construindo sua teoria da realidade, que ficou
estruturada em três classes de substancias ou coisas (que em latim se diz res):
Desse modo, no mundo em que vivemos existiriam apenas as duas substâncias finitas
(res cogitans e res extensa), que seriam essencialmente distintas e separadas. Daí o
conhecido dualismo da metafísica cartesiana.
153
b) Dualismo Platônico:
Como grande parte dos pensadores de sua época, Platão também enfrentou o impasse
criado pelos pensadores de Parmênides e Heráclito, ou seja, sobre o problema da
permanência e da mudança, da unidade e da multiplicidade.
Em sua doutrina, conhecida como teoria das ideias, Platão procurou resolver esse
impasse propondo uma ontologia dualista. Assim, para ele existiriam duas realidades
diametralmente opostas:
Observe que a concepção dualista de Platão – também conhecida como teoria das ideias
– opera uma mudança radical em relação aos pensadores anteriores ao situar o ser
verdadeiro fora ou separado do mundo sensível. Isso não ocorria nos filósofos pré-
socráticos, que buscavam a arché das coisas nas próprias coisas, nem em Sócrates, para
quem a essência ou o ser verdadeiro também se encontrava nas coisas. Isso significa que
para esses filósofos o ser verdadeiro é imanente, isto é, encontra-se neste mundo ou se
confunde com ele, enquanto para Platão é transcendente, ou seja, encontra-se separado
dele.
c) Demiurgo e o Mundo:
Apesar de seu dualismo, Platão supôs a existência de uma terceira realidade, a qual
teria operado apenas a criação do mundo. Como argumenta o filósofo no diálogo Timeu,
tudo o que foi gerado deve ter tido um princípio gerador, uma causa.
De acordo com essa doutrina, para construir o universo o demiurgo agiu como
“artesão”: buscou as ideias eternas do mundo inteligível como modelo e, com elas, deu
forma à matéria indeterminada, criando assim o mundo sensível. Isso quer dizer que
as ideias e a matéria já existiam antes, compondo, junto com o demiurgo, as três
realidades fundamentais do cosmo gênese platônicas.
154
41 – EBIONISMO
1 – Introdução:
O que é o Ebionismo?
Que Paulo de Tarso foi um apóstata da Lei e não foi um verdadeiro apóstolo de Jesus
Cristo; que as Escrituras Sagradas são somente o Antigo Testamento, e que eles usavam
um único evangelho (chamado de Evangelho dos Ebionitas), escrito em hebraico e que
era considerado como sendo o Evangelho segundo Mateus, um pouco menor do que o
Evangelho segundo Mateus, escrito em grego e era canônico, o qual é usado pelos
cristãos.
Embora os judeus cristãos mencionados em Atos 15.1 e Atos 21.20 não fossem ainda
chamados ebionitas, pois esta denominação somente começou a serem usados mais
tarde, eles eram em essência ebionitas, pois sua crença e prática eram iguais à dos
ebionitas.
3 – Literatura Ebionitas
Consta nos escritos dos Pais da Igreja que os ebionitas usavam somente um Evangelho,
escrito em hebraico, e era considerado com sendo o “Evangelho de Mateus”, mas era
menor do que o verdadeiro Evangelho de Mateus em grego, chamado de “Evangelho
dos Hebreus” (Eusebio de Cesareia, História Eclesiastica e Epifânio de Salamina).
No entanto, é necessário distinguir entre o Evangelho dos Hebreus usado pelos ebionitas
e o Evangelho dos Hebreus usado pelos nazarenos, pois, embora ambos fossem
considerados como sendo o Evangelho de Mateus em Hebraico, o evangelho utilizado
pelos nazarenos era uma versão um pouco mais extensa, que continha todos os trechos
encontrados no Evangelho de Mateus em grego utilizado pelos cristãos, com alguns
trechos a mais, enquanto que o usado pelos ebionitas, ao contrário, era mais curto que a
versão canônica (Epifânio, Panarion, 30.13:2);
O Evangelho dos Hebreus usados pelos nazarenos é citado várias vezes por Jerônimo.
Segundo o entendimento ebionitas, o Evangelho de Mateus continha a sua doutrina,
principalmente em Mateus 5. 17-19, onde consta que Jesus Cristo disse que não veio
abolir a Lei nem os profetas, mas sim cumprir, e que a Lei nunca será abolida; e
também que devemos obedecer a todos os mandamentos da Lei. Também em Mateus
7.21-23, onde consta que Jesus Cristo disse que nem todos os que creem nele entrarão
no Reino de Deus, mas sim somente aqueles que fazem a vontade de Deus. Esse
entendimento contrastava-se com a hermenêutica ortodoxa do texto que aceita a ideia de
Jesus Cristo ter vindo cumprir no sentido de “encerrar”, ou seja, de todas as normas e
regras da lei mosaica se cumprirem nele, o único em toda a história capaz de conseguir
156
cumprir todas as regras previstas na Lei mosaica. A partir daí, ele mesmo, Jesus, viria
estabelecer uma nova aliança, ou novo concerto, e isso está perfeitamente claro e
explicado na Carta aos Hebreus, claramente escrita na época a fim de combater as ideias
ebionitas. Já na questão de todos os mandamentos de Jeová ser obedecidos, o próprio
Jesus os aglutinou em apenas dois: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo. Quem assim fizesse com dedicação e de coração, automaticamente
estaria obedecendo a todos os demais mandamentos de forma natural. Já a crença de
Mateus 7.21-23 é ponto passivo, irrelevante para o confronto doutrinário.
4 – As Duas Seitas
Na época dos pais da igreja, segundo relada Orígenes e Eusébio de Cesareia, existiam
dois grupos de ebionitas. Estes dois grupos diferenciavam-se um do outro devido a
determinadas práticas e em função de sua aparição. A palavra ebionitas significa
literalmente “pobres”, do hebraico evion, e conforme já mencionado, aparece pela
primeira vez nos escritos dos pais da igreja. Conforme a informação encontrada nos
escritos destes, este nome designava ao grupo de judeus que tinha reconhecimento de
Jesus (Yeshua há Netzaret) como figura messiânica do judaísmo, e que não acreditavam
na divindade de Jesus. Desta forma, os pais da igreja diziam que estes tinham
pensamentos “pobres” a respeito de Cristo, e possivelmente surgiu desta palavra
hebraica evion (pobres), que estes judeus passaram a serem chamados de ebionitas.
No decorrer dos tempos parte dos ebionitas criaram a seita dos “ebionitas-gnósticos”,
que consistia em aderir ao Ebionismo ensinamentos dos elchasitas, discípulos de Elshai
(Elchasai). Os elchasitas, que possuíam ensinamentos vegetarianos, assim como os
essênios, tinham a sua religião como um mistura de ensinamentos dos gentios, cristãos e
de judeus.
42 – ECUMENISMO
(Veja pluralismo Religioso, Reformas).
1 – Introdução:
Há vários tipos de ecumenismo. Por isto, iremos descrever alguns para que possamos
conhecer e entender seus objetivos comuns na pratica desses movimentos. Vamos
analisar apenas três que são: o ecumenismo religioso, o cristão e o evangélico.
2 – Desenvolvimento
a) Ecumenismo Religioso:
A filosofia que permite o CMI fazer esta tentativa é o pluralismo. Como o nome já
indica, essa filosofia defende a pluralidade da verdade, ou seja, que não existe uma
verdade absoluta, mas sim verdade diferente para cada pessoa. Esse conceito é ambíguo,
mas definitivamente já fez parte integrante da nossa cultura presente. Ele acredita que
seja possível o relacionamento de pessoas com crenças e ideologias diferentes, sem que
um tenha de sujeitar suas convicções ao domínio do outro.
Uma consulta teológica sobre a salvação na Suíça patrocinada pelo CMI, composta por
25 teólogos, trouxe as seguintes conclusões:
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Em algumas denominações o pluralismo tem sido como filosofia oficial, como na Igreja
Metodista Unida, nos Estados Unidos.
No momento, o ecumenismo religioso não vai indo bem. No último encontro do CMI, o
assunto progrediu quase nada. O que agora estão pensando é cooperação em áreas
sociais apenas, enquanto que cada religião mantém sua individualidade. Parece que o
sonho de uma religião mundial única esta acabando.
b) Ecumenismo Cristão:
c) Ecumenismo Evangélico:
chegou a 22.000 em 1985 e continua crescendo a uma taxa de cinco novas todas as
semanas.
Para Waldir Ferro, o significado do termo “ecumênico” é curioso e importante para que
saiba com que lidamos. Segundo os dicionários, ecumênico é “mundial, geral ou
universal”, tendo sua raiz etimológica no grego “oikoumene” (oikomene), termo este
que na Bíblia traduzido por J.F. de Almeida por “mundo”, expressando todo o “universo
de pessoas conhecidas” ou “conjunto de todas as coisas existentes”. (veja Mt 24.14; Lc
4.5; At 17.31).
Para chegarmos à resposta a isto, precisamos antes, desmistificar a ideia de que existe
mais de um tipo de ecumenismo ou lado “bom” e “lado ruim”. Ele é todo ruim. Ele não
nasceu com este nome e é difícil datar seu nascimento. No entanto, fica claro,
historicamente, que desde a Grande Reforma Protestante de 1520, não faltaram episódio
que demonstrassem interesses em uma aproximação entre catolicismo e seus
discindentes diretos (anglicanismo, luteranismo e ortodoxos). Entre os evangélicos em
1846 surgiu em Londres, um movimento chamado Aliança Evangélica. Já no nosso
século em 1906, varias igrejas protestantes tentaram uma aproximação em torno de uma
organização com fins sociais, abrindo mão de posições doutrinárias. Organizaram,
então, o Conselho Federal das Igrejas de Cristo na América (CFICA). Com o clima
sombrio que antecedia a primeira Guerra Mundial, esta organização uniu-se a igrejas
160
Após a Guerra, em 1919, esta organização internacional voltou a se reunir e mudou seu
nome para Confederação Mundial Cristã de Vida e Ação. Já em 1937, quando
voltaram a se reunir em Oxford, na Inglaterra, participavam dela a igreja anglicana e
ortodoxa (católicos discindentes). Outro movimento surgido em 1910 na Escócia, o Fé e
Constituição, que visava unidade doutrinaria, uniu-se, em 1938 à Vida e Ação e, em
1948 deram origem ao Concílio Mundial de Igrejas com sede em Amsterdã na Holanda.
Antes mesmo que se reunissem em sua III Assembleia em Nova Delhi na Índia (1961),
ao observar a facilidade e rapidez com que se uniram igrejas em um ideal unicionista, o
Vaticano adotou a ideia e, em junho de 1959 o papa João XXIII (58-63) na sua encíclica
“Ad Petri Cathedram”, lançou as bases do movimento ecumênico, convidando todos os
“irmãos separados” a unirem-se a “Igreja Mãe”. Durante seu reinado, o papa Paulo VI
(63-78) visou amplamente este ideal fortemente demonstrado no Concílio Ecumênico
Vaticano II, em seu decreto “Unitatis Redintegratio” cujo, 1º. Capítulo intitula-se “Os
princípios Católicos do Ecumenismo”.
Uma igreja acostumada a prevalecer, não pela razão, mas pela imposição de uma
religião estatal, desde o tempo de Constantino em 313, nunca pode ver com bons olhos
a perda da influencia e de poder, o que a levou a terríveis perseguições como a “Santa
Inquisição” na Idade Média (ou a “idade das trevas” como melhor lhe convém), onde
quem não era Católico Apostólico Romano não era cristão, quem não era cristão deveria
ser morto e ainda, que os matasse, receberia recompensa em indulgências, perdão de
pecados.
c) Seus Métodos:
Nos anos que se seguiram ao Concílio Ecumênico Vaticano II, o padre Aníbal Pereira
dos Reis, converteu-se ao evangelho, desvinculando-se definitivamente da igreja
romana em 1965 e, em exame criterioso e imparcial, sem influencias externas,
pessoalmente encontrou na Igreja Batista, aquela que defendia e praticava os
ensinamentos neo-testamentários e, nela pediu batismo e serviu até o fim de seus dias.
Porém, antes de abandonar a batina, este padre teve a oportunidade de ser “treinado”,
sobre como agir em suas relações com outras denominações e pode ver mudanças
dentro das estratégias de trabalho da igreja, visando entender as diretrizes do Vaticano
II. Num brado de alerta, o irmão Aníbal desnudou estas coisas em alguns de seus livros
(o Ecumenismo; o Ecumenismo e os Batistas e o Papa escravizará os Cristãos?). Vamos
resumi-los como segue:
Mesmo que restrita a sua prática entre um destes grupos, ou mesmo entre
“evangélicos” em geral, entende-se que quando se mistura povos de doutrinas
diferentes, isto é uma generalização ou universalização. O que vem a ser
Ecumenismo. Muitos pensam que quando os evangélicos se reúnem, mostram sua
força “contra” o catolicismo. Isto não é verdade, porque estão abrindo mão de suas
posições doutrinárias e, embora se mostrem com pujança no tamanho número e
muitas vezes no “barulho”, mostram também fraqueza em conteúdo. Abrem-se mão
de suas crenças para se ajuntar entre si, até quando não abrirão mão delas para
juntar-se ao Romaníssimo? Aliás, se o fazem com um, por que não com outros.
163
Existe uma forma bastante padronizada de abordar o Novo Testamento no que se refere
ao diálogo e a pratica. O Novo Testamento tem sido interpretado não só como um
exemplo de convivências ecumênico perfeito entre os cristãos do primeiro século, como
também tem oferecido aos que promovem o ecumenismo o seu “mito fundante”: no
Novo Testamento teríamos o fundamento da igreja e da sua fé. O modelo bíblico desta
leitura é Atos 2.42-45:
Diante de tal quadro os cristãos latino-americanos do final do século 20 não teriam outra
coisa a fazer senão buscar inspiração e modelos de ação – se bem que, com uma grande
dose de frustração.
Assim é que nos deparamos com a grande tese da interpretação ecumênica que se faz do
Novo Testamento: ele apresenta como modelo o exemplo de vivencia ecumênico que,
serviria sem nenhuma mediação de paradigma para as comunidades latino-americanas.
Este enunciado se baseia nos seguintes pressupostos:
Isto significa que o pluralismo (existente desde o início) tem que ser encarado sem
rubor. O pluralismo das comunidades foi o motor de toda a produção literária que
chamamos de Novo Testamento. Este surgiu como resposta criativa aos
questionamentos e discussões de cristãos em situação de crise.
43 – EMPIRISMO
1 – Introdução:
2 - Teoria do Conhecimento:
Podemos dizer que até então, a filosofia tem uma atitude realista, no sentido de não
colocar em questão a existência do objeto, a realidade do mundo. A Idade Moderna
inverte o polo de atenção, centralizada no sujeito a questão do conhecimento.
Como já vimos, se o pensamento que o sujeito tem do objeto concorda com o objeto,
dá-se o conhecimento. Mas qual é o critério para se tiver certeza de que o pensamento
concorda com o objeto? “Um dos problemas que a teoria do conhecimento terá que
propor ou solucionar é aquele de saber quais são os critérios, as maneiras, os métodos
de que se pode valer o homem para ver se um conhecimento é ou não verdadeiro”. As
soluções apresentadas a essas questões vão originar duas correntes: O Racionalismo e
O Empirismo.
2.1 – O Empirismo.
No século XVII, o ponto de partida da reflexão filosófica não é mais o problema do ser,
mas o do conhecer.
O progresso das ciências da natureza fez com que se formasse uma imagem materialista
do universo. O materialismo se impôs e foi se desenvolvendo a ponto de não haver mais
filosofia capaz de lhe oferecer resistência.
A partir desse ponto de vista, a metafísica tornou-se impossível. Nada se pode saber a
respeito da existência e natureza de Deus, sobre a origem primeira e destino final da
vida humana. Essas questões suscitam argumentos que não podem ser demonstrados.
Nem no âmbito moral podem-se estabelecer normas absolutas; bom ou mal é aquilo que
a sociedade aprova ou desaprova.
44 – ENCICLOPEDISMO
1 – Introdução:
c) Voltaire:
O deísmo no estilo dos pensadores ingleses é uma religião da razão. Com a física
clássica passou-se a entender o Universo como uma máquina, onde os fenômenos
acontecem com necessária regularidade e com um nexo causal. O Deus do mecanicismo
criou o Universo, e este equipamento agora se sustém por si mesmo – sem interrupções
nem irregularidades. Desse modo a ciência moderna passou a entender Deus. Não se
admitia mais a possibilidade de Deus intervir no mundo. Em todos os âmbitos (também
no religioso) passou-se a admitir somente aquilo que era acessível ao conhecimento
natural. A religião da razão era considerada a verdadeira; tudo o mais era superstição.
Desse modo o deísmo estava suprimindo a metafísica.
Voltaire batalhou pela liberdade de espírito e por um governo esclarecido pela razão.
Condenou a irracionalidade das guerras. Acreditava no caráter universal da moral.
Ironizou Leibniz – com sua ideia de que estamos no melhor mundo possível.
169
d) Rousseau:
e) Condorcet:
45 – EPICURISMO
1 – Conceito:
Epicúrio nasceu em 341 a.C., na ilha de Samos. Seus primeiros estudos, sob Nausifanes,
um discípulo de Demócrito, ensinaram-no a considerar o mundo como resultado do
movimento e combinação ao acaso de partículas atômicas. Durante algum tempo viveu
no exílio e na pobreza. Gradualmente foi reunindo ao seu redor um circulo de amigos, e
começou a ensinar suas doutrinas distintivas.
Em 306 a.C, estabeleceu-se em Atenas, no famoso jardim que se tornou sede de sua
escola. Morreu em 270 a.C, após grande sofrimento devido algum mal interno, porém,
em tranquilidade mental.
a vida de sereno desprendimento, e nada têm a ver com a existência humana, enquanto
que a morte provoca a dispersão final de nossos átomos constituintes.
A ataraxia é também o objetivo moral de Epicúrio (341 – 270 a.C), que reunia seus
discípulos numa escola conhecida como Jardim. Para ele, felicidade e prazer,
basicamente satisfação de desejos físicos. Mas, como a um prazer momentâneo pode-se
seguir desprazer ou dor, convém procurar um tipo de satisfação estável, cometido, mas
constante – algo como sensação que experimenta um homem que não sente sede e, por
isso, não bebe. Esse “prazer em repouso”, como denomina Epicúrio, é precisamente a
ataraxia, um estado de desejo sempre saciado e que se consegue pelo perfeito equilíbrio
entre as partes do organismo.
Se Epicúrio considera o prazer uma realidade física é porque para ele, seguidor da teoria
atomista de Demócrito, não existe nada além das coisas físicas e corpóreas (os átomos)
e a sua ausência (o vazio). Por isso, o conhecimento também só pode ser resultado do
contato do direito entre as coisas e os sentidos. As coisas compostas de átomos emitiram
uma espécie de eflúvio que atingira os órgãos dos sentidos, produzindo as sensações de
uma nova experiência sensível. É por essas antecipações, que rememoram a sensação
anterior, que se pode reconhecer a identidade (ou não) de coisas percebidas em
momentos diferentes. O conhecimento é, assim, o acúmulo das sensações que vão se
classificando como idênticas ou diferentes, de acordo com as antecipações.
Mas, pela ideia de peso, todos os átomos apenas caíram paralelamente em linha reta e
jamais se chocariam. Por isso, Epicúrio é obrigado a admitir um segundo tipo de
movimento: a inclinação, que faz com que cada átomo se desvie ligeiramente de sua
trajetória retilínea para colidir com outros e, assim, produzir a diversidade das coisas.
Ele não explica, porém, a causa da inclinação. Assim, ao resolver uma dificuldade
171
presente na teoria de Demócrito, Epicúrio acaba por criar outra. Esse “descuido”, no
entanto, tem uma função: a inclinação não se explica porque é a manifestação da
liberdade do átomo. A consequência disso é uma espécie de teoria materialista da
liberdade, de difícil interpretação.
A libertação e a cura, para Epicúrio e seus seguidores, se dão pela filosofia. Assim como
o médico se ocupa das doenças e dos sofrimentos do corpo, ao filósofo cabe cuidar das
doenças e dos sofrimentos da alma. A filosofia é assim a terapia das causas da
infelicidade humana. Num mundo marcado pela pobreza material e pela falta de
solidariedade, por guerras e perseguições políticas – frequentemente interpretadas como
castigos dos deuses aos atos humanos -, o epicurismo defende uma imagem do mundo e
do homem na qual os deuses e a morte deixam de serem ameaçadores.
Tudo na filosofia de Epicúrio – sua concepção física do universo, suas ideias a respeito
do conhecimento e da alma, sua visão da sociedade e da religião – relaciona-se com esse
propósito de libertação. Ele mesmo resume sua doutrina em quatro máximas, ou
medicinas: “não há que temer a Deus”; “morte significa ausência de sensações”; “É
fácil procurar o bem”; “É fácil suportar o mal”.
Aquele que alcançou a ataraxia e tornou-se dono dos seus atos não tem medo da morte,
que não passa da ausência de sensações. Os átomos que uma vez compuseram um corpo
humano apenas se desagregam. O homem nada sente. Por isso, escreve Epicúrio em sua
carte a Meneceu: “Quem compreendeu que nada há de temível no fato de estar morto, a
nada temerá na vida”.
46 – ESCOLÁSTICAS
(veja tópico 56 – Patrística)
1 – Introdução:
O que é a Escolástica?
A Escolástica é a filosofia cristã que se desenvolveu desde o século IX, tem o seu
apogeu no século XIII e começo do século XIV, quando entra em decadência.
A partir do século XIII, Santo Tomás de Aquino utiliza as traduções feitas diretamente
do grego e faz a síntese mais fecunda da Escolástica, e que será conhecida como
“Filosofia Aristotélica-Tomista”. Daí, para frente, a influência de Aristóteles se fará
sentir de maneira forte, sobretudo pela ação dos padres dominicanos e mais tarde dos
Jesuítas, que desde o Renascimento, e por vários séculos, mostraram-se empenhados na
formação dos jovens.
2 – Histórico:
A Idade Média é caracterizada como era de “obscurantismo” pela época seguinte, que se
autodenominaria “Renascimento”. O próprio termo “Idade Média”, já traz embutida
essa carga de desprezo: indica que o período, que se estendeu por cerca de mil anos, não
passa de um intervalo entre o esplendor do mundo greco-romano e seu “renascimento”
posterior.
Não que essa imagem tenebrosa não contenha certa verdade. Afinal, na Idade Média
grassam grandes epidemias (como a peste negra), guerras incessantes, retração da
economia, da técnica e da vida urbana, e um profundo sentimento de medo (o temor da
morte era o menor deles).
interligados por uma cadeia de seres, que começa em Deus e nele termina. Tal sucessão
a história, cuja finalidade, através dos tempos, é a de ser reabsorvida pelo princípio que
a iniciou: Deus.
A partir do século XI surgem as universidades (de Paris, Bologna, Oxford etc.), que,
espalhadas por toda a Europa, tornam-se locais de fecunda reflexão filosófica.
Aristóteles não será conhecido da Idade Média a não ser a partir do século XIII, quando
suas obras são traduzidas para o latim.
Entre as palavras e as coisas, no entanto, que relação pode haver? O “nome da rosa” –
expressão que daria título ao célebre romance de Umberto Eco – coloca o dilema dessa
questão. A rosa, símbolo da perfeição, é também um nome que sobrevive à morte da
própria flor; a palavra fala até de coisas inexistentes. Qual, então, a relação entre o nome
e a coisa, a linguagem e a realidade? Esse problema, que seria conhecido como a
“questão ou querela dos universais”, insistentemente discutido na Idade Média e
ultrapassando os níveis da gramática e da lógica, torna-se tema da metafísica e da
teologia.
A questão tem origem numa tradução latina de Isagogue, obra de porfírio, em que esse
discípulo de Plotino comenta a lógica de Aristóteles. “Não tentarei”, escreve Porfírio,
“enunciar se os gêneros e as espécies existem por si mesmos ou na pura inteligência,
176
O nominalismo, defendido, por exemplo, por Roscelin de Compiegne (c. 1050 – 1120)
considera os universais – termos que designam ideias gerais como “homem” e “animal”
– meras palavras sem existência real. Eles não passariam de resultantes da abstração que
o intelecto faz a partir da percepção de coisas individuais (este homem, este animal).
A isso se opõe o realismo, que sustenta a existência pode ser considerada, à maneira de
Platão, como anterior e separada em relação às coisas, de modo semelhante à noção
aristotélica de forma.
3 – A Filosofia Escolástica
Na matemática lida com questões a priori. Os entes primitivos são o ponto, a reta e o
plano. Eles não apresentam definição. São intuitivos.
A definição de “prova ontológica” foi formulada por Kant. O termo “ontologia” havia
sido fixado por Christian Wolff para designar o estudo do ente na condição do ente.
No monologion, Anselmo expõe a razão da fé. Ele quer tomar racionalmente aceitáveis
as verdades e as razões da fé. Procura demonstrar Deus e os seus atributos por
intermédio da razão. Monologion significa monólogo da própria razão consigo mesma.
Ele procura tomar universalmente compreensível o conteúdo da fé.
O argumento ontológico deduz a existência de Deus de seu puro ser, existir. Ele é a
priori. O Proslogion parte do pressuposto da revelação de Deus. A graça de Deus
concede o entendimento daquilo que ele já revelou.
verdadeiramente naquilo que pensa. Falta a reflexão. A ideia de Deus não foi
compreendida em seu significado efetivo. O capítulo 4 conclui com um
agradecimento a Deus; “agradeço-te, bom Senhor, agradeço-te, porque naquilo
em que cri pelo teu dom, agora compreendi pela tua iluminação, de tal modo que
mesmo se não quisesse crer que existes, não poderia não o compreender”. Deus
concede a fé e o entendimento da fé. E o intelecto da fé é obtido mediante uma
atitude de confiança. Quanto mais se confia, tanto mais cresce o interesse por
aquilo que se procura: a iluminação da luz inacessível que é Deus. A confiança é
o pressuposto de toda a procura.
Na reflexão de Anselmo, “Deus é ulterior a quaisquer coisas que possa ser pensada dele
e a qualquer definição e ação possível” (Tomatis, p. 51).
Anselmo não discute uma ideia qualquer, mas pensa no ser perfeitíssimo. Dele não se
pode pensar nada de maior. Sua existência já está concluída na própria ideia. A
argumentação de Anselmo foi desenvolvida mais tarde por Schelling (1775 – 1854).
3.2 – Pedro Abelardo (1079 – 1142). Uma solução intermediária é sustentada por ele.
Celebre por sua paixão por Heloísa, que tanto escandalizou a época. Para ele, os
universais só existem no intelecto, mas, ao mesmo tempo, mantém relação com as
coisas particulares na medida em que lhes dão significado. Desse modo, é como
significado que os universais subsistem às coisas. Aberlado formula tais considerações
lógicas – sem as vincular às questões teológicas. Por outro lado, porém, fornece à
teologia um modelo de argumentação que marcaria toda a Escolástica: um método que
confronta duas opiniões contraditórias a respeito de cada questão, para, desse confronto,
extrair uma solução satisfatória.
A principal obra de Pedro Abelardo é “Sic et non” (sim e não). Coloca em confronto as
posições contraditórias das autoridades eclesiásticas a respeito do questionamento
teológico. Com esse procedimento, ele demonstra que – com base nas autoridades
eclesiásticas – é possível provar tanto uma tese como também a posição contrária.
Diante de questões controvertidas, só resta então a razão com última instancia.
179
“Se a fé, de fato, exclui toda discussão racional, se ela não tem mérito senão à custa
disto, de tal sorte que o objeto da fé escapa a todo juízo crítico e que é necessário aceitar
imediatamente tudo o que é ensinado pelos pregadores, apesar dos erros difundidos por
tal pregação, neste caso, de nada serve ser crente: onde não é a razão que dá
assentimentos, tampouco pode ela refutar qualquer coisa. Se um idólatra nos vier dizer
de uma pedra, de um pedaço de madeira ou de qualquer outra cultura: “eis o verdadeiro
Deus, criador do céu e da terra; se ele nos pregar qualquer outra evidente abominação,
quem poderá refutá-lo se, se exclui toda discussão no domínio da fé”?”.
3.3 – Alberto Magno (1200 – 1280) pertenceu à ordem dos Dominicanos, e foi
professor na Alemanha e em Paris. Foi um pensador de saber enciclopédico é, por isso,
recebeu o título de Doctor Universalis. Foi mestre de Tomás de Aquino.
Para os povos árabes, o Islã – que significa “submissão à vontade divina” – é muito
mais do que uma religião. É o que lhes dá identidade cultural e o que, durante muito
tempo, lhes proporcionou unidade política. Segundo o Corão, livro sagrado do
islamismo, a origem do islã está na missão que Mohammed (Maomé, c. 570 – 632) teria
recebido do anjo Gabriel: a de propagar a vontade de Alá, o único Deus verdadeiro e
criador de todas as coisas.
A partir daí, Maomé assume a condição de Profeta e inicia sua pregação, que também é
uma campanha militar: em torno da fé ele unifica as tribos e os clãs em que se dividiam
os árabes. Sofre perseguições que o obrigam a exilar-se – a Hégira –, mas contra-ataca,
subjugando aqueles que não aceitam o Islã. Instala-se em Medina e, dali, inicia uma
série de ofensivas contra Meca, a principal cidade árabe, que capitula definitivamente
em 630.
Maomé morre dois anos depois de sua entrada triunfante em Meca. Seus sucessores –
denominados califas (vigários do profeta) – levam adiante sua obra, construindo um
vasto império que, no século X, abrangia a Espanha e o norte da África, estendendo-se,
a leste, até a região do rio Indo. Essa expansão, no entanto, não se fez sem divergências
internas. Dentro do islamismo surgiram seitas dissidentes, como a dos xiitas. Além
disso, rivalidades de todo tipo provocaram o surgimento de vários Estados árabes
independentes.
180
Física, astronomia, química (palavra que tem a mesma raiz árabe do termo “alquimia”),
medicina, biologia, geografia, história: não houve área do conhecimento que os árabes
não tivessem investigado, antecipando muitas das descobertas que o Ocidente, séculos
depois, iria reivindicar como suas.
Al-Kindi (século IX) é o primeiro a formular esse problema: como o intelecto humano
pode apreender a essência das coisas, se pelos sentidos só é possível conhecer que elas
existem? A solução encontra-se na Inteligência, sempre em ato que transcenda o
intelecto humano e que tenha o conhecimento das essências. É ela que torna possível o
181
Mas, se a inteligência agente leva as coisas a ser o que são, fazendo-as passar da
potência ao ato, elas podem adquirir ou perder a existência; mas é apenas contingente.
Por isso, a existência das coisas depende de uma causa, aquela em que a essência e a
existência coincidam: Deus.
Todos esses temas estão presentes no pensamento de Ibn Sina (980 – 1037), que no
Ocidente ficaria conhecido como Avicena. Nascido nas proximidades de Bukhara, e
morto perto de Hamadã (no atual Irã), ele tem seu nome associado à medicina, terreno
em que exerceria uma notável influência. Descreveu a anatomia do olho humano e o
funcionamento das válvulas do coração; analisou uma série de doenças, como a varíola,
sarampo e diabetes; formulou a hipótese de que certas moléstias eram causadas por
pequenos organismos presentes na água e na atmosfera; elaborou vários procedimentos
de diagnóstico. Sua obra Cânon seria leitura obrigatória em qualquer ensino de
medicina na Europa por muitos séculos. Além disso, Avicena, como outros sábios
muçulmanos de seu tempo, foi também matemático, astrônomo, físico, zoólogo,
geólogo, musicólogo e assim por diante, abarcando todas as áreas do conhecimento.
Segndo Avicena, há dois modos de ser. Em primeiro lugar, há o ser necessário, isto é,
aquele que por sua essencia são identicas. Há, em segundo lugar, o ser possível, que se
desdobra em dois: o ser possível por essencia é aquele que não pode existir porque a
existencia lhe é causada, enquanto o ser puramente possível é o que pode vir a existir
contanto que a existencia lhe seja causada. Na linguagem aristotélica, o ser necessário é
o ato puro; o ser possível necessário é a potencia que se torna ato, mediante uma causa.
E o ser puramente possível, apenas potencia. Daí se conclui que o ser necessário é o
único que existe por si, sem nenhuma causa, sendo ele próprio a causa de tudo o que
existe: é Deus, o único e eterno criador.
182
As três vias podem ser percorridas pelo intelecto humano. A primeira é interior. É
impossível duvidar das verdades inatas na alma. A imagem de Deus deseja recordar
Deus. A segunda recorre ao testemunho das criaturas de Deus, que proclamam a
existência do Criador. A terceira eleva o intelecto acima de si mesmo para contemplar a
existência de Deus como verdade evidente e indubitável.
Não podemos pensar nada maior do que Deus. Não se pode pensar que ele não exista.
Deus é verdadeiro e é maior do que aquilo que se possa pensar que não exista. “O ser de
que não pode ser pensado nada de maior é ser de tal natureza que não pode ser pensado”
(Tomatis. P 26).
Se limitarmos Deus com o nosso pensamento, então não pensaremos mais aquilo de que
não se pode pensar nada de maior.
3.5 – John Duns Scot (1266 – 1308) estudou no mosteiro dos franciscanos em Dumfries
e em Oxford, e também em Paris. Lecionou Teologia em Oxford e em Paris, sendo
expulso por causa de sua oposição ao rei Felipe IV. Em 1305 recebeu o grau de Doutor
em Paris. Transferiu-se para Colônia, onde faleceu em 1308.
183
Aquilo que é contraditório não se pode ser pensado. E aquilo que não é contraditório é
pensável. Deus é aquilo de que, sem contradição, não se pode pensar de maior. É
possível pensar Deus e ele existe. Pensando Deus, evitamos a contradição, pois
evitamos a contradição entre a sua possibilidade e a sua existência. O ente infinito existe
e, portanto, é possível pensa-lo.
Não se trata de uma prova a prior no simples pensamento. Mas, partindo do entre finito
e considerando a possibilidade de Deus como ente infinito – aquilo de que não se pode
pensar nada de maior sem contradição – obtém-se a prova a posterior. Duns Scot passa
do ente finito para o ser infinito a posteriori considerando a efetividade do ente finito e
obter fundamento seguro e necessário para provar a possibilidade do ser incausado,
infinito em ato – a existência de Deus. Ele desenvolve a prova do ser infinito em
diversas etapas e demonstrações. Atenua o argumento de Anselmo. O ponto de partida é
o ente finito sob o aspecto metafísico. Na condição de finito do ente comum, pode-se
atribuir-lhe a efetividade. “A evidência da possibilidade real do ente finito demonstra a
possibilidade da existência do ente finito. Mas, se o ente infinito é possível, ou seja, se é
possível sem contradição, existe necessariamente”. (Tomatis, O argumento Ontológico,
p. 38). O ente efetível não pode auto efetuar. Ele não pode se tornar efetível por si
mesmo. A possibilidade real do ente finito, imediatamente evidente, aponta para a
possibilidade do ente que deve ser causa eficiente primeira – incausada e incausável. A
possível efetividade do ente finito demonstra a possibilidade da existência da causa
suprema incausável, final, do ente perfeitíssimo.
John Duns Scot identificava-se com o posicionamento dos realistas. Ainda hoje, um
pensador pode ser realista em matemática (considerando que os números e as formas
geométricas existem por si mesmos) e ser conceptualista em ética (alegando que os
valores são apenas ideias sem realidade própria).
“Se é correto que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem
por isso os princípios naturalmente inatos à razão podem estar em contradição com esta
verdade sobrenatural.”
As verdades da razão e da revelação são distintas, mas não são opostas. A razão humana
é uma expressão imperfeita da razão divina, ficando-lhe subordinada. O conteúdo das
185
verdades reveladas está acima da capacidade da razão natural, mas nunca pode ser
contrário a ela.
“A tudo isso respondo que foi necessário, para a salvação do homem, uma doutrina
fundada na revelação divina, além das disciplinas filosóficas que são investigadas pela
razão humana. Primeiro, porque o homem está ordenado a Deus como a um fim que
ultrapassa a compreensão da razão”. Conforme afirmou Isaias 64.3: “fora de ti, ó Deus,
o olho não viu o que preparaste para os que te amam.” Ora, o homem deve conhecer o
fim ao qual deve ordenar as suas intenções e ações. Por isso se tornou necessário, para a
salvação dos homens, que lhes fossem dadas a conhecer, por revelação divina,
determinadas verdades que ultrapassam a razão humana.
No paraíso, Adão recebeu o domum superadditum, o acréscimo de outro dom aos dons
naturais. Através do dom da graça, Adão podia permanecer unido a Deus. Tomás de
Aquino enunciou a existência de dois graus: o natural e o sobrenatural. Todo seu
pensamento corresponde a um sistema de graus.
O mesmo princípio é aplicado para a relação entre revelação divina e a razão humana. A
revelação não constrói a razão, mas a realiza. A razão é levada para além de si mesma,
mas não é destruída. A razão existe num determinado domínio. E a revelação atua num
outro onde complementa a razão. São duas formas: natureza e sobrenatureza. A Igreja
Católica defende esse supranaturalismo com todo o vigor.
4 – A Decadência da Escolástica
O rigor do controle da Igreja se faz sentir nos julgamentos feitos pelo Santo Oficio
(Inquisição), órgão que examinava o caráter herético ou não das doutrinas.
Conforme o caso, as obras eram colocadas no Index, lista das obras proibidas. Se a
leitura fosse permitida, a obra recebia a chancela Nihil obstat (nada obsta), podendo ser
divulgada. Quando consideravam o caso muito grave, o próprio autor era julgado.
186
Foi trágico o desfecho do processo contra Giordano Bruno (séc. XVI), acusado de
panteísmo e queimado vivo por ter defendido com exaltação poética a doutrina da
infinidade do universo e por concebê-lo não como um sistema rígido de seres,
articulados em uma ordem dada desde a eternidade, mas como um conjunto que se
transforma continuamente.
Foi talvez a lembrança ainda recente desse acontecimento que tenha levado Galileu a
abjurar, temendo o mesmo destino de Bruno.
47 – ESCRAVISMO
1 – Introdução:
2 – História da Escravidão:
a) No Império Britânico:
4 – Escravidão Na Antiguidade:
A escravidão era uma situação aceita e logo se tornou essencial para a economia e para
a sociedade de todas as civilizações antigas, embora fosse um tipo de organização muito
pouco produtivo. A Mesopotâmia, a Índia, a China e os antigos Egípcios e Hebreus
utilizaram escravo. Na civilização Grega o trabalho escravo aconteceu na mais variada
sorte de funções, os escravos podiam ser domésticos, podiam trabalhar no campo, nas
minas, na força policial de arqueiros da cidade, podiam ser ourives, remadores de barco,
artesão etc. Para os gregos, tanto as mulheres como os escravos não possuíam direito de
voto. No entanto, o tipo de escravidão que se deu nas Américas, logo após seu
descobrimento por Cristóvão Colombo, em 1492, era praticamente inédito, baseado no
subjulgamento de uma raça, em razão da cor da pele.
6 – Escravidão No Brasil:
6.1 – Introdução:
A escravidão no Brasil ocorreu entre os séculos XVI e XIX e foi uma forma de
exploração da força de trabalho de homens e mulheres africanos, sustentado pelo tráfico
189
No Brasil a escravidão começou com os índios, mas como eles não se adaptavam ao
serviço braçal, os colonizadores recorreram aos “negros africanos”, que foram
utilizados nas minas e nas plantações: de dia fazia tarefas costumeiras, a noite
carregavam, trituravam e encaixotavam o açúcar. O comércio de escravo passou a ter
rotas intercontinentais, no momento em que os europeus começaram a colonizar os
outros continentes, no século XVI e, por exemplo, no caso das Américas, em que os
povos locais não se deixaram subjugar, foi necessário importar mão-de-obra,
principalmente da África. Nessa altura, muitos reinos africanos e árabes passaram a
capturar escravos para vender aos europeus. Em alguns territórios brasileiros, o índio
chegou a ser mais fundamental que o negro, como mão-de-obra. Em São Paulo, até o
final do século XVII, quase não se encontrava negros e os documentos da época que
usavam o termo “negro da terra” referiam-se na verdade aos índios.
Em 1871 foi feita a Lei do Ventre Livre que declarava livre os filhos de escravos
nascidos a partir daquele ano. Em 1885 a Lei dos Sexagenários, que concedia liberdade
aos maiores de 60 anos.
E mais tarde fez surgir o abolicionismo, em meados do século XIX. Em 1888, quando a
escravidão foi abolida no Brasil, ele era o único país ocidental que ainda mantinha a
escravidão legalizada. A Mauritânia foi, em 1981, o último país a abolir, na letra da lei,
a escravatura. A escravidão é pouco produtiva porque, como o escravo não tem
propriedade sobre sua própria produção, ele não é estimulado a produzir já que isto não
irá resultar em um incremento do bem estar material de si mesmo.
Sobreviver foi uma tarefa difícil. As mortes eram constantes e a taxa de natalidade
muito baixa, por conta disso e pela pouca importância dada a reprodução, houve
necessidade constante de importar mão-de-obra, sustentando o tráfico atlântico. Este
figurou como atividade lucrativa para um grupo bastante fluente de traficantes.
190
É com a chegada dos portugueses na costa atlântica ao sul do Saara, no século XV que
as formas de comércio se modificam e o uso da violência passou a ser comum. Cerca de
4,5 milhões de africanos vieram para o Brasil. As plantations e os monopólios eram à
base da agricultura escravista e garantiram a escravidão como um negócio lucrativo.
A travessia nos navios negreiros era marcada pela violência e pelas condições
insalubres. Antes de embarcar os homens e mulheres cativos eram marcados com ferro
– ou nas costas ou no peito – como forma de identificação do traficante a quem
pertenciam. Um único navio carregava cativos de diversos traficantes e locais de
origem. E assim os senhores os preferiam: trabalhadores de etnias e culturas diferentes,
pois dificultava a comunicação e prevenia a formação de rebeliões e motins.
A viagem nos navios tinha como dieta básica o azeite e o milho e, por conta desta
alimentação pobre em vitaminas, especialmente a vitamina C, muitos escravizados
chegavam com “escorbuto”, doença bastante comum neste contexto. O fim da travessia
se dava com a chegada aos portos brasileiros como os de Recife, Salvador, Rio de
Janeiro, Fortaleza, São Luís e Belém. Os principais portos à época eram os de Salvador
e Recife, mas, após a descoberta do ouro na região de Minas Gerais o porto do Rio de
Janeiro ganha destaque e passa a receber um número cada vez maior de cativos.
c) Chegada ao Brasil
A chegada era marcada, inicialmente, pela burocracia. Classificados por sexo e idade,
posteriormente eram enviados para o local onde se faziam os leilões de escravos, que
poderia ser já na alfândega ou nos armazéns próximos à região portuária.
Além da vendo in loco os homens e mulheres escravizadas eram anunciadas nos jornais.
Ao buscar os periódicos do período este tipo de anúncio é facilmente encontrado. Postos
à venda a partir do seu sexo, idade e etnia a preferência se dava por homens adultos – os
mais caros. A venda envolvia garantias: caso o cativo apresentasse alguma doença ou
debilidade física nos quinze dias sequentes à venda podia ser devolvido.
Os escravizados eram assombrados pela presença dos castigos físicos e das punições
públicas. Várias foram as formas de humilhação. O tronco, o açoite, as humilhações, o
uso de ganchos no pescoço ou as correntes presas no chão representavam a violência a
que eram submetidos os cativos. A escravidão é um sistema que só funciona com a
presença da violência.
Ainda assim é preciso destacar o papel importante das revoltas e das rebeliões, formas
de resistência à exploração imposta, como experiência dos quilombos – como o de
Palmares – e as diversas táticas praticadas para fugir da violência injusta. Homens e
mulheres cativos não foram passivos ao sistema a que foram submetidos reagindo da
mais variadas formas.
7 – Escravidão Na Bíblia
7.1 – Introdução:
192
Uma das razões pela qual você parece desacreditar o Cristianismo é por causa da
existência da escravidão na Bíblia. A escravidão tem existido praticamente por toda a
extensão da história humana. Costumes culturais não têm permanecido estagnados ao
longo dos séculos, e atitudes em relação à escravidão mudaram junto com eles.
Movimentos abolicionistas eram raros antes do século XVIII.
2 – A leitura de Êxodo 21.7-11, leva a crer que “todo homem é livre para vender sua
filha como escrava sexual – embora certas sutilezas se apliquem. Exemplo:
“Se um homem vender a sua filha como escrava, ela não será liberta como os escravos
homens. Se ela não agradar ao seu senhor que a escolheu, ele deverá permitir que ela
seja resgatada. Não poderá vende-la a estrangeiros, pois isso seria deslealdade para com
ela. Se o seu senhor a escolher para seu filho, lhe dará os direitos de uma filha. Se o
senhor tomar uma segunda mulher, não poderá privar a primeira de alimentos, do
roupas e de direitos conjugais. Se não lhe garantir essas três coisas, ela poderá ir embora
sem precisar pagar nada (Ex 21.7-11).
3 – Nos dias do Antigo Testamento, quando um homem vendia sua filha como uma
escrava, ele permitia a sua entrada na aliança matrimonial que ela aprovasse. Um
homem ou sua família normalmente iniciava a sequência de passos que levavam ao
casamento. O costume do Antigo Testamento incluía o novo o marido ou sua família
oferecendo um preço de nova ao pai da noiva. Nem sempre um pagamento monetário,
isto pode ter sido um presente ou algo considerado valioso. A passagem acima não
oferece apenas sutilezas aplicáveis, mas provê leis para proteger as mulheres que entram
no casamento desta forma.
4 – como exemplo de uma família que incluía novas servas, vamos considerar o lar de
Jacó: Jacó teve doze filhos cujos descendentes dera origem às doze tribos de Israel:
Rubem, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Dã, Naftali, Gade, Aser, José e
Benjamim. Jacó se apaixona por Raquel e desejou casar-se com ela. Jacó, em seguida
193
reuniu-se com o pai dela, Labão, e ofereceu tornar-se um escravo durante sete anos a
fim de ganhar a mão de Raquel em casamento. Infelizmente para Jacó, o costume no
país de Labão era que a primogênita deveria casar-se primeira. Depois de sete anos,
Jacó recebe Lia em casamento, ao invés de Raquel, o que muito o irritou. Labão
concordou em permitir que Jacó casasse com Raquel após a semana nupcial de Lia, em
troca de mais sete anos de trabalho. Gravemente apaixonado, Jacó continuou como
escravo de Labão por outros sete anos para ganhar a mão de sua amada Raquel. Então,
Jacó e Raquel também se casaram e expandiram a família que Jacó já tinha começado
com Lia. Tanto Lia como Raquel tiveram servas que também se juntaram à família de
Jacó. Essas servas Zilpa e Bila tornaram-se esposas servas de Jacó por seu acordo
mútuo com Lia e Raquel. Enquanto Lia deu a Jacó seis filhos, cada uma de suas outras
três esposas lhe deram dois filhos. Lia também teve uma filha, Diná.
Encontram este relato em Gênesis 29 e 30. Jacó tratava suas esposas Lia e Raquel, e as
esposas servas Zilpa e Bila, de forma justa e equitativa. Jacó, suas esposas e seus filhos
viveram e viajaram juntos com uma família depois que Jacó terminou o seu contrato
com Labão.
8.1 – Introdução:
A escravidão foi a primeira lei que Deus deu aos israelitas quando eles saíram do Egito
(cf. Ex. 21.1-11). Na lei mosaica, sequestrar alguém para ser vendido como escravo era
crime punido com pena capital (Ex. 21.16).
Um escravo hebreu deveria trabalhar apenas seis anos para pagar a sua dívida, sendo
libertado ao sétimo ano, sem pagar nada (Ex.21.1). Além disso, ele deveria receber de
seu proprietário alguns animais e alimentos para recomeçar a vida (Dt. 15.13,14).
Durante seu período de serviço, o (a) escravo (a) teria um dia de folga semanal, o
sábado (Ex. 20.10). é interessante notar que na versão dos dez mandamentos de
Deuteronômio 5, é dito que o sábado foi dado para que o servo e a serva “descansem
como tu”, no caso o patrão.
Proteger um escravo fugitivo, em Babilônia, era uma grande ofensa, também punido
com a morte, como evidenciado nas leis 15-20 do referido código. Antes desse rei, que
viveu em torno de 1750 a.C., entre os sumérios, o termo arad (escravo, servo) era
considerado como um objeto e era referido através de um pronome usado para descrever
coisas (p.ex. como o uso do it, em inglês).
194
Alguém pode questionar o motivo pelo qual Deus não aboliu a escravidão entre os
israelitas. Lembre-se de que eles estavam inseridos numa cultura impregnada dessa
prática. Mesmo que Deus abolisse, isso não mudaria a forma como eles pensavam. A
título de ilustração, imagine o árduo processo cultural para tornar a Arábia Saudita em
uma democracia. Mesmo que essa mudança fosse feita, ainda levaria um bom tempo até
que a mentalidade da nação fosse mudada. Deus humanizou essa prática em Israel. Em
lugar algum do antigo Oriente Médio encontraremos escravo e senhor em pé de
igualdade (cf. Jó 3l.13-15).
48 – ESPIRITISMO
1 - Introdução:
Doutrina codificada em 1857m em o Livro dos Espíritos, pelo pedagogo francês Allan
Kardec (1804-1869). Seus adeptos acreditam no retorno do espírito à Terra, em
sucessivas encarnações, até chegar à perfeição, e creem na possibilidade de
comunicação entre vivos e mortos, que pode ocorrer de várias formas, como por
mensagens escritas (psicografadas) ou faladas (psicofônicas). A religião prega a
caridade e o amor ao próximo como meio de atingir a maturidade espiritual. Chega ao
Brasil em meados do século XIX e seu principal nome foi o mediúm Chico Xavier
(1910-2002).
Livro e mais livros têm sido escrito sobre o espiritismo nos seus diversos aspextos. O
povo evangélico brasileiro, particularmente, dispõe de algumas obras significantes
quanto a história, doutrinas e refutações bíblicas no que se refere a essa seita-religião
que de acordo com as denominações que recebe, mostra a manifestação de satanás no
meio do “seu povo”.
A palavra espírito vem do grego, “pneuma” sopro, exaltação, sopro vital, espírito. O
sufixo grego “ismós” indica doutrina filosófica religiosa, daí, espiritismo.
3 – Histórico:
A primeira sessão espírita teve lugar no Éden, onde a serpente serviu de médium,
satanás de guia e Eva de assistente. Até hoje, as sessões espíritas são feitas com esses
elementos: os médiuns, os demônios ou guias e os assistentes.
É claro, que não podendo comungar com Deus e os anjos, por ter sido lançado do céu,
nem com os homens, por terem estes corpos físicos, o diabo e seus anjos só podem
viver no espaço, entre o céu e a terra, que aliás, Deus não achou bom ao criar, visto estar
reservado para a habitação dos seres decaídos.
Como é impossível a Satanás a comunhão com Deus, o astuto anjo decaído, juntamente
com seus seguidores, procura habitar entre os homens e o faz através de encarnações
mediúnicas, encostos ou usando outros métodos como: “protegendo”, “ajudando” etc.
Querem estes seres, o poder da expressão; daí usarem preferivelmente o homem de que
usam as faculdades para mesmo que disfarçadamente o levar ao afastamento de Deus e
à destruição. São inimigos de Deus, rebeldes e predestinados para o lago de fogo, para
onde não querem ir sozinhos.
4 – O Espiritismo Moderno:
Swedemborg, contemporâneo de Mesmer, era um filósofo místico que dizia ter recebido
de Deus poder para explicar as Escrituras (como Allan Kardec) e comunicar-se com o
outro mundo.
As práticas espíritas eram chamadas antigamente, como podemos notar nas páginas das
Escrituras, de necromancia ou magia. Seus praticantes eram chamados de: magos,
pitonisas, adivinhos, bruxas, feiticeiros etc. os centros, tendas ou terreiros eram
chamados oráculos, cavernas ou antros.
Hoje, dependendo do ramo a que pertencem, os nomes são diversos. Desde o Vodu até
o “alto” espiritismo, a essência é a mesma. Através dos tempos, têm sido redutos do
espiritismo, a china, a índia, o Tibete, o Haiti, a África, o Brasil e os povos indígenas
em geral. O Brasil é hoje o líder mundial do espiritismo que tem seu foco principal no
Estado do Rio de Janeiro. Em uma estatística publicada em uma de nossas revistas,
afirmava-se que 70% dos católicos brasileiros são frequentadores de centros espíritas.
5 – Divisão do Espiritismo:
Crença na reencarnação;
Jesus Cristo é visto como a grande entidade encarnada – a maior que já apareceu
no mundo. O Evangelho foi reinterpretado, segundo o espiritismo, no famoso
livro de Allan Kardec – o Evangelho Segundo o Espiritismo.
7 – Doutrinas Espíritas.
Algumas:
Deus existe, mas está longe demais e só se manifesta por meio de intermediários
– os guias.
Jesus é um homem que alcançou grande desenvolvimento espiritual.
Entre as seitas ou sociedades secretas ligadas ao Espiritismo, bem como certas práticas,
temos ainda: o Ioguismo, o Faquirismo, o Manuseio de Serpentes, o Culto ao Mago
Abramelim, o Culto das Bruxas, o Culto do Pavão, o Culto aos discos voadores, culto
aos duendes e fadas etc.
8 – Cultos Espíritas.
1 – Umbanda:
A palavra Umbanda quer dizer “do lado de Deus, ou do bem”. Essencialmente é religião
de magia e feitiçaria, politeísta, fetichistas e mitológicas, muito semelhantes ao
candomblé.
O orixá é adorado, servido e motivo de orgulho para o médium (ou cavalo). A ele se faz
oferendas e para ele, banhos de purificação ou preparação do ambiente (casa ou terreiro)
com incenso ou perfumes.
O exu é evitado. Quando em uma sessão se incorpora, é logo afastado, muitas vezes
depois de ser doutrinado. Em alguns terreiros aconselha-se fazer-lhe oferendas para que
se afaste, em outros essa oferenda é feita para cobrir outra que já lhe foi feita e coloca-lo
assim ao serviço do último ofertante.
Tipos de Reuniões:
2 – Quimbanda:
A dificuldade existe por causa do grande sincronismo que existe entre as duas
formas de espiritismo. Na maioria dos terreiros, vê-se uma mistura dos dois
cultos, entretanto, analisando basicamente cada uma delas, podemos notar as
tendências de cada terreiro.
3 – Candomblé:
3.1 – O Ocultismo
4. Mistura de ervas com pós, terra de lugares santos, pedras e coisas desse
tipo são feitas para a obtenção de várias finalidades; pó do amor; bebida
para fechar o corpo; pó da sedução; banhos para afastarem mal olhado,
inveja ou para receberem benefícios, são receitados por suas mães de
todos os santos ou babás. É claro que por trás disso tudo existe um
grande comércio de bugigangas na exploração da ingênua fé do povo.
4 – Macumba:
Acontece de tudo nos terreiros de macumba. Há uma mistura de orixás, exus, preto-
velho, almas desencarnadas, espíritos de luz etc. de acordo com cada terreiro, são
aceitos ou rejeitados ou comungam da mesma maneira todos os espíritos.
Quanto aos rituais, assimilam dos demais cultos espíritas as suas práticas, porém sem
nenhum compromisso sério. Fazem de tudo. No rio de Janeiro, principalmente na
Baixada Fluminense e em São Paulo, na chamada Periferia, esses terreiros são muito
comuns. É claro que as tendências de cada terreiro estão de acordo com os princípios do
pai ou mãe de santo que os dirige.
A prática desse culto, como os demais cultos africanos, começou aqui no Brasil com os
escravos africanos. Após a Lei Áurea, continuaram a praticar o culto que foi aos poucos
angariando adeptos, principalmente dentre os pobres e favelados.
Hoje, pode-se ver muita “gente boa” nessas reuniões. Filas de carros se fazem defronte
dos terreiros de macumba, oriundos de todas as partes da cidade. É comum observar-se
com tristeza, dentre os praticantes, inclusive, muitas crianças, às vezes de colo...
As Sessões de Macumba
Oferendas
Na macumba, o “guia” exige oferendas. Marca dia e hora e local para que ela seja
entregue e costuma se manifestar na hora em que o macumbeiro a coloca no lugar
indicado.
A isto se chama também obrigação, que serve para atender um pedido ou uma paga em
favor de algo recebido. Também faz parte da comunhão entre o médium e seu guia.
Essas oferendas são compostas de elementos de acordo com a vontade de cada “guia”.
Farofa, pipoca, cachaça ou outras bebidas costumam ser comuns.
Descargas
O grande segredo do espiritismo, nas suas diversas formas, é abrir a vida às forças do
inferno e ficar escravo dos espíritos, pagando um preço incrível pelos favores que o
diabo presta.
205
– Kardecismo:
O espiritismo kardecista está apoiado nos princípios de Allan Kardec. Seus praticantes
costumam dizer que são os verdadeiros espíritas, sendo que os demais são espiritistas ou
mediunistas.
Como já afirmamos várias vezes, a essência é a mesma. É certo que existe uma grande
influência dos ensinos de Jesus na doutrina de Kardec. Este, chegou a escreveu o livro
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, afirmando ser este ditado pelo “espírito da
verdade”.
O que é bom deixar claro, entretanto, é que os ensinos de Jesus no citado livro e nos
demais que Kardec e seus asseclas escreveram, encontra-se dramaticamente torcidos e
mutilados. É uma tentativa delirante de procurar equacionar os ensinamentos sublimes
do Senhor Jesus Cristo aos ensinamentos demoníacos e falsos do espiritismo.
A prática
O Kardecismo, como os demais cultos espíritas, não tem uma doutrina sólida. Os
ortodoxos defendem apenas os ensinos de Kardec, enquanto que a maioria assimila
também os ensinamentos de diversos autores espíritas como, no Brasil, Pastorino, Chico
Xavier, Bezerra de Menezes, Imbassay e outros.
a) Comunicação com os mortos: espíritos de pessoas que viveram entre nós e que
ora necessitam de caridade ora são mensageiros celestes;
c) Comunicação com extraterrestres: espíritos que não viveram entre nós; de outra
esfera espiritual; superevoluídos;
f) Cânticos: usam cânticos durante as reuniões: têm corais, conjuntos de jovens etc.
49 – ESPIRITUALISTAS CRISTÃOS
Histórico:
A razão não deve usar conceitos estereotipados. A vida não deve ser entendida apenas a
partir de fórmulas químicas.
“Vitalidade é o poder que mantém um ser vivo com vida crescendo. Élan Vital é o
impulso criativo da substancia viva em tudo o que vive rumo a novas formas” (Paul
Tillich, Teologia Sistemática, p. 154).
“A vida em sua criatividade dinâmica, em seu Élan Vital (Bergson), está aberta só ao
conhecimento receptivo, à participação intuitiva e à união mística” (Paul Tillich,
Teologia Sistemática, p. 90).
50 – ESTOICISMO
1 – Introdução:
Outra corrente filosófica que introduziu novas perspectivas no caminho da felicidade foi
o estoicismo. Essa palavra deriva do grego stoá, “pórtico” ou “galeria de colunas”.
Trata-se de uma referencia ao local em que reunia os alunos e administrava suas aulas o
primeiro filósofo dessa corrente, Zenão de Cício (c. 335-264 a.C.). Para o estoico, é
feliz aquele que vive de acordo com a ordem cósmica, aceitando e amando o próprio
destino nela inscrito.
2 – Desenvolvimento:
a) Ordem Cósmica:
Para compreender o método estoico para a condução de uma vida boa e feliz, é preciso
entender primeiro um pouco de sua física ou cosmologia. O estoicismo concebe o
universo como “kósmos”, “universo ordenado e harmonioso”, composto de um
princípio passivo (a matéria) e de um princípio ativo, racional, inteligente (o chamado
logos), que permeia, anima e conecta todas as suas partes.
Em outras palavras, tudo o que existe e que acontece tem um objetivo e uma razão de
ser, pois faz parte da inteligência universal e divina. Assim, tudo é necessário, ou seja,
não pode ser diferente do que é. Nessa ordem cósmica, portanto, todos os eventos já
estariam organicamente predeterminados, inclusive a vida de cada um – estaria seu
destino.
208
Pela mesma razão, tudo o que acontece deve ser bom, pois é animado pelo bem contido
nos princípios racionais que governam o universo (o que se denomina providência). O
importante é a ordem do todo, da totalidade do universo. E o bem do todo deve ser
melhor do que o bem individual.
b) Uso da Vontade:
Com base nessa cosmologia, os estoicos entendiam que é impossível sermos felizes se
acreditarmos que felicidade é ter tudo o que desejamos (como geralmente se pensa).
Basta que fracassemos em alcançar um desejo e nos tornarmos infelizes.
A esse respeito, ensinavam que há coisas que dependem de nós e há outras que não
dependem de nós, ou só de nós. Depende de nós, por exemplo, elaborar um bom
trabalho ou ser bom e generoso; não depende de nós (ou só de nós) ganharmos na
loteria ou conquistar o coração da pessoa amada.
Então, se existe uma ordem cósmica predeterminada e se há coisas que não dependem
de nós, só nos resta aproveitar uma brechinha de liberdade que o estoicismo nos deixa
para garantir nossa felicidade. Trata-se da aplicação de uma faculdade que todos temos:
a vontade. Ela nos permite querer ou não querer as coisas. Veja que nada pode me
obrigar a querer o que não quero, ou a não querer o que quero. Podem me obrigar, por
exemplo, a ir a uma festa, inclusive me levar à força até lá, mas não podem me fazer
querer ir a essa festa.
Portanto, segundo os estoicos, posso construir minha felicidade a partir dessa brechinha,
usando minha vontade para querer apenas aquilo sobre o que tenho poder, que depende
de mim e que me faz verdadeiramente feliz.
Com base nesse raciocínio, os estoicos procuraram orientar a conduta das pessoas
estabelecendo a seguinte distinção entre as coisas:
Boas – são aquelas que dependem de nós e que devemos querer e buscar durante
a vida para sermos felizes. Trata-se das virtudes, como ser prudente, justo,
corajoso;
Más – são as coisas que dependem de nós, mas que, ao contrário, devemos evitar
durante a vida se queremos ser felizes. Trata-se dos vícios e das paixões, como
ser imprudente, injusto, covarde, guloso, raivoso;
Indiferentes – são as coisas que não dependem de nós e com as quais não
devemos nos preocupar, sob pena de gerar infelicidade. É o caso da morte, do
poder, da saúde ou doença, da riqueza ou pobreza, entre outras.
Por esse raciocínio, podemos concluir que a paixão é o resultado do uso inadequado da
razão, enquanto a virtude consiste na ação que se desenvolve conforme a razão (ou seja,
conforme a natureza, pois a natureza, como vimos, é logos, razão).
Assim, dominar as paixões é o objetivo principal da ética estoica. Para isso, o esforço
em controlar os pensamentos será fundamental, pois é o pensamento equivocado que
gera as condições para aflorá-lo das paixões.
d) Amor Fati:
O domínio sobre os pensamentos e as paixões seria, portanto, a via negativa para atingir
a felicidade. Diz-se “negativa” porque se dá pela negação das paixões, pela negação das
causa da infelicidade. Mas há também um percurso positivo, o do amor fati, expressão
latina que significa “amor aos fatos, aos acontecimentos, ao próprio destino”.
Por isso, para o estoicismo, uma pessoa não deve revoltar-se por ter nascimento com
uma deficiência física, ou porque é feia, pobre ou escrava. Isso não depende dela. Deve
não apenas aceitar sua condição, mas também querer o que é o que tem ou o que vive.
Deve, enfim, ter amor por seu destino (amor fati), que faz parte da totalidade. Somente
então ela poderá ser feliz.
Estoicismo: O Dever.
O Estoicismo, fundado a partir das ideias de Zenão de Cício (336-263 a.C.), foi a
corrente filosófica de maior influencia no período helenístico. Como estudamos
anteriormente, os representantes dessa escola eram conhecidos como estoicos e
defendiam a noção de que toda realidade existente é uma realidade racional. Isso
significa que todos os seres, os indivíduos e a natureza fazem parte dessa realidade
racional.
Segundo esses pensadores, o que chamamos de Deus nada mais é do que a fonte dos
princípios racionais que regem a realidade, integrado à natureza, não existe para o ser
humano nenhum outro lugar para ir ou fugir, além do próprio mundo em que vivemos.
Somos deste mundo e, ao morrer, no dissolvemos neste mundo.
210
51 – ESTRUTURALISMO
1 – Introdução:
O todo pode ser matemático, mineral, mecânico, um corpo vivo, um idioma, um O ser
humano tem procurado fundamentar o seu conhecimento da seguinte maneira:
O método estrutural procura entender a organização das entidades de acordo com suas
relações internas. A estrutura refere-se ao modo como se relaciona um grupo de
elementos. Observa a singularidade do conjunto. E aponta para a unidade e a
comparação.
A Linguística não se ocupa tanto com a descrição empírica das línguas, mas com a
análise do sistema abstrato que constitui as relações linguísticas. Um exemplo seria a
análise da Língua Portuguesa.
52 – EUROCOMUNISMOS
(veja tópico 22 sobre o comunismo).
Conceito:
212
Na Itália, por exemplo, o Partido Comunista Italiano, liderado por Togliatti, afirma a
ideia de que existem caminhos nacionais para o Socialismo (policentrismo), defende o
pluralismo partidário e preconiza as alianças que o proletariado deve fazer com os
outros grupos que compõem as classes populares, como camponeses, intelectuais e
camadas médias.
53 – EUTIQUISMO
1 – Introdução:
Pelos idos de 440, ele converteu-se numa figura de grande projeção do Monofisismo em
Constantinopla, quando subiu ao poder, em 441, o eunuco Crisápio, responsável por seu
batismo, Eutiques principiou uma campanha fulminante contra o Nestorianismo,
atacando a todos a quem julgava suspeita. Assim, ele denunciou a Teodoreto de Ciro,
Ibas de Edessa, Domno II de Antioquia (442-449) e até Flaviano de Constantinopla fora
denunciado em uma carta enviada por ele à Sé Romana.
2 – Monofisismo Eutiquiano
54 – EVOLUCIONISMO
(Veja Tópico 26 Sobre Criacionismo).
1 – Introdução:
Um dos maiores mistérios que sempre intrigou o homem ao longo de sua história é o
conhecimento a respeito de suas próprias origens.
Pode-se dizer que todos os povos da antiguidade tinham teorias que tentavam explicar a
existência do homem e do universo. A maioria delas tinham fundamentos religiosos,
filosóficos ou até mesmo mitológicos. Além dos próprios mistérios existentes na
questão da origem da vida, ainda que, havia outra questão não menos pertinente: Por
que somos tão diferentes dos animais?
O evolucionismo é uma teoria que surgiu a partir do século XIX, afirma que o hoem foi
resultado de uma longa evolução iniciada há cerca de cinco milhões de anos, desde os
Homídeos até o Homos Sapien, espécie correspondente ao homem com suas
características atuais. De fato, a teoria evolucionista surgiu a partir da publicação do
livro de Charles Darwin, “A Origem das Espécies”, em 1859. Darwin, após uma
viagem às Ilhas Galápagos, acabou descobrindo diversas novas espécies de animais,
realidade que o levou a desenvolver a ideia de seleção natural dos seres vivos. Ainda
segundo a teoria, homem e macaco possuiriam a mesma ascendência, da qual as outras
espécies foram desenvolvendo ao longo do tempo.
Assim como o criacionismo é uma teoria que tentam explicar a criação do homem, o
evolucionismo também tenta pelo método da evolução.
2 – Teorias Evolucionistas
Até hoje os cientistas não sabem falar de onde viemos e para onde iremos, temos várias
teorias como a evolução; defendida no princípio pelo cientista francês Jean-Baptiste
215
Contando com as premissas, ele afirmou que o homem e o macaco teriam uma mesma
ascendência a partir da qual as duas espécies se desenvolveram. Contudo, isso não quer
dizer, conforme muitos afirmam que Darwin supôs que o homem é um descendente de
macaco. Em sua obra, a origem das espécies, ele sugere que o homem e o macaco,
devido suas semelhanças biológicas, teriam um mesmo ascendente comum. A partir da
afirmação científica, ao longo dos anos, se lançaram ao desafio de reconstituir todas as
espécies que antecederam o homem contemporâneo.
Naturalista francês foi o primeiro cientista a propor uma teoria sistemática da evolução.
Sua teoria foi publicada em 1809, em um livro denominado filosofia zoológica.
Segundo Lamarck, o princípio de evolução estaria baseado em duas leis fundamentais:
lei do uso e desuso: o uso de determinadas partes do corpo do organismo faz com que
estas se desenvolvam, e o desuso faz com que se atrofiem. Lei da transmissão dos
caracteres adquiridos: alterações provocadas em determinadas características do
organismo, pelo uso e desuso, são transmitidas aos descendentes. Lamarck utilizou
vários exemplos, para explicar sua teoria. Segundo ele, as aves aquáticas tornaram´se
pernalta devido ao esforço que faziam no sentido de esticar as pernas para evitarem
216
molhar as penas durante a locomoção na água. A cada geração, esse esforço produzia
aves com pernas mais altas, que transmitiam essas características à geração seguinte.
Após várias gerações, teriam sido originadas as atuais aves pernaltas. A teoria de
Lamarck não é aceita atualmente, pois suas ideias apresentam um erro básico: as
características adquiridas não são hereditárias. Verificou-se que as alterações em células
somáticas dos indivíduos, não alteram as informações genéticas contida nas células
germinativas, não sendo, dessa forma hereditárias.
As ideias gerais da teoria da evolução das espécies sofreram, aos poucos, alterações e
aperfeiçoamentos. Todavia, as bases do evolucionismo subsistem até hoje e o nome
Darwin ficou ligado a uma das mais notáveis concepções do espírito humano. Charles
Robert Darwin nasceu em Shrewsbury, Shropshire, no Reino Unido, em 12 de fevereiro
de 1809, em uma família próspera e culta. Seu pai, Robert Waring Darwin, foi médico
respeitado. Seu avô paterno Erasmus Darwin, poeta, médico, filósofo, era evolucionista
em potencial, cuja obra mais famosa, a zoonomia (1794-1796), antecipava em muitos
aspectos as teorias de Lamarck. Em 1825, Darwin foi para Edimburgo estudar medicina,
carreira que abandonou por não suportar as dissecções. Todavia, interessou-se pelas
ciencias naturais. Matriculou-se a seguir no Christ’s College, em Cambridge, decidido a
ordenar-se, embora não tivesse vocação religiosa. Ali se tornou amigo do botânico John
Stevens Henslow, que o aconselhou a aperfeiçoar seus conhecimentos em história
natural.
55 – EXISTENCIALISMO
(Veja tópico 50 sobre fenomenologia).
1 – Introdução:
Aos filósofos da existência propriamente ditas surgiram no século XX, mas sofreram
grandes influências do pensamento de alguns filósofos do período anterior, como Arthur
217
2 – Problema do Existir
O que é existir?
3 – Influências da Fenomenologia.
Isso significa que a consciência não é uma realidade essencial ou substancial, mas
apenas um movimento – um movimento que se realiza na direção das coisas, dos
objetos, pois toda consciência é sempre uma consciência de algo.
O filósofo trouxe também outra novidade, pois observou que, nesse movimento, a
consciência manifesta sempre uma intencionalidade, ou seja, um modo específico de
visar às coisas. Em outras palavras, as coisas são sempre abordadas em função de
alguma intenção do sujeito.
a) Arthur Schopenhauer
b) Sören Kierkegaard
c) Jean-Paul Sartre
O Ser e O Nada.
Aristóteles explicava as mudanças do ser pela passagem da potencia ao ato. Para Sartre,
porém, o ser é o que é. Em sua linguagem própria trata-se do ente em si. Esse ente “não
é ativo nem passivo, nem afirmação nem negação, mas simplesmente repousa em si,
maciço e rígido”.
56 – EXPRESSIONISMO
Conceito:
57 – FACISMAO
1 – Introdução:
O fascismo foi apresentado como partido político em 1921. Desde essa altura, a palavra
“fascista” é usada para mencionar uma doutrina política com tendências autoritárias,
anticomunistas e antiparlamentares, que defende a exclusiva autossuficiência do Estado
e suas razões. Trata-se de um movimento antiliberal, que atua contra as liberdades.
2 – Desenvolvimento:
O fascismo é diferenciado das ditaduras militares porque o seu poder está fundamentado
em organizações de massas e tem uma autoridade única. Os seus membros são na sua
222
O fascismo é caracterizado por uma reação contra o movimento democrático que surgiu
graças à Revolução Francesa, assim com pela furiosa oposição às concepções liberais e
socialistas.
O termo fascismo passou a ser usado para englobar tanto os regimes diretamente ligados
ao eixo Roma-Berlim e seus aliados, como os sistemas de autoridade que atribuíam ao
estado funções acima daquelas que as democracias lhe entregavam. É o caso das
referencias ao “fascismo” espanhol, brasileiro, turco, português, entre outros.
Em1945, com a queda dos principais estados fascistas e com a divulgação das
atrocidades cometidas, o movimento fascista perdeu possibilidades de grandes
mobilizações. Apesar disso, alguns grupos minoritários se mantiveram nos antigos
estados fascistas (neofascismo).
3 – Fascismo Na Itália:
Na Itália, Mussolini, antigo socialista e militar, ocupou o poder depois da “marcha sobre
Roma” no dia 28 de Outubro de 1922. A Câmara outorgou plenos poderes ao duce e os
fascistas ocuparam, pouco a pouco, os pontos chave do estado. O deputado socialista
Matteoti denunciou a corrupção e violência fascistas, tendo sido assassinado pouco
depois. A oposição abandonou o parlamento e Mussolini aproveitou a crise para
estabelecer, em janeiro de 1925, um estado totalitário, que proibiu os partidos políticos
e os sindicatos não fascistas.
Através do Pacto de Aço (25 de maio de 1939), o duce se aliou à Alemanha nacional-
socialista, levando a Itália a intervir na II Guerra Mundial.
4 – Fascismo e Nazismo:
Apesar de muitas vezes serem vistos como sinônimos, o fascismo e nazismo têm
diferença s. o nazismo é frequentemente contemplado como um forma de fascismo, mas
223
o movimento nazista identificou uma raça superior (raça ariana), e tentou eliminar
outras raças, para criar prosperidade para o Estado.
A semelhança entre estes dois regimes é que obtiveram grande popularidade entre os
elementos da classe operária, porque criavam medidas de apoio para eles, medida que
varias vezes não se concretizava.
58 – FAUVISMO
Conceito:
O que é Fauvismo?
Os franceses Henri Matisse (1869 – 1954) e André Derain (1880 – 1954) fundaram o
Fauvismo, o primeiro movimento moderno do século XX. O movimento foi assim
denominado por um crítico francês que, em 1905, os chamou de fauves (feras
selvagens) ao se referir às suas cores fortes e chocantes.
59 – FENOMENOLOGIA
1 – Introdução:
A fenomenologia surgiu no final do século XIX, com Franz Brentano, cujas principais
ideias foram desenvolvidas por Edmund Husserl (1859 – 1958). Outros representantes
foram: Heidegger, Max Scheler, Hartmann, Binswanger, De Waelhens, Ricoeur,
Merleau Ponty, Jaspers, Sartre.
Seu postulado básico é a noção de intencionalidade, pela qual é tentada a superação das
tendências racionalistas e empiristas surgidas no século XVII. A fenomenologia
pretende realizar a superação da dicotomia razão-experiência no processo de
conhecimento, afirmando que toda consciência é intencional. Isso significa que,
contrariamente ao que afirmam os racionalistas, não há pura consciência, separada do
mundo, mas toda consciência tende para o mundo; toda consciência é consciência de
alguma coisa. Mas também contrariamente aos empiristas, os fenomenólogos afirmam
que não há objeto em si, já que o objeto só existe para um sujeito que lhe dá significado.
2 – Tendência Humanista:
A fenomenologia é a filosofia e o método que têm como precursor Franz Brentano (final
do século XIX), mas foi Edmund Husserl (1858 – 1938) quem formulou as principais
linhas dessa nova abordagem do real, abrindo o caminho para filósofos com Heidegger,
Jaspers, Sartre, Merleau-Ponty.
próprios estímulos nunca são idênticos para todas as pessoas, mas exercem influência na
medida em que são percebidos de maneira singular pela consciência que os atinge.
60 – FEUDALISMO
1 – Introdução:
conceitos para identificá-las, como o de feudalismo. Este termo, entretanto, tem gerado
muitos debates e recebido muitas definições.
Para conceituação desta matéria, vamos analisar o termo feudalismo, de acordo com o
historiador francês Jacques le Goff, especialista em história medieval. Um sistema de
organização economica, social e política baseado nos vinculos de homem a homem, no
qual uma classe de guerreiros especializados – os senhores – subordinados uns aos
outros por uma hierarquia de vinculos de dependencia, domina uma massa campesina
que explora a terra e lhes fornece com que viver.
a) Poder Político:
b) Suserania e Vassalagem.
1 – elementos romanos:
2 – elementos germânicos:
Sistema feudal prevaleceu durante longo período na Europa Ocidental. Por abranger
área tão extensa, não foi idêntico em todos os lugares. No entanto, é possível
apontar algumas características comuns:
3 – Sociedade Divida:
Clero (Orates, palavra latina que significa “rezadores”) – ordem dos membros
da Igreja católica, destacando-se os dirigentes superiores, como bispos, abades e
cardeais. Os dirigentes da igreja administravam suas propriedades e tinham
grandes influencia política e ideológica (isto é, na formação das mentalidades e
das opiniões) sobre toda a sociedade.
Essa organização social, rígida e praticamente sem mobilidade entre as ordens, era
defendida pela elite do clero e da nobreza como uma forma de manter seus
interesses.
4 – Produção Econômica:
Senhorio
O tamanho médio de um senhorio variava entre 200 e 250 hectares. Cada um tinha uma
produção variada de cereais, carnes, leite, roupas e utensílios domésticos – poucos
produtos (como os metais utilizados na confecção de ferramentas e o sal) vinham de
fora. Eram divididos em três grandes áreas:
229
Os mansos servis: terras utilizadas pelos servos, das quais eles retiravam seu
próprio sustento e os recursos para cumprir as obrigações que deviam aos
senhores.
Servidão
Os servos não eram proprietários das terras em que trabalhavam apenas as usavam;
produziam para o próprio sustento e para manter as outras duas ordens (os nobres e o
clero).
A relação servil impunha uma série de obrigações do servo para com o senhor feudal,
pagas em forma de trabalho e de bens. Uma delas era a corveia, pela qual o servo,
embora livre, tinha de trabalhar alguns dias da semana gratuitamente nas reservas
senhoriais. Esse trabalho podia ser realizado na agricultura, na criação de animais, na
construção de casas e outros edifícios ou em benfeitorias.
Os castelos – até fins do século XI, o castelo feudal era, muitas vezes, um rude
forte de madeira. Mesmo os grandes castelos de pedra construídos
posteriormente eram desconfortáveis. Os quartos eram escuros e úmidos e as
paredes de pedra crua, frias e tristes. Os pisos eram, em geral, recobertos com
esteiras de junco ou palha.
Os direitos dos servos – o servo tinha direito à posse usual da terra. Se a terra
fosse vendida, ele conservava o direito de cultivar o seu lote. Quando o servo
ficava muito velho ou fraco para trabalhar, era dever do senhor feudal cuidar
dele até o fim de seus dias.
61 – FUNDAMENTALISMO
1 – Introdução:
O contexto de terrorismo e de guerra que estamos vivendo nos inícios dos séculos XXI
faz circular como moeda corrente o termo “Fundamentalismos”. Esta palavra se tornou
chave explicativa e interpretativa de ações terroristas que ocorrem em diferentes regiões
do mundo, especialmente naquelas onde predomina o islamismo.
2 – O que é Fundamentalismo?
Esses dados já nos ajudam a entender o que seja o fundamentalismo. Não é uma
doutrina. Mas uma forma de interpretar e viver a doutrina. É assumir a letra das
doutrinas e normas sem cuidar de seu espírito e de sua inserção no processo sempre
cambiante da história, que obriga a contínuas interpretações e atualizações, exatamente
para manter sua verdade essencial. Fundamentalismo representa a atitude daquele que
confere caráter absoluto ao seu ponto de vista.
Sendo assim, imediatamente surge grave consequência: quem se sente portador de uma
verdade absoluta não pode tolerar outra verdade, e seu destino é a intolerância. E a
intolerância gera desprezo do outro, e o desprezo, a agressividade, e a agressividade, a
guerra contra o erro a ser combatido e exterminado. Irrompem conflitos religiosos com
incontáveis vítimas.
4 – Fundamentalismo Protestante
Cada palavra, cada sílaba e cada vírgula, dizem os fundamentalistas, é inspirada por
Deus. Como Deus não pode errar então tudo na Bíblia é verdadeiro e sem qualquer erro.
Como Deus é imutável, sua Palavra e suas sentenças também o são. Velem para sempre.
Ainda hoje, especialmente nas escolas do sul dos Estados Unidos onde há ensino
religioso, as aulas de história e de biologia podem refletir o mais elevado
evolucionismo, enquanto que as aulas de religião seguem o mais estrito
fundamentalismo.
A Bíblia não precisa ser interpretada, ela é a palavra de Deus, e o espírito Santo ilumina
as pessoas para compreenderem os textos. Por razões semelhantes, eles se opõem aos
avanços contemporâneos da história, das ciências, da geografia e especialmente da
biologia que possam questionar a verdade bíblica.
Para o fundamentalista, a criação se realizou mesmo em sete dias. O ser humano foi
feito literalmente de barro. Eva é tirada da costela física de Adão. O preceito “crescei e
multiplicai-vos, enchei e subjugai a Terra, dominai sobre os peixes do mar, sobre as
aves do céu, sobre tudo o que vive e se move sobre a Terra” (Gênesis 1. 28, 29) deve ser
tomado estritamente ao pé da letra, pouco importando se essa dominação
antropocêntrica venha a pôr em risco a biosfera.
Mais ainda: só Jesus é o caminho, a verdade e a vida, o único e suficiente salvador. Fora
dele há somente perdição. Desse rigorismo se deriva o caráter militante e missionário de
todo fundamentalista. Em face dos demais caminhos espirituais, ele é intolerante, pois
significam simplesmente errância.
5 – Fundamentalismo Católico
O Catolicismo possui também seu tipo de fundamentalismo. Ele vem sob o nome de
Restauração, e Integrismo. Procura-se restaurar a antiga ordem, fundada no casamento
(incestuoso) entre o trono e o altar, vale dizer, entre o poder político e o poder clerical.
Visa-se a uma integração de todos os elementos da sociedade e da história sob a
hegemonia do espiritual representado, interpretado e proposto pela Igreja Católica (pelo
seu corpo hierárquico, encabeçado pelo Papa). O inimigo a combater é a Modernidade,
com suas liberdades e seu processo de secularização.
que não foi ainda digerido nem por nós católicos, muito menos pelos
protestantes, que estavam se acercando muito próximos da Igreja Católica.
b) O fundamentalismo ético-moral
A segunda vertente, é da moral e dos costumes, é a mais perplexidade e até
escândalo provoca. Basta lembrar à doutrina oficial contra os contraceptivos, os
preservativos, a fecundação artificial, a interrupção da gravidez, a
pecaminosidade da masturbação e do homossexualismo, a proibição de segundas
núpcias após um divórcio e o diagnóstico pré-natal ou a eutanásia. Para defender
suas teses nos foros mundiais, como na Conferência sobre a População Mundial
no Cairo, em 1994, e na Conferência Mundial da Mulher em Pequim, em 1995,
os representantes do Vaticano se aliaram às forças mais reacionárias e xiitas do
islamismo e dos estados autoritários do Ocidente.
Já antes o Vaticano foi um dos poucos estados que não referendou a Carta dos
Direitos Humanos da ONU, em 1948, por não constar em sua introdução o nome
de Deus. Pior ainda, sabotou os belíssimos cartões natalinos da UNICEF e
suspendeu sua contribuição para a Obra de Ajuda à Infância da UNESCO por
causa da recomendação desses organismos para que as mulheres refugiadas
usassem preservativos anticoncepcionais.
Que quer dizer a esses jovens? Que se abstenham de vida sexual até o
casamento? Que não usem preservativos e se usarem “imoralmente” correm o
risco em 10% de contaminação? Não é irresponsável pregar semelhante moral?
Comenta Daniel Souza com razão: “É mais fácil um camelo passar por um
buraco de agulha do que esses 92,3% de jovens praticarem a abstinência sexual
até o casamento... A meu ver, a Igreja Católica deveria celebrar e preservar o
bem maior que Deus nos deu, a vida, do que receitar a morte”.
6 – Fundamentalismo Islâmico
O fundamentalismo ocupou o eixo das discussões neste final de 2001. Como é notório,
o islamismo é a última grande religião surgida no último milênio, estendendo-se do
Marrocos até a Indonésia, incluindo a Turquia, partes da África Negra e da Rússia. É a
religião que mais cresce no mundo. A seguir o ritmo atual, dentro de alguns anos será
maior religião da humanidade. Vindo após o cristianismo e o judaísmo, ela se entende
como a síntese superior de ambas, seu necessário corretivo e aperfeiçoamento. Trata-se
de uma religião extremamente simples, o que explica em parte sua divulgação,
sustentada por cinco pilastras: a oração ritual, cinco vezes ao dia, feita na direção de
Meca; peregrinação a Meca uma vez na vida; jejuar do nascer ao por do sol durante o
Ramadã, o nono mês lunar; dar esmola como forma de partilha e de agradecimento a
Deus, doador de todos os bens; professar que Alá é o único Deus e Maomé, o seu
profeta.
O livro Alcorão é entendido como a revelação verbal e última dada por Deus, em árabe,
ao seu povo. O livro é até mais importante que seu próprio intermediário, Maomé.
Divide-se em 114 capítulos (suras), constituindo duas grandes partes que correspondem
às duas fases de atuação do profeta Maomé: a fase de Meca (anos de 610-622) e a fase
de Medina (622-632). A fase de Meca contém textos mais curtos e trata
fundamentalmente da doutrina, do único Deus, da moral, do juízo, do inferno e do
paraíso. Aqui se revela um grande respeito por Jesus e por Maria. Na fase de Medina, o
Alcorão trata de orientações concretas de o reto viver, de organização política e do
sistema jurídico.
236
Como nem tudo pôde ser tratado por Moisés no Alcorão, incorporam-se à doutrina
islâmica os ditos de outros profetas e santos (hadit), o consenso dos sábios (igma) e os
argumentos por analogia (qiyas).
O islamismo original (islam significa “submissão total a Deus”), não é guerreiro nem
fundamentalista. São tolerantes para com todos os povos, especialmente “os povos do
livro” (judeus e cristãos). Ele vive de duas grandes convicções: a afirmação da absoluta
unicidade e transcendência de Deus, a partir de onde tudo na Terra é relativizada, e a
comunidade profética dos irmãos, pois todos são criaturas de Deus e devem se
entreajudar. Comenta Roger Garaudy no seu conhecido livro Promessas do Islã (Nova
Fronteira, 1988): “Transcendência e comunidade, não é essa a contribuição que o Islã
hoje pode trazer para a descoberta de um futuro de aspecto humano, num mundo em que
a eliminação do transcendente, a destruição da comunidade pelo individualismo e um
modelo demente de crescimento tornaram o status quo impossível de se viver e,
impossíveis às revoluções de tipo ocidental?”.
Não obstante, aqueles que tomam o Alcorão como a revelação enlivrada (feita livro) e
tentam aplica-la em todos os campos da vida – no sagrado e no profano, na sociedade e
na organização do Estado – tendem a serem fundamentalistas. Criam um estado
teocrático e acabam impondo a todos, mesmo aos não muçulmanos, as verdades
islâmicas e os preceitos rígidos da moral, especialmente com referencia à mulher. O
famoso jihad (originalmente, fervor e empenho pela causa de Deus) se transforma em
guerra santa. A permanente tensão entre muçulmanos e cristãos é tributária de uma
história longa de mútuas violências.
Do século VII ao século XII deu-se a expansão do Islã, ocupando os lugares sagrados
para os cristãos: a Terra Santa e os territórios da Igreja de S. Paulo (a Ásia Menor) e da
Igreja da antiga região catequizada por Santo Agostinho e São Cipriano (todo o norte da
África, chegando até a Espanha).
Do século XII ao século XIII se dá a contra ofensa cristã através das cruzadas até a
expulsão dos muçulmanos da Espanha em 1942.
Nos séculos XIX e XX, as potencias ocidentais dão o troco, dominando e colonizando
os principais territórios islâmicos na África, Oriente Médio e Extremo Oriente, usando
violência militar, exploração econômica e imposição cultural e religiosa. A partir da
237
Qual foi o efeito final desse processo? A demonização mútua do inimigo. Os ocidentais
tendem a ver no muçulmano o fanático religioso e o terrorista. Os muçulmanos tendem
a ver nos ocidentais os ateus práticos, os materialistas crassos e os secularistas ímpios.
Esse caldo anticultural faz germinar o fundamentalismo e a nova forma de cruzadas dos
ocidentais.
62 – FUTURISMO
Iniciado em 1909 pelo poeta italiano Felipo Marinetti, o movimento rejeita o moralismo
e o passado e propõe um novo tipo de beleza, baseada na velocidade da industrialização.
Na literatura, a linguagem é espontânea, e as frases são fragmentadas para sugerir o
ritmo veloz. Na Rússia, o futurismo se alinhara a revolução de 1917, tendo como
expoente o poeta Vladimir Maiakovski. Marinetti alinha-se com o fascismo, que surge
na Itália na década de 1920.
63 – GEOCENTRISMO
Desde os tempos mais antigos, o universo causa curiosidade e especulações nos seres
humanos. Um dos temas mais debatidos ao longo da história foi a organização do
sistema solar, sobre o qual foram geradas diversas pesquisas, observações e teorias
científicas e religiosas.
Na Grécia Antiga, por volta de 350 a.C., Aristóteles passou a idealizar a teoria de que a
Terra estaria no centro do universo, e que todas as outras esferas girariam ao redor dela.
Muito tempo se passou e então no século II d.C., o astrônomo e matemático Cláudio
Ptolomeu, não apenas reforçou a teoria de Aristóteles, como elaborou a teoria
Geocêntrica – teoria que defendia plenamente a ideia de que a Terra se encontrava no
centro do universo.
238
Ainda, segundo Ptolomeu, a Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno
giravam ao redor da Terra, nessa ordem. Ele também acreditava que cada planeta girava
ao longo de um pequeno círculo, o qual chamou de epiciclo. Assim, cada planeta teria
um epiciclo próprio, e o centro de cada epiciclo se moveria em um ciclo maior, o qual
ficaria um pouco afastado da Terra.
A tradição árabe prega que Ptolomeu, uma das grandes celebridades de sua época,
faleceu aos 78 anos de idade, deixando seus conhecimentos e teorias astronômicas em
um tratado de treze volumes chamado de Almagesto, o qual abordava o Geocentrismo e
muitas outras teorias.
3 – Contestação Final
Quatorze séculos depois, apareceu um homem chamado Nicolau Copérnico, que passou
a contestar o Geocentrismo. Ele elaborou a teoria do Heliocentrismo, no qual defendia
que a Terra assim como os outros planetas, movia-se ao redor do sol, e que era o real
centro do Sistema Solar. A Igreja Católica não aceitou sua teoria, que posteriormente,
foi comprovada e aperfeiçoada por Kepler, Isaac Newton e Galileu Galilei. Hoje, a
teoria do Heliocentrismo é amplamente aceita e defendida pela comunidade científica.
4 – O Que é O Geocentrismo?
É a teoria astronômica que determina ser a Terra o Centro do Universo. Por esse modelo
cosmológico, formulado por Aristóteles por volta de 350 anos a.C., e aperfeiçoado por
Cláudio Ptolomeu (90-168 a.C.), a Terra permanecia fixa no Centro do Universo e todos
os outros corpos celestes orbitavam.
A teoria do Geocentrismo foi apresentada por volta do ano 150, quando Ptolomeu
afirmou e publicou “A Grande Síntese”. A Obra apresentava o modelo cosmológico que
explicava o movimento dos corpos celestes em torno da Terra e apontou seis órbitas
circulares que “segurariam” os planetas para que não caíssem.
concluiu que cada planeta tinha seu próprio elíptico e previu a distância entre eles,
concluindo estar mais próxima a Lua (primeira), seguido por Mercúrio (segunda),
Vênus (terceira), o Sol (quarta), Marte (quinta), Júpiter (sexta) e Saturno (sétima), nesta
ordem. Segundo historiadores, Ptolomeu deixou um tratado de treze volumes chamado
Almagesto, onde detalha o Geocentrismo e outras teorias.
O modelo do Geocentrismo era aceito pela Igreja Católica porque coincidia com os
textos bíblicos que colocavam o homem como objetivo da criação divina. Estando o
homem na Terra, permanecia na posição de imagem e semelhança de Deus, portanto, no
Centro do Universo. A teoria ruiu a partir dos estudos de Nicolau Copérnico, que
apontavam ser, na verdade, o sol o Centro do Universo.
A obra de Copérnico, contudo, foi condenada pela Santa Inquisição. A Igreja condenava
à morte os opositores a suas doutrinas. Foi o que ocorreu com Giordano Bruno, morto
na fogueira ao apoiar o modelo do Heliocentrismo e apresentar observações
astronômicas que apontavam a expansão constante do Universo. Um dos mais
importantes estudiosos da astronomia foi Galileu Galilei também comprovou o
Heliocentrismo com base nas pesquisas de Copérnico, mas foi obrigado a retratar-se
perante a Igreja para não morrer.
Em observações mais precisas, o físico alemão Johannes Kepler concluiu em 1609, que
somente a física pode explicar a organização do cosmos. Os dados foram usados pelo
inglês Isaac Newton (1643- 1727), que elaborou a Teoria da Gravitação Universal.
Diante dos estudos irrefutáveis, em 1835, o Papa Gregório XVI reconheceu o modelo
do Heliocentrismo.
64 – GNOSTICISMO
(veja tópico 59 sobre Humanismo).
Definição:
O que é o Gnosticismo?
Afirma-se, portanto, uma visão dualista, isto é, uma nítida distinção e contraposição de
“princípios”, no âmbito teológico, cosmológico e antropológico. Efetivamente, na
perspectiva gnóstica, o mundo visível, material, e o seu criador (o Demiurgo, às vezes
acompanhado de uma multidão de personagens secundários, os arcontes ou anjos) são
contrapostos a um mundo espiritual, divino, quase sempre formado por uma entidade
suprema, transcendente e incognoscível, a qual se manifesta em uma série de emanações
sucessivas (os éons) com nomes e atributos diferentes, exprimindo vários aspectos e
funções da divindade, em um movimento ad extra no qual se pode ver a causa última
daquele processo, visto como uma decadência, que levará ao aprisionamento de uma
partícula de substância divina na matéria. Outro lado característico e recorrente nos
sistemas gnósticos é a identificação entre o Deus criador do Antigo Testamento e o
Demiurgo inferior.
Os padres da Igreja Justino, Ireneu, Tertuliano, Hipólito, Epifânio tiveram contato direto
com as várias comunidades gnósticas, cujos membros, apelando a uma interpretação
“espiritual” e esotérica das Sagradas Escrituras e à pessoa de Jesus como revelador do
conhecimento salvifico, proclamavam-se os verdadeiros cristãos. Por isso, tais padres
consideraram os gnósticos como “hereges”, que falseavam e distorciam o ensinamento
confiado por Jesus aos apóstolos e conservado nas várias Igrejas, e empenharam-se
ativamente em refutar as suas doutrinas, com a finalidade de demonstrar a falsidade
destas e de afastar dos fiéis à sugestão de uma mensagem religiosa que, recorrendo a um
conhecimento superior, reservado a poucos privilegiados, podia atrair os espíritos
curiosos por perscrutar os “mistérios” divinos. As obras desses autores constituem uma
fonte preciosa de informações acerca do fenômeno gnóstico, aliás, a única fonte antes
que as areias do deserto egípcio trouxessem até nós, perto de Nag Hammadi, uma
coletânea de códices em papiro, contendo obras gnósticas originais.
65 – HELIOCENTRISMO
1 – Introdução:
Foi no século XVI que o monge Nicolau Copérnico (1473-1543) publicou a obra onde
propunha a teoria heliocêntrica. Apresentada timidamente como simples hipótese, talvez
por temor à Inquisição, a teoria teve pouca repercussão e foi praticamente ignorada até o
início do século XVII, quando ressurgiu como uma bomba com Galileu e Kepler.
O forte impacto dessas novidades desencadeou inúmeras polêmicas até que, pressionado
pelas autoridades eclesiásticas, Galileu se viu obrigado a abjurar. Que ideias tão terrível
é essas, que tanto ameaçam a ordem estabelecida e que merecem ser sufocadas?
3 – Descentralização do Cosmos
4 – Geometrização do Espaço
Para os antigos, sempre houve uma mística do lugar. Havia lugares privilegiados: Hades
(inferno); Olimpo (lugar dos deuses); o espaço sagrado do templo; o espaço público da
ágora (praça pública); o gineceu (lugar da mulher). Da mesma forma, havia na física
aristotélica a teoria do lugar natural e, na astronomia, a divisão entre o mundo sublunar
e o mundo supralunar, constituídos de deferentes naturezas e hierarquicamente situados
(um inferior e outro superior).
Não havendo mais diferença entre a qualidade dos espaços celestes e a dos terrestres, é
possível admitir que as leis da física sejam também da mesma natureza que as leis da
astronomia.
5 – Mecanismo
66 – HILEMORFISMO TEOLÓGICO
Introdução:
Para Aristóteles, a ciência deveria partir da realidade sensorial – empírica – para buscar
nela as estruturas essenciais de cada ser. Em outras palavras, a partir da existência do
243
O filósofo entendia, portanto, que o ser individual, concreto, único constitui o objeto da
ciência, mas não é o seu propósito. A finalidade da ciência deve ser a compreensão do
universal, visando estabelecer definições essenciais que possam ser utilizadas de modo
generalizado.
Desse modo, a indução (operação mental que vai do particular ao geral) representa, para
Aristóteles, o processo intelectual básico de aquisição de conhecimento. É por meio do
método indutivo que o ser humano pode atingir conclusões científicas, conceituais, de
âmbito universal.
1 – Hilemorfismo Teleológico:
Mais interessado na vida natural que seu mestre, Aristóteles formulou uma teoria da
realidade que ficou conhecida como hilemorfismo teleológico. Para explica-la é preciso
relacionar conceitos de sua física com os de sua metafísica.
Se observarmos a natureza como fazia esse pensador, veremos que ela tem ciclos
constantes e regulares. As plantas e os animais nascem, crescem e morrem. Cada
organismo constitui um todo orgânico, ordenado e coeso. Apesar da diversidade e
multiplicidade de entes, parece haver uma ordem interna e externa a cada um deles que
conduz à sucessão dos acontecimentos.
Portanto, ficava difícil para Aristóteles conceber que o inteligível estivesse totalmente
separado da realidade concreta, perceptível aos nossos sentidos, pertencendo a outro
mundo, como dizia Platão. Por que não pensar que o inteligível está aqui mesmo, neste
mundo, e que opera dentro das próprias coisas?
2 – Matéria e Forma
Foi o que supôs Aristóteles. Ele era um grande observador da natureza – considerado
por muitos o primeiro biólogo que existiu – e achava que o sensível e o inteligível
deviam estar unidos, metidos um no outro. Somente a análise ontológica permitiria
identificá-los e separá-los, mas essa separação seria apenas conceitual, pois, na
realidade mesma, o sensível e o inteligível andariam sempre juntos. Para os filósofos,
“as coisas são o que são em sua própria natureza”, ou seja, o ser verdadeiro deve ser
imanente.
244
Seguindo essa linha de raciocínio, Aristóteles concebeu a noção de que todas as coisas
estariam constituídas de dois princípios inseparáveis:
Assim, tudo o que existe é composto de matéria e forma, daí o nome hilemorfismo para
designar essa doutrina. Note, porém, que é a forma que faz as coisas serem o que são,
enquanto a matéria constituiu apenas o substrato que permanece. Nos processos de
mudança, é a forma que muda; a matéria mantém-se sempre a mesma. Por exemplo: se
um anel de ouro é derretido para converter-se em uma corrente de ouro, muda-se a
forma (de anel para corrente), mas mantém-se a matéria (ouro).
Como você pode perceber apesar de revalorizar o sensível, Aristóteles não despreza
totalmente a concepção de ideias eternas de seu mestre, mas a trazia de volta a este
mundo, batizava-a com outro nome (forma) e a complementava com o que supôs faltar
para que ela pudesse explicar todas as classes de seres e as mudanças do real.
3 – Potência e Ato
Desse modo, observou que uma semente não é uma planta, assim como um livro não é
uma planta. Mas a semente pode tornar-se uma árvore, enquanto o livro não pode. Isso
quer dizer que, em todo ser, devemos distinguir:
O ato – a manifestação atual do ser, aquilo que ele já é (por exemplo: a semente
é, em ato, uma semente);
Conforme essa concepção, todas as coisas naturais são ato e potência, isto é, é algo e
podem vir a ser algo distinto. Uma semente pode tornar-se uma árvore se encontrar as
condições para isso, do mesmo modo que uma árvore que está sem flores pode se
tornar, com o tempo, uma árvore florida, manifestando em ato aquilo que já continha
intrinsecamente como potência. Enfim, potência e ato explicam a mudança no mundo, o
movimento e a transitoriedade das coisas.
245
Relacionando essas dualidades de princípios nos seres (matéria e forma; potência e ato),
podemos observar um paralelismo entre matéria e potência e entre forma e ato: a
matéria indeterminada é o ser em potência; a forma é o ser em ato.
4 – Substância e Acidente
Por outro lado, em virtude de certas condições climáticas, uma árvore frutífera pode não
vir a dar frutos (o que contraria sua potência de dar frutos), ou então às folhas da árvore
podem se apresentar queimadas ou ressecadas, em consequência de um clima seco.
Aristóteles classifica esses casos, ou qualidades do ser, como acidentes, ou seja, algo
que ocorre no ser, mas que não faz parte de seu ser essencial. Isso significa que, para o
filósofo, devemos distinguir em todos os seres existentes o que neles é:
67 – HINDUÍSMO
1 – Introdução:
a) O que é o Hinduísmo?
É uma religião muito antiga e é um sistema de crenças que muitas pessoas têm em
comum. Você perceberá como uma religião muito antiga pode absorver muitas crenças
diferentes, atrair muitos grupos de pessoas aos seus ensinamentos e tornar-se um
sistema que seja uma filosofia de vida.
2 – Conhecendo O Hinduísmo
O hinduísmo declara ser a religião mais antiga do mundo. Apesar disso, tem
raízes no animismo. O animismo, por sua vez, tem suas raízes no monoteísmo
dos tempos da criação. Seria, portanto, mais exato dizer que o hinduísmo é a
religião mais antiga com um nome. Sua história remonta aos dias de Abraão, e
até mesmo à área deste.
a’) Definição:
É difícil definir o hinduísmo por causa da grande variedade de suas crenças.
Alguns hindus adoram um deus tal como Brahman, ao passo que outros
acreditam num deus pessoal. Alguns são vegetarianos (não comem carne);
outros realmente comem carne. Segundo muitas pessoas, o hinduísmo é uma
religião, ao passo que outros é uma filosofia de vida. Um ex-presidente da Índia
disse que o hinduísmo é mais uma cultura do que um credo. A palavra Hindu
provém de Sindhu, o nome em sânscrito do rio Indu, na Índia. Os hindus
chamam sua religião de sanatana dharma, que significa “religião eterna” ou
“verdade eterna”. Inclui tanto as crenças religiosas como as ideias éticas.
- O Período Védico. Esse é o período da invasão ariana desde 2000 até 600 a.C.
Cerca de 1400 a.C., os Vedas, os escritos sagrados dos hindus, foram
compostos. Os mais famosos deles eram chamados de: Upanishadas. Vieram a
ser a origem documentária do hinduísmo clássico e filosófico.
- O Período de Reforma. Nos séculos X e IX a.C., algumas pessoas reagiram
contra os sacrifícios, o sistema de castas, e a reencarnação, ensinada no sistema
védico. A revolta permaneceu por um longo período, mas os escritos do Período
de Reforma provinham principalmente do período de 600 a.C. até 200 d.C.
parece que Deus estava despertando a consciência das pessoas espalhadas por
uma vasta área nos séculos X e IX a.C. em Canaã, havia o conflito entre Jeová e
os sacrifícios ao deus falso, Baal. Elias, e outros profetas desafiaram os Baalins
e comprovaram que o Deus de Israel era Deus verdadeiro. No século IV a.C., o
Imperador Grego estendeu-se até a Índia e provocou outra mistura de povos e
crenças. Seguiu-se, então, o Império Romano, com suas próprias formas de
idolatria. Todas essas mudanças preparavam o caminho para Cristo, o
248
- Período Clássico. Mais uma vez, houve coincidência parcial dos períodos da
história, com relação aos ensinamentos e aos escritos. O Período Clássico do
hinduísmo durou cerca de 200 a.C. até 1000 d.C. os deuses foram reduzidos a
Trimurti ou três modos de deuses: Brahma, Shiva e Vishnu. Essas ideias foram
debatidas em todo o Oriente Médio cerca de 200 d.C.
e’) Características
Tolerância. O Hinduísmo é, provavelmente, a mais tolerante de todas as
religiões. Suas crenças, assim como seus deuses, são incontáveis. Abrangem
variações desde o animismo simples até algumas das filosofias mais nobres do
homem. O hinduísmo aceitou deuses maiores e menores, com seus respectivos
templos e sacerdotes. Quando brotaram as correntes do jainismo e do budismo, o
hinduísmo abriu as suas portas e permitiu que fossem afluentes do rio principal
do pensamento hindu. O hinduísmo, no entanto, não tem sido uma religião
missionária tal como o islamismo ou o Cristianismo. Cresce absorvendo todas as
demais religiões. Esta atitude tem por base a tradição do povo ariano, que
revelava amplo interesse pelas questões mais profundas da vida: a realidade, o
homem de Deus.
membro deve manter-se na casta que herda e não associar-se a outras castas. As
quatro castas são:
9. Brahmans, a classe sacerdotal e intelectual;
10. Kshatriyas, os governantes e guerreiros;
11. Vaisyas, os agricultores e artesãos;
12. Sudras, a classe mais baixa de trabalhadores.
A origem do sistema das castas provém de uma tradição hindu de que Brahma
criou Manu, o primeiro homem. De Manu surgiram os quatro tipos de pessoas. Da sua
cabeça surgiram os Brahmins, o povo mais santo. Das suas mãos surgiram os
governantes e os guerreiros. Da sua coxa surgiram os artesãos. Dos pés de Manu
surgiram os Sudras. Os hindus, portanto, acreditam que o sistema das castas provém de
Deus. No decurso do tempo, o sistema das castas tornou-se mais complexo. Agora, há
cinquenta e oito castas com mais de um milhão de membros cada uma delas, além de
outras 2000 subcastas. Além disso, cerca de cinquenta milhões de pessoas ou mais, são
chamadas párias (sem casta), Harijans, intocáveis ou legalmente, as “classes arroladas”.
O sistema das castas foi declarado ilegal pelo governo da Índia, mais ainda continua
fazendo parte da sociedade indiana.
O Aposentado – Nesta etapa, ainda pode morar com a esposa, mas passa muito
tempo em meditação na floresta;
O Sábio Santo – Nessa etapa, o homem deixa a sua família e anda pelas estradas
da Índia como homem santo.
3 – Crenças Do Hinduísmo
A Índia é uma nação com uma grande variedade de crenças. Quem a estuda é como uma
pessoa que nada num vasto oceano de ideias. Certo escritor disse: “Os únicos aspectos
unificantes do hinduísmo são o caráter indiano da fé, e a reverência universal à vaca!”
Para nosso estudo, escolheremos uns poucos tópicos para podermos avaliar e comparar
com outras religiões.
10. O Monismo. Cerca de 600 a.C. a filosofia do monismo tornou-se popular. Trata-se
da crença de que não há diferença entre alma e Brahman, a grande Alma do
Universo. Conta-se uma estória a respeito de um menino, cujo pai lhe ordenou que
colocasse sal num tigela. E assim foi deixado o sal durante a noite. No dia seguinte,
251
o pai mandou o menino trazer o sal, mas o filho não o achou, porque já havia se
dissolvido. O pai disse que, da mesma maneira, a alma dele e o Brahman são a
mesmíssima coisa. Arrematou com a declaração famosa: “O sal é o Próprio-eu:
você é o sal”.
13. Vishnu. O terceiro deus do Trimurti é Vishnu. É conhecido como um deus de amor,
de graça e de perdão. Declara-se que ele já apareceu nove vezes na terra e que virá
uma décima vez, na última vez, para pôr fim ao mundo. Os seguidores de Vishnu
são célebres pelo seu profundo amor ao seu deus. Cânticos são escritos para louvá-
lo. Kabir e Nanak, fundadores do Siquismo, eram poetas da seita Vishnu. O
Bhagavad-Gita, o grande poema hindu, declara que Krishna era o avatar
(encarnação) de Vishnu. Ele é o deus do movimento Hare Krishna. A partir do
século XV, esse movimento espalhou-se em redor do mundo. Mediante o estudo, o
entoar de mantras de Krishna e a meditação, seus membros esperam atingir a
“consciência de Krishna”.
14. Lugares e Pessoas Sagradas. Nos tempos arianos, o culto era realizado ao ar livre,
mas posteriormente, templos eram edificados para os deuses. Visto que se pensava
que os deuses habitavam nas montanhas, muitos templos foram edificados segundo
o estilo de um lar nas montanhas. Uma imagem, o símbolo da presença divina,
estava no centro de uma torre, com muros em redor. O culto que prestam tem
muitas cerimônias, inclusive o lavar dos pés, o enxaguar da boca, o banhar-se e
uma refeição. Tocam sinos, cantam hinos e queimam incenso com o
acompanhamento de música ritualista. A adoração não é congregacional, mas sim,
individual. Os professores, sacerdotes, gurus e ascéticos (sadhuns) são as pessoas
santa no sistema do culto.
252
b’) O Homem
O hinduísmo faz uma conexão entre a religião dos homens e a crença hindu a respeito
da realidade do homem e do pecado.
ações, no entanto, obterá bom karma. Mesmo assim, nunca sabe o resultado, porque está
no ciclo da reencarnação. Está preso a um fatalismo desconhecido e sem esperança.
Karma. Segundo a crença hindu, o destino da pessoa relaciona-se com a sua conduta. A
salvação depende do karma que a pessoa tem. A origem documentária principal dos
ensinos sobre o karma acha-se nos Upanishadas, a autoridade sebre a doutrina hindu.
Karma significa literalmente “obras” e é vinculado à lei da causa e do efeito. A crença é
que atman (a alma humana) pode unir-se com a Grande Alma, Brahman. Essa união é
realizada mediante o karma que a pessoa tem e esse karma depende das boas obras e da
abnegação. A pessoa controlará seus desejos quando pensar nos efeitos que terão sobre
seu karma. Nesse processo, porém, não há juiz, nem arrependimento, nem perdão.
Trata-se da lei em si mesma. Por meio das boas obras, a alma humana pode merecer
moksha (libertação) do samsara (o ciclo do nascimento, da morte e da reencarnação).
Como o hindu sabe qual forma receberá na próxima reencarnação? Isto segundo a
crença hindu é determinado pela lei do karma. Os pensamentos, palavras e ações da
pessoa nesta vida terão um efeito bom ou mau na vida futura. É a lei antiga: Aquilo que
o homem semeia isto ceifará. Os Upanishadas declaram:
d’) A Salvação
4 – Escritos Do Hinduísmo
Os hindus alegam que seus escritos sagrados são os maiores e os mais antigos do
mundo inteiro. Foram escritos no decurso de um período de 2.000 anos, desde
cerca de 1400 a.C. até 600 d.C. podem ser dividido em dois grupos: o Sruti ou
“aquilo que é ouvido”, e o Smriti ou “aquilo que é lembrado”.
255
Os Vedas. Os livros Sruti consistem nos quatro Vedas. Os hindus acreditam que
são as verdades originais reveladas aos videntes antigos. É a autoridade da
religião hindu. A palavra Vedas provém de uma palavra em sânscrito, vid, que
significa “sabedoria ou conhecimento”. Foram escritos no decurso de um
período de 1.000 anos e contém hinos, orações e textos rituais.
Smriti. O segundo grupo, os livros Smriti (600-200 a.C), que significa “aquilo
que é lembrado”, não têm a mesma autoridade que os Vedas. São comentários e
poesias que explicam os Vedas, mas também criticam o sistema sacrificial.
Outros livros desse grupo foram escritos durante o Hinduísmo Popular (200- 700
d.C.) para o povo hindu em geral, e contêm regras e práticas. São chamados
Sastras, Remayana e o Mahabharata.
O Bhagavad Gita. Este livro fazia parte do Mahabharata e é o livro mais sagrado
e famoso dos hindus. Conta a respeito de Krishna, o oitavo avatar de Vishnu,
que ensinava a arjuna os métodos de um guerreiro, o caminho da ação (karma) e
da devoção amorosa (bhakti). Krishna é maior do que os deuses védicos. Ele
segura uma montanha em seu dedo para abrigar uma aldeia de uma tempestade
enviada por Indra, o deus das tempestades. No livro Arjuna pergunta a Krishna
como pode matar seus parentes de sangue:
Na lista Smriti há muitos outros livros poéticos, tais como os Puranas, Tantras,
Darsanas, Yoga e Sankara. Contêm ensinamentos e satisfação para o povo
comum. Os Brahmins tinham consciência disso e salvaguardavam para si
mesmos tudo quando podiam, propondo a ideia do Trimurti ou tríade de deuses.
5 – Desenvolvimento Do Hinduísmo
O Brahmo Samaj. Este movimento foi fundado por Rammohan Roy cerca de
1830, a fim de excluir o hinduísmo da idolatria e do sistema das castas.
Mediante seu Samaj (sociedade), Roy procurou reformar o hinduísmo,
combinando a ética com os Vedas e os Upanishadas. Os hindus, porém,
aceitavam somente aquelas Escrituras que concordavam com a sua razão. Sendo
assim, a razão humana era colocada em pé de igualdade com os Vedas e a
Bíblia. Por causa desta sua atitude, os movimentos Samaj são fracos e foram
dominados pelos movimentos hindus clássicos.
Sri Ramakrishna (1834-1883). Outro movimento de reforma foi iniciado pelos
ensinos de Sri Ramakrishna. Depois de ouvir um sufi (místico) muçulmano e um
missionário cristãos, chegou à conclusão de que todas as religiões eram
verdadeiras. Não passavam de caminhos diferentes para a união com Deus.
Chamava-se “aquela mesma alma que já nascera como Rama, como Krishna,
257
com Jesus ou como Buda”. Com ele, o hinduísmo foi reavivado e hoje a Missão
de Ramakrishna é a ala missionária do hinduísmo.
Jawaharlal Nehru foi o Primeiro Ministro da Índia, eleito logo quando a nação
ganhou a sua independência em 1947. Era um agnóstico e procurou transformar
a Índia em estado secular. Achava que a religião fazia mal à Índia, mas que a
ciência era a única esperança da nação. Desde então, outros têm procurado fazer
da Índia um estado hindu. Este movimento teve o efeito de impedir a igreja
cristã de ganhar convertidos.
6 – Avaliação Do Hinduísmo
68 – HUMANISMO
1 – Introdução:
a) O que é Humanismo?
“O Humanismo nos ensina que é imoral esperar que Deus aja por nós.
Devemos agir para acabar com as guerras, os crimes e a brutalidade desta
e das futuras eras. Temos poderes notáveis. Temos um alto grau de
liberdade para escolher o que havemos de fazer. O humanismo nos diz que
não importa qual seja a nossa filosofia a respeito do universo, a
responsabilidade pelo tipo de mundo em que vivemos. Em última análise,
cabe a nós mesmos”.
Prometeus se sobressai por ter sido idolatrado pelos antigos gregos com aquele que
desafiou Zeus. Ele roubou o fogo dos deuses e o trouxe para a terra. Por causa disto, foi
punido. E mesmo assim, continuou seu desafio em meio às torturas. Essa é a origem do
desafio humanista à autoridade.
como da tradição humanista que surgiu a partir daí. E, desde sua morte, nenhum santo
ou sábio igualmente considerado juntou-se a ele, nesse aspecto.
O fato de que o humanismo possa, ao mesmo tempo, ser religioso e secular apresenta,
de fato, um paradoxo, mas não é este o único paradoxo. Outro é que ambos colocam a
razão acima da fé, geralmente até o ponto de evitar completamente a fé. A dicotomia
entre razão e fé frequentemente recebe ênfase no Humanismo, com os humanistas
tomando lugar ao lado da razão. Por causa disso, o Humanismo Religioso não deveria
ser visto como uma fé alternativa, mas sim como um modo alternativo de ser religioso.
3 – Objetivo do Humanismo
A Escolástica refere-se à teologia das escolas nos séculos desde a tomada de Jerusalém
pelos invasores Islâmicos (638) até sua retomada pelos Cruzados Cristãos (1099). A
teologia era basicamente trabalho dos monges, cujo estudo da Bíblia, dos pais da igreja
e da literatura clássica fazia parte de sua devoção à vida contemplativa.
A escolástica é a filosofia cristã que se desenvolveu desde o século IX, tem o seu
apogeu no século XIII e começo do século XIV, quando entra em decadência. Continua
a aliança entre a razão e a fé, aquela sempre considerada a “serva da teologia”. Com
frequência as disputas terminam com o apelo ao princípio da autoridade, que consiste na
recomendação de humildade para se consultar aos intérpretes autorizados pela igreja.
A partir do século XVIII, Santo Tomás utiliza as traduções feitas diretamente do grego e
faz a síntese mais fecunda da Escolástica, e que será conhecida como filosofia
aristotélico-tomista. Daí para frente a influencia de Aristóteles se fará sentir de maneira
forte, sobretudo pela ação dos padres dominicanos e mais tarde dos jesuítas, que desde o
Renascimento, e por vários séculos mostraram-se empenhados na formação dos jovens.
262
b) O Termo Humanismo
O termo humanismo é derivado de humanitati, que no tempo de Cícero (106 – 43. A.c.)
designava a educação do homem, enquanto considerava em sua condição propriamente
humana, correspondendo ao sentido da palavra grega “paideia” : a educação por meio
de disciplinas liberais, relativas a atividades exclusivas ao homem e que a distinguiam
dos animais. A autonomia do ser humano é buscada pelos humanistas da Renascença
através de uma volta à antiguidade, a seus métodos e as suas diretrizes pedagógicas.
Liberdade e capacidade humana de atuar sobre o mundo são temas fundamentais dos
humanistas, aparecendo não apenas em pico Della Mirandela, como também em
Gianozzo Manetti (1396 - 1459) em Marcílio Ficino (1433 – 1499), e ressurgindo nos
humanistas franceses posteriores como Charles Bonillé (1475 – 1533). Mais tarde é que
as especulações marcadas pela exaltação da capacidade humana serão contrabalançadas
pela nota de ceticismo que o humanismo assumiria no pensamento de Montaigne (1533
– 1592), de Pierre Charron (1541 – 1603) e de Francisco Sanches (1552 – 1581).
d) Rejeição do Ascetismo
e) Tolerância Religiosa
Perguntava Leonardo Bruni: “São Paulo ensinou algo mais do que foi pensado por
Platão?” Seguindo a linguagem Patrística – a doutrina dos primeiros padres da igreja –
os humanistas consideravam que o cristianismo teria levado à sua plenitude a sabedoria
expressa pelos filósofos antigos: a razão (logos) grega seria uma antecipação do verbo
(logos) que se encarnaria no Cristo.
4 – A Religião:
a) A Religião
A religião é uma das atividades mais universais conhecidas pela humanidade, sendo
praticada por todas as culturas desde o início dos tempos. Contudo, não há uma
definição de religião universalmente aceita. A religião parece ter surgido do desejo de
encontrar um significado e propósito definitivos para a vida, geralmente centrado na
crença em um ser (ou seres) sobrenatural. Na maioria das religiões, os devotos tentam
honrar e/ou influenciar seu deus ou deuses através de preces, sacrifícios ou
comportamento correto.
Surge a pergunta a respeito do que pode ser incluído no que chamamos de religião.
Podemos, por exemplo, chamar o marxismo-leninismo de religião ou humanismo
(crença na humanidade e na razão no lugar de um deus)? Algumas pessoas poderiam
incluir tais crenças em uma definição moderna de religião como “qualquer coisa à qual
oferecemos devoção absoluta”, contudo, tais crenças normalmente não incluem
qualquer referencia a um ser (ou deus) sobrenatural ou máximo. Portanto, é melhor
descrevê-las como ideologias e não religiões, embora possam compartilhar muitas das
características da religião.
b) Crenças e Práticas
Uma classificação amplamente aceita identifica cinco aspectos: fé, culto, comunidade,
credo e código.
O Credo envolve todas as crenças e ideias mantidas pela religião como um todo,
incluindo escrituras e ideias sobre Deus, anjos, o céu, o inferno e salvação;
- Universas: essas religiões acreditam ter importância para todo o mundo e tentam, com
maior ou menor intensidade, converter pessoas. Além disso, em sua maioria,
desenvolveram escrituras que desempenham um papel central na religião.
Outra forma de classificar grupos de religiões é a distinção entre aquelas com único
Deus (monoteístas) e aquelas com vários deuses (politeístas). As religiões monoteístas
incluem o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. As religiões politeístas incluem o
266
Esse florescimento foi acompanhado por uma mudança o status dos artistas – de artesão
para membros honrados de uma sociedade cultural – e contou com um entusiasmado
patrocínio cívico, particular, real e papal. Embora a demanda por pinturas e esculturas
de temas religiosos tenha continuado tão grande quanto antes, o temário expandiu-se e
passou incluir representações mitológicas, históricas e alegóricas.
O próprio termo humanismo, hoje tão livremente jogado de um lado para outro, referia-
se nos séculos XV e XVI não tanto a uma filosofia universal de vida quanto a um
método particular de aprendizado com base na redescoberta e no estudo das fontes
clássicas da antiguidade, tanto pagã, isto é, romana e grega, quanto cristã. Dessa forma,
o humanismo do período da Renascença e da Reforma estava muito próximo do que
entendemos por humanidades atualmente. Ad fontes – de volta às fontes! – era o mote
dos estudiosos humanistas, cujo trabalho abriu novas perspectivas na história, na
literatura e na teologia.
Cristo? É uma proposição plausível que Deus pai pudesse odiar seu filho? Poderia Deus
ter tomado a forma de uma mulher, de um demônio, de um burro, de uma abóbora ou de
uma pederneira? Nesse caso, como uma abóbora poderia ter pregado sermões, realizado
milagres e sido pregada na cruz? E o que Pedro teria consagrado se o tivesse feito
quando o corpo de Cristo ainda estava na cruz? E mais, Cristo poderia ao mesmo tempo
ter sido chamado de homem? Teremos permissão de comer e beber após a ressurreição?
Estamos tomando as devidas precauções contra a fome e a sede enquanto há tempo?
Esses sutis refinamentos de minúcias tornam-se ainda argumentos escolástico, tanto que
você sairia mais facilmente de um labirinto do que das tortuosas obscuridades dos
realistas, nominalistas, tomistas, albertistas, occamistas e scotista – e não mencionei
todas as divisões, somente as principais.
O problema do Escolaticismo não era sua ênfase sobre o aprendizado, mas sim suas
especulações áridas, que levavam mais a um labirinto intelectual do que a uma reforma
da igreja e da sociedade. A filosofia Christi, “filosofia de Cristo”, como Erasmo
chamava seu enfoque da vida cristã, pressupunha a reforma pela educação que
valorizava a retórica sobre a dialética, os clássicos sobre os escolásticos e a ação no
mundo sobre a reclusão monástica.
Em certo nível, a colheita humanista de fontes clássicas levou a uma crítica radical das
instituições eclesiais e da teologia tradicional. Lorenzo Valla (1457) provou, mediante
uma análise linguística, que a chamada Doação de Constantino, um documento no qual
grande parte da reivindicação papal sobre a autoridade temporal estava baseada, era de
fato uma forjadura do século IX. Em outro aspecto, Valla desafiou a tradução
tradicional da palavra grega “metanóia” como “fazer penitência”. Ele demonstrou que o
termo realmente significava “arrependimento”. Referia-se a uma mudança genuína da
mente e do coração, não à atuação ritual requerida pelo sacramento da penitência.
atraído especialmente pelas confissões. Sempre que lia essa obra, ele dizia: “parece-me
que não estou lendo a história de outra pessoa, mas o relato de minha própria
peregrinação”.
O humanismo, assim como o misticismo, foi parte da estrutura que possibilitou aos
reformadores questionar certas suposições da tradição recebida, mas que em si mesma
não era suficiente para fornecer uma resposta duradoura às obsessivas perguntas da
época.
5 – Humanismo em Portugal
a) Teatro no Humanismo:
Antes do Humanismo, não havia em Portugal propriamente teatro, pois eram comuns
somente encenações rudimentares de vidas de santos e de passagens bíblicas. Com Gil
Vicente, nasce o teatro português e tornam-se populares suas peças de conteúdo
religioso ou profano, especialmente as que se valem do riso como meio de criticar os
vícios da sociedade portuguesa do final do século XV e início do XVI.
b) Autores e Obras:
c) Humanismo:
69 – IDEALISMO
(veja tópico sobre Realismo).
1 – Introdução:
O que se deve levar em conta é que naquele momento a filosofia está no seu berço e
Parmênides leva até as últimas consequências o poder recém-descoberto da razão de
procurar entender o mistério do mundo.
2 – O Âmbito do Conhecimento;
Os filósofos gregos tinham uma concepção realista do conhecimento, pois para eles não
era problemática a existência do mundo. O mundo é considerado inteligível, isto é, tudo
no mundo é compreensível pelo pensamento. O conhecimento se faz pela formação de
conceitos, que são verdadeiros enquanto adequados à realidade existente.
271
Com isso, o idealismo se configura como caminho para a procura da verdade que acaba
por restringir o conhecimento ao âmbito do sujeito que conhec
- O Racionalismo tem seu maior expoente em Descartes, segundo o qual a razão tem
predomínio absoluto como fundamento de todo o conhecimento possível. (Veja Tópico
41 sobre Racionalismo).
- Mas o inglês John Locke, embora de formação cartesiana, critica as ideias inatas e
elaboradas do Empirismo, teoria do conhecimento segundo a qual as ideias derivam
direta ou indiretamente da experiência sensível. (Veja o Tópico 16 sobre o Empirismo).
- No século XVIII Kant tentará superar com o criticismo essas duas posições
antagônicas. (Veja Tópico 12 sobre o criticismo).
4 – O Idealismo Transcendental
Tal como Copérnico dissera que não é o sol que gira em torno da terra, mas é esta que
gira em torno daquele. Também Kant afirma que o conhecimento não é o reflexo do
objeto exterior: é o próprio espírito que constrói o objeto do saber. Nesse sentido,
dizemos que Kant realizou uma revolução copernicana.
272
5 – O Idealismo Hegeliano.
“O homem tem de viver em dois mundos que se contradizem (...). o espírito afirma o
seu direito e a sua dignidade perante a anarquia e a brutalidade da natureza á qual
devolve a miséria e a violência que ela o faz experimentar. Mas esta divisão da vida e
da consciência cria para a cultura moderna e para a sua compreensão a exigência de
resolver tal contradição.”
(Hegel).
Hegel, tomando como ponto de partida a noção Kantiana de que a consciência (ou
sujeito) interfere ativamente na construção da realidade, propõe o que se chama de
filosofia do devir, ou seja, do ser como processo, como movimento, como vir-a-ser.
Desse ponto de vista, o ser está em constante transformação, donde surge a necessidade
de fundar uma nova lógica que não parta do princípio de contradição para dar conta da
dinâmica do real.
A dialética ensina que todas as coisas e ideias morrem: essa força destruidora é também
a força motriz do processo histórico. A ideia central é a de que a morte é criadora, é
geradora. Todo o ser contém em si mesmo o germe da sua ruína e, portanto, da sua
superação. O movimento da dialética se faz em três etapas: tese, antítese e síntese (ou
seja: afirmação, negação e negação da negação).
A verdade, nesse caso, deixa de ser um fato para ser um resultado do desenvolvimento
do Espírito. Vejamos como isso se opera.
Como ponto de partida do devir, Hegel coloca não a natureza – a matéria – mas a ideia
pura (tese). Esta para se desenvolver, cria um objeto oposto a si, a natureza (antítese),
que é a ideia alienada, o mundo privado de consciência. Da luta desses dois princípios
antitéticos nasce uma síntese, o Espírito, a um tempo pensamento e matéria, isto é, a
ideia que toma consciência de si através da natureza.
Por esse movimento a Razão passa por todos os graus, desde o da natureza inorgânica,
da natureza viva, da vida humana individual até a vida social.
273
Os dois últimos graus (do homem individual e social) são manifestação, num primeiro
momento, do Espírito subjetivo do homem, ainda encerrado na sua subjetividade
(enquanto emoção, desejo, imaginação). Ao Espírito Subjetivo se opõe a antítese do
Espírito objetivo, ou seja, o espírito exterior do homem enquanto expressão da vontade
coletiva por meio da moral, do direito, da política: o Espírito objetivo se realiza naquilo
que se chama mundo da cultura. Essa relação antitética é superada pelo Espírito
absoluto, síntese final em que o Espírito, terminando o seu trabalho, compreende-o
como realização sua. A mais alta manifestação do Espírito absoluto é a filosofia, saber
de todos os saberes, quando o Espírito atinge a absoluta autoconsciência. Por isso Hegel
a chama de “pássaro de Minerva que chega ao anoitecer”, ou seja, a crítica filosófica se
faz ao final do trabalho realizado.
Feuerbach tambpem foi um critico das religiões, afirmando que não foi Deus quem
criou os seres humanos, e sim os seres humanos quem criaram Deus, ao projetar suas
melhores qualidades nele. Tratava-se, portanto, de uma posição filosófica tipicamente
materialista.
Essas e outras ideias de Feuerbach teriam grande impacto no pensamento de Marx, que
depois buscou ampliá-las e especificá-las, demarcando seu próprio materialismo.
Assim, em sua crítica ao idealismo hegeliano, Marx afirma que Hegel inverteu a relação
entre o que é determinante – a realidade material – e o que é determinado – as
representações e conceitos acerca dessa realidade. A filosofia idealista seria, portanto,
uma grande mistificação ou farsa, pois pretende entender o mundo real, concreto, como
manifestação de uma razão absoluta. Contrapondo sua filosofia ao idealismo, Marx
afirma na introdução ao livro A ideologia alemã:
As premissas de que partimos não constituem bases arbitrárias, nem dogmas; são antes
bases reais de que só é possível abstrair no âmbito da imaginação. As nossas premissas
são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições materiais de existência [...].
274
Marx procurou, portanto, compreender a história real dos seres humanos em sociedade a
partir das condições materiais nas quais eles vivem. Essa visão da história foi chamada
posteriormente por Engels de materialismo histórico.
Materialismo Histórico:
De acordo com Marx, os seres humanos não podem ser pensados de forma abastrata,
como na filosofia de Hegel, nem de forma isolada, como nas filosofias de Feuerbach,
Proudhon e tantos outros que Marx criticou, como Schopenhauer e Kiekegaard.
Para Marx, não existe o indivíduo formado fora das relações sociais. Ele enfatiza esse
ponto ao afirmar: “A essência humana [...] é o conjunto das relações sociais” (Teses
contra Feuerbach, p. 52). Isso significa que a forma como os indivíduos se comportam,
agem, sentem e pensam vincula-se à forma como se dão as relações sociais. Essas
relações, por seu lado, são determinadas pela forma de produção da vida material, ou
seja, pela maneira como os seres humanos trabalham e produzem os meios necessários
para a sustentação material das sociedades. Em A ideologia alemã, escrita em conjunto
com Engels. Marx desenvolve essa reflexão dizendo:
Capital e Trabalho
Dialética Marxista
Marx reconhece o mérito de Hegel por ter sido o primeiro a expor as formas gerais da
dialética, mas alega que é preciso desmistifica-la, evidenciando seu núcleo racional.
Modo de Produção
Embora a definição dos modos de produção seja um aspecto complexo na obra de Marx
e entre seus comentadores, lemos em A ideologia alemã a exposição dos seguintes
modos de produção dominantes em cada época: o comunismo primitivo, o escravismo
na Antiguidade, o feudalismo na Idade Média e o capitalismo na Idade Moderna.
Luta de Classes
De acordo com Marx, cabe à classe social que possui, nesse momento, um caráter
revolucionário intervir por meio de ações concretas, praticas, para que essas
transformações ocorram. Foi o que aconteceu, por exemplo, na passagem do feudalismo
ao capitalismo, com as revoluções burguesas.
A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a
história das lutas de classes.
De acordo com Marx, o capitalismo também criou uma classe revolucionária, a qual, em
virtude de suas condições de existência, deve se organizar para, no memento oportuno,
fazer a revolução social rumo ao socialismo. Essa classe revolucionária seria o
proletariado – que, pela definição do filósofo, é a classe de trabalhadores assalariados
modernos que, destituídos dos meios de produção, se veem obrigados a vender sua força
de trabalho para poder existir.
b) Idealismo Absoluto:
O Real é Racional
Hegel entendia a realidade como um processo análogo ao pensamento. Por isso dizia
que “tudo que é real é racional, tudo que é racional é real”.
277
Desse modo, Hegel rompeu com a distinção tradicional entre consciência e mundo,
sujeito e objeto, ideal e real, espírito e matéria. Para ele, a realidade se identificaria
totalmente com o espírito (ou ideia, ou razão), e a racionalidade seria o fundamento de
tudo o que existe inclusive da natureza. O ser humano, por sua vez, constituiria a
manifestação mais elevada dessa razão, que estaria dentro dele e ao mesmo tempo
acima dele, pois a racionalidade cósmica movimentaria o mundo.
Quando Hegel concebe a realidade como espírito, quer destacar que ela não é apenas
uma substância (uma coisa permanente, rígida). Ela é principalmente um sujeito, um ser
com vida própria, que pode aturar. Portanto, entender a realidade como espírito é
entendê-la nesse seu atuar constante, ou seja, como movimento ou processo, e não
como coisa ou substância inerte. É entendê-la como devir.
Mas como é esse movimento do real? De acordo com Hegel, esse movimento tem uma
característica específica: ele se dá por contradições autossuperadoras contínuas. Isso
quer dizer que cada momento surge do anterior e prepara o seguinte, em um processo de
embate e superação em que sempre o anterior tem de ser negado.
Assim podemos ver como a realidade não é estática, mas dinâmica. Os momentos se
contradizem entre si, sem, no entanto, perderem a unidade do processo, que leva a um
crescente auto-enriquecimento. Esse desenvolvimento, que se faz por meio do embate e
da superação de contradições, foi chamado por Hegel de dialética. Não se trata aqui do
método usado por Platão para pensar e conhecer a realidade, mas sim de uma descrição
do movimento real do mundo.
Por motivos didáticos, esses três momentos do real são comumente chamados de tese,
antítese e síntese (embora alguns estudiosos afirmem que Hegel nunca usou essa
terminologia). Como o mover do mundo é contínuo, cada momento final, que seria a
síntese, torna-se a tese de um movimento posterior, de caráter mais evoluído.
Assim, a dialética do mundo pode ser representada como uma espiral, ou seja, um
movimento circular que não se fecha nunca, seguindo evolutivamente em direção ao
infinito.
c) Idealismo Alemão:
Como vimos antes, ao longo do livro, uma doutrina é idealista quando concebe a noção
de que o sujeito tem um papel mais determinante que o objeto no processo de
conhecimento. E há vários tipos de idealismo. Platão, por exemplo, costuma ser
considerado o principal idealista da Antiguidade, devido a sua teoria das ideias.
Descartes, por sua vez, expressou plenamente seu idealismo na formulação do cogito. O
mesmo fez Kant, que afirma – na Crítica da razão pura – que das coisas só conhecemos
a priori aquilo que nós mesmos colocamos nelas.
Foi justamente Kant quem assentou as bases dos que ficaria conhecido como idealismo
alemão, pois dizer que das coisas só podemos conhecer a priori aquilo que nós mesmos
colocamos nelas significa que só podemos conhecer o pensamento ou a consciência
que temos das coisas. Para esse filósofo, portanto, a condição última do processo de
conhecer é a existência do eu como principio da consciência. Em outras palavras, é a
existência do sujeito como centro (o eu) que torna possível o conhecimento e lhe dá
forma, pois é o sujeito que organiza o conhecimento do objeto, ao passo que este apenas
se encaixa nos “moldes” da percepção humana.
Pois bem, outro filósofo alemão, Johann Gottlieb Fichte (1726-1814), era um
admirador de Kant, mas achava problemática e separação que ele estabelecera entre a
coisa em si (o chamado noumenon ou número) e a coisa como ela se apresenta para
279
Dessa forma, levou ao máximo o idealismo de Kant, construindo uma doutrina segundo
a qual a realidade objetiva seria produto do espírito humano. Isso porque, para Fichte,
trazemos em nós concepções lógicas das coisas do universo e este, necessariamente,
reflete essas concepções lógicas. O filósofo chegou a se referir às coisas da realidade
(ao que é exterior ao ser humano) como o não eu criado pelo eu.
Essa mesma ideia, que pode parecer um tanto estranha para o entendimento comum das
pessoas, é retomada e amadurecida por outro pensador alemão Friedrich Schelling
(1775-1854), assistente de Fichte e seu sucessor. Schelling também procurou explicar
como se dá a existência do mundo real, das coisas, a partir do eu, mas discordou de
Fichte no que se refere à determinação do mundo como puro não eu, ou seja, à ideia de
que a realidade exterior seria produto da concepção do eu.
Para Schelling, existe um único princípio, uma inteligência exterior ao próprio eu que
rege todas as coisas. Essa inteligência se manifestaria de forma visível em todos os
níveis da natureza até alcançar o nível mais alto, isto é, o ser humano ou, mais
geralmente, o que chamamos razão. Trata-se, portanto, de uma noção mais
compreensível ao senso comum, uma vez que guarda afinidade com a ideia de Deus – o
Deus espinosano, mais especificamente.
Racionalidade do Real
Assim, Hegel rompeu com a distinção tradicional entre consciência e mundo, sujeito e
objeto. Para ele, a realidade se identificaria totalmente com o espírito (ou ideia, ou
razão), enquanto a racionalidade seria o fundamento de tudo o que existe, inclusive da
natureza. O ser humano por sua vez, constituiria a manifestação mais elevada dessa
razão.
Movimento Dialético
Também vimos anteriormente que, ao conceber a realidade como espírito, Hegel queria
destacar que ela não é apenas uma substância (uma coisa permanente, rígida), mas um
sujeito com vida própria que pode atuar. Portanto, entender a realidade como espírito é
entendê-la nesse seu atuar constante, ou seja, como movimento ou processo. É
entendê-la como devir.
280
a) O primeiro, do ser em si, seria, por exemplo, o momento de uma planta como
semente (tese);
b) O segundo, do ser outro ou fora de si, seria o momento em que essa semente
sai fora, de si, desdobra-se em algo distinto (antítese);
c) E o terceiro, do ser para si, seria o momento em que surge a planta (síntese dos
momentos anteriores).
Saber Absoluto
O pensamento de Hegel apresenta-se desse modo, como um grande sistema, que permite
pensar tanto a natureza, ou a realidade física, quanto o espírito, tendo como fio condutor
dessa reflexão totalizante a relação entre finito e infinito.
Filosofia e História
Portanto, se para o filósofo tudo que é real é racional, e tudo que é racional é real –
como vimos antes – todas as coisas existentes, mesmo as piores, fazem parte de um
plano racional e, portanto, têm um sentido dentro do processo histórico. Esse conceito
hegeliano recebeu inúmeras críticas, já que pode levar a certo conformismo ou a uma
passividade diante das injustiças sociais.
Legado de Hegel
70 – ILUMINISMO
1 – Introdução:
A difusão dessas ideias na França foi facilitada pela ampla produção intelectual dos
filósofos conhecidos como enciclopedista, tais como Diderot, - D’Alembert e Voltaire e
outros, embora, politicamente, a França se encontrasse atrasada com relação aos
avanços do Liberalismo Inglês, justificado teoricamente pela doutrina de Locke e levado
a efeito pela Revolução gloriosa ainda em fins do Século XVIII.
O Absolutismo da dinastia Bourbon perdura na França até 1789, data da Revolução. Por
isso praticamente durante todo o século XVIII, os franceses visitam a Inglaterra para
admirar suas instituições e elogiar a liberdade de consciência reinante.
2 – A Ilustração:
Outra influencia importante foi o advento da ciência galileana no século XVII, cujo
método experimental fecundou outros campos de pesquisa, fazendo nascerem novas
ciências.
Como essa ciência é aliada a técnica, faz surgir o modelo de um novo homem, o
homem construtor, o artífice do futuro, que não mais se contenta em contemplar a
harmonia da natureza, mas que conhecê-la para dominá-la.
De fato, o século XVIII é o século das Revoluções burguesas: ainda no final do anterior,
em 1688, a Revolução Gloriosa da Inglaterra destrona os STUART absolutistas e, em
1798, os BOURBON são depostos com a Revolução Francesa. Ecos desses
acontecimentos chegaram ao Novo Mundo, movimentos de emancipação como a
Independência dos Estados Unidos, em (1776), a Inconfidência Mineira (1789) e a
Conjuração Baiana em (1798).
Na filosofia Alemã, as expressões maiores são: Wolff, Lessing e Baumgarten. Mas foi
Kant o filósofo por excelência desse período, criando uma obra sistemática cuja
influencia marcará a filosofia posterior.
b) O Que é A Ilustração?
Preguiça e Covardia são as razões pelas quais uma tão grande parcela da humanidade
permanece na menoridade mesmo depois que a natureza a liberou da condução externa
(naturaliter maiorennes); e essas são também as razões pelas quais é tão fácil para outros
manterem-se como seus guardiões. É cômodo ser menor. Tem-se um livro que substitui
meu entendimento, um diretor espiritual que tem uma consciência por mim, um médico
que decide sobre minha dieta e assim por diante, não preciso me esforçar. Não preciso
pensar se puder pagar: outros prontamente assumirão por mim o trabalho penoso.
Que a passagem à maioridade seja tida como muito difícil e perigosa pela maior parte
da humanidade (e por todo o belo sexo) deve-se a que os guardiões de bom grado se
encarreguem da sua tutela. Inicialmente os guardiões domesticam o seu gado, e
certificam-se de que essas criaturas plácidas não ousarão dar um único passo sem seus
cabrestos; em seguida, os guardiões lhes mostram o perigo que as ameaça caso elas
tentem marchar sozinhas. Na verdade, esse perigo não é tão grande. Após algumas
quedas, as pessoas aprendem a andar sozinhas. Ma cair uma vez as intimida e
comumente as amedronta para as tentativas ulteriores.
285
É muito difícil para um indivíduo isolado libertar-se da sua menoridade quando ela
tornou-se quase a sua natureza (...).
Mas que o público se esclareça a si mesmo é muito perfeitamente possível; se lhe for
assegurada a liberdade, é quase certo que isso ocorra... Sempre haverá alguns
pensadores independentes, mesmo entre os guardiões das grandes massas, que, depois
de terem-se libertado da menoridade, disseminarão o espírito de reconhecimento
racional tanto de sua própria dignidade quanto da vocação de todo homem para pensar
por si mesmo.
Ma note-se que o público, que de início foi reduzido à tutela por seus guardiões, obriga-
os a permanecer subjugo, quando é estimulado a se rebelar por guardiões que, eles
próprios, são incapazes de qualquer ilustração. Isso mostra quão nocivo é semear
preconceitos; mais tarde volta-se contra seus autores ou predecessores. Sendo assim,
apenas lentamente o público pode alcançar a ilustração. Talvez a destruição de um
despotismo pessoal ou da pressão gananciosa ou tirânica possa ser realizada pela
revolução, mas nunca uma verdadeira reforma nas maneiras de pensar. [Enquanto essa
reforma não acontece], nos preconceitos servirão tão bem quanto os antigos, para atrelar
as grandes massas não pensantes.
A pedra de toque para o estabelecimento do que devem ser as leis de um povo está em
saber se o próprio povo poderia ter-se imposto às leis em questão (...).
O que o povo não pode decretar para si próprio muito menos pode ser decretado por um
monarca, pois a autoridade legislativa deste último baseia-se em que ele une a vontade
pública geral na sua própria. A ele incube zelar para que todas as melhorias, verdadeiras
ou presumidas, sejam compatíveis com a ordem civil; fazendo isso, ele pode deixar aos
súditos que busquem eles próprios o que lhes parece necessário à salvação de suas
almas.
71 – IMPRESSIONISMO
Conceito:
Movimento artístico que surge na França, na segunda metade do século XIX, nas artes
plásticas e na música. Constitui-se no marco da arte moderna, com o início da
dissolução da representação figurativa. Em suas paisagens, os impressionistas dão
enorme importância à luz natural e a decomposição das cores. Entre seus expoentes
286
estão os franceses Claude Monet e Edgar Degas. Na música, o francês Claude Debussy
é considerado o pioneiro do movimento.
72 – ISLAMISMO
1 – Definição:
A Arábia é uma das partes mais inférteis da superfície terrestre. Trata-se de uma
península de cerca de 1600 quilômetros de comprimentos por 960 quilômetros de
largura, que consiste em desertos de areia, colinas rochosas e grandes áreas de cascalho
onde apenas os espinheiros conseguem crescer. Apenas uns poucos oásis, produzidos
por nascentes isoladas, oferecem algum alívio na sequidão. Apesar disto, esta terra
pouco prometedora produziu uma das três maiores religiões monoteística do mundo, o
Islamismo. Já nos tempos presente, cresceu até quase um bilhão de pessoas, e sua área
de predominância abrange a maior parte do Oriente Médio e da África do Norte.
O Islamismo enfatiza o sucesso das suas crenças, e, portanto, é uma religião missionária
militante. Com seu domínio sobre os estados petrolíferos muçulmano, está disposto a
conquistar o mundo inteiro. Os muçulmanos acreditam que o Islamismo satisfaz todas
as necessidades religiosas e espirituais do homem. Na fachada das mesquitas de um
milheiro de cidades no mundo inteiro, podemos ver as palavras impressionantes escritas
em letras grandes e destacadas: “Não há Deus senão Alá; Maomé é o seu profeta”.
2 – Conhecendo o Islamismo
2.1 – Definição:
Meca, a capital da Arábia, era uma cidade de comércio num local onde se cruzavam
dois caminhos principais das caravanas. Um passava pela Arábia do norte ao sul, e o
outro se estendia em direção ao leste, a partir da orla marítima ocidental. Meca era o
local onde havia uma grandiosa feira e mercado todos os anos, e as pessoas,
principalmente árabes, vinham de longe para negociarem e para adorarem nos
santuários dos deuses pagãos em Meca. A tribo Quraysh, na qual Maomé nasceu, era
muito poderosa e controlava a adoração pagã em Meca. Muitas pessoas eram animistas
e adoravam deidades nas rochas, árvores e fontes sagradas. Uma das pedras mais
sagradas era a meteorite negra na Caaba em Meca. Uma lenda declara que a pedra caiu
do céu nos dias de Adão. Romarias eram feitas a Meca para adorar as deidades e para
beijar a pedra. Perto da Caaba havia o poço de Zam-Zam, onde segundo acreditava-se,
Hagar e Ismael estabeleceram-se depois de terem sido expulsos por Abraão. O filho de
Abraão, Ismael, foi para Meca, de conformidade com a tradição, e ficou sendo pai de
todos os povos árabes. Os nomes Abraão e Ismael continuam sendo de uso comum entre
os muçulmanos.
Além dos politeístas, moravam também monoteístas na Arábia, mas estes eram
principalmente cristãos e judeus. Muitos comerciantes judeus, refugiados das guerras,
também trouxeram suas mercadorias para a Arábia. Seus livros do Antigo Testamento e
suas tradições orais eram bem conhecidos ali. Os cristãos da Arábia eram na sua
maioria, ignorantes e divididos entre si. Nos séculos V e VI, argumentos doutrinários a
respeito da natureza de Cristo tinham causado facções. Alguns sustentavam que Jesus
era tanto Deus quanto Homem, duas naturezas em uma só pessoa. Outros acreditavam
que Ele era diferente tanto de Deus quando do Homem. Os argumentos eram ríspidos e
generalizados.
Neste meio ambiente nasceu Maomé em Meca, cerca de 570 d.C. seu pai morreu antes
dele nascer, e sua mãe morreu quando ele ainda era menino. Um tio, Abu Talib,
assumiu a responsabilidade de cuidar dele, e viveu em conforto, mas sem riquezas.
Trabalhava como diretor das caravanas de camelos que pertenciam a uma viúva rica,
Khadija. Embora Khadija fosse quinze anos mais velha do que Maomé, ficou tão
impressionada com ele que concordou, quando ele atingiu vinte e cinco anos de idade,
em casar-se com ele. Tiveram dois filhos e quatro filhas, mas somente Fátima
sobreviveu. A tradição declara que, apesar do seu ambiente social, Maomé era fiel e
honesto no seu trabalho. O nome árabe Muhammad (aportuguesado: Maomé) significa
“altamente louvado” e é usado por muitos muçulmanos do sexo masculino em todo o
mundo muçulmano.
Hira, a 5 quilômetros de Meca e, sempre quando era possível, nos quinze anos que se
seguiram, ia para lá a fim de meditar e orar. Seu coração ardia com os mistérios do bem
e do mal, e estendia-se em direção a Deus. Ficou grandemente atraído a Allah, o Deus
adorado com verdadeira devoção pelos cidadãos de Meca. Começou a perceber que
Deus era tão tremendo e real quanto a vida e a morte. Deus enchia todo o céu e a terra.
Era o único Deus, sem igual nem rival. Dentro em breve, a partir da sua caverna nas
montanhas, iria ressoar a frase mais importante da língua árabe, o grito que estava para
arregimentar um povo e estender o seu poder até aos fins do mundo conhecido:
Segundo a lenda, certa noite ao meditar na caverna, ouviu uma voz dizer: “Recite em
nome do teu Senhor que criou o homem a partir de um coágulo de sangue. Recite: Teu
Senhor é muito benevolente, pois pela caneta ensino aos seres humanos as coisas que
não sabiam”. Maomé foi para casa, cansado após a visão, e contou sua experiência a
Khdija. Ele disse que a visitação provinha do anjo Gabriel. Khadija ficou convicta de
que ele não estava louco, mas que tinha sido escolhido para ser um grande profeta. A
partir de então, dedicou a sua vida à proclamação da mensagem.
Assim como ocorreu com outros fundadores de religiões, Maomé recebeu muita
oposição no início. Em Meca, muitas pessoas temiam que seu monoteísmo extremo
provocasse uma diminuição das somas pagas nos santuários dos templos. Em certo
templo em Meca, havia mais de 360 santuários, um para cada dia do ano. Além disso,
sua doutrina ameaçava estragar o tráfico ilícito e a imoralidade daqueles tempos.
Maomé e seus seguidores foram expulsos de Meca, mas acharam refúgios em Yathrib,
uma cidade cerca de 432 quilômetros ao norte de Meca.
A hejira (“lugar”) para Yathrib em 622 d.C. veio a ser o evento mais importante do
Islamismo, e o ponto de partida do calendário islâmico. Era chamado Anno Hegirae, e o
ano 622 d.C. ficou sendo A.H.I. Posteriormente, o nome de Yathrib foi mudado para
Medina, a cidade do profeta de Deus.
Maomé ficou sendo um político perito, o líder de Medina, e um guerreiro feroz, tudo em
nome de Alá. Quando começou a pregar, esperava ser bem recebido pelo povo judaico,
porque achava que estava proclamando a mesma fé. Considerava que os profetas do
Antigo Testamento e os apóstolos do Novo Testamento eram muçulmanos, porque se
submetiam a Deus. Louvava os judeus e os cristãos com “povo do livro”, dizendo que
ficariam em segurança no dia do juízo. Os judeus, porém, rejeitaram-no porque dizia
que Jesus era um profeta, e porque tinha ideias inexatas a respeito do Antigo
Testamento. O rompimento final com os judeus ocorreu quando uma judia, Zainab,
convidou o profeta e seus amigos para um jantar, e deu-lhes para comer carne de
carneiro envenenada. Embora Maomé tenha comido uma porção pequena da carne,
sofreu dos seus maus efeitos durante o restante da sua vida, e morreu em idade pouco
avançada.
289
3 – Crenças do Islamismo
a) A Profissão de Fé (“Shahadah”):
Todos os muçulmanos professam publicamente Alá como o Deus Único e Maomé como
seu profeta. Embora outros profetas sejam reconhecidos, o maior e o último foi Maomé.
Além disso, os muçulmanos acreditam nos anjos, seres espirituais que cumprem a
vontade de Alá, doutrina esta que foi copiada do Judaísmo. Acreditam na ressurreição
dos mortos e no dia de juízo quando, então, as pessoas que forem fiéis ao Alcorão serão
recompensadas. Aqueles que deixam de obedecer serão castigados no inferno.
durante o tempo todo. Um esforço especial é feito para ir até uma mesquita ao meio-dia
da sexta-feira, que é o Dia de Descanso dos muçulmanos, e o Iman ou “líder”, prega um
sermão.
Todo muçulmano é obrigado a dar uma proporção das suas rendas como caridade ou aos
pobres, e contribuir para as despesas da mesquita. A porcentagem varia, e depende se as
rendas eram provenientes do serviço assalariado, da agricultura ou do comércio. Varia
entre 2,5% e 10%, mas é um imposto obrigatório. Outras ofertas voluntárias, chamadas
sadaqa, também podem ser feitas por quem assim desejar.
Durante Ramadan, o nono mês lunar, todo muçulmano adulto tem a obrigação de
abster-se da comida, da bebida e da atividade sexual. Todos os dias, desde o amanhecer
até o pôr do sol, orações especiais são recitadas e trechos do Alcorão são lidos.
Alimentos podem ser tomados depois do pôr do sol. No fim do mês, é celebrada uma
festa. Visto que o calendário muçulmano segue as fases da lua, as datas mudam todos os
anos.
É obrigatório para todo homem adulto que tem condições para tanto, fazer uma romaria
a Meca uma vez na vida. A presença em Meca é exigida em Dhu’l Hijja, o “mês da
romaria”. Centenas de milhares de pessoas vão para lá a pé, de jumento, de camelo, de
carroça, de automóvel ou de avião. É o momento mais brilhante da vida do muçulmano.
Aqueles que foram até lá podem mesmo ter o termo hajj, acrescentado ao seu nome. O
alcorão contém pormenores a respeito de quais roupas usarem e de que se deve fazer em
Meca. Oram diante da Caaba, o santuário sagrado do Islamismo, no átrio da grande
mesquita. Durante os dias da sua permanência ali, os peregrinos visitam Zam-Zam que,
segundo se acredita, é o poço de Hagar e de Ismael. No décimo dia do décimo segundo
mès lunar, o “Festival do Sacrifício” marca o fim da estação das romarias.
a) O Ser Supremo:
onipotente. “Eis que teu Senhor é Alá, que criou os céus e a terra em seis dias, e então
Ele subiu ao trono”. Os muçulmanos atribuem noventa e nove nomes a Alá para louvar
seus muitos atributos, e os muçulmanos devotos recitam esses nomes, de modo muito
semelhante à recitação do rosário pelos católicos romanos.
Os muçulmanos descrevem outras criaturas chamadas jinn, que ficam à meia distancia
entre os seres humanos e os anjos. São criados do fogo, e alguns são anjos da guarda
para os seres humanos, mas outros são demônios. Iblis, o líder dos jinn, é um anjo caído
que age de modo muito semelhante a Satanás no Livro de Jó. Segundo a lenda
muçulmana, Iblis foi quem provocou a queda de Adão.
b) A Lei (“Shari’a”):
c) A Predestinação:
Ele te conhece muito bem, quando Ele te produziu da terra, e quando tu,
ainda no ventre da tua mãe, não tinha nascido. Deus desvia a quem Ele
quiser, e Ele coloca no caminho reto a quem Ele quiser. Tu não terás
vontade de nada, a não ser o que for pela vontade de Deus.
Os muçulmanos não acreditam que uma coisa causa outra; por exemplo, não podemos
dizer que a água nos molha. É somente quando Deus assim quer que nós, estando na
água, ficamos molhados! Essa crença, na sua forma extrema, despoja as pessoas da
liberdade de escolha e, portanto, não são responsáveis pelas suas próprias ações. Não
passam de fantoches nas mãos de Deus. Uma expressão comum dos muçulmanos é
Insh’allah, ou seja: “se Deus assim quiser”. Mas nem todos os muçulmanos levam o
fatalismo tão longe assim. Alguns dizem que Alá, na sua sabedoria e misericórdia,
permite que as pessoas façam escolhas nas áreas em que serão julgadas. Segundo este
ponto de vista, as pessoas têm pelo menos alguma liberdade de escolha.
292
d) A Salvação:
e) A Escatologia do Islamismo:
Parece que a escatologia dos judeus e dos cristãos teve efeito profundo sobre Maomé. O
Alcorão diz que quando a pessoa morre, o corpo volta à terra e a alma passa para um
estado de sono até o dia da ressurreição. O anjo de Alá soará a sua trombeta, a terra se
fenderá, e os corpos serão reunidos com suas respectivas almas. Será aberto um livro de
registro da vida de toda pessoa, e cada uma será julgada segundo as suas ações. Todas
passarão por uma ponte estreita, afiada como espada, que atravessa o abismo do inferno.
Os malfeitores cairão para a destruição, mas os muçulmanos atravessarão com
segurança. O céu, no entanto, é um paraíso ajardinado onde os fiéis serão
recompensados com todos os tipos de deleites físicos. Melhor de tudo: verão a Deus. Os
que caírem no inferno sofrerão tormentos.
a) Lugares Sagrados:
Mesquitas – Tendo sua origem numa palavra árabe antiga que significa “prostrar-se”, as
mesquitas são lugares de reuniões de adoração. Há grande número de mesquitas na
maioria das cidades das nações do Oriente Médio e do Oriente. Maomé decretou que a
sexta-feira seria o dia oficial de adoração para os muçulmanos, assim como o sábado o é
para os judeus e o domingo para os cristãos. O muezzi (“convocador”) fica em pé num
minarete de uma mesquita e convoca as pessoas à oração cinco vezes por dia. Nos
tempos modernos, sua convocação é frequentemente substituída por uma gravação.
b) Cidades Sagradas:
c) Pessoas Sagradas:
Muitos dos tabus do judaísmo foram adotados pelo Islamismo. A carne de porco e o
sangue são proibidos, mas a carne de vaca, ovelha e cabra é permitida, se o animal for
abatido segundo as regras do Islamismo. A jogatina e o vinho são proibidos, e acredita-
se que foram os muçulmanos que introduziram no mundo o café, como bebida. É
permitido o comércio visando lucros, mas emprestar dinheiro a juros é pecado.
Maomé ensinou seus seguidores a não tolerarem os pagãos; deviam aceitar o Islamismo
ou ser executados. As caravanas para Meca eram atacadas, dinheiro e convertidos eram
trazidos para o Islamismo. Maomé chamava este tipo de guerra um dever religioso. Até
mesmo os laços de parentesco não eram importantes e num ataque contra uma caravana,
parentes pagãos podiam ser assassinados. Morrer no Jihad ou guerra santa dá ao
294
5 – Escritos do Islamismo
a) Origem e Reverência:
b) Contradições e Inexatidões:
Sendo que vários muçulmanos tinham fragmentos dos escritos, o Califa Uthman, depois
da morte do profeta, nomeou uma comissão dirigida por Zyd para compilar uma versão
autorizada do Alcorão. Acabou formando um livro quase do mesmo tamanho do Novo
Testamento. Cada capítulo é chamada sura e possui um título extraído de uma palavra
existente nele. Há 114 suras, sendo que as primeiras foram àquelas produzidas em
Medina, e contêm regras para os muçulmanos e advertências contra os seus inimigos.
As suras posteriores eram as visões, que originalmente foram dadas na caverna nem
Meca. Foram organizadas por ordem de tamanho, excetuando-se uma cura breve, a
Fatihah (“abertura”), que é colocada em primeiro lugar e é uma oração a Deus pedindo
295
Os muçulmanos tratam com grande reverência o Alcorão como seu livro mais sagrado.
Tomam o cuidado de nunca coloca-lo no chão nem deixar que toque numa substância
impura. A grande ambição é decorar o alcorão inteiro e recitá-lo durante o mês de
Ramadan. Nas escolas de todo o mundo islâmico, o Alcorão é ensinado para crianças, e
muitas delas decoram os seus sons mesmo quando não entendem as palavras. Muitos
exemplares do Alcorão foram escritos com bela caligrafia e artesanalmente
encadernado. Suas palavras são frequentemente usadas para enfeitar mesquitas, escolas,
túmulos e outros edifícios. Alguns usam trechos do Alcorão como amuletos contra
demônios e enfermidade. Sendo que o Alcorão foi dado a Maomé em árabe, era
proibido traduzi-lo. Mesmo assim, exemplares têm sido impressos em outros idiomas.
c) Contradições e Inexatidões:
Um aspecto do Islamismo que causa muita dificuldade aos cristãos acha-se nas
contradições do Alcorão. Por “contradições”, queremos dizer que alguns versículos
cancelam outros versículos. Por exemplo, Maomé originalmente aceitava as crenças
judaicas como semelhantes às suas. Mas quando os judeus o rejeitaram, teve uma visão
especial, depois da qual disse que os outros “perverteram as Escrituras”. Sura 2.150
disse que Maomé devia ordenar que seus seguidores orassem em direção a Jerusalém.
Mas, posteriormente, numa visão, o anjo lhe ordenou que orasse em direção a Meca
(sura 2.125). As visões de Maomé que se alteravam conforme a sua conveniência, não
poderiam ter sido inspiradas pelo Deus que não muda.
Qualquer pessoa que ler o Alcorão notará sua semelhança com a Bíblia, o que
demonstra que Maomé dependia dela para muitos dos seus escritos. Seus discípulos
negavam este fato, declarando que Maomé era analfabeto. A ideia de que ele copiou da
Bíblia as suas visões é ofensiva para os sentimentos religiosos do muçulmano. Em
alguns dos incidentes, porém ocorrem contradições. Escreveu, por exemplo, que Hamã
na história de Ester trabalhava para o Faraó nos tempos do Êxodo (sura 28.38). Os
muçulmanos respondem que o Alcorão apresenta uma visão diferente de Deus, do
homem e do mundo. Se houver contradições, aceitam o Alcorão como certo.
O conhecimento que Maomé tinha de outras crenças podia ter sido obtido das suas
esposas, uma das quais era judia e outra cristão. Mas, já que ele dependia da tradição
oral, era inexata a sua interpretação da doutrina cristã. Em sura 5.77 diz que os cristãos
296
adoram três deuses: Deus, como Pai, Maria, como mãe e Jesus como Filho! O Alcorão
ataca a filiação de Cristo e declara que “Deus nem gera nem é gerado”. Em sura 4.156,
referindo-se a Jesus diz: “Não o mataram nem o crucificaram, pois somente possuíam a
aparência dele. Não o mataram na realidade”. Mesmo assim, o Alcorão declara que
Jesus nasceu de uma virgem, operou milagres, era isento de pecado, foi para o céu e virá
de novo no final.
6 – Desenvolvimentos do Islamismo
O Islamismo surgiu numa ocasião em que o povo árabe precisava de uma força
unificadora. A Arábia estava dilacerada com o animismo, a idolatria e a imoralidade. O
Império Bizantino estava prestes a desmoronar-se por causa da corrupção e dos abusos
do governo, e o povo persa estava pronto para mudanças.
a) Façanhas Políticas:
b) O Califado:
O califado (governo dos califas) consistiu de quatro califas e durou desde 632 ate 660.
Os califas eram os sucessores de Maomé e governaram como líderes espirituais e
temporais do Islamismo. Foram: Abu Bakr, Umar, Uthman e Ali, os companheiros mais
íntimos de Maomé. Abu Bakr morreu cerca de dois anos após a sua eleição. Umar e
Uthman foram assassinados por radicais. Ali, marido de Fátima, filha do profeta, foi
assassinado por um parente. Os califas que se seguiram a eles reinavam como reis,
transferiram a capital para Damasco e depois para Bagdá. Os califas abássidas reinaram
em Bagdá desde 750 até 1258 com muita pompa e esplendor, e no reinado deles o
Islamismo atingiu sua idade de ouro. Os turcos otomanos, que governaram desde o
297
século XV, usavam o título sultão que o equiparavam a califa. Quando o Império
Otomano se desfez depois da Primeira Guerra Mundial, o califado cessou de existir.
O sucessor de Maomé não poderia ser outro profeta, porque o Alcorão declarava que
Maomé era o “Selo dos Profetas”. Alguns seguidores achavam que o califa deveria ser
escolhido dentre a totalidade da comunidade muçulmana. Outros eram leais à família
Umayyad de Meca. Ainda outros apoiavam o genro de Maomé, Ali. Com a eleição de
Ali, explodiram as tensões dentro do Islamismo. Uma rebelião foi dirigida por dois dos
companheiros do profeta e pela sua viúva, Aisha. Na batalha sangrenta que foi travada,
dez mil muçulmanos foram mortos antes de Ali ganhar a vitória. Pouco depois, no
entanto, Mu’awiya, um parente de Uthman, opôs-se a Ali, e no conflito, Ali foi
assassinado.
Sunnis
Shi’itas
Outro grupo permaneceu leal a Ali, o genro de Maomé. Os membros eram chamados
Shi’itas (derivados de Shi’a, “partido”). Estes xiitas achavam que todos os califas
deviam ser descendentes de Ali. Um grupo chamado Kharijis ou “dissidentes”, separou-
se dos partidos de Ali, e alguns deles ainda existem em Zanzibar e entre os Bárbaros da
África do Norte. Os Kharijis eram radicais, e diziam que os quem não seguiam o
caminho deles eram piores do que pagãos e que deveriam ser chacinados ao serem
vistos. O próprio Ali foi assassinado por um fanático Khariji. Com a morte de Ali, seu
inimigo Um’awiya ficou sendo califa e sua descendência ficou com o califado durante
quase um século.
O partido xiíta ficou mais forte entre os persas. Consideravam que Ali era o mensageiro
de Deus, e mais importante que o próprio Maomé, até mesmo uma encarnação de Deus.
Declaravam que uma luz divina estava em Ali, e que era transmitida aos descendentes
deste, e que esta luz os conservava livres de qualquer erro ou pecado. Os xiitas usavam
o título Imam para os descendentes de Ali. Depois da morte de Ali, vários grupos
principais reivindicavam apenas sete imas e, portanto, são chamados os dos sete. Os
drusos do Líbano, da Síria, e da Palestina são ismailis, e o Aga Khan é o líder deles
298
hoje. O segundo grupo, os Zaydis, são uma seita menor, que se acha no Iémen hoje. Os
partidários dos Doze acreditam que houve doze Imãs. O décimo-segundo Imã
desapareceu em 878 d.C. Os xiitas acreditam que ele se ocultou e que reaparecerá como
o Mahdi (“o esperado”). Ele trará um período de justiça e de paz antes do último juízo.
Hoje, os Aiatolás são classificados como “dos Doze”.
Sufis
A seita sufi surgiu como reação contra o Islamismo ortodoxo. A palavra provém de suf,
uma peça de vestuário feita de lã grossa, usada por monges e eremitas. Os sufis
surgiram no século VIII como místicos, reagindo contra o mundanismo dos líderes
muçulmanos. Buscavam uma experiência pessoa do Divino, que percebiam no Alcorão
e em Maomé. Dirigidos pelos seus Shaykhs, ressaltam o amor a Deus e o seu amor ao
homem, e esforçaram-se para atingir a união com Deus ou para serem absorvidos nele.
Espera atingir seu alvo mediante o ascetismo, os êxtases e a repetição de um dhikr ou
“nome de Deus”, como a mantra do hinduísmo. Alguns usam a dança ou expressões
vocais sem sentido. Alguns alegam que, ao terem contato com pessoas santas, derivam
delas barakah (“benção ou santidade”). Os sufis acham-se entre os xiitas bem como
entre os sunitas, e sua atração é que combinam a doutrina muçulmana com uma
experiência com Deus. Muitos convertidos ao Islamismo foram ganhos pelos sufins na
África, mas são acusados de fanatismo e de excessos físicos.
Bahais
Aiatolá
d) A Arte Islâmica
O Islamismo deu ao mundo uma nova forma de arte que deixou sua impressão na
arquitetura de muitos países. Seus desenhos e cores são distintos belos e devem ser
estudados por todo leitor.
e) O Islamismo e Israel
Lembremo-nos que a religião islâmica forneceu a uma sociedade sem esperança, uma
oportunidade de unir a fé em Deus. Uniu o aspecto espiritual com o aspecto temporal e
ficou sendo uma parte vital da comunidade, da sua cultura, e de todas as facetas da vida.
Agora, o Islamismo estende-se por todos os meios á sua disposição e suas conquistas
são significantes, especialmente na África além do Saara. Tanto o Islamismo quanto o
Cristianismo aproveitaram-se do declínio da religião tradicional, fomentado pelas
mudanças políticas e comerciais modernas. Na realidade, estão progredindo em ritmo
mais rápido de todas as religiões do mundo atual.
7 – Avaliações do Islamismo
Embora a condição social das mulheres tenha sido melhorada, ainda não é ideal.
Os membros têm licença de ter várias esposas;
Os muçulmanos precisam merecer a sua salvação mediante as boas obras;
Os muçulmanos não têm certeza de um salvador do pecador, nem uma promessa
atual da vida eterna;
A reverência pelo Alcorão e pela pedra da Caaba fica bem perto da idolatria;
O texto sagrado contém contradições;
É aceitável a conquista de adeptos pela força;
O futuro prometido é de prazeres sensuais.
73 – JAINISMO
Definição:
Uma das três antigas religiões indianas, ao lado do hinduísmo e do budismo, com as
quais compartilha importantes conceitos, como o dharma e o carma. O nome deriva do
verbo ji (conquistar, em sânscrito), uma referencia à batalha interna pela iluminação
espiritual. Surge a partir do século VI a.C., época em que vive Parshavanatha, o
primeiro tirtancara (aquele que consegue vencer o ciclo de reencarnações). O mais
recente tirtancara é Mahavira (século VI a.C.).
Os jainistas não acreditam em Deus; para eles, os únicos seres sobrenaturais são os
tirtancaras. Defendem a não violência, a abstinência sexual e a renúncia aos bens
materiais.
74 – JUDAISMO
1 – Introdução:
Em sua acepção mais ampla, o termo judaísmo indica a história global do povo
hebraico, desde seu início na época bíblica até o presente; ele pode então ser referir
tanto ao povo hebraico em suas diversas formas histórico como à religião e à cultura dos
hebreus. Do mesmo modo, o termo judeu pode ser usado para indicar a condição de
pertencer ao povo ou à comunidade religiosa hebraica. Em um sentido mais restrito, o
termo judaísmo é empregado para designar a época do Segundo Templo (515 a.C. – 70
d.C.), bem como a época sucessiva à destruição definitiva do templo de Jerusalém em
70 d.C., quando se constituiu o judaísmo rabínico, que assume então o valor de
judaísmo normativo. Porém, deve-se observar que tal judaísmo define a própria
identidade na exegese da Bíblia hebraica e da história do povo hebraico (ou povo de
Israel) narrada nos textos bíblicos, de modo que é mais correto entender o termo, como
301
será feito de agora em diante, em sua acepção mais ampla, que abrange, além do
judaísmo rabínico, que se estende até os nossos dias, também chamado judaísmo do
segundo templo (do exílio babilônico a 70 d.C.) e sua matriz israelense.
2 – Conhecendo o Judaísmo:
a) Significado
A palavra judaísmo provém da palavra judeu. O judeu era membro da tribo de Judá e da
nação judaica que existia na Palestina desde o século VI a.C. até I d.C. Judá era o nome
do antigo reino judaico, e teve sua origem na palavra hebraica Yehudhi. Um definição
do Judaísmo é: uma religião que expressa as crenças e práticas dos judeus, conforme
foram reveladas a Abraão, a Moisés e aos profetas.
b) Fundo histórico
O povo judaico teve uma história muito notável. Esta é sem igual porque revela
diretamente os modos de Deus lidar com as pessoas. Além de ser chamado o Povo de
Deus, o povo judaico tem sido chamado semitas, hebreus, israelitas e judeus.
Os antepassados dos judeus remontam a Abraão, que estava na décima geração depois
de Sem, o filho mais velho de Noé. Eram, portanto, semitas. O povo de Abraão também
era chamado de hebreus, nome este que possivelmente se derivava do povo Habiru da
Mesopotâmia do norte, onde Abraão passou algum tempo. O nome Israel provém do
neto de Abraão, Jacó, que recebeu um novo nome, Israel, depois de uma confrontação
com Deus. Seus descendentes, portanto, foram chamados israelitas. O nome judeu
provém do filho de Jacó, Judá. O povo tem sido chamado de Judeus desde o cativeiro da
Babilônia. Para os próprios judeus, no entanto, serem chamados de o povo de Deus era
o que mais importava.
A chamada de Abraão, cerca de 1800 a.C., foi um evento relevante por causa das
condições que existiam na sua região. Ur era uma cidade-estado da Caldéia, na área
onde os rios Tigre e Eufrates confluíam para desaguarem no Golfo Pérsico. Ur se
deteriorara num estado politeístico e animista. O povo usava rochas no formato de
colunas e montes especiais de pedra na sua adoração pagã. Gilgal era um círculo de
colunas e os hebreus, posteriormente, deram este nome a uma cidade na Palestina.
Acreditavam que as pedras, os poços, as fontes, as árvores e o vento eram habitações de
espíritos e demônios, e dedicavam bosques à idolatria e à prática imorais. El Shaddai, o
Deus verdadeiro, era um Deus pessoal para Abraão, mas a esposa de Abraão ainda se
apegou por algum tempo aos seus terafins, às imagens de madeira ou de pedra, que os
pagãos conservavam para a magia e adoração doméstica.
302
A totalidade do Oriente Médio estava em estado de tensão nos tempos de Abraão. tribos
indo-européias das montanhas da Armênia invadiam com carros puxados por cavalos.
Muitas famílias e tribos tornaram-se nômades e a Palestina ficou infestada de
refugiados. Alguns deles eram parentes arianos daqueles que migraram em direção ao
oriente, até à Índia. Terá, chefe de uma família pastoril em Ur, levou seus filhos Abrão e
Naor com suas posses, e mudou para Hará, no noroeste da Mesopotâmia. Viajaram
pelos rios e planícies do Crescente Fértil, que era o itinerário geral daqueles dias. Outro
grupo semítico de indo-europeus, os hicsos, passou pela Palestina e invadiu o Egito.
Em meio a todo o tumulto das nações, Deus estava formando um povo para Sua
possessão particular. Parece, segundo Atos 7.2-4, que Deus originalmente chamou
Abraão enquanto este ainda morava na sua cidade natal de Ur dos Caldeus. Depois, em
Harã é provável que Deus tenha confirmado a sua chamada e ordenado Abraão a ir para
uma terra que Ele lhe mostraria (Gn 12.1-3). A chamada envolveu uma promessa de
grandes bênçãos sobre o povo judeu. Todas as nações que o abençasse seriam
abençoadas e todas aquelas que o amaldiçoasse seriam amaldiçadas. Deus mostrou a
Abraão a Terra Prometida. Estendia-se desde o rio Eufrates até o rio do Egito (Gn 12.7;
13.14-17; 15.13-18). A promessa ficou sendo um concerto entre Abraão e Deus, e foi
ratificada por um sacrifício e pelo rito da circuncisão (Gn 17.1-11). Seria um concerto
eterno. Nisto vemos uma referência profética ao Messias, o Ungido de Deus, e a
esperança de Israel.
Sendo assim, Abraão entrou na Terra Prometida e fixou sua habitação numa cordilheira
de montanhas em Hebrom, que ficou sendo a residencia da família durante as gerações
futuras. Embora, Abraão inicialmente tivesse dois filhos, Ismael e Isaque, a linhagem da
família passou de Abraão para Isaque, e depois para Jacó que, posteriormente recebeu o
nome de Israel. Por causa de uma fome severa, Israel e seus filhos saíram de mudança
para o Egito. Os hicsos tinham conquistado o Egito e, sendo da mesma raça semítica,
mostraram tolerãncia com os israelitas e deixaram que habitassem ali. Os israelitas
prosperaram e se multiplicaram, a partir de cerca de setenta pessoas para uma nação de
quase três milhões de pessoas.
Depois dos israelitas já terem morado no Egito durante 215 anos, os egípcios
retornaram ao rei dos hicsos, e “levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não
conhecera a José” (Ex 1.8). não se sabe certo que Faraó era este, mas descobertas
recentes indicam que era Ramsés II (1304-1237 a.C.). ramsés edificou grandes templos
e cidades, e forçando os israelitas a construirem, em regime de escravidão, suas obras
públicas. O povo de Deus suportou muitos sofrimentos, mas Deus ouviu o seu clamor.
Moisés, um hebreu, foi criado pela filho de Faraó na corte egípcia, com sua erudição e
seus luxos. Foi, porém, exilado para o deserto de Midiã por ter trucidado um egípcio.
Depois de passar quarenta anos como pastor de ovelhas, Moisés teve, certo dia, um
encontro com Deus diante de uma sarça ardente, e Deus o chamou para conduzir Israel
para fora do Egito. Moisés voltou para o Egito e Deus operou vários milagres para
persuadir os egípcios a soltarem os israelitas. O maior milagre ocorreu quando o anjo da
303
morte passou por cima dos lares de Israel, mas matou todos os primogênitos dos
egípcios. Então, quando os israelitas fugiram, passaram por um corredor que Deus abriu
para eles através do mar Vermelho, mas o exército egípcio, que perseguia, pereceu
quando as águas voltaram ao seu estado anterior. Este escape dramático da escravidão
no Egito é chamado o Exôdo.
No Monte Sinai, Deus deu a Israel as tábuas da Lei e celebrou um concerto solene com
seu povo. Além disso, deu a Moisés instruções sobre a edificação do Tabernáculo ou da
Tenda da Congregação, onde Ele pudesse encontrar-se com seu povo. Depois de
peregrinar no deserto durante quarenta anos, Israel finalmente chegou ao monte Nebo,
em Moabe, de onde podia se ver a Terra Prometida. Moisés, que tinha dirigido o povo,
olhou a terra à distancia, mas morreu sem entrar ali pessoalmente.
Nos duzentos anos que se seguiram, a despeito das advertências dos profetas, o povo do
reino do norte rebelou-se contra o caminho do Senhor. Finalmente em 721 a.C. foi
conquistado pela Assíria e disperso em outros países. Este foi o início da Diáspora, da
qual a maioria nunca voltou. O reino do sul, Judá, passou por muitos dos mesmos
problemas espirituais que caracterizaram Israel. Mesmo assim o povo experimentou
alguns períodos de renovação espiritual em quase 350 anos como reino. Mesmo assim,
como resultado da apostasia de Judá, Deus permitiu que a Babilônia conquistasse esta
nação cerca de 606 a.C. Embora, o reino continuasse até 586 a.C., a maior parte do povo
foi levada ao cativeiro da Babilônia em 597 a.C. O templo de Salomão foi destruído em
586 a.C., e a arca do concerto nunca mais foi vista.
Os judeus ficaram no cativeiro durante setenta anos, conforme tinham dito os profetas
(Jr 26.11-14). Durante o governo do rei da Pérsia, os judeus receberam permissão para
voltarem à Pérsia. Em 536 a.C., cerca de cinquenta mil deles acolheram a oportunidade
e voltaram sob o comando de Esdras e Neemias para reedificar a nação, a cidade e o
templo. A partir daquele tempo até a Era Cristã, os judeus ficaram em sujeição aos
impérios persa, grego e romano, sendo o Grego e o Aramaico os idiomas comuns.
Quando Jesus chegou, os judeus estavam no auge do jugo romano e estavam esperando
no Messias que, segundo acreditavam, os conduziria para fora do cativeiro. Quando,
porém, ficaram sabendo que a missão de Jesus era espiritual, rejeitaram-no. Rebelou-se
contra Roma e trouxeram sobre si a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Foi uma
304
Os romanos pensaram que a nação judaica tivesse sido destruída. O concerto que Deus
fizera com Abrão ficou firme, no entanto, e a preservação do povo judaico tem sido o
grande fenômeno de todos os tempos. A despeito de perseguições amargas durante estes
últimos dezenove séculos, os judeus têm sobrevivido e tornaram-se parte de todas as
nações da terra.
3 – Crenças do Judaísmo:
Para os hebreus, o Deus do céu existia desde toda a eternidade passada. “No princípio
criou Deus” (Gn 1.1). Ele criou todas as coisas, Ele está em todos os lugares e Ele tem
comunhão com o seu povo. Elohim é o nome comum de Deus em Gênesis. El está no
singular, e Elohim está no plural. Elohim, usado com um verbo no singular, dá
testemunho da unidade e da pluralidade de Deus; o relacionamento entre El e o seu
povo foi revelado ao juntar esse nome com outra palavra. Deus era El-Shaddai (aquele
que satisfaz) para Abraão. Outros termos eram: El-eazar (Deus socorreu), Belt-el (Casa
de Deus), Elias (Deus é Jeová), e Elizeu (Deus é Salvador).
Aos hebreus, Deus se revelou como YHWH, a palavra que significa especificamente:
“eu sou o que sou” ou “Eu sou aquele que causa o existir”. Provém do verbo “Ser” e
inclui todos os tempos – o passado, o presente e o futuro. Os judeus consideravam esta
palavra santa demais para pronunciar. Ao lerem a Torá, colocam a palavra Adonai
(“Senhor”) no lugar de YHWH. O nome YHWH ou Jeová, às vezes é usado em
Gênesis, mas não foi revelado no seu pleno significado a não ser nos tempos de Moisés
(Ex 3.11-15). Neste caso também, o relacionamento entre Deus e Israel é indicado nos
seus nomes segundo o concerto. Para os enfermos, Ele é Jeová Rafá, o Senhor que cura.
Oprimido pelo inimigo, seu povo invoca Jeová-Nissi, o Senhor nossa bandeira.
Necessitado, o povo fica sabendo que Ele é Jeová-Jirá, o Senhor que provê.
Dez leis morais absolutas foram dadas a Israel no monte Sinai e são básicas para a vida
judaica. São comumente chamadas de os Dez Mandamentos e estão registrados em
Êxodo 20.1-17. Estão resumidos aqui para você decorar:
1. Eu sou o Senhor teu Deus não terá outros deuses diante de mim;
2. Não farás para ti imagem de escultura;
3. Não tomará o nome do Senhor teu Deus em vão;
4. Lembra-te do dia do sábado, para o santifica;
5. Honra a teu pai e a tua mãe;
6. Não matarás;
7. Não adulterarás;
8. Não furtarás;
9. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo;
10. Não cobiçarás.
Moisés Maimonides (1135-1204), um rabino que nasceu na Espanha e que foi exilado
para o Egito, reduziu as crenças judaicas a um credo de treze pontos principais. Podem
ser condensados da seguinte maneira:
a’ – Lugares Sagrados:
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O Muro das Lamentações. A única parte do templo que continua existindo hoje
é um trecho do muro das lamentações e é um lugar santíssimo para os judeus.
Fazem romarias até lá, e colocam orações, escritos em papéis, nas fendas do
muro. O nome foi dado por causa do choro dos judeus pela perda do templo e da
glória de Deus.
Práticas Sagradas:
3.Rosh Hashanah. O Novo Ano civil judaico é celebrado nos dias 1 e 2 do mês
de Tishri, que cai em setembro ou outubro.
4 – Escritos do Judaísmo:
Visto que a lei e os profetas foram registrados por escrito, os judeus eram conhecidos
como o Povo do Livro. Suas Escrituras Sagradas são essencialmente idênticas ao Antigo
Testamento da Bíblia Cristã, ou seja: uma coletânea de trinta e nove livros. Na Bíblia
Judaica, alguns dos livros são juntados para dar um total de vinte e dois livros, para
corresponder às vinte e duas letras do abecedário hebraico. Foram escritos à mão em
rolos por vários autores. Nos tempos de Cristo, foram divididos em três grupos:
a) A Lei ou Torá
A lei o Torá, os cinco primeiros livros (Pentateuco em Grego). Os cinco livros são:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Acredita-se que Moisés os
escreveu, porque são frequentemente chamados os “Livros de Moisés”.
b) Os Profetas ou Nebhiim
Os profetas posteriores tinham quatro rolos: Isaías, Jeremias, Ezequiel e o Livro dos
Doze (profetas Menores).
c) Os Escritos ou Kethublim
Festivos: Megilloth (rolos curtos lidos nas festas): Cantares, Rute, Lamentações, Ester e
Eclesiastes.
5 – Desenvolvimento do Judaísmo:
311
Depois, como resultado de uma distinção entre semitas e árias, uma onda de
antissemitismo varreu a Europa. Na década de 1930 começou na Alemanha um
movimento, dirigido por Adolf Hitler, para destruir os judeus. Desde 1933 até
1945, aproximadamente seis milhões de judeus foram trucidados – uma terça
parte da população judaica quase cessou de existir na Europa. Os extermínios
dos judeus pelos nazistas não tinha paralelo na história universal. O mundo
ficou estarrecido, e muito se perguntavam por que Deus permitiu que
semelhantes sofrimentos sobreviessem ao seu povo. Uma leitura cuidadosa de
Deuteronômio 28 é iluminadora, pois nos oferece alguma ideia sobre a razão
por que aconteceram estes eventos. A rejeição de Jesus pelos judeus também
lança luz sobre esta questão. Mesmo assim, conforme dizem muitas pessoas, a
explicação integral do holocausto ainda tem seus mistérios.
Nos anos que se sucederam, muitas batalhas foram travadas; cada parte procurou
focalizar a opinião mundial da legitimidade da sua reivindicação à terra de
Israel. Entrementes, a população de Israel chegou a mais de três milhões, mas a
população mundial de Judeus ultrapassam quinze milhões. No meio da
confrontação que continua, somos forçados a reconhecer que as profecias
bíblicas têm sido cumpridas, e continuam sendo, pela regeneração da terra e pelo
reestabelecimento do estado de Israel. Não é contrária aos ensinos bíblicos e
expectativa de que virá o Senhor Jesus Cristo, que trará uma solução permanente
à crise no Oriente Médio. E durante este acontecimento, o povo de Israel voltar-
se-á para Ele.
Os Judeus Reformados são liberais. Não procuram nenhum Messias nem pátria
judaica. Ao invés disto, dizem que Israel é um povo messiânico. A aceitação da
Torá é mediante a opção pessoal.
6 – Avaliação do Judaísmo:
75 – LIBERALISMO
“O Pensamento Liberal”.
1 – Introdução:
“Nós temos por testemunho as seguintes verdades: todos os homens são iguais: foram
aquinhoados pelo seu criador com certos direitos inalienáveis e entre esses direitos se
315
Tais ideias subvertem as concepções políticas no século XVII e XVIII. No novo mundo,
os movimentos de emancipação das colônias são bem-sucedidos, como a Independência
dos Estados Unidos (1776), enquanto outros são violentamente reprimidos, como as
conjurações Mineiras em (1789) e Baiana em (1798), ambas no Brasil. Na Europa, o
grande acontecimento é a Revolução Francesa (1789), que representando a luta contra
os privilégios da nobreza e na defesa dos princípios de “igualdade, liberdade e
fraternidade”, depõe a dinastia real dos Bourbon.
2 – As Ideias
No entanto, aqui não nos interessam tais significados da palavra liberal, mas sim,
aqueles que indicam o conjunto de ideias éticas, políticas e econômicas da burguesia
que se opunha à visão de mundo da nobreza feudal.
Podemos nos referir ao liberalismo ético, enquanto garantia dos direitos individuais, tais
como liberdade de pensamento, expressão e religião, o que supõe um estado de direito
em que seja evitado o arbítrio, as lutas religiosas, as prisões sem culpa formada, a
tortura, as penas cruéis.
No século XIX, o liberalismo clássico englobava uma filosofia econômica que insistia
no modelo laissez-faire, desatrelada da intervenção do Estado. No final do século XIX,
as desigualdades sociais criadas por um capitalismo industrial irrestrito produziu através
dos governos reformistas de Herbert Henry Asquith (1852-1928) e Devid Lhoyd George
(1863-1945), na Grã-Bretanha. Daí em diante, entretanto, a causa da reforma política e
social viria a ser defender com mais êxito pelos emergentes políticos social-democrátas
e socialistas e, na maioria dos países, os partidos liberais entram em declínio.
Opôs-se inicialmente à intervenção do poder do rei nos negócios, que se davam por
meio de procedimentos típicos da economia mercantilista, tais como a concessão de
monopólios e privilégios. Os primeiros a se insurgirem contra o controle da economia
foram os fisiocratas, cujo lema era “laissez-faire”; laissez passer, lemond vai de lui-
même (deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo), tais ideias são
desenvolvidas pelos economistas ingleses Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo
(1772-1823). O que se pretendia era a defesa da propriedade privada dos meios de
produção e a economia de mercado, baseada na livre iniciativa e competição. O estado
mínimo, ou seja, o Estado não intervencionista e considerado possível porque o
equilíbrio pode ser alcançado pela lei da oferta e da procura. O liberalismo e o
socialismo hoje, nem sempre foram possíveis manter o Estado afastado do controle da
economia.
“Cada um é o único guardião autêntico da própria saúde, tanto física, quanto mental e
espiritual.” (Stuart Mill).
3.1 – Introdução
No século XIX, as exigências democráticas não eram apenas da nova classe dos
burgueses, mas também dos operários, cujo número crescia consideravelmente, já que a
Revolução Industrial (sec. XVIII) aumentara a concentração urbana. Os operários,
organizados em sindicatos e influenciados por ideias socialistas, exigem melhores
condições de trabalho.
No entanto, não há como negar que o liberalismo nasceu não democrático, na medida
em que sempre desconfiou do governo popular, sustentando o voto censitário pelo qual
excluído do poder os, não proprietários.
No século XIX podemos notar claramente os dois sentidos do movimento que até hoje
dilacera o pensamento liberal: a permanência do liberalismo conservador que defende a
liberdade, mas não a democracia (ou seja, não é um liberalismo com aspirações
igualitárias); e o liberalismo radical que, além da liberdade, defende a igualdade. É este
último liberalismo que, nas formas mais extremas, se aproxima, no século XX, das
concepções do Estado de bem-estar social e do socialismo liberal.
Na França – Tocqueville;
Na Inglaterra – Jeremy Bentham, James Mill e seu filho John Stuart Mill.
O intelectual brasileiro José Guilherme Merchior diz o que significa para Tocqueville a
palavra democracia: algumas vezes, ele empregou o termo em seu sentido politico
normal, de um sistema representativo fundado num amplo sufrágio. Mas, com mais
frequência, o empregou como um sinônimo para sociedade igualitária, coisa com que
ele não designava uma sociedade de iguais, mas uma sociedade em que a hierarquia já
não era a regra do princípio aceito de estrutura social”.
Bentham substitui a teoria do direito natural, típica dos filósofos contratualista do século
anterior, pela teoria da utilidade: o cidadão só deve obedecer ao Estado quando a
obediência contribui para a felicidade geral. Critica as formas liberais que levam ao
egoísmo. Aliás, para ele, o objetivo da moral é o controle do egoísmo, e a virtude é o
que amplia os prazeres e diminuí as dores, donde resulta uma “aritmética moral”: é
preciso fazer um cálculo entre duas ações para saber qual delas reúne maior número de
prazeres e menor quantidade de dores. Da mesma forma, o governo deve concordar com
o princípio de utilidade, e sua finalidade é alcançar a felicidade para um número maior
de pessoas.
Bentham também se tornou conhecido por ter imaginado o Panopticon (que signifc “ver
tudo”), construção com uma torre de controle central e um prédio cheio de janelas onde
seriam confinadas pessoas que precisariam ser vigiadas constantemente, tais como
loucos, doentes, condenados, operários ou estudantes. Michel Foucault, filósofo francês
contemporâneo, em sua obra Microfísica do poder identifica o projeto de Bentham ao
processo iniciado na Idade Moderna pelo qual é constituída a “Sociedade disciplina”,
baseada no controle e vigilância na fábrica, na escola, na prisão, no hospício, no
exército, e que tão bem irá caracterizar a forma de poder pela qual a burguesia exerce
sua hegemonia.
320
John Stuart Mill (1806-1873) segue inicialmente a corrente utilitarista, na qual foi
iniciado por seu pai, James Mill, mas a modifica profundamente, já que sofreu outras
influências, desde o Positivismo de Comte ao Socialismo de Saint-Simon.
Vimos também o socialismo surgir como doutrina, e mais adiante abordará como foi
sua implantação em diversas nações, até os acontecimentos conhecidos como “crise do
socialismo real”.
A presente análise tem por fim recusar as explicações simplistas que contrapõe o
fracasso do socialismo as excelências do liberalismo, pois as contradições vividas no
nosso tempo exigem soluções novas e criativas que sejam capazes de oferecer melhores
condições de vida a um número cada vez maior de pessoas.
Uma das conquistas do liberalismo clássico foi o ideal do Estado não intervencionista,
que deixava o mercado livre para sua auto-relação. Tratava-se do Estado minimalista, de
baixa intervenção, e do liberalismo, ou seja, do prevalecimento do livre mercado.
Obs.: As teorias Keynesianas foram influentes desde a década de 30 até a de 70, quando passaram a ser
severamente criticadas pelo neoliberalismo.
Carlos Rosselli (1899-1937) escreve: “É possível pensar que a passagem de uma para
outra sociedade aconteça mediante um processo gradual e pacífico: mediante uma
passagem que, salvando as vantagens já garantidas de uma, as reforce progressivamente
através das vantagens da outra”.
Político ativo, Bobbio estabeleceu polêmicas em jornais e revistas, tanto com católicos
neotomistas e neo-idealistas como com marxistas dogmáticos. Critica a injustiça que
permanece no mundo capitalista e o estado de não liberdade dos países em que foi
implantado o socialismo real.
apático, muito distante do caráter ativo exigido pela verdadeira cidadania. Bobbio
chama a esses aspectos de paradoxos da democracia moderna. Evidentemente, não para
concluir que a democracia é impossível, mas que se trata de tarefa difícil.
Bobbio se ocupa com a análise dos limites e obrigações do Estado, e faz o estudo
histórico do desenvolvimento das relações entre sociedade civil e Estatal. Vimos que
nas teorias contratualista do liberalismo clássico o contrato social constitui o Estado,
cuja legitimidade repousa, portanto no consentimento dos cidadãos. Bobbio, ao lado de
outros teóricos (como Rawls), desenvolve o neocontratualismo, em que, diferentemente
das antigas teorias, o pacto não se apresenta limitado apenas à explicação da origem do
Estado, mas, segundo ele, as forças sociais devem continuar agindo sem cessar, num
processo renovado e constante.
O governo democrático é, portanto uma policracia, isto é, o poder está irradiado por
toda a sociedade civil, entendida esta como o conjunto das organizações não estatais na
esfera das relações entre indivíduos e grupos e que, nesse sentido, representam
interesses pluralistas, sendo o Estado o ponto de encontro da diversidade e do embate
das forças mediante as quais se dará o pacto social. Além disso, Bobbio defende a
democratização da vida social como um todo, estendendo os mecanismos de discussão e
livre decisão para organismos como trabalho, educação, lazer, vida doméstica.
4.4 – Neoliberalismo
Desde a década de 40 alguns teóricos, como o austríaco Friedrich Von Hayek (1899),
defendiam o retorno às medidas liberalistas do livre mercado. Antikeynesiano por
excelência, Hayek acusa o Estado previdenciário de paternalista e se refere à “miragem
da justiça social”. Critica a tentativa de planificação central como uma impossibilidade,
já que, na sua concepção evolucionista, a complexidade e mutabilidade dos fenômenos
humanos escapam às tentativas construtivistas de controle.
A partir da década de 80, os governos de Reagan e depois Bush, nos Estados Unidos, e
de Margareth Thatcher na Inglaterra são representantes da nova onda neoliberal. No
Brasil a tendência se confirma nos processos de privatização de organismos estatais e de
abolição da reserva de mercado. Mas contraditoriamente esbarra em outras medidas de
nítida intervenção estatal (muitas vezes exacerbadas) como a dos sucessivos planos
heterodoxos de controle na economia para conter a inflação.
324
O que é, afinal, o capitalismo real? Ele não consiste apenas nas luzes que costumam
ofuscar contradições intransponíveis. O lado sóbrio parece fazer parte integrante da
condição de crescimento do capitalismo.
Quando nos referimos aos países mais ricos do mundo, não encontramos sequer uma
dezena entre as 170 nações existentes. E, se a distribuição de renda é assim irregular
entre os países, ela também se aprofunda nos países subdesenvolvidos, como o Brasil,
onde a concentração de renda atinge níveis alarmantes.
Com isso queremos dizer que a crítica feita pelos socialistas ao capitalismo continua
válida. Ainda mais no momento presente, em que o neoliberalismo tende a rejeitar o
Estado assistencialista – que teoricamente significa a contradição como o livre mercado
–, mas que bem ou mal tem ajudado a minorar as dificuldades dos trabalhadores. Daqui
para frente, na selva do “salve-se quem puder”, onde já sabemos de antemão que as
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O problema é que a saída deve ser construída. Ela não existe no momento, a não ser em
esboços de teorias ainda incipientes e nas soluções práticas muitas vezes apressadas que
frequentemente têm levado os países socialistas ao agravamento da crise e a retrocessos.
Para outros, o que existe é apenas constatação de que o “socialismo real” não soube
fazer a conciliação com a democracia, e seria bom que essa experiência ajudasse a
experimentar novos caminhos.
76 – MANIQUEÍSMO
1 – Introdução:
O que é Maniqueísmo?
É a ideia baseada numa doutrina religiosa que afirma existir dualismo entre dois
princípios opostos, normalmente o bem e o Mal.
Devido à definição dualista que caracteriza o maniqueísmo, por extensão este termo
também é utilizado para adjetivar qualquer perspectiva de mundo que haja uma
divisão entre aspectos opostos e incompatíveis.
3 – Maniqueísmo Político
4 – Maniqueísmo e Cristianismo
As ideias disseminadas pelo maniqueísmo eram consideradas uma heresia cristã para o
Cristianismo. No entanto, após se converte definitivamente ao Cristianismo, tornou-se
um dos principais opositores desta filosofia religiosa.
77 – MARXISMO
1 – Introdução:
Doutrina econômica e filosófica iniciada por Marx e Engels (Séc. XIX); contrapõe-se ao
liberalismo, faz a crítica do Estado burguês. A teoria marxista tem como fundamento o
materialismo histórico e dialético.
2 – Desenvolvimento histórico:
Foi, portanto, numa Alemanha agitada e cheia de problemas que surgiu o marxismo, na
verdade, essa obra é fruto não só de Karl Marx (1818-1883), mas também de seu amigo
Friedrich Engels (1820-1895), que, além da colaboração ideológica, era industrial e
pôde, por diversas vezes, ajudar Marx financeiramente nos momentos mais críticos.
Marx e Engels formulam suas ideias a partir da realidade social por eles observada: de
um lado, o avanço técnico, o aumento do poder do homem sobre a natureza, o
enriquecimento e o progresso; de outro, e contraditoriamente, a escravidão crescente da
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classe operária, cada vez mais empobrecida. (Para a elaboração da doutrina, partem da
leitura dos economistas ingleses Adam Smith e David Ricardo), da filosofia de Hegel (o
conceito de dialética e uma nova concepção de história) e dos filósofos do socialismo
utópico):
3 – A Filosofia da Práxis:
Ao analisar o ser social do homem, Marx desenvolve uma nova antropologia, segundo a
qual não existe uma “natureza humana” idêntica em todo tempo e lugar. Para ele, o
existir humano decorre do agir, pois o homem se autoproduz à medida que transforma a
natureza pelo trabalho. Sendo o trabalho uma ação coletiva, a condição humana depende
da existência social. Por outro lado, o trabalho é um projeto humano e como tal depende
da consciência que antecipa a ação pelo pensamento. Com isto, se estabelece a dialética
homem-natureza e pensar-agir.
Leon Trótski (1879-1940) foi companheiro de Lênin nas lutas de outubro de 1917.
Defendeu a “revolução permanente”, que significa o prolongamento da luta de classes
em escala nacional e internacional, o que deveria gerar inevitavelmente a guerra civil
interna e a guerra revolucionária externa. Partindo do princípio de que o mundo
capitalista exerce influência perniciosa sobre os países que pretendem implantar o
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4.1 – A social-democracia
Varias medidas são tomadas para a conquista de direitos sociais, como legislação de
proteção ao trabalhador, direito de associação, criação de inúmeras cooperativas de
consumo e ampla divulgação das ideias socialistas por jornais, revistas, teatro etc. o
resultado desses esforços significou conquistas reais para os operários. Até 1914, o
fortalecimento do movimento sindical na Alemanha tornou possível a colaboração
permanente entre Estado, empresas e classe trabalhadora.
A social democracia não se confunde com o liberalismo social, pois o Estado de bem
estar social é anti-socialista e pretende manter o capitalismo, ao passo que a
socialdemocracia visa em última instância a superação do capitalismo e a implantação
do socialismo.
Em 1919, Rosa e Liebknecht são fuzilados. Na década de 30, a cisão entre o Partido
Comunista Alemão e a Social-democracia será uma das causas da ascensão de Hitler ao
poder.
Antonio Gramsci (1891-1937) foi um dos mais importantes teóricos italianos, preso
durante onze anos pela ditadura fascista. Mesmo no cárcere, onde ficou até a morte,
escreveu muito, enfatizando a crítica ao dogmatismo do marxismo oficial, que, ao
petrificar a teoria, impedia a prática revolucionária. Suas principais obras são concepção
dialética da história, os intelectuais e a organização da cultura, Literatura e vida
nacional, cadernos do cárcere.
Sua contribuição teórica está, sobretudo, em ter compreendido que o Estado capitalista
não se impõe apenas pela coerção e violência explícita, mas também por consenso, por
persuasão. Ou seja, por meio das instituições da sociedade civil, como Igreja, escola,
partidos políticos, imprensa, a ideologia da classe dominante é difundida e preservada.
É dessa forma que também se impede a tomada de consciência da classe dominada. Não
tendo sua própria consciência de classe, permanece desorganizada e passiva, e as
eventuais rebeliões não modificam a situação de dependência. Por isso Gramsci
considera a necessidade de os elementos das classes populares continuarem
organicamente ligados à sua classe de forma a elaborarem, coerente e criticamente, a
experiência proletária por meio dos seus próprios intelectuais orgânicos. Só assim será
possível a unificação da teoria com a prática, ou seja, da ação revolucionária com a
transformação intelectual.
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Uma das críticas feitas se refere ao dogmatismo dos leninistas e stalinistas quando
desenvolvem uma concepção naturalista da história, segundo a qual a evolução dos
fatos históricos marcha inexoravelmente em direção à sociedade sem classes. Trata-se
de uma concepção determinista e evolucionista típica do positivismo predominante no
final do século XIX.
78 – MATERIALISMO
Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social, que
universalmente determina a sua consciência.
(Marx)
1 – Materialismo Antigo
Tales (624-562 aC.) percebeu que todos os organismos contêm água. É considerado o
primeiro dos sete sábios da Grécia.