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Quem foi Platão? Explicamos sua vida, obra e loso a


por Redação Brasil Paralelo

Ainda hoje é importante saber quem foi Platão, porque a in uência de sua loso a permanece viva na cultura
Ocidental. Suas ideias e seu legado sobre a vida de Sócrates in uenciou nomes como Agostinho de Hipona.
Sua alegoria da caverna continua a ser interpretada e permanece atual.

É um dos lósofos mais conhecidos e estudados, principalmente por ter se dedicado a publicar os Diálogos
de seu mestre, Sócrates. Mas não só isso, ele também foi o responsável pela imortalização de citações de
outros lósofos da Grécia Antiga, entre os quais se destacam Parmênides, Heráclito e Pitágoras.

Muitos dos escritos destes lósofos se perderam, e Platão foi fundamental para termos acesso ao que
ensinavam. Aristóteles também foi responsável por conhecermos a loso a de muitos deles, já que ele
escrevia o que eles defendiam a m de refutá-los.

Além de conhecer quem foi Platão, assista também aos documentários que já produzimos. A Brasil Paralelo
tem a missão de resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros. Conheça o
nosso trabalho.

O que você vai encontrar neste artigo?


1. Biogra a de Platão – A vida e a obra;
2. Principais ideias e características da loso a de Platão;
3. Teoria das Ideias de Platão ou Teoria das Formas;
4. Mundo das Ideias de Platão;
5. Principais obras de Platão;
6. “A República”;
7. O Mito da Caverna;
8. Santo Agostinho e Platão.

Biogra a de Platão — A vida e a obra


Quem foi Platão? Foi um lósofo grego, discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Está entre os principais
lósofos gregos, cuja in uência inspirou toda a Civilização Ocidental.

Em sua obra, destacam-se a Teoria das Ideias ou Teoria das Formas e sua loso a política no livro “A
República”, no qual se encontra o mito da caverna.

Quem quiser saber quem era Platão pode não saber que seu nome verdadeiro era Arístocles. Ele foi
apelidado de Platão por causa de suas costas e ombros largos.

Nasceu em Atenas em 428 a.C. e morreu em 347 a.C. Sua família era politicamente in uente na Grécia, pois
eram descendentes de Sólon, um dos maiores legisladores que já existiu.

Como a família detinha posses, ele foi um jovem aristocrata que pôde dedicar-se aos estudos. Sua formação
envolveu leitura, escrita, música, pintura, poesia, ginástica e loso a, entre outras. 

Ele seguia Sócrates e prestava atenção em todos os seus Diálogos. Tinha capacidade de escrever e tomava
notas.

Diferentemente de seu mestre, Platão deixou Atenas diversas vezes. Viajou para Megara, onde estudou
geometria; foi ao Egito, onde aprendeu astronomia; aprendeu mais sobre matemática em Cirene, na África; e
até mesmo o sul da Itália conheceu, tendo estudado em Crotona, onde reuniu-se com discípulos de Pitágoras.

Desde jovem interessou-se pela política, mas com o tempo acabou decepcionando-se com Atenas. Com a
morte de Sócrates, ele preferiu dedicar-se à loso a do que à carreira política. 

Ele vivenciou inclusive o período em que o regime democrático ateniense se tornou uma tirania oligárquica
no mesmo modelo de Esparta. Foi a Tirania dos 30, instalada quando Atenas perdeu a Guerra do Peloponeso
para Esparta.

Falando em tirania, entenda como foi a Ditadura Militar no Brasil assistindo ao nosso documentário sobre o
período: 1964 – O Brasil entre Armas e Livros.

A Academia Platônica
Quando retornou à sua cidade natal, onze anos após a morte de seu mentor, fundou a Academia de Atenas
em 388 a.C. para ensinar loso a, ciências, matemática e geometria. 

Havia exigências para entrar na Academia de Platão, por exemplo, os jovens deveriam ter boa condição física
e conhecimento de geometria. O próprio Platão participou dos jogos Olímpicos como lutador.

Sua escola era diferente daquelas que existiam, que eram de retórica e oratória. As famílias abastadas
colocavam seus lhos para aprenderem a se expressar melhor e defender em praça pública seus interesses. A
cidade estava se desenvolvendo rapidamente e demandava dos jovens muita eloquência e habilidade de
argumentação. 

Muitos so stas eram professores de oratória. Górgias, por exemplo, era um so sta que dizia que a verdade
não existia e que se existisse não poderia ser conhecida. Em suas aulas, ensinava como convencer qualquer
pessoa de qualquer coisa. Nisto, vemos porque Sócrates e Platão não gostavam dos so stas.

Ele também combateu os vícios mostrados nos deuses da mitologia grega. Saiba mais sobre isso em nosso
artigo sobre a importância do mito nos dias de hoje.

Platão queria estruturar a loso a de uma forma diferente e dar respostas mais elaboradas, formando
disciplinas.

Ele respondeu, por exemplo, as seguintes perguntas:

Como conhecemos?
O que é a alma humana e como ela se estrutura?
O que é ser bom e o que é o bem?
Qual é o sistema político ideal?

Era um continuador de Sócrates, mas não apenas perguntava. Ele buscou responder. Há Diálogos em que
Platão apresenta um Sócrates que responde e não apenas questiona.

Além de escrever sobre quem foi Platão, também escrevemos sobre quem foi Sócrates. Leia o artigo que
já escrevemos sobre ele.

Giovanni Reale foi um famoso lósofo italiano que dedicou-se a estudar o ensino da Academia Platônica,
porque escrevia textos sobre a parte didática das disciplinas. A Carta Sétima de Platão contém um trecho no
qual ele diz que existem coisas sobre as quais não podia escrever.
Ele ensinava coisas sobre as quais não escrevia. Os livros didáticos de sua Academia foram perdidos, restando
apenas os livros escritos para divulgação. Sua Academia contrariava Górgias e Isócrates, também muito
famoso na época.

Nas escolas desses so stas, a Filoso a vinha primeiro e a oratória era a mais importante, porque envolvia
falar e construir discursos. A Filoso a era instrumento do bem falar.

Platão fez o contrário, exigindo o amadurecimento antes do aprendizado da Filoso a, a principal entre as
disciplinas. 

Ele criou um sistema de ensino no qual primeiro o jovem precisava ser bom em educação física e geometria.
Na sequência, aprendia-se a oratória, a escrita, a literatura. En m, ensinava-se a Filoso a.

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séries gratuitas. Temos, por exemplo, uma série sobre História do Brasil e uma chamada Pátria Educadora,
sobre a situação do ensino no país.

O método dialético
Ao retratar os Diálogos de Sócrates, ele introduziu na Filoso a o método dialético, isto é, o diálogo,
perguntas e respostas, questionamentos em busca da verdade.

Seus personagens tratam de diversos temas da vida humana, seja na esfera pública ou privada.

Alguns dos principais temas abordados foram:

Alma humana;
Arte;
Medicina;
Sofrimento;
Prazer;
Política;
Justiça;
Religião;
Vício;
Virtude;
Castigo;
Natureza humana;
Sexualidade;
Amor;
Sabedoria.

Platão foi um lósofo muito consistente, losofando de forma sistemática e rigorosa no exame dos assuntos.
Usava o método dialético em assuntos políticos, metafísicos, éticos e epistemológicos. Certamente, ele está
entre os mais importantes da Antiguidade Clássica.

Alguns de seus alunos se destacam, como Críton e Xenofontes, mas o principal foi Aristóteles, lósofo que
retomou a Filoso a de seus antecessores, argumentou contra o que via de errado e propôs correções. Sem
dúvidas, um intelectual imortalizado.

Mesmo tendo aprendido muito com Platão, resolveu seguir caminhos diferentes do mestre e também
discordou dele. Em nossos artigos sobre Aristóteles, detalharemos mais sobre isto.
Você pode acessar inúmeros documentários, lmes e séries gratuitas na Brasil Paralelo. E se quiser se
aprofundar, pode se tornar membro e acessar conteúdos exclusivos.

Principais ideias e características da loso a de Platão


Para entender melhor quem foi Platão, precisamos entender vários aspectos de sua loso a. Explicaremos,
separadamente, como a dialética, o racionalismo, o realismo e o idealismo estão presentes em sua concepção
de mundo, mas saiba que tudo isso faz parte do mesmo sistema explicativo.

A seguir, perceba como tudo isso será necessário para compreender a Teoria das Formas e o Mundo das
Ideias.

Para quem tem interesse nos assuntos de Filoso a, ao se tornar Membro da Brasil Paralelo, você tem acesso a
vários cursos de loso a, história, arte, economia, política e muito mais. 

Dialética
Este é o nome da técnica para alcançar uma conclusão a partir do diálogo, do debate entre ideias divergentes.
A partir de um debate, alcançava-se um entendimento que resolvia as questões iniciais, geradoras da
discussão.

Racionalismo
Para ele, o raciocínio é uma forma de se chegar a conclusões, utilizando a operação mental discursiva pelo
caminho da lógica. O método dialético facilitava o uso da razão, para perceber o que fazia sentido e o que
não fazia.

A partir de premissas, estruturando o pensamento, seria possível alcançar um entendimento que não existia
antes do diálogo.

Realismo
Isto signi ca que Platão acredita na existência de ideias universais, que são as formas ideais. Por que o nome
realismo? Porque ele defendia que as ideias perfeitas existiam realmente.

Sócrates buscava por de nições, conceitos. Platão dizia que a ideia de brancura (ser da cor branca), por
exemplo, existia de fato.

No diálogo Mênon, ele defendia que antes de nascermos, já teríamos visto as ideias em si mesmas, as ideias
reais. Aqueles que já viram muitas ideias conseguem reconhecê-las mais facilmente neste mundo.

Idealismo
Isto signi ca que a verdadeira realidade não está neste mundo, sendo alcançada somente pela razão com a
abstração. Segundo Platão, todas as coisas possuíam uma forma pura, livre de aparências. Estas ideias das
coisas, seriam universais, puras e perfeitas, representando a essência. 

Trata-se de um conhecimento inteligível, alcançado somente com a razão e não com os sentidos, fonte de
obtenção do conhecimento sensível.
“Este objeto que estou vendo agora tem tendência para assemelhar-se a um outro ser, mas, por
defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior”.

Alcançando-se estas formas puras, alcançava-se um conhecimento verdadeiro da coisa em si mesma. Ele
enfatizou isto porque ensinava que o conhecimento obtido a partir dos sentidos, o conhecimento apenas da
parte material das coisas, era enganoso.

Teoria das Ideias de Platão ou Teoria das Formas


Sua teoria das ideias também pode ser dita como Teoria das Formas. Basicamente, ensinou que o que vemos
possui uma essência e suas características acidentais.

Uma cadeira pode ser de madeira ou de ferro, ter três ou quatro pernas, mas continuará sendo uma cadeira. A
cor, o material de que é composta, sua aparência… tudo isso é um acidente. O que faz com que a
reconheçamos como cadeira é sua essência, o que permanece independentemente de suas características
externas, visíveis.

Esta essência é a forma.

Assim, quando falamos de ideias em Platão, estamos falando do verdadeiro ser de cada coisa, de sua essência,
isto é, aquilo que dá o formato. Por isso, a forma.

Para mais formações acesse a página de documentários da Brasil Paralelo. 

Mundo das Ideias de Platão


Você conhece as ideias que falamos acima? Para Platão, elas existiam em algum lugar, já que tudo o que
víamos era re exo delas. Este seria um Mundo das Ideias, uma instância metafísica, não material, alcançada
apenas com o uso da razão. 

Nele, teria de haver exemplares perfeitos e completos de tudo o que vemos na realidade.

Neste mundo, estariam as ideias primordiais. Como já vimos, as formas perfeitas e imortais. As coisas que
vemos na realidade desta vida são apenas sombras imperfeitas do que realmente existe no Mundo das Ideias.

Para alcançá-lo é preciso usar a razão e não os cinco sentidos do corpo.

Por exemplo, vemos vários cães diferentes, altos, baixos, magros, gordos, marrons, pretos, beges, etc. No
Mundo das Ideias está a ideia de cão perfeito, sem características especí cas.

Ele chamaria isto de “a caninidade”. Só reconhecemos um cão no mundo porque ele tem a qualidade da
“caninidade” em menor ou maior grau. 

Mas nenhum cão físico é perfeito. O que está representado idealmente no Mundo das Ideias, sim, sendo o
cão por excelência.

Para alcançar uma ideia em si mesma, universal e não material, é preciso abstrair-se da aparência física e
alcançar um conceito, uma de nição imutável. 

Dualismo
Para ele, havia duas substâncias, uma irredutível à outra. Platão separava a gura deste mundo físico, da gura
do mundo abstrato – das ideias. O lugar onde se encontram estas formas perfeitas é o Mundo das Ideias. 

Segundo ensinou, nosso mundo é o mundo sensível, diferente do Mundo das Formas. Nesta realidade, temos
as coisas materiais, que são cópias do que existe na abstração do Mundo das Ideias.

O mundo sensível é imperfeito e mortal. Aqui, as coisas estão sempre mudando, por isso é possível haver
falhas, o que não acontece na realidade abstrata, que é imutável.

Principais obras de Platão


Como responder quem foi Platão sem falar de suas obras? Seu estilo predominante era o diálogo. Os textos
acontecem na forma de conversa, principalmente entre dois personagens.

O personagem principal de seus diálogos era Sócrates, de onde vem a maior parte dos ensinamentos que
temos dele.

Os diálogos se baseiam em temas principais, como a discussão sobre o que é o amor, o que é a justiça, e a ns.
Conforme o raciocínio ui, pode haver desdobramentos e outros temas surgirem.

Um dos destaques vai para a “Apologia a Sócrates”, na qual ele descreve como Sócrates defendeu-se frente ao
tribunal ateniense que injustamente o condenou à morte.

Há 35 Diálogos conhecidos, que costumam ter o nome do principal interlocutor que conversa com Sócrates.
São compreendidos entre 4 períodos diferentes. Vamos expor os principais.

Diálogos Socráticos ou Diálogos da Juventude 


Apologia de Sócrates: Trata-se da narrativa dos últimos momentos de Sócrates, tendo sido escrita logo
após sua morte. A obra retrata a acusação que ele sofreu de corromper a juventude ateniense entre
outras, e como ele foi julgado e sentenciado à pena de morte. Platão defendeu a inocência do mestre e
seus ensinamentos.

Láques, ou Da coragem: Grandes nomes que serviam de exemplo de coragem aos gregos eram os heróis
homéricos Ulisses e Aquiles. Platão apresenta a coragem em uma roupagem da razão, como uma ação
moralmente equilibrada, justa e ética.

Cármides, ou Da Sabedoria: Neste diálogo a sabedoria é apresentada como o norte moderador da vida
cotidiana.

Diálogos de Transição
Hípias menor: Discussão sobre a verdade, a mentira e o caráter.

Hípias maior: Discussão sobre as questões estéticas, sobre o que é o belo e o foco está nas artes.

Górgias: Nele, vemos o so sta Górgias, um dos maiores professores de oratória e retórica, debatendo-o
com Sócrates.

Protágoras: O principal so sta helênico foi Protágoras, e é justamente ele quem dialoga com Sócrates,
que expõe as farsas dos so stas.

A República (Livro I): Apesar de sua posterior conclusão, vemos aqui a apresentação do que Platão
considera o modelo ideal de política no governo da pólis.
Diálogos da Maturidade
Fédon: Diálogo no qual Platão expõe sua concepção de alma e outros assuntos que tocam a questão
metafísica do homem.

O Banquete: Figurando entre os mais conhecidos, este diálogo discute o bem e o amor ideal.

A República (Livros II a X): Nestes livros, Platão continua suas considerações sobre política. Certamente,
é a principal e mais conhecida obra. Ainda abordaremos mais detalhes sobre ela em uma seção dedicada
a este assunto. 

Diálogos da Velhice
Parmênides: O foco deste diálogo é a epistemologia, cujo foco é o conhecimento das formas e da
essência das coisas.

Teeteto: Neste, o tema principal é o conhecimento cientí co e a própria ciência.

O So sta: Mais uma vez, torna-se evidente a condenação à arte sofística.

Timeu: A abordagem principal volta-se para a natureza e sua constituição. 

Este panorama geral das obras é importantíssimo para compreender quem foi Platão, acompanhando suas
fases e seus temas.

Para mais conteúdo de formação, seja em loso a, história ou política, assista aos nossos documentários.

A República 
Este livro é tão importante para entender quais são as principais ideias de Platão que merece um comentário
à parte. Além disso, entender resumidamente o que ele ensinou nesta obra é também uma forma de
compreender quem foi Platão. 

“A República” é uma composição de 10 livros, como se fossem 10 capítulos. Pode-se dizer que ela funda a
loso a política ocidental.

Estes livros são considerados a primeira utopia política do Ocidente. É chamada utopia porque signi ca uma
descrição do que seria uma sociedade ideal e não a descrição de uma cidade real.

É uma imaginação de como as coisas seriam melhores caso algumas condições fossem atendidas. 

A estrutura de diálogo também está presente nesta obra e Sócrates é o personagem principal. A questão mais
discutida é: Qual é o modelo ideal de governo?

Nos livros iniciais as questões são abertas, mas depois são feitas alegorias e dadas explicações. Assim, a
tradição interpretou que era Platão falando através do personagem Sócrates nestes casos.

Platão desenvolve a ideia de governo perfeito baseando-se no idealismo e na busca pela verdade em si
mesma, imutável. 

O governo do rei lósofo


Em sua busca por um Estado ideal, elaborou um verdadeiro tratado sobre teoria política, com características
democráticas e monárquicas, a nal, haveria um rei. O governo absoluto da cidade deveria ser concedido a
um lósofo.

Ou um lósofo deveria ser rei, ou um rei deveria ser lósofo para a melhor condução da cidade. A nal, só
assim se teria um governante que enxergasse as coisas como são, pois o lósofo é aquele que consegue ver
além do mundo sensível, ver as coisas como elas são.

“Enquanto os lósofos não forem reis, ou os reis não tiverem o poder da loso a, as cidades
jamais deixarão de sofrer”. 

Por isso, ele entende de justiça, lei, virtudes, bem, coragem e tudo o mais. Com estas qualidades e
habilidades, ele seria o mais sábio para governar.

A divisão da sociedade na República


Ao falar de política e da forma de governo da pólis, a cidade, Platão distinguia uma hierarquia com três
degraus. Uma possível analogia é feita tendo a alma como referência. Platão ensinou que três tipos de caráter
moldam a alma de uma pessoa.

Cada cargo na cidade relacionava-se a um desses caráteres e se isso fosse seguido, haveria harmonia na pólis.

Platão explica que a sociedade ideal deveria ter três tipos de camadas, com base nos três tipos de caráter da
alma humana:

1. Caráter concupiscível: Ligado à liberdade, aos desejos e aos trabalhos braçais, mecânicos. 

Aqui está presente a primeira camada. As pessoas aqui seriam aquelas presas ao corpo e seriam encarregadas
da distribuição de gêneros alimentícios para a comunidade, além de utensílios. São os agricultores, artí ces e
comerciantes.

2. Caráter irascível: Ligado aos impulsos da ira, aos trabalhos militares. 

Aqui está a segunda camada. Os presentes aqui são mais propensos a serem soldados e administradores.
Platão considerava ideal que as crianças percebidas com caráter irascível fossem treinadas desde pequenas
para a defesa da cidade. Inclusive, ele sugeriu que não conhecessem seus pais, para que pudessem defender a
todos com a mesma bravura e disposição.

“Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo,
para que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada uma”.

3. Caráter racional: Ligado ao uso do intelecto, ao senso de justiça e à capacidade de governar bem, logo, à
política. Os melhores representantes neste caso, seriam os lósofos. 

Aqui está presente a terceira camada. Nela encontram-se os lósofos governantes. Esta é a camada superior e
mais capacitada, na qual se alcançou o melhor uso da razão. A estes deveria ser dado o poder político.

Você se lembra que foi dito que alguns, antes de nascer, viram as ideias? Alguns têm mais facilidade para se
lembrar, outros não. Alguns não gostavam da Filoso a, então precisavam exercer outras atividades.
As almas que adquiriram mais compreensões de virtude, dever e sacrifício poderiam se dedicar ao corpo
militar e administrativo. 

O Mito da Caverna

Entender o Mito da Caverna também é necessário para quem quer entender quem foi Platão, pois nesta
alegoria sua loso a está sintetizada.

Comecemos pela descrição que Platão faz da caverna. Em sua analogia, imaginou uma caverna, na qual havia
prisioneiros acorrentados. Eles estavam ali desde sempre e nunca tinham saído.

Imaginemos a abertura da caverna. Estes prisioneiros estavam de costas e não conseguiam ver o que havia do
lado de fora, apenas olhavam para a parede de pedra desta grande caverna.

Outro elemento presente atrás daqueles acorrentados, sobre uma colina, era uma tocha de fogo que brilhava
e iluminava a parede. Assim, quando algo passava fora da caverna e em frente à luz, uma sombra era
projetada sobre a parede.

Eles viam as sombras e como nunca tinham visto os objetos em si mesmos, pensavam que a projeção que
viam era a realidade.

Contudo, um deles se libertou das correntes e saiu da caverna. Ele viu as coisas como elas realmente eram.
Inicialmente foi difícil por causa do sol, mas sua vista acostumou-se e ele entendeu que passara a vida vendo
sombras, apenas aspectos imperfeitos do real, do verdadeiro. 

O que ele fez? Voltou para dizer aos companheiros o que havia acontecido, mas para sua surpresa, eles não
acreditaram e ainda o atacaram quando ele tentou libertá-los. Sair das trevas era um processo doloroso e eles
não o queriam.

O que percebemos aqui? 

Que esta analogia é a representação deste mundo. Somos os prisioneiros e a realidade que vemos através dos
sentidos é apenas uma sombra, um aspecto imperfeito. Os lósofos, com o uso da razão, alcançam o
entendimento das ideias universais, assim como o prisioneiro que escapou.
Deste mundo, temos de escapar das aparências e ser capazes de ver intelectualmente como as coisas são em
si mesmas. Não são todos que querem, porque a busca pela verdade é dolorosa como sair da caverna e ser
impactado pelo sol pela primeira vez.

Doxa e Aleteia
Doxa, para os gregos, é uma opinião não pautada na verdade. Não há certeza sobre o que se diz, é uma
especulação. A caverna é o domínio dessa opinião, dessa dúvida, pois não há certeza sobre o que é real.

Quando se alcança a certeza por meio da Filoso a, chega-se à verdade, ou seja, a aleteia. 

Santo Agostinho e Platão


Santo Agostinho, um dos lósofos e teólogos mais importante da história da cristandade, resgatou muitos
aspectos da loso a de Platão em sua teologia cristã.

Para ele, onde quer que a verdade estivesse, poderia ser encontrada e acolhida pelos cristãos, mesmo entre
os gregos que eram pagãos.

Por exemplo, ao discutir o problema do mal, ele resgata a loso a de Platão e dos neoplatônicos para formar
uma sólida concepção de que o mal é uma ausência, e não um ente com ser em si. Isto signi ca que o mal é o
que acontece quando o bem não está presente.

Ao abordarmos Santo Agostinho em um de nossos artigos, explicaremos melhor sua ideia sobre o mal e tantas
outras.

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se você gostou deste artigo sobre quem foi Platão.

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pessoas? pode mudar sua forma de olhar o mundo

1 comentário
DEZEMBRO 8, 2020 AT 1:56 PM

Clínica de reabilitação RJ
top parabens pelo artigo, me ajudou muito

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