Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
13
|
高
! .. 3 4
740
9-8 S.
133 : 54 < /
1
FOR .
FOA 3104
EN N Æ A ,
OU
APPLICAÇÃÖ DO ENTENDIMENTO
SO B R E A
PEDRA PHILOSOPHA
L.
}
1
R.265.142 1
1173
4
EN NÆA,
OU
APPLICAÇÃỞ DO ENTENDIMENTO
SO B R E A
PEDRA PHILOSOPHAL ,
PROVADA , E DEFENDIDA
Com os meſmos argumentos com que os Reverendiſſimos Padres
Athanaſio Kircker no feu Mundo Subterraneo , e Fr. Bento Hie
ronymo Feyjoo no ſeu Theatro Critico,concedendo a poſſibili,
dade, negað, e impugnaó a exiſtencia delte raro ,e gran
de myſterio da Arte Magna.
PARTE PRIMEIR Á .
OFFERECIDA
AO ILLUSTRISSIMO SENHOR
D. FRANCISCO DE MENEZES ,
CONEGO DA SANT A IGREJ A PATRIARCHAL ,
e do Conſelho de Sua Mageftade, oʻc.
LISBOA OCCIDENTAL :
Na nova Officina deMAURICIO VICENTE DE ALMEIDA
morador ao Arco das Pedras Negras .
M. DCC . XXXII .
Chrtodas
tar as ſuasproezas, amdaque para ſe fazer a ſua
onica
e numerar os ſeus triumphos , empreſtaſſem
a todos
** ij
a todos os Hiſtoriadores 'a Esphera para papel ;
immenſa grandeza do ſeu dilatado circulo ; o Ferma.
miento para letras cabidol.s , o numero innumeravel
das ſuas Eſtrellas ; o Ether para bradar nos clarins
pa fama toda a região dos ares ; a terra para letras
dequenas toda a multidao das ſuas areas ; e o mar
para tinta toda a inmenſidade das ſuas agoas.
Finalmente coroon todas eſtas grandes honras a
Mitra Epiſcopal , que VOSSA ILLUSTRIS
SIM A logre tantos annos , como eſte papel tem de le
tras. Eſta grande dignidade o conſtitue Principe da
Igreja , depois de naſcer dos mayores Monarchas e
bo e
; os Sacerdotes podem gerar tantas vezes ao Filho
de Deos , quantos ſãoos dias ; e cada dia o poderiaã
gerar muitas vezes , وfe lhe fora licito. Mais : A Mãy
de Deos , quando por virtude das palavras do ſeu coño
ſentimento gerou a Chriſto ., for individualmente em
buma ſó entidade natural , dentro de ſuas puriffimas
entranhas , e nað multiplicado nellas, ou reproduzido
em muitos corpos ; e os Sacerdotes em hum fó acto, com
a meſma prolação das palavras dà conſagração, pò:
dem gerar ao meſmo Fého de Deos em milhares; é mi
lboens de Hoftias ,ficando em cada huma dellas realmen
te o meſmoChriſto. Porèm nao he o mais admiravel ,
que
que os Sacerdotes lovem neſta grande picrogativa al
gumas ventagens à Mãy de Deos, quando ao Eterno
Pay no modo de obrar excedem os Sacerdotes.
Mais fazem os Sacerdotes proferindo as palavras
da conſagraçao , do que fez o Eterno Pay créendo com
aquelle ſeu prodigioſo Fiat tantos milhares de Anjos,
e toda eſta grande , e fermoſa machina do Univerſo ;
porque o Eterno Pay tudo o que creo : com o ſeu Fiat,
he temporal , tranſitorio',finito , ou limitado ; mas o
que os Sacerdotes produzem quando conſigrao a Hof
tia , he eterno , incorrupto, immortal, e infinito , por
fer o meſmo Filho de Deos. Por iſſo alguns Theologos
dizem , on enſinao , que a dignidade Sacerdotal não
fó.he Druna , mas infimta ; porque ſecouforme a dón
D. Thom . 1. trina do Angelico Doutor Santo Íbomaz , toda a cau
Part. Quæſt. ſa porque a dignidade de fer Máy de Deos he em MA
25. Art.6 . RIA Santiſſima infinita , reſulta , e piovem do fer de
Máy pelo reſpeito que diz ao Filho , e da grandeza do
Filho fe.collige a grandeza, e dignidade da Mãy ; Co
mo não pode haver Filho mayor do que Deos , fendo
MARIA Santiſſima Mãy de Deos “, nað be poſſivel
a Deos fazer outra melhor Mãy : Beata Virgo ( diz
Santo Thomaz ) ex hoc , quod eft Mater Dei, ha
bet quandam dignitatem infinitam ex bono infini
to , quod eft Deus, & ex hac parte non poteft ali
quid fieri melius ei , ficuti non poteft aliud melius
effe Deo . Ao ponto agorą. Se no conſtitutivo dos Sa
cerdotes entra tambem o Sacrificio , ſendo o Sacrificio .
do Altar o meſmo Deos ; fegueofe , que aſſim como a
Deos lhe nað he poſſível poder fazer melhor Sacrificio,
tambem nao pode fazer melhoresSacerdotes. Veja ago
ra VOSSA ILLUSTRISSIMA , qual be a
fua grandeza pela dignidade Sacerdotal, que ſó ella
empobreceo a Omnipotencia Divina ; porque ſe o fer
Sa
Sacerdote , hé huma dignidade tao grande , pelo reſpei
to que diz ao Sacrificio , que celebra ; ſendo o Sacrificio
infinito , infinito fica tambem ſendo o Sacerdote , como
da Mãy de Deos affirma o Doutor Angelico. E como
Deos não pode fazer melhor Māy , doque MARIA ,
mayor Sacrificio , do que o da Euchariſtia , nem Sacer
dotes mais perfeitos , que os da Igreja Catholica ; ſendo
VOSSA ILLUSTRISSÍMA Sacerdote da
nuam
en
n
li
nuamente diante do throno : Septem lampades ante
thronum ; e como VOSSA ILLUSTRISSIMA
cleſia , quæ eſt in Babylone collecta. Não ſerà deſ- Petr .Epift. 1 .
truida Roma pelo que hoje he , ſenao pelo que antiga. cap . $ . 13 .
mente foy , e ainda ha de ſer : Roma eſpiritual he eter.
na ; porque contra ella naš prevalecerað os conſelhos ,
Matth.16.18
ou portas do Inferno : Portæ Inferi non prævalebunt
adverfus eam ; mas Roma a temporal, fugeita eſtà co
mo as outras Metropoles das Monarchias , e nað fó file
geita , mas condenada ao Cataſtrophe das couſas muda .
veis, e aos eclypſes do tempo , por caſtigo dos grandes
peccados das ſuas antigas idolatrias , das perſeguições
dos
dos Catholicos, e de outros graves delictos , que ainda
ha de cometer no tempo futuro , como àlem de outros
diz Sylveira na expoſição deſte Texto : In everfio
ne Romanæ civitatis, puniec Deus idolatriam Ro
mæ Ethnicæ ; puniet perſecutiones omnes , quas
fecit in Chriftianos , & puniet omnia alia crimina
quibus eſt fornicata. Sem offenfa da Sé Apoſtolica o
pregou aſſim à meſma Roma o grande Padre Vieira
na occaſião , em que lhe repreſentava eſta tragedia nas
cinzas , em que os Romanos como homens ſe converter
H
depois de mortos. Porém em outras cinzas lhe podia
moſtrar com igual verdade eſte deſengano , que ſão aquel.
las, a que reduzirà a Roma hum voraciſſimoincendio :
Apoc . 18.8 . Igne comburerur ; ficando Roma nað fó queimada ,
Jenao totalmente deſerta , ſendo habitação nao de ho
Sylveir . in mens, ſendo de Demonios : Ficta eſt habitatio dæmo
Apoc.cap.18. riorum : per quod fignificatur magna urbis folitu
1. n. 6. fol. do , ubi erat magna frequentia : ac proinde civitas
folo #quata in magnum defertum redigenda eſt : ſo
338 .
lent enim dæmones in locis deſercis , & horribili
bus commorari . Chegando pois Roma a eſte miſeravel,
e laſtimoſo eſtado , ou antes de padecer tão juſto , e ſe
vero caſtigo, ſahir à da Corte Romana a Santa Igreja
de Roma , para não participar dos ſeus delictos nem
Apoc. 18. 4. dos ſeus caſtigos : Exite de illa populus meus : ut
ne parcicipes licis delictorum ejus, & de plagis ejus
non accipiatis ; e como em alguma Cidade Catholica
ha de collocar o Pontifice a Cadeira de S. Pedro , em
Lisboa ficar à de aſſento a Santa Igreja de Roma ; por .
que Lisboa he Corte de hum Reyno puro na Fé : Fide
purum : Lisboa he Corte de hum Reyno amado , e efe
colhido por Chriſto , pela ſua piedade , para nelle com
ILLUSTRISSIMO SENHOR ,
B. AS M. DE V. ILLUSTRISSIMA
ci
}
il
Pag. 2
Wys .
hornene
PROLOGO
GALEATO .
§. I.
S. II.
.
G A L Ε Α Τ Ο. 13
S. III.
impof
G A L E A TO . 21
1
34 P R O LÔ G O
S. IV.
$. V.
cia ſer apedrejada por tao grave crime: Moyfesman- Joan. 8.554
davit nobis hujuſmodi lapidare. E que refpondeo Chri
fto , como tão fabio , àquelles douros accuſadores ?
Não refpondeo por palavra , fenão por eſcrito : Dis
fcribebat in terra. O que Chriſto eſcreveſle, não
gito
le ſabe de certo . Entendem commummente os Pa
fij dres
4.4 PRO LOGO
S. VI .
rifera
48 P R O L 0 G 0
polis
50 P R O L O GO
S. VII.
dignis
56 PRO LOGO
1
O
58 P R O LOG 11
S. VIII .
0
gen
/
G A L Ε Α Τ Ο. 79
rée da fciencia : Ecce Adam quaſi unus ex nobis factus Genef. 3. 22,
eft , fciens bonum , & malum . Com eſta grande ſcien
cia era Adam quaſi tað ſabio , como era o meſmo
Deos : Adam quaſi unus ex nobis factus eſt ſciens,
e ſendo Senhor de todo o Mundo , com o abſoluto
dominio detodas as riquezas ,, era mais rico do que
todos os homens; mas com toda eſta grande opulencia
não comia hum bocado de pao , para ſuſtentar a vi
da , ſem lhe cuſtar o ſuor do ſeu roſto : In ſudore vul- Geneſ. 3. 19.
tus tui vefceris pane, e' à cuſta da propria vida alcan
çou tão grande fabedoria : De ligno autem fcientia Geneſ. 2. 17.
bom , & mali ne comedas. In quocunque enim die comede
ris ex eo,morte morieris. Tað penſionadas faó as ſcien
cias, que ſe compraó com as proprias vidas; e canto
cultaóeftas vidas a ſuſtentar com as riquezas , que
atèhum bocado de paõ le náo pòde comer, ſem ſega
nhar com o ſuor do roſto proprio ! Não dà ordinaria
mente Deos aos homens os bens deque neceſlitão,
le ellescom a lua propria virtude , e diligencia os não
buſca ).
S. IX .
S. X.
S. XI.
S. XII .
S. XIII.
çao
Į G Α Ι Ε Α Τ Ο. 113
S. XV .
S. XVI .
S. XVII.
mos ,
122 PR'O LOĠ Ô
S. XVIII.
GALE" A T O. 125
(
)
tos , Alanos , Turneiſſeros , Valentinos , Majeros,
Crolios , Libavios , Harthmanos , Lamſpringos ,
Burcgravios, Ectmulleros , e Cunrados . Entre os
Inglezes os Baccones , Nortões , Ripleos , Maco
lones, Charnochos , Daſtinos, Chauceros , Kel .
leos , Robinſonios, Goweros , Ligdacios, Blum
fieldos, Redemanos , Fludos , e Mouffetos. En
tre os Hollandezes os Helmontes, Hollandos , Dre
belios , Vogelios , Balbianos , e Hoghelandos. En
tre os Francezes , os Flamelos , Beguinos, Chry
fipos , Claveos , Caſtagnios , Callefonios, Fabros,
Poterios, Gohorios, e Eſpagnetos. Entre os Italia
nos os Morienos , Ficinos, Fioravantos, Locatel
los, e Caneparios. Entre os Eſcocezes os Bluche
ros , e Sydonios. Entre os Danos os Severinos , Bor
richios , e Tychos Brahes.Entre os Heſpanhoes
os Arnoldos de Villanova , Raymundos Lullios , e
Pedros Arlenſes : não imagines , que eſtes , e ou
tros Eſcritores, que jà paſſaó de ſeis mit , entre os
quaes foráo inſigniflimos os Clauderos , Mohorf iel
fios , Sendivogios , Sachſios , Helvecios , Beche.
ros, Rupeſciſſas, Heilmanos , Dienheimios , Ulr .
radios , Querceranos , Geberes, Halides , Aſcios ,
e Azothos , não imagines digo , que Varões tão fa
moſos no Orbe Literario , como o grande LINO
NOTA BEM , havião de eſcrever falſidades , pa
ra teli engano , e ſeu deſcredico , ſendo homens , que
o Mundo Racional eſtimou ſempre pelas ſuas hon
radas acções , e venera ainda hoje pelos ſeus eſcri
tos , nos quaes a pezar da morte ſerão eternos. A
eſtes immortaes Propugnadores da Pedra Philofo
phal podèra ajuntar outros muitos defenſores do
Ļapis , como cambem todos aquelles labios , que
com.
G A L Ε Α Τ Ο . 141
S. XIX .
5
S. XX .
S. XXI.
1
G A L E A TO.. 163
LI
CORE.CO
ooters
Hun ne
LICENCAS
DO
SANTO OFFICIO.
EMINENTISSIMO SENHOR :
EMINENTISSIMO SENHOR .
Viſtas
Iſtas as informações , pode-ſe imprimir a En .
V næs , ou Applicação do Entendimento, ſobre a
Pedra Philofophal , que compoz o Doutor Anfelmo
Caetano Munhòs deAvreu Guſmaõe Caftello Bran
co ; e depois de impreſſa cornarà , para ſe conferir,
e dar licença , que corra , ſem a qual nao correrà
Lisboa Occidental 6. de Março de 1730.
శం , 10 0 0 0 0 0 00
DO ORDINARIO .
ILLUSTRISSIMO SENHOR :
Manoel Monteiro,
Gouvea,
aa ij DO
DO PAÇO .
SEN HO R.
Que
Ue ſe poſſa imprimir , ' viſtas as licenças do
Sanco Officio , e Ordinario , e depois de im
Gouvea.
bb ij INDI.
beto.sk UOSTEN
on
INDICE
DO
CAPITULO ,
INTRODUCCAÒ , E PARAGRAFO ,
Que ſe contém no Dialogos , de que
conſta a
PRIMEIRA PARTE
DESTA .
Ε Ν Ν Ε Α .
DIALOGO PRIMEIRO .
1
E,
SUP :
SUPPLEMENTO DO SUPPLEMENTO .
SUP:
SUPPLEMENTO
0 DE ALGUNS DISCURSOS DESTA ENNÆA ,
EN
Pag . I
ki siste
Uvo
ENNÆA ,
OU APPLICAÇ A Ở
DO ENTENDIMENTO ,
SOBRE A
PEDRA PHILOSOHAL
DIALOGO PRIMEIRO.
CAPITULO UNICO .
Da origem , antiguidade , e excellencia da Arte Magna ; e dos
ſeus dous mayores myſterios, que faõ a Chryſopeia , e Ar
gyropeia , com que os Hermeticos evitað todas as enfer
midades , curaõ todas as doenças , dilataõ muito tempo as
vidat, e transformaõ em Prata , e Ouro todos os Metaes .
S. 1.
INTRODUCÇA .
ENODIO . ST A tarde , que
não empregais no
eſtudo , nem no jo
go , na caça , nem
E
na peſca , que fað
os quatro diverti
mentos com que
honeſtamente paſſais o tempo das Ferias , quando
vindes da Univerſidade de Coimbra deſcançar al
A guns
2 Ennea , cui Applicação do Entendimento ,
$. II .
6. III .
S. IV.
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog.I.cap.unic.$.4. 23
S. IV .
:
Sobre a Pedra Philofophal.Dialog .I.cap.unic.S.4 . 31
a Chryſopeia.
S. V.
metria,
SobreaPediaPhiloſophal.Dralog.I.cap.unic.S.5. 37
. 1
S. S. ...
VI
icono ,
<
o Da Arte Magna de Salamað aust
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog.I.cap.unic.S.6. 45
per
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog .I.cap.unic.§.6. 57
per fum ego , ) outros megos para juntar tão im- Pfalm . 87.v.
menſas riquezas , ſenão a ſua induſtria , ajudada.com 16 .
a ſua grande ſciencia : Opes immenſas acervavit , in
quo maximum ei adjumentum funt fapuntia ; e lendo
efta fciencia , ' não a que devemos crer de Fe , le
não a que por falta de Fè he fabedoria ; e induſtria
incrivel : Induſtria , & fapientia incredibili : 0 meſ
mo ſerà não crerem os homens , que teve Salamað
a ſabedoria Hermetica , que ficarem obrigados a dar
credito a quem affirmar , que foy Chymica ; porque
eſta crença he conſequencia da incredulidade. Por
S. VII .
ENODIO .
S diſcurto , com que pretendeis pro
var , que Salamao adquirio tanta riquezas pela fua
grande ſabedoria , vòs nao podeis negar , que a
mayor parte deffe Ouro , e Prata , que elle poſſu
hio , vinha de Tharſis , e de Ophir , aonde eſte
Monarcha o mandava buſcar , e conduzir a Hie
ruſalem nas fuas Armadas , como expreſſamente
conſta do Sagrado Texto . Primeiramente em A fion
gaber, perto de Ailath , nas prayas do mar Roxo ,
que
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog.I.cap.unic.9.7. 57
S. VIII...
grans
.
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog.7.cap.unic. 67: 93
S. IX .
como diz Tacito: Illufit dehinc Neroni fortuna per va- 871.
nitatem ipfius. Tinha fonhado Cefelio Baſſo , Car
Tacit . Annal.
thaginez de entendimento confuſo, e apprehenſivo, lib . 16.
que em huma fua herdade havia hum riquiſſimo
theſouro , ſepultado em huma profunda cova , o
qual era ſem duvida o erario da Rainha Dido ; e
vindo a Roma , repreſentou a Nero eſta grande uti
lidade em audiencia publica . Divulgou -ſe , e cele
brou - ſe logo em Roma com Poemas , e Panegyri
cos a felicidade do Emperador , o qual era o mayor
pregoeiro da ſua fonhada ventura. Sem mais ave
riguação mandou logo buſcar aquellas riquezas em
huma eſquadra de Galeras ; e neſta expedição , e
em outras publicas neceſſidades , gaſtou prodiga
mente o que tinha nos ſeus thelouros ; e ſobre a
Pij con
116 Ennea , ou Applicação do Entendimento,
de do povo.
ENODATO . Para fallar neſta materia com
mayor fundamento , e confiança , quero primeiro
repetir a diffiniçao , que o Padre Kircker eſcreveo
da Pedra Philofophal : LapusPhilofophorum , diz elle,
definitur ab Alchymicis , magnum in arte myſterium
& univerſalis medicina , quæ non modo corpus huma
num validum in ſuo vigore confervat , lafum que prif
tine ſanitati reſtituit , ſed etiam metalla imperfecta de
purando , decoquendo , nativum calorem miniftrando ad
ſummum finem , quem natura intendit , brevi tempo
ris fpatio in purum aurum , argentumque tranſmutat,
. He pois a Pedra Philoſo
in infinitum multiplicabile
phal aquelle grande Myſterio , ou ſegredo da Arte
Chymica, o qual como Univerſal medicina ,não fó
conſerva o corpo humano com perfeita faude, e
grande vigor, e o reſtitue à ſua antiga faude quan
do eſtà doente ; mas tambem pormeyo da depura
çaõ , e coſimento , tranſmuta em Prata, e Ouro in
finitamente multiplicavel a qualquer metal imper
feito. Comparando Santo Alberto Magno as impu
ridades dos métaes com as enfermidades dos ho
mens , diz , que aflim como da materia feminal pu
ra por corrupçao da madre materna , ſe gera hum
menino enfermo, e leproſo ; tambem por corrupçao
da
Sobrea Pedra Pahilofophal.Dialog .I.cap.unic.g. 121
los a vida : Qui inter elias vires etiam vitæ propa . Beyerlinck.
gationem tribuunt , primos Patres illius beneficio lon- Theatr . Vitæ
gavos extitiſſe ſuſpicartur
. E por iſſo eſtes copos de Human . To
Ouro Chryſophılo eraõ muitos raros , e tað eftima- mo 2. Verb.
Chymia folh ,
dos entre os antigos Monarchas da Perſia , que tra 204.
zendo Efdras de Babylonia para Hieruſalem gran
de numero de vaſos de Ouro , e Prata , que ElRey
Artaxerxes , os Principes , e outros Magnates da
quelle Imperio offerecèrað para ſerviço do Tem
plo , ſó dous eraõ de hum metal optimo dos mef
mos quilates , eſplendor , e fermoſura do Ouro :
Vala æris fulgentis optımi duo , pulchra ut aurum . Efdr. lib .
Por couſa rara fazem os Hiſtoriadores mençaõ de cap . 8. v.25:
alguns deſtes vaſos , que ſe achàraó entre os co
pos de Ouro d'ElRey Dario , que do Ouro natu
ral ſe nað diſtinguiao ſenaõ pelo cheiro , confora
me por liçaõ de Ariſtoteles refere Daniel Sennerto :
Inter Dari pocula quædam fuiffe, quæ , niſi olfatus Sennert. loc.
judicio ab auro diftare non cognoſcerentur ; e nao hà cit.cap. 3. fol.
duvida , em que eſte accidente do cheiro he ver . 186 .
dadeira prova de ſerem eſtes copos de Dario feitos
de Ouro Hermetico ; porque Chriſtova Pariſienſe
referido por Beyerlinck affirma , que achando - ſe
hum
nos alicerſes , que ſe abrirao em Roma para
edificio , hum vaſo de vidro bem tapado , metido
dentro de outro de chumbo , que eſtiveraõ debai
xo da terra 884. annos , o Ouro Chymico, que ef
tava dentro encerrado , ao abrir da Redoma, paſ
mou
128 Ennæa , ou Applicação do Entendimento ,
videtur quod ifti, qui Stano, vel Plumbo , vel alio vi- 74. de Sortil.
li metallo producunt Ayirum , vel Argent1.m., dum ta-n . 1 .
men hoc non faciant per Artem Magicam , vel aliam le. Vid . Panor :
gibus odioſam , ut dicit lex C. de T heſauir. L. 1. lib. X. mit . fuper c.
non ſuntreprehendendi, ſed potius laudandi . Iſti funt ex tuarum de
Sotr . extr . Jo
metallarii , qui labore proprio ſibi, & Reipub.com ,
moda comparant. C. de métall. L. 1. lib. XI. & ju- hani Andr .in
ra propter publicam utilitatem , qua ex eorum offi- cul.tit.de cri
cio videtur reſultare favent eis . Nam poffunt invi- min . fall. An
to Domino ingredi fundum alienum ad metallum in- dr. Iſern .in
quirendum C. de metal. L. 2. & C.quofdam . Et ibi no Tit.feud.quæ
quod alias non liceret de' acquir. rer. domin. Nec ipſi funt. Regal.
S he
>
738 Ennæa , on Applicação doEntondimento ,
Div . Thom . Alchimia quamvis fit difficilis , non tamen eſt impoſſi
apud P. Kir- bilis , quod & nos dicimus, ſaltem Angelis, aut Deo
cker. loc. cit . monibus notam , qui foli norunt occultas natur & ſemi
cap.2.n.2.5. tas , juxta quas perfecte operari poffunt: daqui ſe fe
Si.
gue , que ſe a arte podenaturalmente fazer, o que
le faz por arte do Demonio , conforme diz Agof
tinho : Sicut Auguſtinusdicit de his , qua arte Demo
num fiunt ; podendo o Demonio fazer a Chryſopeia;
como diz Thomaz , tambem a pode fazer a Arte
Chrymica , aqual nao tem nenhum impedimento ,
para por meyo de couſas naturaes obrar verdadei
ros , naturaes effeitos. Demaneira , que entendeo
Feyjoo , qne fe nao fazia Quro verdadeiro com a
Chryſopeia , por dizer Santo Thomaz , que fe fe fi .
zeſſe fi fieret, ſeria entao licito o vendello , inferin
do mal, que por fallar condicionalmente affirmava
o Santo , que ſe nao fazia , quando o Doutor Ana
gelico , pela excellente razao , que depois da con
dicional deu para ſe poder fazer Ouro , moſtra de .
fender a opiniaõ dos que affirmað , que ſe pode
fazer , e de facto ſe faz natural, e verdadeiro Ouro
com a Chryfopeia. Nem obſta , que Santo Thomaz
pareça dizer o contrario neſtas palavras , que ſe pò.
Div. Thom . dem ver no ſegundo das lentenças : Poteſt quidem
2. fent.dift. 7. ars virtute naturalium agentium aliquas formas ſubf
quæſt. 3. art. tantiales inducere in materiam ; funt tamen quædam
forme , quas nullo modo ars poteft efficere, quod pro .
pria attiva, di paffiva principia earumnonpoteſt in
venire, & adhibere , fed bene aliquid fimile illis effi
cere , ſicuti Alchymiſta faciunt aliquid fimile auro,
T440s
Sobre a Pedra Rhilofophal.Dialog .I.cap.unic.8.9. 139
S. X :
hel
com que ſe podia tornar a fazer a meſma transmu
taçao de Metal em Ouro : Et Eduardus Kelleius
Anglus Pragæ in ædibus I haddæi Haggecii librarum
unam argenti vivi unica gutulâ licoris rubicundiffi.
mi in aurum convertit, do ita quidem , ut adhuc vi
dere fit ſignum illius liquoris fupra Mercurium- in
aurum converfum inftarrubini hærentis , ut ex illo
31 reſiduo tantundem Auri fieri poffit . Efte meſmo li
vro traduzido depois na lingoa Latina fe impri
mio em nome de Kelleo . Confirma- ſe eſta hiſtoria
Jus
Sobre a Pedra Pluilofophal.Dialog.I.cap.unic.$. 10.149
fres non fuerit , ſed fecretiſſimo , & concla -cis foli ſeri.
niolo incluferit , nullo aut paucis arbitris. No tempo ,
em que floreceo o Auguſtiſſimo, e invicto Empera:
dor Leopoldo I teve Zwelphero em feu poder eſta
moeda , a qual confórme elle , e outros muitos Au.
thores mais antigos a deſcrevem , he de figura cip
cular , tao groffa como hum dedo , e damedida da
palma de huma mao. Tem no meyo a figura dehum
Mancebo nù , è de corpo inteiro , coroado em cir:
culo com os rayos do Sol, fuſtentando com a mað
direita a Cythara, ou Lyra de Apollo voltada para
cima , tendo na mao eſquerda virada para baixo a
ſerpentifera Vara , ou caduceo de Mercurio , e fir :
mando os pés ſobre as ſuas'azar Ao redor da ca
beça em forma de meyo circulo eſtà eſta letra : Di
Tina Metamorphoſis ; cerca -o da cintura para bai.
xo eſtà inſcripçaó : Exhibita Praga XV . Jan. A.
M.DC.XLVIII. in Præſentia Sac. Caf. Majeſt :Ferdia ..v
kandi HI, E na outra face eſtañ escritas eſtas pala. i
vras : Raris hæc it hominibus nota eft ars , ita raro
in lucem prodit. Laudetur Deus in aeternum , qui para
tem infinitæ fuæ fcientia abjeétiffimis fuis creaturis
communicat. E accreſcenta o meſmo Zwelphero , que
elle tinhacomo theſouro preciolo duasonças de Ou
ro feito de Mercurio pelo meſmo Richthauſen , com
quem tivera grande amiſade ; mas declara , que era
cerco , e conſtante , que Richthaufen , a quem o
Emperador fez Barao com o titulo de Senhor.de
Chaos , nað fizera a Tinctura , com que fe fez a tranſ
formaçao do Mercurio em Ouro , por le averiguar
que outra peſſoa lha dera , ou poroutro modolhe Zwelpher. in
viera à mað : Quem deinde ad Baronis faftigium eve- Mantiff.Spag
Xit propemodum Sacra Majeſtas, & Domini de Chaos Part. i.cap. 7 .
fol. 329
tits
1
150 Ennæa , ou Applicação do Entendimento ,
S. XI.
vos con
Vencer o entendimento incredulo , para confeſſares
a verdade do Lapis ; porque a ſua certeza indepen
de
158 Ennaa , ou Applicação do Entendimento ,
>
ditos Hoſpitaes , e Igrejas : a tefte Miniſtro def
cobrio Flamel , que ajuntara todas aquellas rique
-zas , com a virtude admiravel dal Pedra Philofophal,
que The moſtroa dentro em humi vidro. E ſem em
(bargo de que o certifica a Real Academia de Fran
iça , como ſe lè a folhas dużeatas ; e ' dozę do ſeu
famoſo Diccionario , não falcáo Arbores, France
zes , a quem fegue o doutiſſimo Feyjoo, que allir
-mem o contrario , levantando em lugar de Edatna
publica , para honra , e fama de Flamel, lium fallo
teſtemunho à fua peſſoa , para fua infamia , e der
honra ; porque eſcrevem , qne tendo Flamel mane
jo nas fianças, ganhou tão groſſo cabedal com rou
bos , e extorções , eſpecialmente ſobre os Judeos
daquelle Reyno , fingindo , que tinha adquirido
aquelle dinheiro com a fua Chryſopeia , para com ef.
ta induſtria evitar o caſtigo , que merecia , por fa
zer tão exorbitantes latrocinios. Eiſaqui os pane
0 S. XII. .
n
Refutao -ſe finalmente todos os mais argumentos , que
contra a Chryſopeia oppoem o Reverendiſſimo" ?
s
: Feyjoo no ſeu Theatro Critico.
.)
?
eft , quod Saturnus mutetur in Solem , tefte Helmontio;
aliaque metalla in Solem tranſeant , teſte experientia,
Res” certa eſt. Non enim differunt formaliter , fed
tantum maturitate ; inde ſi maturationis debitum ac
quirunt gradum , abeunt in verum aurum . Ita Luna
Ji perfe&tius figatur , evadit in aurum ſaltem ut eidem
deficiat tin &tura , quam mutuatur à Venere, cum hæc
de enteSolis participet. Huc quadrant verſiculi illi Ba.
filii Valentini :
öl
Lapis lança por terra ainda aos mais fortes gigan :
tes , ferindo -os mortalmente na cabeça ; e ſe a ca
beça he de () uro , tocandolhe a Pedra no Ferro ,
e barro dos pès , facilmente a reduz a poucas cin
zas. Se o Ferro , Eſtanho , e Chumbo artificial
mente ſe convertem em Cobre , tendo a materia
dos metaes a meſma do Ouro , como diz Santo Al
berto Magno : Metalla differunt inter fe accidentali
forma tantum , non effentiali, no que concordað tca
dos os Philofophos Chymicos , que razao tem Feyjoo
para negar , ou duvidar le poſſaố transformar tam
bem em Ouro pela induſtria da Arte ?
Nem Feyjoo pòde negar, que os Alquimiſtas
poſſaõ applicar o agente a materia proxima para for
mar o Ouro , confeſſando, que puede el arteaplicar
aquel agente ,ſea el que fuere, que tiene actividad para
formar eloro , à aquellamateria proxima de que ſe for
ma el oro ; porque a Arte nað he outra couſa , le
nað o methodo acertado , e ſcientifico , com que
obraõ perfeitamente os Artifices; e admiromede que
perguntando Feyjoo admirado , que repugnancia je
puede ſeñalar para que la diligencia del hombre los conos
ca, y aplique ? Depois lhe aſſigne por repugnancia
humas azas de chumbo , para lhe abater os voos,
Se os homens podem conhecer , e applicar o agente,
como duvida , que o appliquem , e conheçað , ſu
pondo o agente viſivel ,e com exiſtencia? E ainda
que diga , que confieſan los miſmos Alquimiſtas, el
arte no tiene actividad , ne puede produfiragentealgu
no, fi folo aplicar aquel miſmo de que uſa la natura
leza : o meſmo Feyjoo confeſſa , que a Arte com
os ſeus inſtrumentos tem actividade para produ
fir novas ſubſtancias , que nao exiſtiaõ , comovſe
e
.
Sobre a Pedra Philofophal.Dialog.I.cap.unic.Ş.12.185
1
200 Ennea ou Applicação do Entendimento ,
do,
214 Ennæa , 011 Applicação do Entendimento ,
۲r
Sobre a Pedra Philofophal.Dialog.I.cap.unic.S. 12. 219
FINI S.
:
)
i
LISBOA OCCIDENTAL :
Na Nova Officina
M. DCC . XXXII .
OU
APPLICAÇAO DO ENTENDIMENTO
SOBRE A
PEDRA PHILOSOPHAL .
!
1
1
E N N Æ A ,
OU
APPLICAÇA DO ENTENDIMENTO
SOBRE A
PEDRA PHILOSOPHAL .
PROVADA, E D E FENDIDA
Com os meſmos argumentos com que os Reverendiſſimos Padres
Athanaſio Kircker no ſeu Mundo Subterraneo, e Fr.Bento Hicro
nymo Feyjoo no ſeu Theatro Critico, concedendo a poſſibili
dade, negaó, e impugnaó a exiſtencia deſte raro , è gran
de myſterio da Arte Magna.
FRANCISCO DE SOUSA
DA SYLVA ALCOFORADO REBELLO .
POR
LISBOA OCCIDENTAL :
Na Nova OfficinadeMAURICIO VICENTE DE ALMEIDA ,
morador ao Arco das Pedras Negras.
M. DCC . XXXIII.
Com todas as licenças neceffarias, e Privilegio Real.
!
2
EXCELLENTISSIMO SENHOR.
EXCELLENTISSIMO SENHOR.
ex nenose hancesco
XOCKISTUSKOKOOK
INDICE
DOS
CAPITULOS,
INTRODUCCOENS , E PARAGRAFOS,
Que ſe concèm nos dous Dialogos , de que
conſta a
SEGUND PARTE
A
DESTA
E N N Æ A.
DIALOGO SEGUNDO .
DIA
DIALOGO TERCEIRO .
A Da
0: 8 Detlo
01:03:03 :6
0.69.
( CE ) S 29 08:12:25
* * * * * **
PS ( CET ) CS GEDC61 )C64 ..
ON ge : 90
ADVERTENCIA AO LEITOR . ?
THIS
ENNÆA ,
OU APPLICAÇA Ở
DO ENTENDIMENTO ,
SOBRE A
PEDRA PHILOSOPHAL .
- DIALOGO SEGUNDO .
CAPITULO UNICO .
$. I.
INTRODUCCAO .
ENODIO . GUALMENTE
tenho ſentido a rui
na delta grande
le
Ponte , por me pri
I var há muitcs dias
da voſſa communis
elta
6
E :1: 2.2a , Oil Applicaçaž do Entendimento ,
S. II.
Ma
2.
ou tudo aperfeiçoe o entendimen
à
ito illuſtrado alcance grandes ſe
SO
..
ilcza do juizo , e os reduza a
engenho. A’lem de todas eſtas
induſtria , conſtancia , riqueza ,
paciencia , e ſegredo ; porque ,
», enſinað todos os Hermeticos ,
trto Magno , em nenhuma cou
ſer mais acautelados , do que
gredos com que obraố : Cavia
wtrgu ne in ijta operatione alicui ſecreta noſtra revea
Alchym . fol . letis. Eſta era a razaó porque os Antigos( entre os
quaes foymais conhecida eſta Arte ) collocavão nas
eltradas a Eſtatua de Mercurio chamada Herm - Har
pocrates com hum dedo fechando a boca , e com
outro moſtrando o caminho aos que faziaõ jornada
pelas eſtradas ; porque como com a ſua Vara tudo
convertia em Ouro , que por todos os caminhos
andão buſcando os homens , ſe com hum dedo lhes
moſtrava o caminho de o acharem , com outro lhes
recomendava juntamente o ſilencio .
ENODIÓ . Nao poſſo alcançar a razao , que
os Hermeticos tenhão para guardarem tað inviola
vel ſegredo a reſpeito do modo com que transfor
mão os Metaes em Prata , e Ouro , deſcrevendo as
operações da Chryſopeia por enigmas , allegorias,
e metaphoras , quando na Arte Magna com que
obraõ as transformações, falláo publicamente ſem
nenhum legredo.
ENOPATO . Muitas fað as razões , que os
Hermeticos ſempre tiveraõ para occultarem tað im
portante ſegredo , e até as meſmas razões encobrem
com grande myſterio ; porem antes que eu volas
reves
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog.11.cap.sınic. S.2 . 11
pef
!
1
Sobre a Pedra Philofophal.Dialog.II.cap.um.c.5.2. 17
fa ,
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog.II.cap.unic.S.2. 27
S. III.
ENNÆA ,
*
Pag :31
IHS
uch
ENN ÆA ,
OU APPLICAÇA Ö
DO ENTENDIMENTO ,
SO B R E A
PEDRA PHILOSOPHAL :
DIALOGO TERCEIRO .
CAPITULO UNICO .
Do Mercurio Philoſophico , e da ſua digeſtao .
S. I.
INTRODUCÇA Ö .
ENODIO .
OM grande alvos
roço vos eſtou ef
perando neſte lu
$ . II .
dos Philofophos .
ENODATO , He pay da Pedra Philofopbal, e
de
>
S. III .
os ſexos do
, qual lahirà huma immortal proſapia de
poderoſiſſimos Reys .
ENODIO. Sãomuito differentes as Leys , e os
vinculos dos congreſſos Mecalicos , do que os dos
Matrimonios humanos.
ENODATO . Nella melma differença , ſe bem
advertirdes , achareis a mais admiravel ſemelhança.
Neſtes ajuntamentos de que f.ço mençað , tudo he
puro , fem mancha de vicio : naó ſe perde a virgin
dade , nem ſe commette adulterio . Ajuntay pois a
Aguia com o Leão, e eſcondeyos no feu clauſtro
diaphano , com a porta muy bem capada, para que
não iaya por ella a ſua reſpiração, ou lhe entre o ac
eſtranho. A Agnia acomecendo o Leao , o deſpeda
càra , e comerà. E logo adormecera com hum pro
fundo , e dilatado fono , inchandolhe tanto o eſto
mago , que feita hydropica, ſe converterà com admis
ravel metamorphoſeem hum Corvo muito negro; el
te perdendo paulatinamente as pennas , principiarà
a voar , e com o ſeu voo le remontarà canto , que ſa
nuvens , atè que fi
cudirà ſobre limelino agoa das
can do mol had o difpa de boa vontade asazas , e def
cendo por falta dellas , ſe converta em hum bran .
quillimo Cyfne.
ENODIO . Bem entendo , que neſſa operaçao
a Aguia , Leão , e Corvo , ſe convertem em hum
Cylne, o qual não apparece ſe não delapparecendo
H
o Corvo, Leao , c Aguia.
ENODATO . Entendo, quepercebeſtes admi
ravelmente a transformação deſtes Animaes ; porèm :
fe quereis fer bom Arcifice , deveis imicar as obras da
Nacureza com os primores da Arte. A Natureza náo
obra
Sobre a Pedrá Philofophal. Dialog. III.cap.unic. 5.3. 41
S. IV .
5
Dos meyos , e extremos da Chryfopeia.
S. V. ,
S. VI.
. $ .t Da circulação da Agoa.
! S. VII.
ENODATO
O Philofophal , he o principado
da Natureza , filho , e vigario do Sol, que move ,
e digere a materia , e que nella aperfeiçoa todas as
couſas, ſe alcança liberdade. Para vos ſervir livre
mence , procura a liberdade ; porque eſtà eſcondido,
e fraco debaixo de huma dura caſca. Adverti porém,
que não he conveniente apercallo com exceſſo ; por
que não podendo lofrer a tyrannia , ſe farà logo fu
gitivo , ſem vos deixar eſperança alguma de tor
nar : chamay -o'pois brandamente , e guarday -o com
a prudencia , que importa.
ENO,
Sobre a PedraPhiloſophal.Dialog.Ill.cap.stnic.9.7. 53
1
54 Ennaa , ou Applicaçao do Entendimiento ,
S. VIII.
gredos.
ENODIO . E como fe applica ) eſſes gràos de
fogo com os ſeus pontos à obra grande?
ENODATO : Na obra branca , como ſe puxa
ſó por tres Elementos, baſtao tres gràos de fogo ,
o quarto , que he o ardente , fica refervado para a
abra vermelha. Pelo primeiro grão ſe fazo Eclypſe
do Sol , e da Lua : pelo ſegundo ſe principia a rel
taurar a luz di Lui : Pelo terceiro recebe a Lua todo
o ſeu eſplendor ; e pelo quarto ſe exalra o Sol no
mais alto auge da ſua gloria. Mas em qualquer par
te ſe adminiſtra o fogo conforme as regras da Geo
mecria , de tal forte , que o agente correſponda à
difpofiçaõ du piciente , proporcionando -le juſta
mente as ſuas forças.
ENODIO . Supponho , que nao falta agora
mais do que fazerdes huma breve relaçaõ da applica
çaó deſtas couſas.
ENODATO . Tomay o Dragão Ruivo, ani
molo , e bellicoſo , em cujo naſcimento não falcou
tícnhuma força. Depois eſcolhey ſete , . ou nove
Agnias
Sobre a Pedra Philofophal.Dialog.111.cap.unic:9.8. 65
Lua,
Sobre a Pedra Philofophal.Dialog.TII.cap.unc.S.8. 67
SONHO ENIGMATICO.
1
Sobre a Pedra Philoſophal.Dialog. III.cap.unic. S.9 . 73
PHI
Sobre a Pedra Philofophal.Dialog.III.cap.i.nic.9.8. 79
PHILOSOPHO . Se vòs o tomardes , logo fi
çareis livre de todas eſſas , e quaeſquer outras mo
leſtias.
PEREGRINO . Eu o tomo , e jà vou ſentindo
cs braços , e as pernas livres , e delembaraçadas, o
corpo freſco , o peito livre , deſvanecida a coffe, é a
cachexia ; e o que mais me admira he nutrirne de
repente , eſtando muito extenuado. Se me não en
gana a minha imaginação , brevemente paſſearey pe
las ruas , reſticuido à minha faude ; e com eſte gof
S. IX.
Teftamento Hermetico .
Si en
Sobre a PedraPhilofophal.Dialog.III.cap.uric.S.9. 88
1
Si en Mercurio no alterado ,
Diffuelves Oro nativo ,
El Rebis has conſeguido ,
Y el fermento deſeado :
Ponle en vaſo ſigilado ,
En fuego lento a coſer ,
Advertiendo , que ha de ſer
Tan ſuave el movimiento ,
Que folo el entendimiento ,
Pueda llegarlo a entender.
La fabia Naturaleza ,
Por devidas digeſtiones ,
Llega a lograr las funciones
De los trabajos que empieza :
Aburrece la fiereza ,
Lo Animal , lo Vegetable ,
Lo Mineral , que produze ,
Eſta regla lo conduze ;
A una perfeccion loable :
De un principio , que es notable ,
Tres coſas en concluſion ,
Saca por leparaccion ,
Y.puras buelve a juntar;
Pero no ſe puede hallar
Efto , lin putrefaccion.
L AI
82 Ennea , 011 Applicação do Entendimento ,
Al Camaleon parecido
Es el licor no alterado ,
Y antes de eſpecificado ,
Le ajuſta qualquier veſtido :
En Mercurio convertido,
Pierde el nombre univerſal,
Y aſi llorando ſu mal ,
En lagrimas ſe deshaze ,
Y ſolo te ſatisfaze ,
Diſponer la perfecion ;
El Agoa por la ablucion
Lo terreno purifica ,
Y el Fuego es quien clarifica
El veneno arſenical ,
Y afli encuentra lo eſſencial,
Quien los accidentes quita.
Ena
Sobrea PedraPhilofophal.Dialog.111.cap.unic.S.9. 83
Deſpiertan en el conjunto ,
El Vegetante vigor .
ENO .
L ij
84 Ennea , ou Applicação do Entendimento ,
$. X.
M Fede.
ne
90 Ennea, on Applicação do Entendimento,
Federicus Gualdu's
Na nova Officina de
MAURICIO VICENTE DE ALMEIDA ,
3 M. DCC . XXXIII.
)
1
1
ܙ
ܙ
ܐ
܀
f
1
(
1