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1. INTRODUÇÃO
Esta aula pretende esclarecer o sentido filosófico (por que) dos nossos
questionamentos, o sentido existencial (para que) das nossas indagações e a quem é
permitido o acesso à filosofia ou dela se beneficiar (para quem), considerando as perguntas
mais frequentes dos estudantes da disciplina filosofia, e que pode ter lhe ocorrido.
“Para que filosofia?”. A resposta busca esclarecer o real valor da filosofia, resgatando
a verdade sobre o critério de sua utilidade.
Boa leitura!
Ainda que você não tenha tido nenhum contato com a filosofia, não saiba o que ela é,
o que ela não é e nem para que serve, é natural que, em algum momento da vida, você tenha
se questionado sobre questões fundamentais: o que somos? O que é a vida? Somos bons ou
maus? Por que filosofia? E, por que não, filosofia?
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Após o primeiro contato com a matéria, apresentado na Aula 1, é natural que a
indagação “por que filosofia?” tenha ampliado sua abrangência, gerado ainda mais dúvidas e
outras tantas mais indagações.
Não importa o nível de conhecimento que você tenha sobre a filosofia. Se você
questiona sobre o modo de ser das pessoas, das sociedades e do mundo, isto já é atitude
filosófica! Você já está filosofando e não sabe!
[...] filosofar é algo que se aprende com facilidade. E por que é fácil? Porque
a filosofia é uma arte enraizada na experiência concreta da vida das pessoas
e não num mundo abstrato do sexo dos anjos. Aprender a filosofar é aprender
a sobreviver num mundo em que, em parte, só o Homo sapiens habita o
mundo das ideias, da imaginação, da linguagem, enfim, um mundo do
sentido. Qual outro animal se indaga acerca de seu destino? Da vida e da
morte? Do bem e do mal? Existe algum lugar em que essas respostas existam
esperando por nós? Platão achava que sim. Nietzsche achava que não.
Alguém acima de nós detém essas respostas? Os religiosos acham que sim,
os ateus acham que não. Não há certezas. Então, alguns filósofos acham que
sim, outros acham que não.
Em algum momento você deve ter observado que, embora o contexto atual, com a
utilização das tecnologias da informação e comunicação no cotidiano, tenha favorecido novas
formas de sociabilidade, esta tem se mostrado particularmente superficial e inconsistente,
vez que a expressão das noções comumente admitidas pelos indivíduos, de forma
reducionista, tem conferido o pressuposto da utilidade em detrimento da verdade.
Afirma Chauí (2010:29): “O senso comum de nossa sociedade considera útil o que dá
prestígio, poder, fama e riqueza. Julga o útil pelos resultados visíveis das coisas e das ações,
identificando sua possível utilidade, como na famosa expressão “levar vantagem em tudo”.
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FIQUE ATENTO
Se você deseja fazer a diferença em sua vida pessoal, social, acadêmica e profissional,
é essencial que você reflita sobre o caminho a ser percorrido em sua forma de pensar e manter
sempre em mente que:
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· É sistemático, por que sua base é a reflexão que busca ser a melhor tentativa de
solução para os problemas;
· É elucidativo, por que a missão da Filosofia não é explicar o mundo, mas
esclarecer e delimitar com precisão os pensamentos, conceitos e problemas que
de outro modo ficariam confusos;
· É crítico, por que rege-se pela disposição metódica pela qual não se deve aceitar
nada sem exame prévio;
· É especulativo, por que tem atitude teórica, abstrata e totalizante, admitindo
hipóteses e possibilidades para compreender ideias e fatos questionados sob
vários aspectos.
Porque refletir sobre os princípios que modelaram até então suas atitudes e a sua
visão de mundo é uma das atividades mais importantes que você pode adquirir, pois se você
a realiza com exatidão, não importam as vicissitudes da vida, você terá à sua disposição as
mais essenciais ferramentas para enfrentá-las.
Porque ao estudar filosofia seu pensamento criativo será estimulado. Você estará apto
a criticar fundamentadamente quaisquer argumentos e reunirá condições para propor
alternativas na solução de quaisquer problemas, pois a criatividade é uma capacidade
humana de grande valor universal por que nela existe a chave da capacidade de evolução da
humanidade (Sanchez, Martínez e García, 2003).
De forma satírica, Chauí (2010:22) leva a pensar sobre a razão desta pergunta e não
sobre o “para que de outras disciplinas” que você vem aprendendo desde a infância. Veja o
que ela diz:
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Em geral essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida
dos estudantes de filosofia: “A filosofia é uma ciência com a qual e sem a
qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a filosofia não serve para nada.
Por isso, costuma-se chamar de “filósofo” alguém sempre distraído, com a
cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e
que são completamente inúteis.
No momento seguinte, a autora faz sua crítica expressando sua reflexão filosófica:
A filosofia não serve para nada quando se pensa que é preciso determinar claramente
a possibilidade de fazer uso técnico de seus produtos ou ainda de dar a estes produtos algum
valor econômico, lucrando com eles; considerando, inclusive, que a parte principal, ou mais
importante, da filosofia nada tem a ver com as ciências e as técnicas.
Afirma a autora que, ainda que esta definição fosse capaz de definir o escopo da
filosofia como uma arte moral ou ética, ou uma arte do bem-viver, a filosofia continua fazendo
suas perguntas desconcertantes e embaraçosas (Chauí, 2010:23).
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EXEMPLIFICANDO
Ensina, a autora, que ainda que o objeto da filosofia não seja o conhecimento da
realidade, nem da capacidade para conhecer; e que seja, apenas, a vida moral ou ética, ainda
assim “o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas
filosóficas: o quê, por que e como – permanecem” (Chauí, 2010:23).
Esclarece, ainda o autor, que Epicuro diz que nem a juventude nem a velhice pode servir
de empecilho para a atividade filosófica; pois tendo associado a filosofia à felicidade, o
filósofo afirma que, ninguém se diz muito jovem ou muito velho para ser feliz:
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não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou
já passou a hora de ser feliz (Epicuro, In Santos S/D).
5. REVISÃO DA AULA
Para que você seja capaz de iniciar a construção de sua crítica fundamentada tópico
2 esclarece o “Por que filosofia” por intermédio do pensamento de dois renomados filósofos
brasileiros.
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6. REFERÊNCIAS
BonJour, Lawrence e Baker, Ann. Filosofia: textos fundamentais comentados. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
Morente, Garcia. Fundamentos da filosofia – Lições Preliminares. São Paulo: Mestre Jou,
1980.
Pondé, Luiz Felipe. Filosofia para corajosos. São Paulo: Planeta, 2016.
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