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Sendo a Filosofia um modo específico de apreciação do real por parte do Homem, ela implica o
recurso a determinado método, ou seja, um conjunto de métodos, modos específicos de fazer e de
interrogar o mundo e de se situar perante ele e de o construir. O método de Filosofia não é o
método científico utilizado pelas ciências exactas, que se baseia na observação e experimentação
de factos para a construção do conhecimento.
Dos vários métodos sugeridos ao longo dos séculos por vários filósofos, destacam-se: o método
analítico, o método socrático, o método sintético, o método dialéctico, o método
fenomenológico, etc.
Todavia, apesar desta pluralidade, há dois métodos comummente usados em Filosofia, que
abrangem os outros: o método crítico-analítico (para estudo de realidade sociais) e que se apoia
nos factos, procedendo à sua análise e crítica; e o método lógico-reacional ou simplesmente
especulativo, usado para estudos de realidade meta-empíricas, isto é, realidades espirituais ou
ainda realidades de ordem teórica, cuja análise requer o uso exclusivo da razão pura, sem se
apoiar em factos.
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FUNÇÕES DE FILOSOFIA (aspectos teóricos e práticos)
Com efeito, a Filosofia, além de ser um saber sobre o mundo, é uma forma de estar no mundo.
Ela torna a existência humana mais consciente de si. A existência consciente é o tipo de
existência que cabe ao Homem propriamente dito. A atitude existencial é a forma consciente de
o Homem viver a sua vida no mundo e na sociedade. Portanto, a Filosofia leva o Homem a uma
nova forma de agir, reagir e comportar-se na vida, face ao mundo que se lhe apresenta.
A nossa experiência como seres humanos mostra-nos que experimentamos várias atitudes
existenciais: podemos estar acordados ou adormecidos, conscientes ou inconsciente, absorvidos
pelo trabalho, lúcidos ou ilúcidos, autónomos ou dependentes, contentar-nos com as aparências e
com a satisfação de interesses imediatos ou podemos procurar a verdadeira natureza das coisas e
descobrir assim os nossos autênticos interesses e objectivos de viver, lutar, trabalhar e morrer.
Portanto, a filosofia leva-nos a uma vida consciente da razão da nossa existência, ao mesmo
tempo que orientamos o nosso agir, como Descartes afirmou:
“[…] viver sem filosofar é na verdade ter olhos fechados, sem nunca se esforçar por os abrir; e o
prazer de ver todas as coisas que a nossa vista desconhece, não é de modo nenhum comparável à
satisfação que dá o conhecimento das coisas que se descobrem por meio da Filosofia; e, enfim
este estudo é mais necessário para orientar as nossas acções nesta vida do que o uso dos nossos
olhos para guiar os nossos passos.” (René Descartes, Princípios de Filosofia)
Teórica: enquanto ajuda o Homem a analisar o mundo, a reflectir sobre todas as coisas;
Prática: pelo facto dela nos impelir a uma atitude existencial, a um novo tipo de
comportamento, fruto da reflexão filosófica. A Filosofia conduz-nos a uma autonomia
no agir e a um viver de forma autêntica.
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Resumindo: A Filosofia procura estudar a realidade que cerca o Homem, pretendendo ter um
conhecimento mais profundo desta realidade, o que a diferencia de outras ciências.
A Filosofia tem duas funções: teórica, enquanto análise e reflexão acerca do mundo e ajuda na
analise e reflexão pessoal de cada homem; e prática, pelo facto desta nos impelir a uma atitude
existencial, a um novo tipo de comportamento, fruto da reflexão filosófica.
Em poucas palavras [o aluno] não deve aprender pensamentos, mas sim aprender a pensar; não
se deve levá-lo, mas servir-lhe de guia, se se pretende que no futuro ele seja capaz de caminhar
por si mesmo. É uma maneira de ensinar deste tipo que exige a natureza peculiar da Filosofia.
Dado, porém, que esta é propriamente uma ocupação apenas para a idade adulta, não é de
admirar que surjam dificuldades quando se quer adaptá-las às capacidades não exercidas da
juventude.
O aluno [que saiu da classe anterior] estava habituado a aprender. Agora , ele pensa que vai
aprender Filosofia, o que é, porém, impossível, porque agora ele tem de aprender a filosofar. […]
Kant, Curso do semestre do Inverno de 1765-1766 (adaptado)