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FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS PIAUIENSE – FACAPI

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA – TURMA E


Professor Domingos José (86) 98185-9003

FILOSOFIA DA

EDUCAÇÃO

Campo Maior
Janeiro de 2021
Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
Rua Professora Mulata Lima, nº 13. Bairro Nossa Senhora da Fátima. Campo Maior, Piauí. Cep: 64280-000

O QUE É FILOSOFIA?

Filosofia é uma palavra grega que significa "amor à sabedoria" e consiste no estudo
de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade,
aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.

Filósofo é um indivíduo que busca o conhecimento de si mesmo, sem uma visão


pragmática, é movido pela curiosidade e sobre os fundamentos da realidade. Além
do desenvolvimento da filosofia como uma disciplina, a filosofia é intrínseca à
condição humana, não é um conhecimento, mas uma atitude natural do homem em
relação ao universo e seu próprio ser.

A filosofia foca questões da existência humana, mas diferentemente da religião, não


é baseada na revelação divina ou na fé e sim na razão. Desta forma, a filosofia
pode ser definida como a análise racional do significado da existência
humana, individual e coletivamente, com base na compreensão do ser. Apesar
de algumas semelhanças com a ciência, muitas das perguntas da filosofia não
podem ser respondidas pelo empirismo experimental.

A filosofia pode ser dividida em vários ramos. A filosofia do ser, por exemplo,
inclui a metafísica, ontologia e cosmologia, entre outras disciplinas. A filosofia do
conhecimento inclui a lógica e a epistemologia, enquanto filosofia de trabalho está
relacionada a questões como a ética.

Diversos filósofos deixaram seu nome gravado na história mundial, com suas teorias
que são debatidas, aceitas e condenadas até os dias de hoje. Alguns desses
filósofos, que falaremos mais sobre eles mais a frente, são Aristóteles, Pitágoras,
Platão, Sócrates, Descartes, Locke, Kant, Freud, Habermas e muitos outros.
Cada um desses filósofos fez suas teorias baseadas nas diversas disciplinas da
filosofia, lógica, metafísica, ética, filosofia política, estética e outras.

De acordo com Platão, um filósofo tenta chegar ao conhecimento das Ideias, do


verdadeiro conhecimento caracterizado como episteme, que se opõe à doxa, que é
baseado somente na aparência. Segundo Aristóteles, o conhecimento pode ser
divido em três categorias, de acordo com a conduta do ser humano: conhecimento
teórico (matemática, metafísica, psicologia), conhecimento prático (política e ética) e
conhecimento poético (poética e economia).

A Filosofia surgiu na Grécia Antiga, por volta do século VI a.C. Naquela altura, a
Grécia era um centro cultural importante e recebia influências de várias partes do
mundo. Assim, o pensamento crítico começou a florescer e muitos indivíduos
começaram a procurar respostas fora da mitologia grega. Essa atitude de reflexão
que busca o conhecimento significou o nascimento da Filosofia.

A filosofia sempre foi uma interrogação das coisas essenciais da vida: quem somos,
para onde vamos, de onde viemos e qual o caminho e a chave da felicidade
humana. Os gregos, buscaram responder estas questões, a partir da vida vivida,
sem recorrer aos mitos e aos deuses. Não há por isso a filosofia, há filosofias. Os
caminhos são muitos. Muitas são as maneiras de configurar os dados da nossa
experiência de vida e emprestar-lhes um sentido. Há aquelas filosofias que inclusive
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negam tudo, com receio de pedir emprestado qualquer salva-vidas; apostam no


NADA, fazem do nada seu sentido - posição filosófica que se chama niilista [nihil
(ismo) do latim: nada]! Será uma escolha possível.

A filosofia é aquilo com a qual, ou sem a qual, o mundo continua tal e qual. (Monteiro
Lobato)

Marx, certa ocasião, ironicamente dizia que, a gente joga “a filosofia pela porta, e ela
entra pela janela”. Essa coisa pegajosa que se cola à alma e ao pensamento
humano.

Sempre que buscamos a verdade, conhecer, compreender, analisar, temos pelo


menos hipóteses filosóficas ou formas de interpretação acerca do nosso
conhecimento do e por sobre o mundo: estamos no campo da filosofia chamado
teoria do conhecimento ou epistemologia, que dirige nossos valores e ações.

Nos conduzimos pelas balisas feita por nós, em diálogo com nosso grupo, nossa
etnia, nossa civilização. Estamos no campo da ética, da moral, campo da axiologia
(campo dos valores) regulado pelas filosofias.

Ao realizar uma ação, uma prática concreta, um projeto político, processos


educacionais que criam pessoas, estamos no habitat da filosofia, o campo da
axiologia (agir e pensar o que se fez, para um novo agir).

Filosofar é chamar de fora; con-vocar é chamar de dentro. Provação e convocação,


para juntar-se à luta de todos os outros e outras. Não é que a filosofia seja por si
mesma um instrumento para a guerra. O contexto histórico que a circunscreve lhe
dirá qual papel lhe cabe representar para garantir a formação da pessoa, seu melhor
entendimento de si, dos outros e do mundo; e, qual poderá ser o sentido de suas
escolhas e ação no agora. Estamos numa batalha, não se ganhará a luta só. Neste
contexto a filosofia é uma aliada à luta dos educadores no contexto da violência,
expropriação de direitos, formulação de políticas públicas. Neste contexto, a filosofia
é sim arma imprescindível para qualificar pessoas para a luta em favor da mesma
grande perseguição dos primeiros homens e mulheres que pensaram
filosoficamente o mundo: o projeto humano de construir a felicidade pessoal e
coletiva de todos e todas!

Filosofia se faz na vida. Pode, até, ser uma investigação, mas terá de ser sempre
vida. Dize-me como fazes, porque e para que, e eu te direi que filosofia te inspira.
Quando descobrimos algumas coisas novas, algum poeta (Freud) e, sobretudo,
algum filósofo, já andou por lá. É por isso que temos muito a aprender conversando
com os outros, com outras filosofias, sabendo ouvir e aprendendo sempre. Porque
nada somos sós. Somos, em comunhão, e através das lutas.

É a busca de reflexão intencionada, de um pensamento que se pensa a si próprio e


se confronta com todos os outros pensamentos, em busca de melhor compreender,
de melhor eleger valores, de posicionar-se num mundo complexo e conflitivo. É
busca da transformação desse próprio mundo, sabendo que a felicidade pessoal
desejada inclui, necessariamente, a felicidade de todos os demais. Filosofia será
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sempre luta, num contexto de hegemonia da mesmidade, reprodução, acomodação,


subserviência e dominação.

“Filosofar, assim, se impõe não como puro encanto, mas, como espanto diante do
mundo, diante das coisas, da História que precisa ser compreendida ao ser vivida no
jogo em que, ao fazê-la, somos por ela feitos e refeitos”. (Paulo Freire, Pedagogia da
Indignação, 2000, p. 46.)

Como se sabe, o objeto da filosofia não é predeterminado. Com efeito, seu objeto é
o próprio pensamento ou então a realidade em geral enquanto suscetível, ou melhor,
enquanto necessita ser pensada seja em si mesma, na sua generalidade, seja nas
suas manifestações particulares. Dizer que o objeto da filosofia é o pensamento nos
permite compreender porque o assunto de que se ocupa a filosofia é de interesse de
todos os homens já que todos os homens pensam e, portanto, são, num certo
sentido, filósofos. Consequentemente, o filósofo propriamente dito é um especialista
do pensamento, o que significa que ele "não só 'pensa' com maior rigor lógico, com
maior coerência, com maior espírito de sistema, do que os outros homens, mas
conhece toda a história do pensamento, isto é, sabe quais as razões do
desenvolvimento que o pensamento sofreu até ele e está em condições de retomar
os problemas a partir do ponto onde eles se encontram após terem sofrido a mais
alta tentativa de solução, etc." O mesmo não se pode dizer dos especialistas nos
vários campos científicos, uma vez que "é possível imaginar um entomólogo
especialista.

CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO FILOSÓFICO

O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descobrindo
seus significados mais profundos. Porém, como se faz isso?

Em primeiro lugar, é preciso estabelecer o que é reflexão. Refletir é pensar,


considerar cuidadosamente o que já foi pensado. Como um espelho que reflete a
nossa imagem, a reflexão do filósofo também deixa ver, revela, mostra, traduz os
valores envolvidos nas coisas, nos acontecimentos e nas ações humanas.

Para chegar a isso, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão


filosófica deve possuir as seguintes características:

 Radicalidade - ou seja, chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos


seus fundamentos; à sua origem, não só cronológica, mas no sentido de
chegar aos valores originais que possibilitaram o fato. A reflexão filosófica,
portanto, é uma reflexão em profundidade.

 Rigor - isto é, seguir um método adequado ao objeto em estudo, com todo o


rigor, colocando em questão as respostas mais superficiais, comuns à
sabedoria popular e a algumas generalizações científicas apressadas.

 Contextualidade - como já se disse antes, a filosofia não considera os


problemas isoladamente, mas dentro de um conjunto de fatos, fatores e
valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os
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problemas tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento histórico, quanto


horizontalmente, relacionando-os a outros aspectos da situação da época.

Assim, embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas,


dependendo das premissas de partida e da situação histórica dos próprios
pensadores, o processo do filosofar será sempre marcado por essas características,
resultando em uma reflexão rigorosa, radical e de conjunto.

Filosofia é um corpo de conhecimento, constituído a partir de um esforço que o ser


humano vem fazendo de compreender o seu mundo e dar-lhe um sentido, um
significado compreensivo. Corpo de conhecimentos, em Filosofia, significa um
conjunto coerente e organizado de entendimentos sobre a realidade. Conhecimentos
estes que expressam o entendimento que se tem do mundo, a partir de desejos,
anseios e aspirações.

Assim, podemos dizer que, a filosofia cria o ideário que norteia a vida humana em
todos os seus momentos e em todos os seus processos.

Neste sentido, a filosofia é uma força, é o sustentáculo de um modo de agir. É uma


arma na luta pela vida e pela emancipação humana.

Em síntese, a filosofia é uma forma de conhecimento que, interpretando o mundo,


cria uma concepção coerente e sistêmica que possibilita uma forma de ação efetiva.
Esta forma de compreender o mundo tanto é condicionada pelo meio histórico, como
também é seu condicionante. Ao mesmo tempo, pois, é uma interpretação do mundo
e é uma força de ação.

A ORIGEM
A Filosofia, como conhecemos, teve origem na Grécia Antiga como resultado de
uma intensa mudança de pensamento. Desde o seu surgimento, em Mileto no
século VI a.C., e do aparecimento da palavra “filosofia”, que Cícero e Diógenes
atribuem a Pitágoras, muitos filósofos tentaram responder à pergunta sobre o que é
a Filosofia. Além desse trabalho de investigação constante acerca da natureza da
Filosofia, há também uma diversidade de temas e de preocupações que os filósofos
tentam responder:

1) Embora tenha havido expressões de conhecimento no Oriente e na África, a


maior parte dos historiadores considera que a Filosofia entendida como um
conhecimento racional e sistemático tenha se iniciado na Grécia. A defesa parte da
própria natureza dos conhecimentos produzidos até então, ainda ligados de alguma
forma ao saber religioso. Essa defesa, no entanto, tem sido recentemente
contestada.

2) A Grécia Antiga era formada por um conjunto de cidades-Estado (pólis)


independentes que podiam ser, em alguns casos, até mesmo rivais entre si.

3) Mesmo que a Grécia não fosse uma unidade em termos de território e de


pensamento, há algumas condições que propiciaram que fosse ali o surgimento da
filosofia: a poesia, a religião e a política.
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4) Um longo processo, determinado por esses fatores, promoveu uma mudança na


mentalidade grega. A religião grega, tanto a pública, como aquela referida como “a
religião dos mistérios”, era não dogmática e permitia que os filósofos expressassem
suas ideias. A poesia, buscava uma causa nos acontecimentos narrados e isso
denota uma preocupação em compreender a realidade. A política, que se
desenhava a partir daquilo que viria a se chamar democracia, dependia do discurso
e da explicação racional das ideias. O comércio, que se desenvolvia, permitiu tanto o
contato com outras formas de pensamento, como também propiciou a invenção do
alfabeto, da escrita alfabética e do calendário, de forma que começou a moldar na
mentalidade do homem uma maior capacidade de abstração.

5) A partir do final do século VII a.C., os homens e as mulheres não se satisfaziam


mais com uma explicação mítica da realidade. O processo de transformação e de
criação envolvido no desenvolvimento de técnicas levou ao questionamento a
respeito do universo, se ele também não respondia a um processo semelhante. Por
isso, alguns historiadores da Filosofia, como Marilena Chauí e Maria Lúcia Aranha,
concordam que é entre o final do século VII a.C. e o século VI a.C. que surge a
Filosofia.

6) É em Mileto, situado na Jônia (atual Turquia), no século VI a.C. que nasce Tales
que, para a Aristóteles, é o iniciador do pensamento filosófico que se distingue do
mito. No entanto, o pensamento mítico, embora sem a função de explicar a
realidade, ainda ecoa em obras filosóficas, como as de Platão, dos neoplatônicos e
dos pitagóricos.

7) A autoria da palavra “filosofia” foi atribuída pela tradição a Pitágoras. As duas


principais fontes sobre isso são Cícero e Diógenes Laércio. Ambos fazem uma
narrativa parecida: Pitágoras teria sido interpelado pelo tirano de Fliunte sobre o
nome de sua atividade ao que ele respondeu “filósofo”, isto é, amigo da sabedoria
(junção das palavras gregas “philo” e “sophia”), pois, para ele, apenas os deuses
poderiam ser realmente sábios.

8) A fonte na qual Cícero se baseia para escrever sobre Pitágoras é Heráclides


Pontico, discípulo de Platão, mas que era também influenciado pelos pitagóricos. No
entanto, não se sabe da veracidade a respeito dessa informação. Como nota
Ferrater Mora que também observa que não é possível saber se “filósofo” para
Pitágoras significa o mesmo que significaria para Platão ou Aristóteles.

9) No momento em que se começa a praticar a filosofia como atividade, a Grécia


também testemunha o aparecimento dos sofistas. Os sofistas não se trata de uma
escola filosófica, eram professores itinerantes que ensinavam jovens, mediante
pagamento, a arte da oratória.

10) Para a história da filosofia ocidental, o filósofo Sócrates tem grande importância.
A forma como ele entendia a atividade de filosofar e a sua investigação a respeito do
humano apresenta uma inovação em relação aos outros filósofos, entre eles Tales e
Pitágoras, que ainda tinham como centro de seus pensamentos a preocupação a
respeito da origem do universo e outras questões relativas à natureza. Por isso,
esses filósofos são chamados de “pré-socráticos”. Os filósofos gregos que vieram
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depois de Sócrates, e alguns foram mesmo seus alunos, como Platão, são
chamados de “pós-socráticos”.

A ATITUDE, OS ARGUMENTOS E AS EXIGÊNCIAS DA REFLEXÃO


FILOSÓFICA

Você conhece as exigências da reflexão filosófica, bem como a importância dela


para a educação?

Antes de você conhecer os principais conceitos relacionados à reflexão filosófica,


deve se questionar o seguinte: para que serve a filosofia? Como você pode notar, o
mesmo questionamento não costuma ser feito com relação a áreas como a
matemática ou a física. Segundo Chauí (1995, p. 12), “Em geral, essa pergunta
costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de filosofia: ‘A
filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual’, isto
é, não servindo para nada”.

Com base nessa perspectiva, afirma-se muitas vezes que a filosofia não tem
serventia e que os filósofos pensam em coisas que não levam a lugar algum, ao
contrário do que acontece nas ciências cuja finalidade e cuja utilidade são facilmente
identificadas. Nesse sentido, as ciências são comumente reconhecidas como
conhecimentos verdadeiros, alcançados a partir de procedimentos legítimos.
Entretanto, para Chauí (1995, p. 12–13):

[...] verdade, pensamento, procedimento para


conhecer fatos, relação entre teoria e prática,
correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é
ciência, são questões filosóficas. O cientista parte
delas como questões já respondidas, mas é a
filosofia quem as formula e busca respostas para
elas.
Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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No tocante à valorização da filosofia, você deve ter em mente que essa área se
relaciona ao exercício do pensamento lógico, crítico, aguçado. A partir dela, é
possível perceber que o pensar é algo importante e elaborado, especialmente pelo
fato de que o pensamento transcende a repetição, que é o que ocorre em outras
teorias. Assim, o pensamento é um processo singular, pois o tempo, a forma e a
circunstância em que ele ocorre são intrínsecos ao que se pensa (SILVA, 2010).

A atitude filosófica, ou ainda o método do pensamento filosófico, demanda um


conjunto de habilidades e alguns hábitos intelectuais diferenciados, também
denominados hábitos filosóficos da mente. Esses hábitos correspondem ao exercício
das concepções e dos argumentos filosóficos desenvolvidos, isto é, implicam
clarificar e justificar alegações (BONJOUR, 2010).

Chauí (1995, p. 14–15) esclarece que a reflexão filosófica se organiza a partir de


pelo menos três grandes conjuntos de perguntas ou questões, como você pode ver
a seguir:
1. Por que as pessoas pensam o que pensam,
dizem o que dizem e fazem o que fazem?
(motivos, razões e causas para o que se pensa,
diz e faz);

2. O que as pessoas querem pensar quando


pensam, o que querem dizer quando falam, o
que querem fazer quando agem? (sentido do
que se pensa, diz e faz);

3. Para que as pessoas pensam o que pensam,


dizem o que dizem, fazem o que fazem?
(intenção do que se pensa, diz e faz).

Resumidamente, você pode considerar que a atitude filosófica questiona o que é


pensar, falar e agir. A atitude filosófica está atrelada ao “o que é?”, ao “como é?” e
ao “por que é?”, tudo com base no mundo (essência, significação, estrutura e origem
de todas as coisas). Já a reflexão filosófica remete a questionamentos como “por
quê?” e “o quê?” relacionados aos pensamentos do sujeito no ato da reflexão
(capacidade, finalidade humana para conhecer e agir) (CHAUÍ, 1995).

Você deve também compreender os significados relativos aos argumentos, pois, de


acordo com a afirmativa de justificação, um filósofo normalmente justifica uma
alegação remetendo a um argumento. Conforme apregoa Bonjour (2010, p. 24), “Em
filosofia, um argumento não é uma discordância ou uma briga”.

Assim, a ideia principal relacionada a um argumento filosófico diz respeito à


justificação de uma alegação, isto é, é preciso estabelecer premissas para
evidenciar que a conclusão do argumento é verdadeira. Nesse sentido,
determinados argumentos podem ser considerados argumentos dedutivos válidos,
os quais estão relacionados aos argumentos cujas premissas, se verdadeiras,
garantem a verdade da conclusão (BONJOUR, 2010).
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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

É o campo da filosofia que examina, esclarece e direciona os objetivos, métodos e


ações pedagógicas de uma instituição de ensino.

A filosofia da educação pode influenciar na escolha dos assuntos lecionados em


uma instituição e na forma que esse ensinamento é feito dentro do currículo básico.

Na maioria das instituições de ensino, ajuda também a inspirar e direcionar o


planejamento educacional, programas e processos.

Por ser importante para a educação como um todo, é uma das principais matérias
dos cursos de ensino superior, como a pedagogia.

Qual a importância da filosofia da educação?

O processo educacional depende de quatro aspectos fundamentais: a instituição


de ensino, os professores, os currículos e os alunos.

Esses quatro aspectos se correlacionam fortemente e se integram ao processo


educacional de uma instituição de ensino.

Alguns estudiosos da área acreditam que a educação é resultado de doutrinas


filosóficas, e os educadores são, de fato, filósofos.

Por isso, a filosofia da educação é importante na construção e desenvolvimento do


processo educacional nos seguintes aspectos:

 Ajuda a entender, manter ou modificar o processo educacional de uma


instituição de ensino;
 Identifica conflitos e contradições em qualquer teoria pedagógica que possa
atrapalhar o processo educacional dos alunos;
 Desenvolve a capacidade humana de levantar ideias e discutir sobre as
diferentes teorias pedagógicas e como elas afetam a vida individual e social
dos alunos;
 Direciona a instituição de ensino a entender seu propósito na educação social
dos alunos;
 Auxilia e dá apoio no objetivo significativo de qualquer instituição educacional,
que é o de qualificar uma pessoa para a vida pública e ser um membro efetivo
da sociedade.

Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de uma concepção


fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita, degradada, mecânica, passiva e
simplista a uma concepção unitária, coerente, articulada, explícita, original,
intencional, ativa e cultivada.
Dermeval Saviani
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A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO

De acordo com o contexto da história da cultura ocidental, é fácil observar que


educação e filosofia sempre estiveram quando não juntas, muito próximas. Pode-se
constatar, com efeito, que, desde seu surgimento na Grécia clássica, a filosofia
constituiu-se unida a uma intenção pedagógica, formativa do humano. Praticamente,
todos os textos fundamentais da filosofia clássica implicam, na explicitação de seus
conteúdos, uma preocupação com a educação.

A filosofia surge intrinsecamente ligada à educação, autorizando-nos a considerar,


sem nenhuma figuração, que o filósofo clássico sempre foi um grande educador.
Desde então, no desenvolvimento histórico-cultural da filosofia ocidental, essa
relação foi se estreitando cada vez mais. A filosofia escolástica na Idade Média foi,
literalmente, o suporte fundamental de um método pedagógico responsável pela
formação cultural e religiosa das gerações européias que estavam constituindo a
nova civilização que nascia sobre os escombros do Império Romano.

Mais tarde, esse enviesamento da tradição filosófica na contemporaneidade é ainda


parcial, restando válido para as outras tendências igualmente significativas da
filosofia atual que os esforços de reflexão filosófica estão profunda e intimamente
envolvidos com a tarefa educacional.

O sujeito da educação
Pode-se dizer que cabe à Filosofia da educação a construção de uma imagem do
homem como sujeito fundamental da educação. É a filosofia da educação
constituída como antropologia filosófica e como tentativa de integração dos
conteúdos das ciências humanas, na busca de uma visão integrada do homem.

Os homens envolvidos na esfera do educacional — sujeitos que se educam e que


buscam educar — não podem ser reduzidos a modelos abstratamente concebidos
de uma natureza humana, modelo universal idealizado. O projeto humano se dá nas
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coordenadas históricas, sendo obra dos sujeitos atuando socialmente, num processo
em que sua encarnação se defronta, a cada instante, com uma exigência de
superação. É só nesse processo que se pode conceber uma ressignificação da
"essência humana", pois é nele também, na frustração desse processo, que o
homem perde sua essencialidade.'

A educação pode, pois, ser definida como esforço para se conferir ao social, no
desdobramento do histórico, um sentido intencionalizado, como esforço para a
instauração de um projeto de efetiva humanização, realizada pela consolidação das
mediações da existência real dos homens.

O caráter sócio-histórico da educação


As ciências humanas investigam e buscam explicar mediante a aplicação de seu
categorial teórico os diversos aspectos da fenomenalidade humana e, graças a isso,
tornam-se aptas a concretizar as coordenadas histórico-sociais da existência real
dos homens. Mas, em decorrência de sua própria metodologia, a visão teórica que
elaboram é necessariamente aspectual. Justamente em função de sua menor rigidez
metodológica, é que a filosofia pode elaborar hipóteses mais abrangentes, capazes
de alcançarem uma visão integrada do ser humano, envolvendo, nessa
compreensão, o conjunto desses aspectos, constituindo uma totalidade que não se
resume na mera soma das partes, que se articulam, então, dialeticamente entre si e
com o todo, sem perderem sua especificidade, formando, ao mesmo tempo, uma
unidade.

Na educação como prática histórica e político-social, a ação educativa só se torna


compreensível e eficaz se os sujeitos nela envolvidos tiverem clara e segura a
percepção de que ela se desenrola como uma prática político-social.

A explicação, descrição e análise dessas relações marcadas por esse caráter


político são tarefas específicas das Ciências Sociais que fornecem à Filosofia da
Educação e aos educadores subsídios para a compreensão mais abrangente da
educação como um todo.

Assim, nessa abordagem, há, atualmente, uma grande preocupação na construção


do ser humano no sentido de mudá-lo a partir de sua constituição como ser
pensante e reflexivo. O modelo de vida que corresponde às nossas ações cotidianas
é a busca de sentido que somente pode ser encontrado pelo trabalho coletivo e o
bem comum, sempre em busca da melhoria da qualidade de vida de todos e todas.
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O agir, os fins e os valores


Considerando que a educação é fundamentalmente uma prática social, a filosofia vai
ainda contribuir significativamente para sua efetivação mediante uma reflexão
voltada para os fins que a norteiam. A questão diretriz dessa perspectiva é aquela
dos fins da educação, a questão do para que educar.

Não há dúvida, entretanto, que, também nesse sentido, a tradição filosófica no


campo educacional, o mais das vezes, deixou-se levar pela tendência a estipular
valores, fins e normas, fundando-os apressadamente numa determinação arbitrária
de uma natureza ideal do indivíduo ou da sociedade.

Foi o que ocorreu com a orientação metafísica da filosofia ocidental que fazia
decorrer, quase que por um procedimento dedutivo, as normas do agir humano da
essência do homem, concebida como um modelo ideal, delineado com base numa
ontologia abstrata. Assim, os valores do agir humano fundariam-se na própria
essência humana, concebida de modo ideal, abstrato e universal.

O que é Educação? Conceito de educação


Educação é um conceito genérico, amplo, que supõe o processo de
desenvolvimento integral do homem, isto é, de sua capacidade física, intelectual e
moral, visando não só à formação de habilidades, como também do caráter e da
personalidade social.

O ensino consiste na transmissão e conhecimentos, enquanto que a doutrinação é


uma pseudo-educação que não respeita a liberdade do educando, impondo-lhe
conhecimentos e valores. Nesse processo, todos são submetidos a uma só maneira
de pensar e agir, destruindo-se o pensamento divergente e mantendo-se a tutela e a
hierarquia.

Quanto aos conceitos de educação e ensino, não há como separar nitidamente


esses dois pólos que se completam. É a partir da consciência, da sua própria
experiência e da experiência da humanidade que o homem tem condições de se
formar como um ser moral e político (ARANHA, 1996:51).

Educação e ideologia
A educação, como prática que lida com instrumentos simbólicos, também atua nas
dimensões individual e coletiva, correndo um duplo risco de se envolver nesse
processo ideologizador. Com efeito, é pela educação, mesmo quando informal, que
o indivíduo se apropria dos conteúdos culturais de seu grupo. Ela desenvolve seu
trabalho utilizando basicamente esses conceitos e valores presentes na cultura em
que se processa. Por outro lado, para conservar sua ideologia, uma sociedade
precisa reproduzi-la, e a educação é geralmente considerada como uma das mais
adequadas mediações para assegurar essa reprodução.

Não é sem razão que alguns teóricos contemporâneos que estudaram a educação
em nossa sociedade chegaram à conclusão de que as instituições educacionais
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constituem perfeitos aparelhos ideológicos do Estado. É que os grupos dominantes


de uma determinada sociedade, que a controlam através do Estado, interessados
em conservar as coisas do jeito que estão, porque lhe são favoráveis, cuidam de
garantir que as relações sociais vigentes sejam mantidas.

Para tanto, precisam manter coesa a ideologia, reproduzindo-a de geração a


geração. Na opinião desses teóricos, os grupos dominantes utilizam-se da escola
para reproduzir a ideologia, reproduzindo também as relações sociais (SEVERINO,
1994:115).

Retomando o conceito de Filosofia da educação


À filosofia da educação deve, portanto, seguir uma teoria da educação que tenha
como principal tarefa o exame dos princípios básicos, objetivos, valores etc., que
prevalecem em nossa cultura e que norteiam, atualmente, a educação em nosso
país, a reflexão crítica sobre eles e sobre a realidade social, econômica e cultural
que envolve o processo educacional, e, se necessário for (e quase sempre o é), a
proposta de novos princípios básicos, objetivos e valores para a nossa cultura e para
a nossa educação.

À teoria da educação compete, portanto, a tarefa normativa a que fizemos


referência, e para se desincumbir dessa tarefa a teoria da educação deve recorrer
não só à filosofia da educação, mas também à sociologia da educação, à psicologia
da educação, à economia da educação, à medicina preventiva e social etc. - ou,
para resumir, a qualquer ramo do saber que possa contribuir com alguma coisa,
nunca se esquecendo de incluir uma boa dose de bom senso.

Para muitos, o que acabamos de caracterizar como a tarefa da teoria da educação


nada mais é do que a real tarefa da filosofia da educação. Não temos o menor
interesse em discutir rótulos, pois a discussão seria meramente acadêmica. Quer
nos parecer, porém, que a bem da clareza, seja recomendável e de bom alvitre
estabelecer uma distinção entre a filosofia da educação e a teoria educacional, pelas
seguintes razões:

(a) A filosofia da educação, como aqui caracterizada, é uma atividade reflexiva de


segunda ordem, que tem como objeto as reflexões de primeira ordem feitas sobre os
vários aspectos do processo educacional; a teoria educacional é uma atividade
reflexiva de primeira ordem, no nosso entender, que tem por objeto básico a
realidade educacional e não reflexões que tenham sido feitas sobre esta realidade;
estas reflexões servirão de subsídios ao teórico da educação para que este elabore
suas próprias conclusões, mas ele tem, basicamente, que "debruçar-se sobre a
realidade educacional", para entendê-la, explicá-la, criticá-la e propor sua
reformulação.

(b) Na medida em que a teoria educacional tem que se valer das contribuições das
várias ciências que estudam a educação, ela extrapola os domínios da filosofia e,
conseqüentemente, da filosofia da educação. A filosofia da educação, como aqui
concebida, deveria ser vista, como observamos, como um preâmbulo à teoria
educacional, cuja tarefa principal seria fornecer ao teórico da educação os
instrumentos conceituais básicos para a sua teoria.
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(c) A teoria educacional, embora possa (e talvez deva) ser considerada científica,
tem uma finalidade que vai além da mera explicação e interpretação da realidade
educacional: ela procura orientar e guiar a prática educacional. É por isso que a
teoria da educação, além de estudar e examinar a realidade educacional, tem a
função de criticar esta realidade e de propor novas direções a seguir. A teoria da
educação, para usar uma expressão que se torna comum, não tem como tarefa
simplesmente constatar qual é a realidade educacional: ela vai além e contesta esta
realidade, não em função de um espírito puramente negativista, mas em função de
uma proposta de realidade diferente. E esta proposta envolve, inevitavelmente,
valores diferentes. Portanto, a teoria educacional, em sua tarefa de orientar e guiar a
prática educacional, envolve, necessariamente, um ingrediente de valores.

Tendo sempre presente o questionamento sobre o que é a educação, a filosofia não


permite que a pedagogia se torne dogmática nem que a educação se transforme em
adestramento ou qualquer outro tipo de pseudo-educação.

Concluindo, é necessário que a formação do pedagogo esteja voltada não só para o


preparo técnico-científico, mas também para a politização e a fundamentação
filosófica de sua atividade.

As contribuições da Filosofia para a educação

A contribuição da filosofia da educação torna-se significativa para repensar


conceitos e práticas educativas, como por exemplo, o processo formativo dos
professores, as práticas educativas, pedagógicas e docentes; reinventar o mundo da
escola; reavaliar as funções de gestores, coordenadores e professores, diante da
realidade educativa permeada por uma diversidade de pensamentos, ideias e
conhecimentos, contribuindo para o processo educativo, em sua condição de
problematizar e desvelar conhecimentos acerca do ser humano, dos valores
que envolvem o processo de ensino e de aprendizagem, do sentido e significado
real da educação e das nossas concepções de educação.

É imprescindível a contribuição da filosofia para a educação e para o processo


educativo em suas várias dimensões, como formação, currículo, avaliação,
planejamento, práticas entre outras. Com essa percepção ressaltamos que a
importância da filosofia da educação para a formação docente reside na iniciativa de
formação e desenvolvimento profissional para a problematização da realidade, o que
impulsiona uma mudança de olhar diante da realidade, o alargamento de fronteiras
que vai além do visível, procurando os interesses subjacentes que interferem na
realidade, tentando moldar nossos comportamentos e desejos.

Assim, como Perissé (2008), Ghiraldelli (2002) traz suas contribuições acerca do
filósofo e da filosofia da educação ao afirmar que o filósofo da educação respeita a
atitude de profissionais que estão envolvidos com a educação, que buscam
proporcionar aos educandos um sentido para a vida e para a educação. Existem,
portanto, semelhanças entre as ideias dos autores quando ambos ressaltam
características do filósofo, bem como a busca do sentido da educação que torna-se
relevante para professores e educandos.
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Na discussão e elaboração de um sentido para a educação, o professor filósofo


precisa da presença ativa da filosofia e da filosofia da educação, como assegura
Perissé (2008, p. 16):
Por ser autentica filosofia, a filosofia da educação é
interrogação crítica que oferece respostas
desconcertantes, ampliando nossa consciência mais
do que a anestesiando com receitas apaziguadoras.
O filósofo da educação não saberá exatamente
como alfabetizar uma criança nem produzirá
manuais sobre o uso de determinados aparatos
tecnológicos da sala de aula.

Interessante percebermos nessa reflexão do autor, que a filosofia da educação nos


oferece possibilidade de criticar e ampliar nossa consciência para descobrir o novo,
para perguntar, saber questionar, porque é imprescindível saber elaborar perguntas.

A filosofia relacionada a educação pode dar aos professores a capacidade de


realizar argumentos discursivos e consistentes, pois o filósofo, segundo Ghiraldelli
(2002, p.31), “[...] é um especialista em criar um discurso a respeito de uma boa
pedagogia”. Nesse sentido a educação nos dá capacidade para aprender e mudar
nossa compreensão do processo educativo e da realidade, por meio do pensamento
crítico-reflexivo.

Uma questão relevante e refletida por Perissé (2008) que acreditamos ser
indispensável nessa relação entre filosofia e educação é a necessidade da fidelidade
e do rigor metodológico, porém de forma clara, simples, facilitando a apreensão dos
conteúdos com palavras acessíveis, do modo mais direto possível, através de uma
linguagem clara, no diálogo com seus alunos, para que haja uma compreensão
aceitável das situações-problemas e dos conteúdos trabalhados em sala de aula.
Nessa percepção ressaltamos a relação entre professor e aluno que carece ser de
uma forma democrática, horizontal, em um espaço que favoreça o diálogo rico de
compreensão, porém sem perder o sentido e rigor metodológico do conhecimento
científico no processo educativo.

Como forma de combate a uma formação reprodutivista, pode-se contar com a


filosofia da educação enquanto campo teórico de formação humana e cidadã.
Valorizar a filosofia da educação enquanto campo de conhecimento fundamental
para a educação é o começo para a construção de uma sociedade mais justa e
democrática, ao contarmos com docentes crítico-reflexivos construtores,
problematizadores e pesquisadores da realidade, objetivando o mesmo espírito
investigativo nos educandos.

Nesse percepção ressalta-se que a importância da filosofia da educação aos


interesses subjacentes dos docentes na busca para a problematização da realidade,
o que impulsiona uma mudança de olhar diante dos acontecimentos que permeiam
no contexto educativo, o alargamento de fronteiras que vai além do visível,
procurando os interesses subjacentes que interferem na nossa realidade tentando
moldar nossos comportamentos e desejos.

A atitude filosófica de problematizar e desenvolver a crítica presente na Filosofia da


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Educação prioriza o questionamento da realidade de uma forma geral e a própria


formação docente, de uma forma mais específica, com a finalidade de desvendar a
lógica que direciona a educação e propor o rompimento com essa lógica, o que deve
expressar o compromisso profissional e social de todos os docentes.

A importância da Filosofia da Educação para a Educação e Liberdade

De maneira sucinta, a filosofia da educação possui como objetivo primordial


esclarecer o conhecimento educacional, priorizando as teorias pedagógicas, através
de análises dialéticas, lógicas e retóricas. Essas, no caso da lógica, possuem como
base ferramentas constituídas para realizar verificações de enunciados que se
relacionem com a verdade. Esses elementos argumentativos devem ser examinados
com o objetivo de se obter a compreensão e o desenvolvimento de teorias
referentes ao campo educacional.

Durante muito tempo, reflexões filosóficas relacionadas à educação se restringiram a


formação de jovens e crianças. Em décadas recentes, tem-se analisado a educação
sobre a formação de adultos, criando-se assim, termo educação permanente.

A educação se estabelece como um forte agente propositor de mudanças na


sociedade, sendo perceptível a relação mútua que existe entre ambas. Diante das
transformações oriundas do mundo contemporâneo, onde é exigido do trabalhador
um novo perfil para o trabalho, o homem deve dispor de habilidades polivalentes e
flexíveis, além de ser capaz de pensar e aprender constantemente, para poder
acompanhar a dinâmica do mercado. Desse modo, a educação passa a ter um papel
primordial no aprimoramento dos conhecimentos e qualidades, para que o homem
possa exercer a sua parte social de modo consciente e crítica. Assim, a educação
deve ser articulada com o objetivo de formar cidadãos conscientes de seus direitos e
deveres sociais, bem como preparados para exercer seus trabalhos de forma ética e
comprometida.

A educação, quando analisada em um contexto histórico, se caracteriza de forma


distinta em todos os lugares e tempo, ligando-se intrinsecamente, à concepção
humana e social que emerge do processo educativo. A partir dessas afirmações,
conclui-se que a educação é, por seus objetivos, origens e funções, um processo
social que está relacionado ao viés econômico, político e científico de cada
sociedade.

Como afirma Dermeval Saviani:

O estudo das raízes históricas da educação contemporânea


nos mostra a estreita relação entre a mesma e a consciência
que o homem tem de si mesmo, consciência esta que se
modifica de época para época, de lugar para lugar, de acordo
com um modelo ideal de homem e de sociedade. (SAVIANI,
1991, p.55)

O processo educativo, portanto, não deve ser analisado e entendido de modo a se


fragmentar da concepção imposta para qualquer lugar e tempo, uma vez que deve
ser entendido como uma prática social com relações históricas. É, portanto, um
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fenômeno social que se adapta a cada tipo de concepção, cultural, ou seja, é o


processo educativo vigente que determina os objetivos a serem atingidos de acordo
com as ideologias que dominam determinada sociedade.

A educação se desenvolve a partir de um paradigma, cuja intenção é reproduzir os


aspectos políticos, econômicos e sociais de uma dada sociedade. Nessa
perspectiva, tomando-se por base o progresso evolutivo do sistema capitalista em
distintas épocas, fica evidenciado que o fenômeno educativo tem sido utilizado com
o fim de estruturar ideologicamente o sistema, estruturando todo o meio com o fim
de fornecer elementos produtivos e recursos para o desenvolvimento capital.

Sendo assim, a filosofia faz parte do contexto da capacidade humana de pensar e


gerar um caráter crítico que visa à construção de uma sociedade construtiva e que
busca liberdade de expressão, construindo seres pensantes a partir de uma
problemática que analise fatores, sem nem um tipo de preconceito, como um fator
enraizado em nossa sociedade.

Em alguns casos foram percebidas as reais funcionalidades capitalistas bem como


de que forma a educação teria sido utilizada para o seu progresso, em distintos
casos que promoveram reações por parte dos indivíduos. A instabilidade social
prediz um hodierno saber, estruturado por meio de um novo parecer científico que
expõe uma racionalidade mais diversificada.

A educação é um agente que possui grande impacto sobre a sociedade; é uma


opinião consensual, que ela promove significativas mudanças. Com isso, é possível
afirmar, que a educação deve libertar-se de paradigmas impostos por grupos sociais
vigentes que atuam com o único intuito de fortalecer e expandir seu capital, mesmo
que para isso utilize ferramentas educativas alienantes para tomar os indivíduos e
torná-los dependentes.

De maneira análoga, a educação e a sociedade são interdependentes no que se


refere ao progresso; uma avançará apenas com o avanço da outra. Defensores da
revolução educacional afirmam que com um maior acesso ao conhecimento e
disposição de recursos para isso, a população teria mais elementos para tomar
melhores decisões e reconhecer de modo crítico a realidade que nos cerca.

As Escolas Filosóficas

Os Pré-Socráticos
É considerada a primeira escola de pensamento filosófico, com início no século V a.
C. Os filósofos dessa escola viveram antes de Sócrates e preocupavam-se em
explicar o universo, a natureza e suas transformações a partir de explicações
racionais e observação dos elementos naturais.

Para esses filósofos a arché, ou natureza dos objetos era considerada princípio
formador de tais objetos.

Na escola pré-socráticas encontram-se algumas importantes correntes e escolas de


pensamento.
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Escola Jônica
Tem o objetivo descobrir a origem de todas as coisas a partir de pensamentos e
constatações racionais. Identificou os quatro elementos: água, ar, terra e fogo como
os elementos fundamentais para a natureza. Principal nome: Tales de Mileto,
conhecido como pai da filosofia.

Escola de Eléia
Principal nome: Parmênides. Para o filósofo a única realidade existente é o ser, que
é por sua vez, indivisível e imutável. O ser é entendido como algo que já existe, que
já é, e não algo que pode vir a ser alguma coisa.

Escola Sofista
Os sofistas tinham interesse em descobrir o fundamento de todas as coisas,
buscavam o fundamento de tudo a partir de explicações lógicas e racionais. Principal
filósofo: Protágoras.

Escola Atomista
Para os atomistas todos os seres humanos e coisas são formados pela junção de
partículas indivisíveis, os átomos, que se encontram a partir de colisões no espaço.
Principal nome: Demócrito.

Período Clássico
Período marcado pelo desenvolvimento e estruturação da filosofia e pelo
desenvolvimento dos primeiros conceitos de ética e política. Na filosofia clássica,
três nomes são primordiais para o desenvolvimento das ideias:

Platão
Discípulo de Sócrates, Platão tem uma profunda crença na ideia de busca pela
razão e verdade. Autor do livro “A República”, Platão descreve uma sociedade ideal
dividida em três classes. Platão também escreve sobre o mundo das ideias e o
mundo da razão no Mito da Caverna.

Sócrates
Considerado o primeiro filósofo a buscar rigorosas definições universais para as
virtudes morais. Criador do Método Socrático, técnica de ensino e pesquisa que faz
uso da dialética.
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Aristóteles
Aluno de Platão, desenvolveu trabalhos sobre a observação sistemática da natureza
e fenômenos físicos. Aristóteles desenvolve também estudos sobre objetos
imateriais, a partir desses estudos, dá início a metafísica.

Período Pós-Socrático
Período correspondente ao fim do período Clássico até o começo da Idade Média.
Nesse período a Grécia perde a hegemonia sobre os estudos e produções
filosóficas. As principais escolas são:

Epicurismo
Escola fundada por Epicuro, os epicuristas creem que o bem é originário da prática
da virtude e para que o indivíduo encontre o prazer, tanto o corpo quanto a alma
devem evitar o sofrimento.

Ceticismo
Os ceticistas adotam uma postura de dúvida diante de todo e qualquer
conhecimento, para esses filósofos não é possível que se tenha certeza sobre
nenhum conhecimento.

Estoicismo
Defendem o uso da razão a qualquer custo. Todo sentimento, emoção e prazer
devem ser deixados de lado. Principais nomes: Zenão de Cítio e Sêneca.

Cinismo
Os filósofos deveriam assumir uma postura de distanciamento e desprezo pelos
bens materiais. Consideravam que a felicidade era conquistada através da virtude.
Principal nome: Antístenes.

Pensamento Medieval
Momento em que a filosofia foi bastante influenciada pela Igreja Católica. As
correntes de pensamento são teocêntricas, em que o pensamento religioso define e
influencia as formas de sentir, ver, pensar e fazer ciência. Os principais nomes são:

Santo Agostinho
O conhecimento é de origem divina, portanto, as verdades e explicações sobre o
mundo devem ser encontradas nas palavras de Deus.

São Tomás de Aquino


Considerado o pai da filosofia escolástica defende o uso de explicações que unem a
fé e a razão científica. A corrente escolástica retoma os pensamentos clássicos de
Platãoe Aristóteles.

Filosofia Moderna
Com o Renascimento Cultural e científico, a filosofia deixa de ser feita a partir de
pensamentos religiosos, a razão e ciência ganham destaques nas maneiras de
pensar.

No período iluminista, a razão e o uso de métodos científicos são considerados os


únicos meios para se obter conhecimento. As principais correntes e nomes são:
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Cartesianismo
A razão e a matemática são as únicas bases para o conhecimento. Principal nome:
René Descartes.

No período Iluminista
 Montesquieu: crítico das monarquias absolutistas e criador da separação dos
poderes em executivo, legislativo e judiciário.
 Diderot: elaborou uma filosofia baseada nos saberes das ciências exatas,
iniciando o materialismo científico. Ao lado de D´Alembert organizou uma
enciclopédia.
 D'Alembert: realizou trabalhos matemáticos como forma de explicar o mundo
e a natureza.
 Rousseau: afirma que o homem nasce bom, mas ao longo da vida é
corrompido pela sociedade, tornando-se, portanto mau. É também um dos
importantes filósofos do contratualismo, que explica o surgimento do Estado e
sociedades a partir dos contratos sociais.

Outros pensadores
1. Marx: Usa o método dialético para desenvolver sua filosofia político
econômica, com foco nas relações de trabalho.
2. Friederich Nietzsche: Crítico do modelo social representado pelo
cristianismo e os valores, cultura e padrões ocidentais.

Filosofia Contemporânea
No decorrer do século XX, várias correntes filosóficas ganharam espaço, como as
interpretações do marxismo, que surgiram com Antonio Gramsci, Gyorgy Lukács e
Louis Althusser.

Os pensadores Michel Foucault e Sartre também escreveram sobre os mais


variados assuntos.

Michel Foucault escreveu obras sobre sexualidade, loucura e relações de poder.


Jean Paul Sartre dá voz a angústia humana na corrente do existencialismo. A
filosofia contemporânea é marcada pelo foco no indivíduo e as relações
estabelecidas entre seres humanos e entre realidades sociais.

Os discursos educacionais
O discurso educacional empregado nas salas de aula, pelos professores, são
responsáveis por grande parte da formação das crianças em sua fase de formação
cognitiva, principalmente, nas fases iniciais do ensino formal. Isso ocorre por que o
professor, na escola, é o modelo de adulto que a criança tem referência, e nele se
espelhará muitas vezes.

Por isso, a responsabilidade do professor de educação infantil e das séries iniciais


são decisivos durante toda a carreira acadêmica da criança de sua formação da
cidadania, claro que os pais têm maior responsabilidade nesse processo, porém não
é possível ignorar a ação dos professores nesse processo, mas quanto a isso, será
necessário um outro momento para discutir.
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Todo sistema educacional traz em si uma forma política de manter ou de libertar a


apropriação de discursos, faz isso com o auxílio dos poderes controladores que
trazem em sua essência institucional. Desse modo, o discurso educacional
empregado nas salas de aula, pelos professores, são responsáveis por grande parte
da formação das crianças em sua fase de formação cognitiva.

Isso ocorre por que o professor, na escola, é o modelo de adulto que a criança tem
referência, e nele se espelhará muitas vezes. Por isso, a responsabilidade do
professor de educação infantil e das séries iniciais é decisiva para toda a carreira
acadêmica da criança e para a formação da sua cidadania, claro que os pais têm
maior responsabilidade nesse processo, porém não é possível ignorar a ação dos
professores nesse ínterim, mas quanto a isso, seria necessário um outro espaço
para discussão.

Segundo Ruth Amossy, a construção de um discurso e sua aceitação se


desenvolvem por meio de estereotipagem, ou seja, o destinatário do discurso avalia
a mensagem veiculada a partir de um modelo pré-construído dentro de categorias
por ele difundida e no interior da qual ele a classifica. Em outras palavras, o público
não avalia apenas o discurso, mas o lugar do qual ele é produzido (AMOSSY, 2005,
p. 125-126).

Sendo assim, se o produtor do discurso é um professor, socialmente, seu


posicionamento estereotípico é de autoridade, por isso tem grande peso e
importância o que ele diz. Daí a autoridade, a validação e o compromisso do
discurso do profissional da educação.

O papel da Educação no contexto social.

Qual é a verdadeira função social da escola na formação dos alunos?


O primeiro contato com a educação e o desenvolvimento social que uma pessoa tem
é em casa, com a família. Porém, cedo ou tarde, é preciso ampliar o conhecimento
desta para além do lar. É necessário fazê-la entender como funciona uma
sociedade, qual é o seu papel nela e o que aprender para adquirir conhecimentos
básicos para construir uma boa carreira.

Contudo, a verdade é que um estudante, nos dias atuais, consegue encontrar


qualquer conteúdo. Logo, se um jovem não precisa mais estar necessariamente em
um ambiente de ensino para aprender conteúdos básicos para sobreviver ao dia a
dia — como saber se comunicar, ler, fazer contas básicas etc.

A escola enquanto transformadora social


Antes de tudo é preciso entender que a escola precisa ser mais que um lugar que
transmite conteúdos engessados e espera que os alunos saiam por aí reproduzindo-
os. A educação existe para ensinar a criança a desenvolver suas percepções de
mundo. Isso pode ser feito por meio de diálogos, questionamentos e respeito ao
próximo, e não apenas por quadros- negros, livros e avaliações.

Muito além de se formar sabendo toda a tabuada de cor, o aluno precisa entender
quais são suas responsabilidades, direitos e deveres com a sociedade e ter
autonomia para executá-los. Ele precisa se tornar um cidadão autônomo que sabe
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se posicionar ideologicamente, socialmente e politicamente e desenvolver tais


noções apenas dentro de casa é limitante.

Com isso, uma pergunta que gostaríamos de fazer a você é a seguinte: sua escola
está preparada para educar essa nova geração de crianças? Bem, não se preocupe,
é para isso que estamos aqui. Confira abaixo quais são as reais funções sociais da
escola e como aplicá-las.

Desenvolver o pensamento crítico do aluno


Métodos de obediência extrema, apesar de sempre questionáveis, não funcionam
tão bem quanto antigamente. A nova geração de alunos costuma ser instigada por
todos os lados e mídias. As redes sociais permitem que eles possam se expressar
com mais propriedade e até mesmo as novelas mais jovens fomentam discussões
sobre temas importantes como sexo, drogas, desigualdades sociais e de gênero etc.

Logo, não é de se espantar que eles exijam respostas bem mais complexas do que
um simples “porque não”. É por isso que o papel da escola, nesse ponto, é treinar
seus alunos para que eles consigam construir e desenvolver seus próprios
argumentos e opiniões, e não impor a eles alguns preceitos que se formam a partir
de frases feitas.

Um bom ambiente escolar tem a função social, então, de desenvolver o pensamento


crítico do aluno. De fazê-lo pensar fora da caixa e reconhecer que, em várias
situações cotidianas, não existem somente o “certo e o errado”. Assim, o estudante
se torna ativo frente a sociedade, e não passivo. Ou seja: ele deixa de ser um robô
para assumir a posição de um indivíduo questionador que não leva qualquer coisa
para casa.

Formar cidadãos capazes de construir uma sociedade mais justa


A função social da escola na formação do aluno enquanto cidadão é prepará-lo para
a sociedade atual. Conectando o conhecimento com as vivências do aluno. Durante
uma aula, por exemplo, o estudante tem a oportunidade de aprender algo enquanto
se socializa com outros indivíduos de diversas idades, classes sociais, etnias,
histórias, etc. Isso faz com que ele aprenda que, no mundo, existem diferenças entre
as pessoas e que estas devem ser respeitadas.

Além disso, ao poder formar amizades que vão além de seus parentes e vizinhos, a
criança consegue desenvolver qualidades importantes como generosidade,
coletividade e empatia. Assim, um bom ambiente escolar instiga os alunos a
conviverem socialmente entendendo que, para que as relações sejam saudáveis, é
preciso exercer algumas práticas de socialização que vão além de regras
incontestáveis e já preestabelecidas. Afinal, cada pessoa tem suas particularidades.

Ensinar os alunos a entenderem seus direitos e deveres


Toda sociedade possui, é claro, regras de convivência que precisam ser obedecidas
para que todos sejam tratados, na medida do possível, de forma justa e igualitária.
Sendo assim, é importante entender que a função básica de uma escola do século
XXI é fornecer recursos que garantam conhecimentos e valores necessários à
formação de um cidadão que saiba quais são seus deveres, mas, além disso, que
também entenda seus direitos.
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Para isso, o ensino pode transmitir conhecimentos que vão além de um conteúdo
padronizado. É o caso da realização de dinâmicas como debates, rodas de
discussão, aplicação das regras de convívio a partir de acordos que beneficiem
ambas as partes, ou da aplicação de materiais didáticos contextualizados. Estes
abordam assuntos do dia a dia de forma mais próxima da realidade dos alunos,
tornando essas dinâmicas ainda mais interessantes.

Dessa forma, os alunos aprendem a importância de seguirem tais regras e, é claro,


de exigi-las também.

Desenvolver potencialidades físicas e socioemocionais do estudante


Um dos papéis fundamentais da escola é preparar seus alunos para os desafios da
vida. Mais do que preparar o estudante para a vida profissional, ela é responsável
por desenvolver e exercitar as potencialidades físicas e socioemocionais deles.

Por meio de dinâmicas, avaliações, eventos etc., o educador consegue desenvolver


diversos traços em cada estudante como responsabilidade, autoconhecimento,
disciplina, empatia, senso crítico, autoconfiança, autocontrole, entre outros.

É o caso de ensinar os deveres para a escola e para o colega, mostrar a importância


de cumpri-los e, principalmente, deixá-lo seguro e fazê-lo entender que é capaz de
assumir suas responsabilidades.

Além de exercitar a mente, um aluno em ambiente escolar, seja ele de classe média
ou baixa, também consegue exercitar seu corpo e aprender que atividades físicas
são tão importantes para a saúde quanto o conhecimento.

No mais, pensar na função social da escola na formação dos alunos implica em


entender que ela é essencial para a criança porque consegue educá-la e transformá-
la em um indivíduo capaz de viver em sociedade.

Ela faz com que as pessoas consigam entender por que certas demandas existem e,
a partir disso, criar seu próprio senso crítico e passarem a andar com as próprias
pernas. Engana-se quem pensa que o ambiente escolar serve apenas para
transmitir conteúdos básicos cobrados no ENEM de uma forma automática e
superficial.

TENDENCIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS


1. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS
Segundo LIBÂNEO (1990), a pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem
por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo
com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos
valores e normas vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da
cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as
classes sociais não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a idéia
de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.

TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL


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Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tradicional se caracteriza por


acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De acordo com essa escola
tradicional, o aluno é educado para atingir sua plena realização através de seu
próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são consideradas e
toda a prática escolar não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno.

Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a idéia de que o ensino consiste em


repassar os conhecimentos para o espírito da criança é acompanhada de outra: a de
que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, sem levar em
conta as características próprias de cada idade. A criança é vista, assim, como um
adulto em miniatura, apenas menos desenvolvida.

No ensino da língua portuguesa, parte-se da concepção que considera a linguagem


como expressão do pensamento. Os seguidores dessa corrente lingüística, em
razão disso, preocupam-se com a organização lógica do pensamento, o que
presume a necessidade de regras do bem falar e do bem escrever. Segundo essa
concepção de linguagem, a Gramática Tradicional ou Normativa se constitui no
núcleo dessa visão do ensino da língua, pois vê nessa gramática uma perspectiva
de normatização lingüística, tomando como modelo de norma culta as obras dos
nossos grandes escritores clássicos. Portanto, saber gramática, teoria gramatical, é
a garantia de se chegar ao domínio da língua oral ou escrita.

Assim, predomina, nessa tendência tradicional, o ensino da gramática pela


gramática, com ênfase nos exercícios repetitivos e de recapitulação da matéria,
exigindo uma atitude receptiva e mecânica do aluno. Os conteúdos são organizados
pelo professor, numa seqüência lógica, e a avaliação é realizada através de provas
escritas e exercícios de casa.

TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA


Segundo essa perspectiva teórica de Libâneo, a tendência liberal renovada (ou
pragmatista) acentua o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões
individuais.

A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assumir seu papel na
sociedade, adaptando as necessidades do educando ao meio social, por isso ela
deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a atividade pedagógica estava
centrada no professor, na escola renovada progressivista, defende-se a idéia de
“aprender fazendo”, portanto centrada no aluno, valorizando as tentativas
experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, etc,
levando em conta os interesses do aluno.
Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma atividade de
descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas um meio
estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno, através da
descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para
ser empregado em novas situações. É a tomada de consciência, segundo Piaget.

No ensino da língua, essas ideias escolanovistas não trouxeram maiores


consequências, pois esbarraram na prática da tendência liberal tradicional.

TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA


Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação de atitudes, razão pela


qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os
pedagógicos ou sociais. Todo o esforço deve visar a uma mudança dentro do
indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.

Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se aprende o que estiver


significativamente relacionado com essas percepções. A retenção se dá pela
relevância do aprendido em relação ao “eu”, o que torna a avaliação escolar sem
sentido, privilegiando-se a auto-avaliação. Trata-se de um ensino centrado no aluno,
sendo o professor apenas um facilitador. No ensino da língua, tal como ocorreu com
a corrente pragmatista, as idéias da escola renovada não-diretiva, embora muito
difundidas, encontraram, também, uma barreira na prática da tendência liberal
tradicional.

TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA


A escola liberal tecnicista atua no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o
sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto,
emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia
comportamental. Seu interesse principal é, portanto, produzir indivíduos
“competentes” para o mercado de trabalho, não se preocupando com as mudanças
sociais.

Conforme MATUI (1988), a escola tecnicista, baseada na teoria de aprendizagem S-


R, vê o aluno como depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser
acumulados na mente através de associações. Skinner foi o expoente principal
dessa corrente psicológica, também conhecida como behaviorista. Segundo
RICHTER (2000), a visão behaviorista acredita que adquirimos uma língua por meio
de imitação e formação de hábitos, por isso a ênfase na repetição, nos drills, na
instrução programada, para que o aluno for me “hábitos” do uso correto da
linguagem.

A partir da Reforma do Ensino, com a Lei 5.692/71, que implantou a escola


tecnicista no Brasil, preponderaram as influências do estruturalismo lingüístico e a
concepção de linguagem como instrumento de comunicação. A língua – como diz
TRAVAGLIA (1998) – é vista como um código, ou seja, um conjunto de signos que
se combinam segundo regras e que é capaz de transmitir uma mensagem,
informações de um emissor a um receptor. Portanto, para os estruturalistas, saber a
língua é, sobretudo, dominar o código.

No ensino da Língua Portuguesa, segundo essa concepção de linguagem, o


trabalho com as estruturas lingüísticas, separadas do homem no seu contexto social,
é visto como possibilidade de desenvolver a expressão oral e escrita. A tendência
tecnicista é, de certa forma, uma modernização da escola tradicional e, apesar das
contribuições teóricas do estruturalismo, não conseguiu superar os equívocos
apresentados pelo ensino da língua centrado na gramática normativa. Em parte,
esses problemas ocorreram devido às dificuldades de o professor assimilar as
novas teorias sobre o ensino da língua materna.

2. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS


Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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Segundo Libâneo, a pedagogia progressista designa as tendências que, partindo de


uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades
sociopolíticas da educação.

TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA

As tendências progressistas libertadora e libertária têm, em comum, a defesa da


autogestão pedagógica e o antiautoritarismo. A escola libertadora, também
conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, vincula a educação à luta e
organização de classe do oprimido. Segundo GADOTTI (1988), Paulo Freire não
considera o papel informativo, o ato de conhecimento na relação educativa, mas
insiste que o conhecimento não é suficiente se, ao lado e junto deste, não se elabora
uma nova teoria do conhecimento e se os oprimidos não podem adquirir uma nova
estrutura do conhecimento que lhes permita reelaborar e reordenar seus próprios
conhecimentos e apropriar-se de outros.

Assim, para Paulo Freire, no contexto da luta de classes, o saber mais importante
para o oprimido é a descoberta da sua situação de oprimido, a condição para se
libertar da exploração política e econômica, através da elaboração da consciência
crítica passo a passo com sua organização de classe. Por isso, a pedagogia
libertadora ultrapassa os limites da pedagogia, situando-se também no campo da
economia, da política e das ciências sociais, conforme Gadotti.

Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora deve decorrer da


codificação de uma situação-problema que será analisada criticamente, envolvendo
o exercício da abstração, pelo qual se procura alcançar, por meio de representações
da realidade concreta, a razão de ser dos fatos. Assim, como afirma Libâneo,
aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real
vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa
realidade. Portanto o conhecimento que o educando transfere representa uma
resposta à situação de opressão a que se chega pelo processo de compreensão,
reflexão e crítica.

No ensino da Leitura, Paulo Freire, numa entrevista, sintetiza sua idéia de


dialogismo: “Eu vou ao texto carinhosamente. De modo geral, simbolicamente, eu
puxo uma cadeira e convido o autor, não importa qual, a travar um diálogo comigo”.

TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA

A escola progressista libertária parte do pressuposto de que somente o vivido pelo


educando é incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber
sistematizado só terá relevância se for possível seu uso prático. A ênfase na
aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda forma de repressão, visam a
favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres. No ensino da língua, procura
valorizar o texto produzido pelo aluno, além da negociação de sentidos na leitura

TENDÊNCIA PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS


Conforme Libâneo, a tendência progressista crítico-social dos conteúdos,
diferentemente da libertadora e libertária, acentua a primazia dos conteúdos no seu
confronto com as realidades sociais. A atuação da escola consiste na preparação do
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aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por


meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação
organizada e ativa na democratização da sociedade.

Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio da aprendizagem


significativa, partindo do que o aluno já sabe. A transferência da aprendizagem só se
realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e
confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora.

3. TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PÓS-LDB 9.394/96

Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.º 9.394/96,


revalorizam-se as ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon. Um dos pontos em comum
entre esses psicólogos é o fato de serem interacionistas, porque concebem o
conhecimento como resultado da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De
acordo com ARANHA (1998), o conhecimento não está, então, no sujeito, como
queriam os inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, mas resulta da
interação entre ambos.

Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo essa perspectiva interacionista,


a leitura como processo permite a possibilidade de negociação de sentidos em sala
de aula. O processo de leitura, portanto, não é centrado no texto, ascendente,
bottom-up, como queriam os empiristas, nem no receptor, descendente, top-down,
segundo os inatistas, mas ascendente/descendente, ou seja, a partir de uma
negociação de sentido entre enunciador e receptor. Assim, nessa abordagem
interacionista, o receptor é retirado da sua condição de mero objeto do sentido do
texto, de alguém que estava ali para decifrá-lo, decodificá-lo, como ocorria,
tradicionalmente, no ensino da leitura.

As idéias desses psicólogos interacionistas vêm ao encontro da concepção que


considera a linguagem como forma de atuação sobre o homem e o mundo e das
modernas teorias sobre os estudos do texto, como a Linguística Textual, a Análise
do Discurso, a Semântica Argumentativa e a Pragmática, entre outros.

A formação do professor

Formação de professores é um termo amplo, que pode se referir tanto à formação


básica quanto à formação complementar ou continuada.

Podemos definir a formação básica de professores como o processo obrigatório para


que esse profissional esteja habilitado a dar aulas.

No Brasil, esse processo corresponde à aprovação no curso de Pedagogia para


lecionar em classes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental; e licenciatura para
lecionar a partir do 6º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

A licenciatura deve corresponder à área em que o professor pretende atuar, como


História, Matemática, Letras, Geografia e Ciências.
Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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Em geral, os cursos envolvem aulas teóricas, práticas e estágio, que deve ser
supervisionado por professores experientes, coordenadores e diretores das escolas.

Já a formação complementar pode incluir seminários, workshops e cursos livres na


área de interesse do profissional, além de pós-graduação.

Junto a treinamentos para reciclagem, especialização, mestrado, doutorado e MBA


também podem fazer parte da formação continuada.

O que é formação continuada?


Como o nome sugere, formação continuada descreve a busca constante por
aprimoramento profissional.

Ela pode se dar através de uma série de metodologias e atividades, ferramentas, de


forma presencial ou a distância.

Cursos de reciclagem, pós-graduação, palestras, workshops, eventos e mecanismos


de avaliação, como provas, são exemplos de instrumentos de formação continuada
para professores.

Recentemente, a formação continuada ganhou destaque por marcar presença na


Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – um dos principais documentos
normativos que definem o conjunto de aprendizagens essenciais aos alunos
brasileiros.

O que é preciso para ser um bom professor?


É preciso mais do que vocação e afinidade com o ensino para ser um bom
professor.

Na prática, esse profissional deve desenvolver habilidades cognitivas, sociais e


emocionais para que visualize e implemente respostas criativas às demandas do dia
a dia.

Em resumo, vale investir em uma somatória de competências que permeiam


diversas áreas do conhecimento, desde liderança até linguagens e ética.

Claro que não existe uma receita pronta para ser um professor eficiente, mas
podemos utilizar estudos atuais como ponto de partida.

A seguir, listamos 10 grupos de competências apontadas pelo autor suíço Philippe


Perrenoud, reconhecido por analisar essa temática sob o prisma da Pedagogia:

1. Organização e direção das situações de aprendizagem


2. Administração da progressão das aprendizagens
3. Concepção e empenho para que os dispositivos de diferenciação evoluam
4. Envolvimento dos alunos em sua aprendizagem e trabalho
5. Trabalho em equipe
6. Participação da administração da escola
7. Envolvimento dos pais
8. Utilização de novas tecnologias
Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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9. Enfrentamento dos deveres e dilemas éticos da profissão


10. Manutenção da própria formação contínua.

Reflexões e debates

EDUCAÇÃO COMO TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE


Não há uma pedagogia que esteja isenta de pressupostos filosóficos. É possível
compreender a educação dentro da sociedade, com seus determinantes e
condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar pela sua democratização.

Para tanto, importa interpretar a educação como uma instância dialética, que serve a
um projeto, a um modelo, a um ideal de sociedade. Ela trabalha para realizar esse
projeto na prática. Assim, se o projeto for conservador, medeia a conservação,
contudo se o projeto for transformador, medeia a transformação; se o projeto for
autoritário, medeia a realização do autoritarismo; se o projeto for democrático,
medeia a realização da democracia.

Do ponto de vista prático trata-se de retomar vigorosamente a luta contra a


seletividade, a discriminação e o rebaixamento do ensino das camadas populares.
Lutar contra a marginalidade, através da escola, significa engajar-se no esforço para
garantir aos trabalhadores um ensino da melhor qualidade possível nas condições
históricas atuais.

O papel de uma teoria crítica da educação é dar substância concreta a essa


bandeira de luta, de modo a evitar que ela seja apropriada e articulada com os
interesses dominantes? ( in Saviani).

A educação como transformadora da sociedade recusa-se tanto ao otimismo


ilusório, quanto ao pessimismo imobilizador. Por isso, propõe-se compreender a
educação dentro de seus condicionantes e agir estrategicamente para a sua
transformação. Propõe-se desvendar e utilizar das próprias contradições da
sociedade, para trabalhar criticamente pela sua transformação. Quando não
pensamos, somos pensados e dirigidos por outros.

Como a escola pode ajudar na formação de professores?


Principal ambiente de trabalho dos docentes, a escola pode estimular a formação
continuada desses profissionais.

Mais uma vez, não existe uma fórmula que tenha sucesso em todas as instituições,
já que cada uma tem seus pontos fortes e fracos.

Então, o primeiro passo deve ser o levantamento daquilo que precisa ser melhorado,
seguido de uma análise de prioridades.

13 princípios para formação de professores


A tarefa de formar professores é bem-sucedida a partir de dois pontos-chave:
docentes qualificados para compartilhar conhecimento com seus pares e um plano
de carreira digno, que proporcione crescimento e reconhecimento profissional.
Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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Vamos começar falando sobre os docentes qualificados, que têm uma grande
responsabilidade em mãos: formar novos professores competentes, éticos e
inspiradores.

Para tanto, esse profissional pode se basear nas características citadas na obra de
Paulo Freire, um dos maiores estudiosos sobre a Educação do século XX e
referência para o desenvolvimento de diversos materiais do Ministério da Educação
(MEC).

Com uma visão ampla e inclusiva, Freire aponta que o exercício da docência na
atualidade pede:

Rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade,


ética e estética, corporificar as palavras pelo exemplo, assumir riscos, aceitar o
novo, rejeitar qualquer forma de discriminação, reflexão crítica sobre a prática,
reconhecimento e assunção da identidade cultural, ter consciência do inacabamento,
reconhecer-se como um ser condicionado, respeitar a autonomia do ser educando,
bom senso, humildade, tolerância, convicção de que mudar é possível, curiosidade,
competência profissional.

Sobre o segundo ponto – um plano de carreira digno -, vale recordar 13 princípios


descritos na Resolução nº 2/2009, que fixou as diretrizes nacionais para os Planos
de Carreira e Remuneração dos Profissionais do Magistério da Educação Básica
Pública.

Apesar de serem direcionados ao ensino público, os princípios também podem servir


como parâmetro para o desenvolvimento de mecanismos de aprimoramento na rede
particular.

A seguir, confira 13 apontamentos baseados na legislação:

1º) Atenção aos conteúdos


Uma educação fundamentada em valores democráticos parte da seleção de
conteúdos adequados, que ofereçam uma perspectiva plural a respeito dos mais
variados assuntos.

Por isso, a Resolução nº 2/2009 exige a promoção de conteúdos que valorizem


trabalho, a diversidade cultural e a prática social, empregando o investimento
necessário para apoiar o aprendizado efetivo.

2º) Qualidade da ação educativa


A legislação do MEC sustenta o acesso à carreira por concurso público de provas e
títulos, a fim de garantir que apenas profissionais qualificados ensinem nas escolas
públicas.

Na rede particular, esse processo pode se dar através de uma seleção rigorosa, que
englobe não apenas a avaliação da capacitação técnica, mas também competências
socioemocionais e didáticas.

3º) Remuneração digna


Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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Embora a carreira como docente pressuponha vocação e missão de vida


relacionada à troca de conhecimentos, a remuneração continua sendo um fator
importante.

Sem um salário que esteja alinhado à dedicação e formação, fica difícil manter
profissionais bem preparados nas instituições de ensino.

Na esfera pública, a remuneração deve corresponder ou superar o valor do piso


salarial, contido na Lei nº 11.738/2008.

Já as entidades particulares podem seguir os valores publicados por sindicatos de


seu estado.

4º) Valorização e reconhecimento


O quarto princípio prevê o fomento de ações para equiparar a carreira docente a
outras com formação semelhante, chamando a atenção para a necessidade de
reconhecer a relevância do trabalho dos professores.

Sem eles, a disseminação de conhecimento e a formação de profissionais de todos


os setores econômicos ficariam seriamente prejudicados.

5º) Progressão na carreira


A proposta deste princípio é que exista, de fato, um plano de carreira para os
professores, com etapas claras quanto ao desenvolvimento e recompensas (salário
maior, benefícios, responsabilidades, gratificações, etc.).

Esse fator aumenta o engajamento e possibilita aos educadores planejarem a sua


trajetória profissional, traçando metas para alcançar objetivos.

6º) Tempo de serviço


No ensino público, existe a premissa de considerar o tempo de serviço junto a outros
componentes para promover os professores.

Essa política pode ser avaliada ou adaptada na rede particular, valorizando os


funcionários que se dediquem mais ao trabalho.

7º) Jornada de trabalho


Ao contrário do que ocorre na maioria das profissões, a jornada dos docentes
precisa incluir tempo para estudo e planejamento das aulas.

Assim, o MEC recomenda que o período lecionando não ultrapasse 40 horas


semanais, a fim de evitar jornadas extenuantes e o comprometimento da saúde
mental dos professores.

8º) Local de trabalho


A legislação fala em incentivo à dedicação exclusiva em uma única unidade escolar
da rede pública.
Credenciada pela Portaria MEC nº 193, de 03/02/2017, publicada no D.O.U de 06/02/2017.
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Claro que o professor é livre para assumir aulas em mais de uma instituição,
contudo, é importante que seu trabalho principal agregue as condições e renda
suficiente para uma vida digna.

9º) Apoio à qualificação


Aqui, se encaixam os investimentos, financeiros ou não, na formação continuada
para os professores.

O MEC sugere que isso seja feito por meio da integração dos sistemas de ensino às
políticas nacionais e estaduais, resultando no aprimoramento presencial ou a
distância.

10º) Saúde do trabalhador


Este princípio reforça o zelo necessário para erradicar doenças profissionais entre
os docentes, a exemplo de males que afetam as cordas vocais.

11º) Participação no planejamento escolar


Os professores devem ser chamados a opinar na elaboração, execução e avaliação
do projeto político-pedagógico das escolas, fornecendo um ponto de vista prático.

12º) Transferências
Antes de transferir um docente para outra unidade escolar ou departamento, é
essencial levar em consideração se há benefícios para ele e para os alunos.

13º) Flexibilidade
O último princípio fala sobre o respeito aos interesses do professor, que pode
solicitar a transferência para outros locais, sem prejuízo na carreira pública.

Referencias básica

ARANHA, M. L. A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.


BONJOUR, L.; BAKER, A. Filosofia: textos fundamentais comentados. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
CAMOZZATO, B. Filosofia da Educação. Soluções Educacionais Integradas,
SAGAH, 2019.
CHAUÍ, M. de S. Convite à filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo : Paz e Terra, 1996.
PERISSÉ, G. Introdução à filosofia da educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1985.
SEVERINO, A. J. Educação, ideologia e contra-ideologia. São Paulo: EPU, 1986.
SEVERINO, A. J. Filosofia da Educação: Construindo a cidadania. São Paulo:
FTD, 1994.
GHIRALDELLI, P. Jr. Conflitos básicos: filosofia, filosofia da educação e
pedagogia. In: ______. Filosofia da educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

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