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Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

CPAN - Campus do Pantanal

Ronaldo José dos SANTOS


Prof. Me. Rony M. de Moraes

O autor Edgar Morin, nasceu em 1921, em paris. É Considerado um dos maiores intelectuais
da atualidade. Os seus estudos inter e transdisciplinares foram inicialmente olhados com
desconfiança por grande parte da comunidade científica, tendo chegado a receber, em 1965,
uma “repreensão científica” da direção geral de Pesquisa Científica e Técnica. Em 1999,
lançou a cabeça bem feita: repensar a forma, reformar o pensamento. No primeiro capitulo
fala dos desafios. O autor do livro mostra a necessidade de uma reforma no pensamento, só
será possível a partir de uma reforma no ensino, um dos pontos mais marcantes no
pensamento e de que só através da educação, partindo de uma reforma do ensino que por sua
vez tornar-se pluralista com uma visão global. Também mostra o problema da
hiperespecializaçao que e qualquer outro campo da educação é o resultado que a "excessiva
especialização" no ensino e nas profissões produz "um conhecimento incapaz de gerar uma
visão global da realidade", uma 'inteligência cega'". Tornando o individuo especialista de uma
só área com visão bitolada/limitadas. Que impede de ver o global, o desenvolvimento
disciplinares das ciências que não só trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, mas
também os inconvenientes da superespecializaçao é quando um trabalhador se especializa em
produzir apenas uma peça, um produto de uma longa linha de montagem, sem saber, na
maioria das vezes o que se esta sendo produzido no final dessa linha. Acontece nas fabricas
onde a produção é em serie e existem grandes linhas de montagem. Não só produziram o
conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira, como conseqüência a
mente jovem perdem a aptidões naturais para contextualiza os saberes e integra-lo em seus
conjuntos. O reducionismo e o determinismo eliminam a possibilidade de reflexão e resolução
de alguns problemas pelo ser humano. A hiperespecializaçao provem da separação dos
saberes em disciplinas artificialmente delimitadas.O livro no primeiro capitulo mostra a
inadequação grave entre os saberes separados e fragmentados, e que todo conhecimento
fragmentado nos leva a hiperespecializaçao, impedindo a visão global do conhecimento como
um todo. Mostra a complexidade da globalização quando nos diz: “impossível conhecer as
parte sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo, sem conhecer as partes”, uma
inteligência fracionada impossibilita a compreensão e reflexão, não permitindo a capacidade
de tratar os problemas mais graves, como se nossa inteligência estivesse atrofiada “cega,
inconsciente e irresponsável”. Também nos mostra que a mente humana possui como
qualidade fundamental, a aptidão de contextualizar e integrar, e que por este motivo,
necessitamos sempre desenvolve-la e estimula-la, e não deixar que se paralise e atrofie. Uma
cabeça bem cheia significa uma cabeça empilhada de informações e saberes, sem capacidade
e aptidão de organização dos pensamentos e saberes, enquanto que uma cabeça bem-feita
leva-nos de um modo em geral a uma aptidão para tratar os problemas e maior organização
permitindo ligar os saberes. Quanto mais desenvolvida e a inteligência geral, maior e a
capacidade de tratar problemas especiais, desta forma quando desenvolvemos as aptidões de
nossa mente, estamos permitindo também o melhor desenvolvimento de nossas competências.
Morin coloca que: (...) quanto mais os problemas se tornam multidimensionais, maior a
incapacidade de pensar sua multidimensionalidade; quanto mais a crise progride mais
progride a incapacidade de pensar a crise (op. 15). A contextualização e uma importante
ferramenta no aumento do conhecimento, pois a partir do momento em que todos os campos
dos saberes estão relacionados podemos ver diferentes faces do mesmo problema, e que todas
estas faces interagem e tem suas parcelas de culpa na geração do problema ou são nelas que
os problemas atuam. O autor Edgar Morin afirma que “devemos, pois, pensar o problema do
ensino, considerando, por um lado, o efeito cada vez mais grave da compartimentarão dos
saberes e da incapacidade de articulá-los, uns aos outros; por outro lado, considerando a
aptidão para contextualizar e integrar e uma qualidade fundamental da mente humana, que
precisa ser desenvolvida, e não atrofiada”. Em outra parte do livro “A condição humana”
enfatiza a importância de sabemos, enquanto seres terrestres, a nossa verdadeira condição, de
onde viemos, qual e o nosso locar no universo, como foi o surgimento da vida, para onde
vamos, o que podemos enfrentar no futuro, etc. Sempre reforçando o fato da grande
complexidade que e o ser humano, totalmente biológico e totalmente cultural. “Aprender a
viver” coloca a ética como a questão mais relevante. A ética da compreensão humana. O autor
nos mostra o cenário muito triste em que vivemos atualmente, onde há uma incompreensão,
generalizada entre todas as esferas da sociedade, entre estranhos e entre conhecidos, entre pais
e filhos, entre professores e alunos, etc. Para a solução deste grave problema o autor propõe
estudos interdisciplinares que aliassem a pedagogia, filosofia, psicologia, sociologia, historia
que segundo ele serviriam para trazer a lucidez e a compreensão de que todos somos humanos
e assim também temos mecanismos de egocentrismos e de auto-justificaçao, através da
percepção disto seria mais fácil trabalhar contra o ódio e o racismo, por exemplo. A educação
deveria estar apta a favorecer o senso de cidadania que visa a integração humana. A questão
da globalização é importante para entender que ela é geradora de uma imensa separação de
saberes e desigualdade humana ao mesmo tempo em que também favorece as relações
humanas. Ao entendermos o que é ser cidadão entenderemos que essas desigualdades não
favorecem o ideal de pensamento. A responsabilidade de cidadão acarretaria na reforma de
pensamento que teria conseqüências existenciais, éticas, cívicas e democráticas. Os
professores devem estar dispostos a reformar a maneira de ensino, primeiramente
transformando sua maneira de pensar junto à instituição e a vontade dos alunos. Deve se
enfatizar também a contradição da existência das culturas cientificas e as humanas: a
cientifica é reflexo de uma série de processos empíricos e estudos intelectuais, já a humana é
um conjunto de práticas culturais presentes nas sociedades. O ser humano não esta só inserido
dentro de sua própria natureza, ele é um produto tanto biológico como cultural, um não deve
desprezar os outros. A disciplina tende a dividir e especializar o trabalho em diversas ciências.
O perigo da hiperespecialização nega o senso de responsabilidade daquele que só está
preocupado com a sua área. É indispensável relacionar as áreas de estudos porque às vezes só
achamos as soluções esperadas em um conjunto de ciências. A realidade global não deve ser
ocultada, as disciplinas devem ser integradas, é preciso distingui-las e não separá-las. O
pensamento deve compreender que o conhecimento das partes depende do conhecimento do
todo e que o conhecimento do todo depende das partes. Que reconheça e examine os
fenômenos multidimensionais, em vez de isolar, de maneira devastadora, cada uma de suas
dimensões. Que respeite a diferença, enquanto reconhece a unicidade. É preciso substituir um
pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une. "Enfrentar a
incerteza"... Neste capitulo mostra como primeiro ponto e o mais importante, precisamos
aceitar o destino incerto de cada um e de toda humanidade. O autor vai além e aponta três
princípios de incerteza no conhecimento: O primeiro é cerebral: o conhecimento nunca é
reflexo do real, mas sempre tradução e construção, isto é, comporta o risco de erro; - o
segundo é físico: o conhecimento dos fatos é sempre tributário da interpretação; - o terceiro é
epistemológico: decorre da crise dos fundamentos da certeza, em filosofia, depois em ciência.
Assim, ele deixa claro que precisamos viver com a incerteza em todos os momentos de nossas
vidas, mas, a meu ver isso não significa que não podemos fazer nada diante dos fatos
(negativos) com que nos deparamos no dia-a-dia. Devemos sempre pensar para o bem e ao
mesmo tempo tentar não enganarmos de alguma forma diante dos fatos. Além disso,
precisamos estar atentos ao que ele denominou de "ecologia da ação", ou seja, "toda a ação,
uma vez iniciada, entra num jogo de interações e retroações no meio em que é efetuada, que
podem desviá-la de seus fins e até levar a um resultado contrário do esperado (...)" (p. 61). "A
aprendizagem cidadã", o autor volta a confirmar a minha idéia de que na atualidade, ou
melhor, o mais importante para a educação nos dias atuais é a importância que ela está
assumindo no sentido de estar formando cidadãos no sentido mais amplo da palavra. Ele
menciona a necessidade de atitudes como responsabilidade e solidariedade com a pátria,
entretanto está pátria é formada por um Estado, conseqüentemente por uma
sociedade/comunidade que também são formadas por seres humanos. A Educação de acordo
com as propostas mencionadas por ele nos capítulos anteriores do livro, para os três graus de
ensino, primário, secundário e Universidade. No primário seria estimulado o questionamento,
que nesta época do desenvolvimento do ser humano é natural e, além disso, no meu
entendimento, o autor coloca a necessidade de ensinar a importância da contextualização em
todos os sentidos. De onde viemos, para onde vamos, qual foi a trajetória do desenvolvimento
do Homo sapiens até os dias atuais e este estudo seria realizado de maneira interdisciplinar,
levando em conta psicologia, sociologia, física, química, biologia... No secundário, deveria
ser o momento da aprendizagem do que deve ser a verdadeira cultura e é claro, entender a
cultura que realmente existe. O autor, explica que a "Reforma do pensamento" não é uma
idéia que está surgindo somente agora com seu livro, mas que já tem suas bases na "cultura
das humanidades, na literatura e na filosofia, e é preparada nas ciências". Em resumo,
identificamos dois pontos fundamentais no pensamento de Morin: a urgência da humanização
do homem e a interdisciplinaridade que a meu ver ao mesmo tempo é caminho e fim para se
atingir a humanização do homem e a reforma do pensamento. Fica claro que
interdisciplinaridade traz em seu bojo os quatro preceitos que Morin menciona sobre o quê é e
como seria este novo pensamento, a questão da complexidade e da contextualização. Nela
não existe lugar para pré-conceitos, para a descontextualização, para a falta de discussão, para
o egocentrismo. E aqui está o grande problema, ou o grande desafio a ser superado, deixarmos
o "eu" um pouco de lado e passarmos a utilizar e a viver um pouco mais o "nós" em nossas
vidas, na escola, na universidade, no seio de nossas famílias.

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