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Professor autor/conteudista

MOISÉS STEFANO BAREL


É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer
forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos
ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em
locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação
pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
SUMÁRIO
1. Introdução: a internet e a convergência das mídias tradicionais . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1 Internet: breve histórico mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Internet: breve histórico midiático no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2. Panorama atual da internet no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9


2.1 Disseminação de informações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3. A internet como ferramenta de comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17


3.1 Internet, mídia e jornalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2 Conceito de portal na internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4. Convergência e cenário interativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27


4.1 A chegada do webjornalismo no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2 Principais características do trabalho jornalístico na web . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

5. Jornalismo esportivo através da internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35


5.1 Especificidades técnicas do “novo jornalismo” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.2 Novas possibilidades de trabalhar a notícia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

6. Cobertura de futebol e outros esportes através da internet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45


6.1 O “jornalismo de futebol” no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
6.2 Cobertura midiática de outros esportes no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

7. Jornalismo esportivo: mobilidade e redes sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57


7.1 Jornalismo móvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
7.2 Redes sociais e jornalismo esportivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
1. INTRODUÇÃO: A INTERNET E A CONVERGÊNCIA DAS MÍDIAS
TRADICIONAIS
A criação da internet não é um fenômeno recente. Entretanto, sua popularização e o seu
desdobramento enquanto canal de difusão para todo e qualquer conteúdo possuem cerca de duas
décadas. Desde então, textos, imagens, áudios, vídeos, animações e várias outras espécies de dados
compõem seu arcabouço e são cada vez mais utilizados pela população mundo afora, principalmente
por adolescentes e jovens nascidos nestes tempos marcados por imenso desenvolvimento tecnológico.

Com uma frequência indubitavelmente rápida, todos os segmentos sociais da vida pública
mundial passaram a se integrar através da chamada world wide web (“rede de alcance mundial”,
em tradução livre). Com a imprensa, não seria diferente. Inicialmente, as principais emissoras de TV,
de rádio, jornais e revistas começaram a utilizar esta plataforma como uma espécie de “espelho”
para seus conteúdos anteriormente veiculados nos canais de difusão tradicionais, fossem eles
audiovisuais ou impressos. Posteriormente, veículos de porte médio e pequeno também aderiram
a este processo midiático.

Figura 1 - World wide web

Fonte: vectorEps/ shutterstock.com

Atualmente, porém, as informações veiculadas através da internet e de todas as plataformas


derivadas dela (blogs, vlogs, Twitter, Facebook etc.) não precisam ter como fonte primária,
necessariamente, uma empresa de comunicação. No mundo globalizado e intermediado pelas
novas tecnologias da informação (NTIs), qualquer pessoa pode produzir conteúdos informativos

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ou de entretenimento. Desta forma, ampliou-se o leque de atuação profissional para os próprios
interessados em atuar no jornalismo esportivo – sem dúvida, uma das áreas que mais cresce,
tanto em termos de oportunidades profissionais quanto em termos de aprimoramento intelectual
daqueles que nela militam.

Por conta disso, este texto, idealizado para ser uma espécie de material condutor, tanto no campo
teórico quanto no prático, propõe-se a trabalhar em dez tópicos ou temas ligados ao jornalismo
esportivo com foco em mídias digitais. Ao longo das páginas, você irá aprender sobre a internet e
a convergência das mídias tradicionais, verificar o panorama atual da internet no Brasil e abordar
conceitos de comunicação jornalística específicos para a internet e mídias sociais, além de uma
série de outras informações e reflexões sobre jornalismo esportivo focado em meios digitais.

Figura 2 - O jornalismo digital vive uma hibridização midiática jamais vivenciada

Fonte: <http://www.estaciocarreiras.com.br/wp-content/uploads/2015/10/Jornalismo.jpg>.

1.1 Internet: breve histórico mundial


Corria a metade da década de 1950 e o mundo vivenciava a chamada Guerra Fria, quando, após
o lançamento do satélite Sputnik por parte da antiga União Soviética, os Estados Unidos resolveram
criar um órgão para desenvolver pesquisas tecnológicas. Nasce então a Defense Advanced Research
Projects Agency (“Agência de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa”), com o intuito de gerenciar
um sistema de radares situados ao longo de todo o território norte-americano.

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Figura 3 - Satélite Sputnik

Fonte: intueri/ shutterstock.com

Neste órgão, e em uma entidade ligada a ele e intitulada Information Processing Techniques
Office (“Escritório de Tecnologia de Processamento de Informações”), os pesquisadores Joseph Carl
Robnett e Lawrence Roberts criaram, em 1969, a primeira rede de interconexão de computadores.
Chamaram-na de Arpanet, ou seja, a rede de informática interna da agência de projetos de pesquisa.
Essa rede, segundo seus idealizadores, garantia a defesa de dados informativos na possibilidade
das conexões norte-americanas serem atacadas pela União Soviética.

Conforme Pierre Levy (2009, p. 11), o termo internet, usado para designar uma rede de computadores
mediada por tecnologia TCP/IP, surgiu em 1974, em um artigo científico elaborado na Universidade de
Stanford, nos Estados Unidos. Nove anos depois, portanto em 1983, entrou em operação a primeira
grande rede baseada na tecnologia TCP/IP. Em 1985, essa interconexão beneficiou uma série de
universidades dos Estados Unidos. A utilização comercial dessa rede começou em 1989. A partir
de então, serviços eletrônicos de trocas de mensagens foram criados: o e-mail (correio eletrônico)
foi a ferramenta inicial.

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1.2 Internet: breve histórico midiático no Brasil

Figura 4 - Internet no Brasil

Fonte: <https://i.ytimg.com/vi/wTZFgXPUDGI/maxresdefault.jpg>.

Entre 1987 e 1995, de forma semelhante ao que ocorrera anteriormente nos Estados Unidos, a
internet estava restrita ao mundo acadêmico-científico. Ela não possuía características mercadológicas,
informativas ou de entretenimento. Era compreendida, apenas, como um canal para troca de dados
universitários. Durante a primeira metade da década de 1990, conforme o site Museu do Computador
(<www.museudocomputador.com.br/internet_brasil.php>, acesso em: 30.05.2014), diversas transformações
ocorreram neste cenário.

Entre essas transformações está a implantação de uma conexão intitulada Rede Nacional de
Pesquisas (RNP), por meio da qual, a partir de 1992, era possível a transferência de dados entre
vários estados brasileiros, bem como entre órgãos governamentais e entidades de pesquisa
científica. Conforme o site citado no parágrafo anterior, um ano depois a revista Veja publicou uma
reportagem sobre a internet, destacando as possibilidades de uso verificadas naquela época. Em
1995, foi autorizada pela União a utilização comercial da rede. O jornalismo entraria em cena para
valer. Os esportes também.

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Em termos jornalísticos, o pioneirismo brasileiro na utilização da internet como plataforma para
veiculação de informações pertence ao Jornal do Brasil. Inicialmente, o portal apenas reproduzia
as notícias que haviam sido veiculadas na versão impressa. Um ano depois, em 1996, foi criado o
portal Universo Online (UOL). De imediato, ele trazia informações publicadas pela Folha de S. Paulo,
The New York Times e de uma série de outros conteúdos voltados para os esportes, entretenimento
e consumo.

Figura 5 – Exemplo de artigo no site do JB em 1996

Fonte: <http://www.viuisso.com.br/wp-content/uploads/2010/08/img_jb_01.jpg>.

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2. PANORAMA ATUAL DA INTERNET NO BRASIL

2.1 Disseminação de informações

Figura 6 - “Brasil Digital: futuro em foco 2013”

Fonte: <https://eduardoambrosiodotnet1.files.wordpress.com/2013/11/brazil-digital-future-in-focus-2013.png>.

Conforme informações da pesquisa Brazil Digital: future in focus 2013 (“Brasil Digital: futuro em
foco 2013”), publicada pela consultoria internacional COMScore e disponível para consulta online
(em <http://www.comscore.com/por/Insights/Events_and_Webinars/Webinar/2013/2013_Brazil_Digital_Future_
in_Focus>. Acesso em 11/12/2013), a América Latina responde por 8% dos acessos únicos diários
à internet em todo o mundo. Mais de um terço deste montante é verificado no Brasil. Apenas em
nosso país, são mais de 45 milhões e 800 mil acessos diários, se contabilizarmos apenas a primeira
conexão de cada computador. Estes dados, conforme a COMScore, colocam o Brasil na sétima
posição mundial, em ranking dos dez países com maior quantidade de acesso. A China lidera: 343
milhões de conexões.

A mesma pesquisa indica que o Brasil é o sétimo país em termos de quantidade de visitantes
únicos por mês, o que o torna o maior mercado na América Latina. Em nosso país há aproximadamente
45 milhões e 800 mil usuários mensais, conforme o levantamento da COMScore. Isto equivale a
35% dos usuários na América Latina. Além disso, o mesmo indicador evidencia que, na média, os
usuários latino-americanos (incluindo os brasileiros) ficam cerca de 27 horas por mês conectados
à internet. É importante ressaltar que estes dados e os que virão na sequência são referentes ao
ano de 2012, porém, configuram os últimos disponíveis durante o período de redação do presente
material didático.

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Outro dado interessante evidenciado pela consultoria COMScore refere-se ao perfil dos internautas
brasileiros. De acordo com o levantamento, cerca de 22% de nossos usuários possuem entre 15 e
24 anos. Outros 32% estão situados na casa entre 25 e 43 anos, e 22% possuem entre 35 e 44 anos.
As pessoas com idade variável entre 45 e 54 anos totalizam quase 14% dos usuários mensais de
internet no Brasil. Por fim, os usuários com 55 anos de idade ou mais somam aproximadamente 7,5%.

Também é interessante observar outra nuance deste levantamento: quando verificado o


tempo médio que as pessoas entre 25 e 34 anos passam conectadas à internet mundo afora
(aproximadamente 25 horas), o índice sobe para quase 32 horas, em média, quando levados em
consideração apenas os acessos realizados no Brasil. O mesmo ocorre quando estudada a faixa
etária variável entre pessoas com 35 a 44 anos: na média mundial, elas ficam pouco mais de 20
horas mensais conectadas à internet, enquanto no Brasil este índice sobe para quase 21,5%.

Movimento contrário, porém, é verificado quando as outras faixas etárias são estudadas. Para as
pessoas entre 15 e 24 anos, o tempo de acesso médio mensal é de aproximadamente 25 horas por
mês no mundo. Se considerado apenas o público brasileiro, este tempo cai para pouco mais de 22
horas. Quando estudado o público mundial entre 45 e 54 anos, o tempo de permanência na internet
é superior à 15 horas por mês. Quando estudado apenas o público brasileiro nesta faixa etária, o
tempo de acesso cai cerca de uma hora. Por fim, entre o público com idade superior a 55 anos, a
média de horas de permanência mensal na internet é de quase 15 horas. No Brasil, entretanto, este
índice despenca para pouco mais de 7 horas.

Figura 7 - É cada vez maior o número de brasileiros que acessam a rede mundial de computadores, conforme o
levantamento Brazil digital: future in focus 2013

Fonte: niroworld/ shutterstock.com

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O mesmo levantamento indica que os usuários brasileiros estão praticamente divididos de
forma igualitária: 51% são mulheres e 49% são homens. É interessante observar, ainda, como está
distribuído o tempo médio gasto pelos brasileiros na internet, no que tange aos acessos conforme
as regiões do país. Na Região Norte, as pessoas passam, em média, 24,7 horas por mês conectadas;
no Nordeste, 25,3 horas; no Centro-Oeste, 24,4; na Região Sudeste 23,6 e, no Sul, o tempo médio é
de 26,4 horas.

O mesmo levantamento indica que os estados da Região Norte responderam por 4,7% do
total de acessos à internet no Brasil, no ano de 2012. A Região Nordeste fica com 13,4% do total
de acessos. No Centro-Oeste, o índice fica em torno de 8,8%. No Sul, o número ficou em 18,2% ao
longo de 2012. Naquele mesmo ano, os estados da Região Sudeste totalizaram 54,9% dos acessos
à internet. Os dados indicam que, pelos próximos anos, essa distribuição quantitativa não deve ser
alterada significativamente.

Ainda conforme o levantamento Brazil Digital: future in focus 2013, ao longo de 2012 os brasileiros
ficaram, em média, quase dez horas conectados às redes sociais, enquanto que no mundo essa
média foi de aproximadamente 5 horas e 30 minutos. As plataformas sociais com maior quantidade
de acessos no Brasil foram o Facebook, com quase 44 milhões de visitantes únicos naquele ano,
e o Twitter, com pouco mais de nove milhões de visitantes únicos. Além disso, a pesquisa indica
que a visualização de vídeos ultrapassa a casa dos 130 milhões por ano.

Com essas informações, a pesquisa realizada pela consultoria COMScore concluiu que o Brasil
é o mercado mais participativo em internet e mídias sociais na América Latina, seja para consumo
informativo através dos mais diversos assuntos – esportes, política, economia, ciência etc. – ou para
o entretenimento por meio de vídeos, imagens ou conteúdos textuais. O acesso à mídia brasileira
também muda constantemente e a visualização de páginas por meio de smartphones ou tablets
aumenta rapidamente. Ainda sobre esse levantamento da COMScore, vejamos abaixo uma notícia
publicada pelo site Hytrade.

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CURIOSIDADE

“No Brasil, esportes ajudam a impulsionar o uso da web


Figura 8 – Esportes e o uso da web

Fonte: ThomasDeco / shutterstock.com

Os usuários da internet no Brasil gastam tempo online em sites de notícias e em blogs

De acordo com dados da comScore, 88,4% dos usuários da internet no Brasil visitaram sites de notícias
e de informações, classificando o país em primeiro lugar entre os BRICS e acima do âmbito mundial de
76,1% dos usuários da internet.

Com uma média de 60,7 minutos por visitante, os usuários da internet no Brasil gastam mais do dobro
do tempo online em sites de notícias do que os russos e ainda significativamente mais do que os
indianos e chineses.

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Tabela 1 – Categorias selecionadas de sites visitados por usuários da internet em BRICS e em todo o mundo,
março de 2013

% de penetração e média de Brasil Rússia China Índia Todo o


minutos por visitante Mundo

Notícias/Informação

% penetração 88,4% 70,9% 61,1% 56,8% 76,1%

Média de minutos por visitante 60,7 28,8 50,4 33,5 69,7

Blogs

% penetração 83,0% 46,0% 28,0% 49,0% 53,0%

Média de minutos por visitante 50,1 51,3 31,0 29,6 55,1

Esportes

% penetração 53,0% 24,0% 20,0% 26,0% 38,0%

Média de minutos por visitante 50,1 51,3 31,0 29,6 55,1

Viagens

% penetração 37,0% 30,0% 25,0% 38,0% 36,0%

Média de minutos por visitante 15,9 25,9 15,4 26,7 25,6

Imóveis

% penetração 14,0% 17,0% 19,0% 8,0% 18,0%

Média de minutos por visitante 16,6 15,3 17,4 16,9 27,8

Nota: idade 15+ acessando a internet de casa ou de PC no trabalho

Fonte: COMScore Media Matrix, 2013, India Digital Future in Focus, 22 de agosto de 2013.

Os usuários da internet no Brasil também lideraram o uso de sites de blogs e de esportes por margens
ainda maiores, com 83% e 53% de penetração, respectivamente, em comparação com 49% e 26% para
a Índia, 46% e 24% para a Rússia e 28% e 20% para a China. Entretanto, a diferença da penetração e do
tempo gasto diminuiu significativamente no que diz respeito à navegação em sites de viagens e de
imóveis.

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Em fevereiro de 2013, a Kantar Media Sports e a TV Sports Market pesquisaram os usuários da internet
no Brasil, especificamente no seu consumo de conteúdo online de esportes e verificaram que os sites
de notícias e blogs foram destinos populares dos fãs de esportes.

Enquanto que 84% da audiência online de esportes no Brasil leem sites de notícias esportivas nos seus
desktops e 39% nos seus dispositivos móveis, a penetração foi igualmente alta nos blogs e fóruns
– 88% em desktops e 36% nos dispositivos móveis. Esta é uma intersecção interessante, na qual o
conteúdo esportivo online no Brasil pode ter ajudado a impulsionar o uso dessas outras categorias de
websites, com os fãs de esportes clicando em diferentes fontes online na busca de conteúdo esportivo
variado, sejam vídeos ou texto.

Tabela 2 – Dispositivos usados para assistir VS. Ler conteúdo esportivo online, de acordo com fãs de es-
portes no Brasil, fevereiro de 2013
% dos que responderam PC Tablet Smart Qualquer
phone dispositivo móvel

Assistir conteúdo esportivo


Jogos ao vivo, que são vistos através 74% 26% 32% 47%
de realidade virtual
Pequenos clipes de momentos chaves 81% 21% 26% 39%
de jogos / eventos
Vídeos de destaques de jogos / 82% 20% 22% 36%
eventos
Vídeos de noticias esportivas 87% 19% 22% 35%
Vídeos de entrevistas de jogadores ou 85% 22% 20% 35%
treinadores
Transmissão de jogos/eventos ao vivo 88% 19% 17% 31%
Ler conteúdo esportivo
Notícias em formato de texto 84% 19% 30% 39%
Blogs/fóruns 88% 27% 25% 37%
Comentários em texto ao vivo de 85% 20% 27% 37%
jogos/eventos
Estatísticas e informação 90% 17% 26% 34%
(características/resultados)
Nota: entre os que responderam que realizaram cada atividade

Fonte: Sporting News Media, Kantar Media Sports e TV Sports Market global
Sports Media Consumption Report 2013, 17 de junho de 2013.

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Os próximos eventos esportivos internacionais – A Copa do Mundo da FIFA em 2014 e os Jogos
Olímpicos de Verão de 2016 – significam que o consumo online de conteúdo esportivo deve continuar
a aumentar o tráfico de sites de notícias e blogs. Mas, à medida que os jogos se aproximarem e que os
fãs de esportes em todo o mundo começarem a planejar suas viagens, websites de viagens podem ser
os que verão um aumento mais significativo do uso.”

Fonte: HYTRADE. No Brasil, esportes ajudam a impulsionar o uso da web. Disponível em:
<http://www.hytrade.com.br/no-brasil-esportes-ajudam-a-impulsionar-o-uso-da-web/>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Ainda sobre o uso contemporâneo da internet no Brasil, é interessante observar outro levantamento
recentemente publicado. Trata-se do estudo global O que motiva os consumidores do mundo,
desenvolvido pela Kantar Media e veiculado através do Ibope Media no Brasil. Conforme esta
iniciativa, 47% dos brasileiros destacam que sua primeira fonte informativa é a internet, enquanto
que, no mundo, este índice fica em torno de 45% (IBOPE, 2014, s/p).

Além disso, o Brasil registrou em abril de 2014 outra alteração significativa em seu cenário virtual.
Naquele período, a então presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ratificou a sanção do chamado Marco
Civil da Internet. Trata-se de um conjunto de regras acerca dos direitos, deveres e dos princípios para o
uso desta mídia em nosso país. Esta iniciativa traz para o ambiente virtual princípios fundamentados
pela Constituição de 1988, como liberdade de expressão, privacidade e direitos humanos.

O marco regulatório se concentra em:

• garantir tratamento isonômico para qualquer espécie de conjunto de dados, sem que o acesso
a determinados conteúdos fique restrito ao pacote contratado;
• proibir os provedores de promover discriminação de usuários com base nos conteúdos
acessados, como cobrar um valor maior de quem assiste ou baixa vídeos e áudios;
• garantir a inviolabilidade e o sigilo de toda e qualquer comunicação realizada pelos usuários,
bem como a proteção de seus respectivos dados e dos registros de conexão;
• transferir à Justiça a decisão sobre a retirada de conteúdos.
Naquilo que tange ao governo federal, o marco civil regulatório da internet destaca o estabelecimento
da chamada “governança multiparticipativa”, ou seja, do estabelecimento de canais comunicacionais
diretos e mais efetivos entre as administrações públicas e os cidadãos, sejam eles representados
pelo setor empresarial, pela sociedade civil ou pelas universidades. Conforme esta medida, os
governos serão obrigados a estimular o aumento do uso da internet com o intuito de ampliar a
produção e a circulação de conteúdos.

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Figura 9 – O Marco Civil da Internet propõe, segundo o governo, solidez à web

Fonte: <https://cryptoid.com.br/wp-content/uploads/2015/09/marco-internet-1440x564_c.png>.

Os chamados meios de comunicação, geralmente referidos à imprensa escrita e às emissoras de


rádio e de TV são, na verdade, prioritariamente meios de informação, pois efetivamente a transmissão
de conteúdos é seu foco principal, e não a troca de conteúdos entre si e o público, o que é essencial
para caracterizar de fato a consolidação de um processo de trocas comunicacionais. Portanto,
fica evidente que a internet, no mundo e no Brasil, tem sido a primeira plataforma comunicacional
nitidamente pautada pela comunicação interativa.

A rede é apenas fruto de uma revolução tecnológica mais profunda, que nasceu com
a digitalização. Talvez desde a invenção da prensa não se produzia uma mudança
tecnológica de tanta repercussão na história da humanidade. A digitalização tem
tornado realidade o sonho do intercâmbio de informações a baixo custo e em tempo
praticamente zero. (CREMADES, 2009, p. 18).

Ainda conforme Javier Cremades (2009), a interatividade propiciada pelas novas ferramentas
de comunicação – seja a internet ou qualquer plataforma derivada dela – está transformando o
jornalismo por meio da chamada “participação popular”. A principal vantagem desse “jornalismo
cidadão” em relação à mídia tradicional está em sua capacidade de reportar ângulos fatuais com
uma visão bem mais próxima do local de um determinado acontecimento.

Jornalismo participativo não implica uma crise do jornalismo tradicional. [...] A


prova é que a procura por educação formal em jornalismo não diminuiu. Depois do
“quarto poder”, chegou a hora do micropoder, exercido diretamente pelos cidadãos
comuns que se apropriam das redações com notícias e vídeos elaborados por eles
mesmos e se tornam formadores de opinião, com suas tomadas de posição, com
suas decisões. (CREMADES, 2009, p. 48-9).

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Assim, é interessante observar que a produção do jornalismo digital deve ser pautada por uma
comunicação rápida e de fácil compreensão entre os jornalistas e quaisquer outros produtores do
conteúdo veiculado e o público enquanto consumidores da informação. Conforme o pensamento
de Cremades (2009), a internet democratiza a disseminação jornalística.

3. A INTERNET COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO

3.1 Internet, mídia e jornalismo

Figura 10 – Internet

Fonte: Vasin Lee/ shutterstock.com

A velocidade com que a internet é capaz de disseminar os mais diversos tipos de conteúdos,
inclusive informações acerca de esportes, faz desta plataforma comunicacional uma espécie de
“superestrada” do jornalismo e dos conteúdos tornados públicos. Entretanto, a internet, e mais
recentemente suas ramificações como os blogs e as redes sociais (Facebook e Twitter), são meios
bastante diferentes dos impressos, da TV, rádios e quaisquer outros veículos tidos como tradicionais.

Entre os principais pontos de distinção entre a rede mundial de computadores e as mídias tidas
como tradicionais, podemos destacar: a não-linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade,
qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e

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receptor ativo. Este último é talvez o elemento mais visível e compreendido por parte do público
em geral. A seguir, passaremos a esmiuçar cada um desses elementos, levando em consideração o
pensamento comunicacional de José Benedito Pinho, autor de Jornalismo na internet (2003), obra
pioneira e até hoje tida como referência no campo das mídias digitais.

O primeiro elemento apresentado por Pinho (2003, p. 50) é a não-linearidade da internet. “As
diferenças entre o material que é impresso em papel e o que é visualizado na tela de um computador
são grandes” e, conforme o autor, afetam o modo como o público absorve esses conteúdos. Segundo
ele, os impressos sempre são lidos a partir do canto superior esquerdo, palavra por palavra, em um
movimento que aprendemos desde os primórdios de nossa alfabetização.

Já a informação alojada na internet é não-linear. Nela, o hipertexto permite que


o usuário se movimente mediante as estruturas de informação do site sem uma
sequência predeterminada, mas sim saltando entre os vários tipos de dados de
que necessita. A principal característica do hipertexto é a sua maneira natural de
processar informação, funcionando de uma maneira parecida com a mente humana,
que trabalha por associações de ideias e não recebe a informação linearmente.
(PINHO, 2003, p. 50).

Ainda conforme o mesmo autor:

A não-linearidade da informação na internet exige que o material mostrado na


tela do computador suscite no leitor a confiança de que ele encontrará no site a
informação procurada. O redator do texto precisa antecipar o motivo pelo qual o
usuário está visitando aquele site e certificar-se de que o que ele vê tem um contexto
estabelecido, uma navegação apropriada e, por último, vai satisfazer plenamente as
suas necessidades de informação. (PINHO, 2003, p. 50).

Posteriormente, Pinho apresenta em sua obra Jornalismo na internet (2003) o conceito de


fisiologia. Conforme o pensamento comunicacional do autor, uma tela de computador, tablet ou
smartphone afeta a visão humana diferentemente daquilo realizado por meio do suporte impresso.

Uma das reações mais óbvias ao se ler à luz do monitor é que os nossos olhos piscam
menos do que as 16 vezes por minuto com a vista relaxada, o que pode levar a uma
maior incidência de fadiga visual (ardência, visão embaçada ou embaralhada) e de
dores de cabeça. Também ao ler um papel, o leitor naturalmente afasta ou aproxima o
documento dos olhos para permitir uma distância correta de leitura. (PINHO, 2003, p. 51).

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Figura 11 – A não-linearidade e a fisiologia são características marcantes da internet

Fonte: <http://www.lancenet.com.br/>. Acesso em 2 maio 2014.

Além dos elementos apresentados anteriormente, J. B. Pinho (2003, p. 51) também destaca
a instantaneidade como outro elemento importante para que possamos compreender o impacto
da internet e das plataformas comunicacionais derivadas dela na produção e disseminação de
conteúdos jornalísticos mundo afora, o que efetivamente contribui para o reforço do conceito de
aldeia global tratado na segunda metade do século XX pelo teórico canadense Marshall McLuhan.

Para Pinho (2003, p. 51), nos grandes acontecimentos como os desastres da natureza e as
tragédias causadas pelos homens, “[...] nenhum meio de comunicação rivaliza com a cobertura
feita pela TV que divulga os fatos ao vivo para a audiência. Entretanto, na maioria das vezes, é
preciso esperar pelas notícias no telejornal da manhã ou da noite”. Com os veículos impressos,
especialmente o jornal, o autor é ainda mais pessimista: “[...] os fatos precisam ser cobertos pelo
repórter, a notícia é redigida e editada, as máquinas precisam rodar o jornal e, finalmente, ele precisa
ser distribuído para as bancas e entregue nas residências e nos escritórios” (PINHO, 2003, p. 51).

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No jornalismo por meio das mídias digitais, porém, os conteúdos são transmitidos praticamente
em tempo real, para conhecimento imediato do público, promovendo ainda uma junção de textos,
áudios, imagens, hiperlinks, gráficos e outros elementos que possibilitem a condução das informações
ou conteúdos produzidos. Em nossos dias, o jornalismo online teve modificada inclusive a concepção
dos chamados “furos de reportagem”, aquelas notícias publicadas com ineditismo por um órgão
de imprensa antes de seus concorrentes.

Quando é o jornal impresso diário que dá o furo, ele o manterá sobre os outros jornais
durante o dia todo; uma revista semanal, terá um período de tempo de uma semana, e
assim por diante. Já na mídia on-line, isso não ocorre. Quando um site dá uma notícia
em primeira mão, em poucos minutos os outros já se apropriam da informação sem,
em alguns casos, dar o crédito (MARANGONI; PEREIRA; SILVA, 2002, p. 57).

SAIBA MAIS

Herbert Marshall McLuhan (1911-1980) foi um teórico da comunicação canadense. “McLuhan buscou
compreender o que se passou na evolução do homem em seu esforço em desenvolver-se e adaptar
o mundo às suas necessidades criando tecnologias que lhe aprimoraram os sentidos e o poder de
formar culturas. Ele buscava entender os efeitos que as tecnologias desenvolvidas pelo homem
tinham sobre os aspectos sociais e psicológicos.” O conceito de aldeia global desenvolve a ideia de
que, “[...] após as três eras midiáticas e os processos de tribalização, seguido da destribalização e
retribalização, surge a Aldeia Global, que é um espaço de convergência, onde a evolução tecnológica
permitiria em qualquer circunstância a comunicação direta e sem barreiras”. (Fonte: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Marshall_McLuhan>. Acesso em 02/05/2014).

Devemos considerar, porém, que em termos de instantaneidade, além da internet e da TV, o


rádio é outra plataforma beneficiada por esta característica, mas como não dispõe de imagens para
ratificar o seu discurso, em diversas situações os conteúdos transmitidos por ele não conseguem
obter o mesmo grau de fixação no imaginário popular alcançado pelos outros meios citados aqui.
Outro aspecto a ser considerado é o seguinte: o que diferencia o jornalismo online daquele praticado
pela mídia tradicional é o tempo de vida útil de uma informação e isto, evidentemente, é importante.

As notícias da TV, do rádio ou do impresso são voláteis, se esvaem no ar. Você viu
e ouviu – mas passou, ou então virou embrulho de pão. Na internet ela permanece,
e se expande, novos aspectos são agregados e criam-se células de informação,
como minúsculas agências de notícias específicas sobre um determinado assunto.
Eternas, se necessário.

É ferramenta para pesquisa. Se o grande The New York Times constatou que o
conteúdo mais acessado é sempre o banco de notícias – em bom português, a “notícia
de ontem” –, é hora de nos preocuparmos com o que já foi destaque na primeira
página e hoje está acumulando poeira nos porões dos nossos sites. Hoje, o nyt.com
cobra pelo acesso às profundezas, e nelas também mora, agora, um reluzente pote
de ouro. (RODRIGUES, 2000 p. 24).

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Outro aspecto ressaltado por Pinho (2003, p. 52) – e que distingue a internet e as demais
mídias digitais em relação aos veículos de mídia impressa e eletrônica – é o chamado conceito de
dirigibilidade. Sobre ele, o autor ressalta:

Os veículos de mídia impressa e de mídia eletrônica sofrem severas restrições de


tempo e espaço. Além disso, um editor determina o que é ou não notícia, o que vai ser
ou não publicado. Na internet, outra grande vantagem é que a informação pode ser
instantaneamente dirigida para a audiência sem nenhum filtro. (PINHO, 2003, p. 52).

A obra Jornalismo na internet (2003) também destaca que a qualificação dos usuários é outro
aspecto a ser ressaltado sobre a internet. Nela, o público, ao invés de ser apenas mero receptor dos
conteúdos, passa também a ser produtor e difusor dos mesmos. Deste modo, as mídias digitais são
importantes ferramentas para formação da opinião pública. Prova disso são todas as repercussões
que circularam pela rede mundial acerca da organização – ou falta dela! – para a Copa do Mundo
Fifa de 2014.

Figura 12 – A instantaneidade para transmitir conteúdos é um trunfo da internet

Fonte: Global Design/ shutterstock.com

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Pinho (2003, p. 53) ainda frisa que “[...] os custos de produção da TV e da mídia impressa são
bastante elevados. Relativamente, a internet é pouco dispendiosa. Publicar uma informação na WWW
ou enviar uma mensagem geram despesas irrisórias”. Além disso, o autor destaca as principais
diferenças em termos de interatividade no que tange as principais diferenças entre a internet e a TV.

Caso o telespectador não esteja apreciando um programa de TV, ele pode pegar o
controle remoto e mudar de canal em canal até que encontre alguma coisa mais
interessante a que assistir. Esse é o máximo de interatividade que a televisão
proporciona, pois a mídia tradicional é, notoriamente, um veículo de mão única.
(PINHO, 2003, p. 53).

Por outro lado, o mesmo autor ressalta toda a potencialidade interativa disponível na internet.

A internet permite diversas formas de interatividade nas suas aplicações. Os grupos


de discussão, por exemplo, já têm embutido em seu propósito a interação entre
os participantes de um grupo com interesse focado em um assunto específico
de interesse. Mesmo o correio eletrônico (e-mail) pode ser interativo quando se
encorajam as respostas e são geradas discussões entre uma lista de pessoas que
estejam recebendo a mensagem.

A interatividade da rede mundial é muito valiosa para os que queiram dirigir mensagens
e informações específicas para públicos de interesse. Na internet, a organização não
está falando para uma pessoa, mas sim conversando com ela. (PINHO, 2003, p. 54).

Outros aspectos a serem considerados são a pessoalidade e a acessibilidade das mídias digitais.
A primeira, conforme J. B. Pinho (2003, p. 54), “[...] guarda uma relação direta com a interatividade
proporcionada pela rede mundial, e o que faz a internet interativa também faz a comunicação ser
muito pessoal”. Naquilo que diz respeito à segunda categorização descrita neste parágrafo, ela se
efetiva por conta dos conteúdos publicados na web ficarem disponíveis 24 horas por dia, ao longo
de vários anos, ou seja, por não possuírem prazo de esgotamento.

Por fim, um último elemento a destacar: receptores ativos.

Muitas pessoas assistem a seus programas favoritos de TV para se entreterem ou


serem informadas. A publicidade aproveita essa disposição favorável do telespectador
para veicular comerciais de produtos, serviços e marcas, quer a audiência queira ou
não. Apenas os anunciantes com elevadas verbas publicitárias podem então atingir
uma grande quantidade dos seus consumidores e prospects.

Na internet as coisas são diferentes, pois cada organização tem igual oportunidade
de atingir a mesma audiência. A rede não segue os padrões da TV, cuja mensagem é
levada e alardeada na sala de um telespectador passivo. Ao contrário: com milhões
de sites da web disponíveis na rede mundial, a audiência tem de buscar a informação
de maneira mais ativa. (PINHO, 2003, p. 55).

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A partir desta compreensão, o pensamento comunicacional de Pinho (2003) destaca que a
internet pode ser considera uma espécie de mídia pull, isto é, que deve nortear o interesse dos
internautas, no sentido de lhes chamar a atenção para uma série de especificidades, enquanto a
TV, o rádio e os impressos são mídias push, pois nelas as mensagens são empurradas ao público
sem uma solicitação direta deste. Em outras palavras: nas mídias digitais, escolhemos efetivamente
aquilo que queremos consumir, enquanto nas mídias tradicionais essa escolha é apenas parcial.

Figura 13 – A Fifa interage com o público, entre outras situações, por meio de um concurso de frases que
serão escritas nos ônibus das seleções de futebol

Fonte: <http://pt.fifa.com/worldcup/games/be-there-with-hyundai/vote-slogan/index.html>.

Além disso, portais especializados em jornalismo esportivo, como o <www.lancenet.


com.br>, do jornal Lance!, e o <www.gazetaesportiva.net>, do jornal Gazeta Esportiva, bem
como o <www.futebolinterior.com.br>, do portal Futebol Interior, uma página muito conhecida no estado
de São Paulo, principalmente por conta do acompanhamento realizado junto aos clubes do interior,
realizam com frequência enquetes onde os internautas podem votar e deixar sua opinião acerca de
vários assuntos do mundo esportivo. Prioriza-se o futebol, mas também são contempladas outras
modalidades, como basquete, automobilismo, vôlei, natação e tênis.

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3.2 Conceito de portal na internet
Conforme a jornalista Pollyana Ferrari, autora do livro Jornalismo digital (2012, p. 29), para “[...] ser
chamado de portal, um site precisa reunir certas características”. Eles devem, entre outras coisas,
chamar a atenção do internauta por meio de conteúdos das mais diversas áreas. Neste caso, por
exemplo, informações de relevância jornalística convivem lado-a-lado com anúncios publicitários,
conteúdos ligados ao entretenimento e ofertas de outras espécies.

Evidentemente, o conteúdo jornalístico deve ser priorizado.

O conteúdo jornalístico tem sido o principal chamariz dos portais. Pela possibilidade de
reunir milhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo, os sites do gênero assumiram
o comportamento de mídia de massa. A estruturação de um portal exige a organização
dos dados e um código visual, tarefas desafiadoras o suficiente para deixar de cabelo
em pé qualquer jornalista sem experiência na área. (FERRARI, 2012, p. 29).

Figura 14 – Portal na internet

Fonte: <http://mediad.publicbroadcasting.net/p/wunc/files/201310/Internet1.jpg>.

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Conforme a mesma autora, entre as seções mais importantes a serem verificadas para a
configuração exata de um portal virtual destacam-se: ferramenta de busca, comunidades, comércio
eletrônico, e-mail gratuito, notícias, entretenimento, esportes, previsão do tempo, discos virtuais,
homepages pessoais, jogos online, mapas e cotações financeiras. Sobre os esportes e as notícias,
é importante observar:

São as duas áreas de maior visitação nos portais. Em esportes, predomina o conceito
de global e local: informa-se os resultados das competições internacionais sem
esquecer as coberturas regionais.

Em 1998, os portais norte-americanos passaram a acrescentar noticiário jornalístico


às homepages, seja como simples links diretos para os veículos ou por parcerias
de conteúdo. O Yahoo! foi o primeiro a acrescentar na barra de navegação a palavra
new, acesso para um cardápio composto por uma manchete com foto e mais quatro
chamadas em formato hipertexto. Na barra de canais, localizada do lado esquerdo
da tela – um menu com links para editorias como Negócios, Mundo, Entretenimento,
Esportes, Tecnologia, Ciência e Infantil. (FERRARI, 2012, p. 31).

Os portais, segundo Ferrari (2012, p. 33), podem ser divididos em verticais e horizontais. Conforme
a autora, “[...] os portais verticais são a melhor alternativa estratégica para que as empresas de mídia
enfrentem os grandes sites horizontais, donos dos maiores volumes de tráfego e de boa parte do
dinheiro dos investidores”. Ainda conforme ela, o conceito de portal vertical “[...] abre espaço, por
exemplo, para redes de TV que queiram criar portais especializados em televisão”.

Quando levamos em consideração a cobertura jornalística ligada aos esportes, sejam eles
quais forem, também devemos levar em consideração outros aspectos específicos dos portais
verticais. Em nossa opinião, um bom exemplo da situação descrita abaixo é o portal Lance!
(<www.lancenet.com.br>). Baseado na verticalidade, ele apresenta layout de fácil manuseio, o que torna
a leitura mais agradável, dada a facilidade de localização dos assuntos a serem observados. Além
disso, este modelo hierarquiza nitidamente quais são os fatos jornalísticos mais relevantes de um
determinado momento ou acontecimento, tenha ele ocorrido no Brasil ou no exterior.

Focados em um assunto específico – ou um conjunto de assuntos para uma


comunidade de interesses comuns –, os portais verticais representam o perfeito
casamento entre comunidade e conteúdo, uma vez que permitem personalização
e interatividade com o usuário. Apresentam audiência segmentada, com tráfego
constante e dirigido. Conseguem a fidelidade do usuário por meio de serviços
personalizados, como por exemplo a busca interna, para localização de informações
publicadas dentro daquele endereço. A receita publicitária vem de patrocinadores
igualmente segmentados, interessados em atingir em cheio justamente aquele
público-alvo. (FERRARI, 2012, p. 35).

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Figura 15 – O portal Lance! possui layout que facilita a visualização informativa

Fonte: <http://www.lancenet.com.br/>. Acesso em: 4 maio 2014.

Os portais horizontais, por sua vez, geralmente possuem conteúdo mais generalista, como
entretenimento, informação, receitas, horóscopo, previsão do tempo, entre outros. Esses portais são
também chamados de “portal do consumidor”, afinal de contas, além de generalistas em termos
de conteúdo, também possuem perfil heterogêneo no que diz respeito aos usuários.

Ainda conforme Pollyana Ferrari, quando tratamos da internet e das mídias digitais, é possível
observar que o potencial da nova mídia.

[...] tornou-se instrumento essencial para o jornalismo contemporâneo e, por ser tão
gigantesco, está começando a moldar produtos editoriais interativos com qualidades
atraentes para o público: custo zero, grande abrangência de temas e personalização.
(FERRARI, 2012, p. 35).

Hoje, como o maior espaço existente de circulação de informação via rede de


computadores, a internet não deixa de representar também um novo e promissor
campo de renovação para as práticas e técnicas do jornalismo. [...] Portanto, o

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jornalismo digital diferencia-se do jornalismo praticado nos meios de comunicação
tradicionais pela forma de tratamento dos dados e pelas relações que são articuladas
com os usuários. Por sua vez, sendo a internet uma mídia bastante distinta dos
meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista –, o
jornalismo digital deve considerar e explorar a seu favor cada uma das características
que diferenciam a rede mundial desses veículos. (PINHO, 2003, p. 58).

4. CONVERGÊNCIA E CENÁRIO INTERATIVO

4.1 A chegada do webjornalismo no Brasil

Figura 16 – Jornal do Brasil

Fonte: <http://midia.rankbrasil.com.br/recordes/materias/000248-01.jpg>. Acesso em 10.11.2017.

Conforme Pinho (2003, p. 114), a primeira iniciativa de fusão em torno do jornalismo e das
potencialidades da internet, no Brasil, foi idealizada pelo grupo O Estado de S. Paulo por meio da
Agência Estado, aberta em fevereiro de 1995 e operante na rede mundial de computadores desde
então. Por outro lado, coube ao já extinto Jornal do Brasil, cuja sede física ficava no Rio de Janeiro, o
pioneirismo de ser o primeiro veículo de comunicação brasileiro a realizar uma cobertura jornalística
totalmente planejada para a internet.

Ainda conforme Pinho (2003, p. 115), “[...] na medida em que a internet representa um mercado
em evolução devido ao crescimento exponencial da rede mundial, os grandes grupos editoriais e
de comunicação brasileiros também marcam presença no mundo virtual [...]”.

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Além disso é possível observar uma transformação, ou melhor, uma migração de plataformas
comunicacionais que altera a formatação jornalística, desde sua concepção até a veiculação, agora
não mais restrita ao papel ou às ondas eletromagnéticas do rádio e da TV.

A entrada de jornais e revistas na internet inaugura um novo veículo de comunicação


que reúne características de todas as outras mídias e que tem como suporte as redes
mundiais de computadores. O jornalismo digital representa uma evolução no modelo de
produção e distribuição das notícias. O papel vai cedendo lugar a impulsos eletrônicos
que podem viajar a grandes velocidades pelas auto-estradas da informação. Esses
bits podem ser atualizados instantaneamente na tela do computador na forma de
textos, gráficos, imagens, animações, áudio e vídeo; recursos multimídia que estão
ampliando as possibilidades da mídia impressa. (PINHO, 2003, p. 115).

O webjornalismo propriamente dito foi se consolidando na segunda metade da década de


1990. Naquele período, isto foi considerado uma transformação no modus operandi jornalístico,
e na passagem do século XX para o XXI, muitas transformações ocorreram e ainda ocorrem no
webjornalismo. Cerca de quinze anos atrás, ainda sob desconfiança do público, inclusive de parte dos
profissionais da comunicação, os grandes conglomerados midiáticos brasileiros entraram na internet,
primeiro com o intuito de experimentar e, depois, para operar na nova plataforma comunicacional.

Primeiro a versão impressa foi sendo transposta para a internet, algo apenas como
conversão de uma plataforma de mídia para a outra. Começou aos poucos também,
entravam apenas os “abres” de páginas. O design era muito simples, digamos até
simplório, e, em comparação aos dias de hoje, era de um layout muito feio. Além disso,
ele vinha com as “subs”, e só mais para frente foram entrando as matérias das outras
páginas. As fotos, pesadas até então, eram publicadas pequenas, e no início nem
todos tratavam o peso da foto para melhorar o tempo decorrido para visualizá-las.

No princípio, os jornais não tinham sua versão integral transposta; veiculavam pela
internet apenas o que consideravam as principais matérias, e ainda não atualizavam
informações ao longo do dia, que é a definição maior do web-jornalismo, ou seja,
aquele que publica notícias em tempo real. (PRADO, 2011, p. 31).

Além disso, é possível afirmar que naquela época, o webjornalismo ainda não operava
características que atualmente lhe são fundamentais, como hipertextualidade, multimidialidade,
interatividade, atualização frequente e desdobramentos fatuais por meio da chamada transmídia
(PRADO, 2011).

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Figura 17 – Home do portal UOL na década de 1990

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-GSE8GZhi5uE/Upj6FFPF9UI/AAAAAAAAAEY/RWzpO9y3lb0/
s1600/20080505_tunel_f_023.jpg>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Após esse período inicial da década de 1990, as empresas de comunicação multinacionais com
subsidiárias no Brasil ou aquelas propriamente nacionais começaram a ampliar sua presença na
internet. Deste modo, o nascimento de publicações virtuais foi consolidado, “[...] afinal, o ambiente
facilitador, sem altos custos, propiciava iniciativas”, conforme Magaly Prado (2011, p. 33). Essas
publicações tornaram-se dinâmicas e passaram a ofertar os mais diversos tipos de conteúdos.

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4.2 Principais características do trabalho jornalístico na web
Figura 18 – Trabalho jornalístico na web

Fonte: GaudiLab/ shuterstock.com

Muitos jornalistas recém-formados ou aqueles considerados “focas”, e até mesmo aqueles


cuja experiência profissional vem de vários anos, sabem que existem diversas singularidades para
a confecção das chamadas notícias digitais. A contextualização de fatos e dados, bem como a
hierarquização deles para posterior formatação da notícia, são elementos essenciais neste processo
jornalístico-produtivo. Rapidez de raciocínio e noção do conceito de instantaneidade ajudam nesse
trabalho.

Conforme a jornalista Pollyana Ferrari, autora de Jornalismo digital (2012, p. 74), as informações
descritas no parágrafo anterior se fazem importantes, pois é preciso ter em mente o seguinte:

A grade de atualização das primeiras páginas dos portais assemelha-se muito às


grades de programação da TV aberta. Na verdade, nos portais ocorre efetivamente
o primeiro crossmedia entre o formato texto, que segue padrões e estilos da mídia
impressa, e as ofertas de vídeos, áudios e animações que vêm da linguagem televisiva,
seja no oferecimento das notícias ao longo do dia, seja no formato – muito parecido
com o show da TV.

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O jornalismo digital contemporâneo, quando vinculado aos grandes conglomerados empresariais,
cumpre essencialmente a função de disseminar informações que possam, além de informar o público,
trazer ganhos empresariais para a empresa produtora à qual esta atividade está vinculada. A partir
dessa verificação, convém observar que os sites de conteúdos jornalísticos oferecem milhares de
informações em 24 horas por dia aos internautas, e elas normalmente se baseiam no conceito de
transmídia, pois apresentam-se em forma de arquivos de texto, áudio, vídeos ou imagens.

Entretanto, Ferrari (2012, p. 78-79) faz uma observação em relação a isso, quando observa o papel
desempenhado pelas novas tecnologias da informação, seja através da internet, de modo geral, ou
especificamente por meio de outras plataformas digitais derivadas dela (como Facebook, Twitter,
blogs etc.). O jornalismo digital contemporâneo, segundo ela, está praticamente automatizado
em seu processo de fabricação. Além disso, observamos, a cada dia com maior frequência, que a
instantaneidade tem sido mais importante que o aprofundamento investigativo.

Onde foi parar a reunião de pauta? A fonte primária? O jornalismo como prestação de
serviço? E a produção da notícia propriamente dita? Podemos dizer que os portais
na internet são a personificação de um ambiente ideal [...], resultando em empresas
que alimentam e trafegam informação 24 horas por dia.

O poder de transformação causado pelo uso das redes sociais também pode ser
colocado como um dos grandes avanços da internet neste começo de século XXI.
Qualquer análise de mídias digitais, por sua própria natureza, não pode estar dissociada
dos aspectos de estratégia, gestão e de comportamento humano. (FERRARI, 2012,
p. 78-9).

Ainda é viável ressaltar, em nossa opinião, que são esses atributos que tornam o trabalho
de webjornalismo sinérgico, reunindo setores que, inicialmente, poderiam parecer dispersos:
informação, design, uso de cores, distribuição informativa e de outros conteúdos a partir de critérios
de noticiabilidade, entre outros aspectos. Deste modo, Ferrari (2012, p. 80) ainda observa que

[...] no momento em que o designer senta ao lado do editor, que já exerce atualmente
a função de gerente de um produto, para desenhar um hot site sobre o desempenho
do futebol brasileiro na Copa do Mundo. Passadas algumas horas, um cidadão
comum abrirá a tela do seu computador e acessará reportagens sobre o maior evento
de futebol do mundo; poderá ler e absorver informação sobre as Copas passadas;
conhecer as grandes jogadas e ainda saber a biografia dos maiores jogadores de
todos os tempos.

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Figura 19 – Portal da Copa do Mundo FIFA 2014, criado pelo governo federal brasileiro

Fonte: <http://www.copa2014.gov.br/pt-br/mapadosite>. Acesso em: 10 nov. 2017.

O Portal da Copa, criado pelo governo federal do Brasil, por exemplo, uniu informações de
relevância pública do evento, bem como detalhes acerca do envolvimento da União na realização e
organização deste que é considerado, mundo afora, o maior evento esportivo mundial em termos de
futebol. Trata-se de uma demonstração do sinergismo que envolve o webjornalismo. As informações
são atualizadas com regularidade e possuem o intuito de auxiliar no acompanhamento deste evento,
cuja transmissão e acompanhamento jornalístico será observando no mundo todo.

Por outro lado, tanto quanto o jornalismo praticado nas mídias tradicionais, o webjornalismo
atrelado aos conglomerados midiáticos também não pode desprezar as receitas obtidas por meio
da veiculação publicitária. Nesse sentido, a “[...] resistência natural do internauta ao pagamento do
conteúdo não impede que empresas jornalísticas adotem e desenvolvam modelos de comercialização
na internet para gerar receita” (PINHO, 2003, p. 127).

Além da presença publicitária, o jornalismo planejado para mídias digitais também traz
consigo outra característica inerente aos veículos mais tradicionais (impressos, o rádio e a TV): o
desdobramento das coberturas. Porém, na web, algumas características específicas desta ampliação
comunicacional precisão ser consideradas. Como nos conta a jornalista Magaly Prado, autora de
Webjornalismo (2011, p. 48),

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É comum verificarmos que certos acontecimentos recebem coberturas contínuas,
ganhando, inclusive, páginas próprias com destaque. E, conforme se vai “suitando”, a
informação vai voltando à tona, sendo linkada novamente. [...] Já faz parte da criação
de reportagens na web explorar inúmeras possibilidades de alargar a informação,
mostrando mais lados da história, além de ter maior espaço para colocar o tema em
contexto e trazer mais dados ao clicar em expressões como “saiba mais”, “notícias
relacionadas”, “arquivo”, etc.

Além disso, Magaly Prado (2011, p. 50-51) ainda completa:

No webjornalismo, o que chega de novidade é uma forte presença da transparência


do ato da escrita, que mostra eventuais erros, depois a sua correção, deixando
rastros; indica quando houve atualização apontando novos horários de update e,
assim, apresenta o passo a passo das sucessivas entradas com mais informações
que o jornalista vai publicando enquanto apura, consegue mais detalhes, repercute,
etc. Assim, a atualização é contínua, própria de veículos on-line. Tudo isso pode ficar
visível para o leitor. E a tendência é exatamente esta, quanto mais transparência
melhor. Humanizar a prática, revelando bastidores da notícia, é algo que chama a
atenção para os novos tempos do jornalismo escancarado.

Figura 20 – Trabalho jornalístico

Fonte: GaudiLab/ shuterstock.com

Evidentemente, as transformações e as imposições feitas pelo jornalismo digital frente às mídias


mais convencionais devem ser consideradas. Para tanto, julgamos ser oportuna a leitura do texto que
segue na aba Saiba Mais, escrito pela jornalista e doutora em Comunicação Social Raquel Gomes
de Oliveira (Universidade de Salamanca/Espanha). Inicialmente publicada no site Observatório da

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Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br) e intitulada Impactos do jornalismo on-line sobre
o jornalismo tradicional, a reflexão aborda pontos interessantes.

SAIBA MAIS

Impactos do jornalismo online sobre o jornalismo tradicional

“Há algumas coisas que nunca deixarão de existir. O jornalismo impresso é uma delas. Entretanto,
sua reestruturação é obrigatória. A história se repete nos meios de comunicação, provando que um
veículo não substitui outro. Primeiro veio a notícia impressa, depois veio o surgimento das notícias
pela rádio, que fez com se questionasse a eficiência da informação vinda do papel. Nem o impacto
causado pelos aparelhos de televisão fez a rádio ou o jornal se extinguirem. Quando a fotografia
surgiu, os pintores se preocuparam com o destino de suas obras. Quando o vídeo se tornou a
sensação do momento, pensar que as pessoas podiam se desinteressar por fotografia foi algo que
passou na cabeça de milhares de fotógrafos.”

Leia mais em:

OLIVEIRA, Raquel Gomes. Impactos do jornalismo online sobre o jornalismo tradicional. Observatório
da Imprensa, 12 jun. 2007. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/impactos-do-
jornalismo-online-sobre-o-jornalismo-tradicional/>. Acesso em: out. 2017.

Por fim, é importante ressaltar que, em diversas situações, ocorre no jornalismo digital uma
mistura de informação com opinião, o que, teoricamente, não deveria acontecer, pois informação
e opinião pertencem a gêneros jornalísticos diferentes, conforme afirmam teóricos do jornalismo
como José Marques de Melo (2006) e Nelson Traquina (2005). Por conta disso, é interessante a
observação realizada na obra Webjornalismo, escrita pela pesquisadora brasileira Magaly Prado
(2011, p. 58), acerca desta “fusão” de gêneros. Vejamos suas considerações:

O webjornalismo borra essas fronteiras entre informação e opinião, na medida em


que o jornalista informa em seu veículo de trabalho profissional e opina em seu blog
pessoal, muitas vezes com a aceitação da própria empresa. Ou, ainda, quando leitores
expressam suas opiniões e o jornalista responde ou dá um mero retorno, mostrando
assim sua opinião. Não se trata de afirmar que agora toda e qualquer informação
vem com opinião acoplada. Só é notável apontar que informação já se mistura com
opinião, quando a opinião é bem-vinda, possível e necessária.

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5. JORNALISMO ESPORTIVO ATRAVÉS DA INTERNET

5.1 Especificidades técnicas do “novo jornalismo”

Figura 21 – Jornalismo

Fonte: Rawpixel.com / shutterstock.com

Conforme o jornalista esportivo Celso Unzelte, autor de Jornalismo esportivo – relatos de


uma paixão (2009, p. 65), na virada do século, por volta dos anos 2000 e 2001, muitos jornalistas
esportivos “[...] trocaram as redações em que trabalhavam havia anos para se aventurar naquela
nova e tentadora ferramenta de comunicação”. Evidentemente, ele se refere à internet, que depois de
quase quinze anos está consolidada no Brasil não apenas como ferramenta de comunicação, mas
como porta de entrada profissional para muitos recém-formados em jornalismo ou para profissionais
que queiram dar novos rumos às suas respectivas carreiras, seja com vínculo empregatício ou
apenas na modalidade freelancer por meio de trabalhos esporádicos.

Naquele período, Unzelte (2009, p. 65) ressalta que ocorreu a chamada “bolha” da internet que,
no auge da euforia, chegou a quadruplicar alguns salários em relação ao que era oferecido pelas
redações de jornais e revistas, por exemplo. Além disso, o jornalista destaca em seguida: ao lado
das novas empresas, as próprias redações tradicionais montaram seus sites. No caso de A Gazeta
Esportiva, foi a versão impressa que deixou de existir, transformando-se em digital.

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ACONTECEU

O jornal A Gazeta Esportiva, vinculado à Fundação Cásper Líbero, foi um dos principais meios de
comunicação impressos do século XX no Brasil e um dos pioneiros no acompanhamento detalhado
da agenda esportiva do país e do mundo em nosso país. Ao longo de várias décadas, foi a principal
referência em termos de jornalismo esportivo, segundo Unzelte (2009).

Além disso, Unzelte (2009 p. 81), jornalista com passagens pela revista Placar e pelo canal
esportivo ESPN, faz uma ressalva especial aos recém-formados ou estudantes de pós-graduação
que queiram trabalhar com jornalismo. Leiamos:

O jovem jornalista que começa hoje a trabalhar na internet sente-se como o foguista
encarregado de alimentar a fornalha de uma locomotiva. O importante é não parar
de jogar carvão com a pá, ou seja, não parar de produzir notícias, nem que seja
esquartejando em várias notas o que poderia ser dado em uma só, ou mandando
para a frente textos que não foram devidamente editados. Afinal, não há tempo, é
preciso produzir, fazer volume. Como também não há tempo para alguém ensinar ou
aprender, nem mesmo avaliar o material produzido, que é sempre de vida tão efêmera
e substituído em pouco tempo pela prioridade seguinte.

Para completar a imposição da velocidade citada acima, acreditamos ser interessante a


observação de Prado (2011, p. 105) no que tange à junção entre texto e imagens no jornalismo digital
contemporâneo. Segundo a pesquisadora, é imprescindível a utilização de imagens para chamar a
atenção do público. Com máquinas de fácil usabilidade e softwares que praticamente reduzem o
trabalho humano ao “clique” fotográfico, estouram na web e nas redes sociais imagens feitas por
jornalistas ou cidadãos comuns. Algumas, inclusive, revelam situações um tanto problemáticas
para atletas profissionais, como a presença deles em casas noturnas, provando bebidas alcoólicas
ou em situações parecidas com essas. “Cada vez mais impressionantes, as imagens invadem os
portais com forte nitidez e alta definição que enchem os olhos.” (PRADO, 2011, p. 107). Tal atitude
reforça a concepção de que, mais do que em qualquer outra mídia, na internet, a informação é tida
como mercadoria.

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Figura 22 – Conhecedor das tendências do jornalismo digital, o site da Fox Sports mescla uma série pequenos
destaques informativos com imagens em sua página inicial

Fonte: <http://www.foxsports.com.br/>. Acesso em: 8 maio 2015.

Entretanto, o jornalista esportivo Paulo Vinícius Coelho, popularmente chamado de PVC, que já
teve passagens pela revista Placar, jornal Lance! e agora trabalha na emissora de televisão ESPN
Brasil, questiona a substituição da qualidade jornalística, especificamente em áreas como apuração
e checagem de dados, em nome da velocidade cada vez maior com que as informações vão para
a rede mundial de computadores. Além disso, o autor do livro Jornalismo esportivo (2011) pondera
acerca do excesso de erros jornalísticos que têm sido cometidos nas mídias digitais.

Nas palavras do próprio PVC (2011, p. 63), o jornalismo perde quando a qualidade é trocada pela
quantidade.

Esse efeito devastador da internet brasileira ainda poderá ter consequências


duradouras para as próximas gerações de jornalistas. E não há efeito mais difícil de
remover do que o falta de referência. Ou da falta de critério, de falta de cuidado com
a informação. Isso ainda persiste em grande parte das empresas ligadas à internet.
Vale a velocidade, mais do que o critério jornalístico. Vale, portanto, todo cuidado
do mundo ao jovem jornalista convidado a fazer parte de uma dessas aventuras.

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Daí a existência de tantas notas corrigindo erros anteriores. Além de fruto da falta de checagem
e da imprecisão dos dados veiculados, isto também pode ser fruto de outro problema verificado na
internet: o chamado jornalismo declaratório, ou seja, informações veiculadas por meio de conteúdos
atribuídos a fontes anônimas com o intuito de gerar repercussão, mesmo que não exista nenhum
provimento verídico. Exemplo disso podem ser as enxurradas de notícias, durante as temporadas de
contratações, acerca de possíveis negociações entre atletas e clubes das mais diversas modalidades.

Sobre isso, opina Celso Unzelte (2009, p. 81):

Avalie a situação de um jornalista que trabalha em um site de informação esportiva


e, por pressa, encerra um placar ao vivo em 1 a 0 para um time, para depois ter que
dar a seguinte errata: “Ao contrário do que acabamos de divulgar, o outro time acabou
empatando o jogo”. Ou a de outro que, por não checar a informação, acaba dando
a queda de um técnico que não caiu. Ou a chegada de um jogador a um clube que,
na verdade, não veio nem virá.

Figura 23 – O portal Lance! se viu obrigado a publicar uma errata após erro jornalístico envolvendo o jogador
Elias (ex-Flamengo), atualmente no Corinthians

Fonte: <http://www.lancenet.com.br/flamengo/Errata-Elias-Shandong-Luneng-
China_0_1068493223.html>. Acesso em: 8 maio 2014.

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Ainda sobre a imprecisão jornalística na internet, Celso Unzelte (2009, p. 82) ressalta que ela
é ainda mais gritante e imperdoável na área esportiva, uma vez que, atualmente, os profissionais
possuem uma série de auxílios tecnológicos que não possuíam no passado, como bancos de dados
digitalizados que proporcionam a oportunidade de consultas rápidas e precisas a qualquer tempo
mediante qualquer situações ou necessidades profissionais.

Internet é tempo real, sim, mas sempre com algum critério. Quando se trata de
informação, este é um valor mais alto que se alevanta, como diria Camões em seu
poema “Os Lusíadas”, e não pode ser desprezado. Nela, como em qualquer outro
veículo de informação, deve valer mais a informação checada com critério antes
de ser publicada do que a notícia publicada rapidamente, só para sair na frente dos
outros. Até porque, com a agilidade que as notícias são dadas e recebidas hoje, esse
“sair na frente” torna-se cada vez mais relativo. Sair na frente de quem? E por quanto
tempo? De quem, afinal, é o furo? (UNZELTE, 2009, p. 82).

Como complemento a este pensamento, o mesmo autor arremata:

Cientes disso, de que a internet não é só dar a notícia na frente dos outros, alguns
sites esportivos parecem caminhar cada vez mais também para o enriquecimento
de seu conteúdo, das informações, apostando, por exemplo, em colunistas ou em
reportagens especiais. Em contrapartida, há sites esportivos que parecem ainda
não ter se dado conta do mínimo de agilidade que um veículo como a internet exige.
(UNZELTE, 2009, p. 82).

Entretanto, na sequência de sua obra Jornalismo esportivo – relatos de uma paixão, o autor
reconhece que a internet é ferramenta essencial para os jornalistas e até mesmo para o público
obcecado por informações, ou seja, por aquelas pessoas que em diversas situações querem,
essencialmente, informação e não reflexão jornalística.

Com ela [a internet], não tem essa história de “até o fechamento desta edição
determinado jogo ainda não havia acabado”, como vergonhosamente se lê em muito
jornal diário, inclusive naqueles especializados em esportes. A questão industrial,
de ter que mandar o jornal para a gráfica antes de o jogo acabar, não é problema do
leitor, que com isso acaba sendo prejudicado. A solução seria estender o prazo de
fechamento para melhor servir.

[...] O diário Lance! tem site, o Lance!Net, para onde já remete muito do conteúdo que
não cabe nas páginas do jornal e antecipa muita coisa [inclusive erros! (Observação
do autor: acreditamos que quanto maior o volume de informação produzida, maior
a probabilidade de que erros também ocorram, como já mencionado neste material,
tendo como exemplo o próprio portal Lance!Net.)] ao longo do dia que no jornal só
será publicada no dia seguinte. A revista “Placar” também tem o seu, para onde, a
cada rodada e já há algum tempo, encaminha as notas do tradicional troféu Bola
de Prata, conferido aos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro (antes, elas
eram publicadas na revista, e o leitor tinha que esperar um mês para recebê-las).
Interatividade é a palavra, não só para o internauta, mas também para o profissional
de jornal, revista, rádio e TV. E, claro, também da internet. (UNZELTE, 2009, p. 82-83).

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Figura 24 – O portal globoesporte.com também admitiu erro jornalístico envolvendo o Flamengo e o meio-
campista argentino Lucas Mugni

Fonte: <http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2014/01/errata-perfil-em-
rede-social-alvo-de-materia-nao-pertence-lucas-mugni.html>. Acesso em: 8 maio 2014.

5.2 Novas possibilidades de trabalhar a notícia


Figura 25 – Jornalismo

Fonte: Jesus Sanz/ shutterstock.com

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Sem dúvida, a característica preponderante do jornalismo esportivo digital é sua capacidade
de atuação multimídia. Até alguns anos atrás, jamais se imaginou que uma cobertura poderia ter,
em um único espaço virtual, a possibilidade de ser assistida, ouvida ou lida de modo simultâneo e
com uma série de informações adicionais que possam complementar aquilo que é transmitido. Até
mesmo a noção de temporalidade foi alterada. Atualmente, em um mundo nitidamente globalizado,
a internet não apenas derrubou fronteiras territoriais como praticamente desfez a distância temporal
que separava diferentes países no recebimento de conteúdos esportivos.

Conforme Magaly Prado (2011, p. 126), por meio do jornalismo esportivo digital, “[...] ao gerar uma
notícia, atualizá-la e atualizá-la novamente, ou permitir comentários que aumentam a informação,
produz-se exatamente uma linha do tempo da informação”. Desta forma, é possível afirmar que a
partir de uma notícia inicial, gerada na maior parte dos casos por jornalistas ou conglomerados de
mídia, nasce uma série de outras notícias, debates ou discussões coletivas que sempre acabam
ampliando e contextualizando os conhecimentos disponíveis acerca do fato narrado inicialmente.

Deste modo, é importante observar:

A noção de tempo linear presente nos suportes convencionais, como no rádio e na


TV, já não corresponde à noção de tempo na rede. O tempo na rede não obedece
a uma sequência, ou seja, uma linearidade de raciocínio. O usuário não precisa,
obrigatoriamente, seguir um roteiro preestabelecido pelo suporte. (PRADO, 2011, p. 127).

Dessa forma, também é interessante nos atentarmos a uma alteração feita pelos internautas
no que tange o “consumo” das informações produzidas por meio do jornalismo esportivo digital.

Assim, o acesso às informações é feito de forma aleatória (randômica), ficando a


cargo do usuário construir um novo roteiro e, consequentemente, criar narrativas
inovadoras que irão contribuir para a produção de conteúdos no ciberespaço, abolindo
o espaço-tempo e ampliando nossas formas de ação. (PRADO, 2011, p. 127).

Figura 26 – Jornalistas

Fonte: Rawpixel.com/ Roman Samborskyi / shutterstock.com

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No que diz respeito aos jornalistas que pretendem militar na área esportiva e, principalmente,
atuar na linha de frente das coberturas exercendo a função de repórter, por exemplo, as jornalistas
Cleide Floresta e Lígia Braslauskas, autoras de Como fazer entrevistas e reportagens (2009, p. 12),
ressaltam:

No começo, a internet tinha um cargo muito legal, que era o de produtor de conteúdo.
Acho que essa função deveria continuar existindo, porque essa pessoa tinha de
enxergar além do texto. O repórter de internet é isso: tem de ir além da apuração,
precisa pensar a imagem, o vídeo, tudo o que pode agregar informação ao texto e
atrair o leitor. E na internet dá para colocar vídeo, enquete, fórum, etc. Não importa se
a pessoa começou agora ou se está no topo da carreira, tem de pensar o que dá para
fazer com a pauta. Precisa pensar em interatividade, em animação, em infografia [...].

As jornalistas citadas no parágrafo anterior ainda frisam mais algumas informações acerca
do dia a dia dos profissionais que trabalham com mídia digital: “Nos veículos on-line, além da
leitura de jornais, é imprescindível que o pauteiro vasculhe tudo que há na internet, em sites e
blogs jornalísticos” (FLORESTA; BRASLAUSKAS, 2009, p. 12). Além disso, podemos mencionar
que, atualmente, o manuseio correto dos softwares que realizam buscas online é imprescindível.

Nesse sentido, Magaly Prado (2011, p. 3) faz uma observação aos jovens jornalistas que pretendem
trabalhar com mídias digitais, seja na área esportiva ou em qualquer outro segmento comunicacional.
Para ela, “[...] o profissional bem-sucedido do século XXI é multimídia e multitarefeiro. A nova geração
sabe manusear várias mídias ao mesmo tempo. É jornalista-radialista digitalizado, cinegrafista e
fotógrafo”.

Para Celso Unzelte (2009, p. 82), autor de Jornalismo esportivo – relatos de uma paixão, o
investimento em reportagens especiais ou análises, realizadas por profissionais com maior experiência
profissional, também deve ser levado em consideração pelas empresas jornalísticas que operam na
internet. A contratação de colunistas ou dos chamados blogueiros é um elemento importante para
enriquecer a informação e diferenciar uma cobertura qualitativa que mescle informação, opinião e
análises fundamentadas, e não meramente informativas.

Para ampliar os conhecimentos profissionais esportivos em termos analíticos, recomendamos a


leitura de textos publicados, por exemplo, nos blogs dos jornalistas Cosme Rímoli, no portal R7 (do
grupo Record), e Juca Kfouri, no portal UOL, vinculado ao grupo Folha de S. Paulo. Em nossa opinião,
ambos tratam com muita pertinência assuntos ligados ao mundo esportivo e que extrapolam os
limites de um campo ou quadra esportiva, como política e gestão de carreiras. Vejamos um exemplo
extraído do blog de Cosme Rímoli, no dia 9 de maio de 2014:

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CURIOSIDADE

“É bom Tite se preparar. Só ficará com a Seleção se houver uma desgraça na Copa. Marin e Marco Polo
querem Felipão até 2018. E desejam o obediente Gallo o substituindo depois do Mundial da Rússia…

O Corinthians não quis renovar seu contrato. A diretoria o considera responsável por perder 2013. Assim
como não estar na Libertadores de 2014. Ele conquistou os maiores títulos da história do clube. Mas
se perdeu. Ficou ligado demais a um grupo de jogadores. Teve uma gratidão exagerada. Foi quando
seu empresário Gilmar Veloz entrou em cena. O chamou para longas conversas. Mostrou que, sem o
Corinthians, o melhor seria se recolher. E repetir o que fez com outro seu contratado: Luiz Felipe Scolari.
O treinador havia sido demitido do Palmeiras. Encaminhou o clube ao rebaixamento. Sofreu críticas, foi
dado como ultrapassado. Aconselhado por Veloz, Felipão se afastou, se recolheu. Não quis trabalhar no
Flamengo, Fluminense, Inter e Grêmio. A mando de Veloz.

E logo o que o empresário visualizava aconteceu. Mano Menezes foi demitido por Marin. A Seleção
acabou entregue a Felipão. O tempo foi um santo remédio. As pessoas se lembravam só dos méritos.
Como a conquista do penta em 2002. Até do Palmeiras só falavam da Copa do Brasil. A queda para a
Segunda Divisão ficou por conta de Gilson Kleina. Mais do que ninguém, Tite prestou atenção no que
havia acontecido. Ele havia ficado empolgadíssimo depois da saída de Mano. Foi levado a acreditar
por amigos que o cargo seria seu. Afinal, havia conquistado a Libertadores com o Corinthians. E estava
prestes a embarcar para o Japão, disputar o Mundial. Só não contava que a aversão de Marin a Andrés
Sanches. Ela ultrapassa a estratosfera. Não o perdoa depois que ele ironizou a sua velhice.

Mano já era ‘homem’ de Andrés. Não iria colocar outro treinador vindo do Parque São Jorge. Esperto,
o presidente da CBF percebeu. A pressão poderia ficar insuportável se o time fosse campeão mundial.
O que fez? Antecipou o anúncio do novo treinador do Brasil. Em vez de janeiro, novembro de 2012.
“Quebrou a perna de todo mundo”, ironiza um membro da CBF. Principalmente de Tite. Seu sonho não
se concretizaria. Ganhou o título no Japão. E teve um péssimo 2013 no Corinthians. A partir de outubro
quando soube que não renovaria, se propôs. Seguiria os mesmos passos de Felipão. Iria esperar pela
Seleção. No final do ano deu diversas entrevistas. Tinha de espalhar ao mercado que iria se reciclar.
Melhorar como treinador. Viajaria para a Europa ter contato com os esquemas mais modernos. E sem
nenhuma sutileza disse que só voltaria ao trabalho depois da Copa. Era clara a sua convicção de que
seria o principal candidato à Seleção. Até então, no final do ano passado, Felipão sairia depois do
Mundial.

Ele tinha o sonho de trabalhar em uma seleção estrangeira em 2018. Recebeu até sondagens da Rússia.
O que seria perfeito, já que adora comandar times da casa. Como fez com Portugal na Eurocopa. Estava
fazendo com o Brasil nesta Copa. Tite seguiu o seu plano. Só que não contava com o incrível sucesso
de Felipão na Seleção. Motivador e com um esquema tático moderno, conseguiu surpreender o mundo.
Ganhou a Copa das Confederações de maneira emocionante. Com autoridade absoluta. Atropelou a
campeã mundial, a Espanha, por 3 a 0 na decisão. Acabou com a invencibilidade de 29 partidas do time
de Vicente del Bosque. O feito ensandeceu Marin e Marco Polo del Nero.

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O presidente da FPF tomou a decisão na festa do Maracanã. Não deixar Felipão ir embora de jeito
algum depois da Copa de 2014. Em 2002, Luiz Felipe deixou a Seleção por se dar mal com Ricardo
Teixeira. Ele não perdoou uma atitude do presidente. Depois da convocação para o Mundial do Japão.
O treinador não se dobrou diante de Teixeira, não chamou Romário. Como vingança, o dirigente não
ofereceu um segurança ao técnico. O deixou sair da sede da CBF sozinho. Felipão foi cercado por
populares revoltados no Rio. Ouviu todo tido de palavrões e quase foi agredido. A cena foi deprimente.

O troco veio depois da conquista empolgante do pentacampeonato. Felipão teve muito prazer ao
dizer a Teixeira que não continuaria. Agora a situação é completamente outra. O relacionamento com
Marco Polo e Marin é excelente. Perguntei na coletiva de quarta se Felipão sairia da Seleção. Enquanto
ele disfarçava, ironizava... O atual presidente da CBF e seu sucessor balançavam a cabeça. Davam a
resposta. Não iria sair de ‘jeito algum’. Não será nenhuma surpresa se ele renovar o contrato durante
o Mundial. Felipão e Parreira só deixará o cargo se houver uma desgraça. O Brasil for eliminado, por
exemplo, nas oitavas ou quartas. Chegando a semifinal, tudo será perdoado. Ele tem tudo que Marco
Polo precisa. Carismático, vencedor e tem o jovem grupo de atletas na mão. 90% da equipe tem
condição de chegar ao Mundial de 2018. Se tudo seguir o enredo já traçado e a campanha for boa...
Não há motivo para troca. Felipão está mesmo muito diferente de antes da Copa das Confederações.
Esperto, sabe que tem fôlego e apoio para ficar mais quatro anos com o Brasil. E até realizar outro
sonho de Marin. Formar Alexandre Gallo para ser seu substituto.

O dirigente gostaria muito de ver o obediente técnico da base na Seleção. Mas sabe que ele está
‘verde’ demais. Porém esses próximos quatro anos ao lado de Felipão poderiam amadurecê-lo. O teste
seria em 2016, na Olimpíada do Rio. Nesta nova configuração sobrou para Tite. O treinador continua
fiel ao seu sonho. Recusou clubes como o Internacional, Fluminense e Atlético Mineiro. Neste mês
antes da Copa está falando novamente. Mostrando o resultado dos seus estudos europeus. Colhendo
já os frutos da saída do cenário. Está purgado dos pecados. A maioria das pessoas se lembra da
Libertadores e do Mundial. Se esquece do péssimo 2013.

Tite ainda age como candidatíssimo à sucessão de Felipão. Perguntado se aceitaria um possível
convite, já não esconde. “Sim. Dentro de todos os pré-requisitos, se o Felipe decidir não continuar.
Agora é antiético, é não ser um patriota e é contra todos os meus princípios.” Ele deu esta resposta,
com todas as letras, no Sportv, na segunda-feira. Mas o quadro mudou. Tanto que a afirmação não teve
repercussão. A conquista da Copa das Confederações e ter o grupo na mão pesam. Marco Polo e Marin
não querem nem pensar em outro treinador. A única possibilidade para Tite é um fracasso retumbante
do Brasil. Se ele não vier, o treinador já pode pensar em voltar a trabalhar. Em um dos grandes clubes
do Brasil. Se depender da cúpula da CBF, a Seleção tem dono até 2018. Ele se chama Luiz Felipe Scolari.
Adenor que se prepare...”

Fonte: Adaptado de <http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/e-bom-tite-se-preparar-so-ficara-com-a-selecao-


se-houver-uma-desgraca-na-copa-marin-e-marco-polo-querem-felipao-ate-2018-e-desejam-o-obediente-gallo-o-
substituindo-depois-do-mundial-da-russia-09052014/>. Acesso em 30/05/2014.

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6. COBERTURA DE FUTEBOL E OUTROS ESPORTES ATRAVÉS DA
INTERNET

6.1 O “jornalismo de futebol” no Brasil

Figura 27 – Futebol

Fonte: Pavelis/ shutterstock.com

O interesse dos brasileiros por informações relacionadas ao futebol é tão grande que, sem dúvida,
este é o esporte que movimenta a maior quantidade de conteúdos jornalísticos ligados ao setor
esportivo. Além do acompanhamento constante da mídia impressa, das emissoras de TV ou das
rádios, mais recentemente as coberturas virtuais também passaram a fazer parte deste universo.
A demanda por informações futebolísticas hoje é abastecida inclusive por meio do Twitter e do
Facebook, as duas principais redes sociais da atualidade, e nas quais milhares de atletas estão
presentes, sendo eles próprios, em diversas ocasiões, os próprios geradores de notícias.

Conforme Celso Unzelte (2009, p. 90), a própria estrutura das empresas de comunicação em
torno do futebol é diferenciada e, em diversos veículos, os jornalistas que acompanham este
esporte ficam em uma área privilegiada da redação, com espaço físico um pouco maior e mais

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computadores ao seu dispor. Além disso, o desenvolvimento tecnológico que temos vivenciado,
em um ritmo acelerado, de algumas décadas para cá, propicia um acompanhamento mais eficaz
da agenda futebolística.

Nas palavras de Barbeiro e Rangel (2006, p. 99), “[...] o jornalismo sempre esteve ligado à
tecnologia”. Ainda segundo os mesmos autores, outra virtude da presença tecnológica na cobertura
esportiva pode ser verificada. “Com ela podemos criar quadros de recordes batidos, rankings,
cenários virtuais e animações.” (BARBEIRO; RANGEL, 2006, p. 99). Para completar este raciocínio,
os mesmos autores ainda destacam:

Através dos hiperlinks, o torcedor tem a possibilidade de interagir com a notícia.


Além disso, com a tecnologia da internet, as imagens devem ser sempre atualizadas
e até do som se for o caso. O torcedor tem a possibilidade de acessar todo tipo de
detalhe, como galerias de fotos do time de coração, títulos conquistados, entrevistas
com os maiores ídolos, enfim, um verdadeiro banco de dados esportivo. (BARBEIRO;
RANGEL, 2006, p. 100-1).

Além disso, o jornalismo esportivo virtual está, nos tempos atuais, amparado na característica
transmidiática da internet, como observamos no primeiro capítulo deste texto – ou seja, ele possibilita
uma interação constante entre o público receptor das informações e seus respectivos produtores.
Além disso, existe a possibilidade de repercussão desses mesmos materiais em outras plataformas
como o Twitter e o Facebook. Desta forma, mais do que simplesmente repercutir as informações
de seu interesse, o público pode usá-las como material de discussão com outros internautas, por
conta desse realocamento possibilitado pela rede mundial.

Acerca dessa característica da comunicação virtual contemporânea, vejamos:

Transmídia, do inglês transmedia, significa conteúdo que se sobressai a uma mídia


única. Na prática, significa que as diferentes mídias transmitirão variados conteúdos
para o público de forma que os meios se complementem, pois se o público utilizar
apenas um canal terá apenas a mensagem parcial do assunto em questão, já que a
transmídia induz ao ato de contar histórias através de várias mídias, com um conteúdo
específico para cada uma (Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Transm%C3%ADdia>.
Acesso em: 16/11/2017).

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Figura 28 – O site da Placar, como outros veículos, possibilita ao internauta a repercussão das informações
em outras plataformas de comunicação como o Twitter e o Facebook

Fonte: <http://placar.abril.com.br/materia/santos-sai-ganhando-com-a-troca-damiao-diego/>. Acesso em: 8 maio 2014.

Além da revista Placar e dos portais já citados anteriormente e pertencentes ao Lance! e A Gazeta
Esportiva, a cobertura futebolística brasileira por meio da internet dispõe de uma série de outros
portais atrelados, em sua maioria, a veículos de comunicação como rádio, TV e jornais. O material
sobre futebol produzido por eles agrega notícias dos principais clubes e competições do Brasil,
bem como sobre a seleção nacional e as principais equipes, competições e atletas internacionais,
com destaques para países como Alemanha, Argentina, Itália, Inglaterra, Espanha, Portugal e, mais
recentemente, a França. Além deles, existe uma razoável quantidade de informações provenientes
do mundo árabe e do oriente, principalmente do Japão.

Em nossa opinião, merecem destaques os portais dos canais ESPN e Fox Sports. Por estarem
vinculados a conglomerados midiáticos reconhecidos no mundo por conta da qualidade e da
confiabilidade de suas informações, bem como pela qualidade dos profissionais que neles trabalham
e pelo pioneirismo com que tratam ou acompanham assuntos ligados ao futebol, cremos que são

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referências obrigatórias aos profissionais que se especializam no mundo esportivo e que trabalham
ou pretendem trabalhar neste segmento jornalístico.

O portal da ESPN, além do acompanhamento dos principais campeonatos e equipes do Brasil


e da Europa, possui seções sobre transferências de jogadores e sobre eventos futebolísticos para
competições de categorias menores, como o Sub-17 ou o Sub-20, uma vez que jogadores nessa faixa
etária muitas vezes já atuam por suas equipes principais, seja aqui em nosso país ou no exterior.

Além disso, o portal conta com colunas específicas de alguns dos mais renomados jornalistas
da atualidade, entre os quais Paulo Vinicius Coelho, José Trajano e Paulo Calçade. O portal também
mantém em sua página inicial uma galeria com fotos e informações acerca dos principais destaques
do futebol, mesmo que eles não estejam ou aconteçam dentro de campo. Como exemplos disso
temos as informações sobre os mandatários do futebol e seus respectivos relacionamentos com a
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), destaques sobre extravagâncias que torcedores realizam
por conta de paixões clubísticas ou a beleza de mulheres assistentes de arbitragem.

Figura 29 – O portal da ESPN evidencia, logo em sua página inicial, a importância do futebol dentro do no-
ticiário esportivo do Brasil ou do mundo

Fonte:<http://espn.uol.com.br/noticia/410000_luxemburgo-revela-que-teve-contato-do-palmeiras>.

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Esse comportamento pode ser compreendido e embasado através do pensamento comunicacional
de Prado (2011, p. 5): “Prestar atenção no comportamento do consumidor de informação é essencial
para trabalhar exatamente cima do que ele quer e da ideia de propor algo a mais no intuito de
acrescentar”. Portanto, é evidente que os portais de jornalismo esportivo repercutem e dão mais
espaço aos assuntos cuja probabilidade de aceitação popular seja maior. No caso do Brasil, sem
dúvida, o futebol é a modalidade com maiores condições de obter tal referendo.

Prado (2011, p. 5) ainda completa: “A facilidade de escolha do leitor em mudar de página, de


noticiário ou até de ações na internet é preocupação de todos, do dono da empresa ao repórter,
pois o internauta pode fazer outras coisas na rede”. Sendo assim, é preciso “prendê-lo”, no sentido
de manter sua atenção e fidelidade ao conteúdo produzido por um determinado portal. Nos tempos
atuais, as empresas de comunicação disputam acirradamente o público pois enxerga nele não
apenas um consumidor, e sim um possível defensor delas próprias. Exemplo: alguns internautas
defendem ferrenhamente determinados meios de comunicação e criticam outros, que no entender
deles não possuem a mesma qualidade jornalística.

Como ressaltamos anteriormente, outro portal que consideramos muito relevante para a obtenção
de informações acerca do futebol brasileiro e mundial é o Fox Sports. Nele, também é possível
encontrar os destaques acerca de competições e clubes do Brasil ou do exterior, acompanhadas,
quase sempre, de materiais exclusivos. Além disso, existe a preocupação por parte do portal em
manter interação constante com o público por meio de enquetes ou de um ranking com as notícias
mais lidas e os últimos destaques do mundo esportivo.

O portal conta ainda com blogs mantidos por jornalistas como Rogério Micheletti, Renata Cordeiro
e Paulo Julio Clement. Além de notícias e opiniões, o portal ainda disponibiliza seções especiais
para a Copa Libertadores, o mercado interno e externo de compra e venda de atletas, bem como
chamadas para todos os seus programas de TV, sejam eles veiculados pelo Fox Sports ou pelo Fox
Sports 2, além de informações complementares sobre cada uma das atrações.

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Figura 30 – O portal Fox Sports também deixa claro aos internautas, logo em sua página inicial, que a cobertu-
ra futebolística recebe muita atenção de seus profissionais

Fonte:<http://www.foxsports.com.br/>. Acesso em: 12 maio 2014.

Outra iniciativa que reputamos de qualidade é o acompanhamento informativo realizado pelo


portal Futebol Interior (<www.futebolinterior.com.br>). Nele são disponibilizados dados não apenas dos
principais centros futebolísticos do Brasil e do mundo, mas também de competições menores, como
a segunda e terceira divisão do Campeonato Paulista ou as séries B e C do Campeonato Brasileiro.
No ar há cerca de 15 anos, este portal realiza, ainda, o acompanhamento em tempo real do resultado
de todos os jogos de uma série de competições nacionais ou internacionais.

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Figura 31 – O portal Futebol Interior acompanha partidas do Brasileiro das séries A, B, C e D, além de com-
petições regionais, como diversos campeonatos estaduais

Fonte: <http://www.futebolinterior.com.br/>. Acesso em 12 maio 2014.

A sede da redação do portal Futebol Interior fica em Campinas, no interior de São Paulo. O
município está localizado a cerca de cem quilômetros da capital paulista. Outra ferramenta muito
usada pelos internautas deste portal é o chamado placar ao vivo. Trata-se de uma apresentação
de resultados online de todas as competições importantes envolvendo os clubes brasileiros, do
exterior e asprincipais seleções do mundo. O portal também possui correspondentes espalhados
por diversas cidades do país, em um trabalho de parceria com jornais, rádios e emissoras de TV.

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6.2 Cobertura midiática de outros esportes no Brasil

Figura 32 – Esportes

Fonte: Eugene Onischenko/ shutterstock.com

Se a maior parte da cobertura esportiva da mídia brasileira está centrada no futebol, é evidente
que resta pouco espaço às demais modalidades, em proporção. Levando em consideração os
meios de comunicação tradicionais, isto é facilmente verificável por conta da seleção de conteúdos
informativos realizada pelos editores. Na internet, porém, o acompanhamento é um pouco mais
constante, sobretudo em algumas modalidades como basquete, vôlei, automobilismo, natação e
tênis. Esporadicamente, surgem informações sobre atletismo, ginástica olímpica e handebol.

Aos amantes de outros esportes, o jornalista Celso Unzelte (2009, p. 93) deixa um recado: “[...] se
no Brasil já dá trabalho conquistar reconhecimento na profissão trabalhando com futebol, imagine
com outro esporte”. Entretanto, o mesmo autor elenca informações que podem ser úteis ao novo
profissional que objetiva reconhecimento profissional acompanhando outras modalidades. Vejamos:

A principal chave para isso chama-se dedicação, algo que vem fácil quando se gosta
do que se faz. Muitas vezes, o jornalista se torna melhor quando conhece a fundo
um assunto específico. É matemático: quanto mais tempo e energia você dedicar à
especialização em seu assunto preferido, maior a chance de se destacar.

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O problema é que o mercado, em geral, incentiva apenas a especialização no futebol
e, quando muito, no automobilismo ou no tênis. Portanto, quem quiser se destacar
em alguma outra área vai ter que torcer muito por um boom desse esporte no Brasil,
como acontece recentemente com a ginástica. Além de batalhar o dobro. (UNZELTE,
2009, p. 94).

Por outro lado, é possível observar que a concorrência profissional nos esportes menos destacados
também é menor. Isto pode ser um elemento facilitador. Conforme Celso Unzelte (2009, p. 94), alguns
outros aspectos também podem ser levados em consideração nesse sentido:

O fato de os atletas carecerem de divulgação e estarem sempre prontos a ajudar


o jornalista, ou ao menos mais preparados do que as grandes estrelas do futebol,
também ajuda. Porém, mesmo para quem não gosta de futebol, alguma noção
sobre esse esporte se faz necessária. Primeiro pelo fato de ele ser parte importante
da cultura brasileira, e como tal não pode ser simplesmente ignorado por nenhum
jornalista, de nenhuma área. Depois, porque mesmo sendo rara por conta do número
muito maior de profissionais na cobertura do futebol, existe sempre a possibilidade
de o jornalista de outra área também ser deslocado para uma cobertura futebolística.

Sobre a consolidação da carreira profissional em áreas de pouca projeção midiática no Brasil,


o jornalista Paulo Vinícius Coelho (2011, p. 50) comenta que a conquista de espaço em um meio
no qual a projeção é rara e para poucos é mais difícil. “Assim como os pilotos de Fórmula 1 exigem
nível de conhecimento maior até do que o nível exigido dos jornalistas de futebol pelos jogadores,
os atletas do tênis fazem o mesmo com os jornalistas desse esporte.” (COELHO, 2011, p. 50).

Quando tratamos da especialização jornalística na área esportiva, entendemos que se especializar


na cobertura de modalidades de menor expressão nunca se trata, necessariamente, de um problema.
A questão essencial é fazê-la no momento certo, quando oportunidades de mercado são vislumbradas.
É o caso que vivenciamos atualmente no Brasil. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de 2016, já
podemos notar o aquecimento do mercado informativo e a contratação de jornalistas para realizar
o acompanhamento midiático ou trabalhar com assessoria de imprensa de atletas e federações de
esportes olímpicos, visto que aumenta o interesse por essas competições.

Para quem desejar se especializar em uma determinada modalidade, principalmente naquelas em


que é necessário extremo domínio, para se diferenciar dos outros jornalistas em termos qualitativos,
o jornalista Celso Unzelte (2009, p. 117) dá algumas dicas a fim de alertar os jovens profissionais
para os desafios que possivelmente os aguardarão: “Quem não gostaria de ser visto como uma
referência em determinado assunto? Ser consultado sempre que surge uma dúvida [...]. Essa é a
melhor parte de se especializar”.

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Seguem mais algumas considerações sobre a especialização jornalístico-esportiva:

Há sempre muito a aprender, e esse aprendizado só ocorre com o tempo, no dia a


dia, até o final da carreira, em pequenos detalhes que você descobrirá aqui e ali, por
meio das novas informações que lhe chegarem. Fundamental, portanto, é ter acesso
permanente a essas informações. Todo candidato a especializar-se em qualquer área
do jornalismo deve, antes de tudo, investir em si. Um investimento que se dá tanto
em forma de tempo quanto de dinheiro; às vezes, até em ambas as formas.

O primeiro passo para isso é acompanhar de perto o assunto ao qual você se dedica.
Isso significa estar presente em competições esportivas, eventos e entrevistas
coletivas, fazer contatos e ouvir fontes. Também é importante investir em tecnologia,
ao menos no acesso à internet com banda larga, para que você possa fazer em tempo
razoável todos os downloads de arquivos necessários para suas reportagens, sejam
eles textos, imagens de gols ou fotos que sirvam de referência para seu trabalho.
(UNZELTE, 2009, p. 118).

Acreditamos que se uma pessoa se dedicar praticamente em tempo integral à área esportiva
que mais gosta, a chance de realizar um trabalho melhor é bastante razoável. Quem domina uma
série de informações e possui conhecimentos culturais diversificados poderá, certamente, buscar
novos enfoques, novas perspectivas, desdobramentos e contextualizações que lhe permitirão realizar
um trabalho jornalístico-esportivo de qualidade, capaz de se diferenciar perante a concorrência.

Figura 33 – O jornalista Reginaldo Leme, especializado em automobilismo, é um profissional que focou sua
carreira num segmento específico e alcançou sucesso

Fonte: <http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/sinal-verde/1.html>. Acesso em: 14 maio 2014.

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Além do blog Sinal Verde, escrito por Reginaldo Leme e especializado em automobilismo,
também reputamos como veículos de cobertura online muito interessantes, o blog do jornalista
Everaldo Marques, vinculado ao portal ESPN (<www.espn.com.br>) e especializado em coberturas sobre
basquete, hóquei e futebol americano, entre outros esportes. Também acreditamos que o blog de
Álvaro José, vinculado ao portal R7 (<www.r7.com.br>) é outro bom exemplo. Neste endereço, afloram
notícias sobre vôlei, esportes olímpicos, natação, atletismo e outras modalidades. Poderíamos citar
outros, porém, é por meio desses que acreditamos poder sintetizar a cobertura esportiva online de
outros esportes que não o futebol no Brasil.

Figura 34 – O jornalista Everaldo Marques destaca várias modalidades em seu blog

Fonte: <http://espn.uol.com.br/blogs/everaldomarques#/1>. Acesso em 14 maio 2014.

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Figura 35 – Álvaro José foca na repercussão de vários esportes olímpicos

Fonte: <http://esportes.r7.com/blogs/alvaro-jose/>. Acesso em 14 maio 2014.

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7. JORNALISMO ESPORTIVO: MOBILIDADE E REDES SOCIAIS

7.1 Jornalismo móvel


Figura 36 – Jornalismo móvel

Fonte: Andrey_Popov/ shutterstock.com

É cada vez mais constante a presença dos chamados dispositivos móveis no dia a dia das
pessoas, seja por meio de tablets ou de smartphones. Esses aparelhos se popularizaram muito
nos últimos anos e, atualmente, têm presença marcante na vida de pessoas das mais diversas
idades e com os mais variados perfis de usabilidade, o que varia desde o simples entretenimento
até o fechamento de negócios milionários, passando pelo consumo de informações em quaisquer
segmentos jornalísticos, inclusive na área esportiva.

Um dispositivo móvel pode ser caracterizado como uma espécie de computador de bolso,
dotado de tela touchscreen (movida ao toque das mãos), microprocessador e espaço virtual para
armazenamento de dados. Eles funcionam como computadores, aparelhos de GPS, retransmissores
de TV digital, máquinas fotográficas, gravadores e aparelhos de telefonia móvel. Essa integração
midiática tornou esses aparelhos em espécies de instrumentos de conectividade com o mundo.
Características marcantes desse jornalismo móvel são a sintetização informativa e a imensa
quantidade de conteúdos provenientes da internet.

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Conforme Magaly Prado (2011, p. 214), é preciso levar em consideração que, no mundo
contemporâneo, a informação resumida ganha força, por conta do cotidiano cada vez mais agitado
vivenciado pela maioria das pessoas. Sendo assim, a autora revela:

É preciso, então, não somente preparar reportagens com todos os meandros necessários
(pauta, planejamento, produção, pesquisa, apuração, checagem, identificação, redação,
revisão, publicação etc.) bem como encaixá-las amigavelmente na telinha e ainda
por cima com sistemas de alerta avisando o usuário em tempo real que tem notícia
nova do seu interesse. (PRADO, 2011, p. 214).

Deste modo, a mesma autora revela que o jornalismo “[...] feito pelos celulares inteligentes,
chamados smartphones, para ser acessado também pela internet móvel é a aposta do futuro”
(PRADO, 2011, p. 215). Portanto, a tarefa dos jornalistas esportivos contemporâneos por um lado
se encontra facilitada, tamanha é a oferta tecnológica que pode ajudá-los, e por outro, se veem
diante da necessidade de compreenderem rapidamente as melhores estratégicas para alcançar o
público receptor, entregando a ele conteúdos multimidiáticos.

Nesse sentido é interessante observar que antes

[...] determinado público recebia informações de um veículo ou um grupo de veículos


específicos e com isso se tornava parte de uma tribo. Hoje, essa preferência pode
mudar à medida que o público vai tendo a oportunidade de enfatizar o seu gosto
e o gosto comum de seus pares nas redes sociais, na assinatura de noticiários, de
audiocasts, ou, quem sabe, com a possibilidade de preparar o próprio material de
difusão, a fim de melhorar esse gosto e (por que não?) propondo criar gosto na sua
comunidade, na sua rede particular de interessados em produtos segmentados.
(PRADO, 2011, p. 217).

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Figura 37 – A TV Bandeirantes possui um aplicativo para smartphones. Outras empresas de comunicação tam-
bém possuem essa plataforma comunicacional

Fonte: <http://a3.mzstatic.com/us/r30/Purple2/v4/ff/1a/e7/ff1ae769-cdaf-1448-d38f-c9bf02c90f5b/
screen1136x1136.jpeg>.<http://a2.mzstatic.com/us/r30/Purple/v4/d5/1a/03/d51a03ba-f11f-
41d2-61a8-d3eec45706db/screen1136x1136.jpeg>. Acesso em: 10 nov. 2017.

Além da Bandeirantes, diversas empresas ou veículos de comunicação possuem aplicativos


para mídias móveis. Entre elas estão a ESPN, Fox, Placar, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo,
Lance!, Esporte Interativo, Globo, entre outras. Cada uma dessas empresas explora aquilo que julga
mais importante nas mídias virtuais, desde os esportes noticiados até o tipo de cobertura realizada,
seja por meio de notícias, áudios, vídeos, enquetes ou quaisquer outras formas de disseminação
de conteúdos ou de interatividade com o público.

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Mediante essas transformações midiáticas que, em nossa opinião, contribuem para o aumento
das possibilidades de trabalho para os jornalistas que desejam militar na área esportiva, cremos
ser viável a reprodução de outro trecho do livro Webjornalismo, de Magaly Prado (2011, p. 224).
Nele, a jornalista aponta algumas informações que julgamos perfeitamente relevantes para o futuro
do jornalismo esportivo, principalmente quando este estiver baseado nas novas tecnologias da
informação.

Penso que o jornalismo móvel, dentro de um contexto de convergência jornalística,


se estabelecerá cada vez mais porque as empresas jornalísticas utilizam dispositivos
como celular como artefato catalisador para realizar o fluxo para multiplataformas
(rádio, televisão, impressos, celular, internet). Há, na minha concepção, uma
potencialização do jornalismo móvel. (PRADO, 2011, p. 224).

É preciso levar em consideração que a real consolidação do jornalismo móvel em solo brasileiro
depende de melhorias na qualidade do sinal transmitido pelas operadoras de telefonia móvel.
Vislumbramos que a consolidação da tecnologia 4G e a manutenção da rede 3G possam auxiliar
na solidificação dessa nova plataforma comunicacional, tão usada e requisitada no jornalismo
esportivo contemporâneo, seja por profissionais ou pelo público consumidor das mais diversas
informações deste setor.

Prado (2011, p. 224) faz, entretanto, uma ressalva:

Entendo também que os repórteres ainda se apropriam dessas tecnologias móveis


para a produção jornalística de uma forma experimental e potencializando muito mais
os vídeos e fotos, mas ignorando, na maioria das vezes, algumas capacidades dos
dispositivos para a construção de notícias inclusive locativas como GPS, editores
(de textos, áudios e vídeos) embutidos em aparelhos como celulares entre outras
funções quase desconhecidas dos usuários.

Na minha percepção ainda falta também uma estratégia mais bem acabada de como
lidar com as tecnologias móveis, pensar na pauta do trabalho dos repórteres de
campo e na definição de um sistema/estrutura para atender ao fluxo de produção,
à demanda dessa produção externa.

SAIBA MAIS

As mídias sociais estariam corrompendo o jornalismo? Saiba o que tem sido discutido sobre tal
questionamento lendo o artigo a seguir:

GREENSLADE, Roy. As mídias sociais estariam corrompendo o jornalismo? Observatório da Imprensa,


30 abr. 2016. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/monitor-da-imprensa/as-midias-sociais-
estariam-corrompendo-o-jornalismo/>. Acesso em: 21 nov. 2017.

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7.2 Redes sociais e jornalismo esportivo

Figura 38 – Redes sociais

Fonte: Twin Design/ shutterstock.com

Atualmente as redes sociais mais conhecidas e usadas pelos internautas no Brasil são o
Facebook e o Twitter. Por meio delas, milhares de usuários transmitem e compartilham diversos
tipos de conteúdo. Além deles, tivemos, mais recentemente, a inserção do Whatsapp nessa relação.
Por meio dessas três ferramentas, registramos atualmente a ampliação dos formatos online que
possibilitam a produção de conteúdos relacionados ao jornalismo esportivo. A partir de 2004, com o
surgimento do Facebook, “[...] a cobertura jornalística esportiva ficou mais ágil e interativa, abrindo
novas perspectivas” (GOMES; FRANCISCO; BRAGUIM, 2012, p. 83).

Ainda acerca da presença das redes sociais no dia a dia do jornalismo esportivo, é importante
observar que o Facebook

[...] acabou tendo um caráter mais profissional e se tornou um espaço virtual onde
também os veículos de comunicação puderam disponibilizar, através dos próprios
profiles postando links, os conteúdos informativos. Isso porque os meios de
comunicação perceberam um grande número de pessoas que aderiram ao Facebook
e apostaram nesse público para ter um grande número de acessos. E através dessa
rede social os usuários poderiam acessar o site jornalístico e interagir, expondo sua
opinião. (GOMES; FRANCISCO; BRAGUIM, 2012, p. 83).

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Outra ferramenta virtual muito usada no jornalismo esportivo contemporâneo é o Twitter. Muitos
sites, profissionais de comunicação e até mesmo atletas ou treinadores estão presentes nesta rede
social e, por meio dela, divulgam informações que muitas vezes sequer são veiculadas nos meios
de comunicação tradicionais. Atualmente, é comum, por exemplo, que o anúncio da contratação
de jogadores seja realizado através desta plataforma.

Nesse sentindo, é interessante notar que devido à

[...] possibilidade de interação que o Twitter oferece aos usuários, os jornalistas


acabaram aproveitando para, além de criar suas contas, seguir os clubes, atletas
e treinadores para observar o que eles postam e, dependendo do que escreverem,
transformar em matéria jornalística. Os times usam o microblog para disponibilizar
conteúdos, informações e programações oficiais dos eventos que vão acontecer.
(GOMES; FRANCISCO; BRAGUIM, 2012, p. 84).

Além disso, também é possível verificar que

[...] os jogadores, técnicos e até dirigentes fazem do Twitter um canal para expressarem
opiniões, relatarem o que estão fazendo e comentarem o que houve durante e depois
do jogo ou treino. Com isso, o que é postado por eles, dependendo da relevância,
acaba virando notícia na imprensa. Sejam notícias positivas, protestos ou polêmicas,
como discussões com determinado atleta ou treinador adversário e brincadeiras de
mau-gosto, a questão é que os jornalistas passaram a agir como “plantonistas” do
Twitter para observar o que acontece e publicar nos sites, nos jornais impressos, no
rádio ou na TV. (GOMES; FRANCISCO; BRAGUIM, 2012, p. 84).

É perceptível que a maior parte dos jornalistas esportivos do Brasil faz do Twitter uma ferramenta
essencial no dia-a-dia profissional para captação de informações. Essa rede social, além de fonte de
informações, configura-se como importante geradora de pautas, afinal de contas, muitos assuntos
repercutidos nela acabam se transformando em notícias e vão parar nos sites, blogs ou até mesmo
nos portais virtuais de várias empresas de comunicação.

Entretanto, Gomes, Francisco e Braguim (2012, p. 85) revelam que, para os jornalistas esportivos,
“[...] o que importa não é a velocidade com que as informações chegam, e sim a qualidade da
informação que é publicada”. Para que esta regra seja sistematicamente levada em consideração,
é importante ressaltar a importância de alguns preceitos fundamentais do jornalismo: apuração,
checagem e redação. As mídias sociais, em especial o Facebook e o Twitter, transformaram todos
os seus usuários em potenciais geradores de notícias.

É evidente que muitos conteúdos veiculados pelas redes sociais nem sempre zelam por regras
de boa prática jornalística. Muito disso se deve ao fato de qualquer pessoa se transformar em uma

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espécie de “repórter”, já que a simples usabilidade das redes sociais proporciona a esta pessoa
a possibilidade de lançar, via internet, para o mundo todo, informações que muitas vezes pecam
pela falta de coerência ou veracidade. No Brasil, casos assim são folclóricos, e talvez um dos que
tenha gerado maior repercussão negativa foi o anúncio da contratação do atacante francês Nicolas
Anelka, pelo presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. Além de não ser sido concretizada a
negociação, essa veiculação apressada trouxe prejuízos à imagem do mandatário do clube mineiro
e à própria instituição.

Para os jornalistas esportivos Gomes, Francisco e Braguim (2012, p. 85), a checagem das
informações é importante mesmo quando elas forem veiculadas por fontes oficiais. Eles ressaltam
que muitos conteúdos veiculados através das redes sociais não passam de factoides. Em nosso
entender, acreditamos que os repórteres que “compram” essas informações como verdadeiras
falham no cumprimento da função social requerida pela profissão: o compromisso com a verdade
e a entrega de conteúdos qualitativos ao público.

Figura 39 – Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG, usou o Twitter para noticiar uma contratação não efeti-
vada, o que trouxe problemas para sua imagem de mandatário.

Fonte: <http://www.otempo.com.br/polopoly_fs/19.256332!/images/1191974489.png>. Acesso em: 10 nov. 2017.

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Gomes, Francisco e Braguim (2012, p. 86) ainda colocam mais uma observação no sentindo
de prevenir os jornalistas esportivos contemporâneos acerca de eventuais problemas que possam
acontecer por conta da quantidade exacerbada de informações que todos os dias são disponibilizadas,
levando em consideração a características multimidiáticas da imprensa contemporânea. Eles revelam
que os profissionais do jornalismo esportivo devem trabalhar com base em uma junção de plataformas,
sejam elas virtuais ou tradicionais, para extrair de cada uma suas principais potencialidades. Esse
lembrete é importante, pois atualmente podemos verificar que todos os portais de jornalismo
esportivo já produzem conteúdos que consideram a oportunidade de promover uma espécie de
“cruzamento de mídias”. Isto pode ser observado quando, por exemplo, um determinado portal
produz uma notícia em forma de texto com o auxílio de imagens, gráficos ou vídeos e disponibiliza
links para compartilhamento desse conteúdo em outras plataformas comunicacionais (no Facebook
ou no Twitter, por exemplo).

Figura 40 – O cruzamento de mídias é uma característica da comunicação moderna

Fonte: <http://espn.uol.com.br/noticia/395794_na-alemanha-clubes-contratam-
antes-mesmo-do-mercado>. Acesso em: 10 nov. 2017.

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SAIBA MAIS

Saiba mais como jornalistas devem agir em suas redes sociais lendo o artigo abaixo:

OSÓRIO, Moreno; VIEIRA, Lívia. Como jornalistas devem agir em suas redes sociais? Farol Jornalismo,
20 out. 2017. Disponível em: <http://mailchi.mp/0aac7cdd0b08/nfj160-oferecida-por-eder-content-jornalistas-
nas-redes-sociais-desinformao-online-e-como-atingir-audincia-jovem-s01e09?e=14b8598d32#âncora#1>. Acesso
em: 22 nov. 2017.

Por outro lado, as redes sociais também podem gerar a chamada superexposição de atletas e
outros profissionais ligados a clubes de quaisquer modalidades. Para tentar conter os excessos,
diversas agremiações esportivas criam regras de conduta que versam acercam da usabilidade
dessas plataformas. Nesse caso, a ideia é impedir a divulgação de conteúdos que possam trazer
problemas ao clube ou a seus atletas e, consequentemente, evitar a aparição de fatos negativos
que possam repercutir na imprensa a partir da coleta dessas informações por parte dos repórteres
setoristas ou dos próprios internautas comuns, que agora também possuem a oportunidade de
repercutir conteúdos tornados públicos na internet.

Por fim, há jornalistas que não poupam críticas ao uso desenfreado das redes sociais realizado
por repórteres de várias modalidades. Esse acompanhamento ininterrupto fez nascer a expressão
“setorista de redes sociais”, em uma alusão aos profissionais que deixaram de pautar seus trabalhos
pelo contato físico com as fontes e preferem monitorá-las apenas através da internet. Quando isto
ocorre, temos outro problema: qual o limite entre fatos profissionais e fatos pessoais? Essa é uma
questão que envolve questões éticas e princípios morais. Acreditamos que os jornalistas devem se
ater apenas aos assuntos referentes à esfera profissional. Entretanto, nem sempre isso acontece.

Nem tudo o que é publicado nos sites de relacionamentos são os próprios jogadores
e treinadores que escreveram. [...] Questões internas dos clubes que envolvam os
atletas, técnicos ou dirigentes não devem ser publicadas porque podem comprometer
a imagem do clube e do próprio usuário. Afinal, muita gente, como os torcedores e
jornalistas, acompanha, e para ser publicado um escândalo é questão de minutos.
(GOMES; FRANCISCO; BRAGUIM, 2012, p. 91-2).

CURIOSIDADE

Pesquisa global mostra que jornalistas não estão acompanhando revolução digital, mas traz sinais
positivos sobre América Latina. Leia mais em:

MIOLI, Teresa. Pesquisa global mostra que jornalistas não estão acompanhando revolução digital,
mas traz sinais positivos sobre América Latina. Knight Center for Journalism in the Americas,
Disponível em: <https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/blog/00-18879-pesquisa-global-mostra-que-jornalistas-
nao-estao-acompanhando-revolucao-digital-mas-tr>. Acesso em: 10/11/2017.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Figura 41 – Jornalismo esportivo

Fonte: imagestockdesign/ shutterstock.com

Ao longo deste texto pudemos perceber o quanto as novas tecnologias da informação


transformaram e vêm transformando o jornalismo esportivo praticado no Brasil, independentemente
da modalidade para o qual são direcionadas. Saímos de uma época em que apenas os veículos
impressos, o rádio e a TV tinham capacidade de moldar a opinião pública para um período em que
a internet e todas as redes sociais derivadas dela possuem a capacidade de promover e agendar
temas junto ao imaginário popular.

Por meio do jornalismo online, romperam-se quaisquer fronteiras territoriais ou temporais para
propagação informativa, e isto é, talvez, a principal mudança ocasionada pelas novas tecnologias
da informação no ambiente do jornalismo esportivo. Até mesmo por conta disso, é cada vez mais
importante conseguir contextualizar a informação e criar hierarquias para ela, com o intuito de
destacar o trabalho realizado frente à imensa concorrência jornalística que existe atualmente.

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Ressaltamos ainda que, além de possibilitar a ampliação de canais para veiculação de informações
relativas ao universo do jornalismo esportivo, a consolidação da internet e, posteriormente, sua
característica de promover o chamado crossmedia entre os mais diversos formatos de conteúdos,
o jornalismo digital possui outra característica singular, fruto da versatilidade das novas tecnologias
da informação, estejam elas disponíveis em um já tradicional computador de mesa, um notebook
ou qualquer dispositivo móvel: trata-se da capacidade de receber constantes atualizações.

Outra observação interessante a ser realizada neste encerramento de trabalho é a de que no


jornalismo digital o controle da produção jornalística não está mais centrado nas redações ou nos
profissionais da comunicação, embora, evidentemente, o papel social a ser desempenhado por eles
preserve grande importância. Hoje, porém, qualquer usuário das redes sociais pode ser não apenas
receptor de conteúdos informativos, mas também produtor e, nesse sentido, muitas notícias, pautas
ou observações jornalístico-esportivas interessantes nascem a partir de constatações realizadas
pelo público.

Essas alterações, mais do que simplesmente transformar a rotina de produção jornalística,


alteram também o perfil do profissional que desejar se especializar na área esportiva. O jornalista
contemporâneo, além de estar muito bem informado em termos de assuntos relativos à sua área
de atuação, conhecimento geral e fluência em pelo menos dois idiomas, deve também se atualizar
no que diz respeito ao domínio técnico das novas ferramentas de comunicação, principalmente
daquelas que poderão lhe servir profissionalmente.

Finalmente, acreditamos que, na sociedade contemporânea, o poder de comunicação gerado


pela internet, redes sociais e quaisquer outras plataformas digitais faz com que o processo de
criação jornalística seja cada vez mais uma atividade que envolve aspectos de planejamento,
estudo e ação profissional. Diante de tamanha concorrência, os principais portais de atuação
jornalístico-esportiva se voltam para a contratação de profissionais que possam integrá-los não
apenas como funcionários, mas como colaboradores e parceiros profissionais na essência das
palavras, gente que possua disposição, além de muito profissionalismo, e também capacidade de
inovação profissional, conhecimentos culturais e habilidade para encontrar informações onde toda
a concorrência encontrou apenas acúmulo de dados.

Esperamos que nosso texto tenha ajudado você a compreender melhor o funcionamento e
as tendências do jornalismo digital contemporâneo. Desejamos, ainda, sucesso profissional e
boas oportunidades de trabalho a todos vocês. Lembrem-se de um último recado: especialização

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profissional é a ferramenta essencial para aumentar as chances de reconhecimento no mercado de
trabalho da atualidade. Sendo assim, o importante, além de estudar, é dominar o máximo possível
as informações que chegam até nós. Atualmente, quem é bem informado está em situação de
vantagem em uma série de áreas da vida, seja em aspectos pessoais ou profissionais. E no jornalismo
esportivo isso não é diferente.

CURIOSIDADE

Pela primeira vez no Brasil, oito organizações nativas digitais que estão inovando no jornalismo online
se juntam para trazer um festival de olho no futuro da informação. Descubra mais em:

BRASIL ganha Festival de jornalismo inovador em novembro. <http://piaui.folha.uol.com.br/


lupa/2017/10/17/festival-3i/>. Piauí, 17 out. 2017. Acesso em: 10 nov. 2017.

ATIVIDADE REFLEXIVA

Considerando o que tem sido apresentado, reflita sobre a seguinte questão: como se dá a presença
feminina no jornalismo esportivo? Para ajudar na sua reflexão sugere-se a leitura a seguir:

SANTOS, Anderson David Gomes dos. A presença feminina no jornalismo esportivo. Observatório da
Imprensa, 23 jun. 2014. Disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/_ed804_a_
presenca_feminina_no_jornalismo_esportivo/>. Acesso em: 22 nov. 2017.

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GLOSSÁRIO

• Hiperlink: É sinônimo de link e significa qualquer coisa que se coloca em uma página da web
e que, quando clicada com o lado esquerdo do mouse, abre uma página diferente, ou um lugar
diferente, da internet. A página diferente pode ser do próprio site ou de outro site. O lugar
diferente pode ser na própria página – você clica no link e ele te conduz imediatamente a outro
lugar da página. O lugar diferente pode ser também um formulário, ou uma pagina de e-mail
para se enviar uma mensagem. Assim, o link é um endereço que o computador segue para
chegar a algum lugar, na página ou fora dela, mas a palavra link pode ser usada com outros
significados. (fonte: <http://www.otimizacao-sites-busca.com/links/hlink.htm>).
• Focas: Expressão popular que, no jargão dos jornalistas, significa profissional graduado há
pouco tempo, ou seja, entre um e três anos.
• Suitar: O termo “suíte” pode ser compreendido como a repercussão e o consequente
desdobramento de uma determinada notícia, com a apresentação de informações adicionais
àquelas publicadas e/ou veiculadas inicialmente.
• Facebook: É uma rede social que possibilita relacionamentos interpessoais entre seus usuários.
Foi lançado em 4 de fevereiro de 2004. Atualmente possui mais de um bilhão de usuários
ativos em todo o mundo. Além de trocar mensagens entre si, os usuários podem participar
de grupos de interesse comum de outros seguidores, organizados por temáticas.
• Twitter: É uma espécie de rede social baseada em um microblog que permite aos usuários
enviar e receber conteúdos de outros usuários em textos de até 140 caracteres. As atualizações
são exibidas tempo real. Essa plataforma comunicacional foi criada em 2006.
• Whatsapp: É um software que permite a troca de mensagens e outros tipos de conteúdos entre
dois usuários de modo direto, sem que esse material fique disponível a outros usuários. Além
de mensagens de texto, os usuários podem enviar imagens, vídeos e mensagens de áudio de
mídia. Em fevereiro de 2014 foi comprado pelo Facebook.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBEIRO, Heródoto; RANGEL, Patrícia. Manual do jornalismo esportivo. São Paulo: Contexto, 2006.

BRASIL ganha Festival de jornalismo inovador em novembro. <http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2017/10/17/


festival-3i/>. Piauí, 17 out. 2017. Acesso em: 10 nov. 2017.

COELHO, Paulo Vinicius. Jornalismo esportivo. São Paulo: Contexto, 2011.

CREMADES, Javier. Micropoder: a força do cidadão na era digital. São Paulo: Senac, 2009.

FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. São Paulo: Contexto, 2012.

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