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O artigo traz uma análise, uma desmistificação do que a mídia retrata como

psicopata.
Primeiro que Psicopatia, ou Transtorno de Personalidade Anti Social, é
um quadro clínico, e como qualquer outro quadro clínico não necessariamente
todo indivíduo perverso vai apresentar um quadro clínico assim; e, como todo
quadro clínico, são necessárias análises de como isso interfere a vida do indivíduo,
como interfere o bem estar social, entre outras coisas.
Zimmerman retrata que a melhor colocação pro perfil “perverso” é
organização ou estrutura perversa; isso porque a palavra “perverso” possui alguns
estigmas, e muitas vezes é considerada como algo ruim, maléfico.
Laplanche e Pontalis definiram “perverso” como uma estrutura que se
organiza como uma defesa contra angústias.
Freud queria demonstrar com o estudo da perversidade a existência da
normalidade mas também dos desvios da sexualidade infantil; e, para o perfil
perverso, se destaca como foi solucionado o complexo edípico.

Aparelho psíquico do perverso: no aparelho psíquico do perverso, o ego é


sujeito ao ID; o ego negocia suas exigências com os desejos do Id e com a
realidade; os perversos colocam em prática aquilo que neuróticos não tem coragem
de manifestar. Na perversão, é possível considerar as exigências do id e da
realidade sem que uma anule a outra; não há recalcamento dos desejos, nem
rejeição à realidade.
Freud destaca a Verleugnung, a recusa, como mecanismo de defesa da
perversão. Para Freud, ninguém nasce perverso, torna-se um ao herdar, e isso pode
ser manifestado por conta de traumas na vida do indivíduo, acontecimentos
específicos que podem ser gatilhos. Assim, tudo depende do que cada sujeito faz da
perversão que carrega: rebelião, superação, sublimação, ou ao contrário, crime,
autodestruição, e outros. Na perversidade, o indivíduo age e se vangloria por não se
sentir culpado por seus atos.
Seria a renegação, desmentindo a castração por angústia de ser castrado,
como uma fixação na sexualidade infantil.
E então, surgem as manifestações sexuais, as parafilias.
Parafilias são padrões “fora da normalidade” de satisfação sexual; algumas
que são comuns são pedofilia, zoofilia, voyeurismo, exibicionismo, fetichismo,
sadismo e masoquismo.
Destacam-se mais o fetichismo, sadismo e masoquismo, onde podem ser
caracterizados, respectivamente, como: substituto imaginário-simbólico da
castração (que podem ser objetos presentes na cena onde ela foi descobertas,
partes do corpo, roupas, etc); ação de empurrar a castração para o outro, como se o
outro fosse o objeto a ser castrado, causando dor neste outro; e a identificação com
o objeto ou pessoa, consistindo em sentir satisfação e prazer que o outro lhe causa
essa dor de castração.

No perverso o Id predomina em sua vida, pois a única coisa que importa é o


prazer próprio, sem se importar que isso prejudique ou não o próximo. A perversão
se caracteriza por uma fixação do desvio quanto ao objeto de desejo; essa
sexualidade estaria definida por conta de um prejuízo na estruturação do Complexo
de Édipo na vida da criança. O perverso sabe o que quer, sabe o foco do seu
desejo, mas nega a raiz de onde ele se originou considerando a realidade e ao
mesmo tempo negando-a.

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