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Um corpo é uma estrutura física que abriga a mente e o ser humano como um todo. É através do
corpo que experimentamos e interagimos com o mundo ao nosso redor. Na psicanálise, o corpo é
visto como um objeto de estudo importante para compreender as emoções, pensamentos e
comportamentos do indivíduo.
De acordo com a teoria psicanalítica, o corpo é influenciado pela mente e vice-versa. A mente é
responsável por determinar nossos desejos e impulsos, que por sua vez afetam a maneira como o
corpo funciona e responde ao mundo. A psicanálise também considera que as experiências vividas
pelo indivíduo desde a infância podem afetar a maneira como ele se relaciona com seu próprio corpo
e com os outros.
Assim, a psicanálise pode ajudar a compreender os distúrbios psicossomáticos, que são problemas
físicos causados ou agravados por fatores psicológicos. A psicanálise pode ajudar a pessoa a
entender a relação entre seus pensamentos, emoções e comportamentos e a maneira como isso
afeta o seu corpo, e a desenvolver maneiras de lidar com esses problemas.
A primeira concepção do aparelho psíquico foi proposta por Sigmund Freud em 1895, em seu artigo
intitulado "Projeto para uma Psicologia Científica". Nessa teoria, Freud descreve o aparelho psíquico
como sendo dividido em três instâncias:
O consciente é a parte do aparelho psíquico que está em contato direto com o mundo exterior e
com a percepção do indivíduo.
O pré-consciente é a parte do aparelho psíquico que contém informações que podem ser trazidas
facilmente à consciência, como memórias recentes ou informações armazenadas na memória de
longo prazo.
O inconsciente é a parte do aparelho psíquico que contém conteúdos que não estão disponíveis à
consciência, como traumas, desejos reprimidos, impulsos e fantasias. Ele não é limitado pelo tempo
e não segue as normas éticas ou morais estabelecidas pela sociedade. Ele é regido pelo princípio do
prazer, que busca a satisfação imediata dos desejos e necessidades sem levar em consideração as
consequências ou restrições sociais. A compreensão do funcionamento do inconsciente é
fundamental para entender as motivações e comportamentos humanos, principalmente em situações
em que as emoções e impulsos estão em conflito com a razão consciente.
2º concepção do aparelho psíquico:
O ego é a parte da personalidade que lida com a realidade externa e medeia os conflitos entre as
demandas do id e as exigências da sociedade. O ego é regido pelo princípio da realidade, que busca
atender às necessidades do id de maneira adequada, levando em conta as possibilidades e
limitações do mundo externo.
Essas três instâncias da personalidade estão constantemente interagindo entre si, e suas dinâmicas
são complexas e variadas. O ego precisa equilibrar as demandas do id e as exigências do superego,
a fim de encontrar soluções que permitam a satisfação das necessidades do indivíduo sem
prejudicar os outros ou o próprio indivíduo a longo prazo.
Já o ego começa a se desenvolver a partir dos primeiros meses de vida e continua a se desenvolver
durante a infância e adolescência.
O superego começa a se formar por volta dos 5 anos de idade, quando a criança começa a
internalizar as normas e valores da sociedade e dos seus cuidadores.
De acordo com Freud, a subjetividade é marcada por conflitos e contradições internas, uma vez que
o indivíduo precisa lidar com as demandas do seu próprio id (instintos e desejos), do superego
(regras morais internalizadas) e do mundo externo (que impõe limitações e exigências). Esses
conflitos internos podem gerar angústia e sofrimento psíquico, e é por isso que o indivíduo busca
medidas paliativas, como a arte, o amor, a religião, entre outras formas de aliviar a tensão e
encontrar um equilíbrio emocional.
A vivência alucinatória é a percepção de algo que não está presente na realidade, enquanto a
ilusão é uma interpretação equivocada da realidade. E a psicanálise é um método terapêutico que
busca entender os conflitos e traumas do indivíduo que causam suas neuroses, psicoses e
perversões, e trabalhar essas questões para promover a cura ou a melhora da qualidade de vida do
paciente.
A teoria psicanalítica de Freud postula que há duas energias psíquicas fundamentais: o instinto
de vida (ou Eros) e o instinto de morte (ou pulsão de morte). O instinto de vida é a energia que
impulsiona a busca por satisfação e prazer, incluindo a pulsão sexual e a necessidade de conexão
com o outro. Já a pulsão de morte é uma energia destrutiva que busca a dissolução, a separação e a
aniquilação. A pulsão de morte pode se manifestar na forma de agressividade, auto-destruição,
masoquismo, entre outros comportamentos. A teoria de Freud aponta que essas duas energias
estão em constante conflito e influenciam o comportamento humano de maneira complexa e muitas
vezes inconsciente.
Atos Falhos: são lapsos e enganos que ocorrem na fala, na escrita ou na ação cotidiana, revelando
desejos e conflitos inconscientes. Freud acreditava que esses atos não são acidentais, mas sim
expressões da dinâmica psíquica do indivíduo. Por exemplo, quando alguém fala o nome errado de
uma pessoa, pode ser um ato falho que revele um desejo inconsciente por aquela pessoa ou um
conflito que o indivíduo tem com ela. Ou ainda, quando alguém esquece algo importante, pode ser
um ato falho que revele um desejo inconsciente de evitar a situação ou a responsabilidade. Os atos
falhos são uma forma de o inconsciente se manifestar e ser reconhecido na vida consciente.
Freud descobre o inconsciente através do método catártico atendendo as pacientes histéricas, a
partir da associação livre e da transferência em 1894 e notou que na epilepsia havia uma alteração
neurofisiológica e lesões no órgão e que na histeria não, na histeria havia paralisia de braços, de
pernas, contraturas e tiques. Assim, ele compreende que as histéricas são diferentes umas das
outras e vê que não é um quadro degenerativo como afirmava Charcot e que há um conflito psíquico,
é um corpo sintomal. Homens também têm.
Em 1888 a 1893, usufruindo dos achados de Charcot sobre os aspectos traumáticos da histeria,
Freud afirma em sua Teoria da Sedução que o trauma vivido pelo paciente histérico era de origem
sexual, interpretando de forma equivocada que a histeria era fruto de um abuso sexual vivênciado
pelo sujeito na infância.
Mais para frente, ele concluiu que a fantasia apresentada é o que move o motor do sintoma, pois o
sofrimento psíquico não está ligado necessariamente a um fato real concreto porque é construído um
sentido através do imaginário.
De fato, Freud inicialmente pensou que a histeria era causada por experiências traumáticas de
abuso sexual vivenciadas pelas pacientes. No entanto, ele posteriormente abandonou essa teoria da
sedução e desenvolveu a teoria do complexo de Édipo, que sugere que as fantasias e desejos
sexuais inconscientes são a causa subjacente da histeria e de outros distúrbios psicológicos. Freud
acreditava que o conflito entre os impulsos sexuais e as exigências da sociedade e da cultura
poderia levar a uma série de sintomas psicológicos e emocionais. A associação livre e a
interpretação dos sonhos eram técnicas que ele usava para acessar o inconsciente e descobrir
esses conflitos.
Complexo de Édipo: é um conceito desenvolvido por Sigmund Freud, que descreve o conjunto de
desejos inconscientes de uma criança em relação aos pais. Esse complexo é caracterizado pela
atração sexual infantil em relação ao progenitor do sexo oposto, acompanhada de hostilidade em
relação ao progenitor do mesmo sexo. Esses desejos são considerados normais durante a fase fálica
do desenvolvimento psicossexual da criança, mas devem ser resolvidos por meio da identificação
com o progenitor do mesmo sexo, permitindo a integração adequada da personalidade do indivíduo.
O termo é baseado na história grega de Édipo, que inadvertidamente matou seu pai e se casou com
sua mãe.
Josef Breuer: foi um influente médico e psicólogo austríaco que foi professor de Freud e juntos
criaram o método da catarse, que consistia em permitir ao paciente reviver uma experiência
traumática enquanto hipnotizado para liberar a carga emocional associada àquela experiência.
Breuer também é conhecido por tratar sua paciente "Anna O." usando esse método, que
posteriormente influenciou a teoria psicanalítica de Freud. Jean-Martin Charcot foi um neurologista
francês que estudou a histeria e o uso da hipnose como terapia para transtornos psicológicos,
principalmente na hipnose pós-hipnótica. Ele foi um importante influenciador de Breuer e,
consequentemente, de Freud.
Freud percebeu que os sintomas histéricos eram expressões simbólicas de conflitos psíquicos
reprimidos, e que a associação livre e a transferência eram ferramentas importantes para acessar o
conteúdo inconsciente que gerava esses conflitos. Ele também notou que as histéricas não
apresentavam lesões físicas ou neurofisiológicas que justificassem seus sintomas, diferentemente
dos epilépticos, o que reforçou sua hipótese de que a histeria era um transtorno psíquico. Além
disso, ele também observou que os homens também podiam apresentar sintomas histéricos, o que o
levou a ampliar o conceito de histeria para além do universo feminino.
A partir de sua experiência clínica e das observações realizadas em suas pacientes histéricas, Freud
chegou à conclusão de que o sofrimento psíquico não estava diretamente ligado a um fato real e
concreto, mas sim a fantasias e desejos inconscientes. Essa mudança de perspectiva é o que marca
o início da elaboração da teoria psicanalítica propriamente dita.
Jung se aproximou em 1906, era um discípulo mas rascunhar a própria teoria sobre o inconsciente
ter duas camadas: a individual e a coletiva, e também discordava sobre a base sexual das neuroses.
Em 1896, faleceu o pai de Freud, o que permite com que ele faça uma autoanálise sobre si e utilize o
termo “psicanálise”. E para aplicar esse método é necessário ter esses requisitos:
Conhecimento teórico
conhecimento técnico
Respaldo pessoal
Supervisão
No capítulo 1 do estudo autobiográfico de Garcia Rosa, ele relata suas primeiras memórias e
experiências, destacando o papel da mãe na sua formação e desenvolvimento emocional. Ele
descreve como a figura materna era protetora e cuidadosa, mas também severa e exigente, o que o
levou a desenvolver um forte senso de responsabilidade e perfeccionismo desde a infância.
No capítulo 2, Garcia Rosa aborda sua adolescência e juventude, relatando suas inseguranças e
dificuldades em lidar com as mudanças e desafios da vida nessa fase. Ele descreve como a pressão
social e a necessidade de se encaixar em determinados grupos e padrões de comportamento o
levaram a adotar posturas e atitudes que não condiziam com sua verdadeira identidade.
No capítulo 3, o autor fala sobre sua formação acadêmica e profissional, destacando o papel da
psicanálise em sua vida e trajetória. Ele relata como a descoberta da teoria freudiana o ajudou a
compreender melhor a si mesmo e aos seus pacientes, e como a aplicação dos conceitos
psicanalíticos se tornou fundamental em sua prática clínica.
Na página 207 e 208, Garcia Rosa discute a dinâmica entre o ego e o superego na formação da
personalidade e do comportamento humano. Ele explica como o ego é responsável pela mediação
entre as pulsões instintivas do id e as exigências sociais e morais do superego, buscando um
equilíbrio entre essas forças opostas. O autor ressalta a importância do desenvolvimento saudável
do ego para a formação de uma personalidade equilibrada e funcional, capaz de lidar com as
demandas e desafios da vida de forma adaptativa. Ele destaca também como as experiências
traumáticas e as falhas na formação do superego podem gerar distúrbios emocionais e
comportamentais, como as neuroses e as psicoses.
Quem não consegue desdobrar uma frustração, tem um duplo desamparo ou desamparo
fundamental: biológico e simbólico.
Esse desamparo pode levar a uma fragilidade na constituição do ego, dificultando a formação de
uma identidade sólida e coerente. Nesse sentido, a relação com os cuidadores e a forma como as
frustrações são enfrentadas e elaboradas são fundamentais para a construção da identidade e do
psiquismo saudável.
O superego, por sua vez, é construído a partir das normas e valores da cultura em que a pessoa está
inserida. Ele representa a internalização das regras e normas que são impostas pela sociedade,
como a moral, a ética e as tradições. Essas normas são assimiladas pela criança a partir da
convivência com seus pais, familiares e outras pessoas que fazem parte do seu círculo social.
Dessa forma, podemos dizer que a construção da identidade e do superego são processos que
estão intimamente relacionados e que dependem da forma como a criança é criada e inserida na
cultura em que vive. A falta de referências e modelos positivos pode gerar uma fragilidade no ego e
dificultar a internalização adequada das normas e valores sociais, o que pode levar a
comportamentos antissociais e a problemas de adaptação social.
As representações que se constroem na infância são marcadas tanto pela ideia quanto pelo afeto, ou
seja, as experiências são associadas a emoções e sensações.
Alguns dos sinalizadores de conexão que auxiliam no desenvolvimento infantil são: o sorriso
social, que indica a capacidade do bebê em se conectar com outros seres humanos e em
estabelecer relações saudáveis; a capacidade de estranhar, que indica a percepção da criança em
distinguir entre o familiar e o desconhecido, bem como a capacidade de lidar com a angústia da
separação; e a negação, que indica o desenvolvimento da consciência da criança sobre o espaço, o
tempo e as leis sociais.
Ao contrário do que se pensava antigamente, não existe um instinto materno. O que existe são
saberes transmitidos filogeneticamente e hereditariamente para a manutenção da
sobrevivência e perpetuação da espécie. À medida que a criança cresce e se desenvolve, ela vai
percebendo que seu corpo é separado do da mãe e vai se apropriando da linguagem e das regras
sociais.
Fase oral (0-1 ano): Nesta fase, a fonte de prazer da criança é a boca e os lábios. A amamentação
é essencial e o bebê experimenta o mundo através da boca. O principal conflito é a luta entre o
desejo de sugar e o medo da perda ou do abandono. A libido é a energia pulsional que alimenta a
vida.
Fase anal (1-3 anos): Nesta fase, o foco do prazer é a zona anal e o controle dos esfíncteres. O
principal conflito é a luta entre o desejo de reter e expulsar fezes porém ela não pode fazer isso em
qualquer hora ou quem qualquer lugar e a necessidade de seguir as regras e expectativas dos
adultos.
Fase fálica (3-6 anos): Nesta fase, a criança descobre as diferenças anatômicas entre os sexos e
começa a explorar seus próprios órgãos genitais. O principa l conflito é a resolução do Complexo de
Édipo (para meninos) ou Complexo de Electra (para meninas), que envolve o desejo inconsciente
pela figura parente do sexo oposto e a rivalidade com o mesmo sexo.
Ansiedade de castração: o medo de perder o pênis ao ver que as meninas não tem.
Fase de latência (6-12 anos): Nesta fase, o interesse sexual é suprimido e a energia psíquica é
direcionada para outras atividades, como a escola e as amizades.
Fase genital (12 anos em diante): Nesta fase, a sexualidade volta a ser central, mas agora é
dirigida para parceiros e atividades sexuais adultas. O principal conflito é a luta entre o desejo sexual
e a necessidade de respeitar as normas sociais e culturais em relação à sexualidade.
Na psicanálise, a função materna é entendida como uma pulsão, que pode ser exercida tanto
por mulheres quanto por homens, independentemente do gênero. Isso porque a função materna
refere-se ao cuidado, proteção e amor dedicado a uma criança, que pode ser realizado por qualquer
indivíduo que exerça esse papel na vida da criança.
No caso de profissionais que trabalham em berçários, por exemplo, mesmo que não sejam os pais
biológicos, eles podem desempenhar a função materna através do cuidado e atenção que dedicam
aos bebês. No entanto, é importante ressaltar que a função materna não deve ser confundida com a
figura da mãe biológica ou com o gênero do indivíduo que a exerce, mas sim com a qualidade do
cuidado e afeto que é oferecido à criança.
O conceito de "mãe suficientemente boa" foi desenvolvido por D.W. Winnicott, um psicanalista
britânico. Segundo ele, a mãe suficientemente boa é aquela que consegue equilibrar as
necessidades da criança com as suas próprias necessidades e limitações, sendo capaz de frustrar a
criança de forma adequada e acolhendo suas emoções. Essa capacidade de frustração é importante
para o desenvolvimento da criança, pois a ajuda a lidar com as inevitáveis frustrações que
encontrará ao longo da vida.
O holding e o handling são conceitos também desenvolvidos por Winnicott, que enfatizava a
importância da relação mãe-bebê nos primeiros meses de vida. O holding se refere à maneira como
a mãe segura e envolve o bebê, dando a ele uma sensação de segurança e proteção. Já o handling
diz respeito às ações da mãe no cuidado com o bebê, como alimentá-lo, trocá-lo e banhá-lo. Essas
experiências são importantes para a formação do self do bebê e para o estabelecimento da
confiança na relação com a mãe.