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SIGMUND FREUD E

A PSICANÁLISE
Universidade Federal de Goiás – UFG
Geisa Nunes de Souza Mozzer

“Se fosse preciso concentrar numa


palavra a descoberta freudiana, essa
palavra seria incontestavelmente
inconsciente”. J. Laplanche
História Pessoal
 Nome: Sigismund Schlomo Freud
 Filho de Jacob Freud e Amália Nathanson.
 Nasceu: 6 de maio de 1856
 Local: Freiberg, na Morávia ( antiga Tchecoslováquia,
hoje República Checa)

Com 4 anos mudou-se para Viena por problemas


financeiros da família. Foi excelente aluno durante a
infância. Freud era o primogênito de uma família de
seis filhos que tinha muita dificuldade financeira.
Era judeu e sofria todas as consequências e
preconceitos que advinham deste fato. Em 1933, os
nazistas queimaram uma pilha de livros de Freud em
Berlim.
História Pessoal
 1873 - Entrou na Faculdade de Medicina de Viena.
Foi tratado como ‘inferior’ e estranho por ser
judeu na Faculdade de Viena; isso só favoreceu
sua capacidade de receber críticas.
Dedicou-se ao tratamento das doenças
nervosas, numa época em que praticamente nada
era feito neste campo.

 Em 1878 aos 22 anos muda o nome para Sigmund


Freud.

 1938 – os alemães ocuparam a Áustria e foi


permitido a Freud, já doente (câncer), ir para a
Inglaterra;

 1939 - Morreu na Inglaterra.


O QUE É A PSICANÁLISE?
O termo Psicanálise é usado para se
referir a uma TEORIA, a um MÉTODO DE
INVESTIGAÇÃO e a uma PRÁTICA
PROFISSIONAL.

É um método de investigação do
inconsciente. Investiga utilizando a
associação livre, a análise dos atos falhos,
a interpretação dos sonhos e chistes.
Caracteriza-se pelo método interpretativo
que busca o significado oculto daquilo que
é manifesto através de ações e palavras
ou através das produções imaginárias
como os sonhos, os delírios e as
associações livres.
O QUE É A PSICANÁLISE?

Como TEORIA caracteriza-se por


um conjunto de conhecimentos
sistematizados sobre o
funcionamento da vida psíquica.

Como PRÁTICA PROFISSIONAL


refere-se à forma de tratamento
psicológico que visa a cura ou o
auto-conhecimento.
METODOLOGIA
Foi muito influenciando por dois
métodos principais:
 Terapia da catarse - o que está no inconsciente é
trazido para o consciente, que é expresso
claramente.
“Os sintomas de pacientes histéricos baseiam-
se em cenas do passado que lhe causaram grande
impressão, mas foram esquecidas (traumas); a
terapêutica, nisto apoiada, consistia em fazê-los
lembrar e reproduzir essas experiências num
estado de hipnose (catarse)”. (Livro 6, p.17, Ed.
Bras. 1914)

 Método da Associação Livre - o encaminhamento


espontâneo das ideias, sugerindo ao paciente que
não reprima ou censure seus pensamentos por
mais absurdos que eles possam parecer.
INCONSCIENTE
Para a Psicanálise, a pessoa não
esquece os fatos traumatizantes,
eles influenciam seus atos e podem
vir à consciência. Existe uma zona
no cérebro, onde todos os fatos são
registrados, inclusive as sensações
sentidas quando o indivíduo ainda
estava em sua vida intra-uterina.
Freud chamou esta zona de
INCONSCIENTE.
INCONSCIENTE

 Na primeira tópica de Freud, o


aparelho psíquico é composto por
três sistemas: inconsciente, pré-
consciente e o consciente.
 Consciente - diz respeito à capacidade
de ter percepção dos sentimentos,
pensamentos, lembranças e fantasias do
momento;
 Pré-consciente - relaciona-se com os
conteúdos que podem facilmente chegar à
consciência;
INCONSCIENTE

 Inconsciente - refere-se ao material


não disponível à consciência ou ao
escrutínio do indivíduo.

No entanto, o ponto nuclear da


abordagem psicanalítica de Freud é
a convicção da existência do
inconsciente como:
INCONSCIENTE

 a) Um receptáculo de lembranças
traumáticas reprimidas;

 b) Um reservatório de impulsos que


constituem fonte de ansiedade, por
serem socialmente ou eticamente
inaceitáveis para o indivíduo.
PSICANÁLISE
A perspectiva da Psicanálise
freudiana surgiu no início do século
XX, dando especial importância às
forças inconscientes que motivam o
comportamento humano. Freud,
baseado na sua experiência clínica,
acreditava que a fonte das
perturbações emocionais residia nas
experiências traumáticas reprimidas
nos primeiros anos de vida.
 Desta forma, assumia que os
conteúdos inconscientes, apenas se
encontravam disponíveis para a
consciência, de forma disfarçada
(através de sonhos, lapsos de
linguagem e atos falhos).
 Neste sentido, Freud desenvolveu a
psicanálise, uma abordagem
terapêutica que tem por objetivo dar
a conhecer às pessoas os seus
próprios conflitos emocionais
inconscientes. 
 Freud acreditava que a
personalidade forma-se nos
primeiros anos de vida, quando as
crianças lidam pela primeira vez com
os conflitos entre os impulsos
biológicos inatos, ligados às pulsões
e às exigências da sociedade.
 Em cada fase, o
comportamento, que é a
principal fonte de gratificação,
muda – da alimentação para a
eliminação e, eventualmente,
para a atividade sexual
 Considerou que estes conflitos
ocorrem numa sequência
invariante de fases baseadas na
maturação do desenvolvimento
psicossexual, no qual a
gratificação se desloca de uma
zona do corpo para outra – da
zona oral para a anal e depois
para a zona genital.
INCONSCIENTE
Freud valorizou muito o inconsciente. Ele
afirmava ser o consciente uma pequena parte da
mente humana, comparável a um iceberg, no qual
apenas uma pequena parte emerge, ficando a
maior parte submersa. O inconsciente equivale a
parte submersa do iceberg. Ele constitui a maior
parte da vida mental e situa-se fora da percepção
consciente.

Uma pessoa que se machuca acidentalmente,


não está se dando conta de que o acidente pode
ter se dado, porque ela desejou se machucar. A
pessoa que come ou bebe excessivamente, pode
não estar tomando conhecimento de que este
excesso seja conseqüência de seu desejo
insatisfeito de sentir-se amado, receber atenção, de
ser notado ou mesmo de se auto-destruir. Estas
razões são ignoradas porque elas sào
inconscientes.
INCONSCIENTE
O inconsciente, então, é a parte da vida mental
que não é diretamente conhecida. Nesta parte
estão todos os fatos, sentimentos, desejos e
angústias aparentemente esquecidos. Muitos de
seus elementos estão presos por forças
repressivas.

O inconsciente é mais profundo e extenso do


que o consciente. É ativo, impulsivo e cheio de
desejos. Os traumas, sentimentos e fantasias
indesejáveis aí estão armazenados e ‘esquecidos’,
isto é, fora da percepção consciente. Freud
afirmava que o conteúdo do inconsciente era
reprimido e podia não causar problemas, desde
que a sua quantidade não fosse muito grande.
Havendo muitas e fortes emoções reprimidas, este
conteúdo tende a vir ao nível consciente. Então, a
pessoa o rejeita. Há uma força, chamada
resistência, que restringe o conteúdo do
inconsciente à sua área.
SUBCONSCIENTE OU PRÉ-
CONSCIENTE
Esta é uma parte
intermediária, onde estão
recordações que podem torna-
se conscientes, com facilidade,
porque há pouca resistência
emocional a elas. O seu
conteúdo não foi fortemente
repelido e recalcado, podendo
ser evocado com pouco esforço.
CONCEITOS PRINCIPAIS:
PERSONALIDADE
Para a psicanálise há três
sistemas que compõem a
personalidade: ID, EGO e
SUPEREGO.
Na pessoa psiquicamente sadia,
eles formam uma unidade
harmoniosa, funcionando
cooperativamente, para que o
indivíduo relacione eficientemente
com o ambiente.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE - ID
O ID é a nossa herança biológica.
Compõe-se de reflexos e instintos
hereditários.
A função do ID é providenciar a
descarga da excitação e a satisfação do
princípio de procurar o prazer e evitar a
dor.
O ID é uma fonte primária de energia
psíquica. É impulsivo, inculto, irracional,
amoral,despótico, audacioso , anti-social,
egoísta e ama o prazer. Busca somente o
prazer imediato, exigindo suas satisfações
insistente e cegamente. Ele não pensa,
apenas deseja e age.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE - ID
 Freud afirmou: "Nós chamamos de
(...) um caldeirão cheio de
excitações fervescentes. [O id]
desconhece o julgamento de
valores, o bem e o mal, a
moralidade" (Freud, 1933, p. 74).
 O id contém a nossa energia
psíquica básica, ou a libido, e se
expressa por meio da redução de
tensão.
 Assim, agimos na tentativa de
reduzir essa tensão a um nível mais
tolerável. Para satisfazer às
necessidades e manter um nível
confortável de tensão, é necessário
interagir com o mundo real. Por
exemplo: as pessoas famintas
devem ir em busca de comida, caso
queiram descarregar a tensão
induzida pela fome. Portanto, é
necessário estabelecer alguma
espécie de ligação adequada entre
as demandas do id e a realidade.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE - EGO
Assim, os processos de descarga de
tensão usados pelo ID não são eficientes
nem para a sobrevivência do indivíduo
nem para da espécie. Somente reflexos e
desejos não satisfazem uma pessoa
faminta, nem proporcionam um parceiro
sexual à uma pessoa sexualmente
motivada. Há necessidade de um objeto
real, e não apenas imaginário. Para o
cumprimento destas missões é necessário
ter em conta o mundo exterior, a realidade
do ambiente e adaptar o homem ou
dominar o ambiente. Desenvolve-se,
então, o ego, a partir do Id, como
conseqüência do contato do EU com a
realidade externa.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE - EGO
O ego controla e governa o Id e o
superego. Seu objetivo é descobrir
ou produzir o objeto que satisfará a
necessidade. Por exemplo, o ego
adia o ato de comer até encontrar
algo que possa ser comido. Este
adiamento significa que o ego é
capaz de tolerar tensão. O ego
resiste a muitas exigências do Id,
mas realiza todas as suas
satisfações legítimas e viáveis.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE - EGO
 O ego não existe sem o id; ao contrário,
o ego extrai sua força do id. O ego existe
para ajudar o id e está constantemente
lutando para satisfazer os instintos
do id. Freud comparava a interação entre
o ego e o id com o cavaleiro montando um
cavalo. Este fornece energia para mover o
cavaleiro pela trilha, mas a força do animal
deve ser conduzida ou refreada com as 
rédeas, senão acaba derrotando
o ego racional.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE - EGO
 Enquanto o id anseia cegamente e
ignora a realidade, o ego tem
consciência da realidade, manipula-
a e, dessa forma, regula o id.
O ego obedece ao princípio da
realidade, refreando as demandas
em busca do prazer até encontrar o
objeto apropriado para satisfazer a
necessidade e reduzir a tensão.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE - SUPEREGO
O Superego desenvolve-se a partir do
ego, como consequência da assimilação
dos padrões paternos de bom e virtuoso e
de mau e errado. Assimilando a autoridade
moral dos pais, a criança substitui a
autoridade deles pela sua própria. A
criança aprende que precisa tentar se
comportar de acordo com a moral ditada
pelos seus pais e pala sociedade.
O Superego luta pela perfeição, pelo
ideal, não pelo prazer. É o código moral da
pessoa. O superego é feito do ego ideal e
da consciência.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE –
SUPEREGO - EGO IDEAL
O ego ideal corresponde às concepções da criança
daquilo que seus pais consideram moralmente bom. Os
pais transmitem à criança estas ideias, por meio de
palavras, por meio de premiações e elogios quando ela
respeita a moral paterna. Assim, quando a criança fala a
verdade, respeita os mais velhos, e é obediente, vê o
contentamento dos pais, que constitui recompensa para
ela.

Como o ego, o ego ideal é uma estrutura móvel e


variável, que passa por redefinição constante; “é o
conjunto das características que o indivíduo mais gostaria
de poder reclamar como descritivas de si mesmo”
(Rogers, 1959, p.165 ed. bras.). Para Rogers aceitar-se
como se é na realidade e não como se quer ser é um
sinal de saúde mental, pois a extensão da diferença entre
o ‘self’ e o ego ideal é um indicador de desconforto e
insatisfação. A imagem do self ideal na medida em que se
diferencia de modo claro do comportamento e dos
valores reais de uma pessoa é um obstáculo ao
crescimento pessoal.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE –
SUPEREGO - CONSCIÊNCIA
A consciência corresponde às concepções da
criança do que seus pais consideram mau. Estas
concepções são estabelecidas por meio das
atitudes dos pais, incluindo palavras, punições e
exemplos.
Assim como os pais, o superego também
recompensa e pune. Recompensa com
sentimentos de orgulho, satisfação tranquilidade,
noites bem dormidas, sensação geral de bem estar
etc.; e pune com dor de estômago, sentimentos de
culpa e de inferioridade, acidentes, insônia, perda
de objetos etc. Para Freud muitos fatos que
consideramos casuais, são propositadamente
escolhidos pelo inconsciente do indivíduo como
punição, por ter agido mal em uma determinada
situação. Por exemplo, o superego pode punir a
pessoa por ela haver desobedecido uma ordem do
chefe, ou por haver transgredido uma lei do trânsito
etc.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE –
SUPEREGO - CONSCIÊNCIA
Podemos dizer que há uma herança de
superegos, sendo o nosso herdado de nossos pais,
que, por sua vez, herdaram dos nossos avós, que
herdaram dos nossos bisavós e assim por diante.

O superego e a moralidade inconsciente do


indivíduo podem divergir das crenças e princípios
conscientes. Daí resulta a formação de muitos
conflitos. A função do superego é controlar os
impulsos cuja a expressão livre prejudicaria a
estabilidade da sociedade. Esses impulsos são os
impulsos sexuais e agressivos. Em algumas
pessoas o superego é forte e poderoso, dando
origem a uma personalidade escrupulosa. Em
outras, ele é fraco e impotente. Essas pessoas não
respeitam as leis, são desordeiros, marginais, não
respeitam normas sociais etc.
SISTEMAS DA
PERSONALIDADE –
SUPEREGO - CONSCIÊNCIA
 O comportamento inadequado  sujeito à
punição torna-se parte da consciência da
criança, uma porção do superego. O
comportamento aceitável para os pais ou
para o grupo social e que proporcione a
recompensa torna-se parte do ego-ideal, a
outra porção do superego. Dessa forma, o
comportamento é determinado inicialmente
pelas ações dos pais; no entanto, uma vez
formado o superego, o comportamento é
determinado pelo autocontrole. Nesse
ponto, a pessoa administra as próprias
recompensas ou punições.
PERSONALIDADE
 O Id é o produto da evolução e a representação
psicológica da herança biológica;

 O Ego resulta da interação pessoal com a realidade


objetiva e é o domínio de processos mentais;

 O Superego é o produto da socialização e o vínculo


da tradição cultural.

É importante observar que a divisão da


personalidade nos seus três sistemas é uma
necessidade didática, não estando os três
separados no indivíduo, e sim, fundidos na
personalidade como um todo.

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