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(24)99289-8157. Todos os direitos autorais desse material sao do IJEP e de seus autores, nao podendo ser citada,
mesmo que parcialmente, sem as devidas referencias, copiada, reproduzida, emprestada ou cedida em nenhuma
hipotese sob pena de medidas judiciais.
Curso de:
Psicologia Junguiana
Psicossomática
Carl Gustav Jung via a Psique como um fenômeno complexo, que deveria
ser observado com atenção, em busca da compreensão da alma, que ele
acreditava expressar-se em toda a personalidade, mas especialmente por meio
dos sonhos, das expressões artísticas, dos acasos significativos, ou ainda
através dos sintomas.
Foi observando as expressões da psique de seus pacientes que durante
toda a sua vida foi construindo e aprimorando sua visão acerca dos fenômenos
psíquicos, construindo uma teoria original e reveladora acerca da Psique e
lançando um novo olhar sobre os sintomas psíquicos.
Jung, em seu trabalho como psiquiatra, não buscava pela doença, pela
mera identificação dos sintomas em um quadro prévio de psicopatologias,
buscava sim pela alma por detrás dos sintomas, por aquilo que se expressava
por meio dos distúrbios psíquicos, por sua verdade e pelo sentido que tais
manifestações abrigavam. Os sintomas eram, para ele, as revelações possíveis
de um sentido perdido, de conteúdos da alma que buscavam por
reconhecimento, por conscientização. Nessa busca deparou-se com fenômenos
que se repetiam com certa regularidade, levando-o à proposição uma visão muito
própria da psique.
Parte central de sua escola de Psicologia é a noção de que, além do
Inconsciente Individual, há o Inconsciente Coletivo, habitado por Arquétipos que,
por sua vez, são complementares aos Instintos, como veremos mais a frente.
O Inconsciente em si é algo que não se pode definir com precisão, já que
é de sua natureza ser justamente inconsciente, sendo que só podemos saber
dele aquilo que se manifesta e chega à Consciência. Sabemos do Inconsciente
porque conteúdos emergem de uma potência que desconhecemos, de alguma
dimensão que, apesar de desconhecida, se pode pressentir pelos sinais que
emite. Mas é sempre nossa Consciência que dá conta de saber que há algo para
além dela.
A linguagem metafórica e poética presta-se melhor para representar o
Inconsciente do que a própria linguagem científica o faria, e como a psique se
expressa por meio de símbolos, muitas vezes ele foi representado com o oceano
Esta copia esta registrada em nome de Hislania Fátima dos Santos Nóbrega com CPF: 134.498.687-05 e telefone
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como que “possuída” por ele, sem contudo dar-se conta do que lhe está
acontecendo, já que a consciência não se inteira dos conteúdos do complexo
facilmente, daí sua relativa autonomia.
Quando um complexo está acionado há uma perturbação no desempenho
da consciência, produzindo esquecimentos, alterações no comportamento e na
fala, excessos ou desvios comportamentais. Tudo se passa, sob a ação de um
complexo, como se algo nos tomasse de assalto, tirando-nos do eixo, como se
algo que independe de nossa consciência entrasse em ação e nos tomasse por
completo, levando-nos a apresentar como que um outra personalidade. Jung diz
que “os complexos podem ter-nos” (OC 8, par. 200).
Eles se originam provavelmente de um trauma, de algum grande choque
emocional, de um conflito moral, de alguma experiência ou relação capaz de nos
afetar suficientemente a ponto de gerar um impacto emocional profundo e
durador, e o problema é que insistimos em permanecer longe dessas
experiências dolorosas, negando-as e as reprimindo.
Os complexos são modos de funcionamento da psique e não podemos
nos desfazer deles. Eles não são naturalmente negativos, e todos os temos, eles
nos forçam a lidar com nossos sentimentos mais profundos na direção de uma
ampliação da consciência, e “um complexo torna-se patológico somente quando
pensamos que não o temos” (CW16, § 179).
O Dicionário Crítico de Análise Junguiana traz a seguinte afirmação sobre
os complexos:
Um complexo é uma reunião de imagens e ideias, conglomeradas em
torno de um núcleo derivado de um ou mais arquétipos, e
caracterizadas por uma tonalidade emocional comum. Quando entram
em ação (tornam-se ‘constelados’), os complexos contribuem para o
comportamento e são marcados pelo afeto, quer uma pessoa esteja
ou não consciente deles. São particularmente úteis na análise de
sintomas neuróticos
(http://carlosbernardi.net/dicjung/verbetes/complexo.htm).
próprias emoções e sentimentos, medos e limites. Essa atitude, que todos temos
em maior ou menor grau, dependendo de diversos fatores, que vão desde o
contexto social e à educação familiar recebida, até à própria capacidade de
resiliência individual, são geradores do que Jung chamou de sombra pessoal.
A sombra se forma através da opacidade, do lugar onde não enxergamos
a luz, da parte de nosso inconsciente que não queremos revelar. Aquilo que
existe em nós e que rejeitamos, relegamos à obscuridade, que achamos feio,
não aceitável, o lado negativo da personalidade, o que não aceitamos em nós
mesmos ou queremos esconder com medo do não reconhecimento por parte
daqueles que consideramos importantes.
Jung afirmou que:
Não há luz sem sombra nem totalidade psíquica isenta de
imperfeições. Para que seja redonda, a vida não exige que sejamos
perfeitos, mas sim completos; e para isso, necessita-se de um
“espinho na carne”, o sofrimento dos defeitos sem os quais não há
progresso nem ascensão (JUNG, 1999, p. 78-79).
Em seu longo trabalho clínico, Jung pode perceber nos sonhos e nas
fantasias de seus pacientes a recorrência de símbolos e motivos que não se
originavam na história de vida do paciente em questão. Essas imagens não
partiam da vivência individual ou poderiam fazer parte da memória pessoal, de
algum conteúdo esquecido ou reprimido da infância, como postulava Freud.
Essas imagens fazem parte do que ele chamará de Inconsciente Coletivo e
que abriga imagens primordiais da psique coletiva, herança comum da
humanidade.
Por ser conhecedor de diversas Mitologias e de diversas Religiões, tanto
arcaicas quanto milenares, Jung pode identificar em grande parte desses
símbolos apresentados por seus pacientes elementos mitológicos e símbolos
arcaicos bastante conhecidos, ou pertencentes a matrizes religiosas específicas,
a culturas mais ou menos distantes do seu tempo e lugar. Sua grande erudição
e a curiosidade antropológica que sempre o acompanhou mostraram-se úteis
para que ele pudesse ver nas imagens produzidas por seus pacientes, ecos de
uma esfera que ia para além da história de vida ou das experiências pessoais
desses pacientes.
No trecho abaixo, Jung faz uma análise sobre essas recorrências
simbólicas, a partir do caso de um paciente específico, e podemos observar
nesse caso o processo pelo qual ele se depara com a existência de uma
dimensão coletiva do inconsciente:
(...) surge no inconsciente de uma pessoa civilizada uma imagem
divina autêntica e primitiva, produzindo um efeito vivo, que poderia dar
o que pensar a um psicólogo da religião. Nessa imagem nada há que
possa ser considerado ‘pessoal’, trata-se de uma imagem totalmente
coletiva, cuja existência étnica há muito é conhecida (O.C. 7, § 219).
1
Joseph Campbell foi um dos mitólogos que se ocupou dessas relações, e entre todos os livros
que escreveu, a série As Máscaras de Deus, que conta com quatro volumes no Brasil (Mitologia
Primitiva, Mitologia Oriental, Mitologia Ocidental e Mitologia Criativa), é um exemplo da existência
desses paralelismos e padrões comuns.
2
“A psique é essencialmente um conflito entre o instinto cego e a vontade (liberdade de escolha).
Onde o instinto predomina, têm início os processos psicóides, que se situam na esfera do
inconsciente, como elementos incapazes de consciência. O processo psicóide não é o
inconsciente como tal, uma vez que esse tem uma extensão muito maior” (CW8, par. 380).
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INSTINTOS-------------------------------------------------------ARQUÉTIPOS
infravermelho ultravioleta
(Aspectos fisiológicos:
sintomas corporais).
(Aspectos psicológicos: espírito,
sonhos, concepções, imagens,
fantasias, etc.).
Ele concebe o Arquétipo como se ele fosse “uma imagem do instinto, uma
meta espiritual em direção à qual tende toda a natureza do homem” (O.C. 8, §
415), daí sua natureza transcendente.
Essa relação feita por Jung entre instinto e arquétipo relaciona-se, de
certa forma, à concepção de Jung acerca da relação entre corpo e espírito, tanto
um quanto o outro partes de uma mesma realidade, a psique, e por isso mesmo
indissociáveis. Nesse sentido é que podemos dizer que a Psicologia Profunda é,
em essência, psicossomática.
O conceito de Arquétipo em Jung não é simples e tem sido fonte de
inúmeros mal entendidos, por isso a importância de o compreendermos direitos.
Podemos encerrar nossa explanação sobre Arquétipo com a seguinte citação de
Jung:
O conceito de arquétipo foi tantas vezes mal entendido que é difícil
falar dele sem que devamos explicá-lo sempre de novo. É derivado da
variada e repetida observação de que, por ex., os mitos e contos de
fadas da literatura mundial contêm motivos determinados que
aparecem sempre e em todos os lugares. Estes mesmos motivos nós
os encontramos nas fantasias, sonhos, delírios e alucinações do
homem de hoje. Essas imagens e associações típicas são designadas
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Persona:
A persona, como o nome diz, é uma espécie de personagem criada para
possibilitar a adaptação da pessoa aos ambientes sociais dos quais depende ou
com os quais terá de interagir em sua vida em comunidade. Tem, por assim
dizer, uma função sociabilizadora, facilitando a inserção da pessoa no grupo
social, favorecendo a criação de um sentimento de pertencimento ao grupo.
Ela abriga a ideia de papéis sociais, e pode variar de acordo com o
ambiente e com o grupo social com o qual a pessoa interage. Não é difícil
compreendermos que desempenhamos papeis diferentes em casa, numa
reunião em família, numa reunião de trabalho ou ainda num evento social
público. Apesar de sermos os mesmos em todas essas situações, apresentamos
em cada uma delas aspectos diferentes, construídos para adequarmo-nos às
diferentes ocasiões, sempre em busca da melhor aparência possível.
A persona carrega uma enorme carga de idealização, ou seja,
construímos nossas personas de acordo com o nosso ideal do que deveríamos
ser, de como deveríamos parecer, de como gostaríamos que os outros nos
vissem. Essas idealizações nem sempre correspondem aos sentimentos
internos, e nunca correspondem às características relativas à nossa sombra
pessoal.
A persona é uma máscara, uma ficção necessária, mas na qual não
podemos correr o risco de acreditar. A persona não é a verdade do indivíduo, ela
é criada para ser facilitadora das relações sociais, mas não para expressar a
alma propriamente dita. Jung dizia que:
No fundo, nada tem real; ela representa um compromisso entre o
indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que “alguém parece ser:
nome, título, ocupação, isto ou aquilo”. De certo modo, tais dados são
reais; mas, em relação à individualidade essencial da pessoa,
representam algo de secundário, uma vez que resultam de um
compromisso no qual outros podem ter uma quota maior do que a do
indivíduo em questão. A persona é uma aparência, uma realidade
bidimensional, como se poderia designá-la ironicamente (O.C. 7, §
246).
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Referências: