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SOCIEDADE PSICANALÍTICA DO PARANÁ

POLO DE AJURICABA-RS

CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

DIFERENÇA ENTRE O INCONSCIENTE INDIVIDUAL E O INCONSCIENTE


COLETIVO

PROF. OSVINO RESCHKE

AJURIVABA/RS

NOVEMBRO/2018
DIFERENÇA ENTRE O INCONSCIENTE INDIVIDUAL E O INCONSCIENTE
COLETIVO

Carl Gustav Jung, psicoterapeuta suíço, contemporâneo de Sigmund Freud,


conhecido como fundador da psicologia analítica, acreditava que a psique é
constituída por três componentes principais, são eles: o ego, inconsciente pessoal e
o inconsciente coletivo.
O inconsciente tanto no âmbito individual como no coletivo, inclui desejos,
memórias que são rejeitadas por nós, seja porque não condiz com a ideia que
fazemos de nós mesmos ou porque são contrárias aos padrões sociais. Tudo o que
é rejeitado ou reprimido pode representar o que consideramos inferior em nossa
personalidade ou até mesmo se tornar uma ameaça ao nosso ego. Por isso não
expressamos, de forma consciente, sabendo que o fazemos, em nosso dia a dia.
A questão é que muitas ações que fazemos e que presenciamos, senão a
maioria delas, vêm desses conteúdos inconscientes.
Quanto maior for a inconsciência, o não conhecimento desses conteúdos
profundos, maior serão os atos que virão dessas emoções, sentimentos, memórias,
desejos e etc. por exemplo, quando você projeta no outro aquilo que você não gosta
em você ou não admite que exista em você.
Para Jung, nosso inconsciente individual é influenciado pelo inconsciente
coletivo. Nós herdamos de nossos ancestrais toda a história vivida com todos os
acertos, desvios, medos, conflitos, necessidades, vitórias, derrotas, ímpeto ao poder,
memórias e etc.

O Inconsciente Coletivo, para Jung consiste em toda herança espiritual de


evolução da Humanidade, nascida novamente na estrutura cerebral de cada
ser humano. Neste nível profundo da Psique, podemos dizer que somos
todos iguais e que não somos entidades separadas, pois todos somos “um”.
Nele estão presentes todas as experiências humanas e pré-humanas.
(TROPÉIA, 2016)

Segundo Carl Jung, o Inconsciente Coletivo nos remete a um reservatório de


imagens latentes, que são nomeadas como “imagens primordiais”, ou seja,
representam o desenvolvimento mais primitivo da psique. Essas imagens são
transmitidas de geração em geração. São, na verdade, predisposições que
experimentamos e nos fazem responder ao mundo, tal como nossos antepassados.
Podemos considerar o exemplo do medo que temos de determinados animais ou do
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escuro. Segundo os estudos de Carl Jung, determinados medos são frutos de
experiências vivenciadas pelos nossos antepassados e na qual herdamos, pois
estes medos ficaram gravados em nossa Psique.
Podemos então afirmar que os conteúdos do Inconsciente Coletivo são
estimuladores do comportamento pessoal que cada ser humano carrega em si
desde o dia de seu nascimento.
As mulheres, por exemplo, não precisam aprender a ser mãe, pois isso é
inato e está presente no Inconsciente Coletivo, porém os traumas, as experiências
negativas se tornam bloqueio a esta manifestação Arquetípica.
Já o inconsciente pessoal ou individual são as coisas que foram reprimidas da
consciência do indivíduo. Estas podem ser uma variedade de lembranças e
emoções que o indivíduo tem reprimidas ou rejeitadas, e geralmente não podem ser
recuperadas de forma consciente de forma muito clara. Memórias de amargura,
ódio, momentos embaraçosos, dor e desejos proibidos podem ser reprimidos no
inconsciente pessoal de um indivíduo. Jung acreditava que essas coisas poderiam
ter um grande impacto sobre o indivíduo.

Segundo Carl Gustav Jung, o Inconsciente Pessoal é o reservatório de todo


material que já foi consciente, porém foi esquecido ou reprimido. Tudo
aquilo que o Ego não suporta é transferido da Consciência para o
Inconsciente Pessoal. Este nível da Psique é comparado a um receptor,
pois ele tem a função de receber todas as atividades psicológicas e todos
aqueles conteúdos que não conseguem se harmonizar com o processo de
Individuação e com o Consciente. O Inconsciente pessoal na concepção da
Psicologia Junguiana desempenha um papel de fundamental importância na
produção dos sonhos. (TROPÉIA, 2016)

Segundo Paulo Rogério Motta (2018):


Assim, o Inconsciente Pessoal consiste em experiências que anteriormente
foram conscientes, porém agora se encontram reprimidas pela não
aceitação do ego, esquecidas e também em experiências passadas fracas
demais para deixar uma impressão no indivíduo.

Todo conteúdo presente em toda a Estrutura da Psique, por mais absurdo e


sem sentido que pareça, é real. Afinal, a Psique é uma grande realidade.
O Processo Terapêutico analítico proposto por Carl Gustav Jung não é
prazeroso. Ele é extremamente doloroso, pois ele nos leva a enfrentarmos o maior
de todos os desafios, que consiste no confronto direto com o Inconsciente. Afinal,
não é possível vislumbrar a face de um anjo sem antes confrontar com o demônio.

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“Não há despertar da consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos
limites do absurdo para evitar enfrentar a própria alma. Ninguém se torna iluminado
por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão.” (Carl
Gustav Jung)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TROPÉIA, Evandro Rodrigo. INCONSCIENTE PESSOAL E INCONSCIENTE


COLETIVO. 2016. Disponível em: <
http://institutofreedom.com.br/blog/inconsciente-pessoal-e-coletivo/ >
Acesso em: 11 nov 2018.

MOTTA, Paulo Rogério. INCONSCIENTE PESSOAL. 2018. Disponível em: <


https://paulorogeriodamotta.com.br/inconsciente-pessoal-dicionario-junguiano/>
Acesso em: 12 nov 2018.

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