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Interpretação dos contos de fada

Teoria dos contos de fada

Os contos de fada espelham mais claramente as estruturas básicas da psique.

O arquétipo é inconsciente e só é possível se aproximar de acordo com as nossas


experiências psicológicas e as comparações com outras imagens.

O conto de fada descreve o self e todas as suas fases de funcionamento. O SELF é a


totalidade psíquica de alguém e ao mesmo tempo aquilo que vai regular o funcionamento.

Os contos vem desde a antiguidade. Se sabe que Apuleio escreveu, no século 2 depois de
cristo, sua novela o Asno de Ouro, um conto de fada chamado Amor e Psique, também a
Bela e Fera.

Esse tema da mulher que redime o amada do seu lado animal está vido há 2000 mil anos.

Nossa tradição escrita data aproximadamente de 3.000 anos e o que é mais interessante,
os temas básicos não mudaram muito.

Século XVIII começou um apreço por uma forma diferente de crença, que não mais a cristã,
o que gerou interesse também em contos de fada.

Os contos de fada originais, assim como os sonhos, possuem diversos vazios e paradoxos.
Ao longo da história, os escritores e editores foram alterando e preenchendo estas lacunas,
a ponto de suprimirem o material original.

Foi se perguntando por que há tantos temas repetitivos?

A ideia dele se aproxima claramente da ideia de Jung sobre arquétipo e imagem


arquetípica, sendo o arquétipo a disposição estrutural básica para produzir uma certa
narrativa mítica, a imagem específica sob a qual o arquétipo toma forma, sendo
denominada "imagem arquetípica".

Num de seus últimos trabalhos, Jung mostrava que esta é uma grande
tentação para o tipo intelectual, porque os intelectuais tratam com desapreço o
fator afetivo-emocional, que está sempre presente na imagem arquetípica.
Uma imagem arquetípica não é somente um pensamento padrão (como um
pensamento padrão ela está interligada com todos os outros pensamentos);
mas ela é, também, uma experiência emocional — a experiência emocional de
um indivíduo. Só se essa imagem arquetípica tiver um valor emocional e
afetivo para o indivíduo ela poderá ter vida e significação. Como disse Jung,
podem-se compilar todas as Grandes Mães do mundo, e todos os santos, e
tudo o mais, e o que se conseguir juntar significará absolutamente nada, caso
se deixe de lado a experiência afetiva do indivíduo.
Então, a gente está constante e habitualmente treinado, desde o
começo, a reprimir nossas reações pessoais, emocionais, e a treinar nossa
mente para aquilo que nós chamamos de objetivo. Bom, isso tem sua razão até
certo ponto, com o qual concordo, mas não podemos tratar a psicologia da
mesma forma, e como Jung disse, esta é a difícil posição da psicologia como
ciência, pois a psicologia em contraste com todas as outras ciências, não pode
desconsiderar o fator sentimento.

O que não é aceito, ainda, é que o fator emocional do observador


possa também ter um papel.

Esta é a razão pela qual tantos cientistas acadêmicos


consideram a psicologia junguiana não-científica, pois ela leva em conta um
fator que tem sido, até agora, constante e intencionalmente excluído da visão
científica.

Na realidade, pode-se interpretar um conto de fada com qualquer das


quatro funções da consciência.

O "tipo-pensamento" apontará a estrutura e a


maneira pela qual todos os temas se conectam. O "tipo-sentimento" colocará
todos numa ordem de valores (hierarquia de valores) que é igualmente
racional. Com a ajuda desta função uma interpretação boa e completa de
contos de fada pode ser feita. O "tipo-sensitivo" se contentará somente em
olhar os símbolos e amplificá-los. O "tipo-intuitivo" verá todos os elementos na
sua totalidade; ele será o melhor dotado para mostrar que o conto de fada,
tomado em seu conjunto, não é uma história discursiva, mas é realmente uma
única mensagem com muitas facetas.

Interpretação é uma arte, na verdade um ofício, que depende unicamente da


pessoa.

É uma confissão nossa

O Dr. Jung disse, certa vez, que é nos


contos de fada onde melhor se pode estudar a "anatomia comparada da psique".

É uma anatomia comparada: o que aconteceu lá no passado que acontece também até
agora, da mesma forma?

O sonho fornece uma nova mensagem que nem o analista nem


o paciente conhecem de antemão.

Os contos de fada são abstrações que vão se perpeturando devido ao seu caráter
cristalizado e sintético de informações, ma que despertam um sentido para as pessoas, um
sentido pessoal.
Contos de fadas, mitos e outras histórias arquetípicas

Se se estuda as implicações psicológicas dos


mitos, vê-se que eles expressam em muito o caráter nacional da civilização
onde se originaram e onde permanecem vivos.

um mito são construídos numa expressão formal, que se liga


ao consciente coletivo cultural da nação na qual se originou e que, de certa
maneira, está mais próximo da consciência e do material histórico conhecido.

O estudo dos contos de fada é essencial, para nós, pois eles delineiam a
base humana universal.

Ele tinha que


usar o material básico na sua forma mais simples, porque esta é a expressão
da estrutura mais geral, e ao mesmo tempo mais básica do ser humano. Isto
também se deve ao fato de o conto de fada estar além das diferenças culturais
e raciais, podendo assim migrar facilmente de um país para outro.

Um método de interpretação psicológica

A interpretação é um escurecimento da luz original que brilha no próprio mito.

Frequentemente as mensagens não são captadas por si só. Um sonho não é captado por si
só pela pessoa, é importante haver uma interpretação

Dividir a história

EXPOSIÇÃO - TEMPO E LUGAR

PESSOAS ENVOLVIDAS - desde o começo até o fim da história

PROBLEMA - o que é e qual a sua natureza

PERIPETEIA - altos e baixos da história

No conto russo O filho do czar, por exemplo, a


história começa com um velho czar e seus três filhos. O filho mais novo é o
herói "inocente" da história. Eu comparei o comportamento do czar com aquele
da função superior, e o filho com a quarta função, mas isso é discutível. Isto
não pode ser provado a partir da história, pois o czar não é eliminado no final,
bem como não luta com seu filho. Mas se você analisar histórias paralelas,
então, torna-se muito claro que o czar representa a velha função superior e o
terceiro filho é aquele que traz a renovação, isto é, a função inferior.

Amplificar significa alargar um tema através da junção de numerosas versões análogas.

Interpretação psicológica é o nosso


modo de contar histórias, pois ainda necessitamos delas e ainda aspiramos à
renovação que advém da compreensão de imagens arquetípicas.

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