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marfíffl. Outis. Ésquilo. Aristófanes. Sófocles. Ajax. ObjeçÕes falsas contra eles. A Isso aponta para uma época do espírito humano em que a fantasia é dominante, mas
capacidade de estimulação da mente na paixão para as mais finas relações sensíveis. não pode chegar à consciência plena de seu domínio, porque ainda não ocorreu uma
Amclinação de Platão para o jogo de palavras. Sofistas e retores. Cícero. A poesia separação pura entre ela e o entendimento, como a força propriamente oposta. Nós
moderna, Petrarca. Cervantes. Os espanhóis estão aqui expostos ao excesso, devido podemos tornar essa época e a criação mítica do mundo muito clara pela imagem do
à sua grande virtuosidade no que é rico de sentido. Na Galateia: blanca. O jogo com sonho, pois durante o sonho nunca surge uma dúvida acerca da realidade das ima-
palavras de Lope: cielos, ceio, o nariz comprido. Os italianos não exageram tanto gens que passam diante de nós, por mais desconectadas que elas sejam e inclusive
em epigramas. Shakespeare é mestre em jogos de palavras de todo tipo. O emprego contraditórias. Moritz aplicou isso de maneira excelente sobre a mitologia antiga e
trágico~sério. Gaunt. Meine. Cômico. Fallstaff. No Minnesinger [canção medieval] mostrou porque justamente por isso a falta de método e de sistema não interferia
alemão: lobelich tobelich, ritterlich hinderlich. Hans Sachs. Lutero. WeckherlÍn, Fle- nela de maneira incomoda e podiam subsistir o aparentemente caótico com sua har-
ming. Desvio por causa da impotência do espírito, ausência de fantasia. Renovação^ mania interior e consistência poética. O momento temporal em que cessa a crença
Goeïhe. Tornar branco. Abraham a Santa Clara. Schiller no WallensteÍn. Tieck. O mítica e em seu lugar entra uma visão prosaica das coisas, de acordo com isso, pode
Juízo final. Errar o alvo. Emprego polémico. Lichtenberg. To báh or not etc. Schelling. ser comparado ao acordar, que suspende o domínio da fantasia por meio de preo-
Sobre a mitologia Por todos os lugares onde a natureza humana se desenvolve com necessidade.
sem interferências possíveis de um arbítrio errôneo, ela não pode errar. A mitologia
Alguns acenos gerais sobre a essência da mitologia já surgiram na introdução è uma criação essencial da fantasia no curso da cultura humana, e não intencional:
à poesia.-A tradução escolar tradicional da palavra é doutrina da fábula. No entanto, a verdade, portanto, deve-lhe estar à base. O elemento fabuloso, portanto, não foi
é notório que nem tudo o que é da fábula pertence à mitologia; por exemplo, aqui tornado apenas por verdadeiro, e sim é verdadeiro em um certo sentido; aliás, po-
não podem ser incluídas as fábulas de Esopo, que foram dadas e acolhidas logo no demos dizer que no espírito de poemas autênticos se encontra confinada toda a ver-
início como invenções poéticas intencionais, a fim de exemplificar um enunciado dade. Pois, o conhecimento de acordo com o entendimento e a descrição do mundo
moral. Pois, reside no conceito que o fabuloso, em algum lugar e em algum mo- não e mais uma representação, uma visão a partir do todo da mente humana, e sim
mento, foi tornado por verdadeiro. E, na verdade, os mitos não alcançaram esse é mediada por uma força isolada da mesma, com a máxima suspensão daquela que
crédito aos poucos, e sim o tiveram originariamente: são poemas que, segundo sua sozinha concede realidade, a fantasia. Se, portanto, foi perdida a crença na mitolo-
natureza, reivindicaram realidade. Como eles puderam fazê-lo, se depois tiveram, gia, então é por falta de sentido para tanto, e cada revitalização poética é um reco-
todavia, de ser reconhecidos por aquilo? Isso apenas pode ser explicado pelo fato nhecimento do conteúdo verdadeiro que nela reside.
de que reconhecemos que a fantasia é a força fundamental do espírito humano, para O homem permanece para si mesmo sempre o ponto central de tudo, de onde
o que já apontamos com frequência. O ato mais originário da fantasia é aquele por ele deve partir e para onde ele tem de retornar de novo. Ele pode se representar em
meio do qual nossa própria existência e todo o mundo exterior ganham para nós rea- sua mitologia como um ser sensível e como uma parte da natureza, ou segundo uma
lidade. Que essa seja um produto de nossa própria atividade, isso pode apenas ser aspiração, que o torna independente desta e a ultrapassa. Aquilo resultará numa
apresentado por meio da especulação, mas nunca entrar na consciência. O extremo religião terrena e natural (compreendo com isso uma religião que se ocupa com a
oposto é a eficácia artística da fantasia, que é consciente de si e é conduzida com natureza); isso resultará numa religião sagrada e espiritual. Uma vez que o homem
um propósito. Essa eficácia, em relação a seus produtos, é puramente ideal, isto^è, é de início um ser sensível, a primeira espécie de religião se apresentará por todos
ela não coloca para eles nenhuma reivindicação por realidade e não necessita dela. os lados em primeiro lugar e nascerá como religião natural de todos; ao contrário,
Entre ambos os momentos reside no centro a realidade de onde nasce a mitologia. uma vez que a segunda é apenas difundida por meio da influência de homens iso-
Ela dá a seus produtos, por conseguinte, uma realidade ideal; isto é, para o espírito lados de uma sabedoria superior, ela conquistará com isso o caráter de uma relí-
eles são realmente, embora não possam ser comprovados na experiência sensível. gião revelada. O princípio duplo no homem, o realista e o idealista, na verdade, se
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AUGUST WILHELM SCHLEGEL DOUTRINA DA ARTE
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Uma vez que a personificação, como vimos, é a forma universal da linguagem irte.smïicas: por •ss°-,VUICano é ° de"^ da ferraria, como se diz usualmente, ou
originária, também o endeusamento não permanece estacionado junto às massas e mïor:de toclos os trabalhos artific'als em matérias S6ud^. Como deu^'d"olfo,
forças da natureza material, e sim passa para o âmbito ideal, e as constituições ou subterrâneo foram-lhe atribuídos os ciclopes, gigantes provocadorerdo'mesmo'"nuZ
os eventos, que se encontram junto ao homem, mas ultrapassam o arbítrio do indi- outra relação eles se tornam também os ajudantes de seu trabalho.
víduo singular e pertencem a todo o género, são elevados à divindades, segundo a ^ Desse modo, as divindades antigas não eram incorporações de conceitos nso-
analogia das forças da natureza. Tais divindades são disposições humanas, estados, I,ÏMente Trados e exaustiTOS-mas corresPondia'" a massas plenas daïntuiçío,
ocupações, paixões, aliás, relações éticas. Assim, por exemplo, o sono e a morte fo- que foram apreendidas a partir de um ponto de vista determinado para a^onsÏd^a-'
ram com razão considerados divindades: o homem sentiu que não podia subtrair-se çâodanatoeza e da vida e reunidas de modo indissolúvel. Assim,7a7possu°em7o
à sua força, no sono reconheceu a carência que sempre retorna, na morte a necessi- mesmo tempo a validade universal de ideias e a presença viva de ind,vÍduos:Mes~
dade inevitável, sem, todavia, apreender a ambos: ele viu essa lei perpassar por toda moa"..ODCleas díferentes relações'nas quais é c°l°^dauma div,ndade,pa7eçam''as
a natureza e, portanto, atribuiu-lhe como um ente a onipresença e a onipotêncm, isto mais distantes e heterogêneas, encontra-se, numa consideração mais precisa7a"maïs'
é, a divinidade. Que o sono e a morte sejam irmãos e filhos da noite torna essa visão t unidade, em um desdobramento multifacetado. Desse modo. Mercúrio'é o"rï
natural consumada no mais belo mito. Da mesma maneira, o amor sexual e o dese- presentante do comércio entre os homens e, por isso, é representado como o mensa-
jo por ele domina todos os seres vivos: eles são venerados sob a imagem de Amor ëelro.l°envlado dos deuses; no comércl° e na tT^ ^o exercidos com frequência
e de Vênus. A guerra é certamente um empreendimento que depende dos homens: a.aÏclaeo.logr0' por conseêuinte' ^ é ° Protetor dos ladrões; a linguagemïo
mas, uma vez estando em curso, ela não é mais senhora do sucesso, o destino do mstrumento mdispensável de todo o comércio humano, por conseguinte é-lh7atn';
indivíduo isolado é arrebatado na agitação universal: a guerra é, por conseguinte, buída sua ^descoberta; porque nesse caso se revela de modo maisoevÍdenteTma^
uma divindade. Mas, os antigos não a tornaram desse modo universal, e sim a fixa- nca propriedade de sentido do espirito humano, ele é o representante dela e,'como
ram sob diferentes perspectivas de diferentes seres, justamente como o elemento da lalLe:?lat"bu!do amvenção da múslca e-além disso- da ginástica (as~duas'paZ
água. Marte é a divindade das batalhas, na medida em que nelas se encontram uma pnncipazs da formação grega). Apoio é originariamente o símbolo do que brilhai
rápida mudança da sorte, Minerva é a bravura racional, Belona é o ódio selvagem étíaro, o que de modo mais forte é algo próprio ao sol: por conseguinteïeïelno
pela luta. A poesia e a música, desde os tempos primitivos, possuem em si mesmas mais.das vezes? ao mesmo temp0' 0 deus SOL embora este muitas ve^s7eja'ta~mbém
mais inspiração entusiasmada do que arte consciente: não é de se admirar, por con- pensado distinto dele. O tipo de efeito dos raios é representado sob a imagem"das'
seguinte, que o dom da canção é atribuído a Apoio e às musas; mas também outras setas, segundo as quais lhe são atribuídos novamente eventos repentinos, por exem^
artes passíveis de aprendizado não são inventadas de imediato por qualquer um, e Pio, uma morte rápida. Como calor escaldante do sol ele suscita apesteo^ehmZa
sim ele as herda de gerações anteriores, e os hábitos e intervenções estabelecidos por meio da seca da moresta os monstros que apenas podem morar ali, coma'
junto a isso determinam sua atividade. Assim, a Minerva é a divindade dos trabalhos exempk'.a cobra píton; mas como calor benéfico ele P°ssui. a° contrário, forçai
femininos, Ceres da agricultura, Baco do cultivo do vinho e assim por diante. Uma ^ra:Mluto belamentea poesia e ° canto são Piados como sendo seus dons,Tpo^
vez que tais atividades são exercidas em objetos naturais, assim os símbolos desses que exigem uma claridade interior e serenidade da mente, e devido ao parentesco
se tornaram ao mesmo tempo os símbolos daquelas. Daqui nasceu uma complica- desse efeito entusiástico com a capacidade de pressentimento da a7ma"emgeraÍ7eÍ^
cão no significado das divindades: Baco não designava apenas o cultivo do vinho, também é o deus do presságio. Assim como a luz e o sol nunca envelhecem"é-lhe
mas também o próprio vinho e seus efeitos; Geres era igualmente a representante próprio a eterna beleza e juventude, da qual o sempre verde loureiro é o símbolo
da agricultura, o cereal personificado ou a fertilidade produtiva pela terra. E para que lhe é dedicado.
isso que aponta a fábula de sua filha raptada para o mundo subterrâneo: Proserpi- ^ ^Nesses exemplos vemos que, na designação mítica, assim como nos exemplos
na é a semente colocada na terra, motivo pelo qual ela passa metade do tempo no ^ linguagem originária, valem os tropos; e por meio dessas traduções; muÏto^m^
mundo subterrâneo, a outra no mundo terrestre. Através da mediação do fogo, o disseminadas na mitologia, do sensível no espiritual, é colocado logo no
homem trabalha os metais e se coloca desse modo na posse de uma quantidade de inicio o fundamento para a polissemia futura e uma plasticidade que pode satisfazer
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