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Lettres à l'Alchimiste
O Simbolismo e o Hermetismo

Quando um profano não iniciado dirige


seus olhos ao velho Egito, ou às
misteriosas pirâmides Maias, Astecas,
aos antigos emblemas da Índia e da
esquecida Pérsia de Zoroastro, aos
monumentos gregos que tantos filósofos
gerou, às monstruosas quimeras do
Tibet, o profano, o não iniciado, o
simples religioso, presos em seus dogmas,
conceitos e preconceitos, veem ali
motivos de piada, risada,
considerando-se muito superior creem
que são emblemas, símbolos de uma
mente primitiva e atrasada, revestida de ignorância e absurdos que
suas pequenas mentes não conseguem compreender. É óbvio que os
seres mais ignorantes, parafraseando Sócrates, ignoram que ignoram,
e pior temem o que desconhecem.
Na tradição Budhista Tibetana, os três demônios clássicos são
descritos como: A ignorância, o apego e a aversão. Ou seja, todo
aquele que é ignorante de sua real natureza, desenvolve o apego ao que
conhece, ao que lhe satisfaz, o que lhe dá prazer, e constitui sua
personalidade, e assim tem aversão, medo, temor e ódio a tudo que
não compreende, a tudo que não faz parte de seu apego, rechaçando
violentamente o que para sua imensa ignorância é impossível de
conceber. O ódio é a ignorância do que desconhece. Um homem
perdido em sua própria loucura, jamais saberá que é louco enquanto
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estiver num manicômio rodeado de loucos como ele. Seu fim é uma
tragédia, de embriaguez, prazeres sensuais e total dispersão de seu
próprio desconhecimento. Este nega sua razão, seu livre arbítrio para
enfim se fundir com a grande corrente que arrasta toda a vida
terrena, ele é preferível à ignorância paradisíaca à verdade do
conhecimento do bem e do mal.
Quando algum, um em um milhão, como o aforismo: “De mil que me
procuram, um me encontra. De mil que me encontram, um me segue.
Dos mil que me seguem, um é meu.” Explicava o mestre Jeshua
inspirado por seu Genius Lucis, sua brilhante estrela vespertina.
Aquele um que pretende adentrar nessa longa jornada logo se depara
com a mais poderosa e magnânima representação da natureza, o
grande Símbolo dos Mistérios mais profundos e absurdos que
nenhuma mente mortal poderia conceber a sagrada imponente
Esfinge. Seu enigma é a consequência da destruição. Todos que têm
coragem de enfrentá-la morrerão, pois ela é a grande iniciadora. O
medroso, o temeroso, deveria fugir e nunca, jamais buscar
encontrá-la, pois mais cedo ou mais tarde ela o destruirá,
dilacerando-o e deliciando-se com suas entranhas. Os mais heróicos
guerreiros da história tremeram diante de sua potestade, e de sua
imaculada presença. Poucos a desafiaram, e menos ainda os que a
venceram. Descobrir sua real natureza é a glória das glórias.

Este majestoso símbolo da iniciação, é o símbolo do próprio homem. Os


tolos sempre buscarão seu falso ouro, brilhantes por fora e corruptos
por dentro, sempre rirão dos que realmente encontraram a pedra dos
sábios, pois o vulgo sempre preferirá que assassinem seu libertador, e
soltem o assassino que pensa igual a eles e os mantém presos em sua
própria ignorância.

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Você então poderia me dizer, isso é tudo muito simbólico, mas aquele
que teme encontrar e vencer o grande enigma da iniciação, o grande
enigma da Esfinge de Tebas, o grande enigma da natureza, jamais
poderia compreendê-lo, quando ela, o símbolo, a guardiã da iniciação
lhe questiona: — Decifra-me ou eu te devoro! Entendemos por isso,
que compreender o símbolo, o que ela representa para os iniciados,
corresponde a grande jornada de compreender sua real natureza,
quem realmente nós somos.

O Símbolo é um véu que reveste uma verdade absoluta. As revelações


são obscurecimentos de uma verdade tão profunda que precisa se
revestir de símbolos para que o homem possa intuir essa verdade. Mas
os brutos, os ignorantes, como não podem perceber essa sagrada
linguagem, reduzem tudo a seu nível, formando assim quimeras
absurdas e contradizentes.

No hermetismo, a cultura mais fechada, inviolada e obscura dos


antigos, que se não tivesse se mantido assim, tão distante das massas
vulgares, dos profanos, teria ela se perdido como as demais culturas
da antiguidade, e se vulgarizado em sua parte mais bruta e mais
rústica, como a Alquimia que em virtude dos tolos, se desmembrou em
química que antes era apenas a parte acessível aos profanos e
profanadores. A antiga astrologia se prostituiu e somente dão
créditos a Astronomia, e mesmo os astrólogos mais exaltados não
desconfiam da real natureza da ciência que estudam e se servem dela
somente para tentar prever o futuro do homem vulgar. O Iniciado, o
amante da Esfinge, se cala.

O homem médio consegue entender que todo o antigo simbolismo e


tradicionais iniciações, o colocam defronte a velha e arcana Esfinge
com sua sabedoria que os sábios gregos sintetizaram na entrada do
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templo quando disseram: “Homem conheça-te a ti mesmo, e
conhecerás os Deuses e o Universo.” Indicando que o fundo de todo o
verdadeiro conhecimento, é o próprio homem. Ou como dito por
Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”.

A velha e cansada doutrina de Hermes é reduzida pelos iniciados pela


sua mais sintética parte, que compara o homem ao universo, ou o
macrocosmo com o microcosmo: “O que está em cima é como o que
está em baixo, para realizar os mistérios de uma só coisa”. Com isso
concluíram que o homem possui uma tripla natureza: uma superior,
uma inferior que é uma espécie de reflexo da superior, e a união das
duas que formam uma só coisa, um só resultado, este termo é tão
importante ao iniciado e ao verdadeiro buscador, que em si poderia
resumir todo o trabalho que precisamos realizar. O primeiro passo
desse trabalho seria compreender o que é a analogia, ou seja: “O que
está em cima, é como o que está em baixo”.

Essas três divisões aplicadas ao homem o desmembraram em um


espírito, uma alma e um corpo. Essa seria a divisão clássica. Essa
tríade tem analogia ou semelhança com diversas outras tríades
designadas pelos antigos iniciados. Ou seja, seria uma divisão
aparente. Teria ela a mesma significância, no entanto, por
necessidade de tempo, localização, costumes, cultura de um
determinado povo, sendo esse mesmo arcano revestido com símbolos
aparentemente diferentes, mas que o verdadeiro iniciado poderia
perceber por detrás do véu que cobriu o símbolo, sua real significância,
por isso alguns iniciados chamavam essa arte de a “Arte Real” ou
arte da realeza, dos Reis, para quem está familiarizado com a velha
Cabala, Malkuth o reino de si mesmo. És tu por acaso rei de si
mesmo?

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O espírito, a alma, e o corpo teriam uma analogia, ou similaridade com
os mundos do homem, o Arquétipo, o Ético, e o Mágico. Sendo o mundo
Arquétipo o mundo que está em cima, o mundo do Espírito. Esse é o
mundo cabalístico de Atziluth, e por isso o centro que desejamos que
seja minimamente entendido, ou em linguagem iniciática: revestir o
espírito com um novo véu, para que o profano possa vislumbrar a
sombra do mundo espiritual. E com seu próprio trabalho sobre si e
suas faculdades desorientadas, chegue um dia a ver a verdadeira Luz
dos Iniciados.

Jung sobre o véu que cobre o espírito nos diz: “O que chamamos
símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser
familiar na vida diária, embora possua conotações especiais além do
seu significado evidente e convencional. Implica alguma coisa vaga,
desconhecida ou oculta para nós”.

O espírito, a alma, e o corpo teriam uma analogia, ou similaridade com


os mundos do homem, o Arquétipo, o Ético, e o Mágico. Sendo o mundo
Arquétipo o mundo que está em cima, o mundo do Espírito. Esse é o
mundo cabalístico de Atziluth, e por isso o centro que desejamos que
seja minimamente entendido, ou em linguagem iniciática: revestir o
espírito com um novo véu, para que o profano possa vislumbrar a
sombra do mundo espiritual. E com seu próprio trabalho sobre si e
suas faculdades desorientadas, chegue um dia a ver a verdadeira Luz
dos Iniciados.

Jung sobre o véu que cobre o espírito nos diz: “O que chamamos
símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser
familiar na vida diária, embora possua conotações especiais além do
seu significado evidente e convencional. Implica alguma coisa vaga,
desconhecida ou oculta para nós”.
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In Hoc Signo Vinces
E continua: “Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando
implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato”.
Esta palavra ou esta imagem têm um aspecto "inconsciente" mais
amplo, que nunca é precisamente definido ou de todo explicado. E nem
podemos ter esperanças de defini-la ou explicá-la. “Quando a mente
explora um símbolo, é conduzida a ideias que estão fora do alcance da
nossa razão.”

[...]“Por existirem inúmeras coisas fora do alcance da compreensão


humana é que frequentemente utilizamos termos simbólicos como
representação de conceitos que não podemos definir ou compreender
integralmente. Esta é uma das razões por que todas as religiões
empregam uma linguagem simbólica e se exprimem através de imagens.
Mas este uso consciente que fazemos de símbolos é apenas um aspecto
de um fato psicológico de grande importância: o homem também
produz símbolos, inconsciente e espontaneamente, na forma de
sonhos. Não é matéria de fácil compreensão, mas é preciso entendê-la
se quisermos conhecer mais a respeito dos métodos de trabalho da
mente humana.

Demonstrando assim que o estudo de nós mesmo é um sério trabalho,


e toda antiga escola iniciática, ao apresentar o símbolo a seu iniciado,
tentava assim que o mesmo, por analogia, pudesse compreender uma
linguagem mais profunda e de difícil assimilação que o vulgo supunha.
Essa reunião de símbolos organizados em que a escola visa levar seu
iniciado das trevas da vulgaridade à Luz do espírito, eram chamados
de Mistérios. Os mistérios segundo GOM seriam: Um sistema
harmonioso de “Arcanos e segredos, sintetizados e por uma
determinada escola e constituindo a base de sua cosmovisão e o
critério de sua atividade”.
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“As Antigas escolas iniciáticas utilizavam a terceira forma de
transmissão, isto é, a simbólica”.
Que podemos distinguir:

Φ O simbolismo das Cores, utilizados principalmente na iniciação da


raça negra.

Φ O simbolismo dos quadros e figuras geométricas, constituindo o


acervo da raça vermelha.

ΦO simbolismo dos números, característicos da raça branca.

A reunião de todos esses símbolos compõem os Arcanos, que são


comumente chamados de “O Livro de Thot” ou de “Enoch” compostos
de 78 chaves, sendo 22 maiores e 56 menores, constituindo o que
vulgarmente é chamado de Tarô.

Mas retornando ao Símbolo, apesar do arcano ser completamente


necessária a compreensão de todo o conjunto de um pensamento
iniciático, esse arcano é composto de símbolos, e estes símbolos por si
só possuem uma ampla e extensa compreensão que se relaciona ao
conhecimento que o aspirante possui e se expande a fim que ele
alcance a verdadeira sabedoria da escola de mistérios.

Por isso, em toda a tradição, o símbolo por si só sempre possuirá os


três aspectos que já explanamos. Os egípcios em que sua linguagem
sagrada era completamente simbólica se utilizavam de desenhos ou
hieróglifos que tinham uma grande profundidade, estando até hoje
“hermeticamente fechada” ao não iniciado. Exemplo seria o cristão
vulgar que acha absurdo um Deus com cabeça de Falcão, mas não
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acha nada absurda as previsões do Apocalipse bíblico e seus
monstros. Sobre isso poderíamos dizer que o símbolo do Deus falcão
teria em sua cosmogonia, sua história a nível vulgar, um sentido literal
ou até mesmo histórico, o que qualquer antropólogo não iniciado
poderia ligar a fatos que ocorreram num tempo mais ou menos longo,
são termos óbvios e vulgares. Um segundo sentido, aos seguidores e
religiosos, serviria aos adeptos não iniciados e passariam um
ensinamento moral e ético. Um terceiro termo, que chamamos de
sentido hermético, o sentido que aos olhos do profano são inteligíveis,
o que a velha alquimia define como a fabricação do mercúrio filosofal.
O verdadeiro iniciado pode ler tanto um velho livro, como uma velha
escultura e deste símbolo retirar seu verdadeiro sentido.

Neste ponto a Cabala, em concordância com o hermetismo, afirma


que as leis universais que formaram o mundo são representadas pelo
símbolo, o número e a ideia. Papus nos explana: “Moisés dividiu seu
ensinamento em duas partes, unidas por uma terceira: uma parte
escrita, a letra formada por caracteres ideográficos de triplo sentido
e constituindo o corpo; uma parte oral, o espírito, constituindo a
chave da parte precedente; entre as duas partes, um código de
regulamentos relativos à conservação escrupulosa do texto, formando
a vida da tradição.” Entendendo essa tripla divisão podemos
prosseguir.

Jung apesar de não iniciado fisicamente nos mistérios por uma escola,
através de sua árdua pesquisa vislumbrou muitos dos segredos da
natureza, e concluiu que os sonhos são completamente simbólicos, e
assim fez com que alguns cientistas retornassem seus olhos à ciência
arcana. E através de estudos de diversos mitos, contos, fábulas,
buscou sua significância para o homem além do seu ponto meramente
moral, que comumente é o campo de batalhas dos sábios, indo além e
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buscando alcançar o secreto templo do espírito, concluiu que o
Subconsciente se comunica com a parte consciente através de
símbolos que os sonhos expressam.

A comunicação é a ação de transmitir uma mensagem. Assim precisa


de um emissor que deseja ser entendido, e minimamente um receptor,
alguém que receba a mensagem. A mensagem necessariamente
transmite alguma informação que o receptor deve compreender, o que
infelizmente não ocorre com as mensagens de nosso subconsciente,
que além de ser ignorado é reduzido a nenhuma importância.

No chamado reino animal é muito fácil perceber essa comunicação.


Um animal acuado demonstra seu medo e tenta, através de certas
ações, afugentar o outro animal que o embosca. Essa seria uma
linguagem quase universal entre os animais, já que é uma linguagem,
instintiva, inerente à própria necessidade de sobrevivência da besta.

Assim como a linguagem, ou a língua de um determinado povo é para


eles comum e fácil entendimento para esse povo, um estrangeiro teria
muita dificuldade de entender sua língua. Da mesma forma, cada
pessoa interpretará uma mensagem de acordo com sua própria
experiência. O homem utiliza a si mesmo para dar sua versão de
qualquer coisa, e muitas vezes se fecha no pobre conhecimento que já
possui, crendo ele que já encontrou as chaves do verdadeiro
conhecimento, tal ignorância cresce como uma erva daninha que
além de inútil, atrapalha o desenvolvimento da árvore da sabedoria.

Compreender a linguagem simbólica, o que os antigos, perenes e


universais símbolos dos iniciados, sem compreender a si mesmo, é
como estar no tortuoso mar à deriva sem saber a qual estrela seguir

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para encontrar a sagrada terra do Sol, é um lenho lançado ao mar, a
fumaça que para onde o vento sopra ela irá.

O Homem
"Os símbolos são para a mente o que as ferramentas são para a
mão, uma aplicação ampliada de seus poderes." — Dion Fortune

Sendo o homem o único ser capaz de desenvolver sua própria


linguagem e, além disso, registrá-la, usar de artifícios para que o
receptor possa chegar a uma reflexão, a uma compreensão e extrair
significados diversos de um mesmo tema, de um mesmo símbolo, saber
interpretar de acordo com o significado original se tornou um grande
problema a ser solucionado. Visto que cada homem ou mulher tem
suas características e experiências particulares, sua forma de
interpretação tem total relação com a construção de sua
personalidade, ou seja, quem a pessoa se tornou com as experiências
de sua vida, que normalmente condicionam sua forma de pensar,
sentir e atuar, sendo essas atuações mecânicas sempre voltadas ao
mundo exterior, e jamais ao mundo interior e por essa personalidade
ser completamente divergente da personalidade apta ao caminho do
autoconhecimento, na antiguidade, toda antiga escola iniciática
tinha como primeira iniciação o drama da morte e renascimento
como foco central, já que era necessário matar simbolicamente a
personalidade, o iniciado que compreendesse isso, em seu
renascimento poderia aprender sobre os simbolismos do espírito. Os
símbolos sagrados que são matéria de estudo dessas escolas, devem ou
deveriam sempre levar o aspirante das trevas à luz de forma gradual.
Nesse sentido, a maioria das escolas representava essa ascensão da
matéria ao espírito como uma escada ascendente, uma escada que ia
das trevas da ignorância da corrente involutiva humana, elevando o
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homem ao conhecimento dos segredos de seu espírito. A tradição
Judaica Cristã se usa do símbolo da escada de Jacó para esta
representação.

O símbolo tem sua representação em um


sentido universal. E os estudos de Jung
comprovam que há uma comunicação
direta de nosso subconsciente com nossa
parte consciente, e para ele o estudo e
conhecimento da simbólica universal se
fazia essencial para que essa
comunicação fosse efetiva. Na
antiguidade a interpretação de sonhos
era superestimada assim como outras
ciências que visavam compreender a
comunicação dos deuses ou deus para com
os homens e assim revelasse aos reis, imperadores e quem quer que
fosse uma orientação, um norte, um caminho a seguir e se o mesmo
estava cumprindo com seu divino mandato. Os reis temiam aos velhos
deuses e sabiam que seu império dependia da vontade celestial tanto
no presente quanto no futuro de sua nação. O apreço por aquele que
possuía a habilidade de interpretar os símbolos dados em sonhos, por
exemplo, é por demasia explanada no antigo testamento, ou seja, a
clara indicação de uma ciência obrigatória, tanto para a
interpretação dos sonhos, quanto à interpretação do espírito das
literaturas sagradas, conhecer e desenvolver essa sabedoria era
exclusividade dos magos e sacerdotes.

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Os véus do mistério
"Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: 'Por que falas ao
povo por parábolas?'

Ele respondeu: 'A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do


Reino dos céus, mas a eles não.'

Eliphas Levi nos explana:

“Queremos libertar os altares, derrubando os ídolos; queremos que o


homem de inteligência se torne o sacerdote e rei da natureza, e
queremos conservar, explicando-as, todas as imagens do santuário
universal”.

“Os profetas falaram por parábolas e imagens, porque a linguagem


abstrata lhes faltou e porque a percepção profética, sendo o
sentimento da harmonia ou das analogias universais, se traduz
naturalmente por imagens, as quais, tomadas materialmente pelo
vulgo, se tornaram ídolos ou mistérios impenetráveis.”

“O conjunto e a sucessão destas imagens e destes mistérios são o que


chamamos simbolismo, que vem, pois, de Deus, embora seja formulado
pelos homens.”

Todos esses ensinamentos sagrados possuem, como já dito, três níveis,


o seu Nível Elementar, nível Ético ou moral, e o nível espiritual ou
arquétipo. No primeiro nível são depositadas histórias anedotas,
parábolas, que normalmente é baseado em um personagem, ou um
evento histórico, ou serve para propor uma explicação de algo
inexplicável, como as gêneses de diversos livros sagrados, assim são
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comumente motivos de pesquisas de antropólogos, motivos de briga,
confusão onde os mais rústicos, os mais vulgares se combatem
mutuamente como numa arena. No segundo nível são matérias de
filosofia, especulações éticas que implicam normalmente numa boa
conduta a nível social que será ao fim reconhecida, é o nível dos
homens mais santos ou sábios de nossas sociedades. Quando as
religiões vigentes são constantemente alvo dos filósofos e sábios, é
clara a declaração que esta religião está em decadência, pois é
atacada exatamente sua parte moral e filosófica, o que a levará ao
seu fim ou a uma grande reformulação. O terceiro nível é o nível
oculto, e somente tendo em mãos a chave do espírito é possível
acessá-lo, por mais que seja estudado um símbolo, se não há essa
chave, o esforço será em vão, “Um único conhecimento lhe faltava, o
da verdadeira magia, que contém os segredos da Cabala. Dupuis
passou nos antigos santuários como o profeta Ezequiel na planície
coberta de ossos, e só compreendeu a morte, por não saber a palavra
que reúne a virtude dos quatro ventos do céu, e que pode fazer um povo
vivo deste imenso ossuário, exclamando aos antigos símbolos:
Levantai-vos, revestir uma nova forma e caminhai”. Eis as
misteriosas palavras do sábio Eliphas Levi, se referindo ao grande
arcano.

As três divisões são análogas às divisões da Santa Cabala, ao qual


temos dois véus que dividem os três mundos, um véu colocado sobre
Tiphereth chamado de Véu de Paroketh e um Véu colocado sobre o
abismo de Daath, ou o véu do Abismo. O véu de Paroketh é rasgado
quando o Cristo é sacrificado na cruz por ter concedido a luz à
humanidade. Tiphereth sendo símbolo do coração, o centro da
verdadeira sapiência revela uma inteligência superior à comum, que
através do Abismo se conecta com Kether a Coroa Sephirotica. O véu
do Abismo, de Daath a esfera invisível, poderia ser chamado como o
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Véu do Conhecimento, já que aquele que acredita muito saber,
normalmente é aquele que mais ignora. Ora o conhecimento é o oposto
de ignorância, e essa esfera é invisível simbolizando exatamente a
falta de conhecimento de si. Sendo já explanado que aquele que se
conhece, conhece os deuses.

O poder do símbolo
O Deus Mercúrio do panteão grego, o mesmo Hermes Romano que
conhecemos no esoterismo atual por Hermes Trismegistos, o pai do
Hermetismo, o próprio Íbis de Thot Egípcio, que lhes ensinou a
escrita, a matemática, a alquimia, a fundição entre outras ciências do
velho mundo. Era um deus muito inteligente e brincalhão, por isso
sempre pensava de forma astuta e diferente dos demais deuses, ou
melhor, sua sabedoria era superior a dos demais Deuses. Sua
velocidade e capacidade de se comunicar lhe rendeu o status de
mensageiro dos Deuses, já que podia esse ir do mundo humano ao
Olimpo com extrema velocidade, ou seja, da terra aos céus, da matéria
ao espírito.

Por este motivo, conforme foi passando o tempo, a ele foram


acrescentadas diversas atribuições, como também levar o espírito dos
mortos ao Hades, o Inferno grego, ou melhor, a região inferior.
Portava uma das mais poderosas armas, o famoso caduceu, composto
de um cajado e duas serpentes, sendo sua extremidade portadora de
um globo hermético (às vezes um espelho, para representar a
reflexão) e duas asas, que recebeu em troca de sua lira do Deus Apolo,
deus do Sol. Símbolo que a maioria dos médicos de hoje, que nada
sabem sobre simbolismo, e muito menos de alquimia, tentam
desvincular de sua profissão. Ignoram o fato do mercúrio ser
considerado pelos antigos alquimistas como símbolo da medicina
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universal, em sua época os alquimistas eram valiosos e raros médicos,
símbolos vivos das antigas tradições, portadores dessa medicina,
tentando os médicos de hoje utilizar somente o bastão de Esculápio
como seu símbolo. Mas retornando a nosso estudo, o caduceu que
segundo a historia de Tiresias, um famoso profeta grego, que ao
tentar separar com seu cajado duas serpentes que acasalavam irritou
Vênus que o transformou em andrógino anulando seu poder sexual, e o
cegou, transformando-o num excelente profeta.
Portador da sabedoria e predição, Hermes Mercúrio era em alquimia
representado de duas formas, em sua forma fixa, e em sua forma
mutável, ou que eles chamavam de “mercúrio dos sábios”, ou mercúrio
filosófico, extrair o mercúrio filosófico era a primeira operação
alquímica, já que este deveria atuar sobre a prata e/ou o ouro, neste
pequeno ensaio não explicaremos esse assunto que é um mistério a ser
decifrado com o próprio esforço do aspirante.

Conselhos de Como Estudar os Símbolos

Como vimos anteriormente, um símbolo possui uma significação


abrangente, obscura e pessoal que vai além de uma explicação simples,
já que um símbolo por mais simples que ele seja representa muito mais
que uma palavra, uma ação, um desenho. Como exemplo um símbolo
vulgar e banal como um aperto de mão torna-se um gesto de amizade e
simpatia, que contém um laço emocional e de verdade.

Estude Cada Símbolo de Acordo Com Sua Cultura

Visto que cada autor possui em si sua própria regra simbólica, para
compreender corretamente o símbolo, devemos estudar sua
representação que ele exercia para o autor ou aquela escola, já que
nem todos os símbolos nos são naturais. E mesmo certos símbolos que
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nos são naturais podem representar algo mais abrangente e
obscuro, que nunca havíamos pensado, em uma determinada escola
ou filosofia. Como o emblema da Mãe, esse mesmo símbolo está em
todas as religiões e nos liga diretamente ao sentimento que temos de
nossa mãe, nossa nutriz, ela é sempre imaculada, pois seria para a
maioria de nós uma abominação pensar na mãe num sentido vulgar,
então esse símbolo de pureza que se relaciona e absorve muitas vezes o
símbolo da branca pomba do espírito santo já que os dois
representam e nos ligam a um sentido de pureza virginal.
Notoriamente, conforme vamos amadurecendo em nossas vidas, esse
mesmo símbolo vai tendo abrangência maior e significado mais vasto,
podemos então dizer que ele cresce conosco. Esse ponto é muito
importante para entendermos que, por exemplo, nos símbolos dos
nossos sonhos essa estrutura particular é muito utilizada pelo
“inconsciente” para tentar se comunicar conosco. Ou seja, para
compreendermos os símbolos usados por nosso subconsciente
precisamos nos estudar, nos autoconhecer.
Tenha Paciência e Perseverança Nos Estudos
Numa escola iniciática os símbolos que compõem sua estrutura e
cosmologia visam localizar onde e em que estado se encontra o iniciado,
nesse processo de sair das trevas da ignorância para adentrar na luz
da sabedoria. A alegoria de Platão chamada “Mito da Caverna”, já
tão conhecida refere-se a este estado de ignorância que nos
encontramos e que para nós os símbolos são apenas sombras do que
realmente representam, já que a tradição afirma que “O simbolismo é,
com efeito, uma verdadeira ciência que tem suas regras precisa e cujos
princípios emanam do mundo dos Arquétipos.” Diz o escritor maçônico
Jules Boucher (J.B.), e continua: “Somente pelo estudo dos símbolos é
que se pode chegar ao esoterismo. Apenas considerando o exoterismo
dos símbolos, isto é, interpretando-os num sentido quase literal, é que
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chegaremos a julgar os Ritos [...]”. Esse caminho das trevas à Luz
nos exige muita paciência e perseverança, mas é o mais maravilhoso
de todos os caminhos, já que tudo é símbolo.
Dedique-se a Ter Sua Própria Visão do Símbolo
Devido à complexidade que um mesmo símbolo possui, é interessante
que estudemos diversos autores ditos “consagrados” sobre o que eles
afirmam sobre esse símbolo, surgirão divergências e muitas vezes
aparentes confusões, onde nos será necessário julgar a nosso critério
de acordo com nossa visão, por isso, a construção do símbolo é ainda
nossa.
Tenha Humildade e Aprenda Com os Erros
Se nosso julgamento tiver errado, ou percebemos que a estrutura
simbólica não está se encaixando harmoniosamente, tenhamos
humildade e nos esforçamos para acatar a interpretação que mais se
alinha com a estrutura. Mas quando vamos perceber que os símbolos
estão errados? Quando percebermos que não estamos mais avançando
na correta interpretação de textos herméticos, tais como a Tábua de
Esmeralda, textos de alquimistas consagrados como Raimundo Lullo,
Flamel e outros, ou até mesmo o Apocalipse de João, ou uma Sura do
Sagrado Alcorão. Existem esoteristas que dizem que a grande obra é a
harmonização correta dos símbolos.
"Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as
vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se,
vos despedacem. Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca,
encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á."

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