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Lettres à l'Alchimiste
A Harmonia e o Verbo

Quando admiramos atentamente desde este reino em que vivemos


Olam Yesodoth ou esfera dos elementos, o céu, as estrelas,
percebemos a bela corte celeste que viaja por uma Rota estabelecida.
Sete membros, ou planetas (Sol e lua em esoterismo estão incluídos)
compõem esta admirável corte. A Rota os antigos chamaram de Roda
Zodiacal ou Rota dos Animais, pelo qual transita a celeste comitiva
dos astros. Porém, o que há
ou pode haver além da esfera
de Mazloth (o Zodíaco)? A
esse inimaginável ponto fora
chamado de Rashith ha
Gilgalim, ou o Primum Mobile,
ou seja, Deus inimaginável,
que só conhecemos a parte
que ele quer que conheçamos.

Do inferior olhamos para o


superior, do microcosmo para
o macrocosmo. Observamos a
perfeita harmonia dos
astros, das esferas, e seu
primoroso equilíbrio e nos
sentimos um pequeno grão de
areia nessa gigantesca praia.
Os planetas, vórtices criados pela perfeição do verbo, equilibrados e se

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In Hoc Signo Vinces
sustentando mutuamente, entoam uma música, a música celeste, a
partir de sua própria esfera.

E já que só se pode perceber aquilo com que nos relacionamos, restava


ao homem antigo esquadrinhar e se inspirar no macrocosmo para
tentar conhecer a si mesmo e encontrar sua essência, sua semente
perdida em si mesmo.

A mesma semente que por analogia havia criado o todo, também


deverá criar o Homem redimido e sapiente. “O que está em cima é
como o que está em baixo”, afirmavam os antigos sábios da ciência
arcana.

E assim se originaram diversas religiões e filosofias, onde o Criador


deu origem à criação gerando nosso universo e o Homem que a sua
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imagem e semelhança através do poder criativo herdado deveria criar
seu próprio mundo.

Contudo, conforme o Homem comum foi se degenerando e se tornando


cada vez mais materialista, também perdia sua capacidade de
perceber a beleza e a harmonia das esferas superiores.

Contam-nos a lenda que


uma velha escola iniciática
bebeu das fontes dos
velhos iniciados egípcios,
magos persas e sábios da
velha Índia mudando o
conhecimento ocidental, e
até hoje seu mestre é
citado nas escolas
profanas de todo o mundo.
Seus adeptos seguiam uma
rígida dieta a base de
frutas e buscavam atos
puros e justos. O cultivo do
mais restrito Silêncio
como base para aprender a ouvir não só seus mestres, mas também a
música de toda a natureza e também dos astros. Buscavam através
da disciplina, que seus corpos voltassem a perceber e apreciar o que o
vulgo mesmo naquela época já era incapaz de perceber: A harmonia e
a mecânica que havia nos movimentos celestes e nos sons da música.
E concluíram que: como todas as coisas na criação possuíam uma
perfeição matemática, o universo era constituído de regras
matemáticas similares, harmônicas e calculáveis. E por isso o número

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seria então a essência de todas as coisas. Representando as
potências naturais da criação.

Na natureza existem 4 elementos, e a soma de 1 a 4 resulta em dez,


assim estabeleceu o sistema decimal como base que usamos até os dias
de hoje. Nesta escola os iniciados deveriam necessariamente portar o
símbolo do pentagrama, que era visto como um dos emblemas mais
sagrados, já que este correspondia ao próprio homem e ao mesmo
tempo a essência de todas as coisas. Nele foram encontradas as
proporções da regra de ouro, ou razão áurea (que hoje se popularizou
como a Série Fibonacci) considerada mágica pelos antigos.

Dentro do Pentagrama também foram encontradas as proporções do


retângulo de ouro, baseado na regra de ouro (Phi=1,68), em todas as
espirais da natureza sempre encontramos essa proporção desde uma
concha até uma galáxia, e também na escala harmônica musical. Tudo
está organizado segundo os números e as fórmulas matemáticas, dizia
o grande mestre desta escola. Se tudo que era mais belo produzido na
natureza seguia essa regra, traçaram uma relação da harmonia da
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alma e a harmonia da natureza. Ou seja, se encontramos na
natureza suas formas mais belas e harmônicas seguindo a regra de
ouro, assim também deveria ser a alma desses velhos iniciados gregos,
que eram chamados de Pitagóricos em homenagem ao seu lendário
mestre Pitágoras.

Alguns cabalistas dizem que quando o Adão original perdeu o paraíso e


Eva fora obrigada a criar com dor e esforço, o poder de criativo do
verbo de Adão havia se perdido. Não era mais portador da palavra
sagrada e agora somente com seu trabalho, com seu suor, pôde
novamente criar. O poder de criar pelo verbo é o que constitui o
verdadeiro poder do mago, e sua perda tornou-se seu fardo, e Adão
antes chamado Kadmon que se manifesta nos cinco princípios
elevados dos mundos, após sua queda na matéria passou a ser
chamado de Adão Belial que se manifesta nos cinco princípios
decaídos. Perdida sua real ligação com Eva culminada com a
separação incitada pelo desejo de Eva de procriar e gerar
descendentes, filhos do pecado original de seus pais, no entanto
portadores da semente celestial. Filhos que então podem através do
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desenvolvimento dessa semente retornar ao estado original de seus
pais.

Estando toda a criação está em perfeito equilíbrio, menos o homem


descendente do Adão Caído. Antes habitante do centro da criação
agora é lançado em sua periferia, inconsciente de sua essência, sua
real natureza, em desarmonia, em desequilíbrio vaga pelo mundo
buscando fora o que deveria encontrar em si mesmo, Moisés já estava
em sua terra prometida, mas seu povo precisava expiar por 40 anos
para que a encontra-se. Mas como poderiam os descendentes de
Adão, reconquistar o poder perdido que lhe foi dado pelo criador? Já
que era na harmonia, no Verbo, na palavra que deu origem a tudo que
repousava em seu poder.

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No oriente, mais precisamente na sagrada terra dos Vedas, o poder
do verbo e sua harmonia é chamado de Mantra que significa palavra
de poder, Blavatsky acerca do famoso Mantra Om Mani Padme-Hum
diz:

“Nesta fórmula, a mais sagrada de todas as orientais, não só contém


cada sílaba um secreto poder, que produz definido resultado, mas a
invocação completa tem sete distintos significados, com outros tantos
efeitos [...] efeitos [que] dependem da entoação que se dê à fórmula
em conjunto e a cada uma de suas sílabas; e ainda o valor numérico
das letras aumenta ou diminui segundo o ritmo que se empregue. Há de
recordar o estudante que o número implica forma e som. O número
subjaz na raiz do Universo manifestado; o número e as proporções
harmônicas dirigem as primeiras diferenciações da substância
homogênea em elementos heterogêneos; e o número e os números põem
limites à formativa mão da Natureza.”

Como os Pitagóricos que compreendiam o Vigilante Silêncio da Esfinge


nos são importante cuidar de nossa palavra, de nosso verbo. Aprender
a usar a semente secreta que existe em nós mesmos para alcançar o
antigo poder criativo da palavra. A harmonia está no equilíbrio dos
opostos e toda a árvore é equilibrada por este princípio, o Julgamento
é equilibrado pela Misericórdia, a Sabedoria pela Compreensão ou
Inteligência, o Reino pela Coroa que lhe ordena. O Equilíbrio é lei
Universal, afirma o Mago Eliphas Levi. É o equilíbrio o resultado de
forças aparentemente opostas que são usadas para sustentar todo o
universo criado pelo verbo e todas as suas harmônicas esferas que
cantam a glória do criador.

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In Hoc Signo Vinces

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