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Lettres à l'Alchimiste
A Cabala, a Tradição Esotérica do Ocidente

“ A Santa Kabbalah é o segredo hierárquico da Natureza.”


Aesch Mezareph

Pisamos agora no terreno mais abrangente e fértil da tradição


esotérica, muitos ao ouvir seu nome se aterrorizam com sua
complexidade e grandiosidade, outros veem nela teorias conspiratórias
e instrumentos de seres inferiores em sua eterna tentativa de
possuírem nosso mundo. Devido à indústria que só pensa em lucros, se
popularizou e se tornou tão desacreditada por muitos que poderiam
apreciar e se satisfazer do mais profundo conhecimento da lógica
espiritual concebida pelos homens (ou por anjos).

Sim, falamos da famigerada Cabala, tão incompreendida e tão


banalizada em nossos tempos. Nosso esforço se direciona a não
acrescentar mais inutilidades a esse sistema ao qual respeitamos e
admiramos profundamente, lançando uma Luz ao verdadeiro
investigador para que possa continuar seu caminho.

Mas por que dizem que o estudo da Cabala é obrigatório ao


esoterista ocidental? Qual é sua importância?

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In Hoc Signo Vinces
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In Hoc Signo Vinces
A Palavra Cabala derivada da raiz hebraica Qbl, Qibel, significando
“receber” e indica à antiga tradição iniciática em que o mestre
passava ensinamentos oralmente aos discípulos, assim cabala é usada
para designar a tradição esotérica dos Judeus.

Somente com a chave da Cabala é possível abrir os mistérios contidos


no Torá (Bíblia Hebraica), e até mesmo o novo testamento e o
obscuro livro das revelações de João. Poderíamos dizer que existem
duas Cabalas na atualidade, a Cabalá Judaica e a Cabalá Cristã
sendo esta um apêndice da cabala Judaica.

A Cabala é um admirável sistema tão perfeito e de características


tão abrangentes e universais que é atribuído a inteligências não
humanas, ou aos Anjos. Tendo os Anjos aprendidos tais sistemas para
governar suas esferas (Sephiroth), o transmitiram a Adão ainda no
paraíso e depois a seus descendentes para que pudessem se
reestruturar da queda edênica e retornarem ao seu lugar de direito.
Os cabalistas ligam toda a jornada do Povo Judeu ao conhecimento da
Cabalá, e toda vez que a essência desse conhecimento foi perdida, o
povo judeu o reencontrou através de diversos ordálios, como no caso
de Moisés que o recebeu no monte Sinai não só a Lei ou os
mandamentos, mas também a forma correta de interpretar a Lei, ou
seja, a Cabalá. O Ensinamento de Moisés foi estabelecido conforme a
Lei do Tetragrama, ou Lei dos 4, sua parte escrita forma o “Corpo da
Doutrina” destinada ao povo. O espírito do ensinamento a tradição
oral como Cabalá e suas regras, destinada aos mestres. A Alma do
ensinamento, sua parte ética, moral, dogmática destinada a manter a
vida do corpo de doutrina, ajustar e equilibrar os dois anteriores
destinada aos rabinos. Ou seja, o ensinamento possui corpo, espírito e
uma alma que os equilibra.

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Dessa forma, o sistema Cabalístico se utiliza de uma tripla divisão
para explicar uma manifestação, uma atitude direta explicar o nome
sagrado do Tetragrammaton composto de Yod, Heh, Vav, Heh, sendo o
segundo Heh é um reflexo do primeiro. Conceberam, então, os sábios
Judeus quatro mundos conforme o número de letras do nome sagrado.
Olam ha Atziluth ou o Mundo das Emanações, Olam ha Briah ou o
mundo da Criação, Olam há Yetzirah ou o Mundo da Formação, e por
último o mundo onde todos os outros se manifestam, Olam ha Assiah
ou o Mundo da Manifestação.

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A Cabalá concebeu a perfeita união de Palavras, letras e números e
pretendem os cabalistas através da manipulação dos números
compreenderem a realidade. Assim cada letra do alfabeto hebraico
tem um número ou potência numérica como correspondência. Ou seja,
também representa três coisas para explicar uma, um Hieróglifo
representando o corpo, um número representando a alma, e uma ideia
representando o espírito da letra. Cada letra representa uma força
psíquica no homem e uma força criadora no Universo. Sendo então as
letras poderes reais, conhecer a formação, sua combinação conforme
as regras místicas e a vibração correta de certos nomes criam
vórtices que atuam tanto no homem quanto no universo.

Os Dez nomes sagrados de Deus formam então dez esferas de


atuação que ordenadas formam a famosa Árvore da Vida.

Com o conhecimento dos números das letras que formam os nomes


constituem a base da Cabala Literal, e é um estudo imprescindível
para compreender os ideais da cabala. A Cabala Literal é dividida em
Gematria, Notarikon e Temurah. Na Gematria são estudadas as
palavras com valor
numérico igual e são
usadas para explicar umas
às outras como sendo
portadoras da mesma
natureza. No Notarikon
cada letra da palavra dá
início a uma palavra, como
um acróstico, e estes
formam uma sentença, a
segunda forma do
Notarikon é oposta, ou
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seja, a inicial de uma frase é usada para formar uma palavra, que
poderá ser submetida à gematria para compreender a natureza desta
palavra, este sistema formou o que é chamado Shemhamphorash que
deu origem aos 72 nomes dos Anjos ou potências de Deus. Na
Temurah, ou substituição uma letra é trocada por outra de acordo
com regras e tabelas estabelecidas, um exemplo seria o método albath,
ou a cabala de nove câmaras Aiq Bekar.

Conforme os esoteristas tradicionalmente a Cabala possui quatro


divisões, conforme a lei dos quatro ou tetragrama:

❖ Cabalá Prática que trata dos talismãs, cerimônias, etc.


❖ Cabalá Literal que trata da parte escrita e suas
correspondências secretas e obscuras;
❖ Cabalá Dogmática, é a parte doutrinal, o plano fundamental
descrito em alguns livros como apresentado na sequência;
❖ Cabalá Não Escrita, ou a tradição oral da cabala que só
pode ser adquirida por um mestre desta ciência.

Os livros considerados essenciais da doutrina Cabalística são:

❖ Sepher Yetzirah, Livro das Formações;


❖ O Zohar, livro de difícil entendimento para quem não possui
as devidas chaves;
❖ Sepher Sephiroth, que discorre sobre as emanações, a descida
de Deus de uma existência Negativa até uma Positiva;
❖ E para aqueles que buscam compreender a relação da Cabala
com a Alquimia o chamado “Aesch Mezareph”.

No Livro Sepher Yetzirah o alfabeto hebraico é descrito com uma


correspondência astrológica. Possuindo 22 letras, onde doze como o
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zodíaco são de natureza simples, sete de natureza dupla
correspondendo aos planetas astrológicos, e três letras, as mais
importantes, são chamadas de letras mães e deram origem às demais
letras. As 22 letras também são relacionadas aos 22 arcanos
maiores do Tarô e as Clavículas de Salomão, que é à base da magia
cerimonial ocidental, sendo esta uma das razões da obrigatoriedade de
seu estudo.

Como já sabemos o Universo é o que é chamado de Macrocosmos e o


Homem é o Microcosmos. No nosso sistema solar os astros são
centros magnéticos e se relacionam aos sete principais anjos, para
Saturno Cassiel ou Orifiel, para Jupiter Sachiel ou Zachariel, para
Marte Samael, para o Sol Mikael, para Vênus Hanael ou Uriel,
Mercúrio Rafael e Lua Gabriel. No microcosmos do Homem esses
vórtices universais se espelham em nossa psique e nos influenciam,
mas o verdadeiro cabalista aprende a se colocar acima da influência
zodiacal (Mazloth) e unindo sua razão a razão das razões (Kether)
não mais é arrastado por seus poderes mecânicos e sim
oportunamente se utiliza dele.

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