Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lettres à l'Alchimiste
EN TO PAN, Um o Todo
φ
In Hoc Signo Vinces
🜄 🜃 🜁 🜂
φ
In Hoc Signo Vinces
ou para se diferenciar. O ponto no centro do círculo é o germe da vida,
da criação, o ponto no ovo, a semente do mundo ou universo.
Representando sempre algo fechado, o círculo
pode também exemplificar uma família
composta de 3 membros. Esses três
membros, para se destacarem de outros, são
circulados, ou seja, colocamos um círculo
envolvendo-os, os destacando e diferenciando,
dando a entender que essa família dentro do
círculo é uma unidade. Assim, ele constitui
uma limitação que separa o conteúdo do
ilimitado. Porém, esse limite da criação está
além de nossa percepção, no vasto universo em que vivemos, se
perdendo além até mesmo de nossa imaginação.
Este círculo na antiguidade era representado com um branco
imaculado repousando em um fundo negro que simbolizava o Caos onde
o homem não pode conceber percepção, já que sua mente e seus
sentidos são limitados. Mas, assim como há um círculo que se expande
infinitamente, há também seu inverso que é um ponto que se contrai
infinitamente, como o eixo de uma roda. Por este motivo, era entre os
antigos necessário representar a criação como um círculo com o
ponto, ou como algumas escolas chamam de Circumponto, símbolo por
excelência do sol ou portador da luz primordial, a luz da criação citada
no Gênesis, como o Ain ou os véus da existência negativa que se
manifestam a partir de Kether na Cabalá.
Na antiga tradição hermética, um pequeno texto era de suma
importância ao estudante, trata-se da conhecida “Tábua de
Esmeralda”. Esmeralda é uma pedra verde, que é a cor de Vênus,
Deusa do Amor, e se relaciona com a nutrição e o crescimento. Era
pela porta de Vênus que os iniciados adentravam na cripta dos
φ
In Hoc Signo Vinces
adeptos. “Tábua” teria uma conotação da grande Lei, e neste caso, a
lei dos adeptos, que como as leis de Moisés estavam escritas na pedra,
a de Hermes também está na pedra, porém de esmeralda. Outros
símbolos são relacionados, mas fugiria em demasia de nosso propósito.
Nesta velha tábua atribuída a Hermes (Mercúrio) Trismegisto
é escrito o seguinte texto:
"É certo, sem mentira e muito verdadeiro. O que está
embaixo é como o que está em cima, e o que está em cima é
como o que está embaixo para realizar os milagres da
unidade. E como todas as coisas provieram e provêm do
Uno, assim todas as coisas nasceram desta coisa única
por adaptação. O sol é o pai, a lua é a mãe, o vento levou-o
ao seu ventre, a terra é sua nutriz, o pai de tudo, o
Thelema de todo o mundo, está aqui sua força é total se se
converte em terra. Separarás a terra do fogo, o sutil do
denso, suavemente, com grande diligência. Ascende da
terra ao céu e desce diretamente à terra, e recebe a força
das coisas inferiores e superiores. Por este meio terás toda
a glória do Mundo e toda a obscuridade se afastará de ti.
Esta é a força de toda força, pois ela vencerá toda coisa
sutil e penetrará toda coisa sólida. Assim foi criado o
mundo. Disto fará e surgirão inúmeráveis adaptações, cujo
meio está aqui. Eis aqui porque me chamam Hermes
Trismegisto, possuidor das três partes da filosofia do
mundo. O que disse sobre a operação do Sol se cumpriu e
se consumou."
Destacamos a parte da Tábua em que se refere a "O que está embaixo
é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está
embaixo para realizar os milagres da unidade", que é interpretada
tradicionalmente como uma referência ao macrocosmos e ao
microcosmos, que se unem para formar uma só coisa e podíamos por
isso concluir que essa força que dá origem a todas as coisas é em si
mesma a Telesma (thelema, vontade) do mundo.
φ
In Hoc Signo Vinces
Essa pequena instrução não poderia estar
concluída se nada falássemos sobre o
famoso Ouroboros, tão utilizado pelos
alquimistas e seus sucessores esotéricos. O
símbolo ofídico que morde sua própria
cauda, no qual tanta coisa foi escrita, é
um símbolo que os gregos e egípcios já se
utilizavam para conotar a ideia de que os
opostos sempre acompanham um ao outro,
que o fim sempre é sucedido de um novo
começo, que a vida acompanha a morte, a
luz a escuridão.
Na imagem da Crisopeia de Cleópatra temos um Ouroboros que em seu
centro tem escrito: EN TO PAN, Um o Todo, formado de três vogais e
quatro consoantes nos lembrando da relação do ternário com o
quaternário. Um o Todo, ou todo o um, a relação de princípio e fim, a
totalidade na unidade e a unidade na totalidade, o um que preenche o
todo e o todo que forma o um, a essência divina que sendo parte de
tudo é única e não se confunde com nada.
Mas, como é impossível a existência absoluta do vazio e do nada, que
são palavras que designam ausência e no universo não existe um lugar
desprovido de qualidade, nem mesmo o vácuo que, além do conhecido
fenômeno do magnetismo, possui ainda alguma matéria, algo que foi
teorizado desde 1930 pelos cientistas da ciência oficial, Werner
Heisenberg, pai da mecânica quântica, e Hans Heinrich Euler,
confirmado oficialmente em 2016. Assim como o todo abarca o tudo
como uma unidade de uma grande família circundada pelo círculo do
universo, o tudo é o um a substância primordial. Que segundo os
filósofos, quem a conhece não diz, e quem diz que a conhece não a
conhece.
φ
In Hoc Signo Vinces