Você está na página 1de 6

🜄 🜃 🜁 🜂

Lettres à l'Alchimiste
O Homem e seus Elementos

Chamados vulgarmente de quatro


elementos da Natureza, o Fogo, o
Ar, a Água e a Terra formaram
toda a criação, e como todo o
criado, o homem também é
formado pelos quatro elementos.
Sua filosofia remonta a tempos
imemoráveis e, mesmo com o
passar de tanto tempo e o
advento da ciência oficial, ela
resiste até hoje nos meios
ocultos, filosóficos e até
psicológicos. Carl Gustav Jung se
esforçou em aplicá-los em seus trabalhos e os relacionou a quatro
funções psíquicas utilizadas pela consciência: a intuição (fogo), o
pensamento (ar), o sentimento (água) e a sensação (terra). A
sensação e a intuição permitem perceber as coisas, enquanto o
pensamento e o sentimento permitem julgar os fatos. Esses quatro
processos da natureza humana, em conjunto com as atitudes de
introversão e extroversão, formam o que ele chama de tipos
psicológicos.

Os cientistas não iniciados tomaram ao “pé da letra” ou na letra


morta, os símbolos usados pelos antigos filósofos, e imaginaram que o
fogo, o ar, a água e a terra eram os mesmos elementos que
φ
In Hoc Signo Vinces
percebemos com nossos sentidos físicos, o que ocasionou muitos erros
e desilusões. É claro que esses elementos têm sua analogia com os
elementos físicos, que são usados como símbolos para explicar algo
mais transcendente que a ciência oficial pode comprovar com seus
testes de laboratório. Na tradição hindu são chamados: Tejas o
princípio do fogo, Apas o princípio da Água, Vaju o princípio do Ar,
Prithivi o princípio da Terra. Como nosso espaço é pequeno, não nos
adentramos nesse maravilhoso esoterismo. Tese, Antítese, Diálogo e
Síntese tais eram processos que os antigos filósofos gregos em
analogia aos quatro elementos usavam para formular seus trabalhos.
No simbolismo da esfinge, as garras de leão representam o Fogo e o
poder de Querer, as asas de Águia o Ar e o poder de Ousar, o rosto
humano a Água e o poder de Saber e finalmente os flancos de Touro a
Terra e o poder de Calar.

Estes elementos estão descritos em forma de símbolos no mais antigo


livro da sabedoria esotérica: O chamado Livro de Thoth. Diz-se que os
antigos iniciados, prevendo a decadência da real sabedoria,
entregaram aos homens comuns um conjunto de cartas para que, com
sua tendência aos jogos, mantivessem essa sabedoria, sem que
soubessem o que possuíam em mãos, essas cartas são o que chamamos
de Tarô, e na nossa sabedoria é também chamada de Rota da
Natureza. No baralho vulgar, os quatro elementos estão dispostos da
seguinte forma: Paus para o Fogo, Espadas para o Ar, Copas ou Taças
para a Água e Ouros ou Discos para a Terra, e representam as armas
do Mago.

Os símbolos mais comuns na tradição ocidental e alquímica são: um


triângulo com vértice ascendente para o Fogo, um triângulo com
vértice descendente para a Água, um triângulo ascendente com uma
linha que o corta para o Ar, e um triângulo descendente com um corte
φ
In Hoc Signo Vinces
para a Terra. Tais símbolos
provavelmente remetem à antiga
tradição astrológica, já que o triângulo
representaria a triplicidade dos
elementos. As cores variam de escola e
tradição, mas é comum ser utilizada
pelas atuais tradições rosa cruzes, a
saber: vermelho para o Fogo, amarelo
para a Água, preto para a Terra, e
branco para o Ar.

Na criação, participam da seguinte forma: O Fogo expansivo, quente e


seco. Nos dizem os adeptos que foi do fogo original de onde surgiu o
FIAT LUX da aurora da criação, já que o resultado do fogo é a luz. A
Água introspectiva, fria e úmida, o CAOS de onde tudo surgiu. O fogo
possui características Elétricas e a Água magnéticas, que se atraem e
repelem mutuamente sem cessar, gerando o movimento, que é a vida.
Nesse processo, o Ar é o mediador,
equilibrante e harmonizador desses dois
elementos, assim nesse sentido é neutro
ante o fogo e a água, mas em
comparação à terra que é seu oposto
natural, ele é ativo. Sem o Ar que
harmoniza e equilibra os contrários não
haveria vida, por isso na lei hermética é
comparado ao útero que gesta. O ar é
quente e úmido. Esses três elementos
geram uma forma material e definida,
que é o elemento Terra. O elemento
Terra é o primeiro totalmente fixo,
limitante e sua função hermética é a
φ
In Hoc Signo Vinces
nutrição, assim como a terra o é para a semente. Como é o quarto
elemento se relaciona ao quadrado que é considerada a forma
perfeita, e somente na forma perfeita que a alma inteligente se
manifesta, nessa consideração os três elementos anteriores formam o
triângulo que é a primeira forma geométrica. No princípio, na aurora
da criação o FIAT LUX (faça-se Luz) foi pronunciado iniciando a
criação, a palavra de quatro letras (FIAT) formam o acróstico de
Flatus (Ar), ignis (fogo), Aqua (Água), Terrae (terra) e formam o
Macrocosmo e o Microcosmo. Semelhante um ao outro.

O homem comum, vulgar, não é um homem completo, já que é


necessário a ele ainda construir a si mesmo para alcançar o lugar que
lhe corresponde. Todas as coisas criadas são e foram criadas a partir
do caos em que tudo repousava e se misturava. O Homem comum é um
verdadeiro Caos, podendo se tornar um rei da natureza ou
permanecer nas trevas do Caos natural e nada a ele acrescentar
sendo submisso à natureza exterior. Ao vir ao mundo lhe é dada uma
marca ascendente que corresponde ao que os antigos chamavam de
Temperamentos ou Humores que são as influências Elementais dos
espíritos da natureza tanto externa quanto interna. Os Elementais
são os espíritos dos elementos. As salamandras para o fogo, as
ondinas para a água, os silfos para o ar e os gnomos para a terra. As
salamandras dominam os Coléricos e Biliosos. As Ondinas dominam os
chamados Fleumáticos, Linfáticos ou Pituitários. Os Silfos têm
dominância sobre os Sanguíneos ou Ativos. Os Gnomos fazem dos
melancólicos seus joguetes. Os Elementais não possuem livre-arbítrio
por isso não são conhecedores do bem e do mal e sua influência
também é neutra, mas nos torna em desequilíbrio com os demais
elementos. Para representar isso é traçado uma cruz e cada
Elemental é dominante de um de seus quatro braços da cruz e nos
arrastam aos seus extremos. Cada um possui a característica
φ
In Hoc Signo Vinces
predominante de um elemento que comumente se degenera no defeito
ou oposto da virtude de cada elemento.

A energia e a força das Salamandras transformam-se em cólera e


irritabilidade. A flexibilidade e atenção às imagens das Ondinas se
tornam debilidades e inconstância. A prontidão e atividade dos Silfos
se tornam leviandade e capricho. A laboriosidade e a paciência dos
Gnomos convertem-se na grosseria e avareza. Por isso é dito que é
preciso vencê-los em suas próprias naturezas sem nunca se subjugar
pelas suas fraquezas. Somente se mantendo no centro da Cruz
Hermética é possível ao homem imperar, dominar e prender os
Elementais, ou seja, estando em sintonia com todos eles, mas se
mantendo senhor de si mesmo.

O primeiro problema que


nos é dado é encontrar o
centro da Cruz Hermética,
o local que os antigos
designavam ao quinto
elemento, o Éter, também
conhecido como Quinta
Essência, que é o princípio
dos outros quatro
elementos. O temperamento
correspondente a quem se
fixou nesse centro, era
chamado pelos antigos de
Ad Pondus, que raramente é
concebido pela natureza, ou
seja, é resultado de um esforço pessoal. A ele é chamado homem
superior, o homem magnético descrito por Heitor Durville e Turnbull,
φ
In Hoc Signo Vinces
não possui os defeitos dos Coléricos, sanguíneos, fleumáticos e
melancólicos, mas possui todas as virtudes. Alcançar o equilíbrio, o
centro da Cruz Filosófica deverá ser nossa busca. Lembrem-se os
Elementais só são submetidos à autoridade de um homem equilibrado.

φ
In Hoc Signo Vinces

Você também pode gostar