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Introdução aos Quatro

Temperamentos
WILLIAM MICHAELL DOS SANTOS TORQUATO
 Preocupação com a origem do cosmos ou universo
(semelhante aos mitólogos);

 “Abandono” das explicações mitológicas do cosmos;

Período  Nascimento da Filosofia como contraponto às explicações


mitológicas;
Cosmológico
 Explicações de base natural, comumente chamada de filosofia
da natureza; fazia-se uma física com método filosófico
(Physis = natureza); 

 O mundo tem um “temperamento” que explica sua causa.


 Porque as coisas estão em constante
MOVIMENTO!
 1) O Movimento local: a mudança de lugar;
 2) O Movimento quantitativo: o aumento e a
diminuição;
Por que  3) O Movimento qualitativo: a alteração;
perguntar-se  4) O Movimento substancial: a geração e a
corrupção;
sobre as coisas?
 O movimento torna as coisas incertas e, por
consequência, inviáveis de se ater a elas, pois não
há uma verdade guia, um parâmetro seguro e
confiável que dê sentido e ordene a vida.
Tales de Mileto (624-546 a.C.)

 O Princípio do Cosmos é a ÁGUA, ou seja, o estado de


UMIDADE;
 Por quê? Só há vida onde há umidade, isto é, a ÁGUA é o que
permite existir vida;
 Todas as plantas e todos os animais necessitam da água para
vingar;
 A terra flutua sobre a água;
 “Tudo está cheio de deuses” (Tales de Mileto): sendo a água
princípio da vida e, também, do cosmos, ela representa a força
dos deuses sobre os homens.
Anaxímenes de Mileto
(588-524 a.C.)

 O Princípio do Cosmos é o AR, ou seja, apesar


de ser um elemento natural, o ar tem a
peculiaridade de ser invisível e ilimitado (não
pode limitar a si mesmo);
 O Ar é mais Metafísico que a água, pois sua
expansão e concentração, ou seja, seu
MOVIMENTO, faz com que as coisas ganhem
vida;
 O Ar rarefeito gera o Fogo; o Ar condensado
gera as nuvens, água, terra e rochas segundo o
grau de densidade;
Xenófanes de Cólofon (570-475
a.C.)

 É necessário que o princípio do cosmos seja estável e bem


estruturado, semelhante à TERRA (herança de Parmênides);
 Portanto, deve existir uma unidade, porque sem unidade não é
possível entender o sentido das partes;
 As variações que existem nas coisas, os seus movimentos,
necessitam de uma estrutura fixa e imutável;
Heráclito de Éfeso (500-
450 a.C.)
 O Princípio do Cosmos é o FOGO; o fogo é o elemento
responsável pela mudança, pela transformação;
 “Tudo flui.”; “Ninguém pode se banhar duas vezes no
mesmo rio, porque o rio permanece, mas a água não é a
mesma”.; 
 Se as coisas mudam constantemente, são assim porque é
da sua natureza, ou seja, assim como o Fogo, elas
precisam mudar constantemente para continuarem sendo
o que são;
 A origem de tudo é o Devir;
 Do destruição (Fogo, morte) vem a construção (água,
vida);
Empédocles de Agrigento (495-
430 a.C.)

 O Princípio do Cosmos são todos os QUATRO ELEMENTOS


NATURAIS: ar, fogo, água e terra; 
 Os quatro elementos decorrem da combinação das QUATRO
QUALIDADES COSMOLÓGICAS: úmido e seco, frio e
quente;
 Da mistura dessas qualidades encontra-se a origem da vida e,
naturalmente, do Cosmos;
 Todos os corpos se compõe da agregação de substâncias
elementares;
Hipócrates de Cós (460-370 a.C.)

 Influenciado por Empédocles, desenvolveu a Teoria dos Quatro


Humores (fluidos);
 Sangue
 Fleuma
 Bile Amarela
 Bile Negra
 O corpo humano era constituído por quatro humores, cada um
com qualidades próprias e ocupando lugares próprios dentro do
corpo;
 Quando em harmonia trazia saúde ao homem, enquanto a
desarmonia trazia o adoecimento;
Hipócrates de Cós (460-370 a.C.)

 Hipócrates, por ser médico, percebeu uma relação tanto


material (física) quanto filosófico-simbólica com os quatro
humores e as quatro estações;
 Primavera = predomínio do sangue
 Verão = predomínio da bile amarela
 Outono = predomínio da bile negra
 Inverno = predomínio da fleuma
 Sob influência de Pitágoras de Samos (570-495 a.C.) e sua
doutrina filosófica dos números, adotou o número quatro
devido ao simbolismo espontâneo com a teoria de Empédocles.
Cláudio Galeno (129-217 d.C.)

 Aprimorou a teoria médica-filosófica de Hipócrates


introduzindo o elemento comportamental e psicológico;
 Cunhou o termo “temperamento” advindo da palavra latina
“temperare”, isto é, o tempero de alguém, a mistura causadora
do comportamento e do modo de pensar;
 Portanto, não apenas o temperamento causa a saúde ou a
doença, mas modificava a personalidade do sujeito de acordo
com a “mistura” específica;
Cláudio Galeno (129-217 d.C.)

 Combinações que formam os temperamentos segundo o


Corppus Hipocraticcum e Galeno:
 Úmido e Quente: Temperamento Sanguíneo (Ar,
Primavera)
 Úmido e Frio: Temperamento Fleumático (Água,
Inverno)
 Seco e Quente: Temperamento Colérico (Fogo, Verão)
 Seco e Frio: Temperamento Melancólico (Terra,
Outono)
O Simbolismo do
Número 4
Os 4 Elementos
 O 4 representa o que há de
material no mundo, simbolizando As 4 Estações
o alicerce, a estabilidade, a
construção, a praticidade, a
solidez, a estrutura, o trabalho, a As 4 Qualidades
rotina, a disciplina.
As 4 Divisões da Vida
Exercício Imaginativo: notas
sobre os corpos

 Observação:
 Olhe essa folha de papel;
 Não pense, apenas descreva o que você está vendo;
 O que você vê?
Exercício Imaginativo: notas
sobre os corpos

 O que pode dizer:


 Ela é branca;
 Ela é feita de alguma coisa — papel, no caso;
 Ela é retangular;
 Ela é suave ao toque;
Exercício Imaginativo: notas
sobre os corpos

 Separemos o essencial do acidental:


 Todos os corpos precisam ser brancos? Não.
 Precisam ter letras impressas? Também não.
 Todos os corpos têm cor? Não, pois no escuro eles
não deixam de ser corpos.
 Portanto, estes são acidentes.
Exercício Imaginativo: notas
sobre os corpos
 Separemos o essencial do acidental:
 Todos os corpos são feitos de alguma coisa? Sim,
mas não necessariamente de papel (i.e., todos os
corpos tem substância).
 Todos os corpos são retangulares? Não, mas todos os
corpos tem alguma figura, forma, extensão limitada.
 Por fim: todos os corpos são suaves ao toque?
Certamente não.
Definição de Corpo

Podemos então definir o corpo como uma


substância de extensão limitada, isto é, substância
com figura ou forma.
As 4 Causas
 Causa Material

 Causa Formal

 Causa Eficiente

 Causa Final
 Educação e mentalidade contemporânea;
 Necessário a suspensão dos juízos;
 Diverge da visão cientificista que comumente explica
a realidade da vida ao nível fisioquímico: dopamina,
serotonina, adrenalina, feixes nervosos, córtex pré-
frontal, sistema límbico...
O Discurso  A Filosofia Simbólica é o conhecimento humano que
Simbólico estuda a correlação entre os seres e seus significados!
 Tudo que existe tem uma "voz", um "quê" que fala
sobre si mesmo por meio da própria Presença;
 Porém, essa "voz" ou "presença" não é
igual, havendo, assim, entes mais complexos que
outros, cuja presença é mais "densa";
O que você percebe ao comparar essas duas
imagens?
 Ao olharmos para a cadeira percebemos que ela
revela a si mesmo de maneira mais direta, assim
que batemos o olho; ela já está dada e acabada;
 A vida humana é diferente, seu estado contínuo é a
mudança, i.e., a história é a sua substância, a
narrativa, o drama, o argumento;
O Discurso  Ou seja: a finalidade do homem é contar sua
Simbólico própria história para definir a si mesmo;
 Mas toda história tem um começo, toda mudança
parte de um ponto fixo, toda narrativa tem uma
base de sustentação;
 Esse ponto fixo, começo, base, etc., é o nosso
temperamento.
Personalidade:
estrutura vegetal

Temperamento:
estrutura mineral
"O temperamento é o tempero, aquela maneira
mais fixa com a qual fazemos e recebemos as
coisas do mundo[...]. O temperamento não é
DR. ITALO só uma realidade corporal, nem afetiva, nem
psíquica. Ele é como o chão onde se apoiam as
MARSILI nossas outras faculdades; é uma marca que
temos, um filtro através do qual passam os
elementos tanto do mundo interior quanto do
exterior."
O Discurso
Simbólico:
temperamento e os
quatro elementos
 O Quente: tendência à expansão, ao impulso, à
fala, à argumentação, às ideias;
 O Frio: tendência à contração, à reflexão, à
maturação, ao interior, à ponderação;
As Qualidades  O Úmido: qualidade daquilo que não tem
Primordiais forma, impossibilidade de definir a si mesmo, falta
de estrutura, flexibilidade;
 O Seco: qualidade daquilo que dá
forma, possibilidade de definir a si
mesmo, estruturado, inflexível;
 Sanguíneo (Quente e Úmido): semelhante ao Ar, é disperso,
vive nas "alturas" (ideias), falante (respiração, sopro),
simpático, empático, harmonioso;

 Fleumático (Frio e Úmido): semelhante à Água, é


concentrado, calmo, lento, ocupa os espaços, lubrifica as
relações;
Os Temperamentos
em termos gerais  Colérico (Quente e Seco): semelhante ao fogo, é ativo, tende
a separar as coisas facilmente, ilumina o caminho, guia os
outros, é líder;

 Melancólico (Frio e Seco): semelhante à Terra, é profundo,


necessita de tempo e ruminação, é analista, vê todos os
ângulos possíveis;
 Tomando uma atitude fenomenológica, parte-se da
observação e comparação para descobrir o
temperamento;
 Usando as Qualidades Primordiais ou
Como descobrir o Cosmológicas como parâmetro, tem-se uma
estrutura fixa para nortear essa investigação;
temperamento?
 É possível 6 combinações, porém, duas são
logicamente falsas, pois são contraditórias entre si,
sobrando, assim, apenas quatro: quente e úmido,
quente e seco, frio e úmido, frio e seco.
 "O temperamento é uma estrutura
mineral da psicologia humana – uma
estrutura fixa, que não muda, como um
DR. ITALO território que precisa ser conhecido ou
um papel sobre o qual escrevemos nossa
MARSILI história. É como um filtro da nossa
psique, um filtro que nos confere um
certo modo de experimentar o impacto
do mundo."
CAIRUS, Henrique F.; JR., Wilson A. Ribeiro. Textos
Hipocráticos: o doente, o médico e a doença. Editora
Fiocruz, 2013.
FREIRE, Izabel Ribeiro. Raízes da Psicologia. Editora
Vozes, 2014.
GALENO, Cláudio. Os Temperamentos. Editora
Referências Auster, 2020.
HOCK, Conrad. Os Temperamentos. Calvarie Editoral,
2019.
MARSILI, Italo. Os 4 Temperamentos na educação dos
filhos. Editora Kírion, 2018.
MARÍAS, Julián. História da Filosofia. Editora
Martins Fontes, 2015.

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