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Os Quatro Saberes

A magia do Ar, do Fogo, da Água e da Terra

Petrucia Finkler
Direitos autorais © 2019 Petrucia Finkler

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outro, sem a permissão expressa por escrito da autora.

ISBN 978-85-63341-34-1

Design da capa por: Rodrigo Dienstmann


Arte: Rodrigo Dienstmann
Dedico este trabalho ao meu querido amigo e professor Matthew Ellenwood, por sua
orientação franca, firme e amorosa no meu treinamento mágico, e às turmas de formação
mágica do Conclave da Rosa e do Espinho, cujo processo de preparação do material me fez ver
a necessidade de um volume assim em língua portuguesa. Meus agradecimentos a Nadja Cruz e
Talita de Souza, pela imensa parceria e incentivo, a Tainan Ferreira, pela minuciosa ajuda
organizando informações sobre a relação entre ervas e elementos, ao meu companheiro de vida,
Rodrigo Dienstmann, pelo amor e apoio constantes, e aos meus pais, Gredes e Ernesto, por
sempre terem dado asas às minhas investigações mentais.
Índice

Página do título
Direitos autorais
Dedicatória
Apresentação
Introdução
Parte 1. O contato mágico e sensível com os elementos
AR – o saber mental
FOGO – o saber da transformação
ÁGUA – o saber da sensibilidade
TERRA – o saber da materialidade
Parte 2. Correspondências dentro da magia
AS QUATRO DIREÇÕES E O CÍRCULO MÁGICO
AS RODAS (direções, elementos, estações, horários do dia)
Os Sabás e os festivais das sociedades agrícolas
A PIRÂMIDE DOS BRUXOS
OS QUATRO NAIPES DO TARÔ
AS FERRAMENTAS E OBJETOS DE CADA ELEMENTO
OS SERES ELEMENTAIS E SUA AÇÃO EM NÓS
Parte 3. Os quatro elementos em diferentes sistemas e áreas do
conhecimento
OS QUATRO HUMORES
Os quatro elementos vistos pela astrologia
Parte 4. Equilibrando os quatro elementos na nossa vida
Mapeamento de si
Equilibrando a contabilidade
Rituais com os quatro elementos
Parte 5. GUIA RÁPIDO DE CORRESPONDÊNCIAS
Bibliografia consultada e recomendada:
Sobre o autor
Livros deste autor
Os quatro saberes
A magia do ar, do fogo, da água e da terra.
Petrucia Finkler 2019
Apresentação

Ainda me lembro de quando aprendi na escola, acho que na 3ª série, numa


aula de ciências, que havia quatro elementos na natureza: fogo, água, terra e
ar. Tão simples e elegante este conceito de que tudo que existe no mundo se
enquadra nos quatro, e sua combinação cria tudo aquilo que experimentamos
em nosso universo físico. Isso nos bastava. Depois, na adolescência, chegou a
hora de aprender química, e fui apresentada à “tabela periódica dos
elementos”. Minha nossa, de quatro fomos para mais de cem – e seus nomes
em nada lembravam a simplicidade e obviedade do que eu aprendera aos
meus oito anos.
Voltei a me deparar com os quatro ao estudar astrologia, nos idos de
1999. O entendimento dessa quadruplicidade é um dos fundamentos mais
importantes para a compreensão de um mapa astrológico e do ser humano
que senta à sua frente para uma consulta. Eu nasci sem planetas posicionados
em signos do elemento terra no meu mapa, tudo indicava que seria uma
criatura com muita dificuldade para concretizar coisas, de manifestar fora de
mim as tantas ideias e projetos imaginativos do universo mental no qual eu
habitava. Mas a vida e a astrologia ensinam, e, atenta à minha deficiência do
elemento materializador, tratei de compensar instintiva e conscientemente,
buscando terminar o que começo – mesmo que nem sempre tenha sucesso
nas minhas tentativas.
Uma coisa é certa, de tédio não sofro com todo o ar e fogo que
preenchem meu espírito, mas é graças à busca constante pela água e terra que
me sinto uma pessoa equilibrada dentro dos caminhos que escolhi para mim.
Alguns dos rituais que sugiro aqui me foram muito úteis nessa busca de
equalização elemental.
Em várias das tradições de magia cerimonial do ocidente, da qual
fazem parte, por exemplo, sociedades secretas como a Golden Dawn ou uma
vertente de bruxaria chamada Wicca, o papel dos elementos é proeminente
nas escolhas dos trabalhos mágicos, nas celebrações dos festivais do ano, nas
correspondências que mantêm com as direções da Rosa dos Ventos, e são
eles os protagonistas nas invocações e despedidas realizadas em todo e
qualquer ritual.
Nas práticas que se denominam xamânicas, o trabalho com os
elementos também aparece, mas é um pouco diferente, e as direções que lhes
são correspondentes divergem da magia cerimonial e da prática ritualística da
bruxaria. Também dentro da própria bruxaria há variantes, dependendo não
apenas da vertente, mas da localização geográfica, principalmente o
hemisfério onde o bruxo está trabalhando, e se ele tem mais ou menos
contato e respeito pelas forças naturais do seu entorno.
Este livro pode funcionar como um manual, um guia rápido de
correspondências para quem já trabalha com magia e quer montar um ritual
ou feitiço ou se conectar mais a determinado elemento, ou então como um
apoio mais amplo, ainda que um tanto introdutório, ao mundo fascinante das
relações básicas e complexas que se destilam a partir do rico estudo das
quatro pedras fundamentais de todo entendimento mágico do mundo.
Por oferecerem pontos de vista, de acesso, manifestação e percepção
distintos e complementares, gosto de pensar os elementos como saberes, e
nosso objetivo principal seria o de buscar algum tipo de equilíbrio entre esses
saberes e suas presenças em nossa vida.
Este guia pode servir de mapa, mas ele é apenas isso, um mapa, e
nunca o território em si. Que ele seja um ponto de partida ou de apoio para
suas próprias aventuras e descobertas nos quatro mundos e saberes que
partilho aqui.

Bons ventos!
Petrucia Finkler
Introdução

A teoria dos quatro elementos não é nada nova, segundo os registros que
temos, nasceu com Empédocles, um filósofo pitagórico que viveu no século
V aEC. [1] Pelos padrões modernos, ele seria considerado um físico, mas,
Empédocles, como muitos cientistas de sua época, se descrevia como um
mago e registrava suas teorias e percepções em forma de poesia.
Ele não apenas deu origem aos termos fogo, água, terra e ar, mas
explicou a natureza do universo como sendo fruto da interação entre amor e
luta, manipulando a combinação dos elementos. Ele afirmava que os quatro
são iguais em importância, embora cada um tenha suas características
próprias.
Claro que hoje a ciência trabalha com uma tabela periódica, marcando
um número muito maior do que os singelos quatro elementos iniciais
constatados por Empédocles. Porém, enquanto a tabela periódica da química
esmiúça em nível atômico cada um dos compostos físicos do universo
conhecido, nos revelando, por exemplo, as características das partículas de
ouro, prata, oxigênio e iodo, os poéticos quatro elementos que usamos na
magia são na verdade muito mais do que uma constituição básica da matéria,
eles são verdadeiros princípios.
Os quatro vão além da ideia de blocos básicos para a formação do
universo material: cada um representa um tipo primordial de energia e
consciência operando em tudo e também em cada um de nós.
Fisicamente, com um pouco de poesia e imaginação, é fácil de
constatar isso, pois se entrelaçam e combinam para formar um corpo humano
por exemplo. Ao morrermos, os quatro vão abandonando um a um nosso
corpo. O primeiro que se vai é o ar, quando paramos de respirar. Então
perdemos o fogo, representado pelo calor que nos mantém, depois liberamos
líquidos e, por fim, nosso físico se deteriora por completo, ou seja, nossa
parte terra também se despede.
Desde o princípio já havia a prática de fazer correlações entre esse
sistema quádruplo de entendimento e divisão de mundo com outros sistemas
de classificação, e essas correspondências são parte natural das teorias
ocidentais sobre o tema. Empédocles via os elementos como dois pares de
casais, igualmente divididos entre os gêneros e polaridades. Ar e Fogo foram
classificados como masculinos, enquanto Terra e Água foram classificadas
como femininas, uma distinção que foi mantida em toda a literatura
alquímica. Bem mais tarde, os primeiros baralhos de tarô demonstraram uma
divisão similar em seus naipes, delegando um naipe para cada elemento e
honrando esse equilíbrio de polaridade de gênero.
Tudo que Ar, Terra, Fogo e Água representam forma a base da
astrologia e das ciências ocultas. Pela visão da magia, toda educação mágica
que se preza começa pelos quatro elementos que são a base de composição
não só da matéria que nos cerca e de nossos próprios corpos, mas também a
base energética sobre a qual nosso mundo funciona. Tudo que é manifesto
neste plano se deu através do efeito da ação dos quatro elementos. Tudo que
estudamos ou tocamos pode ser decomposto ou estudado dentro da divisão
entre os quatro.
Muitos filósofos e alquimistas passaram a defender que os elementos
com suas propriedades características se manifestam no ser humano como
quatro naturezas ou personalidades distintas, apresentando preponderâncias
em cada indivíduo. Empédocles já postulava que quem possui os quatro bem
equilibrados seria mais inteligente, com uma percepção melhor de mundo.
O trabalho mágico que é focado na transformação e na evolução
pessoal sempre vai buscar um equilíbrio entre esses componentes e forças,
pois a compreensão profunda e o domínio no trabalho com eles faz toda a
diferença na qualidade de nossos resultados energéticos e mágicos. E essas
essências só podem ser conhecidas verdadeiramente pelo labor espiritual.
Vamos aqui explorar o que são esses princípios, dando espaço para
sua poesia e entendimento energético, veremos como se manifestam no tarô,
nas ferramentas mágicas de um mago e nas celebrações da roda do ano do
neopaganismo e da bruxaria. Então vamos entrar em outras áreas do
conhecimento, observando como aparecem na personalidade dos seres
humanos através da teoria dos humores e da astrologia. Ao final, vamos
juntar tudo isso, quando a proposta parte para uma auto avaliação e um
trabalho individual de equilibrar essas forças em si mesmo e na sua vida.
Não é à toa que “O Mago”, a carta de número um dentre os arcanos
maiores do tarô, é uma figura representada como tendo domínio sobre os
quatro, representados na carta por suas ferramentas simbólicas dispostas na
mesa diante do personagem: a Espada, a Varinha, o Cálice e a Moeda. O tarô,
sendo um antigo livro de sabedoria, contendo 78 folhas soltas, carregadas de
conteúdo simbólico, apresenta como seu primeiro grande mistério um mago
que domina os elementos.
Segundo a doutrina hindu, onde os elementos são chamados de
tattwas, os quatro mais densos, ar, fogo, água e terra, teriam se formado a
partir do quinto, o princípio akáshico, a quintessência. Esse esquema
cosmológico se repete nas estupas tibetanas, construções arquitetônicas que
representam o universo e são formadas por um cubo (terra) na base, seguido
por uma esfera (água), uma espiral (fogo) e uma meia-lua (ar/vento),
encimada por outra esfera menor representando o éter, a força primária da
qual emanam todas as outras forças.
A tradição mágica ocidental em geral fala muito pouco do quinto
elemento, ele é entendido como distinto e ao mesmo tempo a fonte original
dos quatro. O quinto elemento pode representar níveis mais elevados do ser,
mas que surgem a partir da interação entre os quatro básicos. Ele tem poucas
correspondências, e praticamente não são utilizadas na magia natural. Mesmo
sem aparecer tão claramente nos trabalhos que desenvolvemos, sua presença
está sempre lá, pois é a presença da energia divina original, que tudo
influencia e permeia.
É o posicionamento deste quinto elemento junto dos outros quatro que
gera o diagrama tão amado por tantos bruxos e magos: o pentagrama. A
ponta superior da estrela corresponde exatamente ao Espírito que tudo rege e
tudo supervisiona.
Parte 1. O contato mágico e sensível com os
elementos

Tudo que existe ou se manifesta no mundo, seja algo tangível ou intangível,


seja concreto, emocional ou mental, até o que habita a esfera da experiência
mística e numinosa, tudo pode ser compreendido ou classificado usando-se os
quatro elementos como categorias.
As antigas escolas de mistérios insistem que uma pessoa deve aprender a
dominar os quatro elementos para que possa atingir a maestria sobre a vida e
a morte, alcançando sua iluminação espiritual. Cada um dos elementos tem
suas iniciações próprias, apresentando desafios particulares ao seu âmbito, e
cada um nos presenteia com uma sabedoria diferente.
Não é à toa que, mesmo tendo se passado milênios desde que
Empédocles mencionou este conceito, lá no Século V aEC, em pleno século
XXI da nossa era, sigamos nos baseando e buscando o entendimento desses
preceitos. Este sistema elemental aparece em épocas e lugares muito
diferentes ao longo da história da magia. É claro e evidente que os gregos
pitagóricos faziam uso do sistema, mas há registros no Oriente Médio, no
Egito, no Hermetismo, na Alquimia, e claro, nos ritos das ordens secretas que
proliferaram na Europa do século XVIII, chegando então à bruxaria moderna.
O quinto elemento é o espírito. Sua posição é a ponta de cima da estrela
de cinco pontas, o pentagrama. O espírito existe acima e também permeando
a todas as coisas, é o sopro ou o fio que concede características próprias e
inequívocas aos seres animados, ativando as propriedades das plantas, dos
cristais, e a semente única que habita cada um de nós.
É importante assinalar que ao se trabalhar, em termos de magia
ritualística, de forma mais intensa e profunda com as direções e os elementos,
tradicionalmente ocorre a invocação de uma entidade bastante elevada que
corresponde a cada quadrante de um círculo mágico; um chamado para que a
entidade se manifeste, se faça presente dentro do círculo. Esses quatro seres
são as inteligências, ou senhores e sentinelas, que governam as torres e os
portais de seus reinos. Podem ser mencionados sob diferentes nomes e
simbolismos, podendo aparecer como reis, como guardiões, como arcanjos.
São quatro criaturas sagradas e andróginas que você poderá contatar indo
além nos seus estudos e práticas. Aqui, eu apenas os menciono dentro das
minhas práticas, e as meditações que proponho são um primeiro contato com
o elemento em si e não com esses seres mais elevados, já que este livro tem
por objetivo ajudar em um maior equilíbrio, entendimento e contato com os
elementos na sua vida diária.
Caso deseje contatar essas entidades, você deve pesquisar um ritual de
invocação e seguir o protocolo pertinente, unindo a isso uma devoção
profunda que vem da sua alma e ecoa pelos planos interiores, ou seja, deve
entrar em contato com a força dentro de si, além de usar a simbologia e as
correspondências adequadas.
A seguir, partilho minhas percepções e experiências pessoais com os
elementos dentro do trabalho mágico.
AR – o saber mental
A manifestação física do ar é a de uma mistura de gases que formam a
atmosfera terrestre preenchendo o espaço entre o céu e a terra. Os céus são
considerados a moradia dos deuses, que controlam e influenciam a vida no
planeta.
Simbolicamente, se relaciona ao sopro da vida, ao espírito, à
respiração e também à fala. Como preenche todos os espaços aparentemente
“vazios”, o Ar é uma força invisível que une o ser humano ao cosmos e, com
frequência, é por ele que os deuses se comunicam conosco. A luz, o voo e a
leveza, bem como os aromas e o olfato também estão relacionados a esse
elemento.
Tanto nossa respiração quanto nosso sangue estão associados à força
vital e ao poder divino. Povos como os nativos americanos e os celtas
acreditam nos poderes mágicos da respiração e podem usá-la para passar
poder de uma pessoa para outra. Em certas tradições, a energia vital do
cosmos é trazida pelo ar, então quando respiramos, estamos nos imbuindo de
força vital. Os chineses chamam essa energia de chi, e os hindus, de prana.
É um elemento volátil considerado pelos cabalistas como sendo a
prole resultante da união do fogo com a água, ou do fluído elétrico e
magnético. É o grande conciliador entre as oposições entre esses dois
elementos e suas energias, que são masculina e feminina, respectivamente,
equilibrando os opostos. O ar também remete ao intelecto humano e nossos
processos mentais, que são rápidos, mutáveis e abstratos.
Ar é o elemento que corresponde ao começo das coisas, do dia – o sol
nascente ao amanhecer, o frescor da primavera, o nascimento e a renovação.
Suas cores são o branco e o amarelo pálido. Como é pelo ar que nos chegam
as palavras, os sons e os aromas, ele tem relação com a ideia de tudo que é
portado, como as mensagens e o próprio transporte. É o elemento que rege o
conhecimento intelectual, o raciocínio e a comunicação, leva nossos
pensamentos, ideias, sonhos e aspirações para além de nós mesmos ao
comunicarmos e manifestarmos essas sementes, seja na fala ou por escrito.
O ar nos ajuda a viver além do mundo físico e concreto para nos
aventurarmos no reino da imaginação e da delícia de se maravilhar com as
palavras e as ideias. O poder da palavra é o poder do ar, nossa expressão que
nos conecta com o outro e transmite ao outro um pouco de nosso universo
particular.
Seus poderes mágicos residem principalmente no uso da voz e da
respiração – a ferramenta mágica mais fundamental que temos sempre à
nossa disposição. O ar compõe e emerge ao enunciarmos preces, invocações,
encantamentos, bênçãos, amarrações e cantos. A repetição das mesmas
palavras na mesma exata ordem evoca a intenção original e nos conecta com
todas as pessoas e todas as instâncias em que foram pronunciadas
anteriormente. Também não se pode desconsiderar a influência física que o
som pode exercer. Além de quebrar copos de cristal e destruir materiais ainda
mais sólidos, o som em determinadas frequências e ritmos pode atrair ou
repelir seres e entidades, por isso o uso de cantos sagrados, sinos e gongos
em tantos ambientes religiosos.
As bênçãos deste elemento trazem a possibilidade de aprendizado e
renovação para nossas vidas. Anuncia um período propício para começar
coisas. Ele também traz esclarecimento e nitidez para as situações. Embora
nem sempre tanta clareza seja agradável, ela nos propicia o uso da razão para
buscar um novo começo.
Entre em contato com o ar na hora de tomar decisões, empreender
novos caminhos e deixar para trás a escuridão da noite rumo à renovação. É o
elemento ideal para trabalhos ligados ao intelecto, linguagem, retórica,
argumentação e convencimento.
Na terapêutica corporal, o ar está ligado ao sistema nervoso e também
à nossa percepção e expressão mentais. Suas correntes são ativas nos
pulmões e na expressão das mãos.
A poesia do ar
Abertura da ampla percepção * força criativa mental* o foco em
meio ao caos e à distração * mensagens que elevam e iluminam * elemento
pelo qual as musas transmitem suas bênçãos * o poder encantador dos
bardos *a mente que se renova a cada pensamento original que nos é
soprado pela consciência do todo * a magia de nosso reino interior expresso
pela imaginação * o dom de voarmos nas asas da ficção e da fantasia * a
arquitetura de cada reinvenção nossa * o sacerdote que exige sacrifícios
para revelar a inspiração divina * o poder de pensar antes de falar, agir ou
concordar * a força da individualidade e a possível harmonia da dissonância
* o direito inalienável da liberdade de pensamento * a mente aberta ou
fechada ao gosto do freguês * o mestre das ilusões e o manipulador de
mentes * a voz da Natureza expressa na linguagem universal * o conector da
nossa experiência individual à experiência mítica universal

Jornada ao reino do Ar
Condenso e invoco o ar para dentro do meu espelho negro. Vejo
formarem-se na superfície nuvens altas e escarpas. Escarpas íngremes que
dão para o mar que bate contra a rocha com certa violência. A montanha
junto da água é muito alta, nas alturas voam pássaros que grasnam na
imensidão do céu. Um gavião pequeno vai pousar na mão de Paralda, o rei
deste elemento, ele tem o cabelo em tom de loiro frio e olhos de um azul
muito pálido. Como parte de sua armadura, usa proteções no braço, feitas de
couro e metal. Estou ao seu lado, ele chama um gavião gigante, em que
montamos os dois e saímos a voar. Entre nuvens, no vento, o ar gelado contra
o rosto, voamos sobre o mar e sobre florestas. É muito bom – e lindo –
observar o mundo lá de cima. A extensão e abertura da visão são libertadoras,
é a delícia da vastidão e da liberdade.
Então partilho do olhar do ponto de vista de uma águia que avista um
coelho correndo lá no solo e, em uma fração de segundo, embica o corpo com
total aerodinâmica num mergulho certeiro e mortal atrás do bicho. Vejo tudo
através de seus olhos e acompanho como ela leva a presa até o ninho, e a
deixa cair onde os filhotes lhe aguardam.
Sinto a presença de aviões, e Paralda me aponta que, além de penas, a
lataria de aviões e de foguetes também são símbolos do Ar.
A ave, sobre a qual estou montada neste voo, pousa em uma árvore da
floresta. Vários pássaros ocupam o espaço e alimentam seus filhotes. Vejo os
biquinhos famintos para cima, pedindo a comida e o bico dos pais passando a
porção macerada para os filhos. A algazarra dos pássaros me chama a
atenção, é fim de tarde. Uma comunicação animadíssima permeia todo o
verde e se espalha de uma copa a outra, de um grupo a outro, é uma
celebração do entardecer e da hora de recolher-se. A celebração recomeça na
alvorada, quando todos saúdam a manhã que chega. São arautos da vida! Dão
boas vindas e também se despedem da luz nossa de todo dia.
Percebo as variações de tom e timbre das aves e de que forma as
mensagens são comunicadas na floresta, na cidade, nas áreas rurais e também
na vastidão solitária dos picos e dos grandes vales.
Vou parar em um banquete à noite, no que parece ser uma aldeia.
Paralda está sentado no chão com pessoas, em círculo. Riem, bebem e
contam histórias. Vejo gente dançando, pares que vão se trocando e parecem
seguir um padrão. Ele me explica que danças coreografadas como o Minueto
e outras que incluem trocas de pares – fazendo as pessoas socializar – são
favorecidas por ele. Paralda percebe minha confusão quando observo a
fogueira no centro da roda onde ele está sentado e explica que nada impede
um elemento de compartilhar do outro, que a fogueira é um local perfeito
para reuniões e histórias – sempre foi. E, com isso, ele me instiga a voltar
para o meu mundo e compartilhar a história que vivi naquele lugar.

Exemplo de chamado:

Use incenso ou sálvia para abençoar, voltando-se para o Leste, direção


dos começos e da alvorada:

Com a canção e a velocidade dos morros uivantes, venham, ó alados e


platinados seres do doce ar.
Desçam dos picos das altas montanhas, lar das águias, reino do mistério,
transportem-se da superfície beijada pela aurora, marcada apenas pela
magia dos antigos.
Venham espíritos da fresca brisa noturna, dos bosques farfalhantes e das
copas despenteadas pelo vento.
Venham fortes com o sopro da sabedoria e o canto uníssono das almas,
como as nuvens esvoaçantes que marcam o céu e a doce fumaça que perfuma
nosso templo...
Venham criaturas do Ar, espíritos do Leste, poderes do intelecto e da
curiosidade infantil que tudo descobre.
Aticem nossa psique, foquem nossa sabedoria, abram nossas mentes,
guiem nossa intuição. Abençoem os novos começos e sussurrem seus
segredos feito brotos.
Guardiões da torre do Leste, juntem-se a nós neste círculo sagrado.
Práticas ou meditações
Conexão com as sílfides
Para se conectar com as sílfides, que são espíritos elementais,
associados e compostos unicamente por este elemento, escolha um dia sem
vento ou brisa, vá até um local de natureza e sente-se junto a uma árvore.
Caso tenha uma flauta, leve consigo ou então simplesmente assovie,
delicadamente, alguma canção infantil recostado à árvore. Depois de algumas
repetições, as sílfides chegam. Você perceberá algumas folhas se agitando
suavemente ou até algum redemoinho de poeira ou folhas se formando no
solo. Pode ser que um pássaro pouse perto ou uma borboleta venha lhe
saudar. A presença desses espíritos será assinalada com algo tangível e
evidente. É comum revelarem sua presença com a chegada de brisas suaves,
perfumes que vêm pelo ar ou quando encontramos alguma pena no chão.

Preces
Podemos nos habituar a enviar nossas mais profundas aspirações
positivas e amorosas ao universo para a atmosfera terrestre todas as noites.
No budismo é comum se desejar paz a todos os seres, na tradição dos índios
Lakota da América do Norte, há uma saudação reproduzida pelos xamãs
modernos que é Mitakuye Oyasin, que significa “para todas as minhas
relações”, uma saudação que espalha reconhecimento e gratidão a todos os
seres do nosso entorno, a todos aqueles com quem interagimos. Se pensarmos
o mundo de forma animista, esses seres incluem as rochas, as montanhas, o
mar, o céu, além da fauna, flora e dos outros humanos de nosso círculo.
A atmosfera terrestre é uma fronteira da alma planetária e dali todos
os seres podem se imbuir, podem sonhar e ser nutridos por essa fonte comum
de pensamentos amorosos que se reúnem ali. Então faça sua parte, enviando
mentalmente suas preces e imagens de um mundo mais pacífico, justo,
amoroso e consciente. Ao enviar suas orações, você se interliga com essa
rede carinhosa.

A força das palavras nas histórias das nossas vidas


Fique atento às histórias e mitos que inspiram sua vida, seu caminho e
suas escolhas. Que histórias, folclores e mitos estão sempre retornando à sua
mente? Muitas dessas histórias marcantes nos chegam hoje pela literatura e
pelo cinema. As histórias que nos rondam acabam refletindo porções de
nossa alma. Se uma história não lhe comover profundamente, seja causando
riso, lágrimas ou um entendimento profundo, ela não deve ser sua estrela
guia. Atenção também em como usa as palavras para falar de si: o modo
como falamos de nós escreve nosso destino e determina comportamentos. A
forma como nos referimos e mencionamos a nós mesmos pode nos elevar o
espírito e nos dar coragem de seguir adiante, como pode nos afundar e
inspirar derrotas. Evite as fortes determinações de “eu sempre” ou “eu nunca”
isso ou aquilo. Rompa com seus padrões e crenças a respeito de si mesmo.
Escolha como contar sua história e, com isso, modifique-a.

Respire
Especialmente em locais de ar puro, respire fundo algumas vezes,
percebendo e comungando com o elemento ar que entra no seu corpo, ele é
acumulado e absorvido pelos pulmões e transmitido para todo o corpo
rapidamente através da corrente sanguínea. Comece a prestar atenção no
desejo mútuo que ocorre. Seu corpo deseja e pede pelo ar, mas também o ar
deseja ser experimentado e absorvido por você.

Celebrando o elemento com ervas


Maços de defumação: artemísia, sálvia, alecrim, cedro e combinações.
Tranças: sweetgrass (Hierochloe odorata), capim santo, galhos de
lavanda.
Resinas: olíbano, copal, mirra, benjoim, elemi, breu preto.
Incenso em palito: sândalo, olíbano, sálvia branca.
Pó: sândalo, cedro, olíbano, mirra e suas combinações.
Incenso em folhas: sálvia, alecrim, artemísia e suas misturas.
FOGO – o saber da transformação
A expressão mais física do Fogo é a fase ativa da combustão que se
manifesta em luz e calor. Esse elemento era visto pelos alquimistas como o
elemento que opera no centro de todas as coisas e também como agente
transmutador. Ligado ao Sol, é visto como a grande energia paterna soberana,
a força semente do universo. É um elemento com duplo propósito: ele é tanto
a expressão da energia espiritual quanto tem como sua maior dádiva o poder
de purificar, queimar e destruir tudo que é velho para o que o novo possa
surgir.
Em várias cosmologias, está ligado tanto à criação quanto à
destruição. É utilizado na magia para proteção, luz, calor e também como
ponto focal que dá vazão a transes e estados alterados de consciência, através
da contemplação da chama de uma vela ou da dança das labaredas de uma
fogueira. A imagem do Fogo, como é ligada a emoções fortes, conflitos e
guerra, representa a energia encontrada na base das paixões animais, no
entanto, também se faz presente na fortaleza do plano espiritual. Sua ação é
rápida e imprevisível.
Usado desde tempos muito ancestrais na transformação de alimentos,
o fogo surge em provas de ritos iniciáticos, em cerimônias religiosas, aparece
nos ritos funerários das culturas que usam a cremação, e é um componente
essencial dos processos alquímicos. Ou seja, sua existência ilumina e nutre,
evoca o sagrado e auxilia os humanos. O que seria do nosso fetiche
gastronômico se nossa civilização não cozinhasse? Da sobrevivência das
tribos e das aldeias sem a tocha, o lampião e proteção contra feras selvagens
garantida pela fogueira? O que seria de nossa preces enviadas ao mais alto
sem a chama de uma vela, ou os ritos fúnebres das culturas que queimam o
corpo físico como despedida final de seus mortos? Aliás, o que seria de nós
sem eletricidade que também é uma forma de fogo? Também chamamos de
prova de fogo os desafios que nos impulsionam à transcendência da condição
humana. Eis o caráter alquímico e a capacidade de transmutação deste
elemento.
Fogo é o elemento que corresponde ao ápice, ao clímax, ao sol a pino
do meio-dia, ao esplendor da vida e energia que sentimos no verão, ao
crescimento, força e juventude. Suas cores são os tons de vermelho, laranja e
o amarelo-ouro.
O calor do fogo que nos aquece e ilumina externamente é similar ao
que mantém nossa temperatura corporal, cuida do nosso metabolismo e
acende nosso espírito, despertando o gosto pela vida e também a paixão. Este
mesmo fogo precisa ser controlado para nos ser útil: em lugares
inapropriados ou fora de controle pode ser destrutivo.
É o fogo com seu extremo calor que é capaz de amolecer e moldar o
ferro na forja e também é ele quem alimenta a ira e a fúria das batalhas, o
desejo de lutar por lutar. Sob o domínio da energia do fogo, estamos
funcionando despertos e é hora de investir o máximo no trabalho antes da
colheita do outono, é a vida nos chamando para fora, para a rua. As horas a
mais de luminosidade no verão nos convidam a ficar acordados e envolvidos
com atividades até mais tarde. As bênçãos do fogo são as do crescimento,
criatividade, vitalidade, purificação, cura e força. Sua lição é de alinharmos
nossa vontade de acordo com nosso espírito. Sob o sol do meio-dia não há
sombras, tudo é evidente, é importante aqui ter consciência do próprio desejo
para que ele se desenvolva de maneira positiva.
Dentre seus poderes, também está a capacidade de mover força e
energia de um ponto a outro. Labaredas podem ser portais.
Busque este elemento quando precisar de uma injeção extra de
energia para tocar um projeto (profissional ou pessoal), para ajudá-lo a brilhar
e alcançar o sucesso em apresentações públicas, para buscar a fundo sua
motivação e para alimentar ou despertar a paixão por si mesmo, por um
projeto ou um amante potencial. É o elemento a que recorremos para
trabalhos ligados a crescimento, atração, sexualidade, garra e vontade.
Fogo é o princípio que aquece e propulsiona o sistema circulatório, e
aparece como o brilho nos olhos, o calor na cabeça, o metabolismo do
sistema digestivo e a energia motora nas pernas.
A poesia do fogo
Força inexorável que nos faz evoluir * os ritmos, as sensações e o
calor do poder pessoal * o guerreiro espiritual à serviço da verdade * a
necessidade de trocar e vivenciar o poder do toque * ardor espiritual que
anima nossa vontade * catalizador de nossa regeneração * poder que
santifica a relação com o outro e fortalece nosso caminho rumo ao Eu *
coragem de bancar ser quem somos * rebeldia que se transforma em
revolução * experiência física da divindade * garra para aguentar firme,
mesmo quando parecemos estar lutando sozinhos * dança que celebra a vida
* pulsão de atração que ativa a libido * a graça da batalha pela batalha

Jornada ao reino do Fogo

Invoco o fogo para dentro de meu espelho negro. Vejo triângulos, sol,
raios de sol batendo na areia, um vulcão, um deserto. No deserto alaranjado,
ao lado de um rio de lava, encontro Djinn, seu rei elemental, da forma como
costumo vê-lo, com seus cabelos e barba de raios eletrizantes e olhos de
chamas. Não é um mundo bonito de se ver comparado à água, à terra ou ao
ar, mas isso é porque o fogo é muito intenso, seu reino é uma lembrança
sobre a medida do fogo.
Um dragão me cumprimenta e caminha me mostrando que em meio à
uma floresta queimada há uma peça gigante em osso.
Para moldar metal usa-se muito calor e força, pois é preciso bater.
Para moldar matéria dura, só com muito fogo e forja é que se consegue
alterar a forma. Também é a alta intensidade do calor e a compressão que
formam os diamantes e as pedras preciosas, ou seja, esse trabalho do calor e
da pressão é necessário para atingir algo de grande beleza e valor. Preciso
cultivar e moldar meu fogo interno, bem como preciso do exercício físico,
que também produz calor e molda a musculatura e fortalece a circulação. O
fogo é a cola que une moléculas, que atrai os átomos e as células. Djinn me
mostra que a vida só existe pelo calor, já desde as estrelas – elas são a
origem. O fogo é o primeiro.
Exemplo de chamado:

Abençoe com uma vela, voltando-se para o Norte, direção de onde


vem o calor e por onde passa o sol no Hemisfério Sul:

Emergindo dos tons rubros e alaranjados que cintilam na lareira e na


pira que arde sem cessar, da chama encantada da vela e do crepitar dos
gravetos, venham Espíritos de fogos ancestrais, da fogueira que reúne cada
tribo e cada aldeia.
Poderes da vida e da vontade, toquem as partes gélidas de nossas
almas com sua cura e seu calor. Saltitem, dancem em nosso sangue, brilhem
e incandesçam dentro de nós, atiçando as fagulhas da paixão e do espírito
indômito.
Inflamem, soprando magia dracônica, tão fogosa quanto o Sol
Venham, ó poderosos da chama, das areias causticantes do deserto e
dos recessos mais secretos da Mãe Terra.
Venham, criaturas do Fogo, ardendo em carmim, ruivo ou fervente
alvura, purifiquem-nos, transformem-nos, forjem nossa renovação.
Venham a nós na forma dos Deuses que infundem em nós sua paixão
e presença de espírito.
Abençoem aqueles que se expressam em nosso mundo em suas
criações e sua arte, aqueles que falam à luz de nossos Espíritos num convite
ao entusiasmo.
Estejam conosco no calor vital do Sol que se fortalece ao meio dia e
acorda as sementes da vida. Guardiões do portal do Norte, unam-se a nós
neste círculo sagrado.
Práticas ou meditações
Advertência
O fogo tem um comportamento extremamente independente da
vontade humana, ele é o mais transformador dos elementos, curando,
energizando e purificando, mas deve ser tratado sempre com muito respeito e
cuidado. Não é porque você está fazendo uma atividade mágica ou espiritual
que suas velas estão com alguma proteção especial que evitará perigos se
você for descuidado. Sempre use qualquer chama ou brasa com o máximo de
cautela e proteção para não colocar seu ambiente, a si e outras pessoas em
risco.
Para ilustrar esse ponto, vou citar o caso de um homem que,
retornando de um ritual que conduzi em homenagem à Deusa Sekhmet,
decidiu chegar em casa e acender um incenso em seu altar. Foi até a cozinha
e, quando voltou à sala do apartamento, suas cortinas estavam pegando fogo.
Quando se ativa esta energia, todo cuidado é pouco.

Prece
Tenha uma vela que você acende por alguns minutos todas as noites,
antes de dormir, para fazer suas preces agradecendo pelo dia, abençoando
seus ancestrais e lançando proteções para o seu sono. Uma prece que gosto
muito é a seguinte:
“Agradeço pelo dia de hoje e me despeço, pedindo aos deuses que
abençoem este lar e esta família por toda a noite e nos guardem até nosso
despertar pela manhã. Eu hoje me deito em paz com meus irmãos, em paz
com meus antepassados, em paz com os Deuses.”
Lembre-se de apagar vela antes de dormir.

Transmutação
Acenda uma chama em um pouco de líquido inflamável (álcool acima
de 70%, vaselina ou parafina) contido em um caldeirão e queime ali uma lista
de características suas que não contribuem com sua vida – crenças negativas,
atitudes de auto sabotagem, rancores, etc. – com o pedido de que sejam
transmutadas pelo fogo.

Imbua de magia atos corriqueiros


Acenda velas no centro da mesa de um jantar com amigos ou em
família com a intenção de que o fogo ilumine o espírito da amizade e do
entendimento.

Espíritos no portal das chamas


Apague suas velas sempre com um abafador ou com a ponta dos
dedos. Ao soprar, estamos jogando um elemento contra o outro, e o choque
da extinção brusca surpreende o elemento e também os elementais ou outras
entidades que podem estar presentes ali. Despeça-se do elemento e seus
espíritos, agradeça e então apague a vela.

Piromancia
O uso do fogo como oráculo é conhecido como piromancia. Foque em
alguma questão ou pergunta, esvazie seus pensamentos e fixe o olhar na
chama de uma vela ou nas labaredas de uma fogueira ou lareira. Fique aberto
às imagens ou sensações que possam surgir nas chamas ou na sua mente.

Celebrando o elemento com ervas

Varinhas: carvalho seco ou recém cortado, salgueiro, artemísia, pau-


brasil, jequitibá vermelho.
Para temperar a fogueira: alecrim, canela, cravo-da-índia, louro e
combinações, açafrão da terra.
Madeiras para a fogueira: carvalho (nos festivais de verão ou
inverno), bétula, salgueiro, macieira, plátano, nogueira amarga, azevinho,
limoeiro, canela.
Velas de ervas: cera misturada a óleos perfumados ou plantas.
Resina: breu branco e copal.
ÁGUA – o saber da sensibilidade

No sentido físico, a água é um líquido composto de moléculas de


hidrogênio e oxigênio. Nossos corpos são compostos de 70% a 80% de água
e, por conta de tanto líquido, também somos afetados pelos ciclos lunares e
sua ação magnética sobre as marés. Este elemento toma a forma daquilo que
o contém e, embora pareça suave e delicado, é capaz de escavar rochedos.
No sentido esotérico, além de o conceito indicar toda a matéria
líquida, tem relação com as águas primevas, de onde a vida emergiu, a sopa
química que contém todos os corpos antes de obterem solidez e forma.
Simbolicamente, representa a fonte da vida, mas também conduz à
morte, ao submundo e ao inconsciente. O chamado “corpo-fluído” do homem
é traduzido pela psicologia moderna como o símbolo do inconsciente. A
Água é vista como a Grande Mãe, bem como tudo que faz parte do grande
desconhecido, o poço de sabedoria contido no inconsciente coletivo. Ela não
tem limites e tem relação com a imortalidade. A submersão na Água nos
remete a um estado de pré-formação, tal como o embrião e o feto nadando no
líquido amniótico, mas ao mesmo tempo simboliza transfiguração e
regeneração.
A vibração da Água corresponde à colheita, ao entardecer do dia, ao
pôr do sol, o lusco-fusco, o outono da completude e ao estágio de finalização.
Por anunciar a noite, é o elemento da contemplação e do sonho, das longas
conversas ou silêncios de quem contempla a luz se esvaindo ao fim do dia.
Conhecemos o conforto do líquido desde o ventre de nossas mães. A água
mata a pior das sedes e, no banho, ao envolver nossos corpos, alivia o
cansaço de um dia muito quente e pesado ou aquece e conforta nos dias frios.
Ela purifica, abençoa e também nos traz prazer e diversão, já que praia,
cachoeira e piscina são formas de lazer muito valorizadas.
Suas lições são de fluidez, de reflexão e da capacidade de contornar
os obstáculos em vez de bater de frente. A água propicia um exame profundo
de consciência e das circunstâncias, ao mesmo tempo em que nos conecta
com uma sabedoria interior mais tranquila e paciente para reger nossas ações
externas. Esse elemento pode auxiliar você a se abrir e aceitar as coisas como
elas vêm, para então ver se é possível contornar ou dissolver os obstáculos. A
Água rege as emoções. Emoções alimentam os sonhos – o que nos encoraja a
tomar atitudes e abrir nosso coração.
O período regido pela Água é o momento de colher frutos e concluir
os processos. É preciso coragem para arrancar o que está pronto do solo e
arriscar não saber o que vem a seguir. Use esse elemento para conectar-se à
sua ancestralidade, para se render ao ritmo da vida, deixar as coisas fluírem,
abrir mão do controle excessivo e olhar para dentro, para, com coragem,
buscar novas respostas para velhas questões.
Entre seus poderes encontram-se a geração e a regeneração, além da
conexão com nossa memória ancestral através das linhagens de sangue e
DNA. A água em si também guarda memórias e informações que podem ser
acessadas, já que não há nova água no planeta, ela existe em um ciclo
infinito.
É um elemento ligado à purificação, limpeza, curas, sensibilidade,
mito e histórias pessoais, à morte, ao inconsciente, sonhos, transe,
premonições e artes divinatórias, é o melhor elemento para desenvolver
talentos ligados ao psiquismo, mediunidade e clarividência.
É ligada ao princípio calmante e curativo que se expressa nas
glândulas de secreção e nas mucosas do corpo e no sistema linfático.
A poesia da água
A calma e a coragem de honrar nossos sentimentos * o movimento de
vai e vem em nossas vidas * o elemento da iniciação * vazão a emoções que
limpam e purificam a alma * viagem para dentro de si * o cálice do qual nos
aproximamos para sorver devagar os goles de sabedoria * aceitando o fluxo
* mensageira do inconsciente * a fé que não se rende a desesperos *
renascimento emocional * amor incondicional * barco que nos transporta a
outras realidades e planos * a névoa e a tempestade que nos carregam ao
lugar onde deparamos com nosso próprio Eu.

Jornada ao reino da Água

Invoco a água em meu espelho negro e, assim que mergulho, a vejo


por todos os lados: borbulhas, silêncios, rios correndo, transições entre o
fundo e a superfície. Vejo um rio, com seixos e uma luz dourado-verde.
Encontro Niksa, o rei do elemento, vestido com um traje puxando para o
dourado, mas bem claro. Deparo com sereias ao fundo e algumas têm dentes
pontiagudos, rosto verde, olhos de puro negro. Medo. Sou levada ao mar, o
mais profundo do mar, onde há aqueles peixes com luz própria e encontro
também seres luminosos etéreos, que parecem fios de luz, formando uma teia
ou gaze. Então estou em uma cachoeira, onde ondinas dançam na água que
respinga ao bater sobre as pedras. Elas têm formas que se assemelham a
humanoides, mas feitas de água, com os “cabelos” grandes em uma cabeça
que é espicaçada de água. Então, emerjo em uma laguna escura cheia de
homens boto que nadam muito rápido pela água negra. Converso na língua
deles, e nos entendemos.
Então subimos até as nuvens. Vejo a água nas nuvens, preparando a
chuva, depois estou dentro de uma cumulonimbus. Vejo as gigantes pedras de
gelo. Há seres, meio de gelo, sentados sobre as pedras viajando no céu. Há
uma espera e uma placidez lá dentro, de lá, assistem os aviões passando no
contorno. Entendi que em geral ajudam os aviões, que passam diminutos,
próximos a essas montanhas flutuantes de gelo. De lá, a água da atmosfera,
que é espaçada e espera condensar, se junta em chuva que, quando cai, é um
derramar-se, uma entrega, uma expiração!
Depois acompanho a água que desce do céu em forma de chuva e
penetra no solo formando rios subterrâneos, aquíferos, lençóis freáticos. De
novo o silêncio, a placidez, um tempo e uma espera.
A água sobe feito seiva nas plantas, então é tirada e bebida de um
cacto, de um coco, de uma melancia, sendo absorvida para dentro de um
corpo humano, refrescando e hidratando um corpo humano. E, por fim, a
água esperando no copo, antes de ser bebida.
– Abençoa teu copo – ele me diz.
Ali nos despedimos, e Niksa me devolve ao meu mundo como se eu
saísse de dentro do cálice dele e meu espelho negro fosse, por alguns
instantes, a boca desse cálice.

Exemplo de chamado:

Voltado para o oeste, direção dos términos e do mistério, aspirja com


água e recite:

Espíritos do perolado e prateado reino ancestral, águas, berço da


vida, venham de seu luminoso leito esmeralda onde balouça seu mar, venham
das profundezas de um riacho abrilhantado pela lua, serpenteando vigoroso
em seu caminho, do lar das névoas reluzentes trançadas pelo lusco-fusco.
Venham, espíritos do líquido que gorjeia, matizado de verde azulado
como em um fino cálice. Como a chuva purificadora e inconstante, se
aprocheguem dos regatos adornados pela relva.
Venham das ondas de muitas cristas, dos chamados carneirinhos, que
saltitam, espumam e rugem nas cintilantes águas oceânicas.
E surjam das ondulações do lago mágico que lambe a orla de um
mundo...
Criaturas da água, espíritos do oeste, poderes das emoções, jorrem
sobre nós e nos submerjam em suas profundezas resplandecentes.
Venham a nós como os Antigos, a velha sábia da fonte sagrada,
aquela que olha no fundo de nossas almas para curar e transformar.
Abençoem aqueles que curam e revigoram, que nos ajudam a passar
pelas provações e limiares e emergir renascidos, aqueles que nos trazem os
presentes de profundidade e fluidez.
Estejam conosco neste dia, guardiões da torre Oeste, juntem-se a nós
neste círculo sagrado.
Práticas ou meditações
Anote seus sonhos
Mantenha um caderno ao lado da cama para anotar seus sonhos.
Comece a observar padrões e relações entre os símbolos que aparecem neles
e sua experiência na vida diária. Aprenda também a interpretar os padrões e
usá-los como um sábio guia em períodos turbulentos. Quanto mais você
valorizar seus sonhos, mais seu inconsciente conversará com você através
deles. Compre um bom manual de símbolos e se familiarize com o uso deles
nas diversas culturas humanas o máximo possível. Não confie em livros de
interpretação de sonhos, converse com outras pessoas, especialmente quem
você sabe que estuda ou tem interesse em simbologia, e confie muito na sua
própria intuição.

Conselhos oraculares
Abra uma carta de tarô ou outro oráculo todas as manhãs pedindo um
conselho sobre a atitude que mais vai lhe ajudar naquele dia. Não tem
problema se você precisa se apoiar em algum livro para ajudar na
interpretação. Faça dessa leitura um momento especial, tenha um cantinho
onde guarda seu oráculo, acenda uma vela ou incenso, respire fundo,
embaralhe e tire sua carta.
Se você gosta de oráculos, faça um curso, se aprofunde. Há um
universo muito rico nos símbolos e na conversa que acontece entre a gente e
aquilo que reside nos planos menos tangíveis.

Ritual do chá e o Chá Perigoso


Tomar chá é beber dos quatro elementos: é uma mistura de terra com
água (a essência das ervas se dissolve e imbui a água que sorvemos),
aquecida pelo fogo e que também vira ar ao fumegar. No Zen Budismo, o chá
é consciência, atenção – o processo é uma troca sagrada e o salão de chá se
torna um templo. Beber chá é fazer uma prece. O chá foi de certo modo
domesticado e as senhoras da sociedade tomavam chá juntas em suas belas
casas ou nas confeitarias muito bem comportadas, em um ambiente
controlado, sóbrio e contido. Porém, podemos virar esse conceito do avesso e
fazer um chá “perigoso”, onde as pessoas se reúnem para falar suas verdades,
trocar dicas de coisas secretas e falar de tudo que é tido como proibido às
mulheres pela sociedade. Essa partilha de histórias verdadeiras e pessoais
torna-se um ambiente sagrado de cura e irmandade.

Oferendas
Para perceber e convidar a presença de espíritos da água, leve flores
de presente para eles. Vá de manhãzinha ou ao entardecer, quando não
houver brisa e deposite flores sobre a superfície de um lago ou riacho. Jogue
as flores a alguns centímetros da margem e observe, em poucos minutos
ocorre uma agitação na água quando os espíritos da água aparecem. Colocar
um buquê às margens de um rio também pode chamar uma ninfa ou um
guardião das águas.

Celebrando o elemento com ervas

Aspersão: hortelã e menta, alecrim, poejo, hissopo, arruda, artemísia,


manjericão.
Lavações e banhos: manjericão, hortelã e menta, rosa, sálvia,
alecrim, tomilho, misturas.
Poções e oferendas de bebidas: hortelã, artemísia, melissa, poejo,
combinações.
TERRA – o saber da materialidade

Em termos técnicos a terra é a superfície seca do planeta, composta de


partículas orgânicas e inorgânicas. Simbolicamente, ela é muito mais,
representa o universo materializado que habitamos. É o mundo tangível que
podemos tocar e sentir. É filha do Fogo com a Água (e o Ar é o filho),
engloba todas as atividades produtivas, a fertilidade, crescimento e
regeneração. Por ser também o quarto e último elemento, é o resultado da
ação dos outros três.
A Terra é o elemento da manifestação. Corresponde à escuridão da
noite, ao frio, às profundezas do ventre do planeta, às cavernas, ao abrigo
onde estamos protegidos e também ao próprio frio do inverno.
É o elemento mais complexo, pois reúne e manifesta todos os outros.
A Terra é o que dá forma, peso, densidade e concretude. Terra é o relevo
onde nos movemos, é praia, floresta, montanha, é nosso corpo, é o que
comemos, o que vestimos, os medicamentos que usamos. Como
manifestações da Terra, temos os reinos animal, vegetal e mineral. Ela rege o
poder do silêncio, de escutar, de guardar segredos e também do que é melhor
não dizer. Se o brilho e a potência do Fogo correspondem ao meio-dia, a
Terra, com sua escuridão e profundidade, corresponde à meia-noite.
O ensinamento da Terra é que no silêncio da escuridão reside a
semente da luz, é ali que a semente é nutrida para brotar a planta. Ali está
todo o potencial nutritivo da vida. Ela rege o mistério, a sabedoria, o repouso,
a morte, a solidez e a paciência. Embora não gostemos da palavra e do
conceito, vivemos várias mortes ao longo da vida e até ao longo de um
mesmo dia. A despedida de alguém que encontramos casualmente, o fim do
horário de trabalho, o final da refeição, o término do dia que significa o
encontro com nosso amado travesseiro. Quem disse que o fim é ruim? Há
finais que são incríveis, e sem um passo derradeiro não se cruza a fronteira
para o que vem a seguir.
Entre seus poderes mágicos estão o acesso astral a templos
antiquíssimos do planeta que ficam no subsolo, o contato com o espírito
sagrado das montanhas e o talento para nos estabilizar.
A Terra é o corpo, onde tudo que pensamos, sentimos e desejamos é
experimentado, é a base física daquilo que chamamos de Eu.
Este elemento traz bênçãos de prosperidade e manifestação concreta
daquilo que você plantou ou onde investiu, que são os principais presentes
que a Terra nos dá, mas use-o também para relembrar a necessidade dos
momentos de repouso e para, no meio do pousio, lembrar que a estação logo
muda e vem o plantio das novas sementes, reiniciando o ciclo.
A Terra corresponde à direção das estrelas do nosso Cruzeiro do Sul,
da nossa orientação de rumo desde tempos ancestrais, constelação que ancora
e firma nossas práticas mágicas neste hemisfério. O elemento que tem relação
com o céu noturno e o mistério transcendente manifesta seus mais fortes
poderes em iniciações, materializações e maldições.
Por falar de solidez e limites, encontra correspondência no corpo
humano como um todo, mas especificamente está simbolizada nos dentes, no
esqueleto, na pele e também nos intestinos. Ou seja, tudo que esteja ligado à
estrutura, assimilação e eliminação da matéria necessária à manutenção do
plano físico.
A poesia da Terra
Estrutura e lastro que apoia nosso crescimento * rituais diários que
nos fazem sentir reais e verdadeiros * a simplicidade de fazer o que precisa
ser feito * a paciência infinita de esperar pelo momento certo de cada ato *
conexão com a família e nossas casas * escolha sagrada que vem com a
aceitação de nosso destino * ponte de reconexão com a sabedoria natural *
cerimônias secretas do que chamamos magia e ocultismo * cornucópia e
abundância de tudo que é bom * o luxo e o prazer que nos desafiam a manter
a honra e a cabeça no lugar em meio às tentações * a professora da
moderação * o tear onde tecemos nossa existência *ponto de ancoragem do
círculo mágico

Jornada ao reino da Terra

Invoco a Terra em meu espelho negro. Demora um pouco, mas vejo


formar-se um rosto de pedra que me saúda dizendo, “Olá, pequenina”, e diz
ser o espírito de uma montanha.
Vejo uma ravina e mergulho até o fundo da fissura na terra. Ao fundo
estava bem escuro e, na própria pedra, vejo olhinhos brilhantes que me
observam por todos os lados e um pó cintilante parece espalhado por tudo,
concedendo um brilho fluorescente. Uma criatura pequena, lembrando um
homem de no máximo um metro de altura, se aproxima. Um tanto quadrado
no jeito e na forma, ele me remete a uma combinação de anão e viking; anda
com movimentos rígidos e tem uma espécie de tacape. Ele só resmunga – não
consigo discernir uma só palavra – mas é claro o descontentamento que
demonstra com minha presença. Além dele, tenho a sensação que outros seres
trabalham ali, formando cristais e diamantes. Um espectro claro, em forma de
mulher, me puxa pela mão e seguimos até uma sala-caverna onde as paredes
formam berços inteiros de pedras preciosas, ametistas, esmeraldas etc. Um
trono e a presença de Ghob ali indicam que se trata da sala dele, o rei do
elemento.
Ele me recebe e explica que aquela é uma de suas muitas salas e que
eu sempre poderia evocar a imagem daquele lugar ou de uma caverna simples
de pedra quando precisasse me centrar ou aterrar, voltar ao corpo e retomar
meu eixo.
Depois, estou em uma caverna de rocha clara, iluminada pelo fogo, e
pessoas parecem estar fazendo arte rupestre nas paredes. Vejo que, além da
tinta, usam também a chama do fogo para fazer as marcas na pedra. Ghob ou
uma dessas pessoas me convida a colocar as mãos na tinta rubra que eles têm
ali e marcar o desenho das minhas mãos na parede caverna.
Ele me ensina que posso conectar meu centro ao centro de uma
montanha, formando uma ponte com o espírito da montanha para que eu
recupere meu centramento, me dando o tempo de parar e refletir quando
estiver assoberbada. Explica que eles jamais vão até o cerne das montanhas,
lá eles não fazem salas e não trabalham, lá é sagrado.

Exemplo de chamado:
Voltando-se para o Sul use sal ou uma pedra cristalina.
De uma profunda caverna de cristal, forrada de folhas em uma terra
de fadas muito distante, das antigas florestas escuras de carvalhos e
araucárias feito sentinelas silenciosas, dos bosques repletos de hera e dos
cromeleques fora do tempo, venham, espíritos das montanhas adornadas
pela meia-noite.
Como o ciclo perpétuo das estações, que estabilizam, que nutrem, que
sustêm...
Do cânion que acompanha o riacho, todo salpicado de preto e verde
esmeralda, da acolhida do solo que nos rodeia, da caverna que abrigava
nossos ancestrais, berço da magia mais profunda...
Da constelação celeste que guia nossos marinheiros e nossos
espíritos, venham mistérios da luz e da sombra, criaturas da Terra, espíritos
do Sul, tragam sua magia.
Ensinem-nos seus segredos cristalinos, sua sabedoria paciente.
Tragam as bênçãos nutritivas e protetoras dos Deuses que abrigam o
mistério vasto e impenetrável...
Abençoem aqueles que trabalham sua terra escura e fértil, esses que
proveem para nossas comunidades com sua força e habilidade.
Estejam conosco na estação da vida interior, do silêncio e da
escuridão enquanto descansamos antes de voltarmos a brotar e crescer.
Guardiões do portal Sul, unam-se ao nosso círculo.
Práticas ou meditações
Garantindo o ciclo da vida
Descubra espécies vegetais que estão ameaçadas na área que você
mora e obtenha algumas sementes originárias da própria região, adequadas ao
tipo de solo e clima. Então, em um dia sem vento, segure-as em uma das
mãos, use um maracá para vibrar sobre elas e ativá-las energeticamente,
feche os olhos e deixe que o chocalho converse com as sementes. Perceba
como elas estão relacionadas com a grande teia cósmica e converse com o
espírito delas. Caso receba informações ou até uma melodia, use isso na hora
do plantio. Na estação certa para plantar, prepare a terra direitinho, cantando
baixinho e sussurrando palavras amorosas, prepare o leito dessas sementes e
as deposite ali como quem coloca um bebê para dormir. Cuide delas, com
água, adubo e repelentes naturais contra insetos. Cuide dos brotos e do
crescimento delas e, quando for o momento, recolha também as próximas
sementes que sua planta ofertar.

Medite em silêncio
Em nosso mundo tão saturado de estímulos auditivos e visuais, a
prática do silêncio interior e dos olhos fechados é um encontro com o espaço
interno de nossas almas. Pratique e busque esses silêncios e ausências. É
apenas no silêncio e na meditação intencionais ou nos lugares plácidos de
natureza onde podemos encontrar a música do universo.

Produza e ofereça
Faça uma peça em argila ou cerâmica, movido apenas pelo momento
e presença. Não tenha objetivos em relação à forma, deixe que ela aconteça,
que suas mãos escolham o que querem manifestar. Pode acrescentar a
intenção de oferecer a peça como presente aos espíritos do local ou do jardim
da sua casa. Cumpra o prometido e, depois de pronta, entregue a peça
depositando-a na natureza à qual você homenageou com seu trabalho.
Arrume seu ambiente
Observe sua casa ou seu quarto: o que fez para tornar esse local um
santuário? É limpo ou organizado? Está de acordo com o que imagina desejar
para sua vida? Que opções, ideias e pequenas modificações podem ser feitas
para refletir a vida que você deseja?

Estruture ou flexibilize
Medite sobre o que precisa de mais estrutura na sua vida porque está
solto demais, e aquilo que precisa de mais flexibilidade por ter se tornado
rígido demais.

Celebrando o elemento com ervas


Ervas verdes para espalhar: hortelãs e mentas, tomilho, camomila,
ervas em flor.
Ervas secas para espalhar: salsa, milefólio, sementes de angélica,
tabaco, mentas, pétalas de rosa e suas misturas.
Para demarcar um círculo: flores, fubá, farinha, ramos de pinheiro.
Pós: sândalo, alho, misturas.
Temperos: artemísia, tomilho, alecrim, manjericão, sálvia, salsa,
manjerona.
Parte 2. Correspondências dentro da magia

Os princípios universais expressos por essas quatro forças naturais


permeiam, inspiram, influenciam e chegam a dar origem a diferentes
sistemas, isso vai desde o entendimento mágico do mundo, do fluxo das
estações e das horas, até os axiomas mágicos, passando pelos naipes do tarô e
as próprias ferramentas sagradas usadas pelo mago ou bruxo.
É de fundamental importância salientar aqui que, para esta parte,
estou abordando essas influências e enfoques unicamente pelo viés das
ciências ocultas pertinentes ao esoterismo ocidental. Fica fora do escopo
deste livro analisar as relações dos elementos com suas manifestações nos
sistemas de magia ameríndia, hindu ou chinesa, por exemplo.
AS QUATRO DIREÇÕES E O CÍRCULO
MÁGICO
A roda é um símbolo da passagem do tempo, da unidade da
existência, da circularidade da vida e dos processos, da passagem das
estações, do movimento dos astros. Ao girar, ela remete ao movimento do
cosmos, da rotação da Terra, da translação em torno do Sol, ao eterno ciclo
de criação e dissolução. Os hindus tem na roda do Samsara, o simbolismo do
eterno ciclo da morte e do renascimento. A magia ocidental tem na imagem
da Roda da Fortuna, o arcano X do tarô, a representação do rápido giro da
sorte, da roleta de apostas da vida, que nos joga para cima num instante para,
no momento seguinte, nos derrubar até a parte mais baixa de uma situação.
Em muitas tradições espirituais, a roda é usada para representar o
mundo, e culturas indígenas, como a dos nativos da América do Norte, usam
a representação do círculo com uma cruz interna para representar uma roda
medicinal, cujos quatro raios centrais simbolizam as quatro estações, os
quatro elementos e as quatro direções: norte, sul leste e oeste. Para eles,
existem ainda outras duas complementares – acima e abaixo – ou podem
inclusive chegar uma soma total de sete, ao contarem o centro. Cada ponto
também é associado a uma cor e um animal. Algumas vertentes de bruxaria
tradicional se utilizam também de sete direções.
Há vários sistemas mágicos que utilizam correspondências entre os
quatro elementos e as quatro direções ou pontos cardeais. Aqueles que
tiveram um mínimo de contato com tradições diferentes como a Wicca, a
Alta Magia, o Kemetismo e o Xamanismo devem ter observado que as
correspondências não são necessariamente as mesmas, ou seja, as relações
variam entre os diferentes sistemas.
Muitos dos sistemas de magia que foram desenvolvidos ao longo dos
milênios foram originalmente criados em relação direta com o território que o
mago ou curandeiro habitava e a cultura na qual ele ou ela estavam imersos.
O sistema mais comum usado na bruxaria moderna nos chega das tradições
europeias, mais especificamente da Inglaterra, e surgiu em razão de uma
observação das correntes e forças naturais daquele território específico, assim
relacionando essas forças às características dos elementos e os posicionando
em determinadas direções.
Sendo assim, o Ar, como tem entre suas principais correspondências o
começo das coisas, ficou localizado a leste, onde nasce o Sol, onde começa o
dia. Como a Inglaterra fica no Hemisfério Norte, portanto ao norte da linha
do equador, as massas de ar quente que chegam no verão se originam nas
terras ao Sul da Grã-Bretanha, o calor vem da Europa Continental
mediterrânea e da África, e, por conta disso, naquela direção, entenderam que
estavam as energias relacionadas ao Fogo. O oeste é o pôr-do-sol e o fim das
coisas, mas também, para eles, a saída para o Oceano Atlântico, o grande
mar, então, nada mais natural do que designar aquela direção como
correspondente à Água. E, por fim, vindo o frio da região polar do ártico ao
norte, que aparecia com força quando as noites aumentavam em duração e a
luz do dia minguava, designou-se ali o portal para o elemento Terra, que tem
essa relação com a escuridão, a morte e o mistério.
Ou seja, a tradição de bruxaria europeia é totalmente baseada em
antigas observações das forças e correntes do local onde foi concebida, na
natureza e no solo onde estava sendo praticada.
Outro detalhe importante é que o sol no Hemisfério Norte, faz seu
percurso de leste a oeste com uma inclinação para a direção Sul. Para termos
uma casa iluminada por lá, ao contrário do que vivenciamos no Brasil, é
necessário ter janelas de face sul. Se a casa for voltada para o norte, ficará às
escuras.
Os Europeus – que são a origem de toda nossa civilização ocidental –
observaram que a sombra dos objetos se movia em certo sentido no decorrer
do dia, segundo o posicionamento e movimento do sol. Criaram relógios
solares, que marcam as horas acompanhando o movimento da sombra que
podiam observar nos horários de luz. Desta observação, surgiu o conceito de
sentido horário, o qual foi mantido na invenção dos primeiros relógios que
imitavam o movimento da sombra dos primeiros marcadores do tempo.
O conceito de Deosil, muito utilizado pela Wicca e outras tradições
neopagãs, se refere a uma palavra antiga, derivada do gaélico, que quer dizer
“no sentido do sol”. O giro nessa direção é usado para homenagear e
harmonizar-se com o sentido da vida, do crescimento e do fluxo natural das
coisas. Dizia-se Widdershins para indicar a direção contrária à primeira, ou
seja, um movimento oposto, portanto antinatural, de costas para o sol.
O sentido Deosil ficou relacionado ao sentido horário apenas porque
naquele continente esse é o sentido que indica o movimento solar no decorrer
do dia o que está de acordo com as forças e correntes naturais daquela região
geográfica especificamente.
Citando a grande ocultista, Dion Fortune:

“... em qualquer processo que tenha relação com correntes


magnéticas e marés, essas devem ser calculadas para o local onde a
operação irá ocorrer e não poderão ser estabelecidas à revelia. Todas
essas considerações demonstrarão que o ocultismo prático não é algo a
ser aprendido nos livros pelos não iniciados. Uma Ordem sabe os
métodos de elevar e desenvolver consciência que são mais adequados
ao território e à raça a que pertence, e, sem tal orientação, um
estudante da Ciência Secreta se encontra em grave desvantagem.”[2]

Considero uma pena que tantos bruxos brasileiros tenham


simplesmente importado o conceito e dogma do Deosil sem questionar o
sentido de tudo aquilo. A bruxaria é, por natureza, rebelde, questionadora e
fora do sistema. Tudo na magia e na bruxaria precisa fazer sentido no nosso
corpo e no nosso espírito, mais do que nas nossas explicações racionais. A
força do local e as correntes da natureza se sobrepõem às egrégoras e até as
tradicionais correspondências astrológicas do outro hemisfério, e creio que
seria muito mais proveitoso se deixássemos o pudor do respeito exagerado às
publicações nórdicas – redigidas para um público daquele hemisfério – e
tivéssemos a ousadia de testar e criar novos sistemas mais adequados à nossa
terra e ao nosso povo, como fazem os bruxos australianos e neozelandeses,
por exemplo.
A Terra funciona como uma bateria, uma pilha. Cada hemisfério tem
suas correntes girando na direção contrária um do outro, para que o planeta se
mantenha coeso e forte no seu centro. Isso é observado externamente através
do efeito coriolis, que se constata no fluxo e nos vórtices das águas de cada
hemisfério, que causa o giro no sentido horário para a água descer pelo ralo
no norte e o giro anti-horário para nós do Hemisfério Sul. Atente que esse
fenômeno é melhor observado em ambientes controlados de laboratório, já
que nossas pias e vasos sanitários podem influenciar no giro dependendo de
onde vem a vazão da água e do formato da bacia.
Essa força coriolis é um fenômeno que faz com que os fluidos, como
a água e o ar, formem uma curva ao se deslocar sobre ou acima da superfície
terrestre. O nome foi dado em homenagem a Gustave Coriolis, um
matemático francês do século XIX, que foi quem primeiro explicou o
fenômeno.

O sentido das forças e sua correspondência com os quatro


elementos

A Terra gira de leste para oeste diariamente no seu eixo, porém como
o equador do planeta é mais largo – ela não é uma esfera perfeita –, o giro na
realidade é mais rápido no equador do que nos polos. E tudo que parte do
equador rumo ao norte acaba fazendo uma curva pelo próprio movimento da
Terra. No Hemisfério Norte, a curva se dá da esquerda para a direita seguindo
um contorno que chamaríamos de horário. No Hemisfério Sul, ocorre o
contrário, e a força leva a uma curva que vai da esquerda para a direita pelo
contorno oposto, o que chamaríamos de anti-horário. Isso é levado em
consideração nos planos de voo de aeronaves.
Os furacões e ciclones giram em sentido contrário em cada um dos
hemisférios, o que é mais uma prova de como as correntes são afetadas de
forma diferente em cada metade do planeta. No caso dessas tempestades, elas
giram no sentido oposto ao do efeito – e isso acontece por conta do próprio
efeito. É confuso, mas existem vídeos na internet que ajudam a explicar ou,
se tiver a oportunidade, consulte algum geógrafo perto de você. O importante
é que o movimento das tempestades nos indica o movimento da força de
dispersão das energias, pois o ciclone cresce enquanto gira. Para nós, do
Hemisfério Sul, o sentido desse giro, e portanto o sentido da dispersão das
forças, é o sentido horário.
Ou seja, como já observamos com as estações do ano, um hemisfério
é o espelho do outro, sempre com a força oposta em seu ápice. Não há como
negar que em 21 de dezembro celebramos o clímax do sol e a entrada do
verão no Brasil, enquanto no Canadá, os habitantes celebram a noite mais
longa do ano e a chegada do inverno. Agora, de nada adianta invertermos os
festivais sazonais para acompanhar as mudanças das estações, que são
óbvias, se não nos rendermos ao que as forças do chão que habitamos nos
pedem e demonstram nos seus movimentos naturais.
Nosso sol sempre vai nascer ao leste e se pôr no oeste. Fato. Porém, o
percurso do ângulo que ele usa para chegar de um lado a outro é oposto
dependendo do hemisfério no qual a gente se encontra. Salvo raras
posições em alguns paralelos ou na linha do equador em determinados
períodos do ano, você não vai ver o sol exatamente a pino por cima da sua
cabeça, mas sempre tendendo a uma inclinação para o horizonte – quanto
mais longe do equador você estiver, mais óbvia essa inclinação e mais
próxima da linha do horizonte.
A regra é: o sol sempre vai fazer o percurso de leste a oeste pendendo
para a direção da linha do equador. Portanto, se você mora no Hemisfério
Norte, o sol vai rumar de leste a oeste passando pelo sul. Dando a sensação
daquilo que chamamos e conhecemos como “sentido horário”, que é o
sentido do relógio, como já foi explicado.
Agora, se você mora no Hemisfério Sul, o movimento solar de leste a
oeste passa pelo norte. Dando a sensação do que chamamos e conhecemos
como “sentido anti-horário”. Qualquer arquiteto pode confirmar isso para
você, pois eles privilegiam a face norte em todas as construções em função da
iluminação solar.
Portanto, o nosso Deosil no Hemisfério Sul é o que chamamos de
sentido anti-horário. Esse é o sentido mais natural para nós, o sentido que as
sombras se movem durante o dia, o sentido que o sol anda, o sentido do
crescimento e da concentração de forças.
Para nós, a força de dispersão, desmanche e abertura se dá ao nos
movermos no sentido horário. Isso vale para todo o Hemisfério Sul.
E observe como é natural as pessoas dançarem em roda se movendo
para o lado da mão direita e, ao se apresentarem num círculo, passarem a
palavra para a pessoa que está à sua direita. Isso é o mais natural no Brasil,
ninguém pensa sobre isso, o corpo simplesmente faz.
Nos Estados Unidos, país no qual morei por muitos anos e que
também considero minha casa, esses movimentos corriqueiros são o
contrário. Em qualquer ambiente, pode ser um seminário empresarial, que
nada tem a ver com magia, as pessoas se apresentam em uma roda passando a
palavra naturalmente para quem está à esquerda por exemplo. É o automático
para eles.
A natureza fala por nossos corpos e nossos hábitos, ela sempre nos dá
dicas daquilo que é natural, é só prestar atenção.
Segundo esse raciocínio, também se invertem algumas direções nas
práticas mágicas que seguem as premissas da magia ocidental. O Leste segue
sendo o nascer do sol, portanto Ar. O oeste segue sendo o pôr do sol (e temos
o Oceano Pacífico daquele lado também) então temos aí a Água. Porém,
nosso calor vem todo da direção norte e é para lá que se inclina o Sol durante
o dia, então ao norte vamos colocar o Fogo. Quem, como eu, é do Rio Grande
do Sul, não tem dúvida de onde vêm as frentes frias e os ventos gélidos do
inverno, que chegam da Argentina, vindos da Antártica, o continente gelado
ao nosso Sul. Temos uma massa de terra gelada ao Sul, portanto, voltados
para lá, invocaremos o elemento Terra.
Seguindo o ritmo natural de girar para acompanhar o movimento do
sol no nosso hemisfério, podemos manter a mesma sequência de
correspondências dos elementos, a roda parte do Leste, vai para o Norte, para
o Oeste e, por fim, ao Sul. Do Ar, para o Fogo, para a Água e para a Terra.
Do amanhecer, para o meio-dia, para o entardecer e a meia-noite.
Agora, não cometa o sacrilégio de estar fazendo um ritual em alguma
praia brasileira e ficar de costas para o mar a fim de invocar a Água que
estaria no oeste. Use do bom senso para invocar o elemento da direção de
onde ele se apresenta quando estiver assim tão obviamente presente na
ocasião.
A direção para a qual a bruxa/bruxo/mago se move em um ritual é
muito importante para o tipo de trabalho e energia que se busca, então a ideia
é mover-se com o Sol (no caso brasileiro, anti-horário) para invocar,
aumentar a energia, acrescer e entrar em contato com a potência da vida; e
contra o Sol (para nós, o horário), para banir, minguar a energia, encerrar um
ritual, ou decrescer algo.
Para aqueles que se sentirem inseguros de arriscar a ousadia de girar
no sentido anti-horário em suas cerimônias e precisam validar essa
experiência pela voz de algum autor consagrado e nórdico eu ofereço os
seguintes trechos:

“Os ciclos terrestres são os circuitos de força dos quais todas as


formas de vida na realidade física partilham. Eles governam o
crescimento e a decomposição e estão intimamente associados ao fluxo
da energia vital. (...) A correlação dos elementos, cores, habilidades,
tarefas, qualidades e assim por diante, com certas direções ou época do
ano é enganosa para aqueles que tomam tais rodas por seu valor
nominal sem qualquer inserção pessoal ou relação com a região da
terra na qual habitam. (...) Precisamos nos sensibilizar para os ciclos de
força específicos quando nos deslocamos de um país ao outro, pois eles
se alteram quando nos movemos pelo globo.”
Caitlin Matthews[3]

“A magia é uma expressão de poder, de como esse poder se


relaciona com você, seu entorno e seus ancestrais. A magia é a interface
do lugar da divindade; é o poder do Sol e da Lua, o ar que você respira
e a linguagem dos seres que não vemos, tanto os benignos, quando os
maliciosos que estão vivendo ao mesmo tempo que você. Com tudo isso
em mente, o quanto é válido então realizar a interface com esse poder
utilizando-se de uma língua estrangeira, divindades estrangeiras e
poderes atribuídos às direções que não tem nenhuma relevância com o
território real no qual você mora? Os sistemas vão funcionar, e muitas
vezes até de maneira muito poderosa, mas como isso afeta o lugar e a
nós mesmos? (...) É importante estar muito cientes de onde estamos e de
quem somos e construirmos nos apoiando sobre essa fundação.
(...) Uma das formas de cumprir um papel ativo no equilíbrio da
Terra é primeiro vir a conhecer o território sobre o qual se mora nos
mínimos detalhes. Caminhar sobre a terra, visitar as águas, os morros,
aprendendo de onde vêm os sistemas meteorológicos e para onde eles
vão, sintonizando-se com falhas geológicas e as estações, todas essas
ações beneficiam o território sobre a qual se mora, e ajudam a entrar
em uma relação de trabalho mágico com o lugar e seus seres
inerentes.”
Josephine McCarthy - Magical Knowledge I [4]

E ainda cito a letra da belíssima canção da australiana Wendy Rule,


que foi publicada acompanhada da pertinente observação entre parênteses.
“THE CIRCLE SONG (Do álbum Wolf Sky)

The East the air the sword the mind


The gate that leaves the night behind
The North the sun the flame the fire
The gateway to our souls' desire
The West the womb the water's flow
The gateway to the world below
The South the star the silent Earth
The gateway to our souls' rebirth

(This song casts circle in the Southern hemisphere. For Northern


hemisphere, switch Fire to South, and Earth to North.)”

A CANÇÃO DO CÍRCULO (do álbum Wolf Sky)

O Leste o ar a espada, a mente


O portal que deixa a noite para trás
O Norte o sol a chama o fogo
O portal para o desejo da nossa alma
O Oeste o ventre o fluxo d’água
O portal para o mundo abaixo
O Sul a estrela a Terra silenciosa
O portal para o renascimento da nossa alma

(Esta canção lança o círculo no Hemisfério Sul. Para o Hemisfério Norte,


troque o fogo para o Sul e a terra para o Norte.)[5]
AS RODAS (direções, elementos, estações, horários
do dia)
Saindo da parte física dos estados da matéria e passando para as
correspondências que os elementos podem ter na nossa consciência,
entendemos que:

a força ígnea da vontade e do direcionamento se parece ao Fogo

nossa rapidez de pensamento e agilidade intelectual remetem às


moléculas gasosas do Ar em movimento
nossas emoções, fluídas como são, com movimentos de cheia e de
baixa lembram as marés, e assim, lembram a Água
o plano tangível concreto material e previsível partilha das
características da Terra.

Esses quatro juntos ganham sentido ao serem imbuídos da energia,


criatividade e bênção do Espírito que tudo anima e permeia, compondo assim
as cinco pontas da estrela dos elementos.
Ao levarmos adiante a ideia de correspondências já mencionadas,
podemos formar gráficos em forma de rodas, representando a dança das
estações e dos horários do dia, acompanhando o ciclo da energia fluindo
pelos elementos e direções segundo suas correspondências:
Os Sabás e os festivais das sociedades agrícolas
O ciclo solar influencia os ritmos da terra, da fertilidade, do ápice da
vida, da colheita e do pousio – quando a terra descansa entre um plantio e
outro, se recuperando para dar de novo tudo de si e gerar plantas saudáveis e
fortes.
Mesmo nas cidades, observamos flores e frutos que surgem em
determinadas épocas, a grama que cresce rápida com as chuvas de verão e
desacelera no frio ou secura do inverno.
Esses ritmos são muito importantes para quem vive no campo ainda
hoje, mas nas sociedades mais antigas, onde não se tinha a tecnologia de
estufas e de importação de frutas e verduras de outros continentes, imagine
como era importante o preparo adequado e uma boa colheita de grãos para
que se sobrevivesse ao inverno gélido, quando o solo enrijece congelado e
nada cresce ali. Desse preparo dependia a vida da tribo, do clã. Um mau
planejamento, más condições climáticas, ou pestes agrícolas, poderiam
acarretar uma verdadeira tragédia e extermínio através da fome.
Foi no período neolítico, há mais ou menos doze mil anos, quando os
grupamentos humanos passaram a se estabelecer em determinados territórios,
trocando a cultura nômade do caçador coletor pela domesticação de espécies
animais e vegetais, que os humanos aprenderam a plantar e colher. Desde ali,
ficou clara a necessidade de garantir que a proposta de se estabelecer em um
único local e cuidar daquelas plantas rendesse seus frutos (e grãos, e raízes)
literalmente. Essas comunidades tinham sempre ao menos um indivíduo que
trabalhava junto ao plano espiritual. Eram pajés ou pessoas de medicina e,
mais tarde, sacerdotes, que desenvolveram rituais em consonância com os
ritmos da terra, para agradar os deuses, para celebrar o sol e as águas para que
tudo fosse harmonioso e próspero durante o ciclo do plantio e colheita. Para
que a fartura garantisse não só a sobrevivência, mas a convivência harmônica
entre as pessoas e seu ambiente.
Com o passar dos milênios e a transformação das populações
humanas, esses rituais foram se sofisticando, mas permaneceram conosco em
todas as culturas ditas primitivas e em todos os continentes da Terra.
Observando o ciclo solar, compreendemos logo as quatro estações do
ano: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Algumas sociedades muito antigas
desenvolveram templos e construções arquitetônicas fantásticas, calculadas
segundo conhecimentos astronômicos, para marcar os eventos solares do
solstício e do equinócio das estações. Temos exemplos desde Stonehenge na
Inglaterra (cerca de 3100 aEC) e a pirâmide, templo de Kukulcán, no centro
de Chichén-Itzá no México (cerca de 600 EC).
Desde crianças, aprendemos sobre as estações na escola e, caso
habitemos uma região subtropical, de fato podemos observar essas variações
todas, mesmo que tenhamos momentos em que uma estação parece interferir
ou se mesclar com a outra. No entanto, há muitas regiões brasileiras dentro da
zona tropical onde essa divisão não funciona. Há vários Estados que têm
temperaturas constantes, sendo a única diferença a quantidade de chuva de
uma metade do ano para a outra. E, por estarem próximos da linha do
equador, também não há a mesma divergência tão gritante na luminosidade
do dia observada entre verão e inverno como no Sudeste e no Sul, por
exemplo. Nesse caso, nem mesmo as mais observáveis variações
astronômicas – da noite mais longa no solstício de inverno, do dia mais longo
no solstício de verão e da mesma duração exata entre dia e noite que ocorrem
nos equinócios da primavera e do outono – chegam a ser aparentes.
Nessas regiões, há que se fazer uma observação local minuciosa para
tentar encontrar quais outros movimentos mais sutis da natureza encaixariam
nesse padrão de correspondência com os quatro elementos e sua energia
inerente. Também há que se questionar a eficácia e sensatez de celebrar,
numa região com temperatura média anual de 29 graus e apenas duas
estações do ano, um calendário importado, baseado nos conceitos de festivais
agrícolas que os Celtas, que foram habitantes do continente europeu,
formalizaram para a terra deles ao longo de centenas ou milhares de anos de
observação. Todo o ciclo tem um ponto alto e um ponto baixo. Procure
descobrir quais as diferenças sutis e o que, na sua região específica, com suas
características próprias e ciclos naturais, corresponderia ao seu inverno do
recolhimento, descanso, ancestralidade e escuridão, por exemplo.
Mesmo em locais como São Paulo ou Rio Grande do Sul, vale
observar sutilezas e fazer as devidas modificações. Também é sempre
possível alterar os nomes para ficar de acordo com a energia que se observa
na vida lá fora. Para aqueles que dizem viver e praticar as religiões da Terra,
a vida lá fora, ou seja, aquilo que acontece do lado de fora da sua janela, tem
precedente sobre qualquer dogma.
Tem um grupo do sul do Brasil que chama o Imbolc de Festival dos
Queijos, Beltane, de Festival do Amor, e por aí vai. Tem um grupo nos EUA
que chama Litha de Terra Sol e Samhain, de Shadow Dance (Dança das
Sombras). A Bruxaria e o Paganismo são práticas de observação e
celebração, não de dogmas. São espiritualidades afinadas com os ritmos e
movimentos do sol, da lua, da terra, dos pássaros, das plantas, dos insetos,
das flores... Esses são nossos indicadores do que está se passando.
Olhamos para fora da janela para então adequar nossas celebrações e
conceitos. Nunca o contrário, não é o livro ou a teoria que informam a minha
prática, esses podem guiar e sugerir ideias, dar uma linha de pensamento,
uma orientação, mas nunca serem determinantes sobre o que devo fazer. Se
na localidade onde moro, aquilo que observo estar acontecendo no meio-
ambiente numa determinada época do ano não condiz com as condições
descritas num livro, eu não preciso seguir o livro, não importa quem o tenha
escrito. A terra e seus entes são soberanos, e cabe a nós recuperarmos nossa
conexão e relação diretas e respeitosas para vivermos em harmonia e magia
com nosso entorno.
Dito isso, segue a lista dos oito sabás, ou sabbats, mais conhecidos,
eles foram bastante difundidos no neopaganismo pelas práticas da Wicca.
Essas datas, que têm como base as seis festividades celebradas coletivamente
pelos celtas que habitavam o Reino Unido, constam aqui com seus
respectivos nomes originais na língua gaélica quando é o caso.

Os oito festivais sagrados da Roda do Ano


Eles se dividem em dois grupos, quatro festivais solares, que são os
Pequenos Sabás, e quatro energéticos, que são os Grandes Sabás.
A palavra sabá, que tem origem latina (sabbatum), grega (sábbaton),
hebraica (shabbath) e suméria (sabitu), significa dia de descanso e tem
relação com o número sete, ligado aos deuses dos ventos sagrados e uma
medida sagrada de tempo. Ela começou a ser usada na França com a grafia
sabbat, no século XIV a XVI para designar os encontros secretos das bruxas
e feiticeiras, caracterizados na fantasia da população leiga como sendo algum
tipo de orgia com dança e muita comida. A palavra foi acolhida e vem sendo
utilizada para se referir aos dias de poder e celebração dentro da bruxaria e de
algumas ordens cerimoniais. São os dias sagrados.
Quatro são festivais diretamente ligados ao início de cada uma das
estações do ano e a posição astronômica do Sol, eles são o Equinócio de
Primavera, Solstício de Verão (Litha), Equinócio de Outono e Solstício de
Inverno (Yule). As estações marcadas pela posição e intensidade solares
influenciam diretamente nos trabalhos de magia prática.
A tradição cerimonial chamada Aurum Solis divide o ano solar de
acordo com esses festivais entendendo e respeitando a maré energética que
cada período oferece e se comportando magicamente de acordo com o
movimento deste ciclo anual. O período entre o Equinócio da Primavera e o
Solstício de Verão (entre 22 de setembro e 21 de dezembro) é conhecido
como Tempus Sementis, o tempo semente, já que é uma maré energética de
crescimento, perfeito para se começar um novo processo ou empreitada. É
um período mágico ligado a estímulos. O tempo entre o Solstício de Verão e
Equinócio de Outono (de 21 de dezembro a 21 de março) é conhecido como
Tempus Messis, um período de colheita, de frutificação. É um momento
mágico ligado à Completude e hora de fazer trabalhos que produzam
resultado no plano material, também propício para consagrações, evocações,
viagem astral e trabalhos de abertura de visão, como o uso da bola de cristal e
do espelho negro. O período compreendido entre o Equinócio de Outono e o
Solstício de Inverno (21 de março a 21 de junho) é chamado de Tempus
Consilii, um tempo de planejamento, preservação e de fazer um balanço
geral. É um ótimo momento para trabalhos mágicos que vão culminar em
resultados espirituais. O tempo entre o Solstício de Inverno e o Equinócio da
Primavera (21 de junho a 22 de setembro) é chamado de Tempus Eversionis,
um tempo de destruição e purificação. É um período de conflitos em que se
recomenda a reclusão, meditação e fortaleza, um retiro interior, respeitando a
escuridão do inverno.
Os outros quatro são os pontos intermediários entre esses marcadores
solares. Os quatro sabás maiores estão posicionados no ápice da energia de
cada estação, antes que ela passe a minguar e se transforme na seguinte. Estes
sim são considerados os grandes dias sagrados e são celebrados como as
festividades mais importantes dentro da Bruxaria hoje: Imbolc (ou
Candelária), Beltane, Lughnassad (ou Lammas) e Samhain.
Há tradições que buscam fazer uma correlação entre esses chamados
sabás e os elementos, agrupando dois sabás sob a tutela de um elemento
específico. No entanto, em certas linhagens de bruxaria tradicional, tende-se a
entender os quatro grandes sabás como um encontro entre os elementos que
correspondem aos festivais solares e seu fenômeno resultante.

Equinócio de Primavera (22 ou 23 de setembro)


No Hemisfério Norte, a data do equinócio vernal acontece em março
e corresponde a entrada do sol no signo de Áries. Este é o ano novo
astrológico, e se dá muitas vezes bem próximo da festa cristã chamada de
Páscoa. Os símbolos da primavera são relacionados à fartura, à vida que
retorna e à fertilidade, por isso celebramos com ovos pintados e coelhos.
Esses símbolos acabaram sendo cooptados pelas pessoas que celebram a
Páscoa, mas são muito anteriores à criação da festividade cristã.
Mesmo caindo em setembro na entrada do sol no signo de Libra, para
nós do Hemisfério Sul, os símbolos são os mesmos, pois é um período de
renovação, de despertar depois do sono e preguiça do inverno, de germinar e
renascer. Tempo de plantar sementes, celebrar as flores e os filhotes que
nascem.
Por conta desse sopro de vida e de novidade, este sabá se relaciona ao
elemento Ar.
Sendo equinócio, temos astronomicamente um tempo de equilíbrio
entre as horas de escuridão e luz, dia e noite têm a mesma exata duração.
Depois, a cada dia, durante a estação, a luz e o calor vão aumentando, rumo
aos dias longos e a festa que é o verão. Essa ascensão energética é um tempo
fantástico para dar início a projetos e fazer magias para crescimento e
fomento.
Em muitos círculos de neopaganismo, esta data recebe o nome de
Ostara, mas esse nome foi designado no século XX, não tendo tradição
histórica. Ostara supostamente seria uma homenagem à Eostre, a deusa
germânica da fertilidade (e de cujo nome provavelmente se origina o nome
Easter, dado à Páscoa em inglês).
Embora não haja registro de que os Celtas celebrassem quaisquer dos
equinócios, a Primavera se manifesta tão fortemente nas regiões mais
nórdicas do planeta que parece impossível que deixassem de notar tudo
brotando ao redor e a vida ressurgindo com sua força máxima depois do
torpor e da morte do inverno.
No Brasil, a primavera também é forte, anuncia chuvas torrenciais no
Sudeste, traz calor e uma sensação de alegria geral para quem gosta de pouca
roupa e bebidas geladas nas confraternizações. É a retomada das grandes
socializações, de fazer programação ao ar livre e de esperar as festas do verão
e a temporada de praias. Na agricultura, é tempo de colheita de trigo.

Beltane (31 de outubro ou 1 de novembro)


Beltane é um dos dois festivais em que o véu entre os mundos fica
muito mais tênue. É mais fácil acessarmos e nos comunicarmos com os
mortos, com os seres feéricos (encantados), com os mestres espirituais e
também com outras dimensões cósmicas. É um festival de fogos, quando
fogueiras eram acesas e ocorria uma celebração da sexualidade livre. Casais
se formavam durante a noite das festas e se divertiam juntos por aqueles dias
sem maiores compromissos. Então é uma data para o amor, para a paixão,
criatividade, polinização, acasalamento e a fertilidade, seja ela física,
material, emocional, mental ou espiritual.
Os Celtas celebravam como um feriado religioso, quando também era
o tempo de acender grandes fogueiras e passar o gado junto ao fogo como
uma purificação, para que o fogo retirasse dos animais as doenças e más
energias acumuladas no inverno. Os rebanhos eram então conduzidos para as
pastagens de verão.
A data do 31 de outubro é celebrada no Hemisfério Norte com a
energia oposta à nossa, pois lá está ficando escuro e frio e corresponde ao
outro lado da moeda, a celebração da morte. Por isso a data foi transformada
em Halloween e Dia de los Muertos.
Apesar de ser um período em que, por herança cultural da Igreja
europeia, visitamos cemitérios, a energia aqui é de muita sexualidade e vida.
As pessoas saem para a rua, querem se divertir, usam os dias do feriado para
aquela primeira escapada rumo ao litoral, há uma sensação geral de
vitalidade, que se observa no verde, nas flores, nos filhotes de pássaros que
estão aprendendo a voar, nos ninhos vazios que caem nos quintais e no sol
que brilha bem intenso.
Tradicionalmente, a principal atividade é fazer a dança do pau de
fitas, onde fitas coloridas são atadas em um mastro de três metros de altura.
As longas fitas são levadas pelos participantes que fazem uma dança e vão
amarrando e decorando o mastro enquanto se movimentam. O número de
fitas precisa ser par, para que o trançado dê certo. Essa tradição que chegou
aqui com os europeus, ainda é feita dentro da cultura folclórica de vários
estados, porém, sem época do ano definida, embora muitas vezes seja
realizada mais para o fim do ano.
No paganismo nórdico, o período corresponde a Walpurgisnacht. Essa
noite celebra a concessão da Primavera pelos deuses Wodan e Freya. Grandes
fogueiras eram acesas nas montanhas para simbolizar a chegada de algum
calor e pedir por um verão de muita fartura.
Pode corresponder ao elemento Fogo, pelas características do festival
e da estação, e, na bruxaria tradicional, sendo o ponto intermediário entre o
Equinócio de Primavera (Ar) e o Solstício de Verão (Fogo), Beltane
corresponde ao relâmpago.

Meio de Verão - Litha (Solstício de Verão – 21 de dezembro)


O solstício poderia praticamente se chamar “Sol a Pino”, porque é o
que temos de verdade. Fique parado ao meio-dia embaixo do sol no dia 21 de
dezembro e você não verá sua sombra. O sol está exatamente no zênite
celeste, ainda mais se você estiver na altura do Rio de Janeiro ou São Paulo
(paralelo 22º ou 23º)
Os Celtas chamavam essa data de Meio de Verão porque para eles o
verão começava em Beltane. As festividades foram posteriormente
absorvidas pela Igreja nas celebrações de São João, que caem bem próximo
do solstício no Hemisfério Norte, que lá ocorre em 21 de junho.
A noite do solstício também é dada a aparições de fadas, com um
clima intenso de magia no ar. Daí a grande inspiração de Shakespeare para
escrever “Sonhos de uma noite de verão”, cujos acontecimentos se dão todos
no decorrer de uma noite, exatamente a do Solstício.
Algumas tradições chamam esta data de Litha, que é o nome de uma
deusa saxônica dos grãos, e seu festival é de alegria e abundância. É um
festival dedicado à abundância inesgotável de Gaia, nossa Mãe Terra,
celebrada aí em toda sua glória de vida, no ápice de sua fartura. É também
um período muito sensual, quando os casais pulavam juntos sobre fogueiras e
desapareciam nos bosques para apreciar um ao outro, tendo as estrelas por
testemunhas. É uma festa de famílias, crianças, diversão, brincadeiras e
também ótima para fazer simpatias e previsões de futuro, pedindo favores
mágicos dos espíritos da natureza. Tenha cuidado com aquilo que você pedir,
pois pode ser que se realize.
Como é o momento da força máxima do sol, no dia mais longo do
ano, esta data corresponde ao elemento Fogo.

Lughnassad/ Lammas (2 de fevereiro)


Feriado religioso Celta celebrando o deus Lugh, um deus solar
irlandês. Marca a bênção dos primeiros frutos da colheita e a gratidão por
esses frutos. A data também ficou conhecida como Lammas, quando foi
cooptada pelo clero católico que instituiu na data a celebração da “missa do
pão” (Loaf Mass, no idioma original, do qual Lammas é uma corruptela),
uma festividade aos grãos de trigo e da fartura à mesa.
Era bastante celebrado com jogos competitivos de força e habilidade e
tem, de fato, uma energia mais masculina neste festival.
No Brasil, o período corresponde à vindima, o tempo da colheita da
uva no Rio Grande do Sul, quando se pode colher, pisar na uva, beber e
participar da alegria contagiante que toma conta das vinícolas. Os produtores
e a comunidade da serra gaúcha comemoram o esforço de um ano inteiro de
trabalho. É tempo também de colher milho, feijão e soja.
Pode corresponder ao elemento Água, pelas características de colheita
da estação, e, na bruxaria tradicional, sendo o ponto intermediário entre o
Solstício de Verão (Fogo) e o Equinócio de Outono (Água), Lammas
corresponde assim ao vapor, neblina ou brumas.

Equinócio de Outono (20 ou 21 de março)


Em muitos círculos, este festival recebe o nome de Mabon, porém
este é um nome bem polêmico, considerado equivocado. O nome foi cunhado
na década de 1970 por Aidan Kelly, e a palavra galesa nada tem a ver com o
início do outono. Aliás, antes dos anos 70 não havia nenhum festival
chamado Mabon, como também não havia a celebração do próprio equinócio
de outono antes de a bruxaria moderna decidir incluir essa festa na roda do
ano. Existiram sim festivais variados ligados ao período, numa celebração da
colheita, ou das sementes que caem nessa época, mas não ao equinócio em si,
isso falando do que se tem registrado em termos históricos.
Em termos gerais é uma época associada então à colheita e festa de
grãos – uma equação que inclui a cerveja. Era um tempo de organização para
o inverno rigoroso, tempo de estocar sementes e alimento, um tempo que
prenuncia a morte. No entanto, isso não é válido pra nós, já que a terra
brasileira não tem descanso pelo frio, apenas uma rotação de lavouras.
Para nós, é um tempo de colheita farta de frutas, especialmente as
cítricas, também é tempo de finalizar a colheita de arroz, soja e feijão.
Por ser uma festividade de recolher os últimos frutos e grãos e
também pelo prenúncio da estação escura, esta data é associada
tradicionalmente ao elemento Água.

Samhain (30 de abril ou 1 de maio)

Pronuncia-se Sáuen, com uma única sílaba, e a tônica no “a”. Era um


feriado religioso dos Celtas que simbolizava o ano novo para eles e também o
início do período mais frio e escuro. Munidos apenas do que já haviam
apanhado dos campos e pomares, faziam a última colheita antes de se
recolherem completamente para o inverno: a colheita da carne. Esse era o
momento de ceifar a vida dos animais separados para abate e preparar a carne
para durar o máximo possível.
Essa data marca o segundo período onde o véu que nos separa do
invisível fica muito tênue. Assim é possível a comunicação com nossos
mortos e outras entidades não humanas que habitam o outro lado do véu.
Tochas e fogueiras eram acesas pelos caminhos para guiar os mortos até o
mundo dos vivos. É um período de muita força mágica.
Esse tempo de celebração dos mortos tinha lugar no começo de
novembro no Hemisfério Norte, por isso a Igreja se utilizou da mesma data
para instituir a sua festividade de Dia de Todos os Santos ou Dia de Finados.
É tradicional acender velas em casa nesta noite e servir comida e
bebida para nossos ancestrais em um jantar que é feito em absoluto silêncio.
Altares são feitos no período para honrar aqueles que vieram antes de nós, e é
um bom momento de rememorar e contar histórias de nossos familiares
falecidos. No entanto, é também um bom momento para nos conectarmos não
só às raízes ancestrais, mas revisarmos nossas relações com nossos familiares
vivos.
Pode corresponder ao elemento Terra, pelas características de
decomposição, escuridão, submundo e ancestralidade, e, na bruxaria
tradicional, sendo o ponto intermediário entre o Equinócio de Outono (Água)
e o Solstício de Inverno (Terra), Samhain corresponde ao granizo, gelo ou à
lama.

Meio do Inverno – Yule (Solstício de Inverno - 21 de junho)

Yule é o nome dado a um festival pagão germânico, cujos costumes


acabaram fazendo parte da celebração do Natal. O Solstício de Inverno é o
ponto do ano em que o Sol está mais distante do hemisfério onde estamos. É
a noite mais longa, e, ao sobrevivermos a ela, temos a certeza de que o Sol
voltará para nós mais uma vez. A partir dali, os dias vão ganhando pouco a
pouco mais tempo de duração, mesmo que os incrementos sejam de um
minuto a mais de luz diária.
Como é o retorno do Sol, a força vital que infunde nosso planeta, é
considerada a data do retorno ou do nascimento do Deus (há nada menos que
seis deuses solares diferentes que são celebrados no Solstício de Inverno, fica
ao gosto do freguês). Na Roma Antiga a data chamava-se Natalis Solis
Invicti, o nascimento do Sol invicto, que ocorria durante a festa da Saturnália,
a festa do Senhor do Tempo.
Tradicionalmente se celebra a data com pinheiros decorados.
Pinheiros são as únicas árvores que retêm as folhas nos lugares mais frios do
planeta, então elas são lembretes que a vida permanece, embora tudo pareça
dormir ou morrer. Velas eram usadas para chamar o Sol de volta, hoje
representadas pelas luzinhas. Bolos, guirlandas, trocas de presentes e canções
típicas fazem parte da festa que é celebrada dentro de casa e junto da família.
No Hemisfério Norte, a data cai no dia 21 de dezembro.
Há pagãos no Hemisfério Sul que aproveitam e fazem uma adaptação
dos costumes das festas juninas para essa celebração. Afinal, reunir-se com
pessoas queridas tomando vinho quente em torno do fogo também é uma bela
opção para marcar esse período do ano.
Por suas características de fim de ciclo, convite à vida interior, a
escuridão e vida latente, Yule é associado ao elemento Terra.
Imbolc ou Candelária (2 de agosto)

A pronúncia deve ser Ím-molc, com o “b” mudo. A palavra significa


algo que está em gestação, “na barriga”, então fala de sementes sob a terra,
gravidez, lactação e nascimento. É o momento em que se vê nos celeiros os
nascimentos das ovelhas, já que os nascimentos de ovinos se concentram nos
meses de agosto e setembro. Também é notável, nesta época, o retorno do
canto do sabiá, que passa a cortejar as fêmeas em seu período reprodutivo.
É um festival de luz que rompe a escuridão, para começar a sair das
profundezas da escuridão invernal. O feriado religioso Celta da Luz
Crescente originalmente celebrava a Deusa Brigid, e era chamado de
Brigantia. Ela é a deusa irlandesa do fogo, da cura e da inspiração. A Igreja se
apropriou da data e a chamou de Candelária (missa das velas), um nome que
foi adotado pelos bruxos tradicionais que fazem ali seu festival de purificação
e iluminação.
Pode corresponder ao elemento Ar, pelas características de
nascimento do novo e preparação de um novo tempo. Na bruxaria tradicional,
sendo o ponto intermediário entre o Solstício de Inverno (Terra) e o
Equinócio de Primavera (Ar), corresponde à fumaça.
A PIRÂMIDE DOS BRUXOS
Embora muitos bruxos tenham ouvido falar nos quatro pilares da
bruxaria – Saber, Querer, Ousar e Calar – pouco se escreve sobre o assunto e
menos ainda se vê sobre esses preceitos sendo colocados na forma da
Pirâmide dos Bruxos, que tem algumas leves variações em relação a esses
conceitos. O melhor texto que conheço é do clássico Mastering Witchcraft,
de Paul Huson, cuja tradução partilho com os participantes da formação
mágica do Conclave da Rosa e do Espinho, grupo a que dei início em 2015.
Mesmo assim, tenho alguns senões em relação ao texto do Huson,
especialmente quando trata do Silêncio, que vejo de forma distinta.
Quando passei por meu treinamento formal em práticas mágicas e
formação sacerdotal com meu professor americano, foi exigido que eu
confeccionasse um modelo funcional da pirâmide dos bruxos e escrevesse um
documento defendendo o que eu entendia daquilo tudo. Assim, para
complementar a explicação clássica, segue a minha visão sobre essa pirâmide
que é a base de toda prática mágica e cujos componentes somados nos levam
à excelência. Obviamente, como tudo no mundo da magia, os lados da
pirâmide também tem relação com os quatro elementos.

Significado da pirâmide dos bruxos


A pirâmide dos bruxos é um lembrete e um catalizador sobre as
condições indispensáveis que ajudam alguém a alcançar o conhecimento e o
poder dos magos. Ela é como um sistema, se um dos lados está defeituoso ou
falhado, a energia vaza e a magia se torna menos eficiente.
Cada uma das paredes também forma um triângulo, indicando o
princípio por trás da manifestação mágica enraizada no número três. Segundo
a metafísica, para poder manifestar algo, três componentes devem estar
presentes: tempo, espaço e energia. Ao empregar os princípios de cada uma
das laterais, tendo a pirâmide baseada no conhecimento e apoiada no amor, a
energia mágica começa a condensar.

A base da pirâmide – O Conhecimento


A base da pirâmide, bem como de toda prática mágica, é o
Conhecimento. No meu entender, o conhecimento pode vir de muitas fontes
diferentes. Pode ser entendido como inteligência que é iluminada pelo estudo
e absorvida dos livros, mas também pode vir de professores talentosos, da
natureza e das nossas próprias práticas. Porém a primeira fonte de
conhecimento com que devemos nos ocupar é a do “Conhece-te a ti mesmo”.
A compreensão de nossas motivações, intenções, talentos, fraquezas e a
forma como todos esses ingredientes afetam nossos pensamentos,
comportamentos e reações é a base de um trabalho mágico bom e sólido. E
isso exige uma espécie de força, alguém capaz de se abrir para examinar a
sua verdade nua e crua, e aí mora a primeira força da sua pirâmide.

O Interior da pirâmide – O Amor


O Amor, Eros, é a cola de tudo no nosso universo. É a vibração e o
ponto a partir do qual queremos agir e aprender. Deixar de lado emoções
negativas (ódio, avareza, vingança, medo, competição, inveja...) não é fácil,
mas as paredes de nossa pirâmide são apoiadas nessa estrutura interna de
amor, que envolve generosidade, compaixão, respeito, apreço – enfim, tudo
que une, em vez de dividir ou aniquilar. O interior funciona tanto como um
recheio quanto um apoio para as paredes. O amor nos conecta à fonte da
criação, à fonte de tudo, e, assim, deve estar presente para ser vivido e usado
aumentando o poder e qualidade de nossa magia, de forma que sempre vamos
honrar nossas preciosas relações com todos os seres do nosso entorno visível
e invisível.

As quatro paredes
Pense na Pirâmide dos Bruxos como tendo quatro paredes. Cada uma
delas corresponde a um princípio. Unidas, geram energia e poder que se
afunila em um único ponto preciso que, além de ser a soma de tudo, é o ponto
a partir do qual a soma é projetada no cosmos. Os quatro lados, Imaginação,
Vontade, Fé e Segredo, são por vezes mencionados como Saber, Querer,
Ousar e Calar.
IMAGINAÇÃO – A imaginação é nosso poder inato de conjurar em
nossas mentes qualquer cena que desejarmos. Pode ser em um sonho
acordado, fantasias e devaneios, ou na forma de exercícios criativos ou
artísticos. No entanto, esse é um poder dos mais interessantes, pois tudo
aquilo que criamos ou produzimos no plano material precisa primeiro existir
na forma de uma imagem (ninguém assa um bolo sem imaginá-lo antes, cria
uma cadeira sem visualizar seu formato) e também porque nosso cérebro não
sabe diferenciar entre o que vemos com os olhos físicos ou o que vemos
dentro de nossas mentes. A Imaginação como ferramenta e tecnologia deve
ser valorizada e desenvolvida. Por conta de seu princípio de conceber
imagens na mente, está ligada ao elemento Ar.
Uma imagem bem concebida pode evocar emoções fortes que ajudam
a dar vida e movimento à nossa magia. Habilidades potentes de imaginação e
visualização podem ajudar em nossa jornada aos outros mundos e a contatar
entidades de outros planos. Ao aceitar o poder de nossa imaginação e
encorajá-lo, nos disponibilizamos para as experiências espirituais nos
capacitando a visualizar e acessar coisas que nunca vimos e lugares que
jamais visitamos.
Na feitiçaria e em técnicas de visualização criativa, é importante
enxergar com total clareza e vivenciar o resultado desejado nos mínimos
detalhes, envolvendo todos os nossos sentidos – e isso pode ser alcançado
através da capacidade de imaginação.
Einstein dizia: “A imaginação é mais importante que o
conhecimento”. E nas palavras de George Bernard Shaw: “Você vê coisas e
se pergunta ‘Por quê?’. Já eu sonho coisas que não existem e digo, ‘Por que
não?’”.

VONTADE – Uma vontade férrea é necessária para moldar a realidade.


A vontade aqui fala de tomar uma decisão relativa a um desejo que queremos
manifestar. É por isso que é tão importante saber o que de fato queremos, no
cerne do nosso ser.
O grande mago Aleister Crowley dizia que a Verdadeira Vontade é
um dos pontos cruciais que um mago deve desenvolver já que a Vontade
Verdadeira é a base do ser. “Amor é a lei, Amor sob Vontade”, está na lei do
Thelema, a filosofia espiritual desenvolvida por Crowley. A Vontade
Verdadeira é praticamente a quintessência de alguém. Por ter na
autopreservação sua força motriz, é a parte que provavelmente mais reflete o
que a pessoa de fato quer e precisa, mas ela funciona ainda melhor se estiver
alinhada com o Self, o nosso Eu Divino.
Apenas saber o que desejamos e imaginar o resultado final não basta.
Precisamos ter a vontade de tomar a decisão firme de colocar a magia em
movimento, de iniciar a mudança de consciência que possibilita alterar a
realidade.
Para efetuar essa mudança na realidade, precisamos focar no objetivo
com uma vontade inabalável, que não permite que nenhum pensamento
conflitante interfira com nosso desejo imperturbável. Por conta dessas
características, ela se relaciona ao elemento Fogo.
Ao exercermos nossa Vontade e moldarmos a realidade, bem como a
nós mesmos, comungamos com os Deuses, tornamo-nos criadores. E criar
envolve responsabilidade. Quanto mais forte e mais treinada essa Vontade,
mais precisamos cuidar com o que pensamos; definitivamente não podemos
chamar de volta ou revogar qualquer coisa que libertemos no mundo. Saber o
momento de aplicar essa vontade é parte de nossa responsabilidade.

FÉ – Este princípio não é aquele da fé cega e simplória que acredita


ferrenhamente em algo e pronto, que apenas aceita ingenuamente alguma
crença sem criar uma relação com seu eu interior e sua verdade. Aqui ela é a
fé da confiança indestrutível em si e no mistério, no desconhecido.
É esta Fé que nos dá motivos para termos confiança na vida, pois não
vivemos na expectativa de que vá haver uma solução milagrosa que nos é
dada de presente, mas nos arriscamos em situações e circunstâncias sem
medo e sem carregar uma carga de dúvidas.
Fé quer dizer sentir que não estamos sós, mas somos apoiados pelo
universo e ousamos acreditar na força de nosso poder. É através do
entendimento do que está ocorrendo e em nossa confiança absoluta na luz
que brilha internamente que ousamos seguir nosso caminho e lidar com cada
situação que se apresenta.
Sem essa profunda confiança em nós mesmos, em nossas habilidades,
experiência, sonhos e a disposição de penetrar nos mistérios, nossa magia é
inútil, porque sem esse ingrediente intrépido, não vamos jamais nos jogar no
desconhecido. Como diria meu amado professor, Amatheon, “A magia nunca
é segura”.
Essa abertura, ousadia e confiança têm relação com o elemento Água.

SEGREDO – Um mago ou bruxo não deve tagarelar ou contar vantagem


sobre sua vertente, suas práticas, conquistas e sucessos. O maior poder reside
no silêncio, e quanto mais o silêncio for respeitado, mais ela/ele vai adiante
em seu caminho.
Este princípio não se restringe a não falar nada sobre os feitiços que
você está fazendo ou criando porque poderia dissipar seu poder, mas
funciona como uma diretriz de disciplina. Não precisamos exibir nossos
poderes ou fazer alarde sobre nosso estilo de vida (nossas roupas, adereços,
ferramentas, altares, celebrações, rituais, práticas, etc.) – isso pode nos
enfraquecer. Se abrirmos muito espaço para o ego, podemos ser desligados de
nossa fonte de poder, então essa reserva deve ser entendida como prudência,
algo que nada pode corromper ou envenenar. Também o mistério desperta a
curiosidade, aumenta a imaginação, confere sacralidade a tudo que fazemos e
nos dá mais controle. É o mistério que reforça nosso magnetismo também,
essa qualidade elusiva que atrai para nosso círculo as pessoas certas.
Pensando nisso, reflita sobre como essa lateral da pirâmide está
desfalcada ou é ignorada em tempos de mídias sociais. Há o momento de
falar, mas o momento, com muito mais frequência, é de saber ouvir.
Por este princípio de estabelecer limites muito firmes, está
relacionado à energia do elemento Terra.

✽✽✽

Esses seis componentes: Conhecimento, Imaginação, Vontade, Fé,


Silêncio e Amor compõem a Pirâmide dos Bruxos. Dominar esses princípios
ativam o poder da Pirâmide e suas qualidades vão responder à magia que
reside nela. Acrescente a isso o poder da geometria sagrada que é evocado
pela forma piramidal, e você tem nessa fórmula um grande centro catalizador
e um norte para sua vida mágica e mundana.
OS QUATRO NAIPES DO TARÔ
O Tarô, com seu conjunto de 78 cartas recheadas de profundo
simbolismo, é das principais ferramentas oraculares e de estudo das ciências
ocultas. Ninguém sabe muito exatamente de onde surgiu esse conjunto de
cartas, mas há vários pesquisadores que apontam registros históricos da
origem do baralho sendo usado para adivinhação e a evolução das
representações de seu simbolismo a partir da Idade Média.
Há também várias lendas de que a sabedoria contida nas lâminas seria
oriunda de civilizações extintas, como os Atlantes.
Há livros e debates excelentes disponíveis para quem deseja entender
mais e se embrenhar no mundo sensacional dos estudos do que essas cartas
contêm, mas independentemente das teorias sobre sua origem, o tarô é uma
ferramenta viva, amplamente utilizada e que funciona, seja como método de
ler o futuro, de entender o presente, de aconselhamento terapêutico ou de
pura fruição artística – já que existe uma infinidade de baralhos concebidos
por artistas mundo afora.
Vários pesquisadores concordam que os símbolos ali contidos
revelam os passos ou etapas para a evolução da alma humana.
O conjunto de cartas se divide em 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos
Menores. Os Menores, não são menos importantes, mas dão especificidade
aos temas mais gerais trazidos pela presença dos Maiores em uma leitura. Os
Arcanos Menores se subdividem em quatro naipes: espadas, paus, copas e
ouros – cada um desses grupos apresenta uma temática ou essência comum
que informa cartas numéricas, de Ás a Dez, e cartas da corte, que podem ser
representadas como Pajem ou Princesa, Príncipe ou Cavaleiro, Rainha e Rei.
Foi Eteilla, ocultista francês do século XVIII que popularizou o uso
divinatório do tarô, o primeiro a suscitar uma relação explícita entre os quatro
elementos e os naipes. Uma das primeiras pistas é uma divisão de polaridade
masculina e feminina entre eles, divisão essa que também sempre fez parte da
teoria dos elementos, já que Empédocles via os quatro como dois pares de
casais. A divisão atribuía Ar e Fogo ao princípio polar masculino e Água e
Terra, à polaridade feminina. Essa divisão aparece em toda a literatura
alquímica.
Os símbolos de aparência fálica, no caso as espadas e paus, foram
sempre entendidos como masculinos. Os naipes com símbolos de forma mais
arredondada, foram ligados à energia feminina.
A maior parte dos tarólogos modernos concorda e se vale das relações
encontradas no baralho criado por Arthur Edward Waite e Pamela Colman
Smith. A dupla modificou as ilustrações dos arcanos menores, criando cenas
com figuras humanas interagindo entre si e com os símbolos dos naipes.
Onde antes havia apenas o número repetido de objetos, como por exemplo,
cinco moedas ou dez bastões, passou a existir uma cena completa ilustrada.
Waite e Smith eram membros da sociedade secreta Golden Dawn e foi em
1909 que criaram o baralho que seria o mais influente do século que se
seguiu. Para seus naipes, adotaram associações elementais propostas pelo
ocultista francês Eliphas Lévi e transformaram as moedas do naipe de ouros
em pentáculos, que são talismãs mágicos.
Para não deixar nenhuma dúvida da associação entre cada elemento e
o naipe que lhe corresponde, as ilustrações do Rei e da Rainha de cada
conjunto retratam a figura da realeza segurando o objeto do naipe não apenas
em um cenário e ambiente adequado ao reino elemental, mas também
contendo os elementais de cada um discretamente representados
pictoricamente. Então temos, para copas, um cenário de praia e mar, para
espadas, o céu, o deserto quente para paus e ambientes verdejantes,
frutificantes e floridos para ouros.
Para enfatizar o enfoque de magia cerimonial no baralho criado pelos
dois, fez-se questão de que os naipes explicitamente remetessem às
ferramentas básicas de um mago: adaga, varinha, cálice e pentáculo.
No entendimento do tarô, a correspondência entre os atributos do
elemento e cada naipe ficaria assim:

Espadas
Corresponde ao plano mental e ao elemento Ar. Seu símbolo aparece
como espadas ou adagas nas cartas e há uma tendência a cenários com muito
céu, voos e nuvens. É ligado ao plano das ideias, das metas, da imaginação,
do aprendizado e do pensamento. Toca em temas como discernimento,
clareza, comunicação, acordos, mas pode descambar para o sofrimento que
nos trazem os pensamentos e crenças nocivas e repetitivas.
Paus
Corresponde ao plano espiritual, energético, vital e ao elemento Fogo.
Seu símbolo pode surgir como bastões de madeira, clavas, varinhas mágicas
ou cajados, e há uma tendência a cenários com imagens de deserto e sol
causticante. É ligado ao plano das decisões, das ações, das motivações e o
rumo para o qual nos levam, além de confiança, sucesso e elementos de
transcendência. Toca em temas como energia vital, iniciativa, poder de ação e
poder pessoal, mas também fala das lutas que travamos para provar nossa
verdade ou tentar subjugar o outro.

Copas
Corresponde ao plano emocional e sentimental e ao elemento Água.
Seu símbolo aparece como taças, cálices, caldeirões ou copos e há uma
tendência a cenários com fontes, rios, cachoeiras e o mar. É ligado ao plano
abstrato das emoções, do sonho, devaneio, da percepção sensorial e sensitiva
e do desejo, principalmente o amoroso. Toca em temas como compaixão pela
humanidade, bondade, plenitude e parceria amorosa, mas também fala do
egoísmo, do ciúme e da crença na nossa falta de valor e merecimento.

Ouros
Corresponde ao plano material e ao elemento Terra. Seu símbolo
aparece como moedas, pentáculos ou discos e há uma tendência a cenários de
plantações ou então muito verdes, plenos de frutas e flores. É ligado ao plano
da posse, da aquisição, controle, riqueza, materialidade, fartura e
prosperidade. Toca em temas como abundância material, frutificação,
colheita de esforços, fim de um caminho percorrido, família, trabalho e casa,
mas também da necessidade, da falta, e da transitoriedade da matéria.
AS FERRAMENTAS E OBJETOS DE CADA
ELEMENTO
Vassoura, cajado e caldeirão são das primeiras ferramentas que vêm à
mente quando as pessoas pensam na imagem de um bruxo, feiticeiro ou
mago. É quase como se a imagem mítica e arquetípica dessa figura que
transgride as leis dos reinos naturais fosse intrinsicamente ligada às
ferramentas que usa. Também há a varinha mágica, ou a de condão, claro, se
estiver nas mãos de uma fada-madrinha.
A verdade é que todos que trabalham com magia se valem de um
arsenal de ferramentas para auxiliar nas diferentes partes desta Arte, e cada
ferramenta tem propriedades e correspondências próprias. Comum a todas é o
fato de serem apenas uma manifestação externa que auxilia na concentração e
potencialização de um poder que está dentro do praticante.
Acontece de algumas pessoas começarem se sentindo meio tolas
usando as ferramentas, outras usam como se fosse um instrumento cênico,
num teatro ritual que estão fazendo, mas se varinhas e espadas forem
movidas por gestos vazios, estarão desprovidas do poder que caberia a elas
portar e condensar.
Os instrumentos não são acessórios psicológicos, preparados de forma
adequada, consagrados e carregados magicamente pelo uso ao longo dos
anos, eles se tornam reservatórios de energia. Porém, para que possam
acessar e liberar esse poder, é preciso uma consonância entre a mente e o
emocional do bruxo com o uso da ferramenta, ou seja, é preciso acreditar
com cada fibra do seu corpo que aquela ferramenta está tendo a função e
efeito que você pretende para ela, não há espaço para a dúvida.
Antigamente, era tradicional fabricar as próprias ferramentas, e é
sensacional um ceramista fazer seu cálice, e alguém que saiba forjar metal
poder fazer sua adaga ou espada, mas hoje a maior parte dos praticantes se
contenta em preparar e fazer sua própria varinha. De fato, a varinha, na minha
tradição, é a ferramenta mais importante, por ser o instrumento da vontade de
quem a porta, e deve sempre ser feita pelo próprio bruxo, nunca comprada
pronta.
Outra abordagem bastante tradicional é de jamais pechinchar, regatear
ou pedir desconto no preço da ferramenta que interessa comprar. Pague de
bom grado o valor pedido ou não compre se não estiver ao seu alcance.
Pode comprar instrumentos usados. Há cálices lindos em lojas de
antiguidades, facas e espadas maravilhosas também. Mas atenção, caso sua
tradição não permita que a lâmina tenha algum dia feito sangrar um ser vivo,
é bom investigar se a espada de 1840 que você está comprando foi usada em
alguma revolução ou se o punhal usado abriu um javali ou perdiz.
Oráculos, incensários, turíbulos, pilões, pratos, vassouras, estacas,
leques, bastões e cristais são instrumentos mágicos que cada um pode usar
segundo sua instrução ou tradição, mas os básicos, que são comuns à Magia
Cerimonial, Bruxaria Tradicional, Wicca e derivativos, lembram os naipes do
tarô. No entanto, vale lembrar que, muito antigamente, esses instrumentos
todos eram objetos comuns encontrados nas casas das pessoas, pois ninguém
tinha o interesse de chamar a atenção sobre si em tempos de perseguição
religiosa, ainda mais nos tempos da inquisição.
AR

Ferramenta mágica: faca, adaga, athame, flecha, lança e espada.


Simbolismo da ferramenta: é a espada do conhecimento que penetra
a escuridão da ignorância e da confusão mental com sua luz precisa da
consciência. O simbolismo do fio se relaciona à lâmina cortante do intelecto.
Essa imagem da luz que penetra a escuridão lembra muito os primeiros raios
de sol da manhã, horário que justamente corresponde ao Ar e ao Leste. A
vitória do Sol também corresponde às imagens de tantos heróis mitológicos,
sempre empunhando espadas, por tantas vezes, mágicas, como a Excalibur do
Rei Arthur ou a Espada de Nuada na mitologia irlandesa.
A lâmina da adaga tem poder de delimitar, dividindo o verdadeiro do
falso, conhecimento e ignorância e também este mundo do plano invisível,
por isso em tantas tradições esta é a ferramenta usada para traçar o círculo
mágico. A espada é usada da mesma forma, mas os resultados são
amplificados.
A adaga mágica ou punhal, muitas vezes chamada de athame, em
geral, não precisa ter fio. Em algumas tradições ela jamais deve ser usada
para cortar nada, em outras, pode cortar ervas, cordões e entalhar palavras e
símbolos em cera e madeira. Na bruxaria tradicional é costume ter uma faca
afiada de lâmina simples, com cabo de osso, chifre ou madeira, e deve ser
feita pelo bruxo ou recebida de presente. Pode ser usada para entalhar, cortar,
cavar buracos, etc. Se a faca lhe servir bem em questões mundanas, será
ainda de maior confiança no astral.
Todos os instrumentos listados para o Ar, por seu simbolismo, são
usados para focar pensamentos dispersos, eliminar pensamentos negativos e
dirigir pensamentos conscienciosos além de definir limites. A flecha e a lança
representam o conhecimento em ação, alçando voo além de nós mesmos
rumo a um alvo preciso. É um símbolo fálico, e a união da adaga com o
cálice representa um ato sexual.

FOGO
Ferramenta mágica: a varinha, a haste, a lança ou o cajado.
Simbolismo da ferramenta: a varinha e o cajado aparecem em várias
histórias e mitos em estreita relação com a presença de um mago e está
sempre associada à expressão da vontade deste mago. Ele diz as palavras
mágicas ou engaja suas forças psíquicas e direciona a varinha ou bastão
apontando para onde deseja manifestar seu efeito. A varinha, mesmo a de
condão, sempre é apontada em determinada direção ou chega a tocar aquilo
que vai passar por uma mudança ou transformação.
O fato de ser feita da madeira do ramo de uma árvore aponta para
características de crescimento e criatividade.
A varinha é usada para conjurar e direcionar energia e também ajuda a
direcionar o portador para aquilo que é mais benéfico a ele. Ela também é
capaz de banir influências ou espíritos e conjurar as entidades desejadas.
Como estaca ou cajado, pode absorver e estocar energias da terra, servir de
altar para trabalhos na mata, e conectar o solo com o céu, fazendo o papel de
árvore do mundo. A lança, além de dirigir a vontade, tem o bônus da precisão
e capacidade de perfuração concedidas pela ponta afiada.
Tradicionalmente uma varinha deve ser do tamanho do antebraço do
usuário, desde a ponta do dedo médio até o cotovelo, de preferência sendo
confeccionada a partir de um ramo caído. Se for cortar da árvore, peça
permissão à planta e agradeça depois. Entalhe, desenhe, decore como desejar.
Ela deve ser quase uma miniatura energética de tudo que for referente à sua
vontade, suas características mais fortes, sua garra e sua capacidade de
comando.
Seja como varinha, cajado ou haste, é evidente a alusão desta
ferramenta à anatomia íntima masculina e sua habilidade de direcionar a
semente criativa e dar a vida, representando assim a criatividade e força vital
do portador direcionadas ao seu objetivo.

ÁGUA
Ferramenta mágica: taça, tigela, cálice e caldeirão.
Simbolismo da ferramenta: todas as versões possíveis para esse
instrumento são objetos que contêm principalmente líquidos. Pelo formato
arredondado e a alusão ao útero e ao ventre, são símbolos da capacidade da
fêmea de conter, gestar e nutrir. Simbolizam o poder de criar, o contato com
o plano emocional, com as memórias, com a ancestralidade e também a tudo
que alimenta o corpo, a alma e o coração.
A relação com o líquido também alude às águas originais do planeta e
ao grande oceano que deu origem à toda a vida na Terra, entrando no
território do arquétipo da Grande Mãe. Assim, também se estabelece uma
relação com a lua, por conta das marés, com isto, é no cálice ou na tigela
onde se captura e abençoa a água buscando conter ali o reflexo da lua cheia.
Esse instrumento que se configura em receptáculo arredondado pode
refletir as quatro faces da Deusa seguindo as fases da lua: representa a
Donzela, no processo de ser preenchido de líquido, a Mãe, quando está cheio
e pleno, a Feiticeira, ao derramar e minguar seu conteúdo, e a Anciã, quando
retorna ao vazio original.
O cálice é usado para bebidas consagradas (água, vinho, hidromel,
suco), e o líquido é transformado pelo intento do portador, representando o
poder e a alegria da divindade. Também se usa a tigela para deixar oferendas
ou descansar ingredientes ou misturas que precisem absorver energias da
noite ou do dia, ou então à espera do momento mais propício para seu uso.
As tigelas podem ser feitas de madeira, argila, coco, cabaça ou chifre.
O cálice pode ser de osso, metal (verifique se ele não se altera com a acidez
do vinho) ou feito em cerâmica, e deve ter as bordas levemente voltadas para
fora, dando a sensação de formar quase um lábio. O caldeirão é ótimo para
cozinhar, misturar poções ou então queimar ervas em carvão ou acender um
fogo ritualístico. Tenha caldeirões separados para fogo e para líquidos, pois a
manutenção é completamente diferente. Um caldeirão de queimas se desgasta
mais e sempre fica com fuligem grossa ou cinza, seria impossível retirar esses
detritos completamente para ali ferver algo para ser consumido como bebida
ou comida.
Quando um cálice é usado de forma apropriada, pode gerar uma nova
vida espiritual e manifestar as emoções, esperanças e imaginação daquele o
que o segura. O caldeirão é usado da mesma forma, mas com mais poder e
uma representação elemental aumentada. É uma porta para o outro mundo
como também um símbolo do nascimento e da morte.

TERRA
Ferramenta mágica: pentáculo, espelho, tambor xamânico/celta,
escudo
Simbolismo da ferramenta: o pentagrama é o símbolo mais
tradicional da Arte e o pentáculo, que é o disco com o pentagrama inscrito
dentro de um círculo, simbolizando os quatro elementos em perfeito
equilíbrio com o quinto, o Éter ou o Espírito, que guia seu propósito. Ele nos
lembra que cada um dos elementos está presente na composição de todas as
coisas e sempre em relação um com o outro.
O pentáculo pode ser de metal, madeira, pedra ou cerâmica, e
funciona como um aparelho de aterramento, recebendo energias espirituais
cruas e as equalizando para uso e direção em um ritual. Quando usado como
escudo, bloqueia e recebe energias voláteis, neutralizando-as ou devolvendo-
as para a fonte originadora. Você pode colocar sobre ele talismãs, comida, ou
qualquer outra coisa que deseje equalizar e potencializar.
O Espelho se refere a um disco de obsidiana ou um vidro redondo
côncavo pintado com tinta negra especial usada para scrying (busca de
visões). O Tambor é o encontro do espírito da Árvore com o espírito Animal.
A fusão da vida desses dois reinos se torna assim o pulsar do coração da Mãe
Terra. Este pulsar auxilia os estados discretos de consciência, invoca
energias, chamando entidades ou também mandando embora as energias
negativas. O Escudo é usado de forma similar ao pentáculo, porém com
maior poder e uma representação elemental aumentada.
Vale comentar que o pentagrama é uma estrela, e, com ela, vem o
conceito de estrela guia. Os navegadores sempre se guiaram por estrelas para
encontrar seu rumo, assim temos no Cruzeiro do Sul no Hemisfério Sul, e a
Estrela Polar, na constelação da Ursa Menor, para os navegantes do
Hemisfério Norte. Em uma das metades da Terra, somos guiados pelo Sul, na
outra, pelo Norte; mais um lindo exemplo da relação espelhada que temos
entre os dois hemisférios.
OS SERES ELEMENTAIS E SUA AÇÃO EM
NÓS
Os elementais são energias que podem tomar diferentes formas e
servem para criar, equilibrar, curar e manter o mundo natural, desde o
crescimento das plantas, até o equilíbrio mineral e o desenvolvimento dos
nossos corpos. Eles coexistem conosco, porém no plano astral, em uma
espécie de sobreposição dimensional. Foi Paracelso, o grande alquimista
suíço, quem primeiro atribuiu a esses seres a relação com o elemento de cada
um, chamando-os de Sílfides (Ar), Salamandras (Fogo), Ondinas (Água) e
Gnomos (Terra).
Chamamos de elementais os espíritos da natureza que são associados
unicamente a um elemento, o qual os compõem com exclusividade. Por essa
simplicidade de composição, são considerados primordiais e latentes, são
centros de força, com desejos instintivos, mas sem consciência tal como a
entendemos. São a alma de seu elemento e seus atos não são compreendidos
como sendo nem bons nem maus. Não possuem espíritos imortais e também
não têm corpos físicos, mas são compostos de uma essência elástica e etérea.
Várias tradições de magia, trabalhadores energéticos e praticantes da
Grande Arte veem os seres da natureza – a quem chamamos de fadas,
elementais e encantados – como seres reais, e não uma mera alegoria ou
metáforas que surgem nas diversas mitologias e cosmologias. É desse
pressuposto que parto para o que será comentado neste capítulo, de que nossa
relação com esses seres, mesmo sendo habitantes do invisível, é tangível e
real.
Uma explicação para a relação tão próxima que desenvolvem conosco
tem a ver com a origem dos bebês:
Segundo algumas tradições, a energia de uma união sexual entre
homem e mulher no instante em que a mulher está fértil abre um canal direto
com uma espécie de “caldo espiritual”, um caldeirão coletivo de almas que é
chamado a dar uma olhada no que está acontecendo. Quando se dá a parte
física, ou seja, a união do óvulo com o espermatozoide, abre-se um cálice da
concepção sobre o casal, e uma das almas descende até esse cálice. Ao
descer, canta, e os elementais escutam a melodia. Se a alma consegue se
conectar ao embrião recém formado, quatro elementais – uma sílfide, uma
salamandra, uma ondina e um gnomo – colaboram se fazendo presentes numa
comunhão total para a composição do corpo físico que acolherá o espírito.
Os elementais são entidades independentes, o que indica que nenhum
de nós é de fato um indivíduo strictu sensu, mas que somos sim compostos
por um coletivo, somos seres simbiontes.
Isso explica também a forma com que nossos corpos de decompõem:
primeiro, o alento deixa o corpo quando o elemental do Ar se despede. A
seguir, ele esfria, com a perda do calor e do elemental do Fogo. Resseca e
enrijece com a despedida da Água, e a parte sólida, que é a Terra, ainda
resiste um bom tempo, mas eventualmente também se desfaz e acaba se
decompondo e formando o solo que depois fará parte da composição de
outros seres vivos.
É interessante pensar que os elementais não têm apenas a função, mas
também o desejo de ajudar na criação do nosso corpo, para que nosso espírito
possa se manifestar no planeta e, como têm vontade própria, se algum deles
decide abandonar o barco, nós morremos. Pense bem, existem quatro seres
elementais que nos amam tanto a ponto de dedicarem suas existências a nos
dar um corpo para que possamos viver.
Agradeça o amor e a presença deles, seja gentil consigo e cuide bem
deles. Lembre-se que a cada momento da sua vida, você é profundamente
amado por cada um de seus elementais.
Cada pessoa, portanto, possui uma salamandra, uma sílfide, uma
ondina e um gnomo próprios, um de cada elemento. Como são feitos daquele
elemento, esses seres são também nossos professores, de prontidão a cada
instante, dispostos a compartilhar conosco seu conhecimento e seus
presentes, contanto que a gente aquiete a mente e aguce os sentidos para
entender suas mensagens

As Sílfides e os espíritos do ar

No hermetismo e nas cosmologias das tradições neopagãs, elas


servem ao Rei do Ar, Paralda. Elas estão mais alinhadas com a ideia geral
que se tem de fadas do que os outros elementais. Trabalham muitas vezes
lado a lado com anjos, são parte da força criativa do ar e seu trabalho resulta
tanto na brisa suave de verão quanto na força de um tornado.
Estão envolvidas nos eventos climáticos, no formato das nuvens, são
capazes de perceber ou provocar mudanças no vento, umidade, temperatura e
pressão atmosférica. Como seu habitat é o ar, sua função é cuidar da
integridade da atmosfera terrestre. Quando inspiramos profundamente e
sentimos um ar bem puro, estamos reconhecendo o resultado do trabalho
desses seres. Algumas têm funções especiais em relação ao ser humano,
como aliviar o sofrimento ou ajudar na travessia das crianças que morrem.
Elas podem até assumir o papel de anjo da guarda temporário.
Sua aparência tende a ser determinada pelas nossas crenças em
relação a esses seres, mas em geral são muito delicados e etéreos, dotados de
grande beleza e harmonia física e intelectual, com intenso domínio artístico.
Em geral são vistas com forma humana, mas transparentes, etéreas e bastante
assexuadas, e inspiram isso nas pessoas. Quem tem muita atividade sílfidica
na sua volta com frequência não têm o sexo na sua lista de prioridades na
vida. É comum essa energia vital na forma de libido ser direcionada às áreas
do aprendizado, do trabalho ou criatividade.
Podem aparecer como um clarão de luz contra o azul do céu, ou
podem aparentar ser pequenas figuras aladas. É importante lembrar que esses
seres são energias e podem variar de forma, então mantenha a mente aberta.
Quando fazem questão de deixar claro que estão presentes, podem fazer voar
seu boné ou algum papel, para você perseguir, rolando sempre um pouco
além do seu alcance, ou podem tomar a forma de um inseto alado ou
passarinho que surge e desaparece em circunstâncias não usuais, por exemplo
uma abelha pousando no seu braço à meia-noite. São atraídas pela música e
instrumentos de sopro. Até mesmo algo simples como assobiar pode atrair os
seres do ar para perto de você.
Nossa sílfide pessoal nos ajuda a manter nosso desenvolvimento
mental, estimulando novos conhecimentos, criatividade e inspiração.
As sílfides trabalham para limpar e elevar nossos pensamentos e
nossa inteligência. Sendo assim, são profundamente afetadas por tudo que
pensamos. Nossa habilidade de lidar com elas é determinada pela capacidade
de controlar os pensamentos.
Trabalhe com elas para desenvolver suas habilidades em
clariaudiência e telepatia. Elas podem adicionar poder às nossas palavras e
aumentar seus efeitos e adoram pessoas que escrevem e leem poesia, pois a
poesia é a música das palavras. Também ajudam a reconhecer e usar os
ventos da mudança em todos os aspectos, desde trabalhar com o clima até as
grandes transições da vida. No nível físico, auxiliam a aliviar a dor e o
sofrimento, bem como a assimilar o oxigênio do ar que respiramos.
Exposição à poluição, cigarro e também pensamentos negativos afetam a
aparência de sua sílfide e sua eficácia na sua vida.
Benefícios de conexão com a energia do Ar e as sílfides são:
equilíbrio mental, liberdade, curiosidade, capacidade de verbalizar nossas
percepções, música, palavra escrita e poesia, além da capacidade de
raciocínio e de solução de problemas. Com elas, aprendemos a relação entre
todas as coisas entendendo a grande teia que tudo conecta, nos ajudando
inclusive com experiências místicas.
Também são boas para ajudar na proteção da casa e das propriedades.
A energia delas é muito forte e podem confundir possíveis invasores,
deixando-os preocupados ou pensando duas vezes antes de invadir seu
ambiente.
Para viver em equilíbrio com sua sílfide e o elemento ar, é preciso
manter uma abordagem consistente em relação à vida. Quando sentir que sua
vida está dispersa, crie objetivos e vá atrás, rotina e disciplina são importantes
para equilibrar o ar.

As Salamandras e os espíritos do fogo

Elas servem ao Rei do Fogo, Djinn. Estão por toda a parte, nenhum
fogo é aceso, nenhum fósforo é riscado sem sua ajuda, nenhum calor existe
sem sua presença. Sua energia concentrada causa explosões, mas também são
encontradas na presença das batidas percussivas de vários ritmos musicais.
Os espíritos do fogo são evocados pelo calor e pelas chamas e,
embora raramente se manifestem com forma animal, quando percebidas pela
visão psíquica, movem-se com ondulações serpenteantes saindo de dentro das
chamas, aparecendo como dragões, libélulas, cobras e outros répteis. Sua
presença estimula a paixão, tanto a sexual quanto o tesão por projetos ou por
estar vivo. Durante o verão, acumulam calor e energia para suportarem os
meses frios. Têm um amor pela música e são atraídos por ela, especialmente
no processo de composição musical. Compositores e poetas têm muito a
ganhar ao se sintonizarem com essas entidades. Porém, suas energias são
difíceis de controlar, portanto use com cautela, sua natureza incendiária pode
ser um perigo para aqueles que sofrem com a falta do elemento terra.
As salamandras despertam reações emocionais poderosas nos
humanos. Tendem a se comunicar por imagens e ritmos, embora possam falar
direto à sua mente também, colorindo nossas percepções e despertando o
entusiasmo. Fortalecem a aura, para que possamos melhor comungar com as
forças espirituais, ensinam sobre transformação espiritual em vibrações que
colaboram com a aniquilação de tudo que é velho para a construção do novo
em nossas vidas, são destrutivas e criativas assim como o fogo. Não é fácil
entender e se conectar a elas, o fogo é um reino de mistérios profundos.
Nossa salamandra pessoal nos ajuda a governar nossa temperatura
central e regular o metabolismo do corpo, um metabolismo lento é indicação
de uma salamandra preguiçosa. Seus maiores talentos são para despertar
nosso ardor espiritual e erótico, além de se se fazerem presentes nos trabalhos
de cura e são muito eficazes quando a intenção é desintoxicar o corpo.
Sua salamandra vai lhe ajudar no processo de se tornar mais assertivo
e firme. Sua presença e a eficácia de suas funções são prejudicadas quando
usamos a energia vital de forma descuidada ou sem dar atenção ao bem estar
físico; em nível mais macrocósmico, sofrem com a contaminação por uma
guerra atômica.
Para buscar o equilíbrio com sua salamandra ou energia elemental de
Fogo, é preciso manter um controle calmo e plácido. Como são mestres da
força de vontade, para interagir com elas, precisamos resolver em nós os
conflitos internos ligados ao amor, ao poder e à sabedoria. Quando sentir suas
chamas ardendo fora de controle com facilidade, é hora de invocar as
qualidades do contentamento e da paz. Com uma força silenciosa e calma,
medite sobre o espírito e foque no seu centro, o que vai lhe trazer de volta ao
equilíbrio com sua salamandra, trabalhe a aceitação das circunstâncias e
paciência para lidar com o que lhe assola.
Os benefícios de se sintonizar com elas é que estimulam a
criatividade, a coragem, vitalidade, lealdade, e a visão de uma vida elevada e
espiritual. Podem ajudar a desenvolver e controlar a energia da kundalini e
nos fazem atentar para quando estamos desperdiçando energia vital com
excessos dos prazeres. Ajudam a desenvolver a vontade mágica e ensinam a
reconhecer as leis de causa e efeito e entendermos o verdadeiro significado
do poder.

As Ondinas e os espíritos da água

No hermetismo e nas tradições neopagãs, as ondinas atendem a Niksa,


Rei da Água. Tradicionalmente, elas habitam e protegem os corpos aquáticos
e são encontradas em qualquer fonte natural de água, até mesmo na chuva.
Dividem com o mundo a sua energia ligada ao nascimento, intuição e
expressão emocional.
Os espíritos que habitam as águas tendem a formas muito belas,
muitas vezes femininas. Sereias e tritões são exemplos da energia aquática
altamente desenvolvida, uma espécie de encantado que trabalha com a água.
As ondinas são menos complexas e sujeitas à mortalidade, embora um pouco
mais resistentes que os gnomos.
Com foco psíquico, ondinas podem ser percebidas como tubos d’água
em movimento. Quando se manifestarem de forma evidente, você pode sentir
uma atração muito forte pela água e pode sentir uma alteração do foco da
energia na própria água. Elas fazem sons de gargarejo e podem respingar em
você, provocando uma vontade de brincar e rir de alegria. Podem tomar
forma de criaturas marinhas ou enviar mensagens por animais que vivem
entre a terra e a água como tartarugas e sapos. A forma com que se
apresentam vai depender da predisposição da nossa mente. Podem também
marcar sua presença em sonhos ligados à água e sensualidade, nos
impulsionando a mais criatividade e êxtase em nossas vidas. São seres de
sensualidade refinada, ligadas ao erotismo alegre presente na natureza.
Em nós, sua presença aumenta a capacidade de sentir compaixão,
podem inspirar amor, imaginação criativa, intuição e conceder proteção e
alívio emocional.
Elas auxiliam no funcionamento do sangue e dos fluídos linfáticos. A
exposição ao álcool, toxinas, emoções reprimidas e o ódio afeta sua aparência
e eficácia em nossas vidas. Elas também ajudam na manutenção de nosso
corpo astral e no despertar do nosso corpo emocional, desenvolvendo em nós
um poder psíquico aumentado, e melhorando nossa capacidade de assimilar
as experiências da vida. Trabalhe com elas para desenvolver intuição e
clarividência, lucidez nos sonhos e a fortalecer seu corpo astral para ter
experiências totalmente conscientes fora do corpo. Para desenvolver seu
equilíbrio com elas e com a Água, é preciso manter firmeza.

Os Gnomos e os espíritos da terra

Gnomos servem ao rei do elemento Terra, Ghob. Sua missão é de


manter a estrutura física e o bem estar do planeta, criando as diferentes cores
e formas nas quais tudo se expressa, seja no reino animal, vegetal ou mineral.
São renomados guardiões e criadores das pedras preciosas, dos minerais e
tesouros que se encontram nas profundezas do solo. Auxiliam os seres
humanos a entender e trabalhar em harmonia com as energias terrenas e seus
mistérios.
Há centenas de espíritos da Terra e energias que têm seus propósitos
específicos como também seu território e suas casas, mas suas formas podem
variar de acordo com a cultura e o lugar. Com foco psíquico, podem ser
percebidos como sendo bastante pequenos, porém pesados e robustos,
lembrando homenzinhos e mulheres fortes. Podem ou não lembrar as figuras
dos livros infantis. A maioria dos livros sobre os cidadãos do reino feérico, o
reino dos encantados, conta com imagens feitas por artistas representando
como percebem essas energias. É comum sentirmos a presença de gnomos ou
outros espíritos da terra em um galpão, depósito, adega ou caverna, ou seja,
locais escuros, fechados e muitas vezes úmidos. São vistos mais facilmente
ao anoitecer e sua presença é em geral anunciada pelo comportamento de
mamíferos. Diz-se que podem se queimar com o fogo e que seriam tão
vulneráveis à idade e à morte quanto nós.
Em termos físicos, trabalham para manter nosso corpo, cuidando do
nosso equilíbrio químico e mineral. O uso de drogas, comida em excesso,
sedentarismo, poluição e ganância afetam a aparência dos nosso gnomo
pessoal e sua eficácia na nossa vida. Eles nos ensinam a ter atenção e cuidado
com o corpo físico, além de domínio sobre nossos sentidos, a desenvolver
resistência e termos persistência. Quem trabalha com artesanato pode se
beneficiar do contato com eles, pois são habilidosos em todos os trabalhos
manuais. Outro dom que ajudam a desenvolver é a psicometria, percepção de
impressões deixadas em objetos, a radiestesia, medição de forças energéticas
no ambiente e no corpo, cura com cristais e medicina com ervas.
Para encontrar o equilíbrio na sua relação com seu elemental da Terra,
é preciso desenvolver uma atitude de respeito e generosidade jovial. O
equilíbrio vem através do reconhecimento dos presentes que recebemos e da
origem da ajuda, depois é importante lembrar de partilharmos nossos
presentes, tempo ou conhecimento ajudando a quem precisa. Gnomos
também ensinam que, se estivermos passando por alguma dificuldade,
deveremos ter a humildade de pedir ajuda sem medo.
Sintonizar-se com os gnomos e espíritos da terra estimula nossos
sentidos e desperta nossa reverência pelo planeta, eles desenvolvem nossa
determinação em conquistar nossos objetivos, nos tornam conscientes das
avarezas e manipulações em nós mesmos e nos outros, guardam o
conhecimento curativo de plantas e minerais, podem restabelecer a alegria
infantil com coisas simples da vida e nos ensinar a utilizar a energia terrestre,
a do corpo humano ou a dos animais.
Parte 3. Os quatro elementos em diferentes sistemas
e áreas do conhecimento

Magos e bruxos amam correspondências, sempre procurando similitudes, no


estilo “a isso corresponde aquele outro”, algo que rege outra coisa ou com ela
tem relação. Isso pode ser constatado em toda a literatura mágica ocidental.
Nem todo mundo concorda ou aprova, algumas correspondências parecem
absurdas e sem sentido, mas várias delas vêm de magos de renome e suas
relações foram comprovadas e testadas na prática muitas vezes ao longo de
séculos.
Quanto maior uma força, mais ampla sua ação, logo mais
correspondências terá. Na magia ocidental, as maiores forças com as quais
podemos trabalhar são os planetas e os elementos, portanto, magos famosos
procuraram descobrir correspondências entre cada elemento e certas plantas,
óleos, pedras, ventos, metais, ferramentas, chakras, aspectos da alma,
estações do ano, além de também, claro, entre os próprios planetas e os
elementos.
Algumas das correspondências apresentadas ao longo deste livro não
seguem as visões mais tradicionais, como por exemplo a de Cornelius
Agrippa, que escreveu seus “Três Livros da Sabedoria Oculta” no século
XVI, mas são derivações baseadas em uma confluência de outros autores
mais modernos listados na bibliografia e também em experiências próprias.
Em alguns sistemas, os planetas Júpiter e Plutão ficam de fora dessa
correlação com os elementos. Porém, para mim, Plutão tem uma ligação
fortíssima com a própria terra, por ser o Deus do submundo – que é o grande
fertilizador e regenerador. Poderia se defender também que está ligado à
água, por reger Escorpião, um signo de água. Já Júpiter aparece ligado a
diferentes elementos em registros variados. Pode estar relacionado à água
(era o antigo regente de Peixes), ao fogo (rege Sagitário) e até ao ar (dizem
que pelo tamanho dele e por ser gasoso e expansivo). Esse astro tem mesmo
uma relação forte com o plano espiritual, rege a religiosidade, as crenças e o
fervor transcendental. Sendo assim, como na correspondência básica com os
quatro elementos a força espiritual estaria ligada ao fogo, acabei incluindo-o
na lista dos planetas ligados a esse elemento, embora ele não conste como
uma correspondência oficial para o fogo. Fica a critério do leitor e suas
futuras descobertas e experiências mágicas decidir onde esses dois se
encaixam.
OS QUATRO HUMORES
Outro cientista e filósofo grego que utilizava a ideia dos quatro
elementos ligados a quatro tipos de personalidade foi Hipócrates que, no
século V aEC, afirmou que os elementos correspondiam aos fluidos do corpo:
o sangue, a fleuma, a bile amarela e a bile negra.
A filosofia naturalista dos gregos também falava em quatro
propriedades radicais: seco, úmido, quente e frio. Aristóteles em sua obra
“Meteorologia”, dizia que os elementos surgem da interação entre essas
propriedades de calor e frio, com secura e umidade. Umidade seria a
qualidade de tudo que é fluido e flexível, que permite que algo se adapte a
condições externas. Está ligada à capacidade de diluição e penetrabilidade
com tendência a suavizar e moderar. Secura é a qualidade da rigidez, que
permite que algo defina sua própria forma. Calor é o poder de separação que
permite que a substância fique leve e centrífuga, o frio deixa a substância
pesada e centrípeta, para que possa se misturar às outras. Assim, o fogo é
quente e seco, o ar é quente e úmido, a água é fria e úmida, e a terra é fria e
seca. Cada um dos elementos possui duas dessas propriedades, mas partilha
suas qualidades com outros, nos quais ele poderia então se transformar pela
ação da característica que possuem em comum – e essa é uma das crenças
alquímicas na transmutação. Um exemplo seria a água se transformar em
“terra” (solidez) pela ação do frio, ou seja, a formação de um cubo de gelo;
ou do ar em água, pois é a quantidade de umidade que faz chover uma
nuvem.
Os médicos na antiguidade começaram a utilizar esse princípio
organizador para tentar compreender os grupos humanos, reduzindo sua
diversidade dividindo as pessoas de acordo com o humor preponderante que
poderia ser constatado em cada uma.
Cláudio Galeno (século II da EC) foi um desses médicos que
disseminou a doutrina dos humores que constituíam quatro temperamentos
básicos de acordo com a mistura desigual dos elementos e dos fluidos nos
corpos dos indivíduos. Se predominasse o sangue, teríamos os sanguíneos, os
que tivessem predomínio de bile amarela seriam os coléricos, fleumáticos
eram chamados os que tinham excesso de fleuma, e melancólicos aqueles
com excesso de bile negra. Os nomes desses humores, que mais adiante
viraram uma forma de dividir a humanidade em tipos, lembram patologias e,
mesmo que muitos as considerem ultrapassadas, essas palavras e a tipologia
permanecem presentes em nossa linguagem moderna, afinal os ingleses
seguem sendo considerados um povo fleumático, por exemplo.
Os médicos de hoje não identificariam um estado emocional
diretamente com a constituição do fluxo sanguíneo ou linfático, mas foi
assim por muito tempo. Os humores tinham correlações não só com os
elementos, mas com estação do ano e parte do corpo que rege o
temperamento associado. Na teoria Clássica, a classificação se baseia na
diferença perceptível do domínio das emoções ou afetividad, e havia um
esforço de técnicas para equilibrar os humores e assim manter os pacientes
saudáveis e plenos.
Sendo uma tipologia bastante superficial e ligada ao que a pessoa
aparenta, ficou assim registrado que uma pessoa fleumática é caracterizada
por lentidão e calma, quem é sanguíneo é audaz e amigável, os melancólicos
são abatidos, e os coléricos são de comportamento raivoso e agressivo.
Abaixo cada um dos temperamentos humorais é listado com a
descrição de suas características.

Melancólico: corresponde à bile negra, ao elemento Terra, ao


inverno.
Sua principal característica é o perfeccionismo, têm sempre um ideal
a que buscam incessantemente. Isso pode se traduzir em atenção,
perseverança e determinação, mas também pode levar a uma constante
insatisfação com aquilo que é capaz de produzir e também a uma crítica
severa sobre si e os outros. São extremamente preocupados e sempre pensam
e ponderam muito antes de agir. São organizados, responsáveis, prudentes e
concentrados. Podem ser vistos como egoístas, pois são mais introvertidos e
preferem ficar a sós com seus pensamentos e seus pertences.
Mesmo com tanta concentração, têm uma intensa capacidade para se
deixar afetar pela beleza e podem se magoar muito facilmente a troco de
quase nada.
Excesso de frio e secura levam a constipação, artrose, formação de
pedras nos rins e vesícula, esclerose múltipla e depressão.

Fleumático: corresponde à fleuma, à Água, ao outono.


Os fleumáticos em geral são mansos, altruístas e esbanjam gentileza,
sempre com um ar de calma e neutralidade. Tendem a escolher o caminho
mais fácil, evitando conflito a todo custo. Sua falta de ambição e
competitividade são notáveis, e a falta de entusiasmo pode ser um de seus
defeitos.
São empáticos e percebem os sentimentos das pessoas com quem
interagem, fazendo de tudo para não criar mágoa ou desconforto. São ternos,
compassivos e um poço de serenidade. São pessoas de confiança, que
mantêm sua palavra, são curiosos, observadores, compreensivos e excelentes
no cumprimento de tarefas.
Excesso de frio e umidade levam a resfriados frequentes, bronquite,
fleuma, irritações da bexiga, ganho de peso e demência.

Sanguíneo: está associado ao sangue, ao Ar, à primavera.


Uma pessoa sanguínea é extrovertida e adora interações sociais, é em
geral otimista, alegre e confiante. Leva em si uma despreocupação e a
tendência a encarar o mundo com leveza e bom humor. Fala muito mais do
que escuta, faz amigos com facilidade e está sempre agitando alguma coisa.
Como está em constante movimento, tem dificuldade em concluir o
que começa, podendo ser impulsiva e imprevisível. É difícil controlar tanta
energia e, muitas vezes, suas emoções são expressas de maneira muito
intensa, embora sempre passageira. Adoram chamar a atenção e podem pecar
por tagarelice, vaidade e bisbilhotice.
Excesso de calor e umidade levam à pressão alta, problemas cardíacos
e circulatórios, falta de ar, sangramento no nariz e nervosismo.

Colérico: corresponde à bile amarela, ao Fogo e ao verão.


Os coléricos são ambiciosos e competitivos. Têm uma capacidade
nata para assumir liderança e também para defender seu espaço ou ideias nas
quais acreditam. Gostam de desafios e de desafiar os outros para irem além
de seus limites. É um temperamento altamente carismático, que inspira
multidões, mas de pavio curto, que pode rapidamente se deixar tomar pela
raiva ou tornar-se agressivo.
São bonachões e orgulhosos, sempre querendo se provar fortes e
capazes. Buscam a independência, mas podem ser vistos como arrogantes ou
grosseiros por adorarem “dar a real” quando expressam sua opinião sobre
tudo. Sua coragem e força criativa são seus grandes poderes, mas sua
intensidade pode dominar os outros temperamentos.
Excesso de calor e secura geram febre, infecções, inflamações,
hiperfunção de órgãos, hipertireoidismo e problemas de pele como acne
juvenil.
Os quatro elementos vistos pela astrologia
A astrologia usa os elementos dos signos como uma das ferramentas
no processo de conhecer os fatores da personalidade e o funcionamento de
alguém. Os elementos são dos componentes mais básicos no estudo dessa
ciência-arte: saber se alguém é de um signo de terra, água, fogo ou ar não
revela tudo sobre uma pessoa, mas ajuda um bocado. O elemento do signo
informa as primeiras nuances da personalidade e, ao pesarmos quais
predominam no mapa natal astrológico para além do signo solar, já dá para
formar uma boa imagem de como este ser em questão se comporta.
O signo e elemento onde o Sol se encontra no momento do
nascimento revela nossa sintonia mais básica da alma, a vibração com a qual
temos mais afinidade, e indica como ela vai se manifestar neste plano e nesta
vida, tanto no estilo da nossa consciência como também da nossa percepção.
São divididos primeiramente em dois grupos, relacionados à
polaridade: fogo e ar, que são considerados ativos e expressivos, ou água e
terra, considerados passivos, receptivos. Podemos chamar os signos de ar e
fogo como masculinos ou yang, e os de terra e água como femininos ou yin.
Alguns autores também podem usar descrições como positivo e negativo, que
nada tem a ver com bom ou ruim, mas sim se as energias se expressam mais
no sentido externo, jorrando para fora, ou vivem mais dentro de si e se
expressando apenas depois de muita ponderação.
Áries, Leão e Sagitário são impulsivos e espaçosos como o fogo que
lhes permeia. Touro, Virgem e Capricórnio são práticos e sólidos como a
terra, enquanto Gêmeos, Libra e Aquário, são sociais e avoados feito ar, e se
a pessoa for dos signos de Câncer, Escorpião e Peixes, seu elemento é a
fluída e emocional água.
Estudar cada um dos elementos, em particular que características eles
emprestam aos nativos de cada signo, ajuda a entender como podemos nos
relacionar melhor uns com os outros. Afinal, há elementos afins e
amiguinhos, mas também aprendemos muito com aqueles que, para nós, são
duros de roer.
Fogo e Ar se alimentam e se complementam, e ambos são leves, ágeis
e se espalham, se derramam sem reservas e tendem a subir, dispersar. Água e
Terra sofrem a influência da gravidade, e se concentram e acumulam junto ao
solo, mantendo um alto grau de densidade. Essas duas também se alimentam
e completam, e indicam um fluxo de energia oposto aos outros dois
elementos.
Signos de ar
Gêmeos, Libra e Aquário

Sensações e percepções mentais, formas de pensamento abstrato e


geométrico, expressando inteligência, comunicação, reflexão, movimento,
agilidade, abstração, raciocínio, curiosidade, sociabilidade, cooperação,
instabilidade e irritabilidade.

Os signos do Ar são em geral bem informados e ótimos


comunicadores, seja na fala ou na escrita. Eles têm a virtude do
conhecimento, o que não quer dizer que sejam mais inteligentes do que os
outros signos, mas gostam de saber um pouco de tudo, e sua curiosidade
mental os faz buscarem o conhecimento através da experiência, da educação
e de seu círculo de amizades.
Costumam ter facilidade ao se relacionar, pois têm consciência de
viver em sociedade, sabendo que interagir com os outros ajuda na evolução e
desenvolvimento de todos. Curiosos e originais, querem saber a razão de tudo
e amam trocar ideias partilhando experiências e aprendendo coisas novas.
Encontram diversão em atividades que desafiem sua capacidade intelectual,
buscando respostas rápidas e precisas.
Entendem o mundo a partir da racionalização, não se afetando tanto
por fatores emocionais ou físicos. Quando falamos do lado emocional, quem
é de signos de ar tem uma tendência quase carrasca a criticar a si mesmo, pois
têm expectativas altas sobre sua aparência e seu desempenho, o que os deixa
constantemente tensos. No processo de tomada de decisões, nunca pensam só
em si, sempre ponderam antes de bater o martelo e levam em conta as
necessidades ou os efeitos que suas ações possam ter sobre os outros.
Suas piores características têm a ver com a esperteza para driblar
situações e utilizar de recursos inventivos para ludibriar os outros. Podem
guardar rancores por muito tempo e são ferozes ao expressarem suas
opiniões, além de demonstrarem uma tendência forte à dispersão. Também
podem parecer frios por racionalizarem demais as emoções, são ansiosos
porque ficam fantasiando cenários futuros sem parar e não sabem quando
parar uma discussão, pois querem esmiuçar tudo que foi dito.

Planetas com energia correlata ao ar

Mercúrio
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, anda tão perto que,
geralmente se encontram no mesmo signo. Na mitologia grega, corresponde
ao deus Hermes, o mensageiro dos deuses, que tem um par de asas no
capacete e nas sandálias, um deus do movimento e das mensagens, já que ele
transita facilmente entre os mundos. Mercúrio representa a comunicação em
todas as suas formas: fala, escrita, pensamentos, gestos, movimento corporal.
Ele indica também o estilo e a capacidade intelectual do indivíduo: se dá
respostas rápidas e engraçadas, se é do tipo que raciocina mais devagar, mas
chega lá, se tem múltiplos interesses pelos mais variados assuntos ou vai ficar
especialista em um só.
A posição de Mercúrio num mapa astrológico de nascimento, vai
revelar também o jeito de falar e nossa capacidade de aprender e nos adaptar
às diversas situações. Na verdade, esse é um instinto humano, desde criança
fazemos adaptações conforme a resposta do ambiente, se o bebê está com a
mãe, age de uma forma, na presença apenas do pai, a manha pode não ser a
mesma, se os dois são babões, o comportamento é ainda outro. Portanto, a
gente vive bastante nosso lado mercurial na infância, descobrindo como nos
relacionar com pai e mãe (ou outras pessoas que fazem esses papéis) e
depois, na adolescência, no jogo de descobertas de como impor nossa
vontade e a negociação que fazemos para conseguir o que queremos. Ele é o
deus da negociação e da boa argumentação. É um planeta veloz, fica
aproximadamente apenas um mês em cada signo, exceto quando está no que
se chama de movimento retrógrado, quando aparenta estar indo para trás. Nas
três ocasiões por ano em que Mercúrio faz isso, pode provocar problemas em
telefones, aplicativos, computadores, no trânsito, causando mal-entendidos
entre as pessoas e incomodando um pouco no andamento de papéis. A notícia
boa é que coisas pequenas que a gente perde quando Mercúrio está retrógrado
provavelmente vão voltar para nós.

Urano
Urano é um dos planetas mais distantes do nosso sistema solar, leva
uma média de 84 anos para dar uma volta inteira no Sol. Original, até
fisicamente, já que é o único planeta que gira em torno de seu equador, tem a
fama de ser o mais revolucionário dos astros, aquele que traz o vento das
mudanças mesmo quando a gente não quer. Como um deus, Urano, o céu
estrelado, era responsável por várias criações como, por exemplo, o design
exclusivo das asas das borboletas. Era casado com Gaia, a mãe Terra, e com
ela teve muitos filhos. Na verdade, como todas as noites o céu estrelado se
deita sobre a terra, os dois procriavam um monte, e nem todos os filhos eram
bonitinhos. Às vezes pintava alguma aberração, e aí Urano devolvia o filho
para dentro da mãe. Ou seja, se nem ele que era um deus ficava contente com
tudo que inventava, quem somos nós pra achar que todas as nossas ideias
geniais vão funcionar na prática? Se der algo errado, vamos lá tentar de novo.
Só que Gaia estava sofrendo com todos os filhos que ele não deixava sair de
dentro dela e pediu para um dos meninos por favor castrar o pai. Cronos
(Saturno) logo se prontificou. O falo que Saturno cortou do pai e jogou ao
mar criou uma espuma da qual nasceu Afrodite (Vênus), a deusa da harmonia
e da beleza. E do sangue do corte, que espirrou na Terra, nasceram as Fúrias.
Fica a lição: se alguém tentar cortar o impulso criativo de Urano, pode
acabar criando uma série de Fúrias, como na mitologia. De todo modo, a
energia inovadora e criativa de Urano é responsável por aquela fagulha de
inspiração que torna uma ideia algo genial. A casa e o signo onde ele está no
mapa natal indicam em que área da nossa vida devemos transformar nossa
visão e nosso modo de agir para além do tradicional que nos cerca, onde
devemos exercer nossa liberdade de experimentar e mudar o padrão.
Signos de fogo
Áries, Leão e Sagitário

Expressam princípios cálidos, irradiantes e energizantes, que se


manifestam como entusiasmo, ardor, paixões, amor, egocentrismo,
impulsividade, agressividade, impaciência, comando, orgulho,
independência, liderança, assertividade, franqueza, competição, criatividade,
liberdade.

Os signos deste elemento tendem a seguir e se conformar às leis da


moral, fazem o que é certo e buscam sempre um senso de justiça nas suas
ações e no mundo. São verdadeiros, diretos e corretos ao tratar com outras
pessoas, gostam de lutar pelo que acreditam com uma persistência e
tenacidade que não permite desistir ou reconhecer uma derrota. É o fogo
quem defende o território e o campo das ideias.
Tal como a imagem que temos dos guerreiros e dos atletas, Áries,
Leão e Sagitário demonstram coragem e força para se aventurarem em
territórios desconhecidos, sempre desbravando novas áreas, expandindo
fronteiras, vencendo limites e se expondo a riscos e perigos. Demonstram ser
confiantes, mesmo quando sentem medo, são agressivos e vivem para os
desafios e a competição. Tanta energia física e vital vem da natureza
espiritual que alimenta o fogo. O fogo dá intensidade a tudo que toca,
conferindo entusiasmo, vivacidade e assertividade, o que transparece em
todas as atitudes.
A força do fogo é turbulenta, explosiva e muito magnética, portanto,
são signos que se saem muito bem no mundo competitivo contemporâneo,
pois são voltados para resultados e são motivados pelas vitórias, as quais
buscam incessantemente. Quem tem muito fogo busca ser o centro das
atenções, tem grande prazer em se exibir, seu ego infla quando vence e busca
manter o brilho a qualquer custo – embora internamente murche tragicamente
com qualquer pequena derrota.
Em termos de suas qualidades negativas, a turma de fogo é
determinada, vingativa, rancorosa e de pavio muito curto. Agem sem pensar,
causando grandes danos assim que a raiva lhes sobe à cabeça. Quando estão
irritados, fazem questão de perturbar e enlouquecer todo mundo que esteja
por perto e, para conseguir isso, não se privam de dizer barbaridades para
magoar os sentimentos alheios sem a menor preocupação. Sua impaciência
com o ritmo dos outros é notável, e quem tem muito deste elemento sempre
parece arrogante, agressivo e intolerante aos que estão de fora.

Planetas com energia correlata ao fogo

Sol
Astronomicamente, essa estrela é o centro do nosso sistema solar e
por isso é chamada de astro-rei. Garante o calor e a luz para manter a vida no
nosso planeta e comanda o ciclo das estações do ano de acordo com sua
posição no céu e sua relação com a Terra. Sim, o Sol é uma estrela, mas, na
astrologia, esse luminar é tratado como os outros planetas, exceto que é o
mais importante de todos eles, pois, na sua vida, é ele quem determina o seu
signo astrológico, delimitado pela região do céu onde estava passando
justamente no momento em que você nasceu. Portanto, seu signo solar é dado
pelo mês em que você veio ao mundo. Na nossa vida, ele indica o rumo que
devemos tomar, nosso propósito na Terra; é o gerador da nossa energia, do
nosso poder pessoal e aponta o caminho daquilo que desejamos buscar.

Marte
Marte é o deus da guerra, um assunto, aliás, bem importante para um
império como o dos romanos, onde esse deus era muito cultuado. Ele era
quase tão venerado quanto Júpiter, o pai de todos os deuses. Exaltava a glória
e o poder militar e é o oposto complementar de Vênus. Se ela representa
nosso desejo, o amor e a beleza, ele, em contrapartida, é o cara que vai
começar a correr atrás do que a gente quer. Um não funciona bem sem o
outro, pois de nada adianta sonhar e não levantar o bumbum do sofá para agir
rumo ao seu desejo.
O planeta Marte representa a energia e o vigor, tanto físico quanto a
determinação do espírito. Porém, mal utilizado, pode ficar agressivo. Quando
você usa bem seu poder de iniciativa e independência, impõe certo respeito –
principalmente para si mesmo, sua autoestima aumenta quando sabe que está
dando o seu melhor nas coisas. Mas, se começar a perder o controle e ficar
irritado, a fúria sobe e você pode acabar dando cabeçadas na parede e
distribuindo porrada, afinal, ele é o planeta da briga. Marte é o padrinho do
signo de Áries, por isso os arianos são tão cheios de energia para tudo,
sempre prontos a dar início aos projetos e também a dar um dedo por uma
boa discussão. Embora ele seja mais evidente em quem nasceu ariano, todo
mundo tem Marte em algum lugar no seu mapa astral, o importante é
descobrir onde está esse seu poder de fogo e entender como você o utiliza. De
que maneira faz as coisas para chegar ao que quer? Sai derrubando tudo? Vai
por vias indiretas? Planeja muito bem antes? Só age quando tem certeza
absoluta ou vai descobrindo as regras do jogo depois que a carroça já está em
movimento? Aí está o seu Marte, faça bom uso.

Júpiter
O deus Júpiter, para os romanos, ou Zeus para os gregos – é um dos
mais importantes do panteão das deidades. Esse deus dos deuses é o senhor
do raio e do trovão. Raio é eletricidade pura, uma forma de fogo que foi na
verdade o primeiro fogo com que os humanos primitivos tiveram contato. O
fogo, para o humano primitivo, vinha do céu, vinha do raio, e, por isso, é um
elemento ligado às divindades. Júpiter era o presidente de honra dos jogos na
Roma antiga, tinha importância política e controlava o destino de todos os
mortais, demonstrando seu poder através de raios e trovões. Regente do signo
de Sagitário, é o planeta do otimismo, da abertura de novas possibilidades e
de vastos horizontes, tanto de novos mundos e lugares a explorar, como
também novas filosofias e crenças para enriquecer sua mente e espírito.
A área onde transita no céu e o ângulo que forma com os outros
planetas, pode trazer muito boa sorte, renovação, prazer e felicidade. Mas, ele
é um pouquinho exagerado, tal como Zeus, que tomava inúmeras formas para
conquistar mulheres terrenas, deusas e semideusas para espalhar sua semente,
este planeta expande tudo sem aceitar limite algum. Sendo assim, caso para
você prazer signifique exagerar na comida, ele vai acabar alargando sua
cintura. É um planeta muito bacana, mas, como tudo que é gostoso na vida,
há que se manter alguma medida. Ele leva cerca de um ano para viajar sobre
um signo no céu e doze anos para dar a volta no zodíaco inteiro.
Signos de água
Câncer, Escorpião e Peixes

Sensibilidade, imersão em sentimentos e sedativos, expressando


introspecção, inspiração, melancolia, fantasia, intuição, subjetividade,
sensibilidade, fuga, contemplação, misticismo, carência e suscetibilidade.

Signos de água buscam e são levados pela tentação irresistível de


sempre mergulhare nas profundezas da alma, onde moram as emoções e as
memórias. São de natureza emocional, entendendo o mundo através do filtro
dos seus sentimentos e tomando decisões com o coração e não com a cabeça.
No entanto, nem sempre essa emoção toda está à flor da pele, podem ser
reservados e fazer cara de paisagem mesmo quando estão profundamente
magoados com alguém.
Tendem a ser empáticos e se envolvem facilmente com a dor alheia, o
que os leva a serem caridosos, bondosos e gostarem de promover a
benevolência e generosidade afetiva no seu entorno. São bastante
preocupados com os outros, demonstrando gentileza, compreensão e
oferecendo apoio. Porém, muitas vezes essa abertura toda não sabe mais
diferenciar o que é seu e o que é do outro, absorvendo as energias do
ambiente e se deixando absorver pelas emoções alheias, funcionando como
uma esponja psíquica.
Como estão sempre atentos aos amigos e à família, é importante o que
dizem a seu respeito, e basta um comentário mais grosseiro para lhes ferir
muito profundamente. Para protegerem sua natureza emotiva e delicada, são
tímidos e desconfiados na hora de fazer amigos e revelarem o que lhes vai no
íntimo. No entanto, quando sua confiança é conquistada, é um amigo que vai
lhe apoiar em todas as horas e estar ao seu lado para sempre. É muito raro
que sejam hostis, pois seu prazer está nas boas ações, acudindo aos
desafortunados sem pedir nada em troca.
Suas qualidades negativas incluem a capacidade de omitir ou distorcer
a verdade para prejudicar alguém. São de uma agressividade passiva, que
consegue sua vingança sempre por meios indiretos. Como guardam muito das
suas frustrações e mágoas, permitem que esses sentimentos se acumulem,
fermentem, e acabem se expressando através de comportamentos abusivos
com quem está por perto. Esse estilo é mais visto em Câncer e Peixes, já que
o Escorpião, tendo mais autoconfiança, manifesta mais claramente seu
desgosto através de ações verbais e físicas mais diretas e violentas.

Planetas com energia correlata à água

Lua
Cantada por poetas, a lua tem a intensidade de luz perfeita para uma
noite de amor, para o repouso do sono e a descoberta de nossos sentimentos
mais íntimos. Não tem luz própria, sua iluminação é reflexo do brilho do sol,
mas sem ela não brotariam as sementes nem teríamos as marés.
Em 28 dias, a lua passa por todos os signos do zodíaco e por quatro
fases, fica nova, cresce, cheia e míngua. Não é à toa que as mulheres têm um
ciclo menstrual de 28 dias, pois a lua representa o princípio do feminino. O
signo onde a lua estava na hora do nosso nascimento indica como lidamos
internamente com o mundo, por onde caminham nossos sentimentos e
também aquilo que fazemos sem pensar, no piloto automático. Enquanto o
sol é aquilo que buscamos e como desejamos ser, a lua é como somos de
verdade.
Ela define como resolvemos as cheias e as secas, os altos e baixos da
nossa vida emocional. Regente dos fluxos, afeta o comportamento das
multidões e até do mundo dos negócios quando se trata do fluxo de dinheiro.
Quando a lua está na fase nova, é ótimo para fazermos investimentos,
começar coisas diferentes, cortar cabelo pra crescer rápido e fazer dieta. A
crescente é perfeita para tudo que se quer ver crescer, aumentar o peso de
qualquer coisa, acelerar crescimento de cabelos, viagens de férias, fazer
acordos e iniciar romances. A lua cheia dá volume nos cabelos, favorece
encontros sexuais, comportamentos mais extrovertidos, e chama as pessoas
para a rua – bares e restaurantes ficam cheios –, mas é péssima para o sono,
dietas e depilação. Já a minguante ajuda a diminuir o que se quer diminuir,
conserva o corte das madeixas, facilita cicatrizações, cirurgias, é um bom
período para consertar aparelhos e jogar fora tudo aquilo que não nos serve
mais.
Netuno
Um planeta cuja imensidão é tão grande que dilui até as tentativas de
explicá-lo. Na mitologia ele é o mesmo deus Poseidon dos gregos, senhor
absoluto dos oceanos. Netuno nos liga às energias místicas de um outro
mundo, tem tudo a ver com aquilo que não podemos tocar, como a
inspiração, a espiritualidade e outros exemplos de sensibilidade. Mas, como
as energias deste planeta são rarefeitas, podem ser facilmente distorcidas. Na
nossa vida diária, ele pode se manifestar como a ilusão, a fraude, o idealismo
e a fantasia. Netuno pode ser tanto o seu contato com um mundo de mistérios
além do que é visível, quanto um par de lentes cor-de-rosa que você coloca
para não encarar a realidade e ficar fantasiando em cima de algum fato. Tudo
depende de como a gente usa a energia deste corpo celeste.
Uma coisa é certa, é ele quem nos estimula a sonhar e torna possível
que, em alguns momentos, possamos tocar um amor muito sublime: o amor
universal que nada exige em troca. Na astrologia, Netuno é o regente de
Peixes, por isto quem nasce sob este signo já vem de fábrica com uma
sensibilidade extra. Por ser o senhor da inspiração e do sonho, rege também a
música e o cinema, e, como ele se demora em média 14 anos em cada signo,
a história da evolução dessas artes pode ser acompanhada de acordo com a
passagem deste planeta.
Signos de terra
Touro, Virgem e Capricórnio

Em sintonia com o mundo das formas básicas, habilidades para lidar


diretamente com o plano material, expressando estabilidade, pragmatismo,
rigidez, segurança, consistência, apego, produtividade, organização,
perseverança e praticidade.

Esses signos entendem claramente a noção de limite, ordem e


funcionalidade, então estão sempre preocupados em se adequar e se
comportar bem em qualquer circunstância. São convencionais e seguem tudo
que é socialmente aceito, demonstrando boas maneiras e muita educação.
Tal como o planeta que nos dá vida, os signos que têm qualidades da
Terra são ligados a tudo que é firme, palpável e pode ser mensurado. Suas
experiências só valem ao serem percebidas pelos cinco sentidos de forma
muito concreta. Por sua natureza bastante voltada para o mundo físico, têm
adoração por coisas materiais e tangíveis. Seus prazeres se encontram nos
estímulos estéticos e também nas sensações do paladar, dos aromas e do tato.
São os grandes apreciadores de arte, roupas, móveis e carros de luxo e de boa
comida.
Para obterem tudo isso, estão dispostos a trabalhar, sendo firmes nos
seus propósitos para realizarem os desejos que dependem de recursos
materiais. O estímulo dos cinco sentidos mexem com suas emoções e
provocam alegrias ou melancolia. Os signos deste elemento encontram
conforto em ambientes bonitos, na boa música, em objetos de boa qualidade,
comida requintada e bem feita, bebidas especiais e segurança financeira.
Como o conforto e a segurança material são requisitos básicos para a
felicidade deles, são prudentes e realistas, dando-se muito bem em negócios
mais tradicionais que envolvem mercadorias, comércio, indústria, estética e
alimentação.
Suas qualidades negativas residem em guardar rancores por longa
data e comer bem frio o prato de suas vinganças, que, em geral, miram
acertar a carteira e os bens de quem desejam prejudicar.
Planetas com energia correlata à terra

Vênus
A Deusa Vênus (Afrodite, para os gregos) nasceu da espuma do mar.
Sua imagem é familiar para nós, representada nas artes em várias estátuas e
pinturas famosas, como a do renascentista Botticelli, onde apresenta formas
muito femininas e arredondadas. Vênus mostra e ensina que temos de
encontrar onde está nossa beleza própria, quais são nossos atrativos e
charminhos para encantar e também que tipo de experiências nos dá mais
prazer. Ela não fala só da beleza física, mas do amor pela harmonia e pelas
coisas da alma. Este planetinha simpático representa a essência de como nos
relacionamos com os outros, de que forma expressamos nossos desejos e a
que coisas ou situações atribuímos valor verdadeiro.
Vênus é um planeta grande, visível a olho nu e, como pode ser
observado tanto à noite quanto como a estrela da manhã, sinaliza que há
formas diferentes de lidarmos com os afetos, o corpo e a matéria. O foco
pode estar nas situações afetivas, no casamento, nos cuidados com beleza ou
alimentação, mas também com a abundância de relações e de dinheiro.
Algumas pessoas vão se preocupar mais com as coisas materiais, e outras,
com os relacionamentos. Para alguns, Vênus será o alimento e a beleza do
corpo, para outras, da alma. Afinal, Vênus é madrinha de dois signos bem
diferentes: Touro e Libra.

Saturno
É o último planeta do sistema solar que ainda pode ser avistado a olho
nu, claro que com muito esforço pois aparece bem pequenininho, mas os
antigos viam e não tinham telescópios. Nos mitos sempre é entendido como
uma influência maléfica. Na versão grega, com o nome de Cronos, esse deus
tinha muito medo de perder o poder e devorava seus próprios filhos. Zeus,
seu filho que sobreviveu, acabou destronando o pai, e ele foi banido para
além da terra e do mar se tornando o senhor do tempo. De fato, os anéis de
Saturno são um cinturão de poeira e rocha gelada com outros fragmentos,
simbolizando bem a ideia de contenção. É um planeta muito mal visto, por ter
fama de estraga prazeres e nos chamar à responsabilidade.
Ele na verdade é o senhor da disciplina, da dificuldade e do trabalho
árduo. É a figura de autoridade severa, o professor que vem cobrar a lição.
Mas sem este velho sábio, quem iria se mexer? Acabaríamos sem aprender
coisa nenhuma, só na farra ou na preguiça. Claro que ficar só no prazer não
parece má ideia, mas nossa alma escolheu ter os limites do corpo humano
para aprender com a matéria o máximo possível. Ter um corpo não é fácil, é
só no plano físico que temos a incrível oportunidade de aprender estabilidade,
controle e paciência. A dádiva de Saturno é a poda, que molda a planta para
que ela perca os excessos e cresça forte. Ele dá forma à vida e oferece
estrutura sólida.
A posição de Saturno no nosso nascimento vai mostrar exatamente
onde temos os aprendizados mais valiosos, além de nos mostrar onde está o
maior talento que justamente esquecemos de usufruir. Ele chama a atenção
para onde somos só rigidez e devemos aprender a relaxar mais, porque já
sabemos como fazer. Seu movimento é lento e demora mais de dois anos em
cada signo do zodíaco.

Plutão
O planeta mais distante do nosso sistema solar foi reconhecido como
tal em 1930 e demovido do posto para planeta anão em 2005. Este Deus, que
para os gregos se chamava Hades, era irmão de Zeus e Netuno, mas a ele
coube governar o submundo. O inferno de Hades é o lar das sombras, dos
mortos e também das sementes que brotam das profundezas do solo, das
riquezas minerais e das fontes de água pura.
Ele é o senhor da transformação interior. Antes de renascer, aquilo
que está decrépito deve morrer. Se não nos desfizéssemos do que não é mais
útil ou guarda sentido para nós, que espaço teríamos para guardar as coisas
novas? Pode uma árvore segurar suas folhas que precisam cair? O mesmo se
aplica a velhas atitudes, não é possível se transformar se não deixarmos
morrer algo. Morte aqui tem o sentido da renovação. Raramente é uma
experiência fácil, ou agradável, mas é fundamental, e passamos por vários
momentos de perda ao longo de nossa vida.
Por tudo isto, Plutão é um dos planetas que mais nos cutuca para que
a gente cresça, e cresça forte, ele propicia o mergulho com o mais profundo
do nosso interior, nossas sombras e nosso inconsciente, de onde nascem
nossas pulsões, nossa relação com o poder, com a sexualidade, com o
mistério da existência.
Podemos não gostar quando uma grande mudança acontece na nossa
vida, mas tantas vezes reconhecemos que foi graças àquelas dificuldades que
hoje estamos mais sábios e resistentes. Ele traz duras perdas, mas se
soubermos entender e ver de fora nossas escolhas e caminhos, é a ele a quem
a gente sempre agradece no final. Não fossem suas exigências, não teríamos
motivação para romper nossos grilhões. Plutão leva 248 anos para dar a volta
no sol e pode ficar num mesmo signo de 13 a 32 anos.
Parte 4. Equilibrando os quatro elementos na nossa
vida

“Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o


universo.”
– Inscrição no oráculo de Delfos, atribuída aos Sete Sábios (c. 650 aEC. -550 EC).

Parece existir uma misteriosa relação entre os estados da alma e as energias


primordiais dos quatro elementos com seus devidos atributos e
características, tais como expostos aqui. O trabalho mágico sério busca acima
de tudo o desenvolvimento pessoal da consciência e do poder sobre si
mesmo. Este árduo trabalho de autoconhecimento e disponibilidade para a
autotransformação depende de um olhar minucioso, crítico e atento sobre as
características e comportamentos que manifestamos e, de que forma, alguns –
ou vários – desses comportamentos ou características nos trazem sofrimento.
Muita gente que procura as artes mágicas tem uma fantasia de que um
movimento com a varinha ou um feitiço bem feito possa resolver sua vida
num passe de mágica. Há quem chegue atrás de um amor, outros atrás de
dinheiro ou de poder. Muita gente acredita piamente que sua vida não vai
para frente porque alguém lhe lançou alguma maldição. Porém, antes de
culparmos os fatores externos, é importante que tomemos consciência de
quais momentos e circunstâncias nosso próprio comportamento e
personalidade jogam contra nossos objetivos.
Para atingirmos os estados de consciência onde a alteração das
realidades se faz possível, ou seja, para que possamos transformar
magicamente a nossa vida, é fundamental que primeiro tenhamos a coragem
de proceder com essa análise minuciosa. Essa investigação vai nos ajudar a
compreender nossas dificuldades, assim poderemos fazer o esforço no
sentido de adquirir equilíbrio emocional, clareza mental e a profundidade de
disponibilidade de alma para passarmos pelos processos que virão.
Então, antes de oferendas, feitiços e rituais para manipular pessoas ou
a realidade, o mais importante é esse conhecimento profundo de si. Na
linguagem Tupi, os sábios indígenas falam que para despertar o fogo da
sabedoria é necessário purificar os ventos do ser.
Mapeamento de si
A pirâmide dos bruxos tem como base o Conhecimento, e a primeira
fonte de conhecimento com que devemos nos ocupar é a compreensão de
nossas motivações, intenções, talentos e fraquezas, especialmente aqueles que
ainda estão nas sombras do nosso ser, longe da luz da nossa consciência. Esse
mergulho em si mesmo e na forma como todos esses ingredientes afetam
nossos pensamentos, comportamentos e reações são a base de um trabalho
mágico bom e sólido.
Na sabedoria Tupi, o Ser é um Som que se veste das forças naturais
do ar, fogo, água e terra para se corporificar. Essas forças são entendidas
como níveis dimensionais que estruturam a existência material, sendo regidas
por Cy, que é o princípio feminino. Quando as quatro forças estão alinhadas e
harmônicas, nossa saúde física, mental, emocional e espiritual está em dia.
Quando há um excesso ou falta, algo se desalinha e precisa ser atendido para
encontrar seu equilíbrio. Esse é o princípio do equilíbrio entre os elementos
dentro da medicina ayurvédica e também da medicina tradicional chinesa. No
ocidente, o dr. Randolph Stone, um naturopata, osteopata e quiropraxista, no
século XX criou a terapia da polaridade. Ele dizia que os elementos eram
“construtores invisíveis das estruturas de vida”, campos de energia sutil que
devem se fundir harmonicamente para que possa haver saúde física e mental.

O elemento do seu signo astrológico conta muito

Uma ajuda de grande valia para entender a preponderância dos


elementos na sua constituição pessoal é o mapa astrológico. Na carta astral,
desenhada para o momento específico do seu nascimento, se revelam os
componentes do seu campo de energia e, segundo o elemento correspondente
ao seu ascendente e aos dez astros principais de um mapa, observa-se quais
são predominantes na composição da sua personalidade e vibração, pois
revelam a sintonia mais básica da alma neste plano de manifestação. No
entanto, sabendo o elemento do signo do seu nascimento (Sol) já é possível
entender boa parte da sua base e sua força. Se souber seu ascendente e sua
Lua, já dê os devidos pontos também para esses quesitos.
Releia o capítulo 3, sobre os elementos na astrologia, para relembrar
as principais características do elemento do seu signo.

Lembre-se:
Ar: gêmeos, libra e aquário
Fogo: áries, leão e sagitário
Água: câncer, escorpião e peixes
Terra: touro, virgem e capricórnio.

Personalidade do Ar: podemos passar um período relativamente


grande sem comida ou água, mas não sobrevivemos sem ar por mais de
alguns minutos. Aqueles que têm uma relação especial com o ar, incluindo os
que nasceram em um dos signos deste elemento ou têm muito ar no mapa
natal, precisam de atividades sociais e estímulos mentais, como também de
expressar suas ideias de maneira livre para manter esse fluxo. Quando a
conexão falha, aparecem desequilíbrios. Para recarregar as baterias, devem
buscar ar puro com regularidade e podem passar férias ou morar nas
montanhas ou locais de muita altitude, onde o ar é seco e fresco, além de
limpo.
Quem tem uma predominância de ar dá muito valor ao pensamento
abstrato, e as teorias têm tanta realidade e tangibilidade para eles quanto algo
físico que podem pegar na mão. Com tantos conceitos permeando suas
cabeças, seus canais de expressão mais adequados acabam levando para a
literatura, os ensaios intelectuais e também a arte. Sua capacidade de abstrair
dos sentimentos e da experiência imediata oferecem imparcialidade ao
observar e julgar uma situação, sendo objetivos na forma como lidam com
pensamentos discordantes dos deles, os quais são até mesmo capazes de
apreciar. Não gostam e não sentem necessidade de se envolver
profundamente com as emoções e vidas alheias, mas num extremo isso pode
levar a uma frieza emocional. Suas ideias não são necessariamente práticas,
mas podem, com o devido tempo, afetar a vida de multidões.

Personalidade do Fogo: O fogo é energia pura. As pessoas com


afinidade com esse elemento – quem nasceu em um signo de fogo ou tem
muitos planetas nesses signos no mapa – precisam de muito sol e atividades
de trabalho e lazer que sejam vigorosas. Um trabalho que exija muito em
termos físicos ou de foco pode ser uma válvula de escape. Em geral, preferem
o verão e atividades ao ar livre. Lugares de clima quente ou até desértico são
ótimos para morar ou passar as férias, caso morem em locais frios e escuros,
precisam absorver a energia solar sempre que puderem e manter uma
disciplina de atividades físicas vigorosas.
Quem tem uma predominância de fogo no seu mapa natal e na
expressão da sua individualidade é bastante egocêntrico e também impessoal.
Como o fogo é a energia da vida, são pessoas que se sentem orgulhosas de
canalizarem essa energia, e precisam de espaço e liberdade para poderem se
expressar. Estão sempre tentando impor sua vontade, isso pode parecer
cativante para uns, infantil para outros e até ofensivo para alguém mais
sensível. Realmente lhes falta sensibilidade para com os sentimentos dos
outros e é bom cultivarem a paciência e a ponderação.

Personalidade da Água: Pessoas de signos de água ou com muita


água no mapa natal precisam de envolvimento emocional intenso e carregado
de significado. Se não tiverem a liberdade de experimentar a totalidade de
suas emoções regularmente, seu contato com sua Ondina sofre e pode levar a
problemas de saúde. Para recarregar esse contato, as pessoas com muita
ligação com a Água devem ficar próximas de corpos d’água, seja para
contemplar ou se banhar. Meditar e tomar banhos terapêuticos, com
aromaterapia e ervas na banheira, ou até mesmo no chuveiro, passar férias na
praia e morar perto de um lago ou rio são boas dicas para recarregar sua
bateria energética.
Quem tem predominância deste elemento é movido por sutilezas e
nuances que passam desapercebidas aos outros, pois vêm das compulsões do
inconsciente ou da sensibilidade das dimensões mais profundas das emoções
e da vida. Podem ser tomados de medos irracionais, mágoas profundas e
preocupações imaginárias, então é muito importante que façam um bom
trabalho de autoconhecimento para terem consciência de seus próprios
sentimentos e serem menos reativos à qualquer sinal de instabilidade ou
ameaça. Sentem-se seguros perto de pessoas mais discretas e reservadas, mas
sua calma aparente pode esconder maremotos de emoções internas. A água é
o elemento que tudo conquista através de sua capacidade de mudar de forma
e de seguir adiante confiando na ação do tempo. Assim, deve se proteger das
influências externas e manter sua paz interior para tomar suas decisões.

Personalidade da Terra: Da terra tudo vem e à terra tudo retorna. As


pessoas muito ligadas a esse elemento, inclusive as que nasceram sob signos
da terra ou que têm muito deste elemento em seus mapas natais, precisam de
atividade física e uma conexão saudável com o universo material. O ritmo
acelerado e caótico da vida não ajuda essas pessoas que precisam de paz e
estabilidade e adoram padrões repetitivos. É importante se conectarem ao
chão, às plantas e ao mundo natural sempre que possível, podendo mesmo
pisar ou mexer na lama, o que para elas é muito estabilizante. Também é
interessante tirar férias na mata e lugares de verde exuberante.
Todos que têm Terra como um elemento muito forte confiam mais no
contato com o mundo físico e no raciocínio prático do que em elucubrações,
teoremas ou percepções intuitivas. Trazem em si disciplina e paciência, por
entenderem o tempo e a ação da matéria. Sua cautela, persistência e
eficiência, garantem que sempre saibam como cuidar de si e encontrar modos
de ganhar a vida. Precisam ficar atentos para não podarem demais sua
imaginação, acreditando apenas no que podem ver e tocar. É importante que
se abram para pontos de vista diferentes dos seus e possam perceber a
realidade dos planos invisíveis.

Exercício das listas

Além do elemento que você traz no seu signo solar, sempre que há
algo faltando muito na nossa composição, a tendência é que a gente busque
compensar aquilo que falta se sentindo atraído pelo que não temos. Para saber
como anda o equilíbrio dos elementos na sua vida, através não apenas da sua
personalidade, mas dos seus gostos e preferências, se desafie a encarar o
exercício das listas, o caderno dos elementos e responda ao teste da
preponderância.
Para entender como os quatro campos de energia sutil estão operando
na sua vida você pode empreender um trabalho de mapeamento de si mesmo.
Uma forma de começar é fazendo listas. Divida uma folha de papel em duas
colunas. De um lado, liste seus pontos fortes/suas qualidades e, do outro, suas
fraquezas. Tenha coragem de olhar tanto para suas características positivas,
quanto aquelas que você acha ruins ou se envergonha delas.
Vá além, comece uma nova página para sucessos/fracassos,
medos/fantasias, coisas que te atraem/repelem. Pode criar outra ficha para
listar os elogios e críticas que você costuma receber.
Para ajudar, segue uma sequência de sugestões de características
humanas:

Sincero Visionário Alternativo


Honesto Pontual Sentimental
Compreensivo Sensato Objetivo
Verdadeiro Tolerante Correto
Confiável Divertido Matemático
Inteligente Generoso Contemplativo
Responsável Compassivo Destemido
Mente aberta Enérgico Sistemático
Atencioso Controlado Sutil
Sábio Ativo Sortudo
Maduro Independente Orgulhoso
Afetuoso Respeitável Moralista
Criativo Franco Tagarela
Gentil Ansioso Reservado
Sociável Metido Persistente
Simpático Arrogante Meticuloso
Descompromissado Realista Fora do comum
Contente Amável Perfeccionista
Perfumado Manso Sensual
Animado Dócil Inofensivo
Aberto Otimista Violento
Fala bem Vigoroso Direto
Educado Arrumado Comunicativo
Culto Racional Quieto
Bom senso Audacioso Impulsivo
Boa companhia Modesto Desconfiado
Confia nos outros Refinado Hesitante
Esperto Cabeça-fria Azarado
Agradável Cabeça-quente Autoritário
Tato Popular Solitário
Disciplinado Rebelde Inquieto
Cortês Bem criado Exigente
Respostas rápidas Aventureiro Chato
Sabe perdoar Discreto Oportunista
Língua afiada Informal Grosseiro
Eficiente Organizado Impressionável
Bem humorado Artístico Comum
Agradecido Confiante Sem graça
Habilidoso Positivo Rígido
Alerta Teimoso Cético
Talentoso Convencido Extravagante
Boas maneiras Cuidadoso Enganador
Cooperativo Engraçado Inexperiente
Solícito Precavido Desorganizado
Intelectual Bem vestido Fala complicado
Versátil Na moda Sonhador
Capaz Religioso Materialista
Corajoso Coração mole Excêntrico
Produtivo Digno Cheio de opiniões
Individualista Sério Austero
Observador Moderno Dependente
Tímido Desleixado Encoraja os outros
Resignado Bagunceiro Entusiasta
Palhaço Equilibrado Frugal
Presunçoso Insensível Genuíno
Conformista Neurótico Mal-humorado
Radical Desregrado Trabalhador
Zeloso Censurador Prestativo
Calado Antissocial Autêntico
Durão Irritável Desatento
Desajeitado Desdenhoso Imaginativo
Briguento Mesquinho Intuitivo
Esquecido Pão duro Diplomático
Passivo Tonto Flexível
Preocupado Descuidado Volúvel
Temeroso Encrenqueiro Delicado
Desligado Negligente Bruto
Medo do novo Profano Ríspido
Sarcástico Desagradável Doce
Melancólico Cansativo Carinhoso
Tenso Desobediente Dorminhoco
Compulsivo Queixoso Eclético
Indiferente Desanimado Econômico
Invejoso Vaidoso Ciumento
Insatisfeito Trapaceiro Desastrado
Medíocre Hipocondríaco Obstinado
Egoísta Descuidado da saúde Raso
Frio Nervoso Mandão
Sem imaginação Covarde Preguiçoso
Perturbado Superficial Fútil
Assustado Preconceituoso Possessivo
Ético Temperamental Esnobe
Inconsequente Falastrão Pomposo
Elitista Malicioso Cruel
Cínico Mentiroso Barulhento
Raivoso Ambicioso Altruísta
Dominador Guerreiro Manipulador
Analítico Pessimista Assertivo

✽✽✽

Caderno dos elementos

Ao examinarmos os vários aspectos do nosso ser, podemos constatar


que nossas atividades, hábitos, emoções, talentos, pensamentos e interesses
podem ser categorizados de acordo com os quatro elementos.
Até aqui, você já teve uma série de oportunidades de entender as
características e os princípios de Ar, Fogo, Água e Terra. Chegou a hora de
colocar esse conhecimento em prática e separar as características que você
anotou nas suas listas de acordo com o elemento onde cada uma delas se
encaixa. Revise suas listas já completas no processo de mapeamento do eu e
escreva ao lado de cada característica anotada o elemento correspondente.
Você vai agora criar um caderno ou um arquivo divido em quatro
partes, uma para cada elemento e distribua as características das listas no
elemento correspondente.
Essa categorização vai ajudar a ver onde há saturação e onde há
carência para que possamos equilibrar nossas atividades, psiques e corpos.
Por exemplo:

Ar Fogo Água Terra


Intelectual Corajoso Sensível Meticuloso
Tagarela Assertivo Afetuoso Pontual
Sociável Violento Empático Mesquinho
Desatento Irritável Atrasado Prestativo

Teste do equilíbrio dos elementos:

Em cada enunciado, marque dois (2) pontos na alternativa que melhor


descreve sua personalidade ou preferências, mesmo que não se encaixe
perfeitamente. Caso haja uma outra afirmação, no mesmo grupo, que também
lhe descreve bem, embora com menos força, você pode marcar um (1) ponto
para essa segunda alternativa.
Repasse a pontuação para a tabela ao final e some os totais para cada
elemento.

1. Você se considera:
a) intelectualizado, bom de argumentação.
b) espontâneo, ativo e esquentado.
c) sensível aos sentimentos dos outros e à energia do seu entorno.
d) prático, sólido e direto.

2. Ao se relacionar socialmente:
a) conversa com gente muito diversa e sobre os assuntos mais variados e
obscuros.
b) assume logo a liderança propondo atividades, mas de modo divertido e
animado.
c) é bom ouvinte e detesta forçar a barra.
d) é mais reservado e vai fazendo amizade aos poucos.

3. Sua forma de pensar é:


a) sou capaz de apresentar bons argumentos a favor e contra uma mesma
coisa.
b) busco sempre o lado positivo de tudo.
c) consigo facilmente me colocar no lugar da outra pessoa.
d) realista e analítica, não vejo vantagem em idealismos.

4. Coisas que aborrecem demais:


a) erros de grafia ou linguagem.
b) detalhes sem fim e coisas que não vão para a frente.
c) quando desconsideram por completo os sentimentos das pessoas.
d) gente que vive fantasiando e é cheia de rodeios para falar.

5. Fica chateado quando:


a) não me deixam explicar algo, ou dizem que falo demais.
b) percebo minha arrogância ou agressividade.
c) tiram vantagem do fato de eu gostar de ajudar todo mundo.
d) as situações ou regras mudam o tempo todo.

6. A decoração que você fez ou gostaria para sua casa é:


a) bastante minimalista, com linhas retas, excelente iluminação natural,
superfícies livres de muitos adereços ou objetos, cores claras e espaço amplo
de passagem entre os móveis.
b) com tendência étnica ou belas obras de arte, com telas grandes,
esculturas ou coleções que se façam notar. Uma lareira, fogão a lenha ou
imagem de fogo queimando, não teme misturar tendências e estilos, gosta de
deixar projetos criativos em andamento à mostra.
c) com muitas cortinas, almofadas, sofás aconchegantes, colchas, tapetes,
em veludo ou com texturas interessantes. Várias lembrancinhas de viagem
por todo lado, cada objeto tem uma história, estantes recheadas de bibelôs.
d) com materiais de qualidade, mobiliário clássico e feito para durar ou
herdado de alguém, com o espaço bem organizado. Gosta de antiguidades,
muitas plantas e madeira de demolição, de lei ou rústica.

7. Na forma como arruma as coisas, você:


a) precisa ter lugares certos para as coisas, mantém uma organização
razoável do espaço, mas não é rígido.
b) bagunça organizada, sabe onde as coisas estão, mas não estão certinhas
de acordo com as convenções sociais do que significa uma casa com cada
coisa em seu lugar.
c) é adepto da bagunça geral, você realmente se perde no meio das pilhas
de coisas que possui, não acha o que precisa.
d) é bem organizado e sistemático, fica tenso quando as coisas estão fora
de lugar.

8. O conjunto de cores que você mais gosta ou se sente confortável


vestindo:
a) tons pastéis, branco e cinza claro.
b) areia, rosa, laranja, vermelho, bordô, dourado.
c) azul, turquesa, lilás, roxo e prata.
d) marrom, bege, verde-musgo, verdes em geral, preto.

9. Suas roupas:
a) são um pouco (ou muito) amarrotadas ou têm pequenos furos ou fios
puxados, são práticas e fáceis de vestir e combinar; não dá muita atenção a
acessórios, a não ser por talvez um relógio ou aliança de casamento e alguns
outros itens que são coringas e podem ir da academia para a balada.
b) são chamativas, justas, sexy, coloridas, preto total, ou sempre da
coleção atual e de grifes famosas; não tem medo de mostrar a pele ou
contornos do corpo (seja a manga que despenca do ombro, decotes, barriga
de fora, camiseta colada, ou calça baixa), os acessórios são atraentes e
pontuam seus pontos fortes.
c) são mais leves, longas e soltas, podem compor looks de sobreposições
antenadas com vários acessórios grandes ou longos. Adora estampas ou
detalhes com fitas ou cordão para amarrar. Anéis volumosos e brincos longos
e correntes de prata fazem parte do visual.
d) são confortáveis, neutras, clássicas e bem comportadas, tem camisas e
calças sociais, gosta de bolsas, sapatos ou carteiras de boa grife, em couro,
comprados na liquidação porque não faz sentido pagar preço de lançamento
em alguma coisa.

10. Seu guarda-roupa:


a) tem peças e adereços que você comprou em um momento de inspiração
e nunca vestiu.
b) tem peças-chave que são de marcas e design de causar inveja aos
amigos fashionistas.
c) tem vários itens que parecem ter saído de uma novela de época.
d) tem um monte de peças quase vintage de tão velhas, mas que ainda
estão boas e você não consegue se desfazer.

11. Se faz ou fosse fazer artesanato, gostaria de trabalhar com:


a) macramê, móbiles, escultura em arame, dobraduras em papel.
b) cerâmica, bijuteria, mosaico, marcenaria.
c) sabonetes, patchwork, revestimento com tecido, mini fontes
decorativas.
d) ourivesaria, velas, máscaras, pintura em porcelana, marchetaria.

12. Em um museu de arte ou exposição de fotografias, as imagens que


mais lhe atraem são:
a) meios de transporte (avião, balão, bicicleta, trem), céu, nuvens, pipa,
máquinas futuristas, mapas e caligrafia, arquitetura, arte oriental, ilustrações
antigas, iluminuras, gravuras e esboços.
b) imagens e reproduções de astros do rock ou do cinema, arte erótica,
esportes, pôr-do-sol, arte abstrata ou geométrica, deuses e máscaras
polinésias, árticas ou indígenas, instalações interativas.
c) Mar e vida marinha, paisagem com rios ou lagos, cenas com vários
guarda-chuvas, pinturas figurativas com pinceladas marcantes, como Van
Gogh, Monet, Renoir, nu feminino, pinturas ou reproduções pré-rafaelitas,
cenas românticas, estátuas gregas de divindades.
d) retratos e cenas históricas, fotografias de família, arte naif ou popular,
tapeçaria, vasos e peças em cerâmica ou vidro, esculturas em jade ou outra
pedra semipreciosa, fotos antigas de uma cidade, artefatos egípcios ou pré-
colombianos.

13. Objetos que não podem faltar no seu quarto:


a) livros e revistas.
b) espelhos, vidros de perfume, velas.
c) vários travesseiros e almofadas ou uma cama de dossel.
d) Uma cadeira ou poltrona confortável, cobertas feitas à mão, urso de
pelúcia.

14. Para comprar algo importante você prefere:


a) a internet porque é prático e tenho tempo de ler todas as avaliações
sobre o produto que eu quero e decidir com calma.
b) o shopping, pois adoro os aromas das lojas, a iluminação bem pensada,
a música ambiente, posso experimentar e testar o que interessa e ainda depois
jantar e pegar um cinema.
c) internet, shopping ou loja de rua. Depende do meu momento ou
vontade do dia.
d) a internet, porque é absolutamente conveniente, mais econômico, e não
tem que se preocupar com condução ou o preço do estacionamento.

15. Seu perfil de sabores culinários favoritos é:


a) aventureiro: adora testar culinárias étnicas desconhecidas e maneiras
modernas de preparo e combinação de sabor com experiência, ama todo tipo
de fusion e arrisca até cozinha molecular.
b) forte: não resiste ao ardor de uma boa pimenta e compete com os
amigos para ver quem aguenta mais. Além da pimenta, pode curtir queijos
fortes, alcaparras, alimentos defumados, e adora churrasco ou rodízio, seja do
que for, para experimentar de tudo e pela reunião com os amigos.
c) formiguinha: não resiste a um doce, pede o prato já de olho na
sobremesa. Adora também sopas, chás, sorvete, cremes e frutas.
d) caseiro: adora pães, massas, assados, grelhados e todo tipo de comida
feita em casa. Se for de fazenda, melhor!

16. Seu trabalho rende mais quando:


a) sabe que suas contribuições são valorizadas e inclui mudança de
ambiente ou viagens.
b) reconhecem que você faz um bom trabalho e está sob pressão.
c) sabe que gostam de você e trabalha em equipe.
d) tem garantias que seu emprego é estável e consegue colocar a mão na
massa.

17. Se estiver em uma posição de liderança, qual sua maior


dificuldade?
a) atentar a todos os detalhes e exigências sem ter tempo de me
concentrar no que realmente importa e precisar aturar burrice alheia.
b) não poder manifestar minha essência rebelde e morrer de tédio por ter
de dar um bom exemplo.
c) dar feedback negativo ou corrigir comportamentos sem magoar ou
perder a sensibilidade humana.
d) a falta de tempo para cuidar da minha casa, dar atenção aos meus
amigos queridos e à família.

18. No amor você fica mais entusiasmado quando pensa em:


a) mil viagens a dois e fica fantasiando como será o futuro de vocês
juntos.
b) sexo, a qualquer hora e qualquer lugar.
c) no romance em si, na troca profunda das emoções e do carinho.
d) ter o outro do seu lado o tempo inteiro para as coisas mais prosaicas,
cozinhar, ver séries, ir ao parque, dormir abraçado.

19. Sua profissão ou estilo de vida dos sonhos seria:


a) ser pesquisador, diplomata ou correspondente internacional.
b) ser atleta profissional, general, ou modelo.
c) ser psicólogo, terapeuta ou oraculista.
d) ter uma fazenda, um haras ou um vinhedo.

✽✽✽

O elemento com pontuação mais alta é seu elemento dominante. O de


menor pontuação, especialmente se ficar igual ou menor que 6 pontos, é
deficiente e indica algo que você pode trabalhar para equilibrar melhor na sua
vida.

Pergunta AR FOGO ÁGUA TERRA


1 a) b) c) d)
2 a) b) c) d)
3 a) b) c) d)
4 a) b) c) d)
5 a) b) c) d)
6 a) b) c) d)
7 a) b) c) d)
8 a) b) c) d)
9 a) b) c) d)
10 a) b) c) d)
11 a) b) c) d)
12 a) b) c) d)
13 a) b) c) d)
14 a) b) c) d)
15 a) b) c) d)
16 a) b) c) d)
17 a) b) c) d)
18 a) b) c) d)
19 a) b) c) d)
TOTAL:
Equilibrando a contabilidade
Depois de verificar o elemento de seu signo solar, qual deles no seu
caderno de elementos têm a maior e a menor lista, e também resultado do seu
teste de preponderância, é hora de observar como está sua contabilidade
pessoal desses princípios.
Caso você tenha os quatro mais ou menos parecidos, parabéns! Você
está no caminho certo, busque manter o bom trabalho, especialmente agora
que sabe identificar os quatro campos desses princípios universais.
Caso você sofra de excesso de um e falta de outro, seguem algumas
dicas para equilibrar melhor esse seu mix pessoal de energia:

Excesso de Ar
Ao sermos tomados por um rompante de ar, temos vontade de dançar,
cantar, rir, criar algo, pois somos invadidos por sentimentos de alegria e
celebração. No entanto, quando temos ar em excesso podemos viver em
clima de ansiedade, desejando mudanças constantes, ou então ficamos num
exagero de intelectualismos e racionalizações que nos impedem de tomar
atitudes. Outra possibilidade de quem vive o excesso é acabar demonstrando
fanatismo e arrogância, ou racionalizar e dogmatizar tudo. Há um
afastamento das experiências concretas e um esgotamento mental por conta
da dispersão da mente hiperativa que precisa ser controlada e guiada, do
contrário gasta todo seu tempo estudando, lendo ou mexendo em redes
sociais, sem prestar atenção ao corpo e às necessidades básicas como comer,
dormir e tomar banho. Sugestões para equilibrar o excesso:

Buscar períodos de descanso que saiam do foco mental.


Atividades como meditação e ouvir música. Fazer exercícios físicos
como ioga ou natação ajudam a aliviar a tensão da enxurrada de
pensamentos.
Levar o foco ao corpo em atividades diversas como cozinhar,
concentrar-se em tarefas domésticas de limpeza e organização, e
também com atividade física. O foco no corpo também é bom por
estimular a libido.

Falta de Ar
Quanto falta conexão com este elemento, pode ocorrer uma falta de
bom senso, as percepções são equivocadas ou a pessoa age sem pensar.
Ocorre uma dificuldade em achar tempo para reflexão e assim obter mais
perspectiva acerca da vida e de si mesmo. O envolvimento com atividades
práticas e concretas não abre espaço para a imaginação e a curiosidade, a vida
parece pesada e monótona, sem graça. Há casos em que a pessoa fica sem se
comunicar. Sugestões para aumentar o Ar:

Estimular a mente através de leituras e cursos.


Prefira participar de atividades em grupos, fortalecendo e
desafiando sua capacidade de troca e interação

Excesso de Fogo
Uma conexão excessiva com essa energia leva a uma falta de
autocontrole, deixando a impressão de que você é hostil ou insensível, pois
demonstra ter ataques de impaciência e irritação a qualquer pequena
contrariedade. Também é comum sentir muita inquietação e constantemente
abusar de suas forças, indo além de seus limites. Sugestões para equilibrar o
excesso:

Buscar atenuar a sensação de ebulição e as “labaredas” constantes


com a prática de atividades físicas vigorosas.
A energia precisa circular e encontrar uma forma saudável de se
manifestar, portanto esportes de competição são melhores do que
algo calmo como natação e ioga.
Atividades em equipe ou grupo ajudam na disciplina e no
relacionamento com os companheiros.

Falta de Fogo
Conexão de menos com Fogo pode resultar em falta de energia e
determinação e gerar dependência da aprovação alheia para dar seguimento a
tudo que faz. A pessoa pode se tornar pessimista, desconfiada ou reservada
demais, evitando manifestar emoções fortes. A falta do calor deste elemento
abala o entusiasmo e pode se traduzir em uma perda de fé e espiritualidade.
Há também muita dificuldade em tomar iniciativa. Para ajudar a aumentar o
Fogo na sua vida:

Busque a prática esportiva e exercícios que alimentem seu fogo


interno e melhorem o metabolismo, a atividade vigorosa faz
circular as energias e acorda sua salamandra interna.
Coma alimentos quentes e picantes.
Encontre uma atividade que desperte sua paixão, onde você
vivencie um entusiasmo verdadeiro.

Excesso de Água
Conexão em excesso com Água pode nos fazer sentir vulneráveis e
afogados em nossas emoções, paranoicos, com arroubos de medos e
desconfianças, comportamentos extremos e oscilação de humor. A pessoa
sofre sempre com a possibilidade de ser acometida por paixonites e uma
sensualidade exagerada, sente-se vítima de tudo, sem enxergar sua
responsabilidade pessoal dentro das situações. Pode passar o tempo todo
desejando, sonhando e querendo, em vez de planejando e fazendo. Retenção
de líquidos também pode indicar esse excesso. A falta de limites claros entre
si e o ambiente, faz com que absorva demais as energias do entorno. Para
acalmar o excesso de Água:

Exercite a aceitação dos resultados que contrariam suas


expectativas.
Busque desenvolver métodos que treinem disciplina e organização.
Dedique-se a trabalhos manuais e meticulosos, ou a aprender um
instrumento musical, atividades que exigem atenção e foco.

Falta de Água
A falta de conexão com o elemento Água e nossa ondina pessoal pode
se manifestar como falta de compaixão ou empatia e também de gosto em
geral pela vida. Há uma dificuldade em entrar em contato com os sentimentos
e a intuição. Sem saber o que de fato sente, a pessoa pode parecer fria para os
outros, embora se sinta sensível, carente e frágil por dentro. Problemas
psicológicos ou de expressão emocional e até físicos podem surgir, pois
somatiza tudo aquilo que não está entendendo sentir. Pode temer todo tipo de
dor e, para não se magoar, evita a entrega emocional. Pode prejudicar os
níveis de toxicidade do corpo e causar problemas no sangue ou de circulação.
Para melhorar sua ligação com a Água, experimente:

Praticar ou aprender atividades artísticas e criativas que tenham


ligação com estados emocionais, como a dança e o teatro.
Criar rituais para banhos, banhar-se em mar, piscina, cachoeira,
aprender a gostar e ter alegria ao mergulhar no elemento em si.
Psicoterapia – para tomar consciência das suas emoções profundas,
trabalhar com seus sonhos e buscar interpretá-los.
Desenvolver empatia, aprendendo a ouvir o outro e dar importância
ao que contam.

Excesso de Terra
Conexão em excesso com Terra gera teimosia e uma visão bastante
restritiva sobre tudo na vida. A pessoa pode se tornar prática demais, cínica e
cética, reclusa, antissocial e workaholic. Pode sentir vontade de acumular
mais e mais riqueza e confiar apenas no que pode perceber com seus cinco
sentidos, dificultando a flexibilidade e a criatividade e tornando o dia a dia
mais duro e amargo. Para equilibrar o excesso de Terra, busque:

Praticar atividades artísticas apenas pelo prazer, sem objetivos de


expor ou se apresentar.
Buscar cursos de terapias alternativas e energéticas para
desenvolver a sensibilidade.
Fazer passeios apenas para se divertir e passar o tempo.
Alimentar as amizades, dando atenção aos amigos, aproveitar para
falar bobagem.
Falta de Terra
Conexão de menos com o elemento Terra pode deixar a pessoa aérea e
perdida. A sociedade moderna tende a negar as necessidades fisiológicas do
corpo, então pode se esquecer de prestar atenção nos cuidados necessários
com o físico para sua sobrevivência e nem sequer desfrutar dos prazeres de
comer, se divertir e descansar. Quem não tem terra pode ficar perdido em
mundos imaginários, acabar com estafa por excesso de esforço ou trabalho ou
viver uma desconexão com o mundo ao seu redor, sofrendo com obrigações,
horários, sem saber valorizar seu trabalho, dificultando a manifestação de
riqueza ou prosperidade material. Sugestões para buscar aumentar a presença
da Terra na sua vida:

Aprender a dizer não, estabelecendo seus limites.


Atividades de artesanato, bijuteria, cerâmica, marcenaria, costura.
Estabelecer uma rotina, planejar metas simples e sentir a alegria de
cumprir com suas tarefas e obrigações, cultivar disciplina.
Rituais com os quatro elementos
Dentro da magia, cada um dos elementos tem poderes únicos,
específicos e muito vívidos. Dependendo do trabalho mágico, um elemento
pode ser favorecido, embora o verdadeiro poder venha da combinação das
forças entre eles. Daí o motivo de magos e bruxos invocarem sempre os
quatro para seus trabalhos e consagrarem seus instrumentos e talismãs
tocando ou passando por cada substância: a fumaça de um incenso para o Ar,
a chama do caldeirão ou vela para o Fogo, a Água de um cálice ou caldeirão,
e um punhado de terra, sal ou cristais, os representantes da Terra.
A busca do equilíbrio deve nortear nosso desenvolvimento, um passo
importante nesse sentido pode ser obtido através de rituais que enfatizem e
explorem a relação com os elementos com os quais temos menor afinidade.
Por exemplo, alguém com excesso de Ar e falta de Terra pode criar
um ritual buscando as energias do elemento mais sólido e firme para sua
vida. Pode criar uma pequena cerimônia ou uma série de atitudes diárias
ligadas às correspondências do elemento. Todas as noites (horário da Terra),
pode sentar-se com um cristal escuro em mãos, no chão, sentindo o corpo,
sentindo a pedra e buscando se conectar à concretude e à densidade de habitar
um corpo. Pode estabelecer um espaço fixo, desenhando um círculo no chão,
pode colocar cristais nos quatro cantos do seu quarto, programados para lhe
ajudar a trazer realização na matéria e entendimento de uma vida
corporificada. Pode fazer ritos ligados a correspondências que atraiam
benefícios materiais, pode aprender a tocar tambor e trabalhar com artesanato
ou outros hobbies e artes ligadas à produção de objetos.
Quem tem dificuldade em socializar, ou desenvolver seu pensamento
mais abstrato pode criar cerimônias ligadas ao Ar. Escolhendo o horário de
manhã cedinho, pode acender um incenso, dançar uma música suave de
flautas, soprar nas quatro direções, pedindo que seu espaço e sua mente sejam
ampliadas para conter novas ideias e se abrir para novos rumos. Outros rituais
pessoais podem ser escrever com uma pena e tinta nanquim e fazer rituais de
escrita criativa ou automática, deixando a caneta guiar o fluxo livre de
pensamentos que são registrados no papel sem interrupção.
Um ritual para viver melhor suas emoções deve incluir formas
sagradas de lidar com a Água. Banhos mágicos com ervas, uso de perfumes e
óleos, preces ao entardecer, sempre acompanhadas de um cálice ou caldeirão
contendo água. Pode deixar água em oferenda no altar, com pétalas, e depois
ungir a si mesmo nessa água.
Para quem falta paixão e ímpeto, recomenda-se ritos com fogo.
Acenda velas e caldeirões – de forma responsável sempre – com seus
pedidos. Queime pedidos no fogo, dance para o fogo, oferecendo seus
movimentos a ele com as músicas que mais lhe fazem pulsar e se sentir vivo.
Pare alguns segundos no sol do meio-dia e faça uma prece para que a luz
solar lhe imbua de energias luminosas e corajosas, inspire a luz solar por
todos os poros do seu corpo.
Os elementos são nossos irmãos além de fazerem parte de nós. Crie
rituais pessoais de partilha com essas energias e leve para sua vida diária o
respeito e a gratidão pela presença deles em nossas vidas. Abençoe os
elementos, celebre-os, partilhe deles e com eles, preste atenção às suas
mensagens para que possamos manter a dança amorosa entre os mundos.
Adicione às suas práticas diárias a seguinte bênção:

Abençoado seja o precioso ar, que nos dá a vida.


Abençoado seja o precioso fogo, que nos aquece
Abençoada seja a preciosa água, que nos purifica
Abençoada seja a preciosa terra, que nos mantém.
Abençoado seja o precioso espírito, que habita em mim e em tudo ao
meu redor.

Observando os elementos fora de nós


Assim como nós, nosso mundo não é equilibrado. Inicie um processo
de observação do seu entorno, tanto do mundo natural como do mundo criado
por nossa espécie, homo sapiens. Como os elementos se manifestam nas
construções e invenções? E na paisagem, nas ações, nas atividades humanas,
nas cores? Vá observando anotando mentalmente onde aparecem excessos e
onde manifestamos a falta de algum deles. E reflita a respeito de onde o
mundo criado por nós difere do mundo natural.

Altares
Dentro da bruxaria, da magia cerimonial, do paganismo e dos círculos
de sacralidade feminina, por exemplo, é comum a construção de um altar.
Um altar pode ser permanente ou pontual, pode ser o ponto focal de uma
cerimônia, o tabuleiro onde estão contidos e representados os elementos de
trabalho, um espaço de devoção, e também o local onde estão a postos as
ferramentas que serão utilizadas durante um rito.
Historicamente, ele pode variar desde o uso de um mero toco de
árvore em uma clareira, até uma mesa de mármore no ponto alto de um
templo muito sofisticado, passando pelo conhecido pano estendido no meio
do círculo onde apoiamos as ferramentas, velas, estatuetas e flores.
Em suma, ele é um templo pessoal de expressão e devoção aos deuses
e outros seres do plano espiritual, e é comum que esse espaço honre os
elementos nas suas diversas manifestações. Um altar equilibrado deve conter
representações dos quatro, preferencialmente na posição adequada.
Ele pode ser posicionado nas diferentes direções para evocar a força
elemental correspondente de cada uma para um trabalho específico ou para
uma celebração sazonal, ou então pode ser colocado no centro para evocar o
todo, a circunferência. Se você tem dúvida sobre onde colocar o seu, escolha
o Leste, que é o ponto do nascer do Sol, ou o Sul, que é para nós, do
hemisfério austral, o ponto onde brilha o Cruzeiro do Sul, a constelação que
orienta as navegações e ancora firme nossa energia nesta metade do planeta.
Compre uma bússola ou calibre a do seu celular para não ter erro.
Seguem algumas sugestões de objetos e ferramentas para posicionar
nas direções:
Ao Sul: pentáculo, pedra, pratinho com sal ou terra, cristal, vela
verde.
Ao Oeste: cálice, taça, tigela ou caldeirão com água, concha, vela
azul.
Ao Norte: varinha, vela, caldeirão com fogo, vela vermelha.
Ao Leste: adaga, athame, pena, incenso, vela amarela.

Sintonizando-se com os cinco elementos e as cinco direções

Diante do seu altar, sente-se em uma posição confortável, você vai


passar alguns minutos com cada elemento e direção, conectando-se com suas
energias.
De frente para o Leste: sinta-se presente com seus pensamentos,
permita que eles surjam, e deixe que desapareçam, não se apegue a nenhum
deles, deixe que passem como uma nuvem passando no céu. Essa é a direção
do conhecimento de si mesmo, onde você reconhece seus pontos fortes e
fracos, e onde sua mente cria caminhos para o seu desenvolvimento. Mas
uma mente hiperativa é fonte de desgaste e tensão nervosa. Então pare,
respire profunda e lentamente, concentre-se na respiração. Imagine que ao
seu redor há uma energia, como uma nuvem de tom dourado e curativo. Ao
inspirar, absorva pelas narinas a energia dourada e permita que ela preencha
seu corpo. Permaneça ali por alguns minutos e então, volte-se para o norte.
De frente para o Norte: esteja presente para seu espírito, seu fogo
interior. Pergunte mentalmente sobre qual é sua missão, seu propósito maior.
Então aquiete a mente e fique aberto para a resposta que vier. Ela pode
chegar em seguida, ou demorar muitas práticas. Se quiser começar de modo
mais singelo, pergunte sobre seu propósito para aquele mês ou período da
vida. Outra pergunta, especialmente interessante para quem tem falta de fogo
é sobre aquilo que acende sua paixão. Respire calmamente nessa direção,
aquietando os pensamentos e permitindo que a comunhão com a direção e o
fogo desperte seu espírito e lhe traga suas respostas.
De frente para o Oeste: abra-se para suas emoções, deixe que surjam
imagens e sensações variadas. Acolha cada uma delas, mas não se prenda,
deixe que passem como a água de um rio. Respire com a energia do Oeste e
da água um tempo, sentindo emergirem essas emoções. Depois, para
finalizar, imagine que está embaixo de uma forte cachoeira. A água cai
pesada sobre o seu corpo, bem fria, mas refrescante e purificadora. Deixe que
a cachoeira jorre, arrastando com ela todas as energias negativas que estão
presas no seu campo magnético e também os resquícios das emoções pesadas
que não têm mais lugar na sua vida.
De frente para o Sul: sinta seu corpo físico, se desejar toque seus pés,
pernas, braços, tórax, cabeça. Sinta a estrutura física que é a casa do seu
espírito. Abrace-se, acolha-se com carinho e amor. Respire nesse abraço e
deixe-se relaxar. O corpo tem uma sabedoria própria que é muito pouco
ouvida. Aproveite esses momentos para escutar seu corpo. Seguindo com a
respiração profunda e lenta, perceba onde você guarda tensões, que partes,
quais órgãos estão saudáveis, energizados, potentes, e quais partes suas estão
precisando de atenção e equilíbrio. Sinta como seu corpo expressa suas
necessidades e seu bem estar, tudo sem julgamento. Envie amor para as
partes que costuma criticar ou menosprezar. Sinta amor pelo seu corpo
inteiro, ele é seu lar e abrigo.
Volte sua atenção para o Centro: abra-se para a energia divina e o seu
Eu Estelar, a porção divina dentro de você. Essa porção cósmica observa o
mundo de uma forma neutra, não julga, não critica, veja se consegue
encontrar essa fagulha neutra dentro de si. Respirando em contato com esse
Centro, abra seu ser para uma manifestação da divindade, peça para que um
deus ou deusa se manifeste, chame por sua presença e escute, sinta.
Parte 5. GUIA RÁPIDO DE
CORRESPONDÊNCIAS

Os quatro elementos têm suas esferas de influência na vida humana e na


realidade prática que vivenciamos no dia a dia, e estas listas são para uma
rápida referência e utilização, especialmente na hora de compor feitiços e
rituais relacionados às energias dos elementos. O ideal seria você guardar na
memória o que está listado aqui para lançar mão prontamente em qualquer
circunstância em que se encontrar.

Ar
Qualidade “verdadeira”: úmido
Qualidade “média”: quente
Características: escuro, tenuidade, movimento
Temperamento: sanguíneo
Inclinação: alegre, amigável
Humor ou fluido corporal: sangue
Sentido: audição e olfato
Corpo: mental
Chakra: cardíaco (Anahata)
Aspecto da alma: razão
Fúria natural: ciclone, furacão, vendaval, tornado, tufão
Poder: telepatia, clariaudiência
Estação do ano: primavera
Hora do dia: manhã
Sabás: Equinócio da Primavera e Imbolc
Parte do ciclo: começo
Estágio da vida: nascimento, infância
Qualidades: começo, origem, plantio
Quadrante: Leste
Símbolo: triângulo com ápice para cima e riscado por uma linha
horizontal
Gesto: braços abertos, mãos com as palmas para cima para invocar o
ar
Cores: amarelo claro, branco, azul celeste
Ervas: acácia, alfazema, amêndoa, anis estrelado, avelã, avenca,
erva-doce, dente de leão, eucalipto, eufrásia, feno-grego, hortelã, hortelã
pimenta, capim limão/capim santo, manjerona, malva, orégano,
pitangueira, salsa, sálvia branca ou esclareia e verbena,
Óleos: benjoim, lavanda, lemongrass, verbena, hortelã, flor da noz-
moscada.
Pedras: jade verde, turquesa, citrino
Metais: papel alumínio e metal de fuselagem de avião
Naipe do tarô: Espadas
Axioma mágico: SABER, acúmulo e aplicação direta do
conhecimento
Ferramenta mágica: athame, punhal, faca, flecha, lança e espada
Rei elemental: Paralda
Elemental: Sílfides
Signos do zodíaco: Gêmeos, Libra, Aquário
Planetas: Mercúrio (regente de Gêmeos) e Urano (regente de
Aquário)
Deuses e Deusas do Ar: Zeus (Grécia); Hera/Juno (Greco-romana);
Íris (Grega); Lilith (Semita); Odin (Nórdico); Frigga (Nórdica); Brahma
(Hindu); Nut (Egito); Quetzalcoatl (Asteca); Taranis (Celta); Taliesin
(Galês); Blodeuwedd (Gales), Tupã (Brasil), Iansã/Oyá (Iorubá)

Fogo
Qualidade “verdadeira”: quente
Qualidade “média”: seco
Características: brilho, rarefeito, movimento
Temperamento: colérico
Inclinação: feroz, rápido, raivoso
Humor ou fluido corporal: bile amarela
Sentido: visão
Corpo: causal
Chakra: plexo solar (Manipura)
Aspecto da alma: entendimento
Fúria natural: incêndios, queimadas, raios, erupção vulcânica
Poder: destruição
Estação do ano: verão
Hora do dia: meio-dia
Sabás: Solstício de Verão e Beltane
Parte do ciclo: juventude/ idade adulta
Estágio da vida: crescimento
Qualidades: florescimento, criatividade, crescimento
Quadrante: Norte (no Hemisfério Sul)
Símbolo: um triângulo com ápice para cima
Gesto: punhos cerrados para cima, em frente ao corpo ou unidos em
frente à barriga.
Cores: vermelho, laranja, amarelo ouro, cores de labaredas e
chamas, do sol – inclusive do nascer e pôr do sol
Ervas: açafrão da terra, alecrim, alho, angélica, calêndula, canela,
cebola, coentro, cominho, cravo-da-índia, espinheiro-alvar, gengibre,
girassol, zimbro, laranja, limão verde, louro, manjericão, mostarda, noz-
moscada, olíbano, pimenta preta, rosa, etc., sangue de dragão, sassafrás,
semente de coentro, tabaco, tangerina.
Óleos: louro, cedro, canela, cravo, coentro, olíbano, junípero, limão
verde, noz moscada, laranja, hortelã, alecrim, gerânio, tangerina.
Pedras: lava vulcânica, rubi, granada, cornalina
Metais: ouro (Sol), ferro (Marte)
Naipe do tarô: Paus
Axioma mágico: QUERER, do latim velle, no sentido de “desejar”, o
ato de tomar decisões e fazer escolhas e intenções.
Ferramenta mágica: a varinha, a haste, a lança ou o cajado
Rei elemental: Djinn
Elemental: Salamandras
Signos do zodíaco: Áries, Leão e Sagitário
Planetas: Marte (regente de Áries) e Sol (regente de Leão)
Deuses e Deusas do Fogo: Ra (Egito); Xiutecuhtli (Asteca); Brigid
(Celta) Belenos (Celta); Héstia/Vesta (Greco-Romana); Hefesto/ Vulcano
(Greco-romano); Apolo (Grécia); Loki (Escandinávia); Ushas (Hindu);
Sekhmet (Egito); Pele (Havaí); Xangô (Iorubá)

Água
Qualidade “verdadeira”: fria
Qualidade “média”: úmida
Características: escuridão, densidade, movimento
Temperamento: fleumático
Inclinação: temeroso, desleixado, vagaroso
Humor ou fluido corporal: fleuma
Sentido: gustação (alguns mestres incluem o olfato, por estarem
interligados)
Corpo: astral
Chakra: sexual (Svadhistana)
Aspecto da alma: Imaginação
Fúria natural: monções, enchente, cabeça d’água, enxurrada,
tsunami
Poder: criação
Estação do ano: outono
Hora do dia: entardecer
Sabás: Equinócio outonal e Lughnassadh/ Lammas
Parte do ciclo: amadurecimento, colheita
Estágio da vida: maturidade, meia-idade
Qualidades: nutrição, completude, colheita
Quadrante: Oeste
Símbolo: triângulo apontando para baixo
Gesto: triângulo com as mãos frente ao ventre. Mãos em concha para
cima à frente ou ao lado do corpo.
Cores: azul, verde, prata, o azul índigo do lusco-fusco
Ervas: alcaçuz, alface, artemísia, baunilha, boldo, cálamo, camomila,
cânfora, cardamomo, cereja, coco, confrei, cumaru, erva de gato, erva mate,
flor de maçã, gardênia, gerânio, íris, jasmim, lírio, lótus, melissa, mirra,
maracujá, pepino, pêssego, rosa branca, sálvia comum, sabugueiro, salsão/
aipo, sândalo, valeriana
Óleos: melissa, camomila, cânfora, cardamomo, jasmim, mirra, rosa,
sândalo, ylang-ylang.
Pedras: ametista, quartzo rosa, fluorita, água marinha, todas as
conchas e pedras do mar
Metais: prata
Naipe do tarô: Copas
Axioma mágico: OUSAR, estar investido de coragem que envolve os
sentimentos e o coração.
Ferramenta mágica: copa, tigela, cálice e caldeirão – que, como a
Lua, podem refletir as quatro faces da Deusa: a Donzela, ao ser preenchido de
líquido, a Mãe, quando está cheio, a Feiticeira e a minguante ao esvaziar, e a
Anciã, quando retorna ao vazio original.
Rei elemental: Niksa
Elemental: Ondina
Signos do zodíaco: Câncer, Escorpião e Peixes
Planetas: Lua (regente de Câncer) e Netuno (regente de Peixes)
Deuses e Deusas da Água: Afrodite (Grécia); Poseidon/Netuno
(Greco-romano); Fand (Irlanda); Manannan Mac Lir/Manawydan (Irlanda,
Gales); Tiamat (Babilônia); IxChel (Maia); Ningyo (Japão); Nimue (Celta) –
Senhora do lago; Ea (Babilônia); Iemanjá (Iorubá); Oxum (Iorubá).

Terra
Qualidade “verdadeira”: seca
Qualidade “média”: fria
Características: escuridão, densidade, quietude
Temperamento: melancólico
Inclinação: devagar, firme
Humor ou fluido corporal: bile negra
Sentido: tato
Corpo: etérico e físico
Chakra: raiz (Muladhara)
Aspecto da alma: os sentidos
Fúria natural: terremoto, deslizamentos, sumidouro
Poder: cura
Estação do ano: inverno
Hora do dia: noite
Sabás: Solstício de Inverno e Samhain
Parte do ciclo: final
Estágio da vida: envelhecimento e morte
Qualidades: sono, silêncio, escuridão, morte, renovação
Quadrante: Sul (Hemisfério Sul)
Símbolo: triângulo apontando para baixo atravessado por um traço
Gesto: palmas para baixo em frente ao corpo, ou tocando o corpo, ou
tocando o chão.
Cores: terrosas, verde, preto, verde-oliva, marrom, citrino, cores do
solo, cores das plantas
Ervas: algodão, arruda, babosa, cavalinha, cevada, cipreste, guiné,
madressilva, macela, magnólia, morango, musgo de carvalho, patchouli,
poejo, prímula, samambaia, trevo de 4 folhas (oxalis), trigo.
Óleos: cipreste, patchouli, vetiver
Pedras: obsidiana, hematita, quartzo fumê, turmalina negra
Metais: chumbo
Naipe do tarô: Ouros ou Pentáculos
Axioma mágico: CALAR – conservar ou reservar energia e
acúmulo de poder. Silêncio à noite para buscar sonhos, visões, descanso
e introspecção. Silêncio para ouvir aquilo que não é audível.
Ferramenta mágica: pentáculo, espelho, tambor xamânico/celta,
escudo
Rei elemental: Ghob (com um longo “o”)
Elemental: Gnomo
Signos do zodíaco: Touro, Virgem e Capricórnio
Planetas: a própria Terra, Vênus (regente de Touro e Libra), Saturno
(regente de Capricórnio)
Deuses e Deusas da Terra: Plutão/Hades (Greco-Romano); Pan
(Grécia); Demeter/Ceres (Greco-romana); Dionísio/Baco (Greco-romano);
Cerridwen (Celta); Gaia (Grécia); Herne (Celta); Cernunnos (Irlanda/Celta);
Tezatlipoca (Tolteca); Gwyn ap Nudd (Gales); Oxóssi (Iorubá).
Bibliografia consultada e recomendada:
A lista a seguir inclui títulos que foram úteis no processo de escrita,
pesquisa e na compilação contida neste livro e também leituras sugeridas para
um aprofundamento maior nestes temas.

ARROYO, Stephen. Astrologia, psicologia e os quatro elementos:


uma abordagem astrológica ao nível da energia e seu uso nas artes e
aconselhar e orientar. Pensamento, São Paulo: 1984.
BLAVATSKY, Helena P. Os trabalhos completos de H.P.Blavatsky,
Vol. VI (1883 – 1885).
FOX, Selena. Herb Magic. Workshop ministrado no Circle Sanctuary
durante o Festival Green Spirit, 2008.
GARY, Gemma. Traditional Witchcraft: A Cornish Book of Ways.
Troy Books, Londres: 2008.
CORNELIO AGRIPPA DE NESTTESHEIM, Henrique. Três Livros
de Filosofia Oculta. Madras, São Paulo: 2016
HUSON, Paul. Mastering Witchcraft. G. P. Putnam's Sons, Nova
York: 1973.
JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. Vozes, Petrópolis: 2013.
LIPP, Deborah. The Way of Four. Llewellyn Publications, Woodbury:
2006.
LISBOA, Claudia. Os astros sempre nos acompanham: um manual de
astrologia contemporânea. Rio de Janeiro: Best Seller, Rio de Janeiro: 2013.
MATTHEWS, Caitlín. Singing the Soul Back Home: Shamanic
wisdom for every day. Connections Book Publishing, Londres: 2002.
MCARTHUR, MARGIE. Wisdom of the Elements: the sacred wheel
of earth, air, fire and water. Crossing Press, Freedom, CA: 1998.
MCCARTHY, Josephine. Magical Knowledge I: Foundations; The
Lone practitioner. Mandrake, Oxford: 2012.
MISTELE, William R. Mermaids, Sylphs, Gnomes and Salamanders:
Dialogues with the Kings and Queens of Nature. North Atlantic Books,
Berkeley, CA: 2012
NAIFF, Nei. Tarô, simbologia e ocultismo. Rio de Janeiro, Nova Era:
2012.
PLACE, Robert M. Alquimia e tarô: uma investigação de suas
conexões históricas. Editora Presságio, São Paulo: 2017.
TRUNGPA, Chögyam. Cutting Through Spiritual Materialism.
Shambhala Publications, Boulder, Colorado: 1973.
WERÁ, KAKÁ. O trovão e o vento: um caminho de evolução pelo
xamanismo tupi guarani. Polar Editorial, São Paulo: 2016.
WOLFE, Amber. Elemental Power. Llewellyn Publications,
Woodbury: 2002.

[1] Esta obra utiliza Era Comum (EC) em lugar de Anno Domini (AD) e
antes da Era Comum (aEC) em lugar de Antes de Cristo (A.C.). Essas novas
nomenclaturas e abreviaturas são as preferidas hoje nos meios acadêmicos
antropológicos por não fazerem explicitamente o uso de referências
religiosas.
[2] Fortune, Dion. The esoteric orders and their work. Wellingborough :
Aquarian, 1987. p. 58. (Tradução livre).
[3] Matthews, Caitlin. Singing the Soul back Home: Shamanic wisdom for
every day. Connections Book Publishing, Londres. 2002p.131. (Tradução
livre)
[4] McCarthy, Josephine. Magical Knowledge. Book 1: Foundations.
Mandrake. Oxford. 2012 (Tradução livre)
[5] Tradução livre da autora.
Sobre o autor
Petrucia Finkler
Petrucia Finkler é astróloga, taróloga e psicoterapeuta junguiana. Praticante
de bruxaria tradicional moderna, ela é fundadora do Conclave da Rosa e do
Espinho, um sistema de formação mágica e também seu clã de trabalho
espiritual. Sua formação original é em jornalismo, meio no qual trabalhou
por quatro anos no Rio Grande do Sul, seu estado natal. Passou nove anos
morando e convivendo com a comunidade neopagã do meio-oeste dos EUA,
tendo facilitado ritos e workshops em organizações como Circle Sanctuary,
Gaia’s Womb e Earth Traditions. De volta ao Brasil desde 2010, se
estabeleceu em São Paulo, onde conduz ritos, workshops e realiza
atendimentos. Também certificada como Moon Mother® e Parteira da Morte,
ela é uma das idealizadoras do Simpósio de Bruxaria Antiga. Mantém um
canal no YouTube, um blog chamado Elemento Chão e é a colaboradora
brasileira do podcast Paganos del Mundo da rede do Circle Sanctuary, uma
igreja norte-americana de espiritualidade da natureza.
Livros deste autor
Participation Mystique e Neopaganismo
Ao mesmo tempo em que o homem moderno tem uma abordagem que
desespiritualiza a natureza para poder dominá-la, o movimento em busca de
religiosidades ligadas ao culto da natureza vem crescendo continuamente
desde o século XX no mundo todo e também no Brasil. As diversas tradições
do chamado neopaganismo, como Wicca, Druidismo e Neoxamanismo,
buscam a ancestralidade e parecem tentar recuperar o conjunto de sensações
de unificação e imersão na mente grupal coletiva em uma conexão profunda
com o mundo natural, um estado chamado de "participation mystique". Carl
G. Jung utiliza a expressão “participation mystique” para se referir à
psicologia dos primitivos e explica que quanto mais voltamos no tempo na
história da evolução da consciência humana, mais vemos que a personalidade
vai desaparecendo sob o manto da coletividade. Este trabalho tem como
objetivo apresentar o conceito de participation mystique, esquematizar
algumas das crenças e práticas nas vertentes do neopaganismo e verificar se
ela se estabelece como o objetivo principal dessas práticas religiosas na
contemporaneidade.

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