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HINOS ÓRFICOS
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Orfeu a Museu
1. A Hécate
Conjuro a amável Hécate, das encruzilhadas, do curso tripartido,
Celeste, terrena e marinha, do manto açafrão,
Sepulcral, bacante entre as almas dos mortos,
Filha de Perses, apreciadora do ermo, exaltada entre os cervos,
5 Noturna, defensora dos cães, indômita rainha,
Do urro bestial, desgrilhoada, detentora de um semblante inelutável,
Condutora dos touros, senhora detentora das chaves de todo o cosmo,
Regente, ninfa, nutriz de jovens, frequentadora dos montes.
Suplico que a jovem assista às piedosas iniciações,
10 Sempre benévola ao boiadeiro e com um espírito favorável.
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18. A Plutão
Ó tu, de índole possante, que habitas a morada subterrânea,
O tartáreo prado, umbroso e desalumiado,
Zeus ctônio, portador do cetro, toma de bom grado estes sacrifícios,
Plutão, tu que deténs as chaves de toda a terra,
5 Enriquecendo o gênero mortal com os frutos anuais,
Tu que obtiveste como terça parte a soberana terra,
Assento dos imortais, dos mortais vigoroso suporte;
Tu que firmaste teu trono em uma obscura e distante
Região: o infatigável Hades, indistinto e destituído de vida,
10 E o negro Aqueronte; tu que deténs as raízes da terra;
Tu que controlas os mortais graças à morte, ó hospedeiro de muitos,
Eubulo, tu que outrora a filha da purificadora Deméter
Desposaste, arrancada do prado e, ao longo do pélago,
Sobre quatro cavalos, a levaste a uma gruta na Ática,
15 No demo de Elêusis, lá onde estão os portões do Hades.
Somente tu te tornaste o árbitro das obras visíveis e invisíveis,
Inspirador, dominante, hierático, de ilustre honra,
Contentando-te com os veneráveis oficiantes e as piedosas reverências,
Convoco-te a vir propício e favorável aos iniciados.
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55. A Afrodite
Celestial, dos muitos cantos, Afrodite apreciadora do riso,
Nascida do mar, deusa geradora, apreciadora dos festivais noturnos, venerável,
Atadora noturna, ludibriadora mãe da Necessidade;
Pois tudo vem de ti, ataste o cosmo,
5 Dominas as três partes e geras tudo aquilo
Que há no céu e na terra fecunda
E na profundeza do pélago, venerável auxiliar de Baco,
Deleitando-se com as festas, casamenteira mãe dos Amores,
Persuasão, que desfruta dos leitos, oculta, doadora de felicidade,
10 Visível e invisível, de tranças encantadoras, de nobre pai,
Marital, comensal, detentora do cetro dos deuses, lupina,
Doadora das linhagens, apreciadora dos homens, de todo desejada, vivificadora,
Tu que ataste os homens com imposições sem freios
E a numerosa raça das feras delirantes de amor com o teu charme;
15 Vem, divina e cípria progênie, quer no Olimpo
Estejas, deusa soberana, a sorrir com um belo semblante,
Ou ainda percorras a base da aromática Síria
Ou nas planícies com carros lavrados em ouro
Guardes os frugíferos banhos do sagrado Egito,
20 Ou ainda, em císneas carruagens sobre o distenso pélago
Avançando, te alegres com as cíclicas danças das bestas marinhas,
Ou desfrutes das Ninfas de negros olhos na divina terra,
Pelos arenosos litorais da praia, com uma célere carruagem,
Ou em Chipre, senhora, com tua nutriz, onde belas
25 Virgens e indomadas esposas todo o ano
Cantam sobre ti, ditosa, e sobre o puro e imortal Adônis.
Vem, ditosa deusa, com um aspecto muito amável,
Pois te chamo com palavras devotas e uma alma veneranda.
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